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Alguns apontamentos sobre militância digital1

Solange Mittmann2

A internet como cenário de circulação de discursos outros

A reflexão que apresento aqui tem como ponto de partida a percepção do papel cada vez
mais relevante que as Tecnologias de Informação e Comunicação, as TIC, têm ocupado no
enfrentamento entre forças constituintes de uma formação social. De um lado, mantém-se a forte
saturação dos sentidos pré-determinados pela ideologia dominante – favorecida pela atuação da
mídia hegemônica ligada a grandes corporações econômicas e políticas. De outro, percebe-se a
forte atuação de cidadãos, coletivos e movimentos sociais, por meios alternativos possibilitados
pelas TIC, que muitas vezes fogem ao controle estatal e econômico de grupos que
tradicionalmente centralizam a informação.
Neste segundo caso, tem-se a abertura de espaços para o “inconcebível” em meio ao
saturado e, então, novos preenchimentos. É claro que, como muitos destes sujeitos ocupam na
sociedade lugares à margem do poder político e econômico, também os espaços que ocupam no
ciberespaço são lugares à margem daqueles das grandes corporações. Mesmo assim, com a
apropriação da tecnologia, ampliam tal ocupação do ciberespaço assinalando possibilidades de
transformação social.
Como disse em outro momento (MITTMANN, 2010a), a circulação, antes limitada a redes
menores, a pequenas comunidades, hoje é potencializada. E a possibilidade de entrar nessa
grande rede de significantes, fazendo circular vozes outras que não as parafraseadoras do
discurso da ideologia dominante, tem permitido a divulgação em grande escala de discursos de
denúncias, bem como as convocações aos internautas, ultrapassando fronteiras geográficas e
econômicas.
Trata-se de um fenômeno possibilitado pelo novo formato de uma formação social, que
tem a ver com o que Castells (2008, p.1) denomina sociedade em rede: “uma sociedade em que
tudo está articulado de forma transversal e onde há menos controle das instituições tradicionais”.
É essa articulação que caracteriza a sociedade em rede: “Rede é um conjunto de nós
interconectados. Nó é um ponto no qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é
depende do tipo de redes concretas de que falamos.”(CASTELLS, 1999, p. 498) É nessa
concepção de rede que proponho que se pense a respeito da apropriação da internet por grupos
sociais, pois a denúncia social e a contrainformação surgem como nós na própria articulação da
rede. E se definem e fazem sentido por esta articulação.
As formas de circulação no ciberespaço, quando pensadas como articulação em rede,
podem escapar a um imaginário de hierarquização, que localizaria os discursos de tais grupos
sociais em pequenos espaços “cedidos” pelo poder econômico e estatal. Embora ocupando e
apropriando-se de espaços marginais, os grupos sociais que buscam a democratização midiática
e fazem circular no ciberespaço discursos de denúncia, contestação e contrainformação não são
considerados aqui como anexos ou secundários às grandes corporações e seus discursos
tradicionais. Além disso, como afirma Pêcheux,

parece ser crucial afastar a ideia, tanto sedutora quanto falsa, de que as
ideologias dominadas, por não serem o simples reflexo inverso da ideologia
dominante, constituiriam espécies de grandes germes independentes: elas
nascem no lugar mesmo da dominação ideológica na forma dessas múltiplas
falhas e resistências (PÊCHEUX, 2009, p.26)

Nem subordinados, nem independentes, mas fazendo parte, sendo constitutivos da rede,
essa é a forma como hoje tais grupos sociais apropriam-se do ciberespaço. É assim que
pequenas iniciativas de democratização midiática vão sendo criadas e articuladas a cada dia.
Como afirma Cruz (2004),

1
In: GRIGOLETTO, Evandra; DE NARDI, Fabiele S.; SCHONS, Carme Regina (Org.). Discursos em rede:
práticas de (re)produção, movimentos de resistência. Recife: Ed. Universitária - UFPE, 2011, p. 119-139.
2
Doutora em Estudos da Linguagem e docente do Instituto de Letras da UFRGS e orientadora do PPG-
Letras. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso – GEPAD-RS.
Baseados em sua arquitetura relativamente democrática, sua característica de
protocolo aberto, por sua interatividade, até por sua estrutura rizômica [...] e pela
crescente informacionabilidade e alcance dessa rede, movimentos sociais e
indivíduos se apropriaram da rede como nova forma de interação social e de
ativismo político e cultural.
Isso significa uma inversão de valores e finalidades da própria tecnologia: a
mesma base tecnológica [...] como um novo espaço da organização, produção e
reprodução da Nova Economia capitalista é também usada como a base
organizacional e comunicacional de novos movimentos que lutam justamente
contra essa produção e reprodução capitalista. (CRUZ, 2004)

Com o advento da Web 2.0 e a possibilidade de intervenção pelos cidadãos comuns, os


sujeitos que lutam pela democratização midiática e por transformações sociais veem suas
iniciativas avançarem em número de internautas envolvidos, além da expansão gradativa dos
grupos e o entrecruzamento com outras redes grupais dentro da grande inter-rede. Por vezes,
alcançam certos públicos leitores que se dividem entre os acessos às mídias dominantes e às
mídias alternativas.

