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de Marketing
EDITORA ATLAS S.A.
Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elísios)
01203-904 São Paulo (SP)
Tel.: (011) 221-9144 (PABX)
http://www.editora-atlas.com.br
Philip Kotler
Northwestern University
Administração
de Marketing
ANÁLISE, PLANEJAMENTO
IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLE
5- edição
Tradução
AILTON BOMFIM BRANDÃO
Administrador de Empresas (FEA/USP)
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. — 1998
© 1997 by EDITORA ATLAS S.A.
1. ed. 1974; 2. ed. 1992; 3. ed. 1993; 4. ed. 1995; 5. ed. 1998
ISBN 85-224-1825-X
Kotler, Philip
Administração de marketing : análise, planejamento, implementação e con-
trole / Philip Kotler; tradução Ailton Bomfim Brandão — 5. ed. São Paulo :
Atlas, 1998.
ISBN 85-224-1825-X
94-2703 CDD-658-8
SUMÁRIO 7
Análise de oportunidades e de 6 ANÁLISE DOS MERCADOS CONSUMIDORES E
assuntos, 102 COMPORTAMENTO DO COMPRADOR, 16l
Objetivos, 103 UM MODELO DE COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR, 16l
Estratégia de marketing, 103 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO
8 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Procedimento de segmentação de Ciclo de vida da demanda/tecnologia, 307
mercado, 230 Estágios do ciclo de vida do produto, 308
Bases para segmentação de mercados Ciclos de vida de categoria de produto, forma
consumidores, 231 de produto, produto e marcas, 309
Bases para segmentar mercados Outras formas do ciclo de vida do
industriais, 240 produto, 310
Requisitos para a segmentação eficaz, 242 Ciclo de vida do produto internacional, 313
MERCADO-ALVO, 243 ESTRATÉGIAS DE MARKETING NO DECORRER DO CVP, 313
Avaliação de segmentos de mercado, 243 Estágio de introdução, 313
Seleção de segmentos de mercado, 243 Estágio de crescimento, 316
Considerações adicionais para avaliação e Estágio de maturidade, 317
seleção de segmentos, 246 Estágio de declínio, 320
Resumo e crítica do conceito de ciclo de
vida do produto, 324
P a r t e III - DESENVOLVIMENTO DE
EVOLUÇÃO DO MERCADO, 324
ESTRATÉGIAS DE MARKETING, 2 5 1
Estágios da evolução do mercado, 326
Dinâmica da concorrência de atributo, 328
10 DIFERENCIAÇÃO E POSICIONAMENTO DA
OFERTA DE MERCADO, 252
13 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE
FERRAMENTAS PARA A DIFERENCIAÇÃO COMPETITIVA, 254
MARKETING PARA LÍDERES, DESAFIANTES,
Diferenciação de Produto, 255
SEGUIDORES E OCUPANTES DE NICHOS, 332
Diferenciação de serviços, 260
ESTRATÉGIAS DA LÍDER DE MERCADO, 333
Diferenciação através de pessoas, 262
Expansão do mercado total, 333
Diferenciação através de canal, 262
Defesa da participação de mercado, 334
Diferenciação através de imagem, 262
Expansão da participação de mercado, 339
DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA DE POSICIONAMENTO,
Dois estudos de caso: Procter & Gamble e
264 Caterpillar, 342
Quantas diferenças promover?, 266
ESTRATÉGIAS DA DESAFIANTE DE MERCADO, 344
Que diferenças promover?, 269
Definição do objetivo estratégico e da(s)
COMUNICAÇÃO DO POSICIONAMENTO DA EMPRESA, 270
oponente (s), 345
Escolha de uma estratégia geral de
11 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS ataque, 345
PRODUTOS, 275 Escolha de uma estratégia de ataque
DESAFIOS NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS específica, 348
PRODUTOS, 276 Estratégias da empresa seguidora de
ARRANJOS ORGANIZACIONAIS EFICAZES, 277 mercado, 350
ADMINISTRAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE Estratégias de ocupantes de nicho, 351
Novos PRODUTOS, 279 Especialização por nicho, 354
Geração de idéias, 279
Triagem de idéias, 283 14 DESENVOLVIMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE
Desenvolvimento e teste de conceito, 285 ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA O
Desenvolvimento da estratégia de MERCADO GLOBAL, 357
marketing, 290 DECISÃO DE IR PARA O EXTERIOR, 358
Análise comercial, 290 DECISÕES SOBRE EM QUE MERCADOS ENTRAR, 360
Desenvolvimento de produto, 293 DECISÃO DE COMO ENTRAR NO MERCADO, 363
Teste de mercado, 295 Exportação indireta, 363
Comercialização, 299 Exportação direta, 364
PROCESSO DE ADOÇÃO POR PARTE DO CONSUMIDOR, 300 Licenciamento, 364
Estágios do processo de adoção, 301 Joint ventures, 366
Fatores que influenciam o processo de Investimento direto, 366
adoção, 301 Processo de internacionalização, 366
DECISÃO SOBRE O
12 ADMINISTRAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DO CICLO PROGRAMA DE MARKETING, 367
DE VIDA DO PRODUTO, 307 Produto, 367
CICLO DE VIDA DO PRODUTO, 307 Promoção, 371
SUMÁRIO 9
Preço, 372 Determinação da demanda, 438
Canais de distribuição, 373 Estimativa de custos, 440
DECISÃO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE MARKETING, 373 Análise dos custos, preços e ofertas dos
Departamento de exportação, 373 concorrentes, 443
Divisão internacional, 374 Seleção de um método de estabelecimento de
Organização global, 376
preço, 443
Seleção do preço final, 448
P a r t e IV - PLANEJAMENTO DOS PROGRAMAS ADAPTAÇÃO DO PREÇO, 450
DE MARKETING, 3 8 1 Preço geográfico, 450
Descontos e concessões, 451
15 ADMINISTRAÇÃO DE LINHAS DE PRODUTOS, Preço promocional, 451
MARCAS E EMBALAGENS, 382 Preço diferenciado, 452
O QUE É UM PRODUTO?, 383
Preço de composto de produto, 453
Cinco níveis de um produto, 383
INICIATIVAS E RESPOSTAS A MUDANÇAS DE PREÇOS, 455
Hierarquia de produto, 384
Iniciativas de reduções de preços, 455
Classificações de produtos, 385
DECISÕES SOBRE O COMPOSTO DE PRODUTOS, 387
Iniciativa de aumentos de preços, 455
DECISÕES SOBRE LINHA DE PRODUTOS, 388 Reações às variações de preços, 457
Análise da linha de produtos, 388 Reações às mudanças de preços dos
Extensão da linha de produtos, 389 concorrentes, 459
Modernização da linha de produtos, 392
18 SELEÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE CANAIS DE
Caracterização de linha de produtos, 393
MARKETING, 465
Expurgo da linha de produtos, 393
QUE SÃO CANAIS DE MARKETING?, 466
DECISÕES DE MARCA, 393
Por que usar intermediários?, 466
Que é uma marca?, 393
Funções e fluxos de canal, 467
Conceito e mensuração do valor patrimonial
Níveis de canal, 468
de uma marca , 394
Desafios de marca, 396 Canais do setor de serviços, 469
DECISÕES DE PROJETO DE CANAL, 470
Decisão de reposicionamento de marca, 406
DECISÕES DE EMBALAGEM E ROTULAGEM, 406 Análise dos níveis de produção de serviços
Embalagem, 406 desejados pelos consumidores, 472
Rotulagem, 407 Estabelecimento de objetivos e restrições de
canal, 473
16 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SERVIÇOS Identificação das principais alternativas de
E SERVIÇOS DE APOIO AO PRODUTO, 411 canal, 473
NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS, 412 Avaliação das principais alternativas de
CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS E SUAS IMPLICAÇÕES DE canal, 476
MARKETING, 414 DECISÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CANAL, 476
Intangibilidade, 414 Seleção dos participantes do canal, 476
Inseparabilidade, 414 Motivação dos participantes de canal, 478
Variabilidade, 415 Avaliação dos participantes do canal, 479
Perecibilidade, 416 Modificação de canal, 480
ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA EMPRESAS DE DINÂMICA DE CANAL, 483
SERVIÇOS, 416 Sistema de canal vertical, 483
Administração da diferenciação, 419 Sistema de canal horizontal, 484
Administração da qualidade do serviço, 421 Sistema de multicanais, 484
Administração da produtividade, 426 Papéis das empresas individuais em um
ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO AO PRODUTO, 427 canal, 486
Estratégia de serviço pós-venda, 429 COOPERAÇÃO, CONFLITO E CONCORRÊNCIA DE CANAL, 488
Tipos de conflito e de concorrência, 488
17 ADMINISTRAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E Causas do conflito de canal, 488
PROGRAMAS DE PREÇO, 435 Administração do conflito de canal, 489
ESTABELECIMENTO DE PREÇO, 436 Problemas éticos e legais nas relações de
Seleção do objetivo de preço, 437 canal, 490
10 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
19 ADMINISTRAÇÃO DE VAREJO, ATACADO E 22 ADMINISTRAÇÃO DA FORÇA DE VENDAS, 596
LOGÍSTICA DE MERCADO, 493 PLANEJAMENTO DA FORÇA DE VENDAS, 597
VAREJO, 493 Objetivos da força de vendas, 597
Tipos de varejistas, 493 Estratégia da força de vendas, 599
Decisões de marketing de varejo, 497 Estrutura da força de vendas, 600
Tendências do varejo, 508 Tamanho da força de vendas, 603
ATACADO, 511 Remuneração da força de vendas, 603
Crescimento e tipos de atacadistas, 511 ADMINISTRAÇÃO DA FORÇA DE VENDAS, 604
Decisões de marketing dos atacadistas, 512 Recrutamento e seleção de vendedores, 604
Tendências do atacado, 513 Treinamento de vendedores, 605
LOGÍSTICA DE MERCADO, 513 Supervisão de vendedores, 606
Objetivos da logística de mercado, 519 Motivação de vendedores, 608
Decisões de logística de mercado, 520 Avaliação de vendedores, 611
Responsabilidade organizacional pela logística PRINCÍPIOS DA VENDA PESSOAL, 613
de mercado, 523 Profissionalismo de vendas, 613
Negociação, 616
20 DESENVOLVIMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE Marketing de relacionamento, 617
COMUNICAÇÕES DE MARKETING
INTEGRADO, 526 23 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING DIRETO E
VISÃO DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO, 527 DE MARKETING ON-LINE, 623
DESENVOLVIMENTO DE COMUNICAÇÕES EFICAZES, 529 CRESCIMENTO E BENEFÍCIOS DO MARKETING DIRETO, 624
Identificação da audiência-alvo, 529 Crescimento do marketing direto e da compra
Determinação dos objetivos de eletrônica, 624
comunicação, 532 Benefícios de marketing direto, 626
Desenvolvimento da mensagem, 533 BANCOS DE DADOS DE CLIENTES E MARKETING DIRETO, 626
Seleção de canais de comunicação, 537 PRINCIPAIS CANAIS DE MARKETING DIRETO, 629
Estabelecimento do orçamento de Venda face a face, 629
promoção, 540 Marketing de mala direta, 629
Decisão do composto promocional, 541 Marketing de catálogo, 632
Mensuração dos resultados da promoção, 548 Telemarketing, 633
Administração e coordenação das
Televisão e outras mídias de marketing de
comunicações de marketing integrado, 548
resposta direta, 633
DESENVOLVIMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE UM PROGRAMA DE
Marketing por meio de terminais de
PROPAGANDA, 554
compra, 634
Canais on-line, 634
21 ADMINISTRAÇÃO DE PROPAGANDA,
MARKETING NO SÉCULO VINTE E UM: MARKETING
PROMOÇÃO DE VENDAS E RELAÇÕES ON-LINE, 634
PÚBLICAS, 554
Benefícios do marketing on-line, 634
Estabelecimento dos objetivos de
Canais de marketing on-line, 635
propaganda, 555
Uso CRESCENTE DE MARKETING DIRETO INTEGRADO, 636
Decisão sobre o orçamento de
PROBLEMAS ÉTICOS E LEGAIS NO USO DE MARKETING
propaganda, 556
DIRETO, 639
Escolha da mensagem de propaganda, 557
Decisão sobre mídia, 565
DECISÃO SOBRE COBERTURA, FREQÜÊNCIA E IMPACTO, 565 Parte V - ADMINISTRAÇÃO DOS ESFORÇOS
Avaliação da eficácia da propaganda, 573 DE MARKETING, 643
PROMOÇÃO DE VENDAS, 577
O rápido crescimento da promoção de 24 ORGANIZAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, AVALIAÇÃO
vendas, 577 E CONTROLE DAS ATIVIDADES DE
Propósito da promoção de vendas, 578 MARKETING, 6 4 4
Principais decisões de promoção de ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA, 644
vendas, 579 ORGANIZAÇÃO DE MARKETING, 645
RELAÇÕES PÚBLICAS, 586 Evolução do departamento de marketing, 645
Principais decisões de relações públicas de Maneiras de organizar o departamento de
marketing, 588 marketing, 647
SUMARIO 11
Relações de marketing com outros EQUAÇÃO DE VENDAS, 6 8 4
departamentos, 655 FUNÇÕES RESPOSTA DE VENDAS, 685
Estratégias para desenvolver uma orientação OTIMIZAÇÃO DO LUCRO, 686
de marketing para toda a empresa, 659 OTIMIZAÇÃO DA ALOCAÇÃO DE MARKETING, 688
IMPLEMENTAÇÃO DE MARKETING, 662
CONTROLE DA ATIVIDADE DE MARKETING, 663 Apêndice 2 - MÉTODOS ESTATÍSTICOS PARA
Controle do plano anual, 663 PROJEÇÃO DA DEMANDA FUTURA, 6 9 1
Controle de rentabilidade, 668
Controle de eficiência, 671
Controle estratégico, 673
Índice remissivo, 694
Apêndice 1 - TEORIA DA ALOCAÇÃO EFICAZ DOS
RECURSOS DE MARKETING, 6 8 4
EQUAÇÃO DO LUCRO, 684
12 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Prefácio
1. MADRICK, Jeffrey G. The end of affluence. The causes and consequences of America's economic dilemma.
New York : Random House, 1995.
2. RIFKIN, Jeremy. The end ofwork: the decline of the global labor force and the dawn of the post-market era.
New York : G. E Putman's Sons, 1995.
PREFÁCIO 13
as empresas, freqüentemente, têm que movimentar bens excedentes e podem fazer isso
cortando preços e adotando técnicas de "venda de pressão". Mas isso não representa o
que é marketing e o que ele faz.
Muitos administradores consideram marketing um departamento formado por vá-
rios tipos de funcionários de carreira: planejadores, pesquisadores, especialistas em pro-
paganda e promoção de vendas, pessoal de serviço ao consumidor, gerentes de novos
produtos, gerentes de produtos e marcas, gerentes de segmentos de mercado e, sem dúvi-
da, vendedores. Seu trabalho coletivo é analisar o mercado, identificar oportunidades,
formular estratégias de marketing, desenvolver táticas e ações específicas, propor orça-
mento e estabelecer um conjunto de controles. Mas esta visão não é suficientemente
abrangente. Marketing é também responsável em impulsionar toda a empresa para ser
orientada para o consumidor e para o mercado. Consumidores são escassos; sem eles, a
empresa para de existir. Os planos devem ser estabelecidos para conquistar e manter
consumidores. Em razão de muitos fatores afetarem a satisfação do consumidor, muitos
deles mantidos fora do escopo do departamento de marketing - como confiabilidade de
entrega, clareza da fatura e serviços de telefonia -, marketing deve trabalhar muito para
assegurar-se de que o restante da empresa atenda às expectativas dos consumidores e,
consistentemente, suas próprias promessas.
Entretanto, marketing é muito mais do que o "departamento de vendas" de uma
empresa. Marketing é um processo ordenado e criativo de pensar e planejar para os mer-
cados. O processo tem início pesquisando-se o mercado para conhecer sua dinâmica. A
empresa usa pesquisa para identificar oportunidades - isto é, encontrar indivíduos ou
grupos de pessoas com necessidades não atendidas ou interesse latente em algum produ-
to ou serviço. O processo de marketing envolve segmentar o mercado e escolher aqueles
mercados-alvos que a empresa pode satisfazer de maneira superior. A empresa deve for-
mular uma estratégia ampla e definir um composto de marketing específico e um plano de
ação para otimizar seu desempenho a longo prazo. A empresa desenvolve um conjunto de
controles para poder avaliar os resultados e operar como uma organização de aprendiza-
gem, melhorando, constantemente, seu know-how de marketing.
O processo de marketing é aplicável não apenas para bens e serviços. Marketing
pode também ser empregado em outros assuntos, incluindo idéias, eventos, organizações,
locais e personalidades. Entretanto, é importante enfatizar que marketing não começa
com um produto ou oferta, mas com uma busca de oportunidades no mercado.
TENDÊNCIAS
14 PREFÁCIO
dança é da idéia de transação para a de construção de relacionamento. Elas estão
criando bancos de dados contendo dados demográficos e de estilo de vida, níveis de
resposta à diferentes estímulos, transações anteriores - e orquestrando suas ofertas
para obter consumidores satisfeitos ou encantados que permanecerão leais.
3. Crescente ênfase em administrar processos gerenciais e integrar fun-
ções administrativas. As empresas atuais estão mudando a idéia de administrar
um conjunto de departamentos semi-independentes, cada qual com sua própria lógi-
ca, para administrar um conjunto de processos gerenciais fundamentais que impactam
os serviços e a satisfação dos consumidores. Elas estão designando pessoal
interdisciplinar para administrar cada processo. O pessoal de marketing está cada vez
mais trabalhando em equipes interdisciplinares em vez de permanecer restrito ao
departamento de marketing. Esse é um desenvolvimento positivo que amplia as pers-
pectivas das empresas em relação ao negócio e lhes dá maior oportunidade para me-
lhorar a perspectiva de funcionários de outros departamentos.
4. Crescente ênfase no pensamento global e no planejamento de mercado
local. As empresas estão, crescentemente, procurando mercados além de suas fron-
teiras. A medida que entram nesses mercados, devem abandonar suas suposições
tradicionais sobre o comportamento do mercado e adaptar suas ofertas aos pré-requi-
sitos culturais de outros países. Devem deixar o poder de tomada de decisões nas
mãos de seus representantes locais que são muito mais conscientes das realidades
econômicas, políticas, legais e sociais enfrentadas pela empresa. Devem pensar glo-
balmente, mas planejar e agir localmente.
5. Crescente ênfase na construção de alianças estratégicas e redes. À medi-
da que as empresas se globalizam, percebem que, independentemente de tamanho,
faltam-lhes os recursos e os requisitos totais para o sucesso. Analisando a cadeia de
suprimento para produzir valor, reconhecem a necessidade de parceria com outras
organizações. Empresas como a Ford, McDonald's e Levi Strauss foram bem-sucedi-
das ao construir um conjunto de parcerias globais que atenderam a diferentes exigên-
cias para o sucesso. Administradores experientes estão dedicando muito tempo para
o desenvolvimento de alianças estratégicas e redes que geram vantagem competitiva
para as empresas-parceiras.
6. Crescente ênfase em marketing direto e marketing on-line. A revolução
das informações e das comunicações promete mudar a natureza da compra e venda.
Em qualquer local do mundo, as pessoas podem acessar a Internet e as home pages
das empresas para procurar ofertas e encomendar bens. Via serviços on-line, podem
dar sugestões e receber orientações sobre produtos e serviços. "Batendo papo" com
outros usuários, definem o melhor valor, fazem pedidos e recebem a encomenda no
dia seguinte. Como resultado dos avanços na tecnologia de banco de dados, as em-
presas podem fazer mais marketing direto e confiar menos em intermediários ataca-
distas e varejistas. Além disso, muita compra industrial está sendo feita automatica-
mente através de intercâmbio eletrônico de dados (EDI) entre as empresas. Todas
essas tendências prognosticam maior eficiência na compra e venda.
7. Crescente ênfase nos serviços de marketing. Hoje, a população norte-ameri-
cana consiste de apenas 2,5% de trabalhadores rurais e de 15% de operários industri-
ais. A maioria das pessoas está trabalhando em serviços: vendedores, varejistas, artesãos
e trabalhadores do conhecimento como médicos, engenheiros, contadores e advoga-
dos. Em função de os serviços serem intangíveis, perecíveis e inseparáveis, apresen-
tam desafios adicionais não encontrados em marketing de bens tangíveis. Os especia-
listas de marketing estão crescentemente desenvolvendo estratégias para as empresas
que vendem seguros, software, consultoria e outros serviços.
8. Crescente ênfase em setores industriais de alta tecnologia. Parte do cres-
cimento econômico é devido ao surgimento de empresas de alta tecnologia, que dife-
rem das empresas tradicionais. Elas enfrentam riscos maiores, aceitação de produto
mais lenta, ciclos de vida de produto mais curtos e obsolescência tecnológica mais
rápida. Quantas das milhares de empresas de software e de biotecnologia sobrevive-
rão em face desses desafios? As empresas de alta tecnologia devem dominar a arte de
PREFÁCIO 15
vender sua produção à comunidade financeira e convencer um número suficiente de
consumidores a adotarem seus novos produtos.
9. Crescente ênfase na ética do comportamento de marketing. O público,
em geral, é cauteloso em relação aos comerciais e às abordagens de vendas que
distorcem ou mentem sobre os benefícios dos produtos, ou que manipulam pessoas
para fazerem compras supérfluas. O mercado está altamente suscetível ao abuso de
empresas sem escrúpulos que estão dispostas a prosperar às custas dos outros. Os
profissionais de marketing, em particular, devem adotar padrões elevados de conduta
na prática de suas tarefas. A American Marketing Association promulgou um código
de ética de comportamento de marketing. Os profissionais precisam agir como cães
de guarda para preservar um mercado confiável e eficiente.
ABORDAGEM E ORGANIZAÇÃO
Minha meta ao escrever esta nona edição norte-americana (5a edição brasileira) foi
incorporar esses novos desafios e propor maneiras atuais de refletir sobre eles. Ao mesmo
tempo, esta edição continua mantendo as características fundamentais das edições anteri-
ores que são:
1. Orientação gerencial. Este livro enfoca as principais decisões que os administradores
ou gerentes de marketing e a alta administração enfrentam em seus esforços para
harmonizar os objetivos, as capacidades e os recursos da organização com as necessi-
dades e as oportunidades do mercado.
2. Abordagem analítica. Apresenta uma estrutura para analisar os problemas decorren-
tes da administração de marketing. Casos e exemplos de empresas são introduzidos
no decorrer do texto para ilustrar princípios, estratégias e práticas eficazes de marketing.
3. Perspectiva de disciplinas básicas. O livro foi desenvolvido a partir de importantes
constatações de várias disciplinas científicas. A Economia fornece conceitos e ferra-
mentas fundamentais para a procura de otimização de resultados no uso de recursos
escassos. A Ciência Comportamental fornece conceitos e ferramentas fundamentais
para o entendimento do consumidor e o comportamento do comprador organizacional.
A Teoria Administrativa fornece uma estrutura para identificar os problemas enfrenta-
dos pelos administradores, bem como orientações e ferramentas para sua resolução
satisfatória. A Matemática fornece uma linguagem exata para expressar os relaciona-
mentos entre variáveis importantes.
4. Aplicações universais. Aplica o pensamento de marketing em seu spectrum total: pro-
dutos e serviços, mercados consumidores e organizacionais, organizações que visam
e que não visam o lucro, empresas domésticas e estrangeiras, pequenas e grandes
empresas, empresas manufatureiras e intermediárias e setores industriais de baixa e
de alta tecnologia.
