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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM

TRANSTORNO DE HUMOR – ESTUDO DE CASO

AGUIAR, Isabella Rocha


AGUIAR, Patrícia Rocha
FALCÃO JÚNIOR, José Stênio Pinto
VELOSO, Tatiana Maria Coelho
ARAÚJO, Michell Ângelo Marques

Atualmente, tem-se observado uma intensa preocupação com o número crescente de pessoas que
vêm sofrendo transtornos de humor, que incluem os transtornos depressivos e bipolares, os quais
podem interferir seriamente no dia-a-dia e na qualidade de vida dos indivíduos afetados
(TAYLOR, 1992). O estudo tem por objetivo demonstrar a relevância da Sistematização da
Assistência de Enfermagem no tratamento de pacientes com transtorno de humor. É uma pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa, realizada com um paciente com depressão no período de
setembro à dezembro de 2003, na qual os dados foram coletados de acordo com as fases da
sistematização: Histórico (Anamnese e Exame Mental), Diagnósticos, Planejamento, Intervenções
e Evolução. Identificaram-se variados Diagnósticos de Enfermagem, com uma predominância
daqueles incluídos no Padrão Sentir; sendo, em seguida, executadas diversas intervenções de
enfermagem, de modo que contemplassem aquelas necessidades encontradas, constatando-se
primeiramente um alívio nos sintomas e posteriormente, uma melhora geral no quadro do paciente.
Conclui-se, portanto, a relevância de ser utilizada de forma mais abrangente a Sistematização da
Assistência de Enfermagem, a fim de contribuir para o restabelecimento de pacientes que vêm
sofrendo transtornos de humor.
Palavras-chave: depressão, sistematização, enfermagem

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ABSTRACT

SYSTEMATIZATION OF THE ASSISTANCE OF NURSING TO THE PATIENT WITH


MOOD UPHEAVAL – CASE STUDY
Currently, has observed an intense concern with number increasing of people that comes suffering
upheavals mood, that include depressive and bipolar upheavals, which can interfere seriously on
day-by-day and quality of life of the affected individuals (TAYLOR, 1992). The study has for
objective to demonstrate the relevance of the Systematization of the Assistance of Nursing in the
treatment of patients with mood upheaval. It is a descriptive research with qualitative boarding,
accomplished with a patient with depression in the period of September to the December of 2003,
in which the data had been collected in accordance with the phases of the systematization:
Description (Interview and Mental Examination), Diagnosis, Planning, Interventions and
Evolution. It had been identified varied Diagnosis of Nursing, with a predominance of those
included in the Standard To Feel; being, after that, executed diverse interventions of nursing, in
way that contemplated those found necessities, evidencing first a relief in the symptoms and later,
a general improvement in the state of the patient. It is concluded, therefore, the relevance of being
used of form more wide-ranging the Systematization of the Assistance of Nursing, to the effect to
contribute for the reestablishment of patients who come suffering upheavals mood.
Keywords: depression, systematization, nursing

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO

PACIENTE COM TRANSTORNO DE HUMOR – ESTUDO DE CASO

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, tem-se observado uma intensa preocupação com o número crescente de pessoas

que vêm sofrendo transtornos de humor, assim chamados por afetar o humor, o estado emocional

interno de uma pessoa; que incluem os transtornos depressivos e bipolares. Kaplan e Sadock1

definem transtornos de humor como um grupo de condições clínicas caracterizadas por uma

perturbação no humor, uma perda daquele senso de controle e uma experiência subjetiva de grande

sofrimento. Dessa forma, os indivíduos diagnosticados com transtornos de humor experimentam

um grau profundo de alegria ou tristeza aparentemente não relacionado com estímulos externos, de

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longa duração; podendo, assim, interferir seriamente no dia-a-dia e na qualidade de vida dessas

pessoas 2.

A depressão é um dos transtornos de humor mais sérios já descritos, caracteriza-se por um

predomínio anormal de tristeza, com perda do interesse por atividades anteriormente consideradas

prazerosas. O humor pode ser normal, exaltado ou deprimido; os indivíduos diagnosticados

clinicamente como tendo transtorno depressivo sofrem de um humor deprimido abrangente.

