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Efeitos da fisioterapia cardiovascular em paciente submetido à valvoplastia aórtica: estudo de caso

EFEITOS DA FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR EM


PACIENTE SUBMETIDO À VALVOPLASTIA AÓRTICA:
ESTUDO DE CASO

Cardiovascular Physiotherapy Effects in the Aortic Valve


Replacement: Case’s Report
Michel Silva Reis1
Ruth Caldeira de Melo2
Robison José Quitério3
Lucien de Oliveira4
Luis Eduardo Barreto Martins5
Ester da Silva6
Aparecida Maria Catai7

Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade funcional e a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC)
de um valvopata submetido à Fisioterapia Cardiovascular (FTCV). Foi estudado um homem de 63 anos, com
implante aórtico, em uso de beta-bloqueador, a partir do 20º dia do pós-operatório, o qual foi avaliado em
repouso supino (15 min) e durante manobra para acentuar a arritmia sinusal respiratória (ASR) (4 min), com
captação da FC e dos intervalos R-R (iR-R), em ms, do eletrocardiograma, e durante três testes de exercício
físico dinâmico contínuo e submáximo, realizado em cicloergômetro. Sendo os 1.o e 2.o com carga inicial de
15W e incrementos de 5W e o 3.o com carga inicial de 20W e incrementos de 10W durante 3 min em cada
esforço. A potência, pressão arterial e freqüência cardíaca foram analisadas no pico do esforço. A VFC foi
analisada no domínio do tempo (índice RMSSD dos iR-R) e no domínio da freqüência, em valores relativos
(unidades normalizadas) das bandas de baixa (BF) e alta freqüência (AF) e a razão BF/AF. As avaliações foram
realizadas antes da FTCV (T1), após três meses (T3) e após seis meses (T6). Os resultados mostraram: a)
aumento do RMSSD e da AF e redução da BF e da razão em repouso e na ASR nas condições T3 e T6 em
relação a T1; b)aumento da potência em T6, sugerindo que a FTCV promoveu melhora do controle
autonômico da FC e da capacidade funcional do paciente estudado.
Palavras-chave: Fisioterapia cardiovascular; Treinamento físico aeróbio; Valvoplastia aórtica; Variabilidade
da freqüência cardíaca.
1
Fisioterapeuta, bolsista de apoio técnico a pesquisa científica – CNPq. Faculdade de Ciências da Saúde – Curso de Fisioterapia
- Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) – Piracicaba, SP.
2
Fisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos, SP.
3
Fisioterapeuta, doutorando em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos, SP.
4
Graduando em Física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos, SP.
5
Engenheiro Mecânico, doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP), docente do curso de pós-gradu-
ação em Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas, SP.
6
Fisioterapeuta, doutora em Ciências Biológicas (Fisiologia) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), docente dos
cursos de graduação e pós-graduação em Fisioterapia da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) – Piracicaba, SP.
7
Fisioterapeuta, doutora em Ciências Biológicas (Fisiologia) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), docente dos
cursos de graduação e pós-graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) – São Carlos, SP.
Correspondência para: Aparecida Maria Catai, Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico - Laboratório de Fisioterapia Cardiovascular,
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, 13565-905, São Carlos, SP, Brasil.
Email: mcatai@power.ufscar.br

Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.1, p. 25-34, jan./mar., 2006 25


Michel Silva Reis et al.