5. Cobertura abrangente e balanceada. Cobre todos os tópicos que um administrador ou
gerente de marketing bem informado precisa saber. Enfoca os principais assuntos
relacionados a marketing estratégico, tático e administrativo.
16 PREFÁCIO
NOVIDADES NESTA EDIÇÃO
1. O livro foi reduzido de 27 para 24 capítulos, com a fusão de algumas partes mais
relacionadas. Partes de interesse menos central para os administradores de marketing
foram excluídas.
2. Um novo Capítulo 23 foi acrescentado, Administração de marketing direto e marketing
on-line. Este capítulo examina os novos canais de informação, comunicação e vendas
que estão tornando-se disponíveis às empresas.
3. Contém grande número de informações e casos-exemplos dos anos 90, mostrando
empresas como Blockbuster Video, Starbucks, 3M, Procter & Gamble e muitas outras.
Além disso, grande parte das notas de rodapés mostra livros e trabalhos mais recen-
tes, dos anos 90.
4. As aplicações conceituais apresentadas no final dos capítulos foram modificadas, muitas
delas tratando de desafios atuais de marketing enfrentados por empresas reais.
5. Assuntos interessantes são apresentados em dois tipos de boxes: Insight de Marketing
(mostra trabalhos e resultados de pesquisas de marketing atuais) e Visão 2000 (exa-
mina as novas perspectivas de administração de marketing para o século 21). Esta
nova edição traz também a seção Memorando de Marketing, com dicas e sugestões
para os administradores de marketing em todas as fases do processo de administra-
ção de marketing.
6. Foi expandida a ênfase nos seguintes temas: marketing global, marketing e tecnologia,
marketing ético/socialmente responsável e interação de marketing com outros depar-
tamentos.
7. Foram também expandidos e atualizados os seguintes assuntos: marketing de valor,
valor patrimonial e desenvolvimento de marca, guerra entre marcas nacionais e de
lojas, geodemografia, marketing de banco de dados, valor de duração do consumidor,
customização de massa, comunicações de marketing integrado, marcas cooperativas,
administração de grandes contas, reengenharia de marketing, administração de cate-
goria, marketing boca a boca, logística de mercado, marketing de relacionamento,
marketing de lealdade, benchmarking competitivo e estratégias de imitação.
AGRADECIMENTO S
Esta nova edição contou com a colaboração de muitas pessoas. Meus colegas e asso-
ciados da Kellogg Graduate School of Management at Northwestern University continu-
am exercendo importante impacto sobre minhas idéias: James C. Anderson, Robert T. C.
Blattberg, Bobby J. Calder, Gregory S. Carpenter, Richard M. Clewett, Anne Coughlan,
Sachin Gupta, Dawn Iacobucci, Dipak C. Jain, Jill G. Klein, Lakshman Krishnamurthi
(chairman), Sidney J. Levy, Ann L. McGill, Mohanbir S. Sawhney, John F. Sherry, Jr., Louis
W Stern, Brian Sternthal, Alice M. Tybout e Andris A. Zoltners. Também quero agradecer
à família S. C. Johnson pelo apoio generoso a minha cadeira na Kellogg School. Comple-
tando a equipe da Northwestern está meu diretor e amigo há longo tempo, Donald R
Jacobs, a quem desejo agradecer por seu apoio contínuo a meus esforços de pesquisa e
redação.
Estou em débito com os seguintes colegas de outras universidades que revisaram
esta edição:
PREFÁCIO 17
Owen Adikibi, South Bank University, London
David Andrus, Kansas State University
Bob Balderstone, Western Metropolitan College of Tafe
William O. Bearden, University of South Carolina
Chauncey Burke, Seattle University
Cephas Gbande, South Bank University, London
Tom Gillpatrick, Portland State University
Ted Mitchell, University of Nevada, Reno
Roger Sinclair, University of Witwatersrand
Susan Spiggle, University of Connecticut
Donna Tillman, Califórnia Sate Polytechnic University
Ugur Yucelt, Penn State, Harrisburg.
18 PREFÁCIO
James M. Lattin, Stanford University
John Lowry, Humboldt State University
Henry Metzner, University of Missouri, Rolla
Steven Silverman, University of Pittsburgh
Leon Winer, Pace University.
Meus agradecimentos também aos co-autores de edições estrangeiras por suas su-
gestões sobre o conteúdo desta nova edição:
A talentosa equipe da Prentice Hall merece louvor por seu papel na preparação
desta edição. Meu editor de aquisições, David Borkowsky, ofereceu excelente orientação e
direção. Fui grandemente beneficiado do soberbo apoio editorial de Steven Rigolosi que
empregou seu talento considerável como editor de desenvolvimento para melhorar esta
edição. Também desejo reconhecer a assistência de produção excelente de Linda DeLorenzo,
gerente de projeto das edições universitárias; o design gráfico criativo de Pat Wosczyk e
Ann France; a assistência editorial de Theresa Festa; e o trabalho de pesquisa de marketing
de Patti Arneson. Também gostaria de agradecer a meu gerente de marketing, John
Chillingworth. Finalmente, muitos agradecimentos a Nancy Brandwein por seu trabalho
árduo e tenacidade em encontrar os muitos novos exemplos incluídos nesta edição.
Meu incansável débito continua sendo para minha esposa, Nancy, que me propor-
cionou o tempo, o apoio e a inspiração necessária para a preparação desta edição. Este é,
verdadeiramente, nosso livro.
Philip Kotler
S. C. Johnson Distinghished Professor of International Marketing
J. L. Kellogg Graduate School of Management
Northwestern University
Evanston, Illinois (USA)
Julho de 1996.
PREFÁCIO 19
PARTE
I
COMPREENSÃO DA
ADMINISTRAÇÃO DE
MARKETING
Avaliação do Papel Crítico de
1 Marketing no Desempenho
Organizacional
Marketing é tão básico que não pode ser considerado uma função separada. É o
negócio total visto do ponto de vista de seu resultado final, isto é, do ponto de vista do
consumidor... O sucesso empresarial não é determinado pelo fabricante, mas pelo consu-
midor.
PETER DRUCKER
Marketing consiste de todas as atividades pelas quais uma empresa se adapta a seu
ambiente - criativa e rentavelmente.
RAY COREY
As rápidas mudanças podem, facilmente, tornar trutura precária fornece amplas oportunidades nas áre-
obsoletas as principais empresas vencedoras de ontem. as de construção, transporte e comunicação. A estagna-
Nos anos 20, Henry Ford permaneceu fabricando o Ford ção econômica favorece as empresas que são boas em
Modelo T preto, mesmo quando os compradores de car- produção e marketing enxutos. A baixa qualificação da
ros começavam a clamar por mais variedade. A General mão-de-obra desafia organizações educacionais e de trei-
Motors respondeu e surpreendeu a Ford. Mais tarde, nos namento a preparar programas mais eficazes para me-
anos 50, a GM manteve-se fabricando grandes automó- lhorar as habilidades humanas.
veis quando os consumidores começavam a clamar por Entretanto, esses desafios são apenas uma fonte
carros menores - um clamor que a Volkswagen e os ja- de oportunidades de negócios. Consideremos as oportu-
poneses começaram a atender. Depois, nos anos 80, os nidades apresentadas pelos avanços científicos e
consumidores começaram a insistir em qualidade e os tecnológicos em engenharia genética, robótica multisen-
japoneses responderam com carros melhores.1 sorial, inteligência artificial, micromecânica, biologia
Que desafios as empresas enfrentam à medida que molecular, supercondutores e dezenas de outras áreas
os anos 90 chegam ao fim? Com o término da Guerra científicas.
Fria, empresas e países estão enfrentando crescente com- 0 papel de marketing em ajudar as empresas a ti-
petição global, sérias diferenças de renda, deterioração rar vantagem dessas oportunidades é crítico. Um acadê-
ambiental, infra-estrutura precária, estagnação econô- mico descreveu marketing como "criação e entrega de
mica, baixa formação de mão-de-obra e inúmeros pro- um padrão de vida". Tomamos essa afirmativa como uma
blemas econômicos, políticos e sociais. visão inspirada e criativa do propósito de marketing.
Sim, esses são desafios; mas também são oportu- Neste capítulo, apresentamos uma visão geral do mo-
nidades. A boa notícia é que a globalização representa derno pensamento de marketing e de sua prática. Após
maior mercado para bens e serviços. A má notícia é que explorarmos em detalhes os desafios enfrentados pela
as empresas enfrentam agora maior número de concor- empresa de hoje, levantaremos as seguintes questões:
rentes. A deterioração ambiental representa muitas opor-
tunidades para as empresas que podem criar meios mais • Que conceitos centrais fundamentam a dis-
eficazes de proteger ou sanear o ambiente. A infra-es- ciplina marketing?
1. DUDAK, Tomas (Org.). International directory of company histories. Chicago, Londres : St. James Press, 1988. v. 1. p. 135-215.
22 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
• Que tarefas básicas desempenham os ad- • Que papel marketing exerce em diferentes
ministradores ou gerentes de marketing? setores industriais, em organizações que
• Qual o conceito de marketing e como ele não visam ao lucro e em diferentes países?
contrasta com outras filosofias de negócio?
2. Esses exemplos foram relatados no documentário de televisão Made in America?, narrado por Robert Reich e veiculado em canais de
televisão públicos nos dias 26 e 27 de maio de 1992.
3. LEWIS, Jordan. Zen and the art of an alliance. Management Review, p. 17-19, Dec. 1994; NAISBITT, John. The global paradox. New York :
William Morrow, 1994. p. 59-60; ARNST, Catherine. Phone frenzy. Business Week, p. 92-97, 20 Feb. 1995. .
4. CZINKOTA, Michael R., RONKAINEN, Ilkka A., TARRANT, John J. The global marketing imperative. Chicago : NTC Business Books, 1995. p.
175.
24 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
outras atividades que afetam o ambiente; vêem o esta- usuários estão crescendo a uma taxa de 10 a 15% ao
belecimento de "políticas verdes" como forma de vanta- mês.
gem competitiva: Criada há uma década como elo de dados entre
comunidades acadêmicas dispersas, a Internet está rapi-
• A Procter & Gamble redesenhou produtos, embala- damente sendo utilizada pelas empresas para interligar
gens e processos, de maneira que menos materiais funcionários localizados em escritórios distantes, acom-
ou embalagens são necessários para atingir a mes- panhar consumidores e fornecedores e distribuir infor-
ma rentabilidade (se não, melhor). mações de vendas mais rapidamente. O advento do
• Quando a Pitney & Bowes constatou que estava gas- aplicativo da Internet chamado World Wide Web permi-
tando cerca de $ 16,3 milhões em atividades com o te às empresas acessarem milhões de novos consumido-
tratamento de dejetos perigosos, começou um pro- res a uma fração do custo de impressão de um anúncio
grama para eliminar problemas ambientais muito ou de veiculação de um comercial de televisão. A Web
antes dos produtos serem criados e colocados no usa uma tecnologia denominada hipertexto que permite
mercado.5 aos usuários a movimentação de um banco de dados a
outro simplesmente clicando sobre imagens ou textos.
Para uma discussão mais detalhada sobre a Web e suas
Avanços tecnológicos implicações para as empresas, veja o boxe Visão 2000
intitulado "Conquistando consumidores na World Wide
O boom dos computadores, do telefone e da Web".
tecnologia de televisão, bem como a fusão dessas As empresas alertas vêem a tecnologia como pro-
tecnologias, vêm tendo grande impacto na maneira pela dutora de interminável fluxo de oportunidades. Toda-
qual as empresas fabricam e vendem seus produtos. A via, levar vantagem da tecnologia significa percorrer uma
medida que a tecnologia vem proporcionando alimen- linha tênue: as empresas devem evitar dar grandes sal-
tos, roupas, moradias, veículos e possibilidades de en- tos (antes de o mercado estar preparado) ou permane-
tretenimento novos e melhores, nossas vidas têm muda- cer apenas na expectativa (deixando que o mercado seja
do muito. Em 1954, duas horas e meia eram gastas na conquistado pelos concorrentes). Trinta anos passaram
preparação do jantar; em 1995, o prato principal era entre o invento do forno de microondas e sua viabilida-
preparado em 15 minutos como resultado da conveni- de de uso como eletrodoméstico. Nesse ínterim, muitas
ência, dos congelados, dos alimentos pré-cozidos e dos empresas perderam dinheiro. Mesmo a nova tecnologia
alimentos de preparação instantânea. O alimento não exige muita paciência e investimento, bem como o apoio
precisa ser comprado pessoalmente porque os consumi- de empresas de capital de risco com visão.
dores de hoje podem sentar na frente de um computa- Nem toda nova tecnologia é bem-vinda. Há pes-
dor e clicar sobre os pratos que desejam, recebendo o soas que consideram os aparelhos de televisão, os res-
pedido em algumas horas. Através da videoconferência, taurantes fast-food, os arranha-céus e os dispositivos de
executivos de marketing de Sydney (Austrália), Tóquio, controle de natalidade como prejuízos para a humani-
Paris e Nova York reúnem-se em "tempo real" sem en- dade. Certamente, o desenvolvimento de armas de des-
trar em um avião. As empresas de venda direta podem truição mais poderosas deve ser visto como trágico. Sem
saber tudo, do tipo de carro que você dirige ao sabor de dúvida, há efeitos prejudiciais de algumas novas
sorvete que você prefere, com o simples clicar do botão tecnologias sobre a qualidade da água, solo e ar que
de um mouse. Uma pequena empresa em Ann Arbor, devem ser levados em consideração em qualquer avalia-
Michigan, pode divulgar eletronicamente seus produtos ção de progresso tecnológico.
a uma audiência mundial, 24 horas por dia, por menos
do que custa um anúncio em um jornal local.
John Naisbitt, autor de Megatendências e Paradoxo
global, diz: "As telecomunicações são a força propulsora Consumidor poderoso
que está, simultaneamente, criando a gigantesca econo-
mia global e tornando suas partes menores e mais pode- Os anos 80 ensinaram uma lição surpreendente
rosas."6 No cerne desse fenômeno, está a Super-rodovia para as empresas de todas as partes do mundo. As em-
da Informação e sua espinha dorsal, a Internet (ou net, presas domésticas não podem mais ignorar os concor-
como é chamada pelos usuários). A Internet, que não rentes estrangeiros, os mercados internacionais e as fon-
tem propriedade ou administração central, é uma teia tes de suprimento localizadas fora do país. Não podem
de mais de 2,2 milhões de computadores conectados por permitir que seus custos salariais e de materiais estejam
telefone em mais de 32.400 redes de computadores in- desajustados em relação ao restante do mundo. Não
terligadas. Acessível em 135 países e territórios, seus podem ignorar o surgimento de novas tecnologias, ma-
5. DECHANT, Kathlenn, ALTMAN, Barbara. Environmental leadership: from compliance to competitive advantage. Academy of Management
Executive 8, n. 3, p. 7-19, 1994.
6. NAISBITT, J. Paradoxo global. Rio de Janeiro : Campus, 1994. p. 53-55.
teriais, equipamentos e de novas formas de organização e japoneses são mais preferidos do que os seus na maior
e marketing. parte do mundo. A poderosa Sears está presa entre as
As empresas norte-americanas são um caso a par- lojas de departamentos populares e as butiques, de um
te. Nos anos 70, figuravam entre as mais poderosas a lado, e do outro, pelas lojas de descontos. A RCA, inven-
General Motors, Sears, RCA e IBM. Hoje, todas as qua- tora de muitas novas patentes, nunca dominou a arte de
tro estão lutando para permanecer rentáveis porque fa- marketing e, agora, coloca sua marca em produtos lar-
lharam em termos de marketing. Não entenderam que o gamente importados do Japão e da Coréia do Sul. A IBM,
mercado e os consumidores estavam mudando e que era uma das maiores empresas orientadas para venda do
necessário fornecer valor competitivo. A General Motors mundo, experimentou seu primeiro prejuízo em 1992 -
está ainda tentando entender por que os carros alemães $ 4,96 bilhões - porque continuou focando a venda de
26 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
mainframes enquanto o mercado estava mudando para Q U E É MARKETING? CONCEITOS CENTRAIS
a microcomputação, redes e estações de trabalho
(workstations). Marketing tem sido definido de várias maneiras. A
Em vista de toda essa "miopia de marketing",7 não definição que atende melhor a nosso propósito é a se-
surpreende que uma enxurrada de livros vem sendo guinte:
publicada oferecendo perspectivas atuais sobre como
administrar um negócio no novo ambiente. Nos anos 60, MARKETING é um processo social e gerencial pelo
a "Teoria Y" alertava as empresas a tratar seus funcioná- qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e
rios não como dentes de engrenagem de uma máquina,
mas como indivíduos cuja criatividade pode ser liberada desejam através da criação, oferta e troca de produ-
através da prática gerencial esclarecida. Nos anos 70, o tos de valor com outros.
"planejamento estratégico" ofereceu uma forma de pen-
sar sobre a construção e a administração do portfólio de Esta definição de marketing baseia-se nos seguin-
negócios das empresas em um ambiente turbulento. Nos tes conceitos centrais: necessidades, desejos e demandas;
anos 80, "excelência e qualidade" receberam grande aten- produtos (bens, serviços e idéias); valor, custo e satisfa-
ção como as novas fórmulas para o sucesso. Todos esses ção; troca e transações; relacionamentos e redes; merca-
temas são válidos e continuam inspirando o pensamen- dos; e empresas e consumidores potenciais. Estes concei-
to administrativo. tos são ilustrados na Figura 1.1.
Nos anos 90, muitas empresas têm reconhecido a
importância crítica de serem orientadas para o consumi-
dor e, ao mesmo tempo, orientadas para suas ativida- Necessidades, desejos e demandas
des. Não é suficiente ser orientada para o produto ou
para a tecnologia. Muitas empresas ainda planejam seus Marketing começa com necessidades e desejos hu-
produtos sem o input do consumidor, apenas para manos. As pessoas necessitam de alimentos, ar, água,
encontrá-los, depois, rejeitados pelo mercado. Esquecem vestuário e abrigo para sobreviver. Além disso, têm forte
os consumidores após a venda, para perdê-los, depois, desejo por recreação, educação e outros serviços. Têm
aos concorrentes. Não é surpresa estarmos testemunhan- preferências marcantes por versões e marcas específicas
do uma enxurrada de livros com títulos sugestivos como de bens e serviços básicos.
Trazendo o poder do cliente para dentro da empresa, Trans- As necessidades e os desejos das pessoas de hoje
formando clientes perdidos em ouro: a arte de atingir zero estão confusos. Em dado ano, 261 milhões de norte-
defeito, Sistema de cinco pontos para maximizar a lealda- americanos podem consumir 67 bilhões de ovos, 2 bi-
de do consumidor, A empresa orientada para o cliente e lhões de frangos, 5 milhões de secadores de cabelo, 133
Mantendo serviços surpreendentes. Todos esses livros sa- bilhões de milhas de viagens aéreas domésticas e cerca
lientam um tema: O sucesso nos anos 90 e seguintes de 4 milhões de conferências por professores universitá-
está fundamentado na visão da empresa em relação ao rios. Juntos esses bens e serviços geram uma demanda
consumidor e ao mercado. por mais de 150 milhões de toneladas de aço e 4 bilhões
de toneladas de algodão. Estas são apenas algumas de-
mandas expressas em uma economia de 6,7 trilhões de
Outros assuntos dólares.
É importante distinguir entre necessidades, dese-
Muitas outras mudanças críticas ocorreram nos jos e demandas. Necessidade humana é um estado de
mercados consumidores e empresariais nas últimas dé- privação de alguma satisfação básica. As pessoas exigem
cadas. Freqüentemente, os mercados consumidores são alimento, roupa, abrigo, segurança, sentimento de pos-
caracterizados por uma população mais velha; crescen- se e auto-estima. Essas necessidades não são criadas pela
te número de mulheres trabalhando fora; casamentos sociedade ou empresas. Existem na delicada textura bi-
mais tarde, mais divórcios e famílias menores; surgimen- ológica e são inerentes à condição humana.
to de grupos consumidores e necessidades étnicos; e pro- Desejos são carências por satisfações específicas
liferação de estilos de vida de consumidores mais varia- para atender às necessidades. Um norte-americano pre-
dos. As empresas exigem produtos de melhor qualidade cisa de alimento e deseja um hambúrguer, batatas fritas
de seus fornecedores, entregas mais rápidas, melhores e uma coca-cola. Em outra sociedade, essas necessida-
serviços e preços mais baixos. Precisam agilizar seu pro- des podem ser satisfeitas diferentemente. Uma pessoa
cesso de desenvolvimento de produto em função dos ci- faminta na ilha Maurício pode desejar mangas, arroz,
clos de vida de produto mais curtos. Também precisam lentilha e feijão. Embora as necessidades das pessoas
encontrar melhores maneiras de distribuir e promover sejam poucas, seus desejos são muitos. Os desejos hu-
seus produtos a custos menores. manos são continuamente moldados e remoldados por
7. Veja LEViri, Theodore. Miopia em marketing. In: Imaginação de marketing. 2. ed. São Paulo : Atlas, 1991.
forças e instituições sociais, incluindo igrejas, escolas, viços (sermão, cântico, educação, aconselhamento) e
famílias e empresas.8 idéias (vida em comunidade, salvação).9
Demandas são desejos por produtos específicos, A importância dos produtos físicos não está muito
respaldados pela habilidade e disposição de comprá-los. em possuí-los, mas na obtenção dos serviços que pro-
Desejos se tornam demandas quando apoiados por po- porcionam. Compramos um carro porque ele fornece
der de compra. Muitas pessoas desejam um Mercedes; serviço de transporte, um forno microondas porque for-
apenas algumas estão habilitadas e dispostas a comprá- nece serviço de cozimento. Portanto, os produtos físicos
lo. Por conseguinte, as empresas devem mensurar não são, realmente, veículos que nos prestam serviços.
apenas quantas pessoas desejam seu produto, mas, o mais De fato, os serviços são também fornecidos por
importante, quantas realmente estão dispostas e habili- outros veículos, como pessoas, locais, atividades, orga-
tadas a comprá-lo. nizações e idéias. Se estivermos aborrecidos, não pode-
Essas distinções põem abaixo as acusações dos crí- mos ir a um teatro de comédia para assistir à apresenta-
ticos de marketing de que "os profissionais de marketing ção de um comediante (pessoa); passar as férias em uma
criam necessidades" ou que "marketing induz as pesso- ilha das Bermudas (local); ir à academia de ginástica
as a comprar coisas que não desejam". Os profissionais (atividade); juntar-se a um grupo de caminhadas (orga-
de marketing não criam necessidades: elas já existiam nização); ou adotar uma filosofia de vida diferente
antes deles. Os especialistas de marketing, junto com (idéia). Uma forte tendência nos Estados Unidos é a ex-
outras forças sociais, despertam e influenciam os dese- plosão de serviços e de organizações de serviços. De fato,
jos. Podem promover a idéia de que um Mercedes pode- cerca de 70% do produto nacional bruto do país e do
ria satisfazer a necessidade de alguém por status social. emprego ocorre no setor de serviços. Freqüentemente,
Entretanto, não criam a necessidade por status social. os fabricantes cometem o erro de prestar mais atenção a
Influenciam a demanda ao oferecer o produto apropria- seus produtos físicos do que aos serviços produzidos pelos
do, atraente, adquirível e facilmente disponível aos con- mesmos. Vêem-se vendendo um produto em vez de for-
sumidores-alvo. necendo uma solução ou atendendo a uma necessidade.
