Você está na página 1de 26

Quais as condições de estigma sexual prevalentes na pesquisa científica: Revisão

integrativa de literatura

Marques, A.O.

Introdução

A revisão sistemática (RS) é descrita na literatura como um método de pesquisa desde 1980,
pertence à chamada prática baseada em evidências (PBE) e recebe impulso na década de 1990
com o amplo acesso à produção científica mundial, a produção maior de dados e a
necessidade igualmente maior dos pesquisadores de analisar rapidamente a quantidade
massiva de informação resultante de pesquisas, bem como de se manterem atualizados.
Originalmente criada por um epidemiologista britânico, Archie Cochrane, sua aplicação deve se
dar, primeiramente, à tomada de decisão clínica (Medina & Pailaquilén, 2010; Lopes & Fracolli,
2008; Mendes, Silveira & Galvão, 2008). Assim a RS não deve ser vista como um método
puramente teórico, pois oferece a possibilidade real de aplicação concreta de dados que se
perderiam no turbilhão de outras milhares de pesquisas publicadas diariamente, na ausência
de um trabalho metódico para visitar essas fontes, classifica-las e extrair delas os resultados
para assim sintetizar informação útil capaz de subsidiar práticas dos profissionais de saúde
(Galvão, Sawada & Trevizan, 2004; Cook, Mulrow & Haynes, 1997; Petticrew, 2001).

Tem três objetivos (Galvão, Sawada & Trevizan, 2004):

 Limitar o viés do pesquisador na revisão bibliográfica;


 Sintetizar os resultados de pesquisa relacionados ao problema proposto;
 Analisar criticamente tais resultados propondo uma resposta ao problema.

No presente trabalho não se tem uma decisão diretamente relacionada à saúde ou a algum
procedimento clínico. Por ser o objetivo inicial explorar os trabalhos que abordam o chamado
estigma sexual em mulheres, o uso da expressão “estigma sexual” como descritor de busca
pareceu justificada. Como resultado, porém, a extensa quantidade de trabalhos que aborda o
estigma sexual associado ao gênero feminino como condição, levou à necessidade de uma
delimitação de objeto que considerasse a mulher como vítima e o estigma sexual como
depreciação direcionada a mulheres.
De acordo com Goffman (1988), é preciso considerar que o estigma apresenta características
particulares quando visto na situação específica. Aplicando a teoria do autor, o estigma sexual
da mulher em sociedade não seria um só, mas o continuum das situações sociais propensas à
sua estigmatização, de modo que quando interrogada como objeto de estigmatização talvez
não evidenciasse as características derrogatórias que lhe são atribuídas, mas que,
considerando o contexto específico da interação simbólica na qual se encontra, pode vir a
eliciar.
Segundo autoras da chamada interseccionalidade (Crenshaw, 1989; McCall, 2005; Nogueira,
2017) o estigma e a mulher também devem ser estudados em um conjunto amplo,
atravessados que são, por outros estigmas (culturais, geográficos, políticos e identitários). Foi
necessário, logo, desenvolver como interrogação uma pergunta norteadora suficientemente
abrangente, mas que permanecesse alinhada ao objeto do estudo para conduzir a revisão
sistemática. A presente revisão visa responder quais são as situações de estigma mais
associadas à mulher (e ao feminino por extensão) na sociedade. A pergunta, em consonância
com o método da revisão integrativa delimita a intervenção avaliada, os participantes e os
resultados mensurados. (Galvão, Sawada & Trevizan, 2004; Souza, Silva, & Carvalho, 2010).
Considerando os três tipos de revisão existentes, escolheu-se pela revisão integrativa de
2

literatura, tendo em vista ser aquele que permite a inclusão de estudos quantitativos e
qualitativos, respondendo às demandas mais específicas da psicologia e ampliando a
compreensão sobre o problema específico deste trabalho. (Souza, Silva, & Carvalho, 2010). A
pergunta norteadora da presente revisão é: Quais as condições de estigma recorrentes nos
trabalhos sobre estigma sexual contra mulheres? Teve como objetivo sintetizar pesquisas de
campo sobre estigmas sexuais, direcionados para identidade de gênero e orientação sexual,
contra mulheres.

Método

Protocolo de pesquisa

Entre maio de 2016 e fevereiro de 2018, a revisão integrativa levantou, a partir da perspectiva
do interacionismo simbólico de Goffman (1988), as situações de estigma mais associadas à
mulher na sociedade e como aparecem nas pesquisas, gerando reflexões a partir da síntese
dos resultados encontrados.
Foram consultadas três bases eletrônicas de dados, a Literatura Latino-americana e do Caribe
em Ciências da Saúde – LILACS, a Scientific Electronic Library Online – SciELO e a Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE, abrangendo trabalhos do Brasil,
América Latina e Caribe e América do Norte.
Foram incluídos apenas artigos de revistas científicas revisadas por pares e com resumos
disponíveis. Não houve limite estabelecido quanto ao ano de publicação. O idioma dos
descritores foi inglês e português, as bases SciElo e LILACS trouxeram adicionalmente os
registros de artigos em espanhol. O objetivo desta revisão foi identificar quais as condições
mais citadas na formação do estigma sexual contra mulheres. A partir disso, buscou-se
responder à questão de como se define o estigma sexual na literatura sobre o assunto.

Chegou-se a três descritores:

 Estigma AND Mulher$(es);


 Estigma AND sexual.

Além dos critérios de busca encontrados a partir dos descritores, foram selecionados filtros
pré-existentes em cada base, ampliando o alcance dos resultados.

Quadro 1 - Filtros padronizados selecionados nas bases de busca


SciELO LILACS MEDLINE
Mulher, feminino, gênero, Preconceito, estigma social, Estigma social, comportamento
orientação sexual, lésbica, qualidade de vida, família, sexual, parceiros sexuais,
homossexualidade, prostituição, estresse psicológico, bissexualidade,
aborto, assédio, estupro, comportamento sexual, homossexualidade feminina,
violência doméstica, trabalho sexual, psicologia profissionais do sexo,
maternidade, amamentação, social, mulheres, apoio social, homossexualidade, pessoas
sexualidade, bissexualidade, sexo, ajustamento social, transgênero, preconceito,
sexo, beleza, corpo, peso, condições sociais, isolamento identidade de gênero,
divórcio, casamento, conjugal, social, problemas sociais, sexualidade, saúde da mulher,
parto. transexualismo, travestismo, heterossexualidade,
aleitamento materno, identificação social,
homossexualidade, casamento, transexualismo, mulheres,
aborto legal, sexualidade e estupro, aborto induzido,
heterossexualidade. homofobia, sexismo, emoções,
maus-tratos conjugais, direitos
da mulher, pessoa solteira,
3

controles formais da sociedade,


aleitamento materno, viuvez,
violência doméstica,
infertilidade, religião e sexo,
vestuário, parto obstétrico,
família, casamento, mães,
poder, violência por parceiro
íntimo, magreza, beleza,
divórcio, aborto espontâneo,
gestantes.

Esses filtros permitiram trazer artigos em função da temática abranger questões relacionadas
ao feminino, pois há muitas condições sociais estigmatizadas na mulher não somente em
relação à prática sexual, mas ao que se pode chamar de comportamento sexual, e isto remete
à maneira como a mulher vivencia socialmente sua identidade de gênero, seus modos de vida,
suas escolhas, do vestuário até a carreira, seus gostos e predileções, seu papel sexual, incluso
já sua participação como mãe, a maneira como se posiciona mediante a divisão natureza e
sociedade que lhe é cobrada, o complexo de informações disponível sobre suas identidades
social e pessoal, sinais diacríticos (padrão de beleza, corte de cabelo, uso de maquiagem),
condições orgânicas fora do seu controle (menstruação, puberdade), enfim o que a define e
define seu lugar de mulher numa dada ordem cultural e política. Não é possível falar em um só
estigma sexual relacionado à mulher, mas em diversas classes de situações nas quais ser
mulher equivale a portar uma identidade socialmente desvantajosa.
No primeiro levantamento foi possível identificar, dentre pesquisas teóricas e de campo, as
categorias mais recorrentes que representam condições de estigmatização sexual contra
mulheres.
Após uma segunda revisão, feita de acordo com os critérios de corte finais da pesquisa (objeto
e pergunta da RS), excluíram-se os dados referentes às pesquisas puramente teóricas, pois não
deixavam claro o percurso lógico de onde partiam para chegar até as conclusões e nem
seguiam com clareza uma metodologia. Esse aparente descuido metodológico com as
condições de produção do conhecimento fazem com que o campo complexo dos estudos
sobre gênero e sexualidade fiquem imprecisos impossibilitando assim o trabalho de uma
revisão sistemática, cujo objetivo é exatamente o de esclarecer o máximo possível o que as
pesquisas querem contribuir para um dado problema real e prático. Optou-se por selecionar as
pesquisas de campo de todos os enfoques, se permitissem informação válida para
enquadramento.