Abstract
The purpose of the present study was to evaluate the effects of aerobic physical training during cardiovascular
physiotherapy program (CPP) on functional capacity and on heart rate variability (HRV) in a man with aortic
valve replacement. One man, 63 years old, with 20 days after aortic valve replacement, using beta-blocker and
anticoagulant medications, was studied. Heart rate and R-R intervals were collected on a beat-to-beat basis from
electrocardiogram recording in real time in the supine rest (15 min) and during inspiratory sinus arrhythmia (4
min). Three submaximal dynamic exercise tests (SDET) were performed on a cycloergometer: in the first and
second SDET the initial power was 15W with increments of 5W; in the third SDET the initial power was 20W
with increments of 10W for 3 minutes each one. The power, heart rate and blood pressure was analyzed in peak
of effort. HRV was analyzed by time (RMSSD index of R-R intervals) and frequency domain methods. The power
spectral components were expressed as normalized units at low (LF) and high frequencies (HF) and the LF/
HF ratio. The assess were performed before of CPP (T1), three moth after CPP (T3) and six month after CPP
(T6). The results showed: a)in the rest condition, increase in RMSSD index and in HF and decrease in LF and
LF/HF ratio; b)in the peak condition, increase in power on T6. The data suggest that CPP caused increase on
autonomic control of HR and increase on functional capacity in the patient studied.
Keywords: Cardiovascular physiotherapy; Aerobic training; Aortic valve replacement; Heart rate variability.

Introdução o acúmulo de colágeno no miocárdio, responsável


pela sua desorganização estrutural e dilatação, re-
O coração, como os outros órgãos, so- sultando em insuficiência cardíaca e limitação da
fre modificações estruturais e funcionais com o en- capacidade funcional (14, 16).
velhecimento e que podem propiciar a instalação A decisão clínica de substituição da valva
de doenças (1, 2, 3). A estenose da valva aórtica aórtica é tomada quando surgem os sinais e sinto-
(EVA) é uma das patologias de maior incidência mas de dispnéia, síncope e angina (4, 17). Do ad-
entre os idosos, chegando a ocorrer em cerca de vento desses marcadores, a média de sobrevida é
2% dessa população (4). inferior a dois e três anos (6, 7, 12). A intervenção
O grau da severidade da EVA, consideran- tornou-se comum entre os idosos pelo aumento da
do a área do anel aórtico que não está obstruída, expectativa de vida, aprimoramento das técnicas
pode ser caracterizado em: leve (>1,5 cm˝), mode- cirúrgicas e dos cuidados pós-operatórios (2, 18).
rada (entre 0,76 e 1,5 cm˝) e grave (£ 0,75 cm˝) (5). Tem sido referido na literatura que os pa-
A literatura refere que a evolução dos graus leve e cientes que desenvolveram insuficiência cardíaca a
moderado para grave ocorre rapidamente, sobretu- partir da EVA ou foram submetidos à intervenção
do nos pacientes idosos em que coexistam doenças cirúrgica de substituição da valva aórtica, apresen-
coronarianas (6, 7). tam menor variabilidade da freqüência cardíaca
Em conseqüência da EVA, ocorrem (VFC). Nesse sentido, estudos que compararam a
hipertrofia do ventrículo esquerdo e aumento das VFC desses pacientes com as de indivíduos saudá-
pressões nas câmaras cardíacas e nos vasos pulmo- veis observaram sua diminuição por meio da redu-
nares, o que provoca uma redução do fluxo ção dos valores dos índices RMSSD (que corres-
sangüíneo coronariano e dificuldade nas trocas ga- ponde à raiz quadrada da somatória do quadrado
sosas (8-12). da diferença entre os intervalos R-R consecutivos
Na tentativa de evitar o colapso do siste- no registro do ECG, dividido pelo número de inter-
ma cardiovascular e preservar os órgãos vitais, in- valos R-R em um tempo determinado menos um),
formações aferentes, que partem dos receptores RMSM (desvio padrão dos intervalos R-R adjacen-
químicos e de pressão, localizados nas artérias, e tes) e pNN50 (percentagem de intervalos RR adja-
que vão ao centro cardiovascular, no bulbo, favore- centes com diferença de duração maior que 50 ms)
cem a liberação de substâncias neuro-hormonais das análises realizadas no domínio do tempo (19,
do sistema simpático. Dessa maneira, existe maior 20, 21, 22). Já pela análise realizada no domínio da
retenção de sal e água, vasoconstrição de artérias e freqüência, os trabalhos mostraram aumento dos
veias e aumento da freqüência cardíaca (FC), visan- valores da banda de baixa freqüência, que reflete a
do à manutenção do débito cardíaco (13, 14, 15). modulação simpática sobre o nodo sinusal (19, 22-
No entanto, a presença de tais substâncias favorece 24). Estas condições favorecem a incidência de