Um carpinteiro não compra uma furadeira; compra um
furo. Um objeto físico é um meio de embalar um servi-
Produtos (bens, serviços e idéias) ço. O trabalho da empresa é vender os benefícios ou ser-
viços "embutidos" nos produto físicos, em vez de apenas
As pessoas satisfazem a suas necessidades e dese- descrever suas características físicas. Diz-se que os ven-
jos com produtos. Um produto é algo que pode ser ofere- dedores que concentram seu pensamento no produto fí-
cido para satisfazer a uma necessidade ou desejo. Ocasi- sico em vez de nas necessidades dos consumidores so-
onalmente, usaremos outros termos para produto, como frem de miopia de marketing.
oferta ou solução.
Um produto ou oferta pode consistir de nada mais
do que três componentes: bem(ns) físico(s), serviço(s) e Valor, custo e satisfação
idéia(s). Por exemplo, um restaurante fast-food está for-
necendo bens (hambúrgueres, batatas fritas e refrige- Como os consumidores escolhem entre os muitos
rantes), serviços (compra, cozimento, assentos) e uma produtos que podem satisfazer a certa necessidade? Su-
idéia (economia de tempo). Um fabricante de computa- ponhamos que Tom Moore precisa viajar, diariamente,
dor está fornecendo bens (computador, monitor de vídeo, cinco quilômetros para ir até o trabalho. Ele pode usar
impressora), serviços (entrega, instalação, treinamento, vários produtos para satisfazer a essa necessidade: pa-
manutenção, assistência técnica) e uma idéia ("poder tins, bicicleta, motocicleta, carro, táxi ou ônibus. Essas
de computação"). Uma igreja oferece menos em termos alternativas constituem seu conjunto de escolha de pro-
de bens físicos (vinho, hóstia) e mais em termos de ser- dutos. Agora, assumimos que Moore gostaria de satisfa-
8. Para mais informações sobre a distinção entre necessidades e desejos, veja SCITOVSKY, Tibor. The joyless economy: the psychology of human
satisfaction. Ed. revisada. New York : Oxford, 1992. p. 107-108.
9. Veja BRUCE, Ian. Meeting needs: successful charity marketing. Hemel Hempstead, Inglaterra : ICSA, 1994. p. 75-78.
28 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
zer a várias outras necessidades ao ir ao trabalho: velo- 5. Cada parte acredita estar em condições de lidar com
cidade, segurança, bem-estar e economia. Cada produto a outra.
tem uma capacidade diferente de satisfazer seu conjun-
to de necessidades. Uma bicicleta é mais lenta, menos A ocorrência da troca depende, realmente, das duas
segura e exige mais esforço do que um carro, mas é mais partes concordarem sobre as condições de troca que as
econômica. De algum modo, Tom Moore tem que deci- deixarão em melhor situação (ou, ao menos, em pior
dir qual produto prestará a maior satisfação total. situação) do que a anterior. Freqüentemente, a troca é
Aqui, os conceitos-guias são valor e satisfação. Va- descrita como um processo de criação de valor porque,
lor é a estimativa de cada produto satisfazer a seu con- normalmente, deixa ambas as partes em condições me-
junto de necessidades. Suponhamos que Tom Jones está, lhores do que antes da mesma ocorrer.
principalmente, interessado na velocidade e no bem-es- A troca deve ser vista como um processo, em vez
tar para chegar ao trabalho. Se qualquer desses produ- de como um evento. Duas partes estão envolvidas na
tos fosse oferecido sem custo, escolheria o automóvel. troca se estiverem negociando e movendo-se em dire-
Desde que cada produto envolve custo, necessariamen- ção a um acordo. Quando um acordo é atingido, dize-
te, não escolherá o carro que custa substancialmente mais mos que houve uma transação. Transação é uma troca
do que uma bicicleta ou uma corrida de táxi. Tom terá de valor entre duas ou mais partes. Devemos estar habi-
que abrir mão de outras coisas (chamadas custo de opor- litados para dizer: A deu X para B e recebeu Y em troca.
tunidade) para obter o carro. Portanto, considerará o Jones deu $ 400 a Smith e obteve um aparelho de televi-
valor e o preço do produto antes de fazer a escolha. são. Esta é uma transação monetária clássica. Entretan-
Optará pelo produto que proporciona mais valor por to, as transações não exigem dinheiro como um dos va-
dólar gasto. Conforme DeRose, valor é "a satisfação das lores negociados. Uma transação de troca direta consiste
exigências do consumidor ao menos custo possível de na troca de bens ou serviços por outros similares, como
aquisição, propriedade e uso".10 ocorre quando o advogado Jones redige uma petição
Examinaremos as teorias atuais sobre o comporta- judicial ao médico Smith na troca por uma consulta
mento de escolha do consumidor no Capítulo 6. médica.
Uma transação envolve várias dimensões: pelo
menos duas coisas de valor, condições de acordo, tempo
Troca e transações e local de negociação. Geralmente, um sistema legal sur-
ge para sustentar e reforçar a confiança por parte dos
As pessoas podem obter produtos de uma entre envolvidos. Sem uma lei contratual, as pessoas veriam
quatro maneiras. A primeira maneira é a autoprodução. as transações com alguma desconfiança e todos perderi-
Elas podem aliviar a fome através da caça, pesca ou co- am.
leta de frutas. Neste caso, não há mercado nem Uma transação difere de uma transferência. Em
marketing. A segunda maneira é a coerção. Pessoas fa- uma transferência, A dá X para B, mas não recebe nada
mintas podem tirar à força ou roubar alimentos de ou- em troca. Presentes, subsídios e contribuições de carida-
tras. Nenhum benefício é oferecido aos outros, exceto de são todos transferência. Poderia parecer que
que ninguém sairá ferido. A terceira maneira é a mendi- marketing deve ser confinado apenas ao estudo das tran-
cância. Pessoas famintas podem abordar outras e implo- sações. Entretanto, o comportamento da transferência
rar por comida. Não têm nada tangível para oferecer, pode também ser entendido através do conceito de tro-
exceto gratidão. A quarta maneira é a troca. Pessoas fa- ca. Tipicamente, a transferência implica em certas ex-
mintas podem oferecer algum recurso em troca do ali- pectativas de quem oferece um presente - por exemplo,
mento como dinheiro, um bem ou um serviço. Marketing gratidão ou boa receptividade de quem o recebe. Profis-
surge quando as pessoas decidem satisfazer necessida- sionais encarregados de levantamento de fundos são
des e desejos através da troca. bastante conscientes dos motivos "recíprocos" implíci-
Troca é o ato de obter um produto desejado de al- tos no comportamento do doador e tentam fornecer be-
guém, oferendo algo em contrapartida. Para o potencial nefícios aos mesmos, como cartas de agradecimento,
de troca existir, cinco condições devem ser satisfeitas: publicação de revistas a eles destinadas e convites espe-
ciais para participação em eventos. Recentemente, os
1. Há pelo menos duas partes envolvidas. especialistas de marketing ampliaram o conceito de
2. Cada parte tem algo que pode ser de valor para a marketing para incluir o estudo do comportamento de
outra. transferência, bem como o comportamento da transa-
3. Cada parte tem capacidade de comunicação e en- ção.
trega. Em sentido mais genérico, os especialistas de
4. Cada parte é livre para aceitar ou rejeitar a oferta. marketing estão procurando obter uma resposta
10. DeROSE, Louis J. The value network. New York : Amacom, 1994. p. 12.
Figura 1.2 Mapa de troca de duas partes mostrando suas listas de desejos.
comportamental da outra parte. Uma empresa deseja a ção. A negociação leva ao acordo ou à decisão de não
resposta chamada compra, um candidato político, o voto, transação.
uma igreja ou sinagoga, membros e um grupo de ação
social, a adoção de suas idéias. Marketing consiste de
ações adotadas para obter-se as respostas desejadas de Relacionamentos e redes
uma audiência-alvo.
Para efetuar trocas bem-sucedidas, os especialistas Anteriormente, explicamos a natureza do marketing
de marketing analisam o que cada parte espera dar e de transação que é parte de uma idéia mais ampla cha-
receber em uma transação. Situações de troca simples mada marketing de relacionamento. Marketing de rela-
podem ser mapeadas, mostrando-se dois atores e os de- cionamento é a prática da construção de relações
sejos e ofertas fluindo entre eles. Suponhamos que a satisfatórias a longo prazo com partes-chaves - consu-
Caterpillar, maior fabricante mundial de equipamentos midores, fornecedores e distribuidores - para reter sua
de movimentação de terra, pesquisa os benefícios que preferência e negócios a longo prazo.11 As empresas in-
uma construtora típica deseja quando adquire algum teligentes tentam desenvolver confiança e relacionamen-
equipamento. Esses benefícios, listados na parte supe- tos "ganha-ganha" a longo prazo com consumidores,
rior do mapa de troca da Figura 1.2, incluem equipa- distribuidores, revendedores e fornecedores. Realizam
mento de alta qualidade, preço justo, entrega pontual, isso prometendo e entregando alta qualidade, bons ser-
condições financeiras favoráveis e peças e serviços bons. viços e preços justos as outras partes no decorrer do tem-
Os desejos dessa lista de desejos não são igualmente im- po. Marketing de relacionamento resulta em fortes vín-
portantes e podem variar de comprador a comprador. culos econômicos, técnicos e sociais entre as partes. Tam-
Uma das tarefas da Caterpillar é descobrir a importân- bém reduz os custos de transação e o tempo. Na maioria
cia relativa desses diferentes desejos para o comprador. dos casos bem-sucedidos, as transações passam a ser
A Caterpillar também possui uma lista de desejos. rotineiras, em vez de serem tratadas caso a caso.
Deseja bom preço pelo equipamento, pagamento pontu- O resultado final do marketing de relacionamento
al e recomendação boca a boca favorável. Se houver é a construção de um ativo exclusivo da empresa cha-
paridade ou sobreposição suficiente nas listas de dese- mado rede de marketing. Uma rede de marketing é for-
jos, há base para uma transação existir. A tarefa da mada pela empresa e todos os interessados (stakeholders)
Caterpillar é formular uma oferta que motive a constru- que a apoiam: consumidores, funcionários, fornecedo-
tora a comprar o equipamento. Esta, por sua vez, pode res, distribuidores, varejistas, agências de propaganda,
fazer uma contraproposta. O processo de tentar chegar cientistas universitários e outros com quem constrói re-
a um acordo mutuamente aceitável é chamado negocia- lacionamentos comerciais mutuamente rentáveis.
11. Veja McKENNA, Regis. Relationship marketing. Reading, MA : Addison-Wesley, 1991; CHRISTOPHER, Martin, PAYNE, Adrian, BALLANTYNE,
David. Relationship marketing: bringing quality, customer service, and marketing together. Oxford, England : Butterworth-Heinemann,
1991; SHETH, Jagdish N., PARVATIYAR, Atul. (Org.). Relationship marketing: theory, methods, and applications. 1994 Research Conference
Proceedings. Center of Relationship Marketing. Atlanta, GA. : Roberto C. Goizueta Business School, Emory University, 1994.
30 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Comunicações
Informações
Crescentemente, a concorrência não é entre empresas, pos de consumidores. Falam sobre mercados de necessi-
mas entre redes completas, com o prêmio indo para aque- dades (como o mercado de dietéticos), mercados de pro-
la que construiu a melhor rede. O princípio operacional dutos (como o mercado de calçados), mercados
é simples: Construa uma boa rede de relacionamentos demográficos (como o mercado de jovens) e mercados
com stakeholders-chaves e os lucros acompanharão.12 geográficos (como o mercado francês). Podem estender
o conceito para cobrir também grupos não-consumido-
res, como mercados de eleitores, mercados de mão-de-
Mercados obra e mercados de doadores.
Todas as economias modernas operam em merca-
O conceito de troca leva ao conceito de mercado. dos. Os cinco mercados básicos e seus fluxos de conexão
são mostrados na Figura 1.4. Essencialmente, os fabri-
Um MERCADO consiste de todos os consumidores cantes procuram os mercados de recursos (mercados de
potenciais que compartilham de uma necessidade ou matéria-prima, mercados de mão-de-obra, mercados fi-
desejo específico, dispostos e habilitados para fazer nanceiros e outros), compram recursos e os transformam
em bens e serviços, vendendo-os, depois, como produ-
uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo.
tos acabados aos intermediários, que os vendem aos con-
sumidores. Os consumidores vendem sua força de tra-
Assim, o tamanho do mercado depende do núme- balho pela qual recebem dinheiro para pagar os bens e
ro de pessoas que mostram a necessidade ou desejo, têm serviços que compram. O governo utiliza as receitas de
recursos que interessam a outros e estão dispostas e em impostos para comprar bens dos mercados de recursos,
condições de oferecer esses recursos em troca do que de fabricantes e de intermediários, usando esses bens e
desejam. serviços para fornecer serviços públicos. Assim, a econo-
Tradicionalmente, "mercado" era o local onde com- mia de cada país e do mundo inteiro consiste de comple-
pradores e vendedores se reuniam para trocar seus bens, xos conjuntos de mercados inter-relacionados e unidos
como na praça de um vilarejo. Os economistas usam o através de processos de troca.
termo mercado para se referirem a um grupo de com-
pradores e vendedores que transacionam em torno de
um produto ou classe de produtos; daí, o mercado de
moradia, mercado de grãos e assim por diante. Entre- Praticantes de marketing e consumidores
tanto, os especialistas de marketing vêem os vendedo- potenciais
res como constituindo a indústria e os consumidores, o
mercado. A Figura 1.3 mostra o relacionamento entre a O conceito de mercados conduz-nos ao círculo
indústria e o mercado. Os vendedores e os consumido- amplo do conceito de marketing. Marketing significa tra-
res estão conectados por quatro fluxos. Os vendedores balhar com mercados para realizar trocas potenciais com
vendem bens, serviços e comunicações (anúncios, mala o propósito de satisfazer necessidades e desejos huma-
direta etc.) ao mercado; em troca recebem dinheiro e nos.
informações (atitudes, dados de vendas etc). Os fluxos Quando uma parte está mais ativamente buscando
interiores mostram a troca de dinheiro por bens e servi- uma troca do que a outra, denominamos a primeira par-
ços; os exteriores mostram a troca de informações. te de praticante de marketing e a segunda, consumidor
Freqüentemente, os empresários usam a expres- potencial. Praticante de marketing é alguém que procura
são "mercados" coloquialmente para cobrir vários gru- um ou mais consumidores potenciais que podem se
12. Veja ANDERSON, James C, HAKANSON, Hakan, JOHANSON, John. Dyadic business relationships within a business network context.
Journal of Marketing, p. 1-15, 15 Oct. 1994.
engajar em uma troca de valores. Consumidor potencial desejam através da criação, oferta e troca de produ-
é alguém que o praticante de marketing identifica como tos de valor com outros.
potencialmente disposto e habilitado a se engajar em
uma troca de valores.
O praticante de marketing pode ser um vendedor ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
ou um comprador. Suponhamos que várias pessoas de-
sejam comprar uma casa que acabou de ser posta a ven-
Enfrentar os processos de troca exige considerável
da. Cada comprador potencial tentará vender-se ao ven-
quantidade de trabalho e experiência. A administração
dedor. Realmente, esses compradores estão fazendo
de marketing ocorre quando pelo menos uma parte de
marketing! Em um evento em que ambas as partes bus-
uma troca potencial reflete sobre os meios de atingir as
cam ativamente uma troca, dizemos que as duas estão
respostas desejadas de outras partes. Usaremos a seguinte
praticando marketing e a situação é denominada
definição de administração de marketing, aprovada pela
marketing de reciprocidade.
American Marketing Association:
Em situação normal, o praticante de marketing é
uma empresa atendendo a um mercado frente aos con-
correntes (Figura 1.5). A empresa e os concorrentes ven- ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING é o processo de
dem seus respectivos produtos e mensagens diretamen- planejamento e execução da concepção, preço, pro-
te e/ou através de intermediários de marketing aos usu- moção e distribuição de idéias, bens e serviços para
ários finais. Sua eficácia relativa é influenciada por seus criar trocas que satisfaçam metas individuais e
respectivos fornecedores, bem como pelas principais for- organizacionais.13
ças ambientais (demográficas, econômicas, político-le-
gais e socioculturais). Assim, a Figura 1.5 representa os Essa definição reconhece que a administração de
principais elementos de um sistema de marketing mo- marketing é um processo que envolve análise, planeja-
derno. mento, implementação e controle; que envolve bens,
Após rever esses conceitos, podemos reunir todas serviços e idéias; que se fundamenta na noção de troca;
as partes para definir marketing: que a meta é produzir satisfação para as partes envolvi-
das.
A administração de marketing pode ser praticada
MARKETING é um processo social e gerencial pelo em qualquer mercado. Consideremos uma empresa de
qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e alimentos. O vice-presidente de recursos humanos lida
13. BENETT, Peter D. (Org.). Dictionaty of marketing terms. 2. ed. Chicago : American Marketing Association, 1995.
32 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Figura 1.5 Principais atores e forças de um sistema de marketing moderno.
com o mercado de trabalho; o vice-presidente de com- momento e a composição da demanda de maneira a aju-
pras, com o mercado de matérias-primas. Devem esta- dar a organização a atingir seus objetivos. A administra-
belecer objetivos e desenvolver estratégias para atingir ção de marketing é, essencialmente, a administração da
resultados satisfatórios nesses mercados. Entretanto, tra- demanda. A Tabela 1.1 identifica oito situações diferen-
dicionalmente, esses executivos não são chamados de tes de demanda e as tarefas correspondentes enfrenta-
praticantes de marketing e não são treinados em das pelos gerentes de marketing.
marketing. Na melhor das hipóteses, são praticantes de Os gerentes de marketing administram a demanda
marketing em tempo parcial.14 Em vez disto, a adminis- realizando pesquisa de marketing, planejamento,
tração de marketing tem sido, historicamente, identi- implementação e controle. No planejamento de marke-
ficada com tarefas e pessoas que lidam com o mercado ting, devem tomar decisões sobre mercados-alvos,
consumidor. Seguiremos esta convenção, embora o que posicionamento de mercado, desenvolvimento de pro-
dizemos sobre marketing se aplique a todos os merca- duto, fixação de preço, canais de distribuição, distribui-
dos. ção física, comunicação e promoção. Analisaremos to-
O trabalho de marketing no mercado consumidor das essas tarefas de marketing nos capítulos seguintes.
é formalmente executado por gerentes de vendas, ven-
dedores, gerentes de propaganda e promoção, pesqui-
sadores de marketing, gerentes de serviços aos consu- ORIENTAÇÕES DA EMPRESA EM RELAÇÃO AO
midores, gerentes de produtos e marcas, gerentes de MERCADO
mercado e de setores e vice-presidente de marketing.
Cada um desses cargos assume tarefas e responsabilida- Definimos administração de marketing como o es-
des bem definidas. Muitas dessas tarefas envolvem a forço consciente para atingir os resultados de mudança
administração de recursos de marketing específicos como desejados em relação aos mercados-alvos. Mas que filo-
propaganda, vendedores ou pesquisa de marketing. Por sofia deve orientar os esforços de marketing? Que pesos
seu lado, os gerentes de produtos, gerentes de mercado relativos devem ser dados aos interesses da organiza-
e o vice-presidente de marketing administra programas. ção, dos consumidores e da sociedade? Muito
Seu trabalho é analisar, planejar e implementar progra- freqüentemente, esses interesses conflitam. Por exem-
mas que produzirão um nível e composto de transações plo, um dos produtos mais populares da Dexter
desejado com os mercados-alvos. Corporation era um rentável saquinho de papel que evi-
A imagem popular do gerente de marketing é de tava que o chá misturasse com a água quente. Infeliz-
alguém cuja tarefa principal é estimular a demanda pe- mente, os materiais usados na fabricação do papel re-
los produtos da empresa. Entretanto, esta é uma visão presentavam 98% dos dejetos perigosos da empresa.
bastante limitada da diversidade das tarefas de marketing Assim, enquanto seu produto era extremamente popu-
desempenhadas por gerentes de marketing. A adminis- lar junto aos consumidores, obviamente, representava
tração de marketing tem a tarefa de influenciar o nível, o prejuízo ao meio ambiente.
14. GUMMESSON, Evert. Marketing-orientation revisited: the crucial role of the part-time marketer. European Journal of Marketing 25, n. 2, p.
60-75, 1991.
1. Demanda negativa. O mercado está em situação de demanda negativa quando grande parte do mesmo não gosta
do produto e pode até pagar para evitá-lo. As pessoas têm demanda negativa por vacinações,
tratamento odontológico, vasectomias e cirurgia da vesícula biliar. Os empregadores têm de-
manda negativa por ex-presidiários e alcoólatras como funcionários. A tarefa de marketing é
analisar por que o mercado não gosta do produto e se um programa de marketing consistindo
de redesenho do produto, preços menores e promoção mais positiva pode mudar as crenças e
atitudes do mercado.
2. Demanda inexistente. Os consumidores-alvos podem estar indiferentes ou desinteressados pelo produto. Assim, os
agricultores podem não estar interessados em um novo método de plantio e os estudantes
universitários, em cursos de línguas estrangeiras. A tarefa de marketing é encontrar maneiras
de conectar os benefícios do produto com as necessidades e interesses naturais das pessoas.
3. Demanda latente. Muitos consumidores podem sentir forte necessidade que não pode ser satisfeita por qualquer
produto existente. Há forte demanda latente por cigarros que não prejudicam a saúde, bairros
seguros e carros de baixo consumo de combustível. A tarefa de marketing é mensurar o tama-
nho do mercado potencial e desenvolver bens e serviços eficazes que atenderiam à demanda.
4. Demanda declinante. Qualquer organização, mais cedo ou mais tarde, enfrenta demanda declínante por um ou mais
de seus produtos. As igrejas vêm enfrentando declínio no número de membros e as faculdades
particulares vêm sofrendo queda no número de matrículas. A organização deve analisar as
causas do declínio do mercado e determinar se a demanda pode ser reestimulada encontrando
novos mercados-alvos, mudando as características do produto ou desenvolvendo comunicação
mais eficaz. A tarefa de marketing é reverter a demanda declinante através da recriação do
produto.
5. Demanda irregular. Muitas organizações enfrentam demanda que varia em base sazonal, diária ou, mesmo, horá-
ria, causando problemas de capacidade ideal ou de saturação. No transporte de massa, o equi-
pamento utilizado é ideal durante horários normais e insuficiente nos horários de pico. Os
museus estão vazios nos dias de semana e sobrecarregados nos fins de semana. As salas de
cirurgia dos hospitais estão sobrecarregadas no início da semana e ociosas no final. A tarefa de
marketing, denominada sincromarketing, é encontrar maneiras de alterar o mesmo padrão de
demanda através de preço flexível, promoção e outros incentivos.
6. Demanda plena. As organizações enfrentam demanda plena quando estão satisfeitas com seus volumes de ne-
gócios. A tarefa de marketing é manter o nível atual da demanda face as mudanças de prefe-
rências dos consumidores e a concorrência crescente. A organização deve manter ou melhorar
sua qualidade e, continuamente, mensurar a satisfação dos consumidores para assegurar-se de
que está fazendo um bom trabalho.
7. Demanda excessiva. Algumas organizações enfrentam um nível de demanda superior ao que podem ou desejam
atender. Assim, a ponte Golden Gate tem um volume de tráfego maior do que o recomendavel-
mente seguro e o parque nacional de Yosemite fica superlotado durante o verão. A tarefa de
marketing, denominada demarketing, é encontrar maneiras de reduzir a demanda temporária
ou permanentemente. 0 demarketing geral procura desencorajar a demanda global e consiste
de etapas como aumento de preços e redução da promoção e serviços. 0 demarketing seletivo
consiste em tentar reduzir a demanda a partir dos segmentos de mercado menos rentáveis ou
que menos necessitam do produto. O propósito do demarketing não é destruir a demanda, mas
apenas reduzir seu nível, temporária ou permanentemente.