Buscas nas bases de dados

Na base de dados LILACS foram recuperadas 906 chamadas para o descritor estigma, sendo
então a busca refinada de acordo com os critérios apresentados, limitando a busca somente a
artigos com vinculação a estigmas sociais/sexuais e não decorrentes de condições médicas ou
psiquiátricas, e também filtrando de modo a incluir os assuntos catalogados automaticamente
pela plataforma. Foram refinados assim 89 resultados, mas destes apenas 11 com relação
direta com os termos de busca e com a condição de mulher na sociedade. Artigos indexados
na base SciELO correspondem a 514 chamadas, refinadas com aplicação dos filtros para 162,
sendo 14 de interesse para a pesquisa. O primeiro levantamento na base de dados MEDLINE
apurou 2921 chamadas para estigma sexual, estes refinados para 837 com aplicação dos filtros
automáticos, e 211 refinados para o objeto da tese. Todos os resumos foram lidos e tabelados
de modo a formar uma composição preliminar mais rigorosa. Foram reunidas no total 236
referências de estigma contra minorias sexuais. Respondendo à pergunta norteadora da
4

revisão, os registros foram classificados em categorias conforme a condição de estigma


encontrada (Quadro 2).

Quadro 2 - Condições de estigma sexual contra mulheres recorrentes na


literatura científica de três bases
Intersecção 49

Identidade de gênero 47

Prostituição 26

Aborto 21

Outros 21

Orientação sexual 18

Violência física e/ou sexual 17

Violência doméstica 12

Manejo da sexualidade e do corpo 7

Práticas sexuais não normativas 6

Padrões estéticos 6

Sexualidade na idade tardia 3

Vida reprodutiva 3

Total 236

As porcentagens e distribuições específicas de cada base encontram-se nos gráficos 1, 2 e 3.


5

Gráfico 1 - Condições de estigma sexual contra mulheres - LILACS

Intersecção
9%

Violência doméstica Aborto


9% 27%

Identidade de gênero
9%

Orientação sexual
9%

Prostituição Outros
9% 27%

Gráfico 2 - Condições de estigma sexual contra mulheres - SCIELO

Violência doméstica
7%
Orientação sexual
7%

Intersecção
36%
Identidade de gênero
14%

Outros
14%

Prostituição
21%
6

Gráfico 3 - Condições de estigma sexual contra mulheres - MEDLINE

Sexualidade na idade
Vidaestéticos
reprodutiva
Manejo Padrões
Práticas
dasexuais
tardia não
normativase 3% 1%
sexualidade do1% Identidade de gênero
corpo 3% 21%
Violência doméstica
5% 3%

Outros
8%

Orientação sexual
8%
Intersecção
20%
Violência física e/ou
sexual
8%
Aborto Prostituição
9% 10%

Desses resultados foram ainda selecionados aqueles artigos que atendiam aos critérios de
inclusão/exclusão:

 Somente pesquisas que utilizaram metodologia de campo com resultados baseados


nas evidências levantadas a partir de amostras, excluindo estudos puramente teóricos
ou sem desenho metodológico explícito, que apesar de importantes não respondiam à
pergunta proposta.
 Somente artigos que considerassem o estigma sexual contra mulheres com relação a
identidade de gênero e orientação sexual como condições, por entender que esses
casos eram os mais representativos, em quantidade e de acordo com as definições
observadas nos trabalhos.
 Somente amostragem de sujeitos mulheres, heterossexuais e homossexuais e/ou de
identidade lésbica, bissexual ou queer (LBQ). Excetuaram-se mulheres de identidade
travesti, transgênero e transexual (TTT) por possuírem em algum momento vivências
de masculinidade e por a identidade queer, nos estudos de gênero, permitir a inclusão
de sujeitos trans e/ou feminine/masculine-of-center. Estudos com população
masculina e/ou gay (por não representarem o objeto de estudo).
 Excetuaram-se condições clínicas diversas associadas (suicídio, depressão, ansiedade,
obesidade, TEPT, insônia) incluindo DSTs (AIDS, hepatite, sífilis, gonorreia).
 Trabalhos que falam principalmente sobre estas ou outras condições clínicas
(epilepsia, transtornos mentais, disfunções orgânico-cognitivas, hanseníase) e seus
efeitos, mesmo considerando o estigma sexual como objeto, mas não tomado como
principal1.
1
Foram cortados trabalhos que não têm os descritores como tema primário (ex. “prevalência de
consumo de álcool em sujeitos LGBQ”, “hábito de fumar em mulheres trabalhadoras do sexo”,
“comportamentos de risco em parceiros de profissionais do sexo” ou “cuidados de enfermagem para
pacientes declarados LBQ”). Condições clínicas associadas (ex. mulheres com HIV, vida sexual de
mulheres com psicose, conflitos de gênero em mulheres com epilepsia). Quando um trabalho
7

 Trabalhos sem relação direta com área de psicologia (biologia, medicina);


 Outras obras que não artigos em bases indexadas;
 Pesquisas que não seguem o método peer-reviewed.
 Estudos secundários por não possuírem quantidade representativa.

Não foram usados os seguintes critérios de corte: local de estudo e data.


Chegou-se ao número final de um na base LILACS, um na base SciELO e 13 na base MEDLINE,
resultando na tabela final (Tabela 1) dos dados submetidos ao instrumento modelo de
tratamento de dados para revisões integrativas, adaptado de Souza, Silva, & Carvalho (2010).
A classificação de níveis hierárquicos de evidência utilizada foi a do Oxford Centre for Evidence-
based Medicine (2009). Além dos estudos aqui considerados foram levantados estudos
encontrados nas referências dos artigos classificados para serem usados como fonte adicional
de informação, e os estudos teóricos, apesar de não incluídos no resultado de revisão foram
lidos para se formar uma compreensão ampliada do tema. Classificação quanto ao método
empregado: as pesquisas com mais de 12 meses foram consideradas longitudinais e pesquisas
de coorte e caso-controle não foram encontradas.
8
9

Tabela 1 – Resultados sistematizados dos estudos sobre condições de estigma sexual contra mulheres relacionados a orientação sexual e identidade de gênero
Clarez Termos
Definiç Agente de Vítima de
País/an a no usados Que Base
Caracterís ão de estigmatiza estigmatiza Esquemas
o de Amostra Metodo Tipo de tratam para pergunta de
Autores ticas da estigm ção ção conceituais
publica (n)/seleção logia estudo ento reportar visa index
amostra a identificad identificad utilizados
ção dos aos responder ação
sexual o a
dados sujeitos
Quais as
dificuldade
Mães de
s no
filhos Homosse
processo de
Hauer e homossex Goffman xuais,
Brasil/2 3/ Qualitat Transv Família, Homossexu descoberta LILA
Guimar uais sem Não Não Butler desviante
21 015 intencional iva ersal sociedade ais da CS
ães presença Badinter s da
homossexu
de figura norma
alidade de
paterna
filhos por
suas mães
Poteat, EUA, 250/aleatóri Autodeclar Mista Transv Sim Estigm Comunidad Mulheres Goffman, WSW Examinar MED
Logie, África a adas ersal a e, família, que fazem Butler as relações LINE
Adams, do Sul, mulheres, direcio Instituições sexo com entre
Mothop Canadá/ acima de nado religiosas, mulheres estigma
eng, 2015 18 anos, contra trabalho, sexual,
Lebona, de minori educacionai direitos
Letsie e orientaçõe as s, policiais humanos e
Baral50 s sexuais sexuais e jurídicas. DST/AIDS
homossex entre WSW

