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1. INTRODUÇÃO
2. ANÁLISE
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b) Relação carvão vegetal/ferro-gusa
De acordo com os representantes da Sinobras, os fatores de conversão de
carvão vegetal em ferro-gusa utilizados pelo perito do Juízo (2,2 mdc/t) e pelo Ibama (2,14 e
2,19 mdc/t) não correspondem ao fator médio da siderúrgica no período de 2001 a
fevereiro/2007, que era de 1,86 mdc/t. Tal valor, aceito pelo Ibama em outros processos
semelhantes (foi citado o processo administrativo nº 02001.006579/2005-52), teria sido
propiciado pelo uso de carvão oriundo de madeiras nativas, com poder calorífico superior ao
do carvão de eucalipto, devido à sua maior densidade e teor de lignina (Fl. 925).
A literatura técnico-científica consultada pelo perito indica fatores que variam
de 2,2 a 3,5 mdc/t (Fl. 893). Assim, o valor empregado nos cálculos foi o menor que ele
encontrou, e equivale ao índice padrão estabelecido pela Semas no âmbito do estado do Pará,
por meio das Instruções Normativas (INs) 23/20092 e 07/20123.
Em suas pesquisas, esta signatária encontrou alguns trabalhos que reportam
coeficientes inferiores a 2,2 mdc/t (Quadro 1). Todavia, tal situação parece ser incomum, já
que os coeficientes médios para o setor variam entre 2,7 e 3 mdc/t. Quando expressos em
termos de massa, os coeficientes de conversão costumam variar entre 650 e 750 kg/t, ficando,
em alguns casos, abaixo de 600 kg/t ou mesmo de 500 kg/t. Considerando-se a densidade
média indicada pela Sinobras para o carvão utilizado, de 300 kg/mdc (entendida como
plausível4), é possível que a empresa realmente tenha obtido coeficientes inferiores a 2,2.
Segundo Malard (2009), o consumo de carvão vegetal na produção de ferro-
gusa é influenciado por várias propriedades do carvão (como a densidade, umidade,
granulometria, teor de lignina, teor de carbono fixo e resistência à compressão) e pelos
processos industriais, que podem incluir a injeção de carvão pulverizado, o emprego de sínter,
dentre outras particularidades. A despeito disso, toda a argumentação da Sinobras baseou-se,
essencialmente, em apenas duas características do carvão, sem contemplar o conjunto
completo de fatores que afetam o consumo nos altos-fornos siderúrgicos.
Dessa forma, entende-se que não basta citar os valores de algumas variáveis
isoladas ou o emprego de uma determinada técnica para justificar a adoção de um fator de
conversão inferior ao geral: é necessário um estudo completo do processo produtivo
(incluindo seus insumos, equipamentos e condições operacionais), algo que, segundo o Ibama,
a Simara/Sinobras jamais apresentou (Fl. 994), embora tal possibilidade existisse desde a
publicação da IN MMA nº 1, de 5 de setembro de 19965.
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Quadro 1
Fatores de conversão extraídos dos trabalhos consultados
Título do trabalho Fator(es) citado(s) Endereço eletrônico
Produção de carvão vegetal utilizando madeira de florestas plantadas de eucalipto (Autor e 2,7 mdc/t e 2,14 mdc/t <http://atividaderural.com.br/index.php?pagina=bibliotecaRural&letra=P>
ano desconhecidos)
A injeção de combustível auxiliar em alto forno como medida de redução das emissões de 418 kg/t <http://www.fem.unicamp.br/~jannuzzi/documents/siderugia1.pdf>
CO2 do segmento siderúrgico nacional: estudos de casos na Acesita e Cosipa (Cavaliero e
Jannuzzi, 1999)
O futuro do carvão vegetal na siderurgia (Ferreira, 2000) 2,9 mdc/t, ou 725 kg/t <https://ecen.com/eee21/emiscar2.htm>
Sustentabilidade da produção de ferro-gusa a partir de carvão vegetal (Asica) 2,02 e 2,08 mdc/t <http://www.mma.gov.br/estruturas/sfb/_arquivos/seminario_dfs_carajas_assoc_siderurgicas_
carajas.pdf>
Carvão vegetal: aspectos técnicos, sociais, ambientais e econômicos (Cenbio, 2008) 875 kg/t <http://docente.ifrn.edu.br/samueloliveira/disciplinas/tecnologia-de-fabricacao-de-
biocombustiveis/biomassa-energetica/apostila-carvao-vegetal-aspectos-tecnicos-sociais-
ambientais-e-economicos/view>
Alto-forno sustentável: o mercado de carbono no Brasil com ênfase na produção de gusa a 650 kg/t <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUOS-96CFB4>
partir de carvão vegetal de florestas plantadas de eucalipto (Morais, 2008)
Avaliação ambiental do setor de siderurgia não-integrada a carvão vegetal do Estado de 2,2 a 3,5 mdc/t (média de 2,74 <http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/2894>
Minas Gerais (Malard, 2009) mdc/t, ou 650 kg/t)
Competitividade e sustentabilidade ambiental da siderurgia brasileira (Mello et al, 2009) 2,7 mdc/t <http://www.usp.br/mudarfuturo/2009/pdf/09_05_22_cap2.pdf>
Perfil do ferro-gusa (MME, 2009) 3 mdc/t <http://www.mme.gov.br/documents/1138775/1256652/P33_RT59_Perfil_do_Ferro-
Gusa.pdf/ce33aa31-8e3b-4cd1-8723-87dc213f8c6b>
Condições para a sustentabilidade da produção de carvão vegetal para fabricação de ferro- 750 kg/t <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/1661>
gusa no Brasil (Vital e Pinto, 2009)
Plano Setorial de Redução de Emissões da Siderurgia: sumário executivo (MMA. 2010) 3 mdc/t <http://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_arquivos/plano_setorial_siderurgia___s
umrio_executivo_04_11_10_141.pdf>
Análise exergética do processo de produção de ferro gusa em altos-fornos: identificação de 575 a 700 kg/t <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
oportunidades em redução de emissões de gases de efeito estufa (Sousa, 2010) select_action=&co_obra=199658>
Modelamento estatístico do consumo de carvão vegetal dos altos-fornos da Vallourec Tubos 433 a 628 kg/t <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUBD-9YEHS7>
do Brasil em função da produção de ferro-gusa e das cargas ferrosas (Faleiro, 2013)
Produção independente de ferro-gusa (“Guseiros”) (Paula, 2014) 689 a 780 kg/t, com média de <https://docplayer.com.br/10645720-Producao-independente-de-ferro-gusa-guseiros.html>
730 kg no período de 2000-12
Modernização da produção de carvão vegetal no Brasil: subsídios para revisão do Plano 690 a 900 kg/t, com média de <https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Carvao_Vegetal_WEB_02102015_1022
Siderurgia (CGEE, 2015) 740 kg/t na última década 5.PDF>
Em março/2005, a Simara havia informado ao Ibama que a densidade do
carvão utilizado era de 300 kg/m3 (ou seja, igual à densidade média indicada pela Sinobras
posteriormente), que seu processo de produção incluía a injeção de finos de carvão, em uma
taxa de 100 kg/t, e que, em função dessas peculiaridades, o coeficiente da siderúrgica era de
2,2 mdc/t (Fl. 280). Logo, os dados fornecidos pela própria empresa antes da instauração da
ACP não respaldam a adoção de um fator igual a 1,86 mdc/t.
De acordo com a Semas, a Sinobras possui fatores de conversão diferenciados
no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) desde 2016.
Inicialmente, possibilitou-se a alteração do fator padrão para 2,94 mdc/t, por meio do
Documento nº 7046/2006; meses depois, esse valor foi reduzido para 2,61 mdc/t (Documento
nº 41115/2016), e não sofreu novas alterações (Fl. 999). Portanto, o fator atualmente adotado
pela empresa é substancialmente superior ao indicado por ela para o período de 2001-07.
Vale destacar, ainda, que os dados de produção de ferro-gusa e consumo de
carvão (17.932,84 t e 46.308,66 mdc) declarados pela Sinobras para o período de janeiro a
fevereiro/2007 resultam em um coeficiente de 2,58, conforme apurado pelo perito do Juízo
(Fl. 882).
Diante de todo o exposto, conclui-se que não há elementos suficientes na ACP
que confirmem o fator de conversão defendido pela Sinobras, embora seja possível, em teoria,
que a empresa tenha alcançado fatores menores do que 2,2 em seus métodos produtivos. Uma
vez que ainda não há estudos técnicos conclusivos sobre as operações da siderúrgica, o fator
assumido pelo perito parece ser o mais adequado para o caso em tela.
c) Área de reflorestamento
Para estimar a área de florestas equivalente ao passivo ambiental da Sinobras, o
perito converteu diretamente o volume de carvão ilegal, assumindo um rendimento de 210
mdc por hectare (ha). Esse valor foi extraído do ensaio de Homma et al. (2006)6, segundo o
qual a quantidade de carvão produzida a partir de florestas densas da Amazônia varia entre
210 e 280 mdc/ha7, para áreas que sofreram queimadas leves, e entre 105 e 140 mdc/ha, para
áreas bem queimadas, com taxas de conversão entre 43 e 50%. Assim, a área de reposição
florestal estimada na perícia foi de 10.339,11 ha (Fl. 897).
O assistente técnico da Sinobras, por outro lado, defende o uso de uma
metodologia de cálculo diferente. De acordo com ele, deve-se primeiro converter o volume de
carvão em volume de madeira, com base no índice de 1,33 m 3/mdc ou 2 st/mdc (equivalente a
um rendimento volumétrico de 75%), e o volume resultante deve ser dividido pelo valor de
400 m3/ha, que seria representativo do estoque médio encontrado nas florestas da região,
6 HOMMA, A. K. O. et al. Guseiras na Amazônia: perigo para a floresta. Ciência Hoje, v. 39, n. 233, p. 55-59,
2006. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/376354/guseiras-na-
amazonia-perigo-para-a-floresta>. Acesso em: 27 fev. 2019.
7 O texto original utiliza a expressão “m3 de carvão”, no lugar de mdc.
5
chegando-se a uma área de 5.555,95 ha (Fls. 927-930).
O Ibama, por seu turno, discordou tanto dos cálculos do perito quanto do
assistente técnico. Para a autarquia, primeiro é necessário converter o volume de carvão ilegal
em volume de resíduos de serraria, utilizando o índice de 2 m³/mdc (ou seja, assumindo um
rendimento de 50%), extraído da IN 23/2009 da Semas; em seguida, deve-se dividir o volume
encontrado pelo valor de 100 m3/ha, que corresponde à exigência de reposição para
supressões ilegais nas florestas amazônicas, constante da IN MMA nº 6, de 15 de dezembro
de 20068. Dessarte, a área total a reflorestar seria de 45.198,99 ha (Fls. 994-995).
Quadro 2
Diferenças entre os cálculos da área de reflorestamento
Assistente da Sinobras Perito do Juízo Ibama
Volume total de carvão ilegal 1.670.963,52 mdc 2.171.214,21 mdc 2.257.949,495 mdc
Índice de conversão volumétrico 75% (1,33 m³/mdc) 50% (2 m³/mdc) 50% (2 m3/mdc)
Volume de madeira por hectare 400 m³ 420 m³ 100 m³
Volume de carvão por hectare 300 mdc 210 mdc 50 mdc
Área de reflorestamento 5.555,95 ha 10.339,11 ha 45.158,99 ha
6
Para sustentar o volume de 400 m³/ha, o assistente da Sinobras alegou que (i) o
volume médio encontrado nos estudos com critério de inclusão de DAP ≥ 5 cm, consultados
por ele, é de 397,9 m³/ha (Fl. 929), e que (ii) os volumes verificados para as florestas nativas
da região variam entre 185 e 752 m³/ha (Fl. 983). No entanto, esses argumentos possuem
diversas fragilidades técnicas, conforme explicado abaixo:
• De acordo com Monteiro (2004)10 e Homma et al. (2006), nem todo o estoque de
madeira existente em uma floresta é transformado em carvão vegetal, pois troncos
muito grossos implicam em dificuldades maiores de corte, transporte e acomodação
nos fornos, e o desdobramento em pedaços menores consumiria uma quantidade de
energia que tornaria o processo antieconômico. Desse modo, os carvoeiros aproveitam
apenas a lenha com diâmetros entre 5 e 50 cm, além de parte dos resíduos gerados
pelas serrarias. Porém, o assistente da Sinobras não atentou para esse fato, e
considerou os volumes totais de madeira descritos pelos levantamentos consultados
como sendo úteis à carbonização.
• A maioria dos levantamentos quantitativos e/ou volumétricos disponíveis para as
florestas naturais da Amazônia não utiliza DAP ≥ 5 cm como critério de inclusão – ver
Oliveira (2000)11, Salomão et al. (2007)12 e Oliveira et al. (2014)13. As próprias
pesquisas realizadas pelo assistente da Sinobras demonstram isso, pois, dos nove
inventários de volume citados por ele, apenas um utilizou DAP ≥ 5 cm (Fl. 928).
Consequentemente, foram muito poucos os dados incluídos no cálculo da média de
397,9 m³/ha (e a maior parte deles foi estimada pelo assistente a partir de inventários
de indivíduos com DAP ≥ 15 cm).
• Ao realizar uma pesquisa mais ampla sobre os volumes totais mensurados em florestas
ombrófilas bem conservadas14 do Pará (Quadro 3), esta signatária encontrou valores
entre 185,42 e 426,6 m³/ha, com uma média de, aproximadamente, 285 m³/ha para o
critério de inclusão mais comum, de DAP ≥ 10 cm. Assumindo-se que a classe de DAP
entre 5 e 10 cm contém cerca de 11% do volume total da floresta 15, chega-se a um
10 MONTEIRO, M. A. A produção de carvão vegetal na Amazônia: realidades e alternativas. Papers do NAEA,
173, p. 1-25, 2004. Disponível em:
<www.naea.ufpa.br/naea/novosite/index.php?action=Publicacao.arquivo&id=466>. Acesso em: 7 mar. 2019.
11 OLIVEIRA, A. A. Inventários quantitativos de árvores em matas de terra firme: histórico com enfoque na
Amazônia brasileira. Acta Amazonica, v. 30, n. 4, p. 543-567, 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/aa/v30n4/1809-4392-aa-30-4-0543.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2019.
12 SALOMÃO, R. P et al. As florestas de Belo Monte na grande curva do Rio Xingu, Amazônia Oriental.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais, v. 2, n. 3, p. 57-153, 2007. Disponível em:
<http://scielo.iec.gov.br/pdf/bmpegcn/v2n3/v2n3a06.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2019.
13 OLIVEIRA, M. M. et al. Tamanho e formas de parcelas para inventários florestais de espécies arbóreas na
Amazônia Central. Ciência Florestal, v. 24, n. 3, p. 645-653, 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cflo/v24n3/0103-9954-cflo-24-03-00645.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2019.
14 Em estado primário ou sem vestígios de exploração de madeira.
15 O assistente da Sinobras assumiu, com base em um dos estudos consultados, que 22,1% do volume para DAP
≥ 5 cm está contido nas classes de DAP entre 5 e 15 cm.
7
volume total médio em torno de 320 m³/ha.
• Quase todos os volumes acima de 500 m³/ha citados pelo assistente tratam-se de
extrapolações realizadas a partir de inventários de biomassa (Fls. 928-929), nas quais
ele converteu integralmente os estoques de biomassa em volumes de madeira,
desconsiderando o fato de que parte desses estoques é composta por elementos não
lenhosos e/ou não carbonizáveis, como folhas, galhos finos, serapilheira, madeira
morta, biomassa abaixo do solo e troncos com DAP superior a 50 cm.
• O único valor acima de 500 m³/ha (671 m³/ha) não derivado de extrapolações se refere
ao volume total de madeira colhido de um modelo de produção florestal ao longo de
um período de trinta anos (Fl. 929), e não ao volume de madeira referente a um único
ciclo de corte, que é o aplicável aos cálculos de reflorestamento para fins de reparação
de danos ambientais.
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Quadro 3
Volumes de madeira mensurados em florestas ombrófilas do Pará
Local Fisionomia* Critério Volume (m³/ha) Referência
Todo o Estado Ab, Al, Ds DAP ≥ 35 cm 122,49 (Ab); 172,85 IBGE (2007) - <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95898.pdf>
(Al); 177,56 (Ds)
Glebas Estaduais Mamuru- Ab, Al, Ds DAP ≥ 10 cm 295,26 Colares et al. (2010) - <https://ideflorbio.pa.gov.br/wp-content/uploads/2015/10/INVENT%C3%81RIO-FLORESTAL-DISGN
Arapiuns DAP ≥ 50 cm 124,81 %C3%93STICO-DO-CONJUNTO-DE-GLEBAS-MAMURU-ARAPIUNS.pdf>
Marabá Ab, Ds DAP ≥ 45 cm 115,44 Lobato et al. (1996) - <http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/doc/8795>
Marabá Ds DAP ≥ 10 cm 257,2 Salomão et al. (2007) - <http://scielo.iec.gov.br/pdf/bmpegcn/v2n3/v2n3a06.pdf>
Fazenda Rio Capim, Ds DAP ≥ 10 cm 355 Ferreira (2005) - <https://pt.scribd.com/document/105639427/Analise-da-sustentabilidade-do-manejo-florestal-com-base-na-
Paragominas DAP ≥ 20 cm 299 avaliacao-de-danos-causados-por-Exploracao-de-Impacto-Reduzido-EIR-em-floresta-de-terr>
Fazenda Tracajás, Ds DAP ≥ 5 cm 426,17 Souza et al. (2006) - <http://www.scielo.br/pdf/rarv/v30n1/28511.pdf>
Paragominas DAP ≥ 15 cm 331,9
Área de manejo da Jari Ds DAP ≥ 10 cm 418,6 Santos (2016) - <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/157884/1/CPAF-AP-2016-Recuperacao-da-biomassa-
Florestal, Almeirim acima-do-solo.pdf>
Flona do Tapajós Ds DAP ≥ 45 cm 220,41 Silva et al. (1985) - <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPF-2009-09/4844/1/jnsilva2.pdf>
Flona do Tapajós Ds DAP ≥ 35 cm 95,01 Cunha (2003) - <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/25332>
Flona do Tapajós Ds DAP ≥ 20 cm 255,6 Reis et al. (2010) - <https://pfb.cnpf.embrapa.br/pfb/index.php/pfb/article/view/144>
Flona do Tapajós Ds DAP ≥ 10 cm 327,14 Kroessin (2013) - <https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4350>
Flona de Saracá-Taquera Ds DAP ≥ 10 cm 300,86 van Eldik et al. (2008) - <http://www.florestal.gov.br/documentos/concessoes-florestais/concessoes-florestais-florestas-sob-
DAP ≥ 50 cm 116,4 concessao/flona-de-saraca-taquera/edital-1/1441-inventario-flona-saraca-taquera-volume-1>
Flona do Crepori Ab, Ds DAP ≥ 10 cm 185,42 ICMBio (2009) - <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/crepori_relatorio_inventario.pdf>
Flona do Amana Ds DAP ≥ 10 cm 198,02 ICMBio (2010) - <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-
DAP ≥ 50 cm 87,79 manejo/pm_amana_vol3_anexo_inventario.pdf>
Flona do Caxiuanã Ds DAP ≥ 10 cm 249,1 SFB (2015) - <http://www.florestal.gov.br/documentos/concessoes-florestais/concessoes-florestais-florestas-sob-
DAP ≥ 50 cm 132,3 concessao/flona-de-caxiuana/1216-anexo-14-resumo-executivo-do-inventario-florestal-amostral/file>
Flona de Itaituba I Ab, Ds DAP ≥ 10 cm 261,2 SFB (2017) - <http://www.florestal.gov.br/documentos/concessoes-florestais/proximas-concessoes-editais-abertos/propostas-de-
edital/itaituba/2616-anexo-14-resumo-executivo-do-inventario-florestal-amostral-2/file>
Floresta Estadual do Paru Ds DAP ≥ 10 cm 270,63 IFT (2010) - <https://ideflorbio.pa.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/Estudo-Prospectivo-do-Potencial-Florestal-da-Floresta-
Estadual-do-Paru3.pdf>
*Ab = Floresta Ombrófila Aberta; Al = Floresta Ombrófila Aluvial; Ds = Floresta Ombrófila Densa.
Para o volume médio defendido pela Sinobras, de 400 m³/ha, esta signatária
estima que apenas 275 m³/ha (cerca de 240 m³ de lenha e 35 m³ de resíduos de serraria)
possam ser transformados em carvão, considerando que: (i) nos levantamentos consultados
para DAP ≥ 10 cm, o volume das árvores com DAP ≥ 50 cm representa, em média, cerca de
45% do total, enquanto o volume comercial16 representa cerca de 33,33% (ou um terço); (ii)
segundo o Ibama17, cerca de 65% do volume de madeira utilizado nas serrarias da Amazônia é
transformado em resíduos; (iii) segundo Gerwing et al. (2001)18, cerca de 45% do volume de
resíduos de serraria pode ser convertido em carvão. Aplicando-se essas premissas a uma
medida de volume mais plausível para as florestas da região, de 320 m³/ha, chega-se a uma
parcela útil (apta à conversão em carvão) de, aproximadamente, 220 m³/ha (cerca de 190 m³
de lenha e 30 m³ de resíduos de serraria).
As estimativas acima se baseiam apenas no volume de fustes (troncos), que é o
único componente mensurado na maioria dos diagnósticos florestais. Sabe-se, no entanto, que
parte da galharia das árvores também pode ser convertida em carvão, e alguns trabalhos
desenvolvidos no âmbito da Amazônia – ver Cruz e Machado (1987) 19 – informam a
proporção média do volume de galhos em relação ao de fustes, que gira em torno de 30%.
Assim, concluiu-se que o volume lenhoso útil à carbonização disponível em
florestas bem conservadas da região, considerando troncos e galhos, assume valores médios
entre 220 m³ (apenas troncos) e 305 m³ (troncos e galhos), e é suficiente para se produzir entre
110 mdc e 230 mdc, dependendo do índice de conversão utilizado. Nesse contexto, os
cálculos realizados pelo perito do Juízo enquadram-se como a abordagem mais adequada,
pois é a única que assume uma produção de carvão (210 mdc/ha) compatível com a faixa de
valores estimada por esta signatária. Cabe destacar também que essa produção é muito
próxima à deduzida segundo a parcela útil do volume apontado pelo assistente da Sinobras
(205 mdc/ha).
d) Custos do reflorestamento
O perito do Juízo adotou, em seus cálculos, um custo de recomposição florestal
de R$ 8.000,00/ha, correspondente à implantação (R$ 5.500) e à manutenção (R$ 2.500,00)
de plantios de eucalipto (Fl. 897). Os representantes da Sinobras, por sua vez, alegaram que os
custos serão menores, em torno de R$ 4.000,00/ha, considerando que, em função do alto
potencial de regeneração natural da região amazônica como um todo, 50% da área poderá ser
10
recuperada por meio da técnica de restauração passiva (Fls. 930-931).
Segundo Monteiro (2004), o carvão de origem ilícita utilizado pelas
siderúrgicas da Amazônia era oriundo de florestas que, após serem submetidas à exploração
de madeira e lenha, foram convertidas para usos agropecuários. Quando praticados de forma
intensiva e/ou prolongada (como geralmente ocorre na região conhecida como “Arco do
Desmatamento”, onde se insere a Sinobras), esses usos reduzem significativamente o
potencial de regeneração natural da área, devido aos danos provocados ao solo (erosão,
compactação, perda de nutrientes), às rebrotas e ao banco de sementes de espécies nativas.
Logo, é inadequado presumir que metade da área correspondente ao passivo
ambiental da Sinobras possa ser recomposta por meio de regeneração natural. As técnicas de
restauração ativa, envolvendo o plantio de mudas ou de sementes, configuram-se, a priori,
como as mais apropriadas para a situação em análise. No entanto, cabe ressaltar que os custos
só poderão ser aferidos com maior exatidão por meio da elaboração de um Projeto de
Recuperação de Área Degradada (Prad), considerando todas as características dos locais
selecionados.
Também é incorreto presumir que a adoção da restauração passiva reduziria à
metade o custo assumido pelo perito, pois isso implicaria em aceitar, equivocadamente, que a
técnica não acarreta custos. O emprego da restauração passiva em grande escala repercutiria,
de qualquer forma, sobre os gastos com a elaboração do Prad e com o monitoramento das
áreas em processo de regeneração natural, durante um período mínimo de três anos.
Embora o custo adotado pelo perito seja baseado em reflorestamentos
homogêneos de espécies exóticas, é compatível com os custos indicados por trabalhos
técnico-científicos para a restauração ativa de florestas naturais na Amazônia – por exemplo,
o manual de Silva e Nunes (2017)20, que apontou custos entre R$ 6.032,00/ha e R$
11.243,00/ha, com uma média de R$ 8.242,00,00/ha entre as três técnicas consideradas
(plantio de mudas em área total, plantio de alto enriquecimento e alta diversidade, plantio de
baixo enriquecimento e baixa diversidade).
3. CONCLUSÃO
20 SILVA, D.; NUNES, S. Avaliação e modelagem econômica da restauração florestal no Estado do Pará.
Belém, PA: Imazon, 2017. 92 p. Disponível em: <https://imazon.org.br/publicacoes/avaliacao-e-modelagem-
economica-da-restauracao-florestal-no-estado-do-para/>. Acesso em: 14 mar. 2019.
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pelo Ibama, bem como os danos ambientais discutidos no âmbito da ACP nº 6151-
02.2010.4.01.3901.
Contudo, valores diferentes dos utilizados pelo perito ainda poderão ser
admitidos, em duas hipóteses: (i) caso a Sinobras apresente estudos completos do seu
processo produtivo, que comprovem o alcance de fatores de conversão de carvão para ferro-
gusa inferiores a 2,2 mdc/t; e (ii) caso a Sinobras apresente um Prad, aprovado pelo órgão
ambiental competente, que demonstre que os custos de recomposição do seu passivo
ambiental são inferiores a R$ 8.000,00/ha.
É o Parecer.
[Assinado digitalmente]
MARIANA PIACESI BATISTA CHAVES
Analista do MPU/Perícia/Engenharia Florestal
Assessoria Nacional de Perícia em Meio Ambiente
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