8. Demanda indesejada. Os produtos indesejados atrairão esforços organizados para desencorajar seu consumo. Cam-
panhas de não-venda têm sido realizadas contra cigarros, álcool, entorpecentes, armas e filmes
pornográficos. A tarefa de marketing é fazer com que as pessoas desistam de gostar de alguma
coisa, usando ferramentas como mensagens que atemorizam, aumentos abruptos de preço e
redução da disponibilidade desses produtos.
Fonte: Para uma discussão mais ampla sobre o assunto, veja KOTLER, Philip. The major tasks of marketing management. Journal of Marketing,
p. 42-49, Oct. 1973 e KOTLER, Philip, LEVY, Sidney J. Demarketing, yes, demarketing. Harvard Business Review, p. 74-80, Nov./Dec.
34 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Claramente, as atividades de marketing devem ser da linha de montagem, como ocorre em alguns órgãos
conduzidas sob uma filosofia de eficiência, eficácia e de governamentais (por exemplo, nos departamentos de
marketing socialmente responsável. Na Dexter, uma for- atendimento a desempregados e de licenciamento de
ça-tarefa de funcionários representando os departamen- automóveis). Embora essa orientação gerencial possa
tos de meio ambiente, jurídico, pesquisa e desenvolvi- resultar no atendimento de vários casos por hora, gera
mento e marketing da empresa foi formada para resol- impessoalidade e serviço de baixa qualidade.
ver o problema dos dejetos perigosos. A força-tarefa foi
bem-sucedida e a empresa aumentou a participação de
mercado e, virtualmente, eliminou os dejetos perigosos Conceito de produto
do processo de fabricação.15
Outras empresas são orientadas pelo conceito de
Há cinco conceitos distintos sob os quais as orga- produto.
nizações podem escolher conduzir suas atividades de
marketing: conceito de produção, conceito de produto, O CONCEITO DE PRODUTO assume que os consumi-
conceito de venda, conceito de marketing e conceito de dores favorecerão aqueles produtos que oferecem
marketing societal. mais qualidade, desempenho ou características ino-
vadoras. Os gerentes das organizações orientadas
Conceito de produção para produto focam sua energia em fazer produtos
superiores, melhorando-os ao longo do tempo.
O conceito de produção é um dos mais antigos na
empresa. Sob este conceito, os gerentes assumem que os com-
pradores admiram produtos bem fabricados e podem
CONCEITO DE PRODUÇÃO assume que os consumi- avaliar sua qualidade e desempenho. Entretanto, esses
dores darão preferência aos produtos que estiverem gerentes, às vezes, passam a ter "um caso amoroso" com
amplamente disponíveis e forem de preço baixo. Os o produto e não percebem que o mercado pode estar
gerentes de organizações orientadas para a produ- menos interessado pelo mesmo. Esses gerentes de
ção concentram-se em atingir eficiência de produ- marketing tornam-se vítimas da falácia da "melhor rato-
eira", acreditando que uma melhor ratoeira levará as
ção elevada e distribuição ampla.
pessoas a abrir um caminho até a porta da empresa. A
história de Steven P Jobs e seu computador NeXT forne-
O pressuposto de que os consumidores estão prin- ce um alerta:
cipalmente interessados na disponibilidade de produtos
e em preços baixos enfrenta, pelo menos, duas situa-
ções. A primeira é quando a demanda por um produto JOBS E O COMPUTADOR NeXT Jobs ajudou a cri-
excede a oferta, como em muitos países em desenvolvi- ar a indústria de microcomputadores com seu Apple
mento. Neste caso, os consumidores estão mais interes- Macintosh. Suas expectativas eram muito altas quando
sados em obter o produto do que em examinar detalhes lançou o computador de mesa NeXT no final dos anos
especiais. Os fornecedores estão dispostos a encontrar 80. Todavia, após consumir $ 200 milhões dos fundos
maneiras de aumentar a produção. A segunda situação de investimentos, o NeXT não valia os $ 10.000 cobra-
é quando o preço do produto é alto e precisa ser reduzi- dos no início de 1993. O que estava errado? O computa-
do para expandir o mercado. A Texas Instruments forne- dor era atraente e de fácil uso. Trazia alto-falante de alta
ce um exemplo. Ela é uma das empresas norte-america- fidelidade e a primeira leitora de CD-ROM embutida em
nas líderes em "aumentar a produção para baixar o pre- um computador de mesa. Entretanto, nunca pareceu cla-
ço", filosofia que Henry Ford foi pioneiro no início deste ro o que os consumidores do equipamento pretendiam
século para expandir o mercado automobilístico. A Texas ou qual computador supunha-se ser o melhor. Primeiro,
Instruments emprega todos seus esforços para aumen- Jobs introduziu sua máquina do sonho como estação de
tar a produção e melhorar a tecnologia para reduzir os trabalho no mercado acadêmico, mas poucos pesquisa-
custos. Utiliza os custos mais baixos para cortar preços e dores podiam arcar com o alto preço cobrado. Depois,
expandir o tamanho do mercado. Luta para atingir a tentou o mercado de engenheiros, mas estes preferiam
posição dominante em seus mercados. Esta tem sido tam- as estações de trabalho da Sun Microsystems e da Silicon
bém a principal estratégia de muitas empresas japone- Graphics. Havia também grande problema de software;
sas. o NeXT era incompatível com o IBM ou Apple, portanto,
Algumas organizações de serviços também operam não havia softwares suficientes. No momento em que Jobs
no conceito de produção. Muitas práticas médicas e encontrou o mercado certo para seu computador, a
odontológicas estão organizadas conforme os princípios tecnologia já havia sido dominada pela concorrência.16
15. DECHANT, Kathleen, ALTMAN, Barbara. Environmental leadership: from compliance to competitive advantage. Academy of Management
Executive, 8, n. 3, p. 7-19, 1994.
16. CLANCY, J. Kevin, SHULMAN, Robert S. Marketing myths that are killing business: the cure for death wish marketing. New York : McGraw-
Hill, 1994. p. 83-85; POWER, Christopher. Flops. Business Week, p. 76-82, 16 Aug. 1993.
17. Veja NEWMAN, Bruce I. The marketing of the president. Thousand Oaks, CA: Sage, 1993.
18. DRUCKER, Peter. Management: tasks, responsabilities, practices. New York : Harper & Row, 1973. p. 64-65.
36 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
rão dele e, se não gostarem, não vão falar mal dele aos parte de uma perspectiva de dentro para fora. Começa
amigos ou fazer reclamações junto aos órgãos de prote- com a fábrica, focaliza os produtos da empresa e exige
ção ao consumidor. E que eles, possivelmente, esquece- ênfase em venda e promoção na geração de resultados
rão seu desapontamento e comprarão novamente. Essas rentáveis. O conceito de marketing parte de uma pers-
são suposições falsas sobre o consumidor. Um estudo pectiva de fora para dentro. Começa com um mercado
mostrou que os consumidores insatisfeitos podem falar bem definido, focaliza as necessidades dos consumido-
mal de um produto a dez ou mais conhecidos; as más res, integra todas as atividades que os afetarão e produz
notícias chegam com maior rapidez.19 lucro através da satisfação dos mesmos.
19. Veja ALBRECHT, Kaul, ZEMKE, Ron. Service America! Homewwod, IL : Dow Jones-Irwin, 1985. p. 6-7.
20. Veja McKITTERICK, John B. What is the marketing management concept? The frontiers of marketing thought and action. Chicago : American
Marketing Association, 1957. p. 71-82; BORCH, Fred J. The marketing philosophy as a way of business life. The marketing concept: its
meaning to management. New York : American Management Association, 1957. p. 3-5 (Marketing series, n. 99); e KEITH, Robert J. The
marketing revolution. Journal of Marketing, p. 35-38, Jan. 1960.
21. LEVITT, Op. cit.
22. MALLORY, Maria. Waking up to a major market. Business Week, p. 70-73, 23 Mar. 1993.
ras de mármore verdadeiro ou de ônix. Além dis- entra em uma loja de material de construção e pede
so, as banheiras eram tão pesadas que o piso preci- massa para fixar vidros. Ele está declarando uma solu-
saria ser reforçado. Ademais, a maioria das banhei- ção, não uma necessidade. A necessidade é fixar os vi-
ras era vendida na faixa de $ 500 e poucas pessoas dros sobre o madeiramento. O vendedor da loja pode
estariam dispostas a gastar $ 2.000. A empresa sugerir uma solução melhor do que a massa, uma fita
química escolheu um mercado-alvo, mas falhou por colante especial que possui a vantagem adicional de se-
não conhecer os consumidores. cagem instantânea. Neste caso, o vendedor atendeu à
necessidade real do consumidor, não à necessidade de-
Embora marketing seja atender às necessidades clarada.
rentavelmente, entender essas necessidades nem sem- O pensamento orientado para o consumidor exige
pre é tarefa simples. Alguns consumidores têm necessi- que a empresa defina as necessidades do mesmo a partir
dades que nem mesmo eles estão plenamente conscien- de seu ponto de vista (do consumidor). Todas as deci-
tes de sua existência ou podem expressá-las. Quando o sões de compra envolvem compromissos e a administra-
fazem, usam palavras que exigem alguma interpretação. ção não pode saber quais são eles sem pesquisar os con-
O que significa o consumidor solicitar um carro "bara- sumidores. Assim, um comprador de carro gostaria de
to", um cortador de grama "poderoso", um torno mecâ- um veículo seguro, atraente e de alto desempenho que
nico "rápido", uma roupa de banho "atraente" ou um custe menos de $ 10.000. Desde que todas essas carac-
hotel "tranqüilo"? terísticas não podem ser combinadas em um carro, os
Consideremos o consumidor que diz desejar um designers devem fazer escolhas difíceis baseadas no co-
carro "barato". O fabricante deve aprofundar o que isso nhecimento da melhor combinação das exigências do
significa. Podemos distinguir entre cinco tipos de neces- consumidor.
sidades: Em geral, uma empresa pode responder às exigên-
cias dos consumidores oferecendo-lhes o que desejam
1. Necessidades declaradas (o consumidor deseja um ou necessitam realmente. A chave para o marketing pro-
carro barato). fissional é entender as necessidades reais dos consumi-
2. Necessidades reais (o consumidor deseja um carro dores melhor do que qualquer concorrente.
cuja manutenção, não o preço inicial, seja baixa). Algumas empresas fazem distinção entre marketing
3. Necessidades não declaradas (o consumidor espera responsivo e marketing criativo. Uma empresa responsiva
bons serviços do revendedor). encontra uma necessidade declarada e a atende. Uma
4. Necessidades de prazer (o consumidor compra o car- criativa descobre e produz soluções que os consumido-
ro e recebe um mapa rodoviário do país). res não declaram, mas que respondem entusiasticamen-
5. Necessidades secretas (o consumidor deseja ser visto te. Hamel e Prahalad acreditam que as empresas devem
pelos amigos como inteligente e orientado para o ir além, perguntando o que os consumidores desejam:
valor do produto).
É notória a falta de previsão dos consumidores. Há 10 ou
Responder às necessidades declaradas do consu- 15 anos, quantos de nós estavam procurando telefones ce-
midor pode subestimá-lo. Consideremos uma pessoa que lulares, aparelhos de fax e copiadoras domésticas, aplica-
38 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
ções financeiras 24 horas por dia, motores de automóveis período. De fato, 95% dos consumidores insatisfeitos não
multipontos, tocadores de CD, carros com sistema de na- reclamam; muitos apenas deixam de comprar.25 A me-
vegação a bordo, mini-antenas de regulagem manual para lhor coisa que uma empresa pode fazer é facilitar o pro-
sintonia de satélite, caixas eletrônicos, MTV ou redes ele- cesso de reclamações dos consumidores. Servem a esse
trônicas de compra?23 propósito os formulários encontrados nos quartos de
hotéis e as "linhas quentes" como aquelas oferecidas pela
A Sony Corporation é um bom exemplo de empre- Procter & Gamble e General Electric. Essas empresas
sa que vai além do "marketing limitado ao que os consu- esperam que os consumidores telefonem fazendo suges-
midores pensam". É empresa orientada para marketing, tões, perguntas e reclamações. A 3M afirma que cerca
não apenas orientada para o mercado. Akio Morita, seu de dois terços das idéias de melhoramento de produtos
fundador, declara que não atende a mercados; cria mer- recebidas provêm das reclamações dos consumidores.
cados. Entretanto, apenas ouvir não é suficiente. A em-
Por que é tão importante satisfazer aos consumi- presa deve responder construtivamente às reclamações:
dores-alvos? Porque as vendas de uma empresa decor-
rem de dois grupos: consumidores novos e consumido- Dos consumidores que registram uma reclamação, entre
res leais. A Fórum Company estima que atrair um novo 54 e 70% comprarão novamente da organização se sua
consumidor pode custar cinco vezes mais do que agra- queixa for atendida. O quadro chega a 95% se o consumi-
dar um consumidor leal.24 Pode custar dezesseis vezes dor achar que a reclamação foi rapidamente resolvida. Os
mais trazer um novo consumidor ao mesmo nível de ren- consumidores que reclamaram a uma organização e fo-
tabilidade de um consumidor perdido. Assim, a retenção ram satisfatoriamente atendidos resolveram comunicar o
do consumidor é mais importante do que sua atração. A fato a cinco pessoas sobre o tratamento recebido.26
chave para a retenção do consumidor é sua satisfação.
Um consumidor altamente satisfeito: Quando uma empresa percebe que um consumi-
dor leal pode representar substancial volume de
• Mantém-se leal muito mais tempo. faturamento durante anos, também percebe a tolice de
• Compra mais à medida que a empresa lança novos arriscar a perdê-los, ao ignorar uma queixa ou demanda
produtos e melhora os produtos existentes. de pequeno valor. A IBM exige de todos os vendedores
• Faz comentários favoráveis sobre a empresa e seus um relatório completo de cada cliente perdido, com to-
produtos. das as providências tomadas para restaurar sua satisfa-
• Presta menos atenção à propaganda de marcas con- ção. Recuperar consumidores perdidos é uma atividade
correntes e é menos sensível a preço. de marketing importante e, freqüentemente, custa me-
• Oferece idéias de produtos/serviços à empresa. nos do que atrair novos compradores.
• Custa menos atendê-los do que os novos consumi- Uma empresa há muito tempo reconhecida pela
dores porque as transações de compra já estão ênfase na satisfação do consumidor é a L. L. Bean, Inc.,
rotinizadas. de Freeport, Maine, que administra um negócio de ven-
da por catálogo de roupas e equipamentos para a vida
Um executivo da Lexus japonesa comentou com o no campo. Ela combina cuidadosamente seus programas
autor deste livro: "O propósito de minha empresa vai externos e internos de marketing. Para seus consumido-
além de satisfazer os consumidores. Nosso propósito é res, oferece o seguinte:27
encantar os consumidores."
Assim, uma empresa seria inteligente ao mensurar
regularmente a satisfação do consumidor. Por exemplo,
100% DE GARANTIA
poderia retirar uma amostra de compradores recentes e,
por telefone, indagar quantos estão altamente satisfei- Todos os nossos produtos oferecem 100% de ga-
tos, satisfeitos, indiferentes, insatisfeitos ou altamente rantia de satisfação. Caso contrário, qualquer com-
insatisfeitos. Poderia perguntar também sobre os princi- pra pode ser devolvida em qualquer época. Substi-
pais fatores de satisfação ou insatisfação e, depois, usar tuímos o produto, devolvemos o dinheiro ou cre-
essa informação para melhorar o desempenho do perío- ditamos em seu cartão de crédito, como você dese-
do seguinte. jar. Não desejamos que você compre algo da L. L.
Algumas empresas acham que estão mensurando Bean que não seja de sua inteira satisfação.
a satisfação dos consumidores conversando com alguns
deles, conforme o tipo de reclamação recebida em cada
23. HAMEL, Gary, PRAHALAD, C. K. Seeing the future first. Fortune, p. 64-70, 5 Sept. 1994.
24. Veja SELLERS, Patrícia. Getting customers to love you. Fortune, p. 38-49, 13 Mar. 1989.
25. Veja Technical Assistance Research Programs (TARP). U.S. Office of Consumer Affairs Study on Complaint Handling in America, 1986.
26. ALBRECHT e ZEMKE. Op. cit. p. 6-7.
27. Cortesia da L. L. Bean, Freeport, Maine.
28. Ibidem.
40 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETINGO
Figura 1.7 Pirâmide organizacional tradicional versus pirâmide organizacional invertida orientada para o consu-
midor.
indicar que todos os administradores da empresa estão Procter & Gamble, Apple Computer, Disney, Nordstrom,
pessoalmente envolvidos em conhecer, contatar e servir Wal-Mart, Milliken, McDonald's, Marriott Hotels,
os consumidores. American Airlines e várias empresas japonesas (Sony,
Toyota, Canon) e européias (Ikea, Club Med, Ericsson,
Bang & Olufsen, Marks & Spencer). Essas empresas focam
RENTABILIDADE. O propósito final do conceito de
o consumidor e estão organizadas para responder efi-
marketing é ajudar as organizações a atingir suas me-
cazmente as suas necessidades mutantes. Todas pos-
tas. No caso de empresas privadas, a principal meta é o
suem departamentos de marketing bem estruturados e
lucro; nas organizações que não visam ao lucro e nas
seus demais departamentos - produção, finanças, pes-
públicas, sua sobrevivência e atração de recursos sufici-
quisa e desenvolvimento, recursos humanos, compras -
entes para desempenharem seu trabalho. Nas organiza-
também aceitam o conceito de que o consumidor é rei.
ções que não visam ao lucro, a chave não é atingir o
A maioria das empresas não adota o conceito de
lucro como tal, mas como subproduto de um bom traba-
marketing até que seja levada a ele por circunstâncias
lho. Uma empresa que melhor satisfaz as necessidades
especiais. Qualquer dos seguintes desenvolvimentos pode
dos consumidores ganha mais dinheiro do que suas con-
provocá-las:
correntes. Consideremos a filosofia de Frank Perdue:
• Declínio das vendas. Quando as empresas enfrentam
As avícolas Perdue faturam queda de vendas, entram em pânico e passam a pro-
$ 1,5 bilhão em frangos, cujas margens estão substan- curar respostas. Por exemplo, os jornais estão sen-
cialmente acima da média do setor, com participação de tindo queda na circulação à medida que mais pesso-
50% nos principais mercados. O produto é frango, uma as assistem os noticiários de televisão (comum e a
commodity, se podemos chamar assim! Todavia, seu fol- cabo). Alguns donos de jornais estão percebendo que
clórico fundador, Frank Perdue, não acredita que "fran- sabem pouco sobre o hábito das pessoas lerem jor-
go é sempre igual", nem seus consumidores. Seu lema é: nais. Estão fazendo pesquisa e tentando redesenhar
"Qualquer homem rude pode fazer um frango macio" e os jornais para torná-lo contemporâneo, relevantes
garante a devolução do dinheiro aos consumidores insa- e interessantes aos leitores.
tisfeitos. Sua devoção em produzir frangos de qualidade • Crescimento lento. O crescimento lento das vendas
justifica o preço premium pago pelos consumidores. Seu leva algumas empresas a procurar novos mercados.
princípio é que, se alguém oferece um produto de quali- Muitas dessas empresas percebem que necessitam de
dade superior e integridade no negócio, lucros altos, know-how em marketing para identificar e selecionar
participação de mercado e crescimento serão decorrên- novas oportunidades. Desejando novas fontes de re-
cia. ceita, a Dow Chemical decidiu entrar em mercados
Realmente, quantas empresas praticam o conceito consumidores, investindo pesadamente para adqui-
de marketing? Infelizmente, muito poucas. Apenas al- rir experiência em marketing de produtos de consu-
gumas podem ser consideradas mestres em marketing: mo para desempenhar bem nesses mercados.
29. Veja UTTAL, Bro. Selling is no longer Mickey Mouse at AT&T. Fortune, p. 98-104, 17 July 1978.
30. Veja BONOMA, Thomas V, CLARK, Bruce H. Marketing performance assessment. Boston : Harvard Business School Press, 1988.
42 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Figura 1.8 Visões que envolvem o papel de marketing na empresa.
e demoníaco pareciam bastante exóticos para os consu- te nos Estados Unidos. O resultado deturpado e ofensi-
midores e os bolos perfeitos mostrados na embalagem vo foi "Qualquer homem sexualmente excitado pode fa-
pareciam ser de preparo difícil. Os profissionais norte- zer um frango carinhoso". Mesmo quando a linguagem
americanos de marketing falharam ao não considerar é a mesma, a maneira das palavras serem usadas podem
importantes diferenças culturais entre e dentro dos paí- variar de país a país: o título dos anúncios da Electrolux
ses europeus. na Inglaterra para seus aspiradores de pó - "Nada suga
As empresas enfrentam uma tarefa especialmente mais do que um Electrolux" - certamente não atrairia os
difícil para adaptar os títulos de seus anúncios aos mer- consumidores dos Estados Unidos!31 (*)
cados internacionais. Por exemplo, quando a Coca-Cola
tentou entrar no mercado chinês em 1979, descobriu
que a simplificação introduzida por Mao nos caracteres Conceito de marketing societal
chineses havia transformado o significado literal de Coca-
Cola em "Morda o girino de cera". A Coca-Cola solucio- Em anos recentes, algumas pessoas têm questio-
nou esse problema usando quatro caracteres em nado se o conceito de marketing é uma filosofia apropri-
mandarim significando "Alegria da lata, alegria da boca". ada em uma era de deterioração ambiental, escassez de
Muitas pessoas lembram o que ocorreu quando o título recursos, crescimento explosivo da população, fome e
do anúncio de Frank Perdue - "Qualquer homem rude pobreza mundial e de negligência dos serviços sociais.32
pode fazer um frango macio" - foi veiculado nas redes As empresas estão fazendo um trabalho excelente para
de televisão para a população latino-americana residen- satisfazer aos desejos dos consumidores, agindo, neces-
31. BARNET, Richard. Global dreams: imperial corporations and the new world order. New York: Simon & Schuster, 1994. p. 170-171; CZINKOTA,
RONKAINEN, TARRANT. The global marketing imperative. p. 249.
4
Nos Estados Unidos, o verbo to suck (sugar, chupar) também é usado como gíria para exprimir "levar vantagem" ou empregado em sentido
chulo. (N.T.)
32. Veja COLLINS, Marilyn. Global corporate philanthropy: marketing beyond the call of duty? European Journal of Marketing 27, n. 2, p. 46-58,
1993; WEBSTER, JR., Frederick E. Defining the new marketing concept. Marketing Management 2, n. 4, p. 22-31, 1994; WEBSTER, JR.,
Frederick E. Executing the new marketing concept. Marketing Management 3, n. 1, p. 8-16, 1994; ELLIOTT, Gregory R. The marketing
concept: necessary, but sufficient? An environmental view. European Journal of Marketing 24, n. 8, p. 20-30, 1990.
33. COLLINS, Glenn. Ben & Jerry's talent hunt ends. The New York Times, 2 Feb. 1995, Dl, p. 3; DREIFUS, Claudia. Passing the scoop. The New
York Times Magazine, p. 6,18 Dec. 1994; RODDICK, Anita. Body and soul. New York : Crown, 1991; ZINN, Laura. Anita Roddick: Body Shop
international. Business Week/Enterprise, p. 120, 1993; UTNE, Eric. Beyond the Body Shop brouhaha. Utne Reader, p. 101-102, Jan./Feb.