considerou estigma sexual associado a uma condição clinica como obesidade, foi desconsiderado por enfocar aspectos médicos como capacidade ventilatória ou outro tipo
de preconceito (contra pessoas obesas no caso), mas quando tal condição clínica foi enfocada pelo ponto de vista psicológico e sua relação com a sexualidade feminina
(forma do corpo, imagem corporal, percepção do próprio corpo, por ex.), então sua associação com o estigma sexual se alinhou aos objetivos da pesquisa. Trabalhos que
consideram o estigma sexual em segundo plano e não como objeto de pesquisa (ex. “atitudes que contribuem para o bem-estar sexual na idade tardia”). “Cuidados
(incluindo acesso a direitos e informação) de saúde” em pacientes LBQ e “serviço militar” merecem inclusão dada sua frequência no corpo das condições de gênero. Os que
abordam somente os efeitos do estigma sexual (i.e, relação entre sintomas depressivos e aspectos culturais no pós-estupro, em vez de discutir o estigma sexual relacionado
ao estupro). Estudos que abordam sexualidade das minorias diversas que incluem homens (LGBQT) ou estudos sobre sexualidade diversos com homens (ex. infertilidade em
casais).
10

uais,
heterossex
uais e
que vivem
bissexuais.
em Lesotho
36% eram
desempreg
adas.
Idade
Examinar a
média de
relação
24, de
entre
orientação
heterosse orientação
hetero,
xual, sexual
bissexual e
mais feminina,
lésbica,
heterosse abuso
canadense
Longitu Herek, xual, sexual
Persson, s, com
Canadá/ Quantit dinal Minorias Bostwick, bissexual infantil, MED
Pfaus e 388/estrato inglês Sim Não Não
2014 ativa (Follow sexuais McCabe, , mais comportam LINE
Ryder48 como
-Up) Beck lésbica, ento sexual
primeira
lésbica, de risco,
língua e
assexual depressão,
classe-
e ansiedade e
média,
incerto revelação
universitár
da
ias sem
sexualidade
religião na
.
maioria
Zimmer EUA/20 843/aleatóri Caucasian Quantit Longitu Sim Não Famílias Minorias Luthar SMW, MED
man, 15 a- as, entre ativa dinal sexuais de LGBTQ Entender o LINE
Darnell, recrutament 18-25 (Follow mulheres efeito na
Rhew, o por anos, -Up) resiliência à
Lee e formulário lésbicas, rejeição
Kaysen6 na maioria familiar
2
que
minorias
sexuais de
mulheres
11

(SMW)
apresentam
ao se
conectarem
a
comunidad
es de
iguais.

Examinar
Szymanski
Na maioria os fatores
et al.
adolescent associados
Mueller et Minorias
478/recruta es ou à revelação
al. sexuais
Chow e China/2 mento adultos Quantit Transv da MED
Sim Não Famílias Lésbicas Kaufman de
Cheng5 010 aleatório por jovens, ativa ersal identidade LINE
& Johnson. mulheres
formulário não sexual de
Tangney, , lésbicas
empregada lésbicas
Mak,
s para
Herek.
famílias
Comparar
os
Mor,
comportam
Eick, Mulheres
entos de
Kolasko acima de
Lésbicas, saúde e a
,; 16 anos
1860/aleatór Bissexua revelação
Zviely- com 2
ia is (LBs), da
Efrat, EUA/20 anos de Quantit Transv Lésbicas e Diversos, MED
recrutament Sim Não Não heterosex orientação
Makado 15 passagem ativa ersal bissexuais IOM LINE
o por ual sexual de
n, por Israel
formulário women mulheres
Harvey e com
(HW) LB, com
e experiênci
aqueles de
Davidov a sexual
mulheres
itch42
heterossexu
ais
Grigoro Canadá, 16/recrutam Mulheres Qualitat Transv Sim Não Amigos, Lésbicas e Meyer Lésbicas Explorar as MED
vich18 EUA/20 ento bola- LB a partir iva ersal colegas de bissexuais (I.H), e experiência LINE
12

de 55 anos
com
condições
crônicas s de
que lésbicas e
dificultam Mathieson, bissexuais
de-neve e trabalho,
atividades Grigorovic bissexuai idosas com
15 amostra cuidadores idosas
do dia-a- h, IOM, s (LBs) os serviços
intencional home-care
dia, todas Yin públicos de
recebem home-
cuidados caring
de
enfermage
m em casa
Lésbicas
Mattock
entre 41-
s, Outros
50 anos, Examinar
Sullivan veteranos,
casadas, as
, profissionai
20/aleatório, em experiência
Bertran s
cotas, relacionam Diversos, LGBT, s de
d, EUA/20 Transv cuidadores Veteranas MED
recrutament ento com Misto Sim Não Lehavot lésbicas, veteranas
Kinney, 15 ersal do VA lésbicas LINE
o por mesmo (K.), VHA LB lésbicas
Sherma, (Departame
indicação sexo, com
Gustaso nto de
caucasiana serviços de
ne Assuntos
s e latinas saúde
Carolyn Veteranos)
35 sem filhos
na maioria

Examinar
as barreiras
18 anos ou que
mais, Médicos e mulheres
idioma profissionai Usuárias lésbicas e
África 22/aleatório, inglês, s de saúde lésbicas e Bourdieu, Lésbicas, bissexuais MED
do amostragem auto- Qualitat Transv de serviços bissexuais Meyer (D.) bissexuai enfrentam LINE
Smith55 Sul/201 por identificad ivo ersal Sim Não públicos e de serviços s no acesso a
13

cuidados de
as lésbicas saúde
intencionali
5 ou privados de saúde públicos e
dade
bissexuais particulares

Examinar o
efeito do
Mulheres ocultament
lésbicas e o da
McIntyr heterossex Erikson, orientação
Mulheres
e, uais com Larson & sexual e do
166/por Mulheres de
Antonuc idade entre Chastain, estigma na
EUA/20 estrato e lésbicas minorias
ci, e 18 e 32, Quantit Transv Goffman, formação MED
14 aleatória brancas e triplas,
Haden37 brancas ou ativo ersal Sim Não Não Diamond, da LINE
não-brancas lésbicas
não Kinsey identidade
sexual
Lésbicas e
queers,
negras ou
afro-
canadense
16/amostrag s na Entender as
em maioria, Goffman, experiência
Mulheres
intencional e dois Han, s do
LBQ
Logie e por grupos Mulheres Hunter, privilégio
Canadá/ Quantit Transv negras, MED
Rwigem conveniênci focais, um Sim Não Não LBQ Hutchinson branco
2014 ativo ersal LGBTQ, LINE
a31 a, com negras (D.L.), entre
MoC,
recrutament aparência Berube, mulheres
FoC
o por mais Logie LBQ
formulário masculina negras
e outro
com
aparência
mais
feminina
Mulheres,
14

acima de
18 anos,
autonomea
das Investigar o
lésbicas, impacto da
gay, Diaz (R.), violência
425/aleatóri
Logie, minorias Rothman, sexual na
o,
Alaggia que fazem Lehavot vida sexual
Recrutament
e sexo com Mulheres (K.), Mulheres e na saúde
Canadá/ o por Quantit Transv MED
Rwigem mulheres, LGBTQ Meyer LGBTQ mental de
2014 formulário ativo ersal Sim Sim Não LINE
a33 bissexuais, (I.H.), mulheres
ou por pares
queers ou Logie LBQ
“outras”
Mulheres
brancas na
maioria
autoidentif
icadas Investigar
como Familiares, como as
Hutchinson
lésbicas, amigos, experiência
(M.K.),
acima de estranhos, s sociais
Bjorkman
EUA/20 934/aleatóri 19 anos, Quantit Transv líderes Mulheres Mulheres moldam a MED
Austin1 Sim Não (M.),
12 a que ativo ersal religiosos, lésbicas lésbicas saúde e o LINE
Cochran
procuram policiais, bem-estar
(S.D.),
serviços de profissionai de
diversos
saúde e s de saúde mulheres
residentes lésbicas
em um dos
13 estados
do sul dos
EUA
Hardest EUA/20 24/estrato Mães, Misto Transv Sim Não Mulheres Mulheres Liang et al. GLBT, Explorar
y, 11 afro- ersal lésbicas/bis lésbicas/bis Strauss & lésbicas, característic
Oswald, americana sexuais em sexuais em Corbin, bissexuai as
Khaw e s na relacionam relacionam Glaser & s individuais,
Fonseca maioria, ento ento Strauss, interpessoai
15

se
32 anos
sociocultur
em média,
ais de mães
que
lésbicas/bis
sofreram amoroso amoroso
sexuais que
violência com com
21 Herek et buscam e
doméstica parceiras parceiras
al., que não
por do mesmo do mesmo MED
buscam
companhei sexo sexo LINE
ajuda em
ra de
caso de
mesmo
violência
sexo
doméstica
Reconhecer
as
identidades
sociais de
Mulheres
Hall (S.), gênero
detentas, Sociedade, Mulheres
Oliveira Brasil/2 10/intencion Qualitat Transv Louro, ressignifica SCIE
46 mães, Não Não maridos encarcerada Mulheres
009 alidade ivo ersal Moita das por LO
casadas ou criminosos s
Lopes mulheres
separadas
encarcerada
s em um
presídio
feminino
16