La red se convirtió en un espacio público fundamental para el fortalecimiento de


las demandas de los actores no-estado que consiguen contornear la desigualdad
de recursos para ampliar el alcance de sus acciones y desarrollar estrategias de
lucha más eficaces. Ella emerge como un espacio público que posibilita nuevos
caminos para interacción política, social y económica. Principalmente por el
hecho de que permite que cualquier ciudadano pueda asumir al mismo tiempo
una variedad enorme de papeles – como ciudadano, militante, editor, distribuidor,
consumidor, etc. – superando las barreras geográficas y, hasta cierto punto, las
limitaciones económicas. (MACHADO, 2004)

A autogestão e a autoedição, a menor custo, com maior autonomia e com o


aperfeiçoamento dos atores em relação aos instrumentos tecnológicos, têm permitido a criação de
iniciativas de intervenção social com o aproveitamento de meios alternativos de divulgação.
É claro que essas iniciativas têm de enfrentar as artimanhas dos grandes grupos
empresariais que agem de maneira feroz por sua própria manutenção no mercado:

Uma concorrência brutal entre os gigantes da web como Google, Facebook,


Apple, Microsoft e Amazon pelo controle cada vez maior de serviços, formando
oligopólios cada vez mais poderosos. A tendência está confirmada pelo contínuo
expansionismo de empresas como a Google, Facebook e Apple em direção a
segmentos como webTV, telefonia celular, internet móvel, vídeos por encomenda
e comércio eletrônico. (CASTILHO, 2010, p.1)

Podemos citar, ainda, no Brasil, a forte intervenção, na rede, de empresas como Globo,
Terra, Uol entre outras que detêm a maior parte da distribuição de notícias e opiniões, ao ponto de
seguirmos encontrando textos similares a respeito de um mesmo fato, geralmente tendo como
fonte as mesmas agências de notícias. Ou seja, nesse sentido, pouco mudou quanto à restrição
de discursos jornalísticos quando são as páginas de notícias dessas empresas as mais
acessadas.
Para a manutenção de seu poder econômico, como monopólios na circulação de
discursos, uma das estratégias das grandes empresas é a compra das pequenas iniciativas, o que
vem ocorrendo frequentemente. Com isso, sites de jornalismo alternativo on line, blogs de opinião
e outros que surgem como alternativa para discursos outros, vêm sendo assenhorados pelas
grandes corporações e sua visão unilateral.
Os pequenos empreendedores, diante da iminência de ter suas iniciativas compradas
pelos grandes, têm visto como alternativa de manutenção independente a exploração de nichos de
público internauta com os mesmos interesses, a publicidade nas redes sociais (quando o “boca a
boca” se dá via e-mail, twitter, sites de relacionamentos etc.) e o incentivo à produção
colaborativa.
A respeito da utilização de e-mails, de sites de relacionamentos, do twitter e outros, para
divulgação de notícias que não constam na grande imprensa, para circulação de denúncias, ou
para a chamada “mobilização offline”, elas geralmente são enviadas a grupos de conhecidos –
tanto os que partilham dos mesmos interesses e opiniões, como aqueles a quem se deseja
conscientizar a respeito de um tema.
Cito, a título de exemplo, um resumo de alguns resultados de uma pesquisa realizada com
usuários de correio eletrônico a respeito das correntes por e-mail (SENABRE HIDALGO, 2004).
Grande parte dos entrevistados diz repassar mensagens que apresentam denúncias e opiniões
sobre problemas sociais ou políticos – o que potencializa a circulação – geralmente por
acreditarem que, com a propagação dos textos, podem colaborar para mudanças de fatores
externos e para a difusão de conhecimentos específicos sobre problemáticas políticas ou sociais
expostas a fim de superá-las a longo prazo.
É preciso considerar a dimensão que a internet toma nos movimentos de mídia alternativa.
Ou seja, como se dá a atuação dos movimentos a essa nova realidade que possibilita novas
formas de produção e circulação de discurso. A postagem de documentos apresenta, para os
militantes, a possibilidade de fazê-los circular de maneira mais rápida e econômica, dando maior
visibilidade e permitindo mais amplo acesso. Ou seja, como afirma Machado (2004): “La
posibilidad de comunicación rápida, barata, y de gran alcance, hace de la Internet el principal
instrumento de articulación y comunicación de las organizaciones de la sociedad civil, movimientos
sociales y grupos de ciudadanos.”
Os discursos de militância passam a circular numa nova ordem geográfica própria do
ciberespaço. Por sinais de rádio, telefone, cabo ou satélite, é possível ignorar fronteiras
geográficas, seja chegando aos vilarejos mais remotos do país, seja alcançando outros países. E
ainda, ultrapassar fronteiras econômicas, já que a acessibilidade ao digital tem se tornado cada
vez mais possível e presente para aqueles que, pelo baixo poder aquisitivo, não podem adquirir
livros, ou assinaturas de jornais e revistas.
Neste sentido, é preciso considerar o ciberespaço sob um ponto de vista histórico, que
envolve não apenas os mecanismos da internet (sua base técnica), mas, principalmente, os
sujeitos envolvidos e as condições históricas de produção, articulação, determinação e circulação
de discursos. E a internet, então, já não pode ser concebida como simples repositório, deve ser
observada em seus inconstantes e descontínuos movimentos.