1995; RODDICK, Anita. Who judges the judges? Utne Reader, p. 104, Jan./Feb. 1995.
PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
ganização "Salve as florestas tropicais" e a outras causas ADOÇÃO RÁPIDA DA ADMINISTRAÇÃO DE
sociais. Para promover a conscientização sobre a AIDS,
MARKETING
tem distribuído preservativos e folhetos sobre a prática
de sexo seguro em cerca de 150 de suas lojas localizadas
nos Estados Unidos. A franca Roddick fala rotineiramente Hoje, a administração de marketing é objeto de
contra as tendências dominantes da indústria de cosmé- crescente interesse de todos os tipos de organizações,
ticos e promove a marca de sua empresa como represen- dentro e fora do setor empresarial e em países espalha-
tando um capitalismo socialmente responsável. Entre- dos pelo mundo.
tanto, ela tornou-se muito vulnerável às investidas da
imprensa. Em 1992, a The Body Shop processou um ca-
nal de televisão que questionou em um programa sua No setor empresarial
imagem de empresa socialmente consciente. Quando
ganhou a ação em 1993, ainda se via atacada por críti- Marketing foi aceito conscientemente no setor
cos que alegavam a empresa não estar preocupada com empresarial em épocas diferentes. A General Electric,
sua reputação e que seus lucros estavam caindo à medi- General Motors, Procter & Gamble e Coca-Cola estavam
da que concorrentes copiadores entravam no mercado entre as primeiras líderes. Marketing difundiu-se mais
de produtos naturais. Entretanto, Roddick mantém-se rapidamente nas empresas de produtos de consumo,
resoluta: "Qualquer empresa orientada por valores pode empresas de bens duráveis e nas de equipamentos in-
esperar reações extremas. Ou você está voando junto dustriais, nesta ordem. Os fabricantes de commodities
aos anjos do céu ou é atirada aos demônios, sempre com como aço, produtos químicos e papel adotaram depois a
um alvo colado em suas costas." consciência de marketing e muitos ainda têm longo ca-
minho a percorrer. Nos anos 80, as empresas de presta-
ção de serviços ao consumidor, principalmente linhas
Essas empresas estão praticando marketing rela- aéreas e bancos, movimentaram-se em direção ao
cionado a causas sociais, uma versão do conceito de marketing moderno. Marketing está começando a atrair
marketing societal e é um fator importante para seu su- o interesse das seguradoras e corretoras, embora tenham
cesso.34 ainda muito a aprender para aplicar marketing eficaz-
Um crescente número de empresas está usando mente. A seção Insight de marketing intitulada "Cinco
marketing relacionado a causas sociais em escala mais estágios do lento aprendizado do marketing bancário"
limitada. Quando a Continental Airlines decidiu retomar descreve as fases atravessadas pelos bancos na adoção
os vôos do aeroporto de Hobby, Houston, prometeu fa- de marketing.
zer uma doação em dinheiro para reformar o terminal
As atividades mais recentes que passaram a inte-
aéreo destinado aos passageiros que embarcassem em
ressar-se por marketing são os prestadores de serviços
seus aviões. Na campanha de levantamento de fundos
profissionais como advogados, contadores, auditores,
para restauração da Estátua da Liberdade, a American
médicos e arquitetos.35 As associações profissionais cos-
Express prometeu doar 1% de seu faturamento, espe-
tumavam proibir seus associados de entrar em concor-
rando que mais pessoas passassem a fazer compras com
rência de preços, disputa de clientes e propaganda. Mas
seu cartão de crédito. Várias outras empresas têm con-
a divisão norte-americana antitruste decidiu que essas
tribuído para campanhas de caridade tomando como
restrições são ilegais. Agora, esses profissionais podem
referência as vendas realizadas durante determinado
fazer propaganda e praticar concorrência agressiva de
período. Elas entram nessas campanhas de marketing
preços. Referem-se à marketing como "prática de desen-
relacionado às causas sociais por vários propósitos: for-
volvimento de negócios", trabalham no "posicionamento"
talecer a imagem corporativa, minimizar o efeito de pu-
de suas empresas e identificam "clientes potenciais quen-
blicidade negativa, pacificar grupos de consumidores,
tes" para serem trabalhados.
lançar um novo produto ou marca, ampliar a base de
consumidores e gerar mais vendas. Alguns críticos re-
clamam que esse tipo de marketing explora os
organizadores da causa e pode levar os consumidores a No setor que não visa o lucro
se sentirem cumpridores de seus deveres de filantropia
ao comprar um produto, em vez de fazerem uma doa- Marketing está crescentemente atraindo o interes-
ção direta. se das organizações que não visam o lucro como facul-
34. Veja VARADARAJAN, E Rajan, MENON, Anil. Cause-related marketing: a coalignment of marketing strategy and corporate philanthropy.
Journal of Marketing, p. 58-74, July 1988; e EMBLEY, L. Lawrence. Doing well while doing good. Englewood Cliffs, NJ : Prentice-Hall, 1993.
35. Veja KOTLER, Philip, BLOOM, Paul. Marketingprofessional services. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1984.
46 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
dades, hospitais, igrejas e grupos artísticos e teatrais.36 diretor de marketing. Mesmo órgãos governamentais
Consideremos os seguintes desenvolvimentos: como o correio e o exército estão implementando pla-
nos de marketing. Vários órgãos governamentais e or-
Muitos grupos artísticos e teatrais precisam atrair ganizações que não visam o lucro estão também lançan-
públicos maiores. Frente à queda de venda de in- do campanhas de marketing social para desestimular o
gressos, a Orquestra Sinfônica de Colorado perce- tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas
beu que precisava atrair uma nova geração de e práticas sexuais inseguras.42
amantes da música, para os quais a "música clássi-
ca" é vista como desinteressante ou maçante. Uma
das inovações de marketing da orquestra foi orga- No setor global
nizar um novo programa de fim de semana cha-
mado "Clássicos eventuais" em que os novatos eram A teoria e a prática de marketing, anteriormente
convidados a bebericar vinho e cerveja com os com- limitadas a alguns países ocidentais, estão espalhando-
ponentes da orquestra e a fazer perguntas a eles se rapidamente pelo mundo. Em parte, é porque muitas
antes e após o programa.37 grandes empresas têm partido para a globalização, le-
vando consigo suas práticas de marketing. Ao competir
Em face da queda de matrículas e custos crescen- por novos mercados, têm forçado as empresas locais a
tes, muitas faculdades particulares estão adotando defender suas posições e a aprender e aperfeiçoar suas
marketing para concorrer por alunos e fundos. Es- próprias práticas de marketing. Uma pequena fábrica
tão definindo melhor seus mercados-alvos, melho- indiana de sabão chamada Nirma enfrentou a poderosa
rando as comunicações e a promoção e responden- Hindustan Lever Company of índia (subsidiária da
do melhor aos desejos e necessidades dos alunos.38 Unilever), que dominava o mercado indiano de sabão. A
Nirma lançou agressivamente uma nova marca utilizan-
Com o crescente aumento de custos, os hospitais do forte campanha de propaganda no rádio para enfren-
têm procurado respostas em marketing. Estão de- tar as marcas mais conhecidas da Lever.
senvolvendo planos de linha de produtos, melho- Hoje, seminários de treinamento de marketing de
rando o atendimento de emergência, contratando alta qualidade estão sendo patrocinados não apenas em
médicos mais preparados, veiculando anúncios e países industrializados, mas também em países emer-
fazendo visitas de vendas às empresas.39 gentes como Indonésia, Malásia, Egito e Colômbia. Nos
antigos países socialistas, onde marketing não soava bem,
Muitas das 300.000 igrejas norte-americanas es- o tema é agora um dos assuntos mais atuais nas empre-
tão perdendo membros e falhando na captação de sas. A tradução deste livro na Polônia tornou-se best-
recursos financeiros. As igrejas precisam conhecer seller na área de negócios e pode ser comprado na Rússia
melhor as necessidades de seus membros e as ins- apenas no mercado paralelo. Claramente, as empresas
tituições e atividades concorrentes, se pretendem domésticas e estrangeiras vêem seu futuro dependente
reviver o papel já exercido em suas comunidades.40 de sua habilidade de entender melhor os compradores e
os mercados do que seus concorrentes. Os mercados glo-
Muitas organizações que não visam o lucro flores- bais se aquecerão no futuro e os concorrentes precisa-
cente no passado - a Associação Cristã de Moços rão entender e aplicar os mais recentes conceitos e es-
(ACM), o Exército da Salvação, o Grupo de Ban- tratégias de marketing.
deirantes e a Associação Cristã Feminina -, vêm
perdendo membros e estão agora modernizando
suas missões e "produtos" para atrair mais associa-
dos e doadores.41
36. Veja KOTLER, Philip, ANDREASEN, Alan R. Strategic marketing for nonprofit organizations. 5. ed. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1996.
37. ATCHISON, Sandra D. Grand ole symphony? Business Week, p. 76-77, 6 Sept. 1993.
38. Veja KOTLER, Philip, FOX, Karen. Strategic marketing for educational institutions. 2. ed. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1995.
39. KOTLER, Philip, CLARKE, Roberta N. Marketing for health care organizations. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1987.
40. SHAWCHUCK, Norman, KOTLER, Philip, WREN, Bruce, RATH, Gustave. Marketing for congregations: choosing to serve people more effectively.
Nashville, TN : Abingdon Press, 1993.
41. KOTLER e ANDREASEN. Strategic marketing for nonprofit organizations. Op. cit.
42. KOTLER, Philip, ROBERTO, Eduardo. Social marketing: strategies for changing public behavior. New York : Free Press, 1990.
1. Hoje, as empresas enfrentam grandes desafios. Os distribuição de bens, serviços e idéias para criar tro-
avanços na tecnologia e nas telecomunicações têm cas com grupos-alvos que satisfaçam aos objetivos
aproximado todos os países do mundo que estão dos consumidores e organizações. Administração de
formando uma economia global. Ao mesmo tempo, marketing é essencialmente administração da de-
muitos países permanecem pobres e as diferenças manda: sua tarefa é influenciar o nível, o tempo e a
de renda entre os ricos e os pobres estão crescendo. composição da demanda.
As empresas devem responder às tendências do 5. Há cinco conceitos alternativos sob os quais as orga-
mercado e, ao mesmo tempo, assumir responsabili- nizações podem conduzir suas atividades de
dade pela proteção ambiental. Devem também focar marketing: conceito de produção, conceito de pro-
o consumidor se pretenderem obter sucesso no mer- duto, conceito de venda, conceito de marketing e
cado global. conceito de marketing societal. Os três primeiros
2. Marketing é um processo social e gerencial pelo qual conceitos são de utilidade limitada nos dias de hoje.
indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e dese- O conceito de marketing assume que a chave para a
jam através da criação, oferta e troca de produtos realização das metas organizacionais consiste em
de valor no mercado. Praticante de marketing é al- determinar as necessidades e desejos dos mercados-
guém que procura um ou mais consumidores poten- alvos e entregar as satisfações desejadas mais eficaz
ciais que podem se engajar em uma troca de valo- e eficientemente do que os concorrentes. Começa
res. Esta definição contém várias revelações: (1) Os com um mercado bem definido, foca as necessida-
praticantes de marketing não criam necessidade; des dos consumidores, integra todas as atividades
estas já existem antes deles. (2) Por um produto for- que os afetarão e gera lucro pela satisfação dos con-
necer a solução para uma necessidade, ele significa sumidores.
um meio de embalar um serviço. Assim, o trabalho Em anos recentes, algumas pessoas têm questiona-
de um praticante de marketing é vender os benefíci- do se o conceito de marketing é uma filosofia apro-
os ou serviços contidos em um produto físico, em priada em um mundo que enfrenta grandes desafi-
vez do próprio produto. (3) O praticante de os demográficos e ambientais. O conceito de
marketing procura obter uma resposta comporta- marketing societal assume que a tarefa da organiza-
mental da outra parte. Portanto, marketing não está ção é determinar as necessidades, desejos e interes-
limitado a bens de consumo; é também amplamen- ses de mercados-alvos e entregar as satisfações de-
te usado para "vender" idéias e programas sociais. sejadas mais eficaz e eficientemente do que os con-
3. Marketing de relacionamento é o desenvolvimento correntes, de maneira a preservar ou melhorar o
de relações satisfatórias a longo prazo entre as par- bem-estar do consumidor e da sociedade. O concei-
tes - consumidores, fornecedores, distribuidores - to alerta que as empresas devem equilibrar três con-
para manter preferência e negócios a longo prazo. siderações: o lucro da empresa, a satisfação dos de-
As empresas ágeis desenvolvem relacionamentos sejos do consumidor e o interesse público.
"ganha-ganha" a longo prazo entregando alta quali- 6. Por sua importante contribuição aos objetivos
dade, bons serviços e preços justos para as outras organizacionais e/ou ao lucro, a administração de
partes. marketing tem sido rapidamente adotada no setor
4. Administração de marketing é o processo de plane- empresarial, no setor que não visa ao lucro e no se-
jar e executar a concepção, o preço, a promoção e a tor global.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. A Compaq Computer ficou famosa no início dos anos Como a Compaq organizaria suas operações se fos-
80 ao tornar-se a primeira empresa de computado- se orientada pelo conceito de produção? Pelo con-
res a fabricar e vender "clones" da IBM. Observado- ceito de venda? Pelo conceito de marketing?
res apontam a habilidade da empresa desenvolver 2. O box Insight de Marketing deste capítulo usa o se-
produtos com grande rapidez e de trabalhar junto a tor bancário para discutir os cinco estágios atraves-
empresas gigantes, como Intel, como chaves para sados pelas organizações à medida que desenvol-
seu sucesso. vem o entendimento de marketing. Discuta os mes-
48 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
mos cinco estágios no contexto das faculdades de 6. Todas as empresas precisam praticar o conceito de
ciências humanas que estão enfrentando declínio no marketing? Você pode citar empresas que não ne-
número de matrículas. cessitam dessa orientação? Que empresas precisam
3. Os hospitais estão contratando profissionais de mais?
marketing talentosos e aumentando substancialmen- 7. Russell Stover, fabricante de chocolates de preço
te seus orçamentos de marketing. Dessa forma, os moderado vendidos em drogarias e lojas de descon-
administradores hospitalares estão declarando que tos, está procurando melhorar sua participação de
seus hospitais devem ser instituições "orientadas para mercado. Como ele poderia trabalhar com a
o mercado". O que tem causado esse maior interes- Hallmark para realizar suas metas? Que benefícios
se por marketing? O que significa um hospital "ori- receberia? Quais seriam os benefícios recebidos pela
entado para o mercado"? Hallmark? Se as duas empresas organizassem uma
4. Hoje, marketing de relacionamento é uma das ten- aliança estratégia, como poderiam desenvolver anún-
dências mais marcantes e você encontrará este con- cios para promover conjuntamente seus produtos?
ceito integrado no decorrer deste livro. Os especia- 8. "Marketing não é simplesmente o trabalho de um
listas têm definido o termo de muitas maneiras - grupo de pessoas na empresa que são responsáveis
mas o fator crucial é sempre "conhecer melhor seus pela venda dos produtos da empresa. Cada funcio-
consumidores (clientes, públicos etc.) para melhor nário da empresa deve funcionar como profissional
atender seus desejos e necessidades". de marketing." Como uma empresa de recrutamen-
Anote quatro transações em que você tenha partici- to de pessoal pode funcionar como praticante de
pado e classifique cada uma como muito satisfatória, marketing?
satisfatória, adequada, insatisfatória e muito insatis- 9. A empresa Planter's está preparando para lançar
fatória. Naquela(s) transação(ções) classificada(s) castanhas cobertas com mel e sem gordura, que
como insatisfatória(s), o que a empresa ou vende- mantém o sabor original do fruto. As informações
dor poderia ter feito melhor? Para aquela(s) seguintes foram reunidas para ajudar a equipe
classificada(s) como satisfatória(s), que fatores es- gerencial a analisar o ambiente de marketing e deci-
pecíficos levaram a esse estado de satisfação? dir que mercado-alvo é mais viável para introdução
5. Há contradição entre praticar marketing para algo do produto. Qual é o melhor mercado para o produ-
que possui demanda negativa e o verdadeiro con- to? Por quê?
ceito de marketing?
Tabela 1
10. O diretor-gerente de uma grande empresa fez a se- todos os seus problemas ou ser eficiente. Você preci-
guinte declaração: "Para ser bem-sucedido em um sa descobrir o que faz certo para o consumidor já
negócio, você precisa de um consumidor. Você não conquistado e melhorar." Avalie a validade desta
necessita daqueles pequenos conceitos acadêmicos declaração.
de como administrar. Nem mesmo precisa resolver
Nossa meta como empresa (Wal-Mart) é prestar serviços aos consumidores que não
sejam apenas os melhores, mas que se tornem lendários.
SAM WALTON
A única segurança de emprego que alguém tem nesta empresa (Chrysler) decorre da
qualidade, produtividade e de consumidores satisfeitos.
LEE IACOCCA
Examine nosso balanço. No lado do ativo, você pode ver muitos aviões valendo mui-
tos bilhões. Mas está errado; isso é tolice. O que deve aparecer no lado do ativo é: No
último ano, a SAS transportou tantos passageiros satisfeitos. Porque este é o único ativo
que conquistamos - pessoas satisfeitas com nossos serviços e dispostas a retornar e pagar
novamente por eles.
JAN CARLZON, SAS AIRLINES
As empresas atuais estão enfrentando concorrên- Tomemos o caso do McDonald's. As pessoas não se
cia jamais havida. Argumentamos no Capítulo 1 que elas aglomeram em seus 11.000 restaurantes espalhados pelo
podem vencer os concorrentes se abandonarem a filoso- mundo porque amam o hambúrguer. Alguns outros res-
fia de produto e vendas e adotarem uma filosofia de taurantes oferecem hambúrgueres de melhor sabor. As
marketing. Neste capítulo, detalharemos como as em- pessoas estão afluindo em torno de um sistema, não de
presas podem continuar conquistando consumidores e um hambúrguer. Esse sistema precisamente ajustado
superando os concorrentes. A resposta está em fazer um entrega, em todo o planeta, um alto padrão que o
melhor trabalho no atendimento e satisfação das neces- McDonald's chama QSLV - qualidade, serviço, limpeza e
sidades dos consumidores. Apenas as empresas centradas valor. 0 McDonald's é eficaz apenas na extensão em que
nos consumidores são adeptas em criar consumidores, trabalha com seus fornecedores, franquiados, funcioná-
não apenas em criar produtos. São habilitadas em enge- rios e outros para entregar valor excepcionalmente ele-
nharia de mercado, não apenas em engenharia de pro- vado para seus consumidores.
duto. Ao descrever e ilustrar a filosofia da empresa focada
Muitas empresas acham que o trabalho do depar- no consumidor e em marketing de valor,1 levantaremos
tamento de marketing/vendas é encontrar consumido- as seguintes questões:
res. Se esse departamento não conseguir isso, a empresa
chega à conclusão que seu pessoal de marketing não é • Que são valor e satisfação para o consumi-
muito bom. Mas, de fato, marketing é apenas um fator dor e como as empresas líderes os produ-
para atrair e manter consumidores. 0 melhor departa- zem e entregam?
mento de marketing do mundo não pode vender produ- • Como as empresas atraem e mantêm con-
tos mal fabricados ou que não atendem às necessidades sumidores?
de alguém. 0 departamento de marketing não pode ser • Como as empresas melhoram a rentabili-
eficaz apenas em empresas em que os vários departa- dade do consumidor?
mentos e funcionários planejaram e implementaram um • Como as empresas praticam qualidade to-
sistema de entrega de valor ao consumidor competitiva- tal de marketing?
mente superior.
1. Veja, por exemplo, Value marketing: quality, service, and fair pricing are the keys to selling in the '90s. Business Week, p. 132-140, 11 Nov.
1991.
50 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
DEFINIÇÃO DE VALOR E DA SATISFAÇÃO DO relacionar-se com a Caterpillar versus Komatsu. O custo
total do consumidor é maior do que o custo monetário.
CONSUMIDOR
Como Adam Smith observou há dois séculos: "O preço
real de algo envolve o esforço de sua aquisição." Além
Há 35 anos, Peter Drucker observou que a primei- do custo monetário, inclui também os custos de tempo e
ra tarefa de uma empresa é "criar consumidores". Mas, de energia física e psíquica do comprador. O comprador
nos dias de hoje, os consumidores enfrentam vasta vari- avalia esses custos juntamente com o custo monetário
edade de produtos, marcas, preços e fornecedores. Como para compor um quadro do custo total do consumidor.
eles fazem suas escolhas? Após calcular os custos, o comprador considera se
Acreditamos que os consumidores estimam qual o custo total do consumidor é muito alto em relação ao
oferta entregará o maior valor. São maximizadores de valor total oferecido pela Caterpillar. Caso afirmativo,
valor, limitados pelos custos, conhecimento, mobilidade ele pode comprar o trator Komatsu. Está claro que o com-
e renda. Formam uma expectativa de valor e agem sobre prador comprará do fornecedor que entregar o maior
ela. Sua satisfação e probabilidade de recompra depen- valor ao consumidor.
de dessa expectativa de valor ser ou não superada. Agora, vamos utilizar essa teoria de tomada de
decisão para ajudar a Caterpillar a ser bem-sucedida na
venda de seu trator a esse comprador. Ela pode melho-
Valor para o consumidor
rar sua oferta de três maneiras. Primeira, pode aumen-
tar o valor total para o consumidor melhorando os be-
Nossa premissa é que os consumidores comprarão
nefícios de produto, serviços, funcionários e/ou imagem.
da empresa que entregar o maior valor (Figura 2.1):
Segunda, pode reduzir os custos não-monetários do com-
prador, diminuindo seus custos de tempo e de energia
VALOR ENTREGUE AO CONSUMIDOR é a diferença física e psíquica. Terceira, pode reduzir o custo monetá-
entre o valor total esperado e o custo total do consu- rio (preço) do produto.
midor. VALOR TOTAL PARA O CONSUMIDOR é o con- Suponhamos que a Caterpillar conclui que o com-
junto de benefícios esperados por determinado pro- prador atribui a sua oferta o valor de $ 20.000. Além
duto ou serviço. CUSTO TOTAL DO CONSUMIDOR é disso, suponhamos que o custo da Caterpillar fabricar o
o conjunto de custos esperados na avaliação, obten- trator seja de $ 14.000. Isso significa que a oferta da
ção e uso do produto ou serviço. Caterpillar gera, potencialmente, $ 6.000 ($ 20.000 -
$ 14.000).