Resultados

Observa-se a prevalência de estudos sobre estigma sexual contra mulheres direcionados para
identidade de gênero e estudos de interseccionalidade, corroborando o que apontam as
definições para estigma sexual encontradas na revisão e a tendência interseccional apontada
em outros trabalhos ao se considerarem os fatores sociais, raciais e políticos, principalmente,
para se discutir gênero (Sanchez et al., 2017; McParland & Camic, 2016; Glick & Golden, 2010;
Mudrey & Medina-Adams, 2006). Paralelamente, orientação sexual responde em quantidade
maior que os demais registros, sendo superado apenas, em termos específicos, pelas
categorias aborto e prostituição, que há muito tempo centralizam o discurso científico sobre a
dominação sexual (Vanwesenbeeck, 2001; Hessini, 2014). A categoria “outros” englobou
aqueles trabalhos sem representação quantitativa, apesar de apontarem o interesse dos
pesquisadores por outras condições de estigma contra mulheres, também importante no
sentido de revelar uma teia complexa atuante por baixo dos fenômenos mais sensíveis
(encontram-se aí trabalhos que abordam a gravidez na adolescência, a violência obstétrica, a
maternidade e o sexo fora do casamento, tráfico sexual, amamentação, o papel social da mãe,
a parentalidade homoafetiva, virgindade, infertilidade, a representação ocupacional da mulher
na sociedade, abuso sexual infantil, a escolha e a rejeição conjugal, divórcio e viuvez).
Na origem dos trabalhos, observa-se a dominância norte-americana, com recorrente
associação entre instituições estadunidenses e canadenses, embora a escolha das bases possa
alterar as proporções encontradas, havendo pouca ocorrência de trabalhos de campo
nacionais na temática (Gráfico 4). Dentre os enfoques (Quadro 3) dos estudos de campo nota-
se a maior ocorrência de estudos quantitativos no eixo Canadá-EUA, sem perder a clareza e a
objetividade no tratamento dos dados levantados (Quadro 5). Os dois estudos brasileiros,
ainda que envolvendo pesquisa de campo, não descrevem com precisão como chegaram aos
resultados a partir dos métodos empregados e não definem o conceito de estigma sexual. Essa
ausência de definição do termo central aos estudos se observa nas pesquisas do eixo

Gráfico 4 - Origem do estudo

África do Sul
11%

Brasil
11%
Estados Unidos
44%
China
6%

Canadá
28%
17

norteamericano, com menos de vinte por cento definindo estigma sexual conforme um quadro
teórico, e ainda assim apenas um estudo apresentou uma definição formal sustentada por um
enquadramento teórico, outro limitou-se a fazer essa definição de maneira indireta e
superficial, não textualmente no artigo (Quadro 5).

Quadro 3 – Distribuição das pesquisas por metodologia (%)


Origem do estudo Qualitativa Quantitativa Mista
EUA/Canadá 9,1 63,6 27,3
África do Sul 50 0 50
Brasil 100 0 0
China 100 0 0

Observa-se uma forte associação entre clareza no tratamento dos dados e enfoque, sendo os
artigos de método quantitativo os que mais apresentaram um passo-a-passo rigoroso dos
procedimentos executados e da obtenção dos resultados.

Quadro 4 – Distribuição das pesquisas por tipo de estudo (%)


Origem do estudo Transversal Longitudinal
EUA/Canadá 81,8 18,2
África do Sul 100 0
Brasil 100 0
China 100 0

Não se pode concluir que a falta de clareza se dê pela escolha por um método qualitativo, pois
dentre esses a ausência de critérios parece ocorrer mais por uma questão de opção do
pesquisador do que de alguma especificidade do trabalho de campo.

Quadro 5 – Distribuição das pesquisas por tratamento dos dados (%)


Origem do Clareza no tratamento dos dados Definição de estigma sexual
estudo SIM NÃO SIM NÃO
EUA/Canadá 100 0 18,2 81,8
África do Sul 100 0 50 50
Brasil 0 100 0 100
China 100 0 0 100

Os estudos transversais dominam o cenário da pesquisa de campo, sendo encontradas


pesquisas follow-up (aqui consideradas longitudinais) em proporção inferior a vinte por cento.
Nos estudos os termos homossexualidade e homossexuais são usados em proporção inferior à
expressão minorias sexuais e, quando referente à prática sexual, “mulheres que fazem sexo
com mulheres” (ou WSW, no original), há ainda a associação “minoria sexual de mulheres”
(SMW, no original) em grau inferior. As expressões lésbica e bissexual são as mais citadas por
envolverem uma compreensão da identidade para além da sexualidade (Gráfico 5).
Com relação aos frames teóricos utilizados observa-se a recorrência de autores que aparecem
em outros estudos, frequentemente os mesmos, e por ser uma área de estudos consolidada
há muito tempo a frequência de outros autores é muito maior que a média. É o caso de
Goffman, Herek e Butler em terceiro lugar. São seguidos por outros autores mais recentes,
porém em quantidade mais dispersa e específica aos campos nos quais se encontram
especializados (ex. saúde de mulheres lésbicas, veteranas lésbicas e serviço militar).
18

Gráfico 5 - Termos mais utilizados


em referência aos sujeitos

WSW
7%
Minoria sexual
20%

LB e/ou Q
73%

Quadro 6 – Esquemas conceituais mais citados (por autor)


Goffman 4
Herek 3
Butler 2
Bourdieu 1

Discussão

É preciso estabelecer uma precisão conceitual e dizer que o estigma sexual não é um problema
exclusivo de mulheres de orientação sexual não-normativa. Nestes grupos o estigma sexual é
direcionado para sua orientação sexual e sua identidade de gênero, porém isso não quer dizer
que as outras mulheres, com suas características psicossociais diversas, não sofram de
estigma. O estudo de Persson, Pfaus & Ryder (2015) relata que mulheres heterossexuais
sofrem de estigma sexual tanto quanto as declaradas bissexuais ou lésbicas, embora estes
grupos tenham maior chance para desenvolvimento de ansiedade como fator agravante do
sofrimento mental.
Diversos estudos apontam (McIntyre, Antonucci & Haden, 2014; Grigorovich, 2015; Mor et al.,
2015; Zimmerman et al., 2015) relação entre suicídio, depressão e ansiedade com estigma
sexual sofrido por mulheres com práticas sexuais não-normativas e, além disso, maior risco
para contrair DST/AIDS, com risco para a saúde pública mais acentuado em localidades onde
não há segurança do Estado ou políticas protetivas para os direitos das minorias sexuais.
(Zimmerman et al., 2015).
Medidas protetivas que aumentam a resiliência são relatadas por minorias sexuais que
experimentam rejeição familiar e por isso apresentam maior índice de conexão a pares de
19