O vídeo-ativismo

Estabelecendo um recorte no universo de possibilidades de atuação de grupos que lutam


pela democratização midiática e por possibilidades de intervenção social com a finalidade de
transformação, detenho-me aqui a uma forma: o vídeo-ativismo. Para tanto, apoio-me no estudo
de Menezes (2005), que descreve diferentes tendências de vídeo-ativismo, e restrinjo-me à
tendência que me parece ser a mais característica do objeto que analisarei a seguir. Trata-se dos
vídeo-registros

em sua maioria gravados em manifestações, protestos e táticas de ação direta


que mostram, mais em imagens e menos em entrevistas – às vezes com um
ritmo de edição bastante sofisticado – a violência da polícia, a repressão e a
ação de movimentos de luta popular. São trabalhos realizados em grande parte
de forma intuitiva: alguns apresentam imagens tremidas, a câmera quase sempre
participa (é uma câmera subjetiva, acompanha o olhar de quem está dentro da
ação e não apenas observa) e na edição o trabalho tende a cortes secos e o
mínimo de recursos de pós-produção (efeitos). (MENEZES, 2005)

Os organizadores de manifestações de rua geralmente contam com a presença de vídeo-


ativistas, a fim de registrar as ações, a participação de um público engajado e a previsível
repressão policial. Assim, as ações de uma manifestação entram imediatamente em uma rede
midiática, mostrando o que não costuma ser divulgado pelas grandes mídias e funcionando já
como contraponto às imagens, descrições e comentários já esperados da mídia tradicional. Para
que essa circulação ocorra de forma rápida, às vezes simultaneamente ao evento, a fim de entrar
a tempo na roda do dia, é necessário que a produção nesta forma de vídeo-ativismo siga alguns
fatores descritos por Menezes:

a instantaneidade (os vídeos são gravados, editados e postados na internet com


bastante rapidez), simplicidade (não se busca um trabalho estético de
composição da imagem elaborado - a iluminação e o som são captados quase
sempre apenas com as possibilidades embutidas nas câmeras) e curta duração
(para o arquivo ficar leve e acessível). (MENEZES, 2005)
Como movimentos de luta pela democratização da comunicação, alguns coletivos de
comunicação têm se utilizado do YouTube como mais um espaço para divulgar na rede suas
produções, postando vídeo-documentários sobre manifestações como o que analiso aqui. O
YouTube, ao permitir carregar e compartilhar vídeos, como um arquivo digital, tem funcionado
como um cenário midiático onde se insere o cenário político. Sendo um dos sites mais acessados
no mundo, amplia o espaço de circulação desses discursos. E o “boca-a-boca” através de e-mails,
twitter, páginas de relacionamentos, sites de movimentos sociais relacionados, blogs de jornalistas
etc. encarrega-se de encaminhar o leitor/espectador internauta para a página do YouTube.

A costura de diferentes cenários num trabalho de autoria

A partir deste momento, discuto alguns aspectos envolvidos na autoria quando da


produção de um vídeo, no cruzamento da materialidade histórica com uma materialidade
simultaneamente imagética, sonora e escrita. Tal discussão se dá pela análise do vídeo-
documentário “Mobilização contra o governo corrupto e truculento de Yeda”, encontrado em
http://www.youtube.com/watch?v=wjAfCrXmH3s, assinado pelo Coletivo Martin Fierro
(http://coletivomartinfierro.wordpress.com) e pelo Catarse Coletivo de Comunicação
(http://coletivocatarse.blogspot.com). Trata-se de um vídeo de protesto e também de denúncia de
fatos ocorridos em junho de 2008, período em que a administração do Governo do Estado
promovia a criminalização dos movimentos sociais e de manifestantes, utilizando a força
repressora da Brigada Militar.
O vídeo tem uma duração de 25’44’’, mas me detenho aos primeiros 3’48’’, que creio que
são suficientes para a discussão que pretendo apresentar. Esta parte que recorto mostra uma
manifestação em Porto Alegre, em 11 de junho, durante a Jornada Nacional de Luta contra as
Transnacionais. Os manifestantes denunciavam a alta dos preços dos alimentos e a corrupção do
Governo Yeda Crusius, e foram fortemente reprimidos pela Brigada Militar. Em meio às cenas, há
trechos de uma entrevista com o então Comandante Geral da Brigada Militar, Coronel Mendes,
ocorrida na semana seguinte.
O primeiro aspecto a observar é como a dispersão de cenas3, bem como de diferentes
materialidades, de vozes e de sentidos são levados a um efeito-texto, ou seja, ao efeito de um
texto dotado de unidade e que faz sentido. Como disse em outro texto (MITTMANN, 2010b, p.85),
a constituição do discurso se dá pela multiplicidade de partículas disformes de discursos
anteriores ou previsíveis e de saberes dispersos cujo manancial muitas vezes se perdeu. Algumas
dessas partículas, a partir de determinado movimento (de conflito, de confronto, de aliança, de
sobreposição etc.), aproximam-se não de forma aleatória, mas sob controle da formação
discursiva em que o sujeito se inscreve e sob a intervenção do pré-construído. Na formulação do
discurso, as partículas são articuladas umas às outras por uma função-autor, que é interna ao
discurso, mas que leva ao efeito externo de uma função de autor, uma função enunciativa do
sujeito em relação ao discurso e perante o social.
Como se pode observar, tanto o que é da materialidade histórica (eixo vertical) como o
que é da materialidade imagética, sonora e verbal (eixo horizontal) trazem o repetível, visto que o
discurso se constrói pelo já dito. Já o cruzamento dos dois eixos, pela autoria, é da ordem da
atualidade, do particular. Com isso, a autoria, além de efetuar costuras, levando a um efeito de
unidade, também exerce a função de levar a um efeito de ineditismo.
O vídeo inicia com o que chamarei aqui de micro-cenas (pequenos recortes de filmagem)
da manifestação de 11/6: um caminhão carregado com produtos agrícolas, manifestantes,
bandeiras do MST e da Via Campesina e ao fundo uma voz: “Numa luta contra as empresas
transnacionais. As grandes empresas estrangeiras.” A seguir, há uma nova sequência de micro-
cenas, do momento em que um dos líderes da manifestação, do alto de um caminhão, convoca os
manifestantes a repetirem o grito “Quando o campo e a cidade se unir, a burguesia não vai
resistir”, e os manifestantes em movimento repetem o grito.
As cenas iniciais apresentam o enfrentamento entre formações ideológicas de posições de
classe da formação social – agora não mais pensada no âmbito da sociedade em rede de
Castells, mas na relação entre dominantes (os poderes econômico e governamental) e dominados
(cidadãos, coletivos, movimentos sociais). E os saberes e posicionamentos dessas formações

3
O vídeo traz ainda uma entrevista, num ambiente hospitalar, a um dos líderes da manifestação de 11/6,
depois de ser agredido e detido pelos policiais, um ato público no dia 19/6, e a entrevista a acampados que
foram despejados por policiais em Coqueiros do Sul em 18/6.
ideológicas se manifestam a partir das determinações das formações discursivas em que os
atores e os autores do vídeo se inscrevem. É importante considerar também, diante dessas
formações discursivas, os efeitos de sentido atribuídos a elementos como o caminhão de
alimentos agrícolas, representando os trabalhadores, e um dos cenários da manifestação: um
supermercado da rede multinacional Wal Mart, representando o poder econômico que rege a vida
dos trabalhadores.
As cenas são entremeadas pela primeira sequência de legendas de tela cheia, enquanto
as vozes dos manifestantes seguem ao fundo.

Catarse Coletivo de Comunicação

Coletivo Martin Fierro

Apesar de aparecer depois das primeiras cenas da manifestação, esta assinatura dos
autores é o que marca o efeito de início do vídeo. E, mais do que isso, leva ao efeito de
responsabilidade, de autonomia, de controle sobre o dizer, sobre a forma de recortar e até sobre a
condução da leitura (a partir de um imaginário de leitor). Ou, como descrito por Pêcheux (1995), o
efeito Münchhausen, em que o sujeito que se acredita livre da ideologia é capaz de elevar-se
puxando-se pelos próprios cabelos.