Podemos explicar melhor com um exemplo. Supo- A Caterpillar precisa cobrar um preço entre
nhamos que o comprador de uma grande construtora $ 14.000 e $ 20.000. Se cobrar menos de $ 14.000, não
deseja adquirir um trator. Comprará da Caterpillar ou cobrirá seus custos. Se cobrar mais de $ 20.000, seu pre-
da Komatsu. Os vendedores de ambas as empresas des- ço estará fora do mercado. O preço que a Caterpillar
crevem cuidadosamente suas respectivas ofertas ao com- cobrar determinará quanto valor será entregue ao com-
prador. prador e quanto ela receberá. Por exemplo, se cobrar
O comprador tem uma aplicação específica para o $ 19.000, está garantindo $ 1.000 de valor entregue ao
trator em mente: deseja usá-lo no trabalho de constru- consumidor e ficando com $ 5.000. Quanto menor o pre-
ção residencial. Gostaria que o trator atendesse a deter- ço fixado pela Caterpillar, maior o valor entregue e, con-
minados níveis de confiabilidade, durabilidade e desem- seqüentemente, maior o incentivo para o consumidor
penho. Avalia os dois tratores e decide que a Caterpillar comprar seu trator.
tem um produto de maior valor em termos de confiabi- Dado que a Caterpillar deseja fazer a venda, ela
lidade, durabilidade e desempenho. Também percebe deve entregar mais valor do que a Komatsu. O valor en-
diferenças nos serviços oferecidos pelos fornecedores - tregue pode ser mensurado em termos de diferença ou
entrega, treinamento e manutenção - e decide que a porcentagem. Se o valor total para o consumidor for de
Caterpillar oferece melhor serviço. Também nota que os $ 20.000 e o custo total do consumidor, $ 16.000, o va-
funcionários da Caterpillar são mais bem preparados e lor entregue será de $ 4.000 (mensurado em termos de
atenciosos. Finalmente, atribui maior valor à imagem diferença) ou de 25% (mensurado como porcentagem).
corporativa da Caterpillar. Soma todos os valores dessas As porcentagens usadas para comparar ofertas são,
quatro fontes - produto, serviços, funcionários e imagem freqüentemente, chamadas de porcentagem de valor en-
- e percebe que a Caterpillar oferece maior valor total tregue/preço.2
para o consumidor. Alguns especialistas de marketing podem argumen-
Ele compra o trator Caterpillar? Não necessaria- tar que a teoria que desenvolvemos sobre como os com-
mente. Examina também o custo total do consumidor pradores escolhem fornecedores é bastante racional. Ci-
2. Veja LEVIN, Irwin E, JOHNSON, Richard D. Estiraating price-quality tradeoffs using comparative judgments. Journal of Consumer Research,
p. 593-600, 11 June 1984.
tam exemplos em que compradores não escolhem a oferta que o Caterpillar. Julgará que fez um bom negócio a
que entrega o mais alto valor. Consideremos a seguinte curto prazo; está maximizando o benefício pessoal
situação: O vendedor da Caterpillar convence o com- e não atribuindo qualquer peso ao benefício da em-
prador de que levando-se em consideração o preço de presa. A tarefa do vendedor é convencer outras pes-
compra e os benefícios de uso, seu trator oferece uma soas da empresa compradora de que a oferta da
maior entrega de valor. O vendedor também destaca que Caterpillar entrega maior valor a longo prazo.
o trator Caterpillar consome menos combustível e ne- 3. O comprador desfruta longa amizade com o com-
cessita de menos manutenção. Mesmo assim, o compra- prador da Komatsu. Neste caso, o vendedor da
dor decide comprar o trator Komatsu. Caterpillar precisa mostrar ao comprador que o tra-
Como podemos explicar esse comportamento? Há tor Komatsu gerará reclamações dos tratoristas quan-
três explicações possíveis: do eles descobrirem o alto custo de combustível e
de manutenção associados a essa marca.
1. O comprador pode estar autorizado a comprar pelo
menor preço. Por esta razão, está explicitamente O ponto principal deste exemplo está claro: os com-
prevenido de fazer uma escolha baseada no valor pradores operam sob várias restrições e, ocasionalmen-
entregue. A tarefa do vendedor da Caterpillar é con- te, fazem escolhas que dão maior peso a seu benefício
vencer o gerente do comprador de que comprar ape- pessoal do que ao benefício da empresa. Entretanto, a
nas se baseando no preço prejudicará a rentabilida- maximização da entrega de valor é uma ferramenta apli-
de da empresa a longo prazo. cável a muitas situações e agrega muitos insights. Veja-
2. O comprador se aposentará antes de a empresa per- mos algumas implicações: Primeira, o vendedor deve
ceber que é mais caro operar o trator Komatsu do avaliar o valor total para o consumidor e o custo total
52 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
associado a cada oferta concorrente para saber como sua satisfeitos se você também não estiver". A Nissan convi-
oferta está classificada entre as demais. Segunda, o ven- da os compradores potenciais de seu modelo Infiniti para
dedor que estiver em desvantagem em termos de entre- um guest drive (não um test drive), desde que a palavra
ga de valor tem duas alternativas. Pode tentar aumentar consumidor em japonês é "convidado de honra".
o valor total para o consumidor ou diminuir o custo to- Examinemos o que a alta satisfação pode fazer:
tal. Na primeira alternativa, terá que fortalecer ou au-
mentar os benefícios do produto, serviços, funcionários
e/ou de imagem. Na segunda, terá que reduzir os cus- SATURN Em 1994, a Saturn (divisão mais nova de
tos. Pode baixar o preço, simplificar o processo de pedi- carros da General Motors) convidou todos os proprietá-
do e entrega ou absorver algum risco do comprador ofe- rios da marca para um fim de semana em sua sede em
recendo garantia. Tennessee para celebrar seu quinto aniversário. Espera-
va-se a presença de 1.000 pessoas; por surpresa, 28.000
proprietários da marca vieram de todo o país para cele-
brar. Skip LeFauve, presidente da Saturn, disse no festi-
Satisfação do consumidor val: "O Saturn é mais do que um carro. É uma idéia. É
uma nova maneira de fazer as coisas, de trabalhar com
A satisfação pós-compra do comprador depende do nossos consumidores e de nos relacionar. É mais uma
desempenho da oferta em relação às expectativas do revolução cultural do que uma revolução de produto."
comprador. Em geral: Empresas como a Saturn percebem que os consu-
midores apenas satisfeitos estarão mais propensos a mu-
SATISFAÇÃO é o sentimento de prazer ou de desa- dar de fornecedor quando surgir uma melhor oferta. Em
pontamento resultante da comparação do desempe- uma categoria de produtos de consumo embalados, 44%
nho esperado pelo produto (ou resultado) em rela- dos consumidores que declararam estar apenas satisfei-
ção às expectativas da pessoa. tos mudaram de marca na primeira oportunidade. Os
que estavam altamente satisfeitos com a qualidade e o
Como esta definição deixa claro, a satisfação é fun- valor da oferta estavam bem menos dispostos a mudar
ção do desempenho percebido e das expectativas. Se o de marca. Um estudo mostrou que 75% dos comprado-
desempenho ficar longe das expectativas, o consumidor res do Toyota estavam altamente satisfeitos e dispostos
estará insatisfeito. Se o desempenho atender às expecta- a comprar um novo carro da mesma marca. O fato é que
tivas, o consumidor estará satisfeito e se excedê-las esta- a alta satisfação ou encanto gera uma afinidade emocio-
rá altamente satisfeito ou encantado. nal com a marca, não apenas uma preferência racional,
Muitas empresas visam à alta satisfação porque os e isso desperta grande lealdade dos consumidores.
consumidores que estiverem apenas satisfeitos estarão O desafio na implantação do programa Satisfação
dispostos a mudar quando surgir uma melhor oferta. Os Total do Consumidor é criar uma cultura empresarial
plenamente satisfeitos estão menos dispostos a mudar. em que todas as pessoas da empresa estejam dispostas a
A alta satisfação ou o encanto cria afinidade emocional encantar o consumidor. A Unisys, empresa de ge-
com a marca, não apenas preferência racional. O resul- renciamento de informações, recentemente, introduziu
tado é a alta lealdade do consumidor. a expressão "customerização" em seus anúncios, defi-
Como os compradores formam suas expectativas? nindo-a como o seguinte: "Tornar a empresa mais
As expectativas são influenciadas pela experiência ante- responsiva a seus consumidores e melhor habilitada para
rior de compra, recomendação de amigos e colegas e atrair outros novos." A Unisys vê a "customerização"
informações e promessas das empresas e dos concorren- como uma forma de ampliar a capacidade de estender o
tes. Se as empresas criarem expectativas muito altas, é sistema de informações ao trabalho de campo e a outros
provável que o comprador fique desapontado. Por exem- pontos de contato e suporte ao consumidor. Mas a
plo, o Holiday Inn fez há alguns anos uma campanha "customerização" exige da empresa mais do que o for-
chamada "Sem surpresas". Mas os hóspedes da rede de necimento de boas informações e contato com o consu-
hotéis encontraram ainda uma série de problemas, obri- midor. Enfim, pode exigir a vinculação do pagamento
gando o Holiday Inn a retirar sua campanha da mídia. dos funcionários com a satisfação do consumidor. Estes
Entretanto, se a empresa criar expectativas muito bai- devem ser "convertidos" a praticar forte orientação para
xas, não atrairá compradores suficientes (embora satis- o consumidor. Anita Roddick, fundadora da The Body
fará aqueles que comprarem). Shop, observa sabiamente: "Nossos funcionários são
Algumas das empresas mais bem-sucedidas de hoje minha linha de frente no atendimento dos consumido-
estão aumentando as expectativas dos consumidores e res."
melhorando suas condições de atendimento. Essas em- Além de rastrear as expectativas dos consumido-
presas são orientadas pela STC - satisfação total do con- res, a percepção de seus próprios desempenhos e a satis-
sumidor. Por exemplo, a Xerox garante "satisfação total" fação do consumidor, as empresas precisam monitorar o
e a substituição de qualquer equipamento comprado se desempenho de seus concorrentes também nessas
o consumidor ficar insatisfeito, por um período de três áreas. Por exemplo, uma empresa ficou satisfeita ao cons-
pós-compra. A Cigna anuncia: "Nunca estaremos 100% tatar que 80% de seus consumidores declararam estar
Sistemas de reclamações e Uma organização centrada no consumidor está interessada em facilitar o processo de
sugestões. recebimento de sugestões e reclamações. Muitos restaurantes e hotéis fornecem formu-
lários aos consumidores e hóspedes para que anotem suas satisfações e reclamações. Um
hospital pode colocar caixas de sugestões nos corredores, fornecer formulários para co-
mentários de pacientes e contratar um ombudsman para cuidar das queixas e reclama-
ções. Algumas empresas centradas no consumidor - Procter & Gamble, General Electric,
Whirlpool - disponibilizam "linhas quentes" com o código 0800 para facilitar o contato
com os consumidores, seja para tirar dúvidas sobre produtos, apresentar sugestões ou
fazer reclamações. Esses fluxos de informações proporcionam às empresas muitas idéias
e as capacitam a agir com maior rapidez na solução de problemas.
Levantamentos dos níveis de Estudos mostram que enquanto os consumidores ficam insatisfeitos com uma em quatro
satisfação dos consumidores. compras, menos de 5% deles reclamarão. A maioria dos consumidores comprará menos
ou mudará de fornecedor em vez de reclamar. Contudo, as empresas não podem usar os
níveis de reclamação como uma medida de satisfação do consumidor. As empresas
responsivas obtêm mensuração direta da satisfação do consumidor ao conduzir levanta-
mentos periódicos. Enviam questionários ou fazem ligações telefônicas a uma amostra
randômica de consumidores recentes e perguntam se estavam muito satisfeitos, satisfei-
tos, indiferentes, insatisfeitos ou muito insatisfeitos em relação a vários aspectos de de-
sempenho da empresa. Também solicitam a visão dos componentes a respeito do desem-
penho dos concorrentes.
Na fase de coleta de dados sobre a satisfação dos consumidores, é também útil fazer
perguntas adicionais para mensurar a intenção de recompra. Normalmente, ela será alta
se a satisfação dos consumidores também for alta. É útil também mensurar a probabili-
dade ou disposição do consumidor recomendar a empresa e marca para outras pessoas.
Um score de comunicação boca a boca alto indica que a empresa está proporcionando alta
satisfação para os consumidores.
Compra fantasma. As empresas podem contratar pessoas para apresentarem-se como compradores potenci-
ais nas lojas e, depois, relatarem os pontos fortes e fracos que constataram nas compras
de seus produtos e dos concorrentes. Esses compradores fantasmas podem ainda apresen-
tar certos problemas para testar se os vendedores da empresa lidam bem com situações
imprevistas. Assim, um comprador fantasma pode reclamar sobre a qualidade da comida
de um restaurante para testar como os funcionários enfrentam o problema. Além de
contratar compradores fantasmas, os gerentes devem sair do escritório de vez em quan-
do para vivenciar situações de venda, tanto de sua empresa como de seus concorrentes,
em locais onde não possam ser identificados, para experimentar em primeira mão o
tratamento que recebem como "consumidores". Uma variante desta técnica é os gerentes
telefonarem a suas próprias empresas para fazer reclamações ou dar sugestões para sa-
ber como os telefonemas são atendidos.
Análise de consumidores As empresas devem contatar os compradores que pararam de comprar ou que mudaram
perdidos. de fornecedor para saberem por que isso ocorreu. Quando a IBM perde um consumidor,
dedica grande esforço para descobrir em que falhou. Não apenas é importante a condu-
ção de entrevistas de saída quando os consumidores deixam de comprar, mas também
monitorar o índice de perda de consumidores que, se estiver crescente, indica claramente
que a empresa está falhando em satisfazer seus consumidores.
• • - . . . . •
54 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
DELL A Dell foi a primeira fabricante de microcom- empresa fará mudanças para agradá-los. Assim, podem
putadores a institucionalizar a entrega de satisfação ao expressar alta insatisfação (mesmo se estiverem satisfei-
consumidor focando o serviço e o suporte. A empresa tos) para receberem mais concessões.
criou a "Visão Dell", uma capacidade de serviço em que
o consumidor "deve perceber a qualidade recebida e,
ficar feliz, não apenas satisfeito". De fato, a empresa ENTREGA DE VALOR E SATISFAÇÃO DO
enfrentou problemas em 1993 quando começou a ven-
CONSUMIDOR
der seus microcomputadores através de grandes varejis-
tas, como Wal-Mart, que não ofereciam o mesmo tipo de
serviço ao consumidor. Assim que retornou às origens Dada a importância do valor e da satisfação do
vendendo pelo correio, seus lucros começaram a subir consumidor, o que a empresa deve fazer para produzi-
novamente.3 los e entregá-los? Para responder a esta pergunta, preci-
Embora a empresa centrada no consumidor pro- samos discutir os conceitos de cadeia de valor e de siste-
cura oferecer alta satisfação ao mesmo, sua principal ma de entrega de valor.
meta não é essa. Primeiro, ela pode aumentar a satisfa-
ção baixando o preço ou aumentando os serviços, mas o
resultado pode ser refletido em lucros menores. Segun- Cadeia de valor
do, pode ter condições de aumentar sua rentabilidade
por outros meios que não sejam melhorar a satisfação Michael Porter, de Harvard, propôs a cadeia de va-
do consumidor (por exemplo, melhorando os processos lor como uma ferramenta para identificar maneiras de
de manufatura ou investindo mais em pesquisa e desen- criar mais valor para o consumidor (Figura 2.2)4 Qual-
volvimento) . Terceiro, possui muitos stakeholders (inte- quer empresa representa um conjunto de atividades de-
ressados), incluindo funcionários, revendedores, forne- sempenhadas para planejar, produzir, vender, entregar e
cedores e acionistas. Gastar mais para aumentar a satis- dar suporte a seus produtos. A cadeia de valor identifica
fação do consumidor pode significar o desvio de fundos nove atividades estrategicamente relevantes que criam
destinados a aumentar a satisfação de outros "parcei- valor e custo em um negócio específico. Essas nove ati-
ros". Por fim, a empresa deve adotar a filosofia de que vidades de criação de valor consistem de cinco ativida-
está procurando entregar um alto nível de satisfação ao des primárias e quatro atividades de apoio.
consumidor e, ao mesmo tempo, entregando, pelo me- As atividades primárias representam a seqüência
nos, níveis aceitáveis de satisfação a outros stakeholders, de entrega de materiais da empresa (logística interna),
limitada a sua restrição de recursos. sua transformação em produtos finais (produção), sua
entrega (logística externa), seu marketing (marketing e
vendas) e os serviços decorrentes. As atividades de apoio
ALGUMAS PRECAUÇÕES PARA MENSURAR A SATISFAÇÃO DO - aquisição, desenvolvimento tecnológico, administra-
CONSUMIDOR. Quando os consumidores avaliam seu ní- ção de recursos humanos e infra-estrutura da empresa -
vel de satisfação como parte do desempenho da empre- não se restringem apenas a departamentos especia-
sa - digamos, serviço de entrega - a empresa precisa lizados. Por exemplo, outros departamentos podem fa-
reconhecer que os consumidores divergem quando defi- zer alguma compra e contratar pessoal. Aquisição é a
nem o que representa uma boa entrega. Pode ser entre- compra de vários inputs para cada atividade primária.
ga antecipada, entrega pontual, pedido completo e as- A infra-estrutura da empresa envolve os custos de admi-
sim por diante. Todavia, se a empresa tivesse que expli- nistração geral, planejamento, finanças, contabili-
car cada elemento em detalhes, os consumidores teriam dade, serviços jurídicos e relações com o governo que
de preencher um enorme questionário. A empresa deve são decorrentes de todas as atividades primárias e de
também perceber que dois consumidores podem decla- apoio.
rar estarem "altamente satisfeitos" por diferentes razões. A tarefa da empresa é examinar seus custos e de-
Um pode estar satisfeito na maior parte do tempo e ou- sempenho em cada atividade que gera valor e procurar
tro dificilmente está satisfeito, mas estava durante o pre- maneiras de melhorá-la. A empresa deve estimar os cus-
enchimento do questionário. tos e desempenhos de seus concorrentes como
As empresas devem também perceber que os ge- benchmarks (veja a discussão sobre benchmarking no
rentes e vendedores podem manipular suas avaliações Capítulo 8). Na extensão em que desempenhe certas ati-
sobre a satisfação do consumidor. Podem ser simpáticos vidades melhor do que seus concorrentes, estará obten-
aos consumidores antes da pesquisa. Podem também do alguma vantagem competitiva.
tentar excluir os consumidores insatisfeitos da pesquisa. O sucesso da empresa depende não apenas do de-
Há também o perigo de os consumidores saberem que a sempenho individual de cada departamento, mas tam-
3. ANDERSON, Stephanie Forest. Customers "must be pleased, not just satisfied". Business Week, p. 52, 3 Aug. 1992; LOHR, Steve. For Dell, a
tripling of earnings. The New York Times, 23 Feb. 1995, D4:4; McDONALD, Laura. Setting new standards for customer advocacy. Journal of
Business Strategy 14, n. 1, p. 11-15, 1993.
4. PORTER, Michael E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New York : Free Press, 1985.
bém de como as várias atividades departamentais são rem serviços rápidos e satisfatórios, respostas às
coordenadas. Muito freqüentemente, os departamentos dúvidas e soluções de problemas.
agem para maximizar seus interesses em vez de os inte-
resses da empresa e dos consumidores. O departamento Empresas fortes são aquelas que desenvolvem ca-
de crédito pode demorar muito tempo para aprovar o pacidade superior em administrar esses processos-nú-
crédito de um cliente potencial para não ter problemas cleo. Por exemplo, uma das grandes forças da Wal-Mart
futuros de cobrança; entretanto, o ciente fica esperando é sua supereficiência em movimentar bens de seus for-
e o vendedor, frustrado. O departamento de transporte necedores a suas lojas. À medida que as lojas Wal-Mart
decide despachar os produtos por estrada de ferro para vendem seus bens, as informações de vendas fluem via
economizar dinheiro e, novamente, o cliente fica espe- computador não apenas para o escritório central da rede,
rando. Cada departamento constrói paredes que preju- mas também para seus fornecedores que repõem os es-
dicam a qualidade dos serviços aos clientes. toques, praticamente ao mesmo tempo que eles saem
A solução deste problema é colocar mais ênfase na das prateleiras.5
administração dos processos-núcleo do negócio, a maio-
ria dos quais envolvendo inputs interfuncionais e coope-
ração. Os processos-núcleo do negócio incluem: Rede de entrega de valor
• Processo de realização de novos produtos. Todas as
atividades envolvidas em pesquisa, desenvolvimen- Para uma empresa ser bem-sucedida, ela também
to e lançamento de novos produtos de alta qualida- precisa examinar as vantagens competitivas além de suas
de com rapidez e dentro do orçamento. próprias operações, nas cadeias de valor de seus forne-
• Processo de administração de estoques. Todas as ati- cedores, distribuidores e consumidores. Face a essa com-
vidades envolvidas no desenvolvimento e adminis- petição intensa, muitas empresas estão fazendo parce-
tração dos estoques de matéria-prima, produtos rias com fornecedores e distribuidores específicos para
semi-acabados e produtos finais, de maneira que os criar uma rede de entrega de valor superior. Por exem-
suprimentos adequados estejam disponíveis, evitan- plo:6
do-se os altos custos de estocagem.
• Processo pedido-recebimento. Todas as atividades en- BAILEY CONTROLS Uma fábrica de sistemas de con-
volvidas na recepção e aprovação de pedidos, em- trole industriais sediada em Ohio, com faturamento anual
barque pontual dos produtos e recebimento das fa- de $ 300 milhões, a Bailey Controls trata alguns de seus
turas. fornecedores como se fossem departamentos internos.
• Processo de serviços aos clientes. Todas as atividades Recentemente, a empresa conectou dois de seus forne-
envolvidas na facilidade de acesso dos clientes às cedores em seu sistema de administração de estoque.
pessoas adequadas dentro da empresa para recebe- Todas as semanas, envia, eletronicamente, à Future
5. Veja STALK, George. Competing on capability: the new rules of corporate strategy. Harvard Business Review, p. 57-69, Mar./Apr. 1992; e
SHAPIRO, Benson, RANGAN, V Kasturi, SVIOKLA, John J. Staple yourself to an order. Harvard Business Review, p. 113-122, July/Aug. 1992.
6. MAGNET, Myron. The new golden rule of business. Fortune, p. 60-64, 28 Nov. 1994.
56 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
:Pedido Pedido Pedido Pedido
Fonte: Reimpresso de SHERDEN, William A. When customers leave. Small Business Reports, p. 45, Nov. 1994.
7. REICHHELD, Frederick E, SASSER, JR., W. Earl. Zero defections: quality comes to services. Harvard Business Review, p. 301-307, Sept./Oct.
1990.
58 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Receita anual do consumidor $ 5.000 produto e em condições de pagar por ele. Os consumido-
Número médio de anos de lealdade X 2 res não-qualificados são aqueles que a empresa rejeita
Margem de lucro da empresa X 0.10 porque não têm crédito ou não seriam rentáveis. A em-
Valor de duração do consumidor $ 1.000 presa espera converter muitos consumidores potenciais
qualificados em consumidores novos e, depois, estes em
Dado o custo de atrair um novo consumidor ser consumidores leais. Os consumidores novos e os leais
maior do que seu valor de duração, essa empresa está, podem também continuar comprando dos concorrentes.
claramente, gastando mais para atrair novos consumi- Depois, a empresa age para transformar esses consumi-
dores do que eles valem. A menos que possa reduzir o dores leais em clientes - pessoas que compram apenas
número de visitas de vendedores, gastar menos por visi- da empresa nas categorias de produtos relevantes. O
ta, aumentar a compra média por consumidor, retê-los desafio seguinte é transformar os clientes em advoga-
por mais tempo ou aumentar a margem de lucro, a em- dos, consumidores que defendem a empresa e estimu-
presa estará condenada à falência. lam outras pessoas a comprar dela. O desafio final é trans-
Há duas maneiras de aumentar a taxa de retenção formar os advogados em parceiros, situação em que eles
de consumidores. Uma é erguer barreiras para dificultar e a empresa trabalham ativamente em conjunto. Ao
a troca de fornecedor. Eles estão menos inclinados a pro- mesmo tempo, deve-se reconhecer que alguns consumi-
curar outro fornecedor quando isso envolve altos custos dores, inevitavelmente, tornam-se inativos ou abando-
de capital, de procura, perda de descontos por habitua- nam a empresa, por razões de falência, mudança de ci-
lidade de compra e assim por diante. dade, insatisfação e assim por diante. O desafio da em-
A melhor abordagem é entregar alta satisfação aos presa é reativar os consumidores insatisfeitos através de
consumidores. Isso torna difícil para um concorrente estratégias de recuperação. Freqüentemente, é mais fá-
superar barreiras à entrada simplesmente oferecendo cil recuperar consumidores do que encontrar outros no-
preços menores ou mudando as técnicas de persuasão. vos.