minorias sexuais do que aqueles que não experimentam nenhuma rejeição familiar. Em
relação a essa associação também se evidencia que indivíduos que sofrem alta rejeição
familiar à revelação de sua identidade sexual também relatam menos vontade de aproximação
com outros grupos de minorias sexuais. Indivíduos que não resolvem seu estigma internalizado
estão em maior risco de apresentar redução de saúde física e mental, principalmente em
ambientes familiares hostis. (Zimmerman et al., 2015).
A revelação ou ocultação da identidade é um fator que está no centro de ocorrência de outros
efeitos para a vida do indivíduo estigmatizado. Os pesquisadores concordam que a revelação
(outness) da identidade sexual para a família e amigos está associada com aumento de auto-
estima e saúde mental em minorias sexuais. (Legate, Ryan & Weinstein, 2012). O apoio familiar
nesta situação está associado ao aumento de auto-estima e redução de risco à depressão.
(Detrie & Lease, 2007; Rosario, Schrimshaw & Hunter, 2011). A rejeição familiar à revelação de
uma sexualidade tomada como desviante, por outro lado, está associada ao aumento do risco
para suicídio, depressão, abuso de substância e comportamentos sexuais de risco. (Ryan et al.,
2009). Ocultar a própria orientação sexual também está associado a forte estresse. (McIntyre,
Antonucci & Haden, 2014). Outros achados clínicos em mulheres homossexuais estabelecem
maior prevalência de fumo (Burgess et al., 2007), alcoolismo e fumo (Boehmer et al., 2012),
obesidade (Jun et al., 2012), transtornos de ansiedade como transtorno de estresse pós-
traumático ou TEPT (Cochran, 2001).
Revelar-se, por sua vez, está associada com melhora da saúde mental e uma maior
autenticidade (Vaughn & Waehler, 2010). A revelação em ambientes familiares é preditora de
aumento na associação com grupos e/ou comunidades de minorias sexuais como forma de
buscar apoio social e aumentar a resiliência. (Mohr & Fassinger, 2000). O apoio familiar
também está relacionado à maior identificação com a categoria lésbica (Chow & Cheng, 2010).
A revelação da identidade é um momento que impõe uma decisão sem volta, e coloca sobre o
sujeito o questionamento sobre sua identidade na medida em que precisa afirma-la para o
outro. Lésbicas e gays que se revelaram possuem maior noção de sua identidade do que
heterossexuais. (Konik & Stewart, 2004).
Há uma diferença na maneira como família e filhas lésbicas ou bissexuais percebem o impacto
dessa revelação, é importante lembrar que para os pais a revelação é um momento singular,
cujo peso é sentido drasticamente num curto espaço de tempo, o que aumenta sua
intensidade, ao passo que para as filhas homossexuais esta revelação vai se desenrolando ao
longo do tempo na velocidade das suas descobertas cotidianas e experiências de vida. (Hauer
& Guimarães, 2015). Corrobora esta diferença o fato de que os parentes tendem a considerar
a expressão de sexualidades não normativas na infância e adolescência como comportamentos
experimentais e/ou transitórios. (Diamond, 2005).
Os efeitos culturais nos chamados fatores estruturais também interferem na decisão pela
revelação da identidade sexual, como no caso dos chineses que possuem maior propensão que
os ocidentais a reagir com vergonha a eventos considerados vergonhosos. (Tang et al., 2008).
No contexto chinês a vergonha está associada à internalização do heterossexismo e à
diminuição da identificação com lésbicas. Lésbicas nesse caso estão mais favoráveis a
revelarem sua identidade para amigos que oferecem maior suporte. Medidas de manejo do
estigma em ambientes familiares hostis significam, por isso, a identificação com uma certa
imagem de “boa filha” heterossexual e a tolerância tácita a casamentos arranjados. (Fingerhut,
Peplau, & Ghavami, 2005).
A vergonha está associada a uma avaliação negativa de toda a pessoa, potencializando a
generalização de uma percepção negativa acerca de uma característica localizada, como ser
uma lésbica (Chow, Cheng, 2010). O suporte vindo de amigos heterossexuais parece ser mais
importante que o apoio dos amigos de orientação homossexual, representando assim uma
espécie de aprovação por parte do mundo hetero (Chow, Cheng, 2010).
Mulheres de área urbana e com forte orientação feminista, além de maior aproximação com a
identidade lésbica e pouca homofobia internalizada apresentam maior comportamento de
20

revelação da orientação sexual para profissionais de saúde (Austin, 2012). Auto-estima e


suporte social também estão associados a essa revelação.
Uma limitação dos estudos é não abordar o peso do chamado “privilégio branco” sobre o
dilema encobrimento/revelação para minorias sexuais. (McIntyre, Antonucci & Haden, 2014).
A questão da interseccionalidade é, portanto, necessária para se entender a amplitude dos
efeitos que a revelação da orientação sexual tem sobre a vida dos sujeitos e, um dado
recorrente na literatura de campo, sobre a qualidade dos cuidados de saúde oferecidos e o
quanto tal é impactada pelas outras condições socioeconômicas como, por exemplo, no caso
de usuárias de baixa renda de serviços públicos de saúde na África do Sul que se sentem
menos empoderadas para exigir direitos iguais de acesso aos serviços de saúde que precisam
por se verem menos clientes que as demais. (McIntyre, Antonucci & Haden, 2014). A diferença
na qualidade da informação também se observa ao se encontrar maior presença de termos
técnicos como clínico geral e ginecologista entre as mulheres usuárias de serviços particulares
de saúde, enquanto as do serviço público reportam termos gerais, como enfermeira, Irmã,
examinador. As usuárias têm a percepção de que no serviço particular os profissionais estarão
melhor preparados para acolhe-las em relação a sua orientação sexual. (McIntyre, Antonucci &
Haden, 2014). Ainda na África do Sul, os estudos têm apontado forte relação entre racismo,
estigma sexual e dificuldade de acesso a direitos de saúde reprodutiva e saúde em geral na
vida de mulheres que tem relações sexuais com mulheres. (Poteat et al., 2015).
O acesso a cuidados de saúde apropriados é uma dificuldade para as pacientes lésbicas e
bissexuais (LB), por possuírem necessidades de saúde próprias diferentes das de outros
grupos, em decorrência da não revelação de sua orientação sexual para os cuidadores (Mor et
al., 2015). O índice de mulheres que revela sua orientação sexual para profissionais de saúde
permanece sempre abaixo do número das que ocultam (40%), segundo Austin (2012).
Apesar das dificuldades de acesso e da menor satisfação com o serviço recebido (Diamant,
2000), segundo Grella et al. (2009) mulheres LB procuram mais serviços de saúde do que
mulheres heterossexuais.
Há diferenças também entre os grupos. Os estudos relatam a necessidade de diferenciar
comportamentos de lésbicas e bissexuais, o que não tem sido feito nas pesquisas,
especialmente na área da saúde. (IOM, 2011). Lésbicas são mais favoráveis a revelar sua
orientação sexual para estranhos (incluindo profissionais de saúde, ginecologistas) do que
bissexuais, e relatam maior satisfação no atendimento recebido. Já bissexuais procuram
menos os serviços básicos de saúde e estão menos satisfeitas com a rede de atendimento.
(McIntyre, Antonucci & Haden, 2014).
Pessoas identificadas lésbicas, gays, bissexuais, queers e trans (LGBQT) são mais vulneráveis a
disparidades em serviços de saúde devido à história de discriminação e menor acesso a
recursos de saúde, moradia, fomento e educação. (IOM, 2011; Grigorovich, 2015). As
disparidades são ainda maiores quando se trata de mulheres LB e em comparação com a
idade, segundo pesquisas de Fredriksen-Goldsen et al. (2011) e Wallace et al. (2011). Assim,
mulheres LB idosas têm menos recursos financeiros e mais estresse mental e incapacidades
físicas que homens gays e bissexuais. (Grigorovich, 2015).
Dentre as variáveis sociodemográficas que mais se correlacionam com o estigma sexual está a
idade, quanto mais idade maior o questionamento sobre suas próprias crenças (a chamada
exploração da identidade) e o estigma que é relatado por populações de mulheres lésbicas. A
revelação da orientação sexual e/ou identidade LB ainda está associada com muitos efeitos
negativos e rejeição de amigos e colegas de trabalho principalmente. Para sujeitos LB idosas o
encobrimento da orientação sexual para os cuidadores domésticos (90% dos casos) está
associado ao receio da discriminação que, segundo as entrevistadas, pode ocorrer tanto
explícita quanto implicitamente por parte dos chamados home-cares no momento seguindo-se
à revelação. (Grigorovich, 2015). Segundo apontam os estudos, a diversidade de gêneros e
orientações sexuais deveria ser incluída nas diretrizes das políticas públicas de saúde por se
tratar de matéria de interesse à saúde pública ao tornar o sistema de atendimento mais
21

acessível. (Grigorovich, 2015). Os mesmos danos à saúde são relatados por veteranas lésbicas
após revelação de sua orientação sexual para assistentes do serviço de saúde para militares.
Lésbicas têm maior histórico de serviço militar do que outras mulheres. (Lehavot & Simpson,
2013). Uma quantia significante delas reporta ter vivenciado ou conhecido alguém que
vivenciou discriminação de cuidadores e de outros veteranos militares após a revelação. Tão
danoso quanto o preconceito médico nesse caso é as parceiras serem excluídas das decisões
de saúde que envolvam a saúde conjugal. (Mattocks et al., 2015). A política militar do “não
pergunte, não responda” tem agravado esse quadro ao silenciar sobre o assunto. (Mattocks et
al., 2015).
As estatísticas de violência sexual de diversos tipos e experiência traumática em mulheres
veteranas também é preocupante, pois excede os números encontrados nas amostras de
mulheres civis. Lésbicas e bissexuais, de modo geral, estão mais sujeitas a violência doméstica
e a abuso de substância, o que pode ocorrer em decorrência da maior exposição ambiental,
marketing direcionado para esses grupos, estresse emocional e discriminação experienciada
(Mor et al., 2015).
Os índices de violência sexual (estupro na idade adulta, abuso infantil, abuso, estupro conjugal)
também são maiores para a população LGB. (Rothman, 2011). Logie, Allagia & Rwigema
(2014), corrobora estes achados em 40% de sua população amostral. Quando vítimas de
violência doméstica, mulheres lésbicas ou bissexuais relatam falta de assistência e o
despreparo da polícia ao lidar com a questão, seja minimizando o problema, seja presumindo
que houve abuso mútuo e efetuando dupla prisão, seja não intervindo (Hodges, 2000). Possuir
forte identificação como mulher lésbica ou bissexual fornece suporte para que uma mulher
decida relatar abuso doméstico em relações afetivas com mesmo sexo, além disso a segurança
financeira também é um fator que auxilia na procura por ajuda de policiais e profissionais de
saúde. (Hardesty et al., 2011; Logie, Allagia & Rwigema, 2014).
Apesar dos avanços na legalidade, em países como a África do Sul a discrepância entre os
direitos adquiridos e os direitos respeitados no cotidiano ainda são visíveis. (Smith, 2015).
Metade da população de minorias sexuais de mulheres da África do Sul já sofreu discriminação
por conta de sua orientação sexual (Smith, 2015) ou teve barrado o acesso a seus direitos de
saúde reprodutiva pela mesma condição. (Poteat et al., 2015).
Congruente com a expectativa de efeitos de interseccionalidade do estigma e a teoria de
Goffman (1988), mulheres não-brancas estão mais dispostas a omitir sua orientação sexual
lésbica de modo a não se diferenciarem muito de uma base comum com suas contrapartes
brancas. (McIntyre, Antonucci & Haden, 2014). Mulheres lésbicas brancas estão relativamente
livres do peso de terem que omitir sua identidade sexual, ao passo que mulheres lésbicas não-
brancas não apresentam menor identificação com o grupo de lésbicas por omitirem sua
orientação. Sugere-se que a revelação em todos os casos seria benéfica. (McIntyre, Antonucci
& Haden, 2014). Segundo McIntyre, Antonucci & Haden (2014) e Logie & Rwigema (2014) a
liberdade para revelar sua orientação sexual sem se sentirem ameaçadas ou omitirem essa
informação sem grandes consequências é parte do privilégio branco heterossexual. Ser branca
ajuda a evitar o duplo “ponto-cego” a que minorias lésbicas negras enfrentam na revelação de
sua orientação sexual. Segundo Wildman (2005), os grupos se utilizam do chamado “privilégio
branco” para escapar à marginalização de sua identidade.
Enquadrar as identidades LGBQ dentro de uma visão essencialista na qual são todos
igualmente brancos elimina a possibilidade de uma compreensão interseccional de outros
fatores como etnia, cor, orientação sexual e classe, o que ajuda a perpetuar o equívoco de
pensar que os LGBQ são brancos e ricos. (Logie & Rwigema, 2014; Hunter, 2010; Hutchinson,
1999). Essa visão é amplamente situada e suportada pela representação midiática. (Han,
2007). O tratamento destinado a mulheres LBQ varia com relação à cor de pele, criando efeitos
de espacialização social que reforçam estereótipos de quem é uma legítima queer ou quem é
mulher de verdade. (Logie & Rwigema, 2014). Essa representação é reapropriada no interior
22

dos grupos LGBTQ que se utilizam do privilégio branco de modo a fortalecer subdivisões
frequentemente do tipo “bom” ou “mau” (bom gay, mau gay, por ex.). (Han, 2007).
As divisões sexuais também estão presentes no interior dos grupos com sexualidades não-
normativas. Apoiando-se na literatura feminista brasileira, Oliveira (2009) reafirma o lugar
central do gênero e da sexualidade na formação identitária individual. Não se trata de uma
identidade a ser formada, mas de variadas possíveis. Segundo Diamond (2005), a orientação
sexual feminina é mais fluida ao longo da vida. Apesar desse discurso que nega o essencialismo
em favor das diferentes formas de ser mulher, em ambientes de confinamento de mulheres o
gênero masculino volta a ser evocado como parâmetro de comportamento, como critério e
padrão a partir do qual a mulher ora vai se diferenciar, ora irá se “igualar”, competir ou lutar
para se afirmar. Nesse contexto, não raro, mulheres encarceradas projetam a culpa sobre sua
prisão para os maridos que as introduziram nas práticas do crime. (Oliveira, 2009).
Quando colocados em situação de comparação uns com os outros, ou pelas características de
evocação da alteridade que o encontro social apresenta, os grupos recorrem a diferentes
formas de nomeação na intenção de disputar o poder, nesse caso o poder de se definir dentro
de seus próprios termos. (Bourdieu, 2009).
Segundo Galinsky et al (2013) o uso de termos derrogatórios por grupos estigmatizados
aumenta a percepção de poder do grupo, seu poder perante os demais, ao passo em que
diminui a sensação de estigma que o termo auto-nomeado evocava anteriormente. A auto-
nomeação do grupo com uma expressão derrogatória atenua o estigma, portanto,
aumentando o poder do grupo (e os efeitos de dominação sobre os demais). O mesmo não se
aplica para termos descritivos (mulher) nem termos normativos (hetero). Os autores chamam
o fenômeno de “reapropriação” e citam as expressões “nigger” e “queer” como exemplo
(Galinsky et al., 2013).
Saber que expressões usar ou não é um problema que desafia o pesquisador e pode dar
continuidade à violência expressa através de sua contraparte simbólica. Bourdieu (2009) a esse
respeito situa a violência simbólica na infraestrutura dos fenômenos de violência manifesta. A
definição dos termos certos com os quais nomear as diversas categorias de orientação sexual
existentes é uma tentativa recorrentemente frustrada na literatura encontrada sobre o
assunto, exatamente por não haver termos “certos” a se usar em todos os contextos, o
estigma de um grupo pode não ser para outro (Goffman, 1988) e no campo das identidades
sexuais, altamente politizadas (Peres & Toledo, 2011), o uso de uma expressão pejorativa
como identidade se transforma em vantagem. (Galinsky et al., 2013). Se, por outro lado, o
correto e inequívoco emprego das expressões se trata de uma exigência do ambiente
acadêmico por questões de delimitação amostral e desenho de estudo, a objetividade dessas
definições esbarra na complexidade de identificações possíveis e nem sempre distintas
relatadas por esses grupos. (Chaves & Santos, 2016).
Poteat et al. (2015) argumenta pelo uso da expressão “mulheres que fazem sexo com
mulheres” ou WSW no original inglês, para estudos com populações do continente africano. A
nomeação em termos LGBT e outras é mais comum em trabalhos no Ocidente e mais
amplamente aceita por esses grupos. (Poteats et al., 2015).
O acréscimo do gênero Q de queer à nomenclatura, especialmente para mulheres LB, é
justificada nos estudos de Logie (2015) por ser uma aproximação entre identidades que
apresentam uma vivência da feminilidade e por isso sofrem estigma de grupos
heteronormativos. Tal aproximação, porém, não é de consenso entre outros autores que
recorrem aos estudos de gênero, pois desperta nesses o receio de se aproximar uma
identidade supostamente de questionamento como é o caso da identidade queer (estranho ou
bizarro em inglês) às identidades estabelecidas (LGBT) e ao próprio processo de busca por esse
estabelecimento em bases seguras. (Chaves & Santos, 2016).
A autonomeação dos grupos parece ser o critério metodológico menos problemático para se
delimitar o uso a ser empregado em cada estudo. (Logie & Rwigema, 2014; Logie, Allagia &
Rwigema, 2014). Smith (2015) prefere usar lésbica ou bissexual no contexto da África do Sul
23