Se é evidente que a ideologia “recruta” sujeitos entre os indivíduos [...] e que ela
os recruta a todos, é preciso então, compreender de que modo os “voluntários”
são designados nesse recrutamento, isto é, no que nos diz respeito, de que
modo todos os indivíduos recebem como evidente o sentido do que ouvem e
dizem, lêem ou escrevem (do que eles querem e do que se quer lhes dizer),
enquanto sujeitos falantes [...]. (PÊCHEUX, 1995, p. 157)

Quer dizer, trata-se do esquecimento número 2, que leva o sujeito a acreditar-se


controlador da enunciação, da seleção de elementos, da construção sintática. E este é sustentado
pelo esquecimento número 1: o sujeito é afetado pelo inconsciente e interpelado pela ideologia,
mas (e por isso mesmo) acredita-se em total consciência e liberdade.
Os dois esquecimentos levam o sujeito ao efeito de evidência de si e de evidência dos
sentidos. E aí chegamos a outro personagem acionado por Pêcheux (1995): M. de La Palice.
Trata-se de um personagem representativo do sentido único, evidente e excludente (se é X não
pode ser Y), sob a “lógica do ou... ou”, negando o equívoco, os deslizamentos de sentido, ou
seja, “negando o ato de interpretação no próprio momento em que ele aparece”. (PÊCHEUX,
1990, p. 30)
A respeito desse efeito de controle dos sentidos, vale apontar que, após esta abertura,
outra legenda de tela inteira abre a seqüência de cenas da manifestação e situa para o internauta
o cenário político em que se dão os fatos apresentados no vídeo:

Existe uma ofensiva nacional que visa


isolar e destruir com a
resistência camponesa do MST.

No RS, a crise política


do governo Yeda Crusius
é marcada por forte repressão
e violência da Brigada Militar
contra as mobilizações sociais
dos sem-terra no Estado.

A legenda apresenta uma associação direta entre dois fatos: a crise política da
Administração do Estado e a atuação da Brigada Militar, como seu braço repressivo, sobre os sem
terra. Essa atuação, por sua vez, é apresentada, não como fato isolado, mas como parte de uma
ofensiva nacional. Com essas legendas, os autores mostram a que vêm, ou seja, apresentam o
que irá costurar as cenas: a denúncia da repressão da Brigada Militar, sob a responsabilidade do
Estado na administração de Yeda Crusius. Contextualizada a violência policial que será o foco de
todo o vídeo, as legendas seguintes, agora situadas sobre as cenas, seguem exercendo o papel
de narrar e situar os fatos apresentados na seqüência de cenas da manifestação. Cito uma delas:
Porto Alegre 11/06

Marcha dos movimentos sociais


contra o preço dos alimentos
e as atuais políticas da governadora Yeda.

É interessante observar que enquanto os autores esforçam-se em trazer enunciados que


funcionem como um efeito de pré-construído para o entendimento das cenas pelos internautas,
esses mesmos enunciados já se sustentam sobre outros pré-construídos. Ou seja, para que as
legendas façam sentido, é preciso o sentido já-lá. A título de exemplo, cito a preposição “contra”
que aparece por duas vezes nas legendas: “contra as mobilizações sociais dos sem-terra no
Estado” e “contra o preço dos alimentos e as atuais políticas da governadora Yeda”. O que leva ao
posicionamento contra em cada circunstância? Aliás, trata-se de circunstância ou de estrutura?
Será que o efeito de sentido atribuído a cada preposição é o mesmo nos dois casos, já que os
atores, identificados com diferentes formações ideológicas, estão apresentados em ordem
invertida? Estaremos todos sob o efeito da evidência?
Diante do que Pêcheux (1990, p.57) chama de “momentos de interpretação enquanto atos
que surgem como tomadas de posição, reconhecidas como tais, isto é, como efeitos de
identificação assumidos e não negados”, é que considero este caráter da autoria: o de “colagem”
de possibilidades de efeitos de sentidos numa certa direção a partir de um posicionamento
assumido, sob a ilusão da plena consciência e liberdade, ilusão que leva a uma outra: a da
evidência.
O posicionamento assumido no discurso do vídeo (um discurso feito de várias seqüências
discursivas, ou seja, de vários fragmentos de discursos, tomados como partes de uma unidade), a
identificação com uma formação ideológica, apresentando a denúncia dos atos do outro (o
Governo Yeda e seu braço repressor, a Brigada Militar), acaba por trazer o discurso desse outro
para dentro de si.
Transcrevo a seguir, com muitas lacunas, a sequência de cenas da repressão policial
durante a manifestação e da entrevista com o então Comandante Geral da Brigada Militar,
realizada na semana seguinte.