A tarefa de criar forte lealdade dos consumidores, como O desenvolvimento de consumidores mais leais
vimos no Capítulo 1, é chamada marketing de relaciona- aumenta o faturamento da empresa. Entretanto, ela pre-
mento. Marketing de relacionamento envolve todas as cisa gastar para aumentar a lealdade de seus consumi-
etapas que as empresas assumem para conhecer e aten- dores. Aumentar essa lealdade será mais rentável em
der melhor seus valiosos consumidores. algumas empresas do que em outras. Quanto uma em-
presa deve investir no desenvolvimento de relacionamen-
to com seus consumidores de maneira que os custos não
Marketing de relacionamento: a chave excedam os ganhos? Precisamos distinguir cinco níveis
diferentes de investimento:
Para entender marketing de relacionamento com
• Marketing básico. O vendedor, simplesmente, vende
o consumidor, devemos, primeiramente, examinar o pro-
o produto.
cesso envolvido em sua atração e manutenção. A Figura
• Marketing reativo. O vendedor vende o produto e
2.4 mostra as principais etapas no processo de desen-
estimula o consumidor a telefonar se tiver dúvidas,
volvimento do consumidor. O ponto de partida são os
comentários ou reclamações.
consumidores prováveis, todos que podem comprar o pro-
duto ou serviço. A empresa trabalha junto a esses prová- • Marketing responsável. O vendedor telefona ao con-
veis consumidores para determinar quais os consumido- sumidor logo após a venda para conferir se o produ-
res potenciais - pessoas com forte interesse potencial no to está atendendo as suas expectativas. Ele também
Número médio de
consumidores/ Proativo Responsável Reativo
distribuidores
8. BERRY, Leonard, PARASURAMAN, A. Marketing services: competing through quality. New York : Free Press, 1991. p. 136-142. Veja também
CROSS, Richard, SMITH, Janet. Customer bonding: pathways to lasting customer loyalty. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1995.
60 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
do por base algum incentivo financeiro. Em contraste, tos para cada $ 5 em compras, resgatados em qualquer
as linhas aéreas européias acreditam que a repetição de uma de suas lojas.
negócios é assegurada pelo oferecimento de serviços de
alta qualidade.
HARLEY-DAVIDSON Esta famosa empresa mundial
Muitas empresas vêm criando grupos de afinidade de motocicletas patrocina o Grupo de Proprietários
ou clubes entre seus consumidores para aproximá-los à Harley que possui 127.000 membros. O comprador de
empresa. A filiação ao clube pode ser oferecida automa- uma primeira motocicleta Harley associa-se ao grupo gra-
ticamente após a compra ou promessa de compra de tuitamente por um ano. Os sócios recebem uma revista
determinada quantidade ou pagando-se alguma taxa. (Hog Tales), guia rodoviário, serviço de socorro de emer-
Alguns clubes vêm sendo espetacularmente bem-suce- gência, programa especial de seguro, serviço de recom-
didos: pensa por motocicleta roubada e recuperada, descontos
em hotéis e o programa Fly & Ride, em que os sócios
SHISEIDO A Shiseido, empresa japonesa de cosméti- podem alugar Harleys durante as férias.
cos, atraiu cerca de 10 milhões de afiliados a seu Shiseido
Club que fornece um cartão Visa, descontos em teatros,
LLADRO Fabricante espanhola de finas estatuetas de
hotéis e lojas e, também, pontos aos "compradores fre-
porcelana, a Lladro mantém a "Sociedade de coleciona-
qüentes". Seus afiliados recebem uma revista contendo
dores", cobrando dos sócios uma taxa anual de $ 35.
artigos sobre apresentação pessoal.
Eles recebem a assinatura gratuita de uma revista tri-
mestral, uma placa de porcelana, entrada gratuita no
NINTENDO A Nintendo, empresa japonesa de jogos Museu Lladro de New York, roteiro de viagem restrito
eletrônicos, atraiu mais de 2 milhões de afiliados a seu aos sócios para visitarem a empresa e a família Lladro
Nintendo Club. Por uma taxa anual de $ 16, eles rece- em Valença, Espanha.
bem uma revista mensal, a Nintendo Power, que divulga
os jogos da empresa, dicas para vitórias e assim por di- ACRÉSCIMO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS. Neste caso, os fun-
ante. O clube oferece também um número de telefone, cionários da empresa trabalham para aumentar os vín-
através do qual os afiliados podem tirar dúvidas sobre culos sociais com os consumidores, individualizando e
os jogos disponíveis. personalizando os relacionamentos. A Tabela 2.2 com-
para ações sociais boas e ruins em relação aos consumi-
dores. Em essência, as empresas criativas transformam
WALDEN BOOKS Esta rede de livrarias patrocina o seus consumidores em clientes. Donnelly, Berry e
Programa de Leitores Preferenciais que tem atraído cer- Thompson mostram essa distinção:
ca de 4 milhões de membros, cada um pagando a taxa
anual de $ 10 para receber malas diretas sobre livros Consumidores podem ser anônimos para a ins-
novos, 10% de desconto nas compras, uma linha de dis- tituição; clientes têm nome. Consumidores são aten-
cagem direta gratuita para pedidos (código 0800) e pon- didos como parte da massa ou de grandes segmen-
Tabela 2.2 Ações sociais que afetam os relacionamentos entre compradores e vendedores.
Fonte: LEVITT, Theodore. Imaginação de marketing. São Paulo : Atlas, 1985. p. 121.
62 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Consumidores
C1 C2 C3
Produto
P1 ++ + de alta
rentabilidade
+ + Produto
P2 rentável
Produtos
- - Produto que
Ps dá prejuízo
Produto que
P4 + - equilibra
prejuízo-lucro
tretanto, seus executivos determinaram que um consu- Um tipo útil de análise de rentabilidade é mostra-
midor fiel vale tanto quanto $ 11.000. Ao divulgar tal do na Figura 2.6.16 Os consumidores são organizados
estimativa do valor de duração do consumidor, os funci- nas colunas e os produtos, nas filas. Cada célula contém
onários da empresa entendem quanto vale manter con- um símbolo para a rentabilidade na venda daquele pro-
sumidores satisfeitos.15 duto a determinado consumidor. Observa-se que o con-
sumidor 1 é mais rentável em três tipos de produtos, P1,
P2 e P4. O consumidor 2 é de rentabilidade média; é
TOM PETERS Autor consagrado de vários livros so- rentável na compra de um produto e dá prejuízo em
bre excelência empresarial, Tom Peters dirige uma em- outro. O consumidor 3 dá prejuízo porque é rentável na
presa que gasta $ 1.500 por mês com os serviços da Fe- compra de um produto e dá prejuízo em outros dois. O
deral Express. Gasta esta quantia 12 meses por ano e que a empresa pode fazer com os consumidores 2 e 3?
espera permanecer fiel por outros dez anos. Assim, es- Há duas opções: (1) Pode aumentar o preço dos dois
pera gastar $ 180.000 com os serviços futuros da Fede- produtos menos rentáveis ou eliminá-los ou (2) pode
ral Express. Se esta empresa opera com uma margem de tentar fazer venda cruzada de seus produtos rentáveis
lucro de 10%, ganhará $ 18.000 com a empresa de Tom para aqueles consumidores que dão prejuízo. Se estes
Peters. Esse faturamento e lucro podem estar em risco últimos optarem em parar de comprar, a empresa não
se a Federal Express começar a prestar maus serviços ou deverá preocupar-se com eles. De fato, ela seria benefi-
se um concorrente oferecer serviços melhores. ciada encorajando-os a comprar dos concorrentes.
A maioria das empresas falha em mensurar a ren- Ultimamente, a rentabilidade da empresa depen-
tabilidade de seus clientes individuais. Por exemplo, os de dos três elementos mostrados na Figura 2.7.17 Quan-
bancos alegam que essa é uma tarefa difícil porque um to maior o lucro, maior a habilidade da empresa na cria-
cliente usa serviços bancários diferentes e as transações ção de valor, na eficiência de suas operações internas e
são alocadas a diversos departamentos. Entretanto, os no desenvolvimento de vantagem competitiva. As em-
bancos que têm sido bem-sucedidos em conectar as tran- presas não devem apenas ser hábeis em criar valor abso-
sações dos clientes ficam surpresos com o grande núme- luto alto, mas também em criar valor absoluto em rela-
ro de clientes não-rentáveis existentes. Alguns bancos ção a seus concorrentes, a custo suficientemente baixo.
alegam perder dinheiro em cerca de 45% das contas- Vantagem competitiva é a habilidade de uma empresa
correntes. Não é surpresa a crescente cobrança pelos trabalhar de uma ou mais maneiras que os concorrentes
vários serviços anteriormente prestados gratuitamente. não podem ou não irão acompanhar. As empresas esfor-
15. HAYES, Lynn 0'Rourke. Quality is worth $ 11.000 in the bank. Restaurant Hospitality, p. 68, Mar. 1993.
16. Veja PETRO, Thomas M. Profitability: the fifth "P" de marketing: Bank Marketing, p. 48-52, Sept. 1990; e PETRO, Thomas M. Who are your
best customers. Bank Marketing, p. 48-52, Oct. 1990.
17. Extraído de um memorando publicado pelo Boston Consulting Group, data desconhecida.
18. QUALITY: the U.S. drives to catch up. Business Week, p. 66-80, aqui p. 68, Nov. 1982. Para uma avaliação recente do progresso, veja QUALITY
programs show shoddy results. The Wall Street Journal, B, p.l, 14 May 1992.
19. Veja QUALITY in Europe. Work Study, p. 30, Jan./Feb. 1993; HERAKOFF, Ronald. The hot new seal of quality. Fortune, p. 116-120, 28 June
1993; ZUKERMAN, Amy. One size doesn't fit all. Industry Week, p. 37-40, 9 Jan. 1995; e THE sleeper issue of the '90s. Industry Week, p. 99,
100, 108, 15 Aug. 1994.
64 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
custos menores. Assim, os programas de melhoria da especialistas de marketing direto, estrategistas. Va-
qualidade, normalmente, aumentam a rentabilidade. Os mos assumir que nosso propósito é satisfazer os con-
conhecidos estudos PIMS mostram alta correlação entre sumidores e isto significa focar o conjunto de proces-
qualidade relativa do produto e rentabilidade da empre- SOS.23
sa.20
Mas, exatamente, o que é qualidade? Vários espe- Os gerentes de marketing têm duas responsabili-
cialistas a definem como "adequação ao uso", "atendi- dades em uma empresa centrada na qualidade. Primei-
mento às exigências", "liberdade para variações" e as- ra, devem participar da formulação de estratégias e po-
sim por diante.21 Usaremos a definição da American líticas destinadas a ajudar a empresa a obter excelência
Society for Quality Control, que vem sendo adotada em em qualidade total. Segunda, devem praticar qualidade
nível mundial:22 em marketing acompanhada de qualidade em produção.
Cada atividade de marketing - pesquisa, treinamento
de vendedores, propaganda, serviços ao consumidor e
QUALIDADE é a totalidade de aspectos e caracterís-
assim por diante - deve seguir padrões de desempenho
ticas de um produto ou serviço que proporcionam a elevados.
satisfação de necessidades declaradas e implícitas. Os profissionais de marketing exercem vários pa-
péis ao ajudar suas empresas a definir e entregar bens e
Esta é uma definição de qualidade centrada no serviços de alta qualidade aos consumidores-alvos. Pri-
consumidor. Podemos dizer que o vendedor entrega qua- meiro, Assumem grande responsabilidade para identifi-
lidade quando seu produto ou serviço atende ou excede car, corretamente, as necessidades e exigências dos con-
as expectativas do consumidor. Uma empresa que satis- sumidores. Segundo, devem comunicar, adequadamen-
faz a maioria das necessidades de seus consumidores na te, as expectativas dos consumidores aos designers dos
maior parte do tempo é chamada empresa de qualidade. produtos. Terceiro, devem assegurar que os pedidos dos
A seção Memorando de Marketing intitulada "Busca da consumidores são corretamente atendidos e em tempo.
qualidade total em marketing" expõe as hipóteses que Quarto, devem checar se os consumidores receberam
devem fundamentar qualquer programa de qualidade instruções apropriadas, treinamento e assistência técni-
total. ca no uso do produto. Quinto, devem ficar em contato
E importante distinguir entre atendimento às exi- com o consumidor após a venda para acompanhar seu
gências de qualidade e qualidade de desempenho (ou nível de satisfação. Sexto, devem organizar e encami-
grau de qualidade). Um automóvel Mercedes fornece nhar as idéias dos consumidores para melhorar o pro-
qualidade de desempenho melhor do que um Hyundai: é duto e os serviços, aos departamentos apropriados da
mais suave de dirigir, anda mais rápido, tem maior auto- empresa. Quando os profissionais de marketing fazem
nomia de combustível e assim por diante. Todavia, pode- tudo isso, estão dando sua contribuição para a adminis-
se afirmar que os dois carros atendem às mesmas exi- tração da qualidade total e para a satisfação dos consu-
gências de qualidade, se todas as unidades entregarem a midores.
qualidade prometida a seus mercados-alvos.
Uma implicação da administração da qualidade
Qualidade total é a chave para gerar valor e satis- total é que as pessoas envolvidas com marketing devem
fação do consumidor. Qualidade total é o trabalho de empregar tempo e esforço não apenas para melhorar suas
todos, da mesma forma que marketing é trabalho de to- atividades externas, mas também as internas. O profis-
dos. Esta idéia foi bem expressada por Daniel Beckham: sional de marketing deve reclamar, como se fosse um
As empresas que não aprenderem a linguagem consumidor, quando o produto ou serviço não estiver
de melhoria da qualidade, manufatura e produção correto. Marketing deve ser o guardião do consumidor.
se tornarão tão obsoletas quanto as carroças de tra- Deve, constantemente, assegurar o padrão de "oferecer
ção animal. Os dias do marketing funcional já se ao consumidor a melhor solução". (Veja a seção Insight
foram. Não podemos mais nos dar ao luxo de pensar de Marketing intitulada "Rubbermaid: Mestre em pro-
que somos pesquisadores de mercado, publicitários, dutos triviais, mestre em marketing".)
20. BUZZELL, Robert D., GALE, Bradley T. The PIMS principies: linking strategy to performance. New York : Free Press, 1987. Capítulo 6 (PIMS
stands for profit impact of market strategy).
21. Veja GURUS of quality: American companies are hearing the quality gospel preached by Deming, Juran, Crosby, and Taguchi. Traffic
Management, p. 35-39, July 1990.
22. Veja MILLER, Cyndee. U.S. firms lag in meeting global quality standards. Marketing News, 15 Feb. 1993.
23. BECKHAM, J. Daniel. Expect the unexpected in health care marketing future. The Academy Bulletin, p. 3, July 1992.
* Fonte: MORGAN, I. Leonard A. The importance of quality. In: JACOBI, Jacob, OLSON, Jerry (Orgs.) Perceived quality
of products, services and stores. New York : Lexington Books, 1984. p. 61.
** Fonte: CROSBY, Philip. Quality isfree. New York : McGraw-Hill, 1979.
66 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
INSIGHT DE Rubbermaid: Mestre em produtos triviais,
MARKETING mestre em marketing
Nada pode parecer mais sem importância do que a rentes podem não levar a sério: engenheiros debru-
lixeira em que você joga papéis picados, a pazinha para çam-se sobre projetos de latas de lixo, assegurando-
recolher migalhas de pão ou a espátula usada para ras- se de que cada detalhe esteja correto. Próximo a eles,
par do prato o resto de comida da noite anterior. Entre- um designer de banheira para crianças tenta aper-
tanto, a Rubbermaid, fabricante de produtos triviais como feiçoar um dispositivo em forma de patinho que suga
esses, faz parte da lista das empresas norte-americanas e espirra água.
mais admiradas, publicada pela revista Fortune desde • Inovação. Conhecida como máquina de novos pro-
1985. Seu faturamento tem sido fenomenal, atingindo dutos, a Rubbermaid lança um produto novo por
cerca de $ 1,8 bilhão em 1993. Essa empresa de Wooster, dia, cujo desenvolvimento é feito em apenas 20 se-
Ohio, não depende de qualquer pessoa ou produto espe- manas. Ao obter sugestões dos consumidores desde
cífico para seu sucesso. Ao contrário, depende da intro- o início do processo de design, a empresa tem condi-
dução de pequenas melhorias em alguns de seus 5.000 ções de obter 90% de sucesso no lançamento de
produtos. novos produtos.
Como uma empresa que fatura produtos tão co- • Equipes de processo. Ela descentraliza as decisões or-
muns prospera em um mercado maduro? Como pode ganizando equipes interfuncionais, lideradas pela
fixar preços superiores em um mercado que possui mais área de marketing. Cada equipe possui especialistas
de 150 outras empresas fabricando produtos similares? próprios de pesquisa, design e produção. "Nossas
Como obtém 90% de sucesso no lançamento de novos equipes são ágeis e empreendedoras", afirma o pre-
produtos, sem qualquer teste de mercado? Os compo- sidente Wolfgang Schmitt.
nentes do desempenho notável da Rubbermaid podem • Parceria comercial. A Rubbermaid trabalha com os
ter sido extraídos de um livro-texto de marketing: 110 maiores varejistas norte-americanos, incluindo
as grandes redes como Wal-Mart e Kmart. Oferece-
• Feedback do mercado e do consumidor. A Rubbermaid lhes apoio de venda, desenhando, conjuntamente,
acompanha continuamente as tendências do merca- displays, planos de merchandising, promoções e
do para detectar novas necessidades dos consumi- logística.
dores. Por exemplo, a tendência para residências • Programas de comunicação fortes. A empresa engaja-
menores levaram a empresa a introduzir uma linha se na preparação de propaganda e promoções ex-
bem-sucedida de produtos destinados a espaços pe- tensivas para informar aos consumidores-alvos so-
quenos. bre seus novos produtos e sua alta qualidade.
• Foco nos mercados-alvos. A empresa está organizada • Consciência de proteção ambiental. Sua linha de pro-
em seis divisões, cada uma com unidades estratégi- dutos inclui lancheiras para carregar alimentos e be-
cas de negócios separadas, orientadas para merca- bidas que dispensam o uso de papel para embrulhar
dos e produtos específicos. É também ágil em pro- sanduíches e frutas e o uso de garrafas descartáveis.
moções dirigidas: lançou uma nova linha de estojos • Globalização. Embora ainda muito dependente do
para maquiagem destinados às adolescentes, acom- mercado doméstico, ela opera em diversos países e
panhados de um compact disc gratuito. está fazendo grande esforço para entrar em merca-
• Orientação para a satisfação do consumidor. Leva a dos globais: sua meta é atingir 25% de seu
sério todas as reclamações dos consumidores, subs- faturamento em mercados fora dos Estados Unidos
tituindo, gratuitamente, os produtos. Mesmo quan- no ano 2000.
do a reclamação é sobre um produto supostamente
da empresa, a substituição também é realizada para
o consumidor conhecer a superioridade de seu pro- Fonte: Veja SCHELLER, Zachary. At Rubbermaid, little things mean
duto. a lot. Business Week, p. 126, 11 Nov. 1991; LUBOVE, Seth. Okay, call
me a predator. Forbes, 15 Feb. 1993; FARNHAM, Alan. America's most
• Obsessão pela qualidade. Seus funcionários cuidam admired company. Fortune, p. 50-54, 7 Feb. 1994; e JACOB, Rahul.
dos menores detalhes de produtos que seus concor- Corporate reputations. Fortune, p. 54-64, 6 Mar. 1995.
1. Consumidores maximizam valor. Formam uma ex- sa trabalha diretamente com todos os parceiros da
pectativa de valor e agem sobre ela. Comprarão da cadeia de produção e distribuição, ou seja, dos for-
empresa que perceberem estar oferecendo o maior necedores de matérias-primas até os varejistas. As
valor, definido como a diferença entre o valor total empresas não mais concorrerão entre si - as redes
para o consumidor e o custo total do consumidor. de marketing sim.
