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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2018
Ellen Ohana Costa Queiroz
Natal-RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
___________________________________________________
Prof.ª Me. Laise Kelley Lemos Barbosa – Orientador
___________________________________________________
Prof.ª Drª Micheline Damião Dias Moreira – Examinador interno
___________________________________________________
Prof. Me. Wesley Fêu dos Santos – Examinador externo
Natal-RN
2018
DEDICATÓRIA
A minha orientadora Prof(a). Me. Laise Kelley Lemos Barbosa, pelos conhecimentos
transmitidos e pelo notável apoio, compreensão e entusiasmo que demonstrou desde o início
do trabalho, apesar de sua agenda cheia de outras responsabilidades.
A minha mãe, Rosinalva, e minhas tias, Silvânia e Silvinha, que acreditaram em mim
quando nem eu mesma acreditava.
As minhas amigas, Lorena e Isadora, pela paciência e incentivo diários, que me deram
apoio emocional e muitas risadas em dias ruins.
Aos meus amados, Thaís, Isadora, Bárbara e Pedro, que mesmo distantes, sei que
torcem sempre pelo meu sucesso, e dos quais sinto muita falta de convivermos e
comemorarmos juntos.
E a todos os demais não citados, porém não menos importantes, que fizeram essa
experiência render bons frutos.
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação.”
(Simone de Beauvoir)
RESUMO
Title: Building maintenance management in the public sector from the case study of the
School of Sciences and Technology building at UFRN.
1 INTRODUÇÃO _________________________________________________________ 15
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS _________________________________________________ 15
1.2 OBJETIVOS _____________________________________________________________ 16
1.2.1 Objetivo geral ________________________________________________________ 16
1.2.2 Objetivos específicos ___________________________________________________ 16
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ________________________________________________ 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA _____________________________________________ 18
2.1 MANUTENÇÃO PREDIAL - CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO___________________________ 18
2.2 INSPEÇÃO PREDIAL_______________________________________________________ 23
2.3 NORMAS VIGENTES DE MANUTENÇÃO PREDIAL _________________________________ 24
2.3.1 NBR 5674:2012 - Manutenção de edificações - Requisitos para o sistema de gestão de
manutenção _______________________________________________________________ 24
2.3.2 NBR 14037 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção
das edificações ____________________________________________________________ 25
2.3.3 NBR 15575:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho ___________________ 25
2.4 GESTÃO DA MANUTENÇÃO PREDIAL E SUA IMPORTÂNCIA _________________________ 26
2.4.1 Planejamento da manutenção ____________________________________________ 27
2.4.2 Ausência de manutenção e suas consequências ______________________________ 27
2.5 CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO: SETORES PÚBLICO E PRIVADO _________ 29
3 METODOLOGIA _______________________________________________________ 33
3.1 MÉTODOS E FERRAMENTAS ________________________________________________ 33
3.2 ESTUDO DE CASO ________________________________________________________ 35
3.2.1 Diretoria de Manutenção de Instalações (DIMAN) ___________________________ 35
3.2.2 Edificação da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN ______________________ 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO____________________________________________ 37
4.1 SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E CONTRATOS (SIPAC) ______ 37
4.2 PLANO DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL DA ECT __________________________ 38
4.3 PROCESSO DE SOLICITAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO PREDIAL NA DIMAN ______ 48
4.4 PRINCIPAIS COMPLICADORES DA IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
PREDIAL __________________________________________________________________ 52
5 CONCLUSÕES _________________________________________________________ 55
REFERÊNCIAS __________________________________________________________ 57
ANEXO A – PROGRAMA DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL DA ECT 60
ANEXO B – CHECKLIST PARA INSPEÇÃO PREDIAL DA ECT ________________ 64
ANEXO C – PADRÕES DA INSPEÇÃO PREDIAL DA ECT ____________________ 67
15
1 INTRODUÇÃO
NETO, 2006). Porém, assim como no setor privado, a Administração Pública, na maioria das
vezes, se encontra limitada para caminhar com a implantação e acompanhamento de um plano
de inspeção e manutenção predial, seja ele preventivo ou corretivo, sendo atribuídos motivos
como: falta de planejamento orçamentário, autorização e liberação financeira de setores,
legalidade da contratação, disponibilidade de equipe técnica para realização,
acompanhamento e fiscalização dos serviços.