por duas razões: “mulheres que fazem sexo com mulheres” é uma expressão acadêmica que
não reflete a experiência das mulheres recrutadas pela pesquisa, familiarizadas com a
nomenclatura LGBT inclusive por serem essas expressões as mais utilizadas em sites de
recrutamento para pesquisa, e segundo porque sua pesquisa não abordava apenas o
comportamento sexual, mas as identificações que os participantes tinham com os gêneros, seu
pertencimento a uma categoria.
Outros termos referenciados, mas com pouca frequência, são:
 MoC: mulher queer com aparência mais masculina.
 FoC: mulher queer com aparência mais feminina.
 Butch: lésbica com traços acentuadamente masculinos.
Ocorre também a referência aos termos “mais homossexual” e “mais heterossexual” para se
reportar a categorias transitórias, principalmente em escalas Likert, mas sem representação
significantes nas amostras. De modo geral o estigma sexual contra a(s) mulher(es) é assim
descrito na literatura por ser dirigido ao gênero em primeiro lugar, e quando acrescido do
estigma direcionado à orientação sexual dá-se preferência à escolha dos termos LB para se
referir aos sujeitos lésbicas e bissexuais. No Brasil os termos homossexual e heterossexual são
mais comuns, talvez pela pouca quantidade de trabalhos encontrados especificamente com
sujeitos lésbicas e bissexuais.

Conclusões

São muitas as condições de estigma sexual contra mulheres, porém os trabalhos na temática
evocam a identidade de gênero e a orientação sexual como as condições que atraem maior
ataque. Poucos trabalhos, no entanto, definem o estigma sexual claramente. Em vez disso as
expressões homofobia e heternormatividade são mais conceituadas no lugar de estigma. Os
sujeitos que sofrem o estigma são nomeados lésbicas, bissexuais e outros termos do conjunto
LGBQT e mais. Homossexual é uma expressão mais usada no Brasil, enquanto “mulheres que
fazem sexo com mulheres” são mais usadas nos contextos norte-americano e oriental (Ásia e
África). Apesar de tomada como importante a interseccionalidade não é recorrente nos
estudos que dão preferência a amostras aleatórias ou de estratos. A questão racial é a mais
usada nas pesquisas que abordam estigma social e estigma sexual. O chamado privilégio
branco está presente como parte normativa e central da identidade LGBTQ. O manejo do
próprio estigma, sua ocultação e/ou revelação é o tema de maior interesse encontrado nas
pesquisas sobre o assunto. As abordagens mais utilizadas para conceitualizar o estigma contra
mulheres são o interacionismo simbólico de Goffman, as discussões sobre homofobia de
Herek, as questões de gênero em Butler e, não menos significante, o modelo socioecológico do
estigma, o qual no entanto não é relacionado a um autor em específico.

Referências

1. Austin, E.L. (2013). Sexual orientation disclosure to health care providers among urban
and non-urban southern lesbians. Women Health, 53(1), 41-55.
2. Boehmer, U. Miao, X. Linkletter, C. & Clark, M.A. (2012). Adult health behaviors over
the life course by sexual orientation. Am J Public Health,102, 292–300.
3. Bourdieu, P. (2009). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
4. Burgess, D. Tran, A. Lee, R. van Ryn, M. (2007). Effects of perceived discrimination on
mental health and mental health services utilization among gay, lesbian, bisexual and
transgender persons. J LGBT Health Res, 3, 1–14.
5. Chaves, E.K.M. & Santos, M.M. (2016). Não-Binariedade, teoria queer e o direito ao
reconhecimento da identidade de gênero. IX Seminário internacional de direitos
humanos da UFPB. pp.24.
24

6. Chow, P.K.-Y. & Cheng, S.-T. (2010). Shame, internalized heterosexism, lesbian identity,
and coming out to others: A comparative study of lesbians in mainland China and Hong
Kong. J Couns Psychol, 57(1), 92-104.
7. Cochran, S.D. (2001). Emerging issues in research on lesbians’ and gay men’s mental
health: does sexual orientation really matter? Am Psychol., 56, 931–47.
8. Cook, D.J. Mulrow, C.D. & Haynes, R.B. (1997). Systematic reviews: synthesis of best
evidence for clinical decisions. Ann Intern Med, 126, 376-80.
9. Crenshaw, K. (1989). Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist
critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. U.Chi.
Legal F. 139-167.
10. Detrie, P. M. & Lease, S. H. (2007). The relation of social support, connectedness, and
collective self-esteem to the psychological well-being of lesbian, gay, and bisexual
youth. Journal of Homosexuality, 53(4), 173–199.
11. Diamant, A.L., Wold, C., Spritzer, K., Gelberg, L. (2000). Health behaviors, health status,
and access to and use of health care: a population-based study of lesbian, bisexual,
and heterosexual women. Arch Fam Med, 9, 1043–51.
12. Diamond, L.M. (2005). A new view of lesbian subtypes: Stable versus fluid identity
trajectories over an 8-year period. Psychology of Women Quarterly, 29, 119–128.
13. Fingerhut, A.W. Peplau, L.A. & Ghavami, N. (2005). A dual-identity framework for
understanding lesbian experience. Psychology of Women Quarterly, 29, 129–139.
14. Fredriksen-Goldsen, K.I. Kim, H.-J. Emlet, C. A. Muraco, A. Erosheva, E. A. Hoy-Ellis, C.
P. Goldsen, J. & Petry, H. (2011). The Aging and Health Report: Disparities and
Resilience among Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Older Adults. Seattle, WA:
University of Washington. Retirado de
http://depts.washington.edu/agepride/wordpress/wp-content/uploads/2011/05/Full-
Report-FINAL.pdf
15. Galinsky, A.D. Wang, C.S. Whitson, J.A. Anicich, E.M. Hugenberg & K. Bodenhausen,
G.V. (2013). The reappropriation of stigmatizing labels: the reciprocal relationship
between power and self-labeling. Psychol Sci, 24(10), 2020-9.
16. Galvão, C.M. Sawada, N.O. & Trevizan M.A. (2004). Revisão sistemática: recurso que
proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem. Rev Latino-am
Enfermagem, 12(3), 549-56.
17. Glick, S.N. & Golden, M.R. (2010). Persistence of racial differences in attitudes toward
homosexuality in the United States. J Acquir Immune Defic Syndr, 55(4): 516-23.
18. Grella C.E., Greenwell, L., Mays, V.M., Cochran, S.D. (2009). Influence of gender, sexual
orientation, and need on treatment utilization for substance use and mental disorders:
findings from the California Quality of Life Survey. BMC Psychiatry, 14, 52.
19. Grigorovich, A. (2015). Negotiating sexuality in home care settings: older lesbians and
bisexual women's experiences. Cult Health Sex, 17(8), 947-61.
20. Han, C. (2007). They don’t want to cruise your type: Gay men of color and the racial
politics of exclusion. Social Identities, 13(1), 51–67.
21. Hardesty, J.L. Oswald, R.F. Khaw, L. & Fonseca, C. (2011). Lesbian/bisexual mothers
and intimate partner violence: help seeking in the context of social and legal
vulnerability. Violence Against Women, 17(1), 28-46.
22. Hauer, M. & Guimarães, R.S. (2015). Mães, filh@s e homossexualidade: narrativas de
aceitação. Temas psicol., 23(3), 649-662.
23. Hessini, L. A. (2014). Learning agenda for abortion stigma: recommendations from the
Bellagio expert group meeting. Women Health, 54(7), 617-21.
24. Hodges, K.M. (2000). Review of lesbian, gay, bisexual and transgender issues. Law &
Sexuality, 9, 1-22.
25. Hunter, M.A. (2010). All the gays are white and all the blacks are straight: Black gay
men, identity and community. Sex Research & Social Policy, 7, 81–92.
25

26. Hutchinson, D.L. (1999). “Gay rights” for “gay whites”? Race, sexual identity and equal
protection discourse. Cornell Law Review, 85, 1358–1391.
27. Institute of Medicine. (2011). The health of lesbian, gay, bisexual, and transgender
people: Building a foundation for better understanding. Washington, DC: The National
Academies Press. Retirado de http://www.iom.edu/Reports/2011/The-Health-of-
Lesbian-Gay-Bisexual-and-Transgender-People/
28. Jun, H.J. Corliss, H.L. Nichols, L.P. Pazaris, M.J. Spiegelman, D. Austin, S.B. (2012). Adult
body mass index trajectories and sexual orientation: the Nurses’ Health Study II. Am J
Prev Med, 42, 348–54.
29. Konik, J. & Stewart, A. (2004). Sexual identity development in the context of
compulsory heterosexuality. Journal of Personality, 72(4), 815–844.
30. Legate, N., Ryan, R. M., & Weinstein, N. (2012). Is coming out always a ‘‘good thing?’’
exploring the relations of autonomy support, outness, and wellness for lesbian, gay,
and bisexual individuals. Social Psychological and Personality Science, 3(2), 145–152.
31. Lehavot, K.; Simpson, T.L. (2013). Incorporating lesbian and bissexual women into
women veterans’ health priorities. J Gen Intern Med, 28, 609–614.
32. Logie, C.H. & Rwigema, M.-J. (2014). "The normative idea of queer is a white person":
understanding perceptions of white privilege among lesbian, bisexual, and queer
women of color in Toronto, Canada. J Lesbian Stud, 18(2), 174-91.
33. Logie, C.H. (2015). (Where) do queer women belong? Theorizing intersectional and
compulsory heterosexism in HIV research. Critical Public Health, 25(5), 527–538.
34. Logie, C.H., Alaggia, R. & Rwigema, M.J. (2014). A social ecological approach to
understanding correlates of lifetime sexual assault among sexual minority women in
Toronto, Canada: results from a cross-sectional internet-based survey. Health Educ
Res, 29(4), 671-82.
35. Lopes, A.L.M. & Fracolli, L.A. (2008). Revisão sistemática de literatura e metassíntese
qualitativa: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem. Texto
Contexto Enferm, 17(4): 771-8.
36. Mattocks, K.M. Sullivan, J.C. Bertrand, C.K. Rebecca, L. Sherman, M.D. Gustason, C.
(2015). Perceived stigma, discrimination, and disclosure of sexual orientation among a
sample of lesbian veterans receiving care in the Department of Veterans Affairs. LGBT
Health, 2(2), 147-53.
37. McCall, L. (2005). The complexity of intersectionality. Signs, 30(3), 1771-1800.
38. McIntyre, S.L. Antonucci, E.A. & Haden, S.C. (2014). Being white helps: intersections of
self-concealment, stigmatization, identity formation, and psychological distress in
racial and sexual minority women. J Lesbian Stud, 18(2), 158-73.
39. McParland J. & Camic P.M. (2016). Psychosocial factors and ageing in older lesbian, gay
and bisexual people: a systematic review of the literature. J Clin Nurs., 25(23-24),
3415-3437.
40. Medina, E.U. & Pailaquilén, R.M.B. (2010). A revisão sistemática e a sua relação com a
prática baseada na evidência em saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 18(4), pp. 1-8.
Retirado de http:// www.eerp.usp.br/rlae/
41. Mendes, K.D.S. Silveira, R.C.C.P. & Galvão, C.M. (2008). Revisão integrativa: método de
pesquisa para incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto
Enferm, 17(4), 758-64.
42. Mohr, J. & Fassinger, R. (2000). Measuring dimensions of lesbian and gay male
experience. Measurement and Evaluation in Counseling and Development, 33, 66–90.
43. Mor, Z. Eick, U. Wagner Kolasko, G., Zviely-Efrat, I. Makadon, H. Davidovitch, N. (2015).
Health status, behavior, and care of lesbian and bisexual women in Israel. J Sex Med,
12(5), 1249-56.
26

44. Mudrey, R. & Medina-Adams, A. (2006). Attitudes, perceptions, and knowledge of pre-
service teachers regarding the educational isolation of sexual minority youth. J
Homosex, 51(4): 63-90.
45. Nogueira, C. (2017). Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador: Devires.
46. Oliveira, E.P.T. (2009). Mulheres em conflito com a lei: a ressignificação de identidades
de gênero em um contexto prisional. Rev. bras. linguist. apl. [online]., 9(2), 391-414.
47. Oxford Centre for Evidence-based Medicine. (2009). Levels of evidence. Retirado de
http://www.cebm.net/oxford-centre-evidence-based-medicine-levels-evidence-
march-2009/
48. Peres, W.S. Toledo, L.G. (2011). Dissidências existenciais de gênero: resistências e
enfrentamentos ao biopoder. Rev. psicol. polít., 11(22), 261-277.
49. Persson, T.J., Pfaus, J.G. & Ryder, A.G. (2015). Explaining mental health disparities for
non-monosexual women: abuse history and risky sex, or the burdens of non-
disclosure? Soc Sci Med, 128, 366-73.
50. Petticrew, M. (2001). Systematic reviews from astronomy to zoology: myths and
misconceptions. British Medical Journal, 322. 98-101.
51. Poteat, T.C. Logie, C.H. Adams, D. Mothopeng, T. Lebona, J. Letsie, P. Baral, S. (2015).
Stigma, sexual health, and human rights among women who have sex with women in
Lesotho. Reprod Health Matters, 23(46), 107-16.
52. Rosario, M., Schrimshaw, E. W., & Hunter, J. (2011). Different patterns of sexual
identity development over time: Implications for the psychological adjustment of
lesbian, gay, and bissexual youths. Journal of Sex Research, 48(1), 3–15.
53. Rothman, E.F. Exner, D. Baughman, A.L. (2011). The prevalence of sexual assault
against people who identify as gay, lesbian, or bisexual in the Unites States: a
systematic review. Trauma Violence Abuse, 12, 55–66.
54. Ryan, C., Huebner, D., Diaz, R. M., & Sanchez, J. (2009). Family rejection as a predictor
of negative health outcomes in white and latino lesbian, gay, and bisexual young
adults. Pediatrics, 123(1), 346–352.
55. Sanchez, D.T., Chaney, K.E. Manuel, S.K., Wilton, L.S. Remedios, J.D. (2017). Stigma by
Prejudice Transfer: Racism Threatens White Women and Sexism Threatens Men of
Color. Psychol Sci, 28(4), 445-461.
56. Smith, R. (2015). Healthcare experiences of lesbian and bisexual women in Cape Town,
South Africa. Cult Health Sex, 17(2), 180-93.
57. Souza, M.T. Silva, M.D. & Carvalho, R. (2010). Revisão integrativa: o que é e como
fazer. Einstein, 8(1), 102-6.
58. Tang, M., Wang, Z., Qian, M., Gao, J., & Zhang, L. (2008). Transferred shame in the
cultures of interdependent-self and independent self. Journal of Cognition and Culture,
8, 163–178.
59. Vanwesenbeeck, I. (2001). Another decade of social scientific work on sex work: a
review of research 1990-2000. Annu Rev Sex Res, 12, 242-89.
60. Vaughn, M.D. & Waehler, C.A. (2010). Coming out growth: Conceptualizing and
measuring stress-related growth associated with coming out to others as a sexual
minority. Journal of Adult Development, 17(2), 94–109.
61. Wallace, S. P. Cochran, S.D. Durazo, E.M. & Ford, C.L. (2011). The Health of Aging
Lesbian, Gay and Bisexual Adults in California, Policy Brief. UCLA Center for Health
Policy Research, PB2011-2, pp. 1–8.
62. Wildman, S. (2005). The persistence of white privilege. Journal of Law and Policy, 18,
244–265.
63. Zimmerman, L. Darnell, D.A. Rhew, I.C. Lee, C.M. Kaysen, D. (2015). Resilience in
community: a social ecological development model for young adult sexual minority
women. Am J Community Psychol, 55(1-2), 179-90.

Você também pode gostar