Isso significa que os vendedores devem avaliar o 4. A perda de consumidores rentáveis pode impactar
valor total para o consumidor e o custo total asso- fortemente o lucro da empresa. Estima-se que o cus-
ciados a cada oferta concorrente. Os vendedores em to de atrair um novo consumidor é cinco vezes o
desvantagem na entrega de valor podem tentar au- custo de manter um consumidor fiel. Assim, uma
mentar o valor total para o consumidor ou diminuir das principais tarefas da empresa é manter consu-
o custo total. A primeira situação exige o fortaleci- midores. A chave para isso é o marketing de relacio-
mento ou aumento do produto, serviços, atenção dos namento. Para manter consumidores satisfeitos, as
funcionários e/ou dos benefícios de imagem. A se- empresas podem oferecer benefícios financeiros ou
gunda situação exige a redução dos custos do com- sociais na aquisição de seus produtos e/ou criar vín-
prador. O vendedor pode reduzir o preço, simplifi- culos estruturais com eles. Entretanto, devem evitar
car o processo de atendimento de pedido e entrega a retenção de consumidores não-rentáveis.
ou absorver algum risco do comprador oferecendo 5. Qualidade é a totalidade de aspectos e característi-
garantia. cas de um produto ou serviço que satisfaz necessi-
2. A satisfação do comprador é função do desempenho dades declaradas ou implícitas. As empresas atuais
percebido do produto e de suas expectativas. Reco- não têm escolha que não seja a implementação de
nhecendo que essa alta satisfação leva a maior leal- programas de administração da qualidade total para
dade do consumidor, muitas empresas, hoje, estão permanecerem solventes e rentáveis. Qualidade to-
visando à satisfação total do consumidor. Para as em- tal é a chave para a criação de valor e satisfação do
presas centradas no consumidor, satisfazê-lo é uma consumidor.
meta e uma ferramenta de marketing. Entretanto, a 6. Os gerentes de marketing têm duas responsabilida-
principal meta de uma empresa deve ser maximizar des em uma empresa centrada na qualidade. Pri-
a satisfação do consumidor. Gastar mais para au- meiro, devem participar da formulação de estraté-
mentar essa satisfação pode retirar recursos finan- gias e políticas preparadas para ajudar a empresa a
ceiros de outros parceiros da empresa, incluindo vencer através da excelência em qualidade total.
funcionários, revendedores, fornecedores e acionis- Segundo, devem oferecer qualidade em marketing
tas. acompanhada de qualidade em produção. Cada ati-
3. As empresas fortes desenvolvem capacidades vidade de marketing - pesquisa de marketing, trei-
tecnológicas superiores para administrar os quatro namento de vendedores, propaganda, serviços aos
processos-núcleos do negócio: desenvolvimento de consumidores e assim por diante - deve ser desem-
novos produtos, administração de estoque, ciclo pe- penhada dentro de padrões elevados. Em todas es-
dido-recebimento e serviços aos consumidores. Ad- sas atividades, os profissionais de marketing devem
ministrar esses processos-núcleos eficazmente sig- trabalhar estreitamente com outros departamentos
nifica criar uma rede de marketing em que a empre- da empresa.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Peter Drucker observou que a primeira tarefa de uma tisfação do consumidor" uma de suas principais
empresa é "criar consumidores". Lee Iacocca metas.
enfatizou a mesma idéia quando afirmou que "a 2. A Hewlett Packard desfrutava de boa reputação por
única segurança de emprego que alguém possui nesta fabricar microcomputadores e produtos eletrônicos
empresa (a Chrysler) decorre da qualidade, produ- de alta qualidade, mas essa reputação começou a
tividade e de consumidores satisfeitos". Quais alguns cair quando os consumidores começaram a encon-
dos fatores ambientais que têm contribuído para a trar problemas em seus produtos. Muito embora
crescente importância de satisfazer o consumidor? muitos deles tenham sido solucionados, parece que
Nomeie algumas empresas que têm tornado a "sa- seus clientes potenciais (empresas) estão procuran-
68 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
do outros concorrentes para a aquisição de 6. Defina cada um dos conceitos abaixo e dê exemplo
microcomputadores. de empresa que adota cada um deles para obter van-
Para aumentar sua participação de mercado, veicu- tagem competitiva:
lou um anúncio comparando as vantagens de seus a. Cadeia de valor
microcomputadores em relação aos concorrentes b. Cadeia de entrega de valor
IBM e Compaq. Baixou os preços e prometeu me- c. Marketing de relacionamento
lhor desempenho, confiabilidade e ampliou os ser- d. Qualidade orientada para o mercado
viços. Antes, fez algumas mudanças em outros as- e. Satisfação do consumidor
pectos de seu negócio. Quais as prováveis mudan- 7. Um subcomitê do conselho de diretores da cadeia
ças implementadas na área de produção? Quais as de hotéis Hampton Inns propôs que os hóspedes
razões para isso? Que tipo de estratégia de marketing deveriam receber garantia de "satisfação total ou per-
a HP pretendia com a ofensiva indicada em seu anún- noites gratuitos". Os funcionários teriam permissão
cio? de cumprir a garantia sem a aprovação dos geren-
3. Os japoneses entraram no mercado norte-america- tes. Mas, embora a garantia proposta mostrasse
no de carros adotando uma estratégia de qualidade. muita confiança na qualidade, dando à cadeia de
Naquele momento, qualidade era uma fraqueza com- hotéis uma vantagem competitiva, a maioria dos
petitiva dos fabricantes norte-americanos e a estra- gerentes opôs-se ao plano. Por que eles não que-
tégia foi muito bem-sucedida ao assegurar uma van- riam garantir a satisfação total dos hóspedes? Quais
tagem competitiva para os japoneses. Assumimos que as prováveis reações dos hóspedes a essa garantia?
a Ford está procurando meios de competir com os Que controles podem ser introduzidos para reduzir
japoneses no mercado norte-americano, mas não o abuso dos hóspedes?
deseja começar uma guerra comercial com o Japão 8. Pediu-se a uma amostra de 500 consumidores que
pedindo ao governo para impor quotas aos carros usam antenas parabólicas Empire Satellite para res-
importados. Como a Ford poderia usar a cadeia de ponder às duas questões seguintes. Suas respostas
valor como ferramenta analítica para melhorar o estão resumidas na Tabela 1.
valor percebido de seus produtos, sabendo que va-
lor, atualmente, é uma fraqueza competitiva para os
japoneses? Em qual das cinco atividades primárias QUESTÕES:
da cadeia de valor os japoneses concorrem melhor e
em qual delas a Ford deve focar? Afirmação 1 - Prefiro conversar com uma pessoa em vez
de ter que ouvir uma gravação computadorizada quando
4. Zeithaml, Parasuraman e Berry identificaram cinco
necessito do serviço de assistência técnica da Empire
dimensões de serviços de qualidade. São (1)
Satellite.
confiabilidade - habilidade de transmitir confiança
e rigor no que foi prometido, (2) compromisso -
( ) Muito importante
conhecimento e cortesia dos funcionários e habili-
( ) Importante
dade em transmitir a verdade, (3) tangibilidade -
( ) Indiferente
instalações físicas, equipamentos e apresentação
( ) De pouca importância
pessoal de seus funcionários, (4) empatia - grau de
( ) Nada importante
cuidado e atenção em relação aos consumidores e
(5) responsividade - disposição em ajudar e em pres-
tar serviços aos consumidores. Descreva como a Xe- Afirmação 2 - Estou satisfeito com o atendimento de gra-
rox pode entregar cada uma dessas cinco dimensões vação computadorizada usado pela Empire Satellite.
a seus clientes (consumidores). Essa empresa desta-
ca-se em algumas dessas dimensões em relação a ( ) Muito satisfeito
seus concorrentes? ( ) Satisfeito
( ) Indiferente
5. A Unisys Corporation emprega consultores empre-
( ) Insatisfeito
sariais experientes para ajudar seus clientes na ava-
( ) Muito insatisfeito
liação do fluxo de informações entre as organiza-
ções e seus consumidores, na identificação de bar-
A empresa está pensando em deixar o atendimen-
reiras à comunicação e no desenvolvimento de solu-
to por sistema de gravação eletrônica, passando a em-
ções tecnológicas. Esta empresa criou a palavra
pregar pessoas. A partir dos dados abaixo, determine se
"customização" que significa "tornar a empresa mais
a Empire deve fazer isso. Caso afirmativo, quais as im-
responsiva a seus consumidores e melhor prepara-
plicações desse levantamento para seu programa de
da para atrair outros novos". Prepare um breve ques-
marketing?
tionário que pudesse ser usado pelos consultores para
determinar se uma empresa é ou não "customizada".
70 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
A Conquista de Mercados Através do
3 Planejamento Estratégico Orientado
para o Mercado
Há cinco tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem; as que acham que
podem fazer as coisas acontecerem; as que observam as coisas acontecerem; as que admi-
ram o que aconteceu; e as que não sabem que algo tenha acontecido.
ANÔNIMO
Estratégia de marketing é uma série de ações integradas que levam a uma vantagem
competitiva sustentável.
JOHN SCULLY
Nos Capítulos 1 e 2, levantamos a questão: Como planejamento estratégico precisava substituir o planeja-
as empresas concorrem em um mercado global? Consta- mento a longo prazo convencional. Hoje, a principal meta
tamos que uma parte da resposta é o compromisso em do planejamento estratégico é ajudar as empresas a se-
criar e manter consumidores satisfeitos. Agora, pode- lecionar e a organizar os negócios de maneira saudável,
mos acrescentar uma segunda parte a essa resposta: As mesmo quando eventos inesperados descontrolam quais-
empresas bem-sucedidas e de alto desempenho sabem quer de seus negócios ou linhas de produtos.
como se adaptar a um mercado em mudança contínua. 0 planejamento estratégico exige ação em três áre-
Praticam a arte do planejamento estratégico orientado as-chaves. A primeira determina que a empresa deve
para o mercado. determinar seus negócios como um portfolio de investi-
mentos. Cada negócio tem um potencial de lucro dife-
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORIENTADO PARA O rente e os recursos da empresa devem ser devidamente
MERCADO é o processo gerencial de desenvolver e alocados.
A segunda área-chave envolve a avaliação cuida-
manter um ajuste viável entre os objetivos, experi-
dosa de cada negócio, considerando-se a taxa de cresci-
ências e recursos da organização e suas oportunida-
mento do mercado e a posição e adequação da empresa
des de mercado mutantes. O propósito do planeja- naquele mercado. Não é suficiente usar as vendas ou o
mento estratégico é moldar e remoldar os negócios lucro atual como guia. Por exemplo, se a Ford Motor
e produtos da empresa com objetivo de crescimento Company usasse o lucro atual como guia para investi-
e lucro. mentos nos anos 70, teria continuado investindo em gran-
des automóveis porque estava ganhando dinheiro. Mas
Os conceitos que fundamentam o planejamento a análise da Ford mostrou que o lucro decorrente desses
estratégico emergiram nos anos 70 como resultado de veículos estava diminuindo drasticamente. Portanto, a
uma sucessão de ondas de choque que impactaram a empresa precisava realocar seus investimentos para
indústria norte-americana - crise de energia, inflação melhorar a produção de carros compactos, muito embo-
de dois dígitos, estagnação econômica, concorrência ja- ra estivesse perdendo dinheiro nesses modelos naquele
ponesa vitoriosa e fim da reserva de mercado em setores momento.
industriais-chaves. Anteriormente, as empresas norte- A terceira área-chave do planejamento estratégico
americanas podiam confiar em projeções de crescimen- é a estratégia. Para cada um de seus negócios, a empresa
to simples para planejar a produção, vendas e lucros. 0 deve desenvolver um plano específico para atingir obje-
NATUREZA DOS NEGÓCIOS DE ALTO negócios como portfólio de investimentos ao qual acres-
centavam negócios promissores e removiam negócios
DESEMPENHO
decadentes. Nos anos 80, as empresas decidiram per-
manecer nos negócios que conheciam bem.
Um dos principais desafios enfrentados pelas em-
A empresa de consultoria Arthur D. Little propôs
presas atuais é como construir e manter negócios viá-
um modelo com as características de um negócio de alto
veis em um mercado e ambiente empresarial rapidamen-
desempenho. Ela apontou os quatro fatores mostrados
te mutantes. Nos anos 50, a resposta era aumentar a
na Figura 3.2 como chaves para o sucesso: stakeholders
eficiência da produção. Nos anos 60 e 70, as empresas
(interessados na empresa), processos, recursos e orga-
consideravam que crescimento e lucro eram decorren-
nização.2
tes de programas de aquisição e diversificação. Viam seus
1. Veja HARRELL, Steve. Discurso em uma sessão plenária do Encontro de Educadores da American Marketing Association, Chicago, em 5 de
agosto de 1980.
2. Veja ERICKSON, Tamara J., SHOREY, C. Everett. Business strategy: new thinking for the '90s. Prism, Fourth Quarter 1992. p. 19-35.
72 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Figura 3.1 Planejamento estratégico e processo de implementação e controle.
Definição de
estratégias para
satisafazer seus
stakeholders...
...melhorando os
processos críticos
da empresa...
...e alinhando
os recursos da
organização.
Fonte: NAYAK, P Ranganath, DRAZEN, Erica, KASTNER, George. The high-performance business: accelerating performance improvement.
Prism, First Quarter 1992. p. 6. Reimpresso com permissão da Arthur D. Little, Inc.
Figura 3.2 Empresa de alto desempenho.
Neste livro, o termo stakeholders será mantido na forma original. A tradução mais próxima seria "interessados", ou seja, pessoas ou grupos
que têm interesse pela organização. Podem ser funcionários, fornecedores, governo, comunidade, grupos de proteção ambiental etc. (N.T.)
3. Veja KATZENBACH, Jon R., SMITH, Douglas K. The wisdom of teams: creating the high-performance oganization. Boston : Harvard Business
School Press, 1993; e HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengineering the Corporation. New York : HarperBusiness, 1993.
4. GLINES, David. Do you work in a zoo? Executive Excellence 11, n. 10, p. 12-13, Oct. 1994.
5. FERRERO, Matthew J. Self-directed work teams untax the IRS. Personnel Journal, p. 66-71, July 1994.
6. GARRETT, Echo Montgomery. Outsourcing to the max. Small Business Reports, p. 9-14, Aug. 1994. Uma situação de terceirização está
habilmente explicada em QUINN, James Brian. Intelligent enterprise. New York : Free Press, 1992.
74 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
tes nessa tarefa. Entretanto, desenvolve superioridade O que ocorre quando empresas empreendedoras
no design e no merchandising dos calçados, duas suas crescem e precisam criar uma estrutura mais rígida? E
competências-núcleo. Uma competência-núdeo apresen- quando uma empresa com cultura empreendedora en-
ta três características: (1) é fonte de vantagem competi- tra em uma joint venture com uma cultura mais burocrá-
tiva, (2) possui amplitude potencial de aplicações e (3) tica e hierarquizada? Recentemente, duas empresas gi-
é difícil para os concorrentes imitarem.7 gantes na área de computadores tiveram essa experiên-
cia:
7. PRAHALAD, C. K., HAMEL, Gary. The core competence of the Corporation. Harvard Business Review, p. 79-91, May/June 1990.
8. MACKIEWICZ, Andréa, DANIELS, Caroline. The successful Corporation of the year 2000. New York, Londres : The Economist Intelligence Unit,
1994. p. 33-43.
9. CORPORATE culture shock: an IBM-Apple Computer joint venture. Fortune, p. 44, 5 Apr. 1993.
10. COLLINS, James C, PORRAS, Jerry I. Built to lasf. successful habits of visionary companies. New York : HarperBusiness, 1994.
11. Veja THE new breed of strategic planning. Business Week, p. 62-68, 7 Sept. 1984.
12. Veja DRUCKER, Peter. Management: tasks, responsabilities and practices. New York : Harper & Row, 1973. Cap. 7.
76 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
"A Amoco é uma empresa química e petrolí- a empresa dominará e alavancará. Assim, a NEC ja-
fera mundialmente integrada. Descobrimos e desenvol- ponesa desenvolveu suas competências-núcleo em
vemos recursos petrolíferos e fornecemos produtos e ser- computação, comunicações e componentes eletrô-
viços de qualidade para nossos consumidores. Conduzi- nicos. Essas competências apoiam sua produção de
mos responsavelmente nosso negócio para obter retor- computadores laptop, aparelhos de televisão, tele-
no financeiro elevado, balanceado com nosso crescimen- fones celulares e assim por diante.
to a longo prazo, beneficiando acionistas e atendendo a • Escopo de segmento de mercado. O tipo de mercado
nosso compromisso com a comunidade e o meio-ambi- ou de consumidores que a empresa atenderá. Algu-
ente." mas empresas atenderão apenas ao mercado de alta
classe. Por exemplo, a Porsche fabrica apenas car-
ros, óculos e outros acessórios caros. A Gerber aten-
MOTOROLA "O propósito da Motorola é atender
de, principalmente, ao mercado de bebês.
honoravelmente às necessidades da comunidade forne-
• Escopo vertical. O número de níveis de canal, da ma-
cendo produtos e serviços de qualidade superior e pre-
téria-prima ao produto final e à distribuição em que
ço; ao fazer isso, procuramos obter o lucro adequado e
a empresa participará. Em um extremo, estão as em-
necessário para o crescimento da empresa, dando opor-
presas com escopo vertical amplo; no passado, a Ford
tunidade para que nossos funcionários e acionistas con-
possuía plantações de seringais, fazendas de ove-
quistem objetivos pessoais razoáveis."
lhas, fábricas de vidro e aciárias. No outro extremo
estão as empresas com baixa ou nenhuma integração
As boas declarações de missão possuem três carac- vertical. Essas "corporações ocas" ou "empresas ge-
terísticas importantes: Primeiro, focam um número li- nuínas de marketing" consistem de uma pessoa com
mitado de metas. A declaração: "Desejamos fabricar pro- telefone, fax, computador e uma mesa que contrata
dutos da mais alta qualidade, oferecer os melhores ser- serviços de design, manufatura, marketing e distri-
viços, atingir a distribuição mais ampla e vender aos pre- buição física.13
ços mais baixos" é muito ampla. Deixa de fornecer orien- • Escopo geográfico. A variedade de regiões, países ou
tações quando a administração enfrenta decisões difí- grupo de países onde a empresa operará. Em um
ceis. Segundo, as declarações de missão destacam as extremo estão as empresas que operam em uma ci-
principais políticas e valores que a empresa deseja hon- dade ou estado específico. No outro estão as
rar. As políticas definem como a empresa tratará seus multinacionais como Unilever e Caterpillar, que ope-
stakeholders, funcionários, consumidores, fornecedores, ram em quase todos os 180 países mais importantes
distribuidores e outros grupos importantes. As políticas do mundo.
delimitam a amplitude da discrição individual, permi-
tindo que os funcionários atuem consistentemente em As declarações de missão são melhores quando
assuntos importantes. Terceiro, definem os principais orientadas por uma visão, quase um "sonho impossível"
escopos de competência em que a empresa operará: que fornece direção para os próximos dez ou vinte anos
da empresa. Akio Morita, ex-presidente da Sony, deseja-
• Escopo do setor industrial. A variedade de setores in- va que todos tivessem acesso ao "som pessoal portátil",
dustriais em que a empresa operará. Algumas ope- e sua empresa criou o walkman e o aparelho de CD por-
rarão em apenas um setor industrial; algumas ape- tátil. Fred Smith desejava entregar encomendas em qual-
nas em um conjunto de setores industriais relacio- quer lugar dos Estados Unidos antes das 10:30 do dia
nados; algumas apenas em setores de bens industri- seguinte, e criou a Federal Express.
ais, bens de consumo ou serviços; outras em qual- As declarações de missão não devem ser revisadas
quer setor industrial. Por exemplo, a Du Pont prefe- em poucos anos para responder a cada nova mudança
re operar no mercado industrial, enquanto a Dow econômica. Entretanto, a empresa deve redefinir sua
está disposta a operar no mercado industrial e no missão se esta perder a credibilidade ou não mais estar
consumidor. A 3M está presente em qualquer setor definindo um curso de ação ótimo para a empresa.14 A
industrial em que possa ganhar dinheiro. Mars Inc. modificou seus "Cinco princípios" em 1994
• Escopo de produto e aplicações. A variedade de pro- para incorporar referências às ambições da empresa de
dutos e aplicações que a empresa fornecerá. O pro- ir para o exterior; e a Bell Atlantic modificou sua visão -
pósito da St. Jude Medicai é "atender médicos em "ser a melhor empresa mundial no gerenciamento da
todo o mundo com produtos de alta qualidade des- informação e das comunicações" - ao incorporar o en-
tinados ao tratamento cardiovascular". tretenimento com a aquisição da Tele-Communications
• Escopo de competência. A variedade de competên- Inc., gigante da TV a cabo.15
cias tecnológicas e outras competências-núcleo que
13. Veja THE HOLLOW Corporation. Business Week, p. 57-59, 3 Mar. 1986. Veja também DAVIDOW, William H., MALONE, Michael S. The virtual
Corporation. New York : HarperBusiness, 1992.
14. Para maior discussão, veja NASH, Laura. Mission statements: mirrors and windows. Harvard Business Review, p. 155-156, Mar./Apr. 1988.
15. FUCHSBERG, Gilbert. Visioning missions becomes its own mission. The Wall Street Journal, 7 Jan. 1994. B1, p. 3.
16. LEVITT, Theodore. Miopia em marketing. In: Imaginação de marketing. 2. ed. São Paulo : Atlas, 1991.
17. ABELL, Derek. A definição do negócio: o ponto de partida para o planejamento estratégico. São Paulo : Atlas, 1990. Cap. 3.
78 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Fonte: Reproduzido de Long Range Planning, Feb. 1977, p. 12, com permissão de Elsevier Science Ltd. The Boulevard, Langford Lane, Kidington
0X5 IGB, UK.
Figura 3.3 Matriz crescimento-partidpação de mercado do Boston Consulting Group.
cas para classificar seus negócios por potencial de lucro. UEN da empresa é líder e possui 10 vezes o volume de
Dois dos modelos de avaliação de portfólio de negócios vendas da concorrente mais próxima naquele mercado.
mais conhecidos são o do Boston Consulting Group e o A participação relativa de mercado é dividida em alta e
da General Electric.18 baixa, usando-se 1,0 como linha divisória. A participa-
ção relativa de mercado está desenhada em escala
logarítmica, de modo que distâncias iguais representam
MODELO DO B O S T O N CONSULTING G R O U P . O Boston
o mesmo crescimento porcentual.
Consulting Group (BCG), importante empresa de
A matriz crescimento-participação está dividida em
consultoria de administração, desenvolveu e populari-
quatro células, cada uma indicando um tipo de negócio
zou a matriz crescimento-participação mostrada na Figu-
diferente:
ra 3.3. Os oito círculos representam os tamanhos e posi-
ções atuais de oito unidades de negócios de uma empre- • Oportunidades: São negócios que operam em mer-
sa hipotética. O tamanho de cada negócio em termos de cados de alta taxa de crescimento, mas com partici-
dinheiro é proporcional à área do círculo. Assim, os dois pações relativas de mercado baixas. A maioria dos
maiores negócios são o 5 e o 6. A localização de cada negócios inicia-se como oportunidades, à medida que
unidade de negócio indica sua taxa de crescimento de a empresa tenta entrar em um mercado de alto cres-
mercado e a participação relativa de mercado. cimento onde já existe um líder. Um negócio de opor-
Especificamente, a taxa de crescimento de mercado tunidade exige grande investimento porque a em-
no eixo vertical indica a taxa anual de crescimento no presa precisa gastar dinheiro em instalações indus-
mercado em que a UEN opera. Na Figura 3.3, varia de 0 triais, equipamentos e pessoal para acompanhar o
a 20%, embora uma variação maior poderia ser mostra- mercado de rápido crescimento, uma vez que dese-
da. Uma taxa de crescimento de mercado acima de 10% ja superar a líder. O termo oportunidade é apropria-
é considerada alta. No eixo horizontal, mostra-se a par- do porque a empresa precisa refletir muito antes de
ticipação relativa de mercado da UEN em relação a seu colocar dinheiro em um negócio que pode dar certo
maior concorrente. Serve como uma medida da força da ou errado. A empresa da Figura 3.3 opera três negó-
empresa no mercado relevante. Uma participação rela- cios considerados oportunidades e isto pode não ser
tiva de mercado de 0,1 significa que o volume de vendas bom. Ela pode investir mais em um ou dois negó-
da UEN é apenas 10% do volume de vendas da UEN cios, em vez de pulverizar os recursos em três negó-
líder; uma participação relativa de 10 significa que a cios.
18. Veja KERIN, Roger A., MAHAJAN, Vijay, VARADARAJAN, P Rajan. Contemporary perspectives on strategic planning. Boston : Allyn & Bacon,
1990.
80 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
(a) Classificação
FORÇA DO NEGÓCIO
(b) Estratégias
FORÇA DO NEGÓCIO
Fonte: Reproduzido de DAY, George S. Analysisfor strategic marketing decisions. West Publishing Company. 1986. p. 202-204.
Figura 3.4 Atratividade de mercado e posição competitiva - Classificação e estratégias de portfólio
Tabela 3.2 Fatores relevantes de atratividade de mercado e força do negócio, baseados no modelo de portfólio
multifatorial da GE: mercado de bombas hidráulicas.
Fonte: Adaptado de HOSMER, La Rue T. Strategic management. Englewood Cliffs : Prentice-Hall, 1982. E 310.
82 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
nho do mercado, taxa anual de crescimento do merca- de vida, bem como as estratégias competitivas espera-
do, histórico das margens de lucro e assim por diante. A das, novas tecnologias, eventos econômicos e assim por
força do negócio varia com a participação de mercado, diante. Os resultados estão indicados pela extensão e
crescimento da participação, qualidade do produto etc. direção das setas da Figura 3.4(a). Por exemplo, espera-
Nota-se que os dois fatores do BCG - taxa de crescimen- se que o negócio de bombas hidráulicas decline leve-
to de mercado e participação de mercado - são pré-as- mente em termos de atratividade de mercado e que o
sumidos sob as duas principais variáveis do modelo GE. negócio de embreagens decline fortemente em termos
Este modelo leva os planejadores estratégicos a exami- de força.
nar mais fatores ao avaliar um negócio real ou potencial Nem sempre o objetivo da empresa é o crescimen-
do que os propostos pelo modelo BCG. to de vendas em cada UEN. Ao contrário, o objetivo pode
Como a empresa chega aos dados mostrados na ser manter a demanda existente investindo menos re-
Tabela 3.2 e aos círculos da Figura 3.4(a)? A adminis- cursos de marketing ou retirar dinheiro do negócio, per-
tração classifica cada fator de 1 (não atraente) a 5 (mui- mitindo a queda da demanda. Assim, a tarefa da admi-
to atraente). O negócio de bombas hidráulicas é avalia- nistração de marketing é gerenciar a demanda ou a recei-
do em 4 no tamanho do mercado, