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DIREITO ADMINISTRATIVO I – 3º ESTÁGIO – 2º PONTO

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. CONCEITO

O controle da administração pública de forma geral, é sempre o mesmo que


será visto neste ponto.

É a correção dos atos administrativos.

É a matéria dentro do DA mais regulada constitucionalmente, pois toda a parte


da CF que se refere à AP sempre se fala em controle. Tudo que a CF fala de
DA é matéria de controle da administração pública.

É o ponto mais controlável no Brasil, apesar de o não ser na prática.

A AP está sempre fiscalizando e revendo seus atos.

2. ESPÉCIES

Há mais classificações, mas estas são as principais.

2.1. QUANTO AO ÓRGÃO DE CONTROLE: INTERNO OU


EXTERNO

Se diz que é um controle interno ou esterno, o que é devido mais a tradição,


mas hoje não tem tanto sentido.

INTERNO: é quando o controle é feito por u órgão do mesmo poder, quando a


fiscalização ou a correção é feito pelo poder executivo para o próprio executivo,
assim o controle é interno, mas será externo quando o poder executivo for
fiscalizado pelo legislativo ou judiciário.

A própria CF no art. 74 traz a previsão do controle interno:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução


dos programas de governo e dos orçamentos da União;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e


eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;

III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;

IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.


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§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de


qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de
Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima


para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União.

2.2. QUANTO AO MOMENTO

Quanto ao momento pode ser:

 Prévio
 Concomitante
 Posterior: é o que mais ocorre

A própria lei qual é o controle, quando é prévio o controle, aí para que tenha
eficácia o AA, tem que ser o controle prévio ao próprio ato, porque precisa ser
homologado.

Já nos casos de contratos administrativos, o controle ocorre durante toda a


execução, aí a AP tem que ter um agente, servidor público, para fiscalizar a
medida que o contrato se executa, o que é concomitante.

O controle é posterior, quando a AP pratica os AA , e depois passa por um


controle seja interno ou externo, aí vai fiscalizar atos já praticados pela AP, é o
que mais ocorre.

2.3. QUANTO AO CONTEÚDO DO ATO: DE LEGALIDADE OU DE


MÉRITO

É de legalidade em razão da validade ou da legalidade do AA, que pode ser


exercido por qualquer poder.

Enquanto o de mérito é do AA discricionário, que há uma “liberdade” para a


melhor exercer o interesse público, o que só a AP pode fazer e decidir, exceto
quando há violação de algum direito, mas quanto à oportunidade e à
conveniência não.

3. CONTROLE ADMINISTRATIVO: INTERNO

É o controle que a própria AP faz de seus próprio atos.

Pelo princípio da auto-tutela é a fiscalização e a correção de seus atos, o que


tem fundamento constitucional no art. 74 da CF:
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Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

Que pode ser quanto à legalidade ou ao mérito, o que pode ocorrer em


qualquer momento de acordo com a lei.

A AP tem o dever de se auto regular.

Pode ser:

3.1. DE OFÍCIO

É quando independe de provocação, a própria AP tem sempre p dever de rever


seus atos, seja em razão da hierarquia, que tem o superior hierárquico o dever
de rever ao atos de seus subordinados, e hoje também tem o órgão
especializado, o que é obrigado desde a CF/88.

Ex.: corregedorias, ouvidorias, etc.

Tendo que fiscalizar ou ainda determinar a fiscalização.

3.2. POR PROVOCAÇÃO

É o que a CF prevê com mais ênfase.

Em que as pessoas podem provocar a revisão dos AA.

A. FUNDAMENTO

Decorre do art. 5º, XXXIV, da CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de


taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra


ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Este artigo é a origem de toda a provocação.

Há uma previsão infra-constitucional mais detalhada, que é a lei 9784/99, em


que os arts. ____ e ss tratam dos recursos administrativos:

CAPÍTULO XV
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DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de


legalidade e de mérito.

§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não


a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

§ 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe


de caução.

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias


administrativas, salvo disposição legal diversa.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela


decisão recorrida;

III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e


interesses coletivos;

IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.

§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser
decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo
órgão competente.

§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual


período, ante justificativa explícita.

Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente


deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os
documentos que julgar convenientes.

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta


reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente
superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
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Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá
intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis,
apresentem alegações.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:

I – fora do prazo;

II – perante órgão incompetente;

III – por quem não seja legitimado;

IV – após exaurida a esfera administrativa.

§ 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade


competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de


ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for
de sua competência.

Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer


gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que
formule suas alegações antes da decisão.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser


revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos
ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da


sanção.

Esta é a forma infra-constitucional de provocação de controle dos AA.

Toda e qualquer decisão administrativa poderá ser objeto de recurso, é todo e


qualquer AA, porque é uma tomada de decisões, em que qualquer pessoa
interessada pode interpor um recurso administrativo, seja pela legalidade ou de
mérito, perante a própria autoridade que tem um prazo de 5 dias para
reconsiderar a sua decisão, senão vai para o superior hierárquico julgar. Por
isso é chamado de recurso administrativo hierárquico, que pode ter até 2
instâncias administrativas, que é no 2º recurso que não tem mais jeito pelo
administrativo, só podendo recorrer ao poder judiciário, porque se esgotou as
possibilidades administrativas.
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O AA recorrido ainda poderá produzir seus efeitos, salvo que o recorrente


prove que pode resultar em um prejuízo irreversível, ex.: a demolição de um
prédio, o que é de difícil reparação, aí pode ter efeito suspensivo, mas a regra
é que não tem efeito suspensivo.

A lei dá uma amplitude, há uma possibilidade de interposição de recurso, que


qualquer pessoa que seja direta ou indiretamente prejudicada pode interpor o
recurso.

Há outras leis de DA que diz uma outra forma específica de controle da


administração pública, ex.: processo disciplinar da AP.

Ex.: lei 4898/05, fala sobre o direito de representação por abuso de autoridade
por parte de agentes públicos , o que é previsto em lei, é um ato ilícito de
autoridade que viola direitos fundamentais, e este ato fica sujeito à
representação de quem sofrer seus efeitos.

Não havendo regra específica para o controle da administração pública, se usa


da regra geral, mas se tiver uma especificidade na lei não se aplica a regra
geral, que é supletiva.

“Coisa julgada administrativa”: não existe, porque é uma expressão própria de


atos do poder judiciário que é uma decisão judicial que não caiba mais
recursos, que só pode ser do judiciário para tornar algo imutável, para o DA é a
coisa julgada que não cabe mais recurso, que só tem 2 graus de recurso.

No ato 3 se torna imutável, que é só para provocação, porque a AP pode


revogar ou anular o AA, e ainda que não faça, pelo art. 5º, XXXV da CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
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XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça


a direito;

Que ainda caba apreciação do poder judiciário em caso de lesão ou ameaça à


direito, ainda que o ato 3 seja imutável para a AP, ainda pode ir para o
judiciário.

Os prazos prescricionais para a AP e para o judiciário são diferentes.

O único caso que em havendo violação ou ameaça à direito não se pode


recorrer ao judiciário: art. 217, §1º da CF:

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-


formais, como direito de cada um, observados:

I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a


sua organização e funcionamento;

II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto


educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional;

IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da


instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

É o caso da justiça desportiva, que é órgão administrativo, é a AP regulatória


desse assunto, aí tem que ser esgotado todas as possibilidades para poder ir
ao judiciário, mas nos demais casos pode se recorrer diretamente ao judiciário,
mesmo que diretamente sem que tenha esgotado as possibilidades
administrativas, podendo ignorar tudo e ir diretamente ao judiciário.

O controle da administração pública pode ou deve ser exercido, o que não


ocorre para sempre, devido ao princípio da segurança jurídica, que dá um limite
no tempo.

Tudo no direito tem uma limitação temporal.

Se não houvesse essa limitação temporal, não se saberia quanto tempo ficaria
à mercê para sempre do ato poder ser desfeito.
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Há prazos prescricionais, seja para a AP de ofício ou por provocação, aí a


regra para a lei 9784/99 que é a de ofício, e o decreto 20.910/32 por
provocação, trazem prazos prescricionais de 5 anos, que a partir do ato.

B. ESPÉCIES

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