Pesquisas que auxiliem na averiguação dos possíveis fatores que contribuem para essa
realidade são escassos e de grande relevância. Com este propósito, deve-se avaliar e discutir
melhorias nos processos de obtenção destes serviços, para garantir a qualidade e segurança
das edificações e promover a economia de recursos para a Administração Pública. Acredita-se
que ao analisar a situação de uma edificação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, sendo este um órgão público de intensa atividade que engloba várias construções com
funcionalidades diversificadas, os questionamentos desenvolvidos neste trabalho também
poderão ser expandidos a outros órgãos, ajudando no entendimento dos fatores que
inviabilizam uma gestão apropriada da manutenção e na conscientização da importância desse
tema. Dessa forma, as melhorias para os processos e a base para elaboração e/ou
aprimoramento dos planos de gestão de manutenção predial no setor público podem ser
aperfeiçoados.
1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral investigar as principais dificuldades relativas à
gestão de manutenção predial enfrentadas pelo setor público a partir do estudo de caso da
unidade Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) e da Diretoria de Manutenção de Instalações
(DIMAN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As edificações possuem um alto valor social e econômico, visto que são apoio físico
para a realização de todas as atividades cotidianas, direta ou indiretamente, e que não podem
ser tratadas como um produto descartável e facilmente substituível. São planejadas e
construídas para durar por muitos anos, resistindo às degradações provenientes de intempéries
e mau uso, e devem apresentar condições adequadas de desempenho e funcionalidade
exigidos por seus usuários durante toda sua vida útil (ABNT, 2012).
O desempenho da edificação está relacionado à sua capacidade de cumprir a função de
atender às necessidades dos seus usuários, quando em utilização.
Assim, explica Nour (2003), a aplicação do conceito de desempenho à produção de
edifícios envolve: a identificação das exigências e necessidades dos usuários, das condições
de exposição a que estará sujeita a edificação, bem como, o estabelecimento de requisitos,
critérios e métodos de avaliação do desempenho, como se observa resumidamente na Figura
1.
Figura 1 – Fatores que influenciam a análise de desempenho
Possan e Demoliner (2013) definem que a vida útil consiste em mensurar a expectativa
de duração de uma estrutura ou suas partes, dentro de limites de projeto admissíveis, durante
19
seu ciclo de vida. De forma mais simples a NBR 15575 (2013) define vida útil como “uma
medida temporal da durabilidade de um edifício ou de suas partes”.
A vida útil projetada (VUP) é definida brevemente pela ISO 15.686-1 (2011) como “a
vida útil considerada pelo projetista como base para suas especificações”.
Na figura 2 são estabelecidos prazos (em anos) de vida útil projetada (VUP) para
alguns dos sistemas prediais.
Ferreira (2017) sugere que a manutenção corretiva é a menos recomendada, uma vez
que, além dos custos inviáveis da correção imprevista, também é possível que hajam
patologias não identificadas, que vão se agravando com o tempo, ocasionando a degradação e
envelhecimento precoce do edifício, bem como a redução da vida útil de equipamentos,
máquinas e instalações. Analogamente, o adiamento da manutenção também ocasiona o
mesmo processo de sobrecarregar a demanda e tornar a sua execução mais onerosa, exigindo
maiores recursos.
Lee (apud BONIN, 1988) comenta que a adoção da estratégia de manutenção
preventiva é vantajosa se ela for eficiente em termos de custos, se ela reduz a incidência da
manutenção corretiva e se ela atende às necessidades operacionais dos usuários da edificação.
A manutenção baseada em condições é explicada por Seeley (1987) como sendo
aquela que é iniciada como resultado do conhecimento da condição de um item da rotina ou
monitoramento contínuo.
O trabalho de manutenção também foi classificado como "previsível" e "evitável" pela
ISO 6187 (1982, apud Seeley, 1987). Manutenção previsível, explica Seeley (1987), é o
trabalho periódico regular que pode ser necessário para manter a característica de desempenho
de um produto, bem como para substituí-lo ou repará-lo depois de ter alcançado sua vida útil.
Manutenção evitável é o trabalho requerido para consertar falhas decorrentes de erros de
concepção ou de execução do imóvel, instalações incorretas ou uso de materiais de baixa
qualidade. O autor também afirma que a condição apropriada do edifício será influenciada por
muitos fatores, incluindo a sua função, sua imagem pública, ou até mesmo seu prestígio
nacional.
Para Bonin (1988), manutenção inevitável é aquela decorrente de problemas já
previstos no início da construção e que não podem ser controlados, como a intempérie a qual
a edificação está exposta, e o desgaste normal dos materiais e elementos construtivos.
É importante ressaltar que manutenção predial não deve ser confundida com reforma.
Ambas vão depender da necessidade dos usuários e suas diferenças influenciam na satisfação
dos mesmos. A manutenção visa preservar as características originais da edificação,
prevenindo ou recuperando a perda de seu desempenho. A reforma consiste na alteração das
condições existentes, com ou sem mudança de função, no intuito de recuperar, melhorar ou
ampliar suas condições de habitabilidade, uso ou segurança (NBR 16280, 2014). Ou seja,
enquanto a manutenção tem uma finalidade de evitar falhas ou sua reincidência, a reforma
modifica ou aprimora um ou mais sistemas prediais.
23
2.3.2 NBR 14037 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das
edificações
É a primeira norma a tratar da qualidade dos produtos da construção civil, bem como
sua utilização pelos consumidores, se tornando assim um dos principais indicadores de
desempenho de uma edificação. E através dessa é possível realizar a divisão correta das
responsabilidades entre projetistas, construtores, usuários e até mesmo os fabricantes.
Os requisitos dos usuários são demonstrados no Quadro 2, e divididos nas categorias
de segurança, habitabilidade e sustentabilidade.
comumente através de serviços prestados por empresas terceirizadas, que foram contratadas
por meios dos processos de licitação.
A manutenção, quando realizada sem critério técnico, pode causar falhas, danos
materiais, retrabalho e, consequentemente, gastos desnecessários, além de desvalorização
acentuada do imóvel (IBAPE/SP, 2012).
Por isso, um plano de Inspeção e Manutenção Predial, tanto preventiva quanto
corretiva, se faz necessário, pois além de ser fundamental para a segurança e bem-estar dos
usuários, também garante o desempenho adequado dos componentes da edificação ao longo
de sua vida útil.
Rocha (2007) afirma que, segundo dados estatísticos de 2007 do Corpo de Bombeiros,
as instalações elétricas são a segunda maior causa de incêndios no estado de São Paulo. A
falta de manutenção desse sistema pode ocasionar curto-circuito, sobrecarga e incêndios.
As falhas da manutenção incidem nos aspectos técnicos, operacionais e
administrativos, porém, a maior delas consiste na ausência ou impropriedade do plano de
manutenção predial (GOMIDE, 2008).
Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
de São Paulo - IBAPE/SP (2009) afirma que
66% das prováveis causas e origens dos acidentes são relacionadas à deficiência
com a manutenção, perda precoce de desempenho e deterioração acentuada. Apenas
34% dos acidentes possuem causa e origem relacionadas aos chamados vícios
construtivos.
Falha de
34%
manutenção e
uso
Anomalia
construtiva
66%
Esses dados mostram que é possível diminuir a deterioração precoce dos edifícios se
for dada a devida importância ao sistema de gestão de manutenção predial.
29
Segundo Sitter (1984, apud HELENE, 1992), criador da Lei de evolução dos custos
(conhecida como Lei de Sitter), adiar uma intervenção significa aumentar os custos diretos em
progressão geométrica de razão cinco. Ou seja, para cada unidade monetária que deixa de ser
aplicada durante a fase de projeto ou no início da construção para tornar a obra mais eficiente
e durável, serão necessárias 125 unidades na situação limite da manutenção corretiva. Isso
significa que a manutenção preventiva precisa ser vista como um processo que se inicia com
um bom projeto, continua com uma boa construção e se consolida através de procedimentos
sistemáticos nos campos técnico, administrativo e financeiro voltados para a garantia, a
segurança e maior vida útil dos empreendimentos (VITÓRIO, 2006).
licitação, porém foi instituído pela Lei nº 10520 em 2002. Outra forma de contratação é o
Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que foi criada em 2011 e regulamentada
pela Lei nº 12.462, com o propósito de impulsionar e facilitar os projetos referentes à Copa do
Mundo de 2014 e às Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016, mas que posteriormente foi
estendido para o campo de outras obras e serviços específicos.
A maioria dos contratos de obras e serviços de engenharia se dá por licitação do tipo
“menor preço”, apesar de constar na lei outros tipos, tais como, "melhor técnica" e "técnica e
preço".
O pregão eletrônico é a modalidade de licitação destinada à aquisição de bens e
serviços comuns, independentemente do valor estimado, e vem se consolidando como a
principal forma de contratação do Governo Federal. Foi instituída pela Lei 10.520/2002 e
regulamentada pelo Decreto 5.450/2005, e ficam subordinados às normas, além dos órgãos
da administração pública federal direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União.
A maior característica do pregão, que difere das outras modalidades regidas pela Lei
8666, é que se dá pela inversão das fases de habilitação e análise das propostas. Por
consequência, apenas a documentação do participante que tenha apresentado a melhor
proposta é analisada, produzindo celeridade nos processos e minimizando, assim, a burocracia
e os custos aos cofres públicos (JUSBRASIL, 2018).
Como modalidade de licitação do tipo menor preço, o pregão eletrônico é realizado
com disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância em sessão
pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet. Consideram-se bens e
serviços comuns, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais do mercado.
Mesmo com suas vantagens, o pregão apresenta restrições. A questão de bens e
serviços comuns esbarra muitas vezes em problemas de poder ou não contratar para algumas
especialidades da engenharia. Alguns serviços de manutenção não são percebidos pela lei
como serviço comum.
A licitação na modalidade de pregão, na forma eletrônica, não se aplica às
contratações de obras de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral
(BRASIL, 2005).
O artigo 10 da Lei nº 200/67 dispõe que:
32
Dessa forma, deu-se início a chamada terceirização. Giosa (1997) a define como um
processo de gestão pelo qual se repassam algumas atividades para terceiros, com os quais se
estabeleceu uma relação de parceria, ficando a empresa concentrada apenas em tarefas
essencialmente ligadas ao negócio em que atua.
Bezerra e Tubino (2000) acreditam que para conduzir uma gestão eficiente e eficaz, é
preciso disponibilidade integral de tempo e conhecimentos técnicos e administrativos, que os
gestores normalmente não dispõem. Os autores ainda defendem a adoção da terceirização
como uma forma de melhorar o desempenho da gestão da manutenção, afirmando que as
vantagens da terceirização são: a diminuição das responsabilidades com encargos sociais e
querelas trabalhistas, o alívio da gerência dos pagamentos, facilidade de substituição, seleção
e treinamento da mão de obra. Entretanto, apesar das vantagens, a terceirização, quando
indevidamente administrada, pode acarretar perdas financeiras por reclamatórias trabalhistas,
estimular má-fé e corrupção dentro do serviço público, dentre outras consequências.
33
3 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido com base em uma pesquisa exploratória com abordagem
qualitativa através do estudo de caso dos setores responsáveis pela manutenção predial da
UFRN: a Diretoria de Manutenção de Instalação (DIMAN) e a Secretaria de Patrimônio da
Escola de Ciências e Tecnologia (ECT). Foram adotadas fontes primárias e secundárias, e
ferramentas, tais como: levantamento bibliográfico e documental, entrevistas, mapeamento do
sistema eletrônico e dos processos de solicitação e atendimento dos serviços de manutenção
predial, extração de dados sobre a demanda através de relatórios e registros de gestão dos
setores estudados e diagrama de causa e efeito.
Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico e documental a partir de livros,
monografias, artigos, dissertações, teses e leis, para uma melhor compreensão da problemática
do tema e a sua relevância.
A seleção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como área de estudo se
deve à importância da instituição pública federal nos aspectos educacionais, socioculturais e
socioeconômicos, assim como, o tamanho de sua estrutura organizacional e grande número de
unidades sob sua administração, que atuam em diversas áreas e possuem edificações com
estilos e funções variadas.
A edificação da ECT, unidade acadêmica selecionada, é suporte físico para a
realização de atividades distintas como de ensino, pesquisas laboratoriais e eventos, além das
administrativas e do corpo docente, que mantêm um alto índice de utilização. Ademais, tem o
diferencial de possuir um setor próprio de manutenção, dispondo de uma equipe responsável
pela gestão de um plano de inspeção e manutenção predial, produzido e acompanhado pela
mesma; e pela execução de intervenções, salvo as de médio e grande porte, que exigem maior
conhecimento técnico e mão de obra especializada.
Para a coleta de dados, foram utilizados os relatórios de gestão da manutenção predial
da DIMAN e os registros das inspeções e manutenções executadas pela equipe da ECT. E,
também, foram entrevistados os chefes responsáveis pelos setores de manutenção predial,
tanto da DIMAN quanto da ECT.
Os fluxogramas fornecidos pelos chefes dos setores estudados serviram de auxílio para
o mapeamento dos processos pelos quais a UFRN tramita as solicitações dos serviços de
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Usando como área de estudo uma unidade acadêmica da UFRN, a Escola de Ciências
e Tecnologia (ECT), é possível compreender alguns dos processos atualmente desenvolvidos
por um órgão público para que seja solicitado um serviço de manutenção predial.
O espaço físico da ECT corresponde a uma área de aproximadamente 7000 m²,
dividido em quatro pavimentos. O prédio foi concebido de forma a abrigar todas as atividades
de ensino necessárias ao funcionamento do curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia,
sendo composto por 8 salas de aula, 7 auditórios, 12 laboratórios, 54 salas de professores,
secretaria administrativa, secretária acadêmica, secretaria de patrimônio, diretoria e secretaria
de direção, além disso, conta com sala de estudos, sala de monitoria, reprografia e ambiente
de convivência.
A ECT é uma unidade que possui sua própria equipe local de manutenção, que
funciona na Secretaria de Patrimônio, sendo responsável pelas demandas dessa edificação,
particularmente. A maioria dos serviços que realiza é de pequeno porte, ficando dependente
da Diretoria de Manutenção de Instalações (DIMAN) da Superintendência de Infraestrutura
da UFRN, sendo essa última responsável por todas as obras que engloba a universidade.
Apesar do edifício em questão ser relativamente novo, sendo inaugurado em 2010, ele
já apresenta diversas manifestações patológicas, onde a falta de manutenção pode transformá-
las em problemas maiores, com consequências de grande impacto e onerosas, visto que é um
ambiente extenso, de atividades constantes, e com muitos usuários e equipamentos.
Recentemente foi implantado um plano de inspeção e manutenção predial na ECT,
visando diminuir as falhas e evitar ao máximo as paralisações de atividades oriundas dos
imprevistos causados pelas patologias e/ou falhas nos sistemas prediais. Por esse motivo, essa
unidade acadêmica se destaca das demais, por ser a primeira da UFRN a realizar a gestão da
manutenção com inspeções periódicas e registradas sistematicamente.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
que foi inspecionado, qual o padrão utilizado, quais elementos estavam “conforme” e “não
conforme”, e se é necessário abrir um chamado ou não. Todas as respostas da checklist são
encaminhadas diretamente à Central de Serviços, onde é feita uma triagem da demanda.
A Central de Serviços é um sistema de informação, do tipo intranet, criada pela equipe
de TI, para automatizar as demandas, sendo capaz de manter um registro apropriado e de
promover contato com seus usuários.
Também é possível o acesso direto à Central de Serviços pelos professores e
servidores (usuários) para solicitar serviços de manutenção, quando esses se deparam com
alguma falha, seja de elementos do sistema predial ou de equipamentos.
Essa demanda registrada, agora nomeada de “chamado”, pode seguir dois caminhos:
se for comprovado pela inspeção que o elemento necessita de manutenção, então ele é
encaminhado para a equipe local ou equipe especializada; caso não haja inconformidade com
o padrão, então o chamado será encerrado com uma notificação de que a inspeção não gerou
demanda.
Quando a inspeção predial detecta uma falha mais grave, como por exemplo, uma
patologia na alvenaria ou na estrutura, em que a equipe local não consegue realizar a
manutenção, então é efetuada uma perícia com a elaboração de um laudo técnico, que é
enviado para a INFRA, através do SIPAC, com a solicitação de serviço especializado para
fazer a manutenção.
O prédio de ECT possui um almoxarifado que é abastecido pela Superintendência de
Infraestrutura. Quando os professores e/ou servidores realizam pedidos de materiais
específicos que estejam necessitando, ou então quando o estoque requer abastecimento, é
realizada a conferência dos materiais novos que entram. Após essa certificação, se houver
conformidade com as solicitações, os comprovantes de requisição são levados para serem
assinados pelo chefe do Setor de Manutenção Predial, ou, em sua ausência, pelo Secretário ou
Diretor da ECT. Nas Figuras 9 e 10 encontram-se fluxogramas para uma melhor compreensão
do fluxo do processo de solicitação de serviço de manutenção no âmbito da unidade
acadêmica em questão.
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Os índices de falhas por equipe responsável, mostrados na Figura 15, são baseados na
razão entre o número de manutenções corrigidas pelo número total de manutenções
solicitadas, representando a porcentagem dos problemas solucionados por cada equipe. Em
média, 41% dos problemas resolvidos foram da responsabilidade da equipe local, 9% da
DIMAN/INFRA e 7% das empresas especializadas, nos meses em questão. O índice de
falhas corrigidas total teve uma média de 48%, um valor baixo comparado a meta que era de
80%.
Nos gráficos das Figuras 16, 17, 18 e 19 é possível verificar os mesmos dados
anteriores sendo do ano de 2018, dos meses de janeiro a junho.
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A DIMAN conta com 204 funcionários, sendo 33 servidores, dentre eles apenas 2 são
engenheiros, e 171 terceirizados.
Com o advento da Medida Provisória nº 1.606-20 de 1998, regulamentada pela Lei nº
9.632 de 07 de maio de 1998, diversos cargos da administração pública foram extintos, entre
esses, os cargos dos profissionais ligados à área da manutenção predial. Desta forma, a UFRN
foi levada a promover licitações para suprir a demanda por esta mão de obra, ou seja, a
terceirização.
A mão de obra e os materiais necessários para atender as solicitações de manutenção
predial são obtidos através de licitação na modalidade de pregão eletrônico. A manutenção
corretiva é aplicada em todo Campus Universitário, não havendo inspeções periódicas para
avaliar o estado dos sistemas prediais, portanto, a demanda se origina de requisições feitas
pelos usuários através do sistema SIPAC. Cada unidade acadêmica da UFRN tem acesso a
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esse sistema, permitindo, desta forma, a comunicação entre elas e o setor responsável pela
manutenção.
O gestor/diretor de cada Centro, Departamento, etc, acessa o SIPAC e fornece
informações sobre o problema e sua localização preenchendo um formulário de requisição,
seja de material ou serviços de manutenção. A DIMAN pode realizar as próprias requisições
ou autorizar as que recebem das unidades acadêmicas, dando inicio ao processo. É solicitado
o orçamento do serviço ou material à empresa contratada, e mediante sua autorização pela
DIMAN, o serviço poderá ser executado. Após isso, a equipe da INFRA realiza a medição in
loco, e recebe a nota fiscal emitida pela empresa contratada. É realizado o atesto da nota e
finalizada a requisição de manutenção, sendo a nota fiscal enviada ao DGC para efetuar o
pagamento. A DCG é a diretoria que coordena, planeja e acompanha a execução físico-
financeira fiscalizando administrativamente todos os contratos da UFRN. Esse processo
demora, em média, 3 meses, desde a verificação do problema até a solução.
Todo o passo a passo do mecanismo de requisição de materiais e serviços de
manutenção efetuados por empresas contratadas é representado pelo fluxograma da Figura 20
e os que são de responsabilidade da equipe local da INFRA é ilustrado pela Figura 21.
CE 212 161 76
Residências 708 538 76
NUPLAM 9 2 22
Escola de música 107 84 79
BCZM 95 77 81
ECT 27 18 67
Administração central 295 217 74
PROAD 246 182 74
TOTAL 5005 3730 75
Fonte: Adaptado do Portal UFRN. Disponível em: <www.ufrn.br>. Acesso em set. 2018.
De acordo com a tabela 1, podemos visualizar que os dois Centros que mais se
destacam por solicitarem manutenções são o CT e o CB, com aproximadamente 16% e 15%,
respectivamente, do total das solicitações. Esse fato se deve às grandes dimensões dos Centros
e o uso intensivo. Também é possível ver que a eficiência da manutenção predial na ECT
realizada pela DIMAN corresponde a 67%, sendo a compra de material um dos problemas
enfrentados, devido à dificuldade de encontrar peças compatíveis com o padrão utilizado no
edifício.
A DIMAN é composta por quatro coordenadorias: Coordenadoria de Manutenção e
Instalações Hidráulicas (DMIH), Coordenadoria de Eletrotécnica e Telecomunicações
(CMET), Coordena de Manutenção em Serviços Viários (CMSV) e Coordenadoria de
Manutenção em Serviços Gerais (CMSG). A partir da tabela 2 podemos verificar as
quantidades solicitadas e as atendidas por cada Coordenadoria, bem como a eficiência de
atendimento de cada uma. Podemos também afirmar que as maiores demandas são de serviços
gerais e de instalações hidráulicas. Os serviços gerais são todos aqueles relacionados aos
sistemas prediais, exceto pelas instalações elétricas, hidráulicas e de TI.
OUTROS 32 19 59
TOTAL 5005 3730 75
Fonte: Adaptado do Portal UFRN. Disponível em: <www.ufrn.br>. Acesso em set. 2018.
Através das informações coletadas pelas entrevistas realizadas com os chefes dos
setores de manutenção predial, foi possível construir um diagrama de causa e efeito
(Diagrama de Ishikawa), ilustrado pela Figura 22. Esta técnica foi utilizada para descobrir,
organizar e resumir as possíveis causas que contribuem para a não implantação de um plano
de gestão de manutenção predial, sendo esta preventiva ou corretiva.
Inicialmente, foram postas em destaque as principais áreas que podem originar as
causas para o problema, e logo após, foram descritas cada causa ramificada de sua respectiva
área. Dessa forma, depois de relacionar as causas com as demandas de solicitação e com todo
o processo de solicitação até sua resolução, chegou-se a conclusão que a causa que mais se
destaca é a falta de conscientização dos gestores, parte pela falta de conhecimento sobre o
assunto e parte pela cultura de tratar a manutenção como uma despesa e não um investimento.
53
Em segundo plano, porém não menos importante, encontra-se a limitação dos recursos
financeiros e de pessoal, tornando a manutenção corretiva em um serviço de caráter
emergencial. A situação é agravada pela falta de equipe e material disponível,
impossibilitando a resolução dos problemas em tempo hábil, sobrecarregando a demanda, e
também a realização de tarefas como fiscalização dos serviços prestados e inspeções. Em
síntese, os resultados obtidos estão consoantes à premissa dos autores citados no trabalho.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
____. NBR 14037: Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das
edificações. Rio de Janeiro, 2014.
BONIN, Luis Carlos. Manutenção de edifícios: uma revisão conceitual. In: Seminário
Sobre Manutenção de Edifícios, 1988, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: UFRGS, 1988. p. 1-
31.
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 12 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2007.
GIOSA, Lívio Antônio. Terceirização: uma abordagem estratégica. 5. ed. São Paulo:
Pioneira, 1997.
GOMIDE, Tito L. F. Engenharia legal: novos estudos. 2. ed. São Paulo: Leud, 2008
KARDEC, Alan; NASCIF, Júlio. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2009. 384p.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo: Malheiros,
2013. 925 p.
NEVES, Daniel R. R., BRANCO, Luiz Antônio M. N. Estratégia de Inspeção Predial. Belo
Horizonte: Construindo, v.1, n.2, p. 12-19, jul./dez. 2009.
OLIVEIRA, C. S. P.; SILVA FILHO, L. C. P. Discussão do papel das leis de inspeção como suporte
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