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Efeitos da fisioterapia cardiovascular em paciente submetido à valvoplastia aórtica: estudo de caso

morbimortalidades por doenças cardiovasculares. Aspectos Éticos


A fisioterapia cardiovascular (FTCV) atua
na recuperação das funções cardiovasculares per- O paciente foi esclarecido sobre os proto-
didas ou reduzidas com o curso da doença ou com colos a que seria submetido bem como dos benefí-
a cirurgia. A FTCV nas fases II e III da reabilitação cios da FTCV em relação à sua saúde. Após, leu e
cardiovascular compreende a atuação desde a alta assinou um termo de consentimento livre e esclare-
hospitalar, para pacientes que foram submetidos à cido, de acordo com as normas do Conselho Naci-
cirurgia do coração, utilizando-se da aplicação de onal de Saúde nº 196/96. Este trabalho foi aprova-
exercício físico dinâmico aeróbio e, portanto, inter- do pelo Cômite de Ética em Pesquisa da Universi-
ferindo de forma preventiva e curativa nas funções dade Federal de São Carlos (parecer nº 065/2002).
dos sistemas cardiovascular, respiratório, metabóli-
co, humoral e muscular destes pacientes. Avaliações
A literatura refere que o treinamento físico
regular é capaz de melhorar a capacidade funcional As avaliações ocorreram no Laboratório
de pacientes cardiopatas, sendo que especial aten- de Fisioterapia Cardiovascular da Unidade Especi-
ção tem sido dada a portadores de insuficiência al de Apoio em Fisioterapia Cardiovascular da
cardíaca. Isto se deve à melhora do consumo de Universidade Federal de São Carlos, em sala
oxigênio, da diferença arteriovenosa de O2 e do climatizada com temperatura entre 22 e 24ºC e
débito cardíaco. Além disso, tem sido observada umidade relativa do ar entre 53 a 60%. Foram rea-
uma redução da FC no repouso e aumento da VFC lizadas as seguintes etapas:
(25, 26, 27, 28). 1.º) anamnese com coleta dos dados pes-
Embora a maioria dos trabalhos referidos soais, história clínica atual e pregressa, antecedentes
acima (25, 27, 28) mostre os efeitos positivos do familiares para doenças cardiovasculares, hábitos de
treinamento físico em pacientes com insuficiência vida, exames complementares (triglicérides, colesterol
cardíaca, originada por valvopatia aórtica, no pre- total e frações (LDL colesterol e HDL colesterol), uri-
sente estudo o objetivo foi o de avaliar os efeitos da na tipo I, ácido úrico, creatinina, uréia, hemograma
aplicação de um programa de FTCV, com treina- completo e glicemia) e avaliação fisioterapêutica (ava-
mento físico aeróbio, sobre a capacidade funcional liação postural e provas musculares);
e o controle autonômico da FC de um paciente sub- 2.º) Coleta dos intervalos R-R, da freqüên-
metido à cirurgia para substituição de valva aórtica cia cardíaca e de sua variabilidade: Para a coleta
sem coexistência de insuficiência cardíaca. dos dados, o voluntário foi monitorizado na deri-
vação DI modificada do eletrocardiograma (ECG)
com: o eletrodo negativo no manúbrio esternal, o
Material e Métodos positivo no quinto espaço intercostal na linha axi-
lar anterior esquerda referente a V5 e o eletrodo
Voluntário neutro no quinto espaço intercostal direito. Os si-
nais do eletrocardiograma (ECG) foram captados
Um paciente, DC, do sexo masculino, com a partir de um monitor cardíaco de 1 canal (ECAFIX
63 anos de idade, balconista, ex-fumante, com di- TC500), e processados por meio de um conversor
agnóstico de estenose aórtica moderada e analógico digital Lab. PC+ (National Instruments,
hipertrofia moderada do ventrículo esquerdo, por- CO.), que constitui uma interface entre o monitor
tador de hipertensão arterial moderada controlada cardíaco e o microcomputador. A FC foi obtida e
e dislipidemia, foi submetido à cirurgia de substi- calculada a partir dos intervalos R-R (iR-R) do ECG
tuição da valva aórtica por um implante metálico. que foram registrados utilizando-se um programa
No 20º dia do pós-operatório, foi enca- de processamento de sinais (29). A coleta da VFC
minhando à Unidade de Fisioterapia Cardiovascular foi realizada em 2 condições: a) 15 minutos em
da Universidade Federal de São Carlos para trata- repouso na posição supina e; b) na posição supina,
mento fisioterapêutico. O paciente fazia uso de com coleta total de 6 minutos: sendo 1 min em
beta-bloqueador (atenolol 100 mg), maleato de repouso com respiração espontânea; 4 min reali-
enalapril (10 mg), Lasix (40 mg) e Marevan (30 zando uma manobra para acentuar a arritmia sinusal
mg). respiratória (ASR) e 1 min final, em repouso. Du-

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Michel Silva Reis et al.

rante a manobra para acentuar ASR, o voluntário foi das nas seguintes condições: repouso na posição
orientado a realizar uma série de inspirações profun- supina e sentada, em hiperventilação durante 30
das e expirações lentas, variando o volume pulmo- segundos na posição sentada. Os TEFDS foram re-
nar desde a capacidade pulmonar total (inspiração alizados na posição sentada, em cicloergômetro de
máxima) até o volume residual (expiração máxima), frenagem eletromagnética (ERGO 167 CYCLE), sen-
de tal forma que cada ciclo respiratório fosse execu- do o 1.o e o 2.o com carga inicial de 15W com incre-
tado em 10 segundos, sendo 5 s de inspiração e 5 s mentos de 5W e o 3.o com carga inicial de 20W e
de expiração, totalizando 5 a 6 ciclos respiratórios incrementos de 10W durante 3 min em cada nível
por minuto (Figura 1). O paciente também foi orien- de potência, em 60 rotações por minuto, até que o
tado a controlar sua freqüência respiratória pelo con- paciente atingisse a FC submáxima ou apresentasse
trole de tempo em um relógio de ponteiros fixados sinais e sintomas limitantes. O fato de o paciente
na parede, que lhe permitia visualizar os ponteiros; estar em uso de um medicamento beta-bloqueador
ao mesmo tempo, o fisioterapeuta, por meio da tela (atenolol 100 mg) e levando-se em conta que este
de captação do eletrocardiograma no monitor do promove um efeito cronotrópico negativo, inicial-
computador, dava “feedback” positivo se os ciclos mente foi realizada uma redução de 20% na FC
correspondiam ao previamente estabelecido. Ao tér- máxima estimada em relação à idade, pela fórmula
mino da manobra, o paciente foi instruído a respirar de Karvonen, conforme preconiza o Consenso Na-
espontaneamente, ficando em repouso, sem conver- cional de Reabilitação Cardiovascular (31) e, em
sar ou sem fazer qualquer movimento por um perío- seguida, calculada a FC submáxima corrigida. Du-
do de 1 minuto (30). rante o exercício, o voluntário foi monitorizado con-
3.º) Teste de exercício físico dinâmico tinuamente nas derivações DI, DII e V2 modifica-
submáximo (TEFDS): foram realizados com o obje- das. A FC, PA e ECG foram registrados nos 30 s
tivo de avaliar a resposta da FC, pressão arterial finais de cada nível de esforço e nos 1o, 3o, 6o e 9o
(PA), controlar o ECG e os sinais e sintomas duran- minuto de recuperação.
te o exercício físico com a finalidade de prescrever Dessa forma, o voluntário foi inicialmen-
a FTCV. Dessa maneira, foi realizado inicialmente te avaliado em condição controle (T1) e reavaliado
um ECG convencional de 12 derivações, na posi- no final do 3º mês de FTCV (T3) e do 6º mês de
ção supina e nas derivações DI, DII e V2 modifica- FTCV (T6).