A Brigada Militar age nos episódios que os movimentos aí agem contra a lei. Nós
temos, nós vivemos num país democrático, onde as coisas estão todas previstas
dentro da lei.

Início da repressão policial, com empurrões e cassetetes, a câmera se agita, ouvem-se


gritos, e uma voz ao microfone diz:

nós pedimos à Brigada Militar... é uma manifestação dos trabalhadores ...


estamos apenas realizando uma manifestação contra os grandes grupos
econômicos ... que impõem altos preços aos alimentos.

Há um corte nas imagens do evento, e surge mais um trecho da fala do Comandante


durante a entrevista:

Mas quando o confronto se estabelece evidentemente que pode haver excessos,


né. E todos os excessos, por parte da Brigada, que a gente tomar conhecimento,
vai verificar. Não é essa a idéia da Brigada. Agora, também não podemos
conviver com os fatos que... que ocorreram. Por exemplo, a semana passada
aqui no Supermercado Nacional, quando botaram abaixo a grade, quando
atiraram pedras, colocaram as pessoas lá em intranqüilidade total.

Novas cenas da repressão com cassetetes, a câmera se movimenta para os lados e para
baixo enquanto se desloca rapidamente, há sons de tiros. Retorna a entrevista ao Comandante da
Brigada Militar, agora também com a voz do entrevistador:

Entrevistador: A gente tinha uma informação de que a grade, ela foi derrubada
em função de uma divisão que a polícia conseguiu fazer de dois grupos que
tinham ali. E os manifestantes acabaram, por pressão dos policiais, empurrando
a grade pra poder se afastar um pouco da... da... do...da pressão que eles tavam
fazendo. Essa informação se confirma?
Comandante: E as pedras foram jogadas também pela Brigada Militar? Eu acho
que nós não...
Entrevistador: Isso não ocorreu depois que a Brigada Militar começou a agredir
os manifestantes?
Comandante: Eu desconheço esse assunto.

