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Fichamento
“[...] a metáfora da devoração para os dadaístas não estava ligada à ideia de uma absorção
enriquecedora como para os nossos antropófagos; ‘devorar e digerir não tem o sentido de
assimilar o outro, mas, de eliminá-lo, daí a necessidade de se praticar a carnificina, exercício
tão anunciado por Tzara em seu Manifest Dada’ (Netto, 2004:29).” (RAMOS, 2008, p. 18)
“E se Oswald vai optar pelo termo ‘antropofagia’ em vez de ‘canibalismo’ dos dadaístas, ele
se diferencia não só pela escolha da palavra antropofagia, que realmente reforça o lado mais
científico e rigoroso desta terminologia, mas pela maneira pela qual vai afirmar sua relação
com o primitivo. Para os movimentos de vanguarda francesa da década de 1920 – surrealistas,
cubistas, futuristas e dadaístas – o retorno ao primitivo representava a busca do outro, do
estranho, do exótico, das raças indígenas e africanas, para Oswald e Mário de Andrade esse
primitivo estava relacionado a nossa própria origem (nunes, 1979:10-11).” (RAMOS, 2008, p.
18)
“A grande diferença: o conceito de antropofagia de uma e de outra época tem uma perspectiva
de cultura nacional bastante específica de cada momento. O resgate da antropofagia em final
dos anos 1960 encontra a frustração advinda do golpe de 1964, o quadro de uma arte
desgastada em sua relação com a cultura popular.” (RAMOS, 2008, p. 19)
“Celso Favaretto também destaca a diferenciação entre a antropofagia dos anos 1920 e a dos
anos 1960, quando há uma mudança das ‘discussões sobre a originalidade da cultura
brasileira’ para o ‘debate sobre a indústria cultural, transferindo-se o enfoque dos aspectos
étnicos para os políticos econômicos’ (Favaretto, 1995:53).” (RAMOS, 2008, p. 19)