Figura 1. Ilustração dos intervalos R-R captados batimento a batimento, em tempo


real, durante 1 minuto de repouso com respiração espontânea, 4 minutos realizando
a manobra para acentuar a arritmia sinusal respiratória e 1 minuto em recuperação.
1500

1250

1000
iRR (ms)

750

500
0 1 2 3 4 5 6

Tempo (min)

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Efeitos da fisioterapia cardiovascular em paciente submetido à valvoplastia aórtica: estudo de caso

Fisioterapia Cardiovascular Com a progressão da capacidade do pa-


ciente em realizar os exercícios de alongamento,
Uma sessão convencional de FTCV é foram acrescentados os exercícios ativos livres, com
realizada 3 vezes/semana e com uma duração apro- mobilização dos membros superiores em diferen-
ximada de 50 minutos cada uma. Esta é composta tes planos, na amplitude máxima alcançada pelo
por três fases: 1) Aquecimento: que tem por obje- paciente, sempre com a monitorização na deriva-
tivo preparar os sistemas musculoesquelético e ção DI modificada (descrita anteriormente) a par-
cardiorrespiratório para o treinamento, são reali- tir do monitor cardíaco de 1 canal (ECAFIX TC
zados exercícios de alongamentos, exercícios di- 500).
nâmicos aeróbios e de coordenação associados aos Em relação à fase de condicionamento,
exercícios respiratórios; 2) Condicionamento nos primeiros três meses iniciais foi realizado ape-
aeróbio: como trote, caminhada ou outras modali- nas no cicloergômetro de frenagem eletromagné-
dades em cicloergômetro ou em esteira ergométrica tica (ERGO 167 CYCLE) e com o paciente sendo
ou outro tipo de equipamento; 3) Desaquecimento: monitorizado na derivação DI modificada, com a
com objetivo de retornar as condições de repou- PA verificada no final de cada potência aplicada.
so, são realizados exercícios dinâmicos dos Nesta fase, baseado nas respostas das variáveis
grupamentos musculares não trabalhados durante analisadas no TEFDS em T1, o treinamento físico
o aquecimento, exercícios respiratórios associados aeróbio foi realizado nas potências de 15 W e 20
aos alongamentos específicos e relaxamento (31). W sendo 3 minutos em cada uma, intercalando 1
Considerando-se que o paciente foi enca- minuto de repouso. Foi introduzida a caminhada
minhando à Unidade de Fisioterapia Cardiovascular em esteira ergométrica (PROACTIVE - BHFITNESS)
no 20º dia do pós-operatório, apresentando limita- durante 3 minutos, com velocidade de 3 km/h,
ção importante da capacidade funcional (dispnéia sem inclinação.
a médios e pequenos esforços; cansaço em mem- À medida que a tolerância ao exercício
bros inferiores) o programa de FTCV foi realizado físico aumentou e com as respostas da FC e PA
de maneira lenta e progressiva, evoluindo de acor- normais, foram incrementados novos níveis de
do com as respostas observadas do paciente. No esforços, sendo que no final do 3º mês (T3) eram
início, durante e após as sessões a PA, FC, ECG, os realizadas as potências de 15 W, 20 W e 25 W. No
sinais e sintomas foram controlados. Caso o pacien- final do 6 º mês: 25 W, 30 W, 40 W, 50 W e 60 W
te apresentasse alguma resposta inadequada ao es- sem intervalos de repouso.
forço – hipertensão sistólica e/ou diastólica reativa, A fase de desaquecimento iniciava-se com
resposta deprimida da PA ou da FC; alterações do recuperação ativa no próprio cicloergômetro, onde
segmento ST do ECG; arritmias freqüentes (no ≈ 10- após o último nível de esforço, o paciente pedala-
12/minutos); angina; náusea; palidez ou sudorese va em uma carga inferior (15 W). Em seguida, eram
intensa – a sessão era interrompida para reavaliação realizados exercícios de alongamentos, de relaxa-
e modificação do protocolo de tratamento. mento e respiratórios associados.
Nas primeiras sessões, na fase de aque- Dessa maneira, é importante salientar que
cimento, foram enfatizados alongamentos dos o programa de FTCV deva ser aplicado de manei-
grupamentos musculares dos membros superiores ra progressiva e de acordo com as respostas da
e coluna cervical. O paciente apresentava retrações FC, PA, ECG, sinais e sintomas e ainda em confor-
significativas dos músculos peitorais, esternocleido- midade com a capacidade funcional do paciente.
matóideos e escalenos – possivelmente por adqui-
rir uma postura de proteção pela incisão cirúrgica
(esternotomia mediana). Foram ainda trabalhados Análise dos dados
os músculos dos membros inferiores, em especial
os que seriam requisitados na fase subseqüente. Análise da VFC
Os exercícios de alongamentos foram associados
com exercícios respiratórios (exercícios A VFC foi analisada no domínio do tem-
diafragmáticos, respiração fracionada de expansão po (DT) e da freqüência (DF). A análise no DT foi
do tórax, respiração freno labial), evitando a reali- realizada a partir do índice RMSSD dos iRR em ms,
zação conjunta de manobra de Valsalva. 15 minutos nas condições de repouso supina e

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durante manobra para acentuar ASR. O RMSSD lores de potência (W), comportamento da PA
corresponde à raiz quadrada da somatória do qua- (mmHg) e da FC (bpm), atingidos no pico dos
drado da diferença entre os iR-R consecutivos no TEFDS.
registro do ECG, dividido pelo número de iR-R em
um tempo determinado menos um (32). Os dados
foram analisados a partir de rotinas específicas Resultados
desenvolvidas para este fim.
Já para análise no DF, inicialmente foi Durante o TEFDS (Tabela 1), observa-se,
realizada uma inspeção visual da distribuição dos em relação ao valor pico de potência, que na con-
iR-R (ms) do voluntário no período de 15 minutos dição T3, o voluntário atingiu apenas 5 W a mais
no repouso na posição supina e durante 4 minu- (+25 %) que em T1. Porém, em T6, a potência
tos na ASR. A partir da inspeção visual seleciona- atingida foi 200% maior que em T1 e 140% maior
va-se os trechos com maior estabilidade do traça- que em T6. A PA sistólica manteve o mesmo valor
do dos iR-R do ECG e realizava análise espectral. nas três avaliações, enquanto a PA diastólica redu-
A análise constitui da aplicação de um ziu em T3 (-16,7%) e apresentou-se menor ainda
modelo auto-regressivo (AR) aos dados da série em T6
temporal. A ordem do modelo AR foi definida pelo (-27,8%). Já os valores da FC também fo-
critério de Yule-Walker, implementado por meio ram menores em T3 e T6 (-16%) comparativamen-
de rotina específica desenvolvida para este fim no te a T1.
aplicativo “S-plus for Windows 4.5. Professional Na análise dos dados da VFC (tabela 2),
Release 2, MathSoft, Inc (1998)”. no DT, na posição supina, verifica-se um aumento
Nesta rotina foram identificadas 3 bandas do índice RMSSD dos iR-R em T6, comparado a T1
de densidade espectral de potência, a saber: mui- e T3 (+238,8% e +244,7%, respectivamente). Já na
to baixa freqüência (MBF), baixa freqüência (BF) análise realizada no DF, os valores da banda BF e
e a de alta freqüência (AF). da razão BF/AF aumentaram em T3 (+114,3% e
Em nosso estudo, utilizamos as duas fai- +133,3%, respectivamente) e em T6 (+106,1% e
xas de freqüência que melhor representam a atua- +122,2%, respectivamente) comparativamente a T1;
ção dos componentes simpático e vagal no con- enquanto os valores da banda de alta freqüência se
trole da FC, ou seja, faixa BF, correspondendo de comportaram de maneira inversa, diminuiu em T3
0,04 a 0,15 Hz e a faixa de AF, que corresponde de (-13,7%) e em T6 (-5,88%).
0,15 a 0,4 Hz, respectivamente. A tabela 3 mostra os dados da VFC
Estes componentes foram expressos em durante a manobra para acentuar ASR. Verifi-
unidades absolutas, medidas em densidade ca-se um aumento do índice RMSSD dos iR-R
espectral de potência em ms˝/Hz. Os componen- (ms) de T1 para T3 (+116,7 %), de T1 para T6
tes BF e AF também foram expressos em unidades (+164,8 %) e de T3 para T6 (+112,9 %). Já os
normalizadas (un), ou seja, BFun e AFun, ainda, valores da banda AF aumentaram 134,6%; en-
tais componentes foram expressos como a razão quanto os da banda BF e da razão BF/AF di-
entre as áreas absolutas de baixa e alta freqüência, minuíram 12,1% e 36%, respectivamente, da
ou seja, razão BF/AF. condição T3 para T6. Em relação à utilização
do beta-bloqueador, como observado nas ta-
belas 1, 2 e 3, o voluntário inicialmente fazia
Análise da capacidade funcional uso de uma dose diária de 100 mg de atenolol,
a partir de T3, por recomendação médica, a
A capacidade funcional foi avaliada pela dose foi reduzida para 50 mg.
tolerância ao exercício físico observada pelos va-

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Efeitos da fisioterapia cardiovascular em paciente submetido à valvoplastia aórtica: estudo de caso

Tabela 1. Valores picos de potência, freqüência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica
(PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) atingidos no teste de exercício físico dinâmico
submáximo.

AVALIAÇÕES POTÊNCIA (W) FC (BPM) PAS (MMHG) PAD (MMHG)

T1 20 112 175 90 *

T3 25 94 175 75 **

T6 60 94 175 65 **

* 100 mg de atenolol.
** 50 mg de atenolol.

Tabela 2. Dados das análises da VFC na condição repouso supina, no domínio do


tempo pelo índice RMSSD em ms; e no domínio da freqüência pela decomposição do
espectro em bandas de baixa freqüência (BF), expressos em unidades normalizadas
(un) e a razão BF/AF.

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência

Avaliações RMSSD (ms) BF (un) AF (un) BF/AF

T1 16.5 0.49 0.51 0.9 *

T3 16.1 0.56 0.44 1.2 **

T6 39.4 0.52 0.48 1.1 **

* 100 mg de atenolol.
** 50 mg de atenolol.

Tabela 3. Dados das análises de VFC durante manobra para acentuar a arritmia
sinusal respiratória (ASR), no domínio do tempo pelo índice RMSSD dos intervalos R-R
em ms; e no domínio da freqüência pela decomposição do espectro em bandas de
baixa freqüência (BF), expressos em unidades normalizadas (un) e a razão BF/AF.

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência

Avaliações RMSSD (ms) BF (un) AF (un) BF/AF

T1 23.9 0.74 0.26 2.8 *

T3 34.9 0.74 0.26 2.8 **

T6 39.4 0.65 0.35 1.8 **

* 100 mg de atenolol.
** 50 mg de atenolol.

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Michel Silva Reis et al.

Discussão le autonômico da FC de indivíduos submetidos


ao treinamento aeróbio, com elevação da VFC
O exercício físico regular e de cará- em repouso (28, 35, 37). Essas modificações têm
ter aeróbio leva a adaptações nos sistemas sido atribuídas à redução da noradrenalina
cardiovascular, respiratório e muscular, que são circulante no organismo e ao aumento do con-
responsáveis pela melhora da capacidade fun- trole parassimpático no coração (41).
cional, da VFC e da qualidade de vida de paci- Por outro lado, a literatura tem referi-
entes cardiopatas (33, 34). do que a utilização do medicamento beta-
No presente trabalho, o paciente estu- bloqueador, com o objetivo de reduzir a sobre-
dado apresentou um aumento da tolerância ao carga cardíaca e inibir a função cronotrópica,
exercício físico aeróbio, ao final de 6 meses da promove um aumento da VFC (42, 43). Porém,
FTCV, por atingir, em um maior nível de esfor- no voluntário estudado, a diminuição da dose
ço, valores de PA sistólica semelhante, PA do medicamento ocorreu de T3 a T6, onde se
diastólica e FC menores as apresentadas no observou melhora importante da capacidade
TEFDS do início do tratamento. Isto está de acor- funcional e da VFC, com um aumento da con-
do com estudos com pacientes com insuficiên- tribuição vagal no controle autonômico da FC.
cia cardíaca, onde foram evidenciados melhora Isto sugere que a partir do T3, o condiciona-
de capacidade funcional e maior tolerância ao mento aeróbio adquirido com a FTCV possa ser
exercício físico após período de treinamento um dos principais responsáveis por essas adap-
aeróbio (27, 35, 36, 37). tações.
Assim, os resultados encontrados po- Já em relação aos efeitos do
dem estar relacionados com as adaptações pe- remodelamento espontâneo do coração após a
riféricas oriundas do treinamento físico, princi- correção da estenose, Sampaio et al. (16) ob-
palmente as relacionadas com a diferença servaram que a regressão da hipertrofia pro-
artério-venosa. Neste sentido, o aumento do move uma melhora da capacidade funcional e
volume de mitocôndrias e da atividade de da VFC por reduzir a ação dos fatores intrínse-
enzimas envolvidas na oxidação, como, por cos, como a atividade simpática, que outrora
exemplo, citocromo oxidase c propiciam a me- garantiam o débito cardíaco.
lhor utilização do oxigênio (38). Já sobre as Embora o nosso trabalho não permita
adaptações cardiovasculares nesses pacientes, compreender qual a magnitude da contribui-
os estudos apontam conclusões divergentes: ora ção do remodelamento na recuperação do vo-
com resultados de melhora significativa da fun- luntário estudado, inquestionáveis são os efei-
ção diastólica, com maior débito cardíaco; ora tos benéficos do treinamento físico aeróbio, sen-
demonstrando que as poucas modificações no do que os nossos dados apontam para essa di-
ventrículo esquerdo não contribuem para o au- reção.
mento da fração de ejeção e nem do volume A aplicação do exercício físico
sistólico (38, 39, 40). aeróbio na FTCV, se regular e bem orienta-
No entanto, devido à limitação do, tem sido preconizada, porém é neces-
metodológica do nosso trabalho, não podemos sária uma maior compreensão das respos-
afirmar qual mecanismo poderia ter contribuí- tas em pacientes com patologias específi-
do para a melhora na tolerância ao exercício, cas para, dessa forma, aprimorar as prescri-
embora ela tenha sido observada. ções de tratamento na prática clínica da fi-
Em relação à VFC, no voluntário estu- sioterapia cardiovascular.
dado, verificou-se que ela se modificou na con-
dição da T3 e T6 em relação ao início da FTCV,
observado pelo maior índice RMSSD nas duas Considerações Finais
condições estudadas. E ainda observou-se, por
meio de maiores valores da banda de AF em Nossos dados sugerem que o Progra-
T6, que houve um aumento da contribuição ma de Fisioterapia Cardiovascular promoveu me-
vagal na modulação da FC. Muitos trabalhos têm lhora do controle autonômico da FC e da capaci-
mostrado resultados da modificação do contro- dade funcional do paciente estudado.

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Efeitos da fisioterapia cardiovascular em paciente submetido à valvoplastia aórtica: estudo de caso

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