Todas as pessoas, de qualquer faixa etária, homens ou mulheres, podem ser afetadas, porém

sabe-se que as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. As razões podem incluir

variados estresses, partos, efeitos hormonais etc1. Em crianças e idosos a doença tem

características particulares.

As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença.

Deve-se a questões constitucionais da pessoa, como fatores genéticos, biológicos (desregulagem

neuroendócrina, anormalidades do sono, aminas biogênicas...), neuroquímicos (neurotransmissores

cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como: estresse, estilo de vida,

acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crises

de meia-idade, entre outros1.

Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo

menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais

importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua organizando a sua vida (trabalho,

cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se

relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento

eficaz.

Como já foi dito, os principais sintomas da depressão são: o humor deprimido e a perda do

interesse. Os indivíduos relatam sentir desânimo, desesperança, inutilidade, tristeza, contudo

negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por um

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sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou

mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas que as justifiquem1 .

Os outros sintomas relacionados são a alteração do sono e da alimentação, podendo haver

diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em

relação ao sono, pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou

acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a

dormir2. São comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis

por algum outro problema físico.

Os pensamentos mais freqüentes que ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se

sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do

passado. Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para

concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou

exagerando os efeitos de suas possíveis decisões erradas. É comum a pessoa pensar muito em

morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes, há um desejo

suicida, com tentativas de se matar, achando ser esta a única solução para o sofrimento. Esse

aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em

pessoas deprimidas que vivem solitariamente. A própria tendência a isolar-se é uma conseqüência

da depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em

melhorar naquelas pessoas que não iniciam um tratamento adequado3.

A depressão pode afetar seriamente qualidade de vida da pessoa. Para o indivíduo afetado,

torna-se difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza, cuidar das tarefas habituais pode tornar-

se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres ,podem

tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos

sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado:

dificuldades conjugais podem acentuar-se, inclusive com a diminuição do desejo sexual;

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desinteresse por amizades e por convívio social podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até

mesmo dificultando a busca de ajuda especializada.

O tratamento sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à intensidade

dos problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves ou pode haver depressões bem mais

graves, prejudicando de forma importante a vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões

leves ou mais graves necessitam de tratamento, seja ele medicamentoso (com medicações

antidepressivas), psicoterápico ou paliativo2.

Diante de tal problemática, sentimos a necessidade de nos aprofundar na temática,

procurando integrar a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao tratamento do paciente

com transtorno de humor. Dessa forma, decidimos realizar esse estudo de caso.

2.OBJETIVO

- Demonstrar a relevância da Sistematização da Assistência de Enfermagem no tratamento de

pacientes com transtorno de humor.

3. METODOLOGIA

- TIPO E NATUREZA DO ESTUDO

A pesquisa é do tipo descritiva com abordagem qualitativa.

- SUJEITO DO ESTUDO

Participou da pesquisa um senhor, identificado com transtorno de humor, o qual havia sido

observada a necessidade rápida de uma assistência.

- PROCEDIMENTO PARA A COLETA DE DADOS

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A pesquisa foi realizada no período de setembro à dezembro de 2003, por meio de encontros

semanais na própria residência do sujeito em estudo, na qual foram coletados os dados a partir da

primeira fase de sistematização de Enfermagem, composto pelo Histórico de Enfermagem, que se

subdivide em Anamnese e Exame Mental, sendo desenvolvidos em seguida, as fases subseqüentes:

Diagnósticos, Planejamento, Intervenções e Evolução.

Antes da entrevista ser iniciada, foram explicados os objetivos e a importância da pesquisa

ao entrevistado, bem como a relevância da sua participação cooperativa. O Histórico foi

complementado pela observação livre dos aspectos apresentados pelo participante durante a

entrevista.

- ANÁLISE DOS DADOS

Após a coleta dos dados, foram identificadas as necessidades do paciente, e,

conseqüentemente, os diagnósticos. Foi elaborado um plano assistencial, foram estabelecidas as

prioridades daquele paciente e, por fim, executadas as intervenções. Ao final da sistematização, foi

realizada uma avaliação do estado geral do paciente, na qual observa-se a evolução do quadro.

- ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

O estudo respeitou os princípios éticos, conforme a resolução 196/96, que delimita as

diretrizes das pesquisas que envolvem seres humanos. O participante do estudo foi informado

previamente sobre os objetivos da pesquisa, sendo declarada facultativa a sua participação.

4. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

A entrevista foi realizada com J. C. R. no dia 18 de setembro de 2003. Nascido no dia 14 de

outubro de 1911, 92 anos, sexo masculino, pele cor morena, reside na Aldeota num apartamento

com 6 cômodos; mora com uma filha e duas netas, respectivamente: M.C. 54 anos, P., 23 anos, I.,

20 anos, além da empregada. É viúvo e servidor público aposentado.


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Nasceu de parto normal, em casa, numa cidade chamada Santana, no interior de Sobral-

Ceará. Sua mãe nunca fez acompanhamento pré-natal. É o terceiro de 3 filhos. Na infância, refere

ter brincado como uma criança normal, apesar de ter passado por muitas necessidades, dentre elas

a fome.

Com apenas 7 anos de idade, mudou-se para Fortaleza para estudar e ter melhores

oportunidades, porém só estudou até a 5ª série. Durante esse período, foi criado por um tio, uma

pessoa que ele afirma ter marcado sua vida, por toda a dedicação que ele o proporcionou. O pai

faleceu cedo, e a mãe depois de muitos anos, mudou-se para Fortaleza também.

Começou a trabalhar com 16 anos numa empresa como office-boy, foi-se destacando cada

vez mais até atingir o cargo de diretoria dessa mesma empresa. Casou-se com 31 anos e teve 7

filhos, cinco homens e duas mulheres. Eles não estão muito presentes na vida do Sr. J. e ele se

sente muito isolado por isso. Afirma ter tantos netos e bisnetos que até já perdeu a conta, porém

mal o visitam.

Com o passar dos anos, teve de ser submetido à cirurgia de catarata e cirurgia de próstata.

Perdeu todos os bens com jogo e mulheres.

No ano do 2002, sofreu uma grande perda, da sua esposa ( L., 85 anos), depois de 60 anos

de casados; uma morte muito sofrida na qual L. passou um ano em pré-coma, a família teve de

vender vários bens para pagar os custos do tratamento, houve uma verdadeira crise na família tanto

financeira como nas relações afetivas, e tudo isso contribuiu para que o senhor J. se sinta muito

triste, abalado, inconformado. Relatou sentir muita solidão e isolamento, já que sua filha passa o

dia trabalhando e suas netas passam o dia na faculdade. J. fica o dia inteiro em casa sozinho com a

empregada, fez um verdadeiro santuário com os santos de que sua esposa era devota no antigo

quarto do casal (e que, atualmente, dorme o senhor J. e sua filha M. C.), relata que várias vezes ao

dia fica rezando em frente ao santuário junto às fotos da sua ex-esposa, recusa-se a sair de casa, e

reclama da ansiedade e da angústia que o acometem. Em vários momentos da entrevista, afirmou

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não sentir mais vontade de viver, comentava que a vida havia perdido o sentido e que ele, naquela

idade, não poderia ter mais nenhuma expectativa. Chorou várias vezes ao citar a morte da ex-

esposa.

Percebe-se claramente que o senhor J.se sente muito culpado pelo fato de “ter usufruído

muito bem da sua juventude” e ter causado muito sofrimento à sua ex-mulher. Ele é ex-fumante,

ex-viciado em jogo e considera-se também um “ex-boêmio”, e isso contribui para o aumento do

sentimento de dor e para a não-superação da morte da sua ex-esposa. Além disso, a morte dela fez

com que J. “abrisse os olhos” para a proximidade em que ele também se encontra do fim, como se

ele ainda não houvesse pensado no assunto até aquela morte do ente querido.

Faz uso de medicação ansiolítica e anti-depressiva para dormir (Alprazolam- Frontal)

desde a morte da esposa, e também toma remédio para pressão alta (Nifedipina- Adalat). Mesmo

com o uso do ansiolítico, apresenta ciclos de sono perturbado e disse acordar várias vezes durante

a noite.

5. EXAME MENTAL

1. Aparência geral

a) Aparência

Cabelos brancos pintados de cor preta, sem sujidade, pele higienizada, barba por fazer, peso

abaixo do normal. Estava vestido com calça, camisa e chinelos brancos.

b)Comportamento e atividade psicomotora

Estava comunicando-se de forma verbal e não-verbal, sem gestos ou tiques.

2. Fala

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Expressava-se articulando bem as palavras, com velocidade normal, falando mesmo sem ser

solicitado.Com frases longas e com seqüência lógica, num tom de voz um pouco acima dos

parâmetros de normalidade.

3. Humor e afeto

Mostrou-se deprimido, triste e desesperançado durante toda a entrevista. Emocionou-se várias

vezes ao relatar todo o processo de morrer da sua esposa e ao lembrar dos momentos passados

juntos.

4. Pensamento

a) Forma de pensamento

A forma de pensar do cliente era lógica, coerente e compreensível. Não havia afrouxamento de

associações, fuga de idéias ou bloqueio de pensamentos.

b) Conteúdo

Ao ser questionado sobre sua vida atual e seus planos, afirmava não ter mais planos, nem

expectativas e considerava a vida sem sentido.

5. Memória

O cliente apresentou os quatro tipos de memória: remota, para eventos passados recentes, para

eventos recentes e imediata.

6. Inteligência

Satisfatória.

7. Julgamento e Insight

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Total conscientização acerca dos seus problemas, mas não consegue superá-los sozinho. Não

aceita ajuda.

8. Atitudes frente ao examinador

Mostrou-se cooperativo, amigável, atento e interessado.

6. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

* Tristeza crônica relacionada à morte de uma pessoa amada.

* Sentimento de pesar disfuncional relacionado à perda real ou percebida de objeto( p. ex. pessoas)

* Síndrome pós-trauma relacionada à eventos fora do alcance da experiência humana habitual,

destruição súbita da própria casa ou comunidade, ameaça séria ou lesão da própria pessoa ou de

seres amados.

* Interação social prejudicada relacionada à ausência de pessoas significativas ou do mesmo

grupo etário disponíveis.

* Risco para solidão relacionado à privação afetiva e ao isolamento físico.

* Processos familiares interrompidos relacionados à troca dos papéis na família, à alteração do

estado de saúde de um membro da família e à modificação nas finanças da família.

* Angústia espiritual relacionada à separação de laços familiares e sofrimento intenso

* Medo relacionado á uma situação potencialmente estressante (hospitalização, morte...)

* Ansiedade relacionada à morte relacionada à preocupação ou medo da morte e/ou do processo

de morrer.

* Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais relacionada à incapacidade

para ingerir ou digerir comida causada por fatores psicológicos.

* Isolamento Social relacionado às alterações no estado mental e fatores que contribuem para a

ausência de relacionamentos pessoais satisfatórios.


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* Enfrentamento ineficaz relacionado à crises situacionais.

* Padrão de sono perturbado relacionado à depressão, solidão, tristeza, perda do parceiro de sono,

mudança de vida e mudanças no sono relacionadas ao envelhecimento.

* Falha do adulto em melhorar relacionado à depressão e apatia

7. PLANEJAMENTO

O Planejamento envolve o desenvolvimento de estratégias, criadas para reforçar reações

saudáveis do cliente ou para prevenir, minimizar ou corrigir reações não-saudáveis do cliente,

identificadas no diagnóstico de enfermagem4.

Os estágios do planejamento incluem os seguintes pontos: o estabelecimento de prioridades, a

elaboração de resultados, a preparação de intervenções de enfermagem e a documentação. Dessa

forma, foi estabelecido como prioridade o seguinte plano assistencial: aumentar a auto-estima do

participante do estudo, de modo que ele possa voltar à vida normal, valorizando e vendo um

sentido no viver, como também fazê-lo entender que a morte faz parte do ciclo natural da vida; e

aliviar os sintomas da depressão.

Em seguida, foram traçadas as intervenções de Enfermagem de acordo com as informações

obtidas durante a elaboração do histórico como também nas posteriores observações do

comportamento do paciente durante as visitas, com o intuito de minimizar ou mesmo corrigir as

necessidades encontradas no paciente, tentando assim, satisfazer, da melhor forma possível, as

suas necessidades básicas.

8. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

As intervenções de Enfermagem enumeradas e executadas foram as seguintes:

- Tratar o paciente de uma forma amigável, gentil, compreensiva e séria.

- Desenvolver o relacionamento terapêutico.


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- Ajudar o paciente a lidar com seus sentimentos.

- Ensinar as etapas normais do luto e auxiliar a pessoa a reconhecer em que etapa está

(reconhecimento da perda, apresentação da dor, adaptação à perda, reinvestimento e

estabelecimento de metas).

- Encorajar a pessoa a partilhar as percepções da situação(rever os relacionamentos com a pessoa

que morreu, salientar empaticamente as representações errôneas, discutir a propriedade da culpa,

raiva ou da tristeza)

- Auxiliar a identificar as atividades que tenham sido ignoradas ou abandonadas desde a perda.

Encorajar a escolha daquelas a serem retomadas.

- Proporcionar oportunidades para que o paciente se envolva em tarefas que ajudem a aliviar os

sentimentos de culpa.

- Auxiliar a família e as pessoas significativas a compreenderem o que está acontecendo com a

vítima.

- Proporcionar ou organizar o tratamento de acompanhamento, onde a pessoa/ família possa

continuar a superar o trauma.

- Encorajar a pessoa a expressar os sentimentos, especialmente sobre a maneira como se sente,

pensa ou vê a si mesma.

- Descobrir as áreas que a pessoa gostaria de mudar.

- Encorajar as opções para a solução de problemas.

- Esclarecer as percepções errôneas que a pessoa tem sobre si mesma

- Ensinar a pessoa sobre os recursos comunitários disponíveis (centros de saúde mental, grupos de

auto-ajuda...).

9. EVOLUÇÃO

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O paciente foi acompanhado durante 2 meses em média três vezes por semana, sua auto-

estima e vida social eram analisados freqüentemente, sendo observado inicialmente uma certa

relutância do paciente em cooperar com as intervenções prestadas. Porém, aos poucos, fomos

presenciando uma maior participação, o qual foi essencial para a adequada execução das

intervenções. A análise era feita por meio da observação do humor do paciente no decorrer dos

dias, a sua aceitação em se reintegrar à vida social e a admissão dos fatos tristes em sua vida,

admitindo que eles acontecem e fazem parte do ciclo biológico do ser humano.

10. CONCLUSÃO

Como pôde-se observar, foram encontrados mais de 10 diagnósticos de enfermagem, com uma

predominância daqueles incluídos no Padrão Sentir, comprovando a existência de inúmeras

necessidades não atendidas, ou seja, um estado indesejável no indivíduo. Sendo assim, foram

enumeradas e executadas diversas intervenções de enfermagem, na qual pôde-se constatar uma

melhora efetiva no quadro geral do paciente: aumento da sua auto-estima, alívio dos sintomas e

uma gradual reintegração à vida social. Conclui-se, assim, a relevância de ser utilizada de forma

mais abrangente a Sistematização da Assistência de Enfermagem, a fim de contribuir para o

restabelecimento de pacientes que vêm sofrendo transtornos de humor.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. Compêndio de psiquiatria: ciências comportamentais

- psiquiatria clínica. 6o ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1993.

2. TAYLOR, Cecelia Monat. Fundamentos de Enfermagem Psiquiátrica. 13º ed. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1992.

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3. ALMEIDA, O.P.; DRATEU, L.; LARANJEIRA, R. Manual de Psiquiatria. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.

4. IYER, Patrícia; TAPTICH, Bárbara; BERNOCCHI-LOSEY, Donna. Processo e

Diagnóstico em Enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

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