Nova cena, agora com um manifestante com sangue no rosto, que tenta jogar uma pedra
nos policiais, mas é segurado por outros manifestantes que dizem: “Dá pra mim essa pedra.”
“Joga fora.”
As diferentes materialidades – narração escrita, cenas, discursos dos manifestantes, tiros,
gritos – conduzem a uma mesma denúncia: a repressão policial a uma manifestação. Esta é a
principal proposta do vídeo, designado no site do Coletivo Martin Fierro como “vídeo protesto com
registros”. Temos aí uma costura de seqüências discursivas construídas em diferentes
materialidades e apontando para um mesmo posicionamento.
E é a partir do posicionamento assumido que devem ser considerados os fragmentos de
falas do sujeito representante do aparelho repressor e a própria postura da administração do
Estado daquele momento. As cenas da repressão policial ocorrida em 11/6 não são atravessadas
pela fala do Comandante, ao contrário: elas vêm rebater a fala oficial, funcionam como
contrainformação – papel importante do videoativismo. Ao trazer a voz do outro (aquele
identificado com a formação ideológica oponente), a autoria é responsável por uma sintaxe que
leve ao efeito de evidência de que o que o outro diz não deve ser considerado como legítimo.
Nas micro-cenas da fala do Comandante notam-se hesitações, olhares para o lado e
outras marcas do desconforto de quem precisa justificar a atuação da Brigada Militar. Ao mesmo
tempo, ele precisa deslegitimar o outro, o que se dá, por exemplo, através de construções de
oposição e de busca de confirmação pelo interlocutor: “Mas quando o confronto se estabelece
evidentemente que pode haver excessos, né.” E também por negações que marcam não só a
oposição às formulações do outro, mas a própria contradição: “Não é essa a idéia da Brigada.
Agora, também não podemos conviver com os fatos que... que ocorreram.”
Para apontar alguns aspectos da entrevista e sobre sua distribuição e localização no
percurso do vídeo, tomo por base algumas definições de Courtine (2009) quando analisa também
uma entrevista. O autor considera as falas de entrevistador e entrevistado num conjunto, como
uma mesma sequência discursiva, um contexto intradiscursivo. No caso de uma resposta a uma
série de perguntas numa entrevista, o enunciado “toma lugar entre outras formulações no
intradiscurso de uma sequência discursiva [...]. Trata-se aí de uma relação horizontal, referente a
uma descrição do intradiscurso”. (Ibid., p. 92-93)
Dessa forma, os enunciados “E as pedras foram jogadas também pela Brigada Militar?” e
“Eu desconheço esse assunto.” são interpretados não por uma falsa evidência de significar o que
dizem, mas como forma de não acolher as acusações feitas pelo entrevistador. E ainda, o
enunciado da entrevista que é posto em primeiro lugar no vídeo: “A Brigada Militar age nos
episódios que os movimentos aí agem contra a lei.” leva a pressupor que é uma resposta a uma
fala anterior do entrevistador, que provavelmente se constituía de uma acusação à atuação da
Brigada Militar.
Ainda segundo Courtine, para além do contexto intradiscursivo, um enunciado “tece laços
com formulações localizáveis no seio do processo discursivo inerente à FD [formação discursiva]
que o domina”, existindo como um nó “em uma rede discursiva, ou vertical, de formulações”
(Idem). Podemos dizer que aí ele se insere numa rede parafrástica. Assim, o mesmo enunciado “A
Brigada Militar age nos episódios que os movimentos aí agem contra a lei.” pode ser
parafraseado, na mesma formação discursiva em que o Coronel se inscreve, por formulações
como: Os movimentos sociais agem contra a lei. Os manifestantes são criminosos. A Brigada
Militar cumpre o papel de manter a ordem. A Brigada Militar é o lixeiro social (fala do mesmo
Coronel numa entrevista a um programa de televisão).
Mas a relação do enunciado não se limita às formulações de uma mesma formação
discursiva, ele “somente tem existência discursiva na contradição que as opõem ao conjunto das
formulações [...] produzidas em CP heterogêneas às suas, em outras palavras, a partir de
posições de classe antagônicas”. (Ibid, p. 95) Neste caso, no próprio vídeo, encontramos uma
outra rede parafrástica que é produzida a partir de outra formação discursiva: trata-se da acusação
de que a atuação dos manifestantes se deve à violência da Brigada Militar, ou seja, quem estaria
agindo fora da lei não seriam os manifestantes, mas os policiais.
Cito como exemplo enunciados (ou fragmentos) que apontam as causas das ações dos
manifestantes: “a grade, ela foi derrubada em função de uma divisão que a polícia conseguiu
fazer”, “os manifestantes acabaram, por pressão dos policiais, empurrando a grade” e “Isso não
ocorreu depois que a Brigada Militar começou a agredir os manifestantes?” Essas formulações de
justificativa e acusação funcionam como enunciados divididos, que trazem em si, como pré-
construído, a voz do outro: a violência vem dos manifestantes (formação discursiva 1) vs a
4
violência vem da polícia (formação discursiva 2) .
Analisando a transcrição dos primeiros minutos do vídeo, com as cenas da manifestação,
da entrevista, da violência policial e as legendas, a partir dessas três perspectivas de redes de
formulações, podemos considerar que a rede intradiscursiva é o conjunto de manifestações do
vídeo funcionando como contexto para um enunciado analisado, a rede discursiva se forma pelo
conjunto de paráfrases presentes ou possíveis a partir de cada uma das duas formações
discursivas que se manifestam no vídeo, e a rede interdiscursiva são as formulações das duas
formações discursivas vistas do ponto de vista externo de cada uma, ou seja, os discursos de uma
formação discursiva levando a formulações (explícitas no vídeo ou não) da outra como respostas.

Atando alguns nós

Com o advento da internet, o que não podia ser de outro modo que aquele imposto pelo
poder através da grande mídia passa a ocupar um espaço de grande circulação para contestar o
já-estabelecido. Isso se dá por outras discursivizações a partir de outros lugares sociais e de
outros lugares físicos no âmbito do ciberespaço. (MITTMANN, 2010a, p.91) E o vídeo-ativismo,
como uma opção mais em conta financeiramente e mais ágil na circulação, ocupa um lugar
importante de divulgação, de denúncia e de contrainformação.
Comparando o formato do vídeo com o que afirma Menezes (2005) sobre as
características do video-ativismo, é possível deduzir que as imagens em movimentos, muitas
vezes bruscos, denunciam a participação da câmera, que acompanha o olhar de quem está dentro
da manifestação e fugindo à violência policial.
Uma outra característica é que, apesar de apresentar muitos fatos, o vídeo alcança
poucos minutos, o que o torna não muito pesado e mais fácil de ser baixado, assistido e remetido
a outros internautas. 5 A solução para essa redução de tamanho parece ter sido a colagem de
pedaços de narrativas, o que chamei de micro-cenas. O conjunto seleção, recorte, organização e
colagem, com certa consistência, num efeito de unidade, se deu a partir do enfoque pretendido:
divulgar a manifestação e denunciar a repressão policial.
A dispersão do discurso e os movimentos de sentidos (para aquém e para além e, ainda,
por entre as palavras e as cenas, no espaço do silêncio) se mascara de unidade fechada com a
assinatura que conduz aos efeitos de o texto ter um início, de o autor ser a origem do dizer e da
possibilidade de estabilização dos sentidos.
As cenas da repressão policial sobre os manifestantes funcionam como registro de
denúncia, num efeito de comprovação. Por isso, torno a afirmar que as cenas da manifestação e
da repressão estão atadas à fala do Comandante, como forma de desconstruir os efeitos de
veracidade e de evidência. Por outro lado, o que se constrói é um novo efeito de evidência a partir
dessa sintaxe elaborada pelos autores. Afinal, são algumas micro-cenas e não outras as
apresentadas no vídeo, com certa extensão definida – quando poderiam ter outra extensão, com
pontos de corte em outros momentos da micro-cena, para antes ou para além do que foi recortado
– e ainda são apresentadas em certa ordem e não outra possível. Assim é que a contradição
histórica se manifesta por um efeito sujeito autor(itário).
A autoria do vídeo se dá a partir de um posicionamento assumido pela identificação do
sujeito com uma formação ideológica, o que o leva à contraposição a uma outra formação
ideológica. Pela formação discursiva, esse posicionamento é discursivizado através da
materialidade lingüística, sonora e imagética do documentário. No sentido inverso, a materialidade
funciona como registro que sustenta o discurso no qual o sujeito se posiciona.
Esta relação entre autoria e posicionamento é declarada no site do Catarse:

Um coletivo de comunicadores comprometidos com a construção de alternativas


que fortaleçam a cultura e o jornalismo independentes e enriqueçam o debate
público em seus temas mais importantes. Através de um trabalho autoral e
engajado, se aproxima de movimentos e organizações que entendem a
comunicação como uma ação transformadora e a cultura como um direito

4
Lembrando as análises de Courtine, 2009.
5
Vale destacar que há versões menores do vídeo postadas na internet.
humano. Queremos trocar experiências e desenvolver trabalhos com pessoas e
iniciativas que se identifiquem com nosso projeto.

A descrição da proposta de “um trabalho autoral e engajado” mostra a dependência da


autoria à identificação ideológica. Assim, o cruzamento autoral entre o repetível do eixo vertical e o
do eixo horizontal se dá pela assunção de um posicionamento diante do confronto entre
formações ideológicas. Ou seja, se a produção do discurso se dá a partir de um retorno de
saberes, essa mesma produção pode levar à história outros saberes. E é devido a isso que, se por
um lado, a história constrói a autoria, por outro, a autoria funciona como um retorno à história,
através do lançamento ao debate.
Nesse sentido podemos relacionar indiretamente a rede descrita por Castells (sociedade
em rede) com a rede interdiscursiva, e considerar a autoria como entrada do sujeito na inter-rede
como agente de denúncia, no retorno da história e à história.
Qual seria então a relação entre pré-construído, formação ideológica e a formação
discursiva na produção de efeitos de sentidos, e ainda, na organização sintática e no
direcionamento dos sentidos através da autoria? Diante da afirmação de Pêcheux (1995, p. 259)
de que “o todo complexo das formações discursivas (interdiscurso) é intrincado no das formações
ideológicas”, podemos concluir que o interdiscurso é onde estão todos os sentidos possíveis e
impossíveis, que podem intervir na forma de pré-construído, o que dá a sustentação dos efeitos de
sentidos particularmente acionados pela autoria. E o intrincamento no complexo das formações
ideológicas é o que determina o que é possível (e o que não é) de manifestar-se discursivamente
pela formação discursiva.
A autoria aponta o sentido para certa direção a partir da identificação com uma formação
ideológica, via formação discursiva, trazendo em si a formação oponente, e, no sentido inverso, o
discurso dessa outra, tomado pelo discurso da primeira, também traz em si a primeira. Isso porque
do cruzamento da verticalidade (materialidade histórica) com a horizontalidade (materialidade
sonora, imagética e verbal) é que se tem discurso, e há que se considerar que na materialidade
histórica do discurso encontra-se não apenas a formação ideológica com que o autor se identifica
mas também aquela a que se opõe, e esse confronto é marcado na horizontalidade. Na
horizontalidade ficam os vestígios da formação ideológica oponente: o interdiscurso atravessa o
intradiscurso e o constitui.

Referências

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tradução de Marcus Tavares. El País, 6/1/2008. Reproduzido em
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ed. São Paulo: Paz e Terra 1999, p. 498.
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http://sul21.com.br/jornal/2010/11/a-internet-entre-os-oligopolios-e-os-nichos/ Acesso em
10/1/2011.
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cristãos. São Carlos: EdUFSCar, 2009.
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PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni
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_____. O estranho espelho da Análise do Discurso. In: COURTINE, Jean-Jacques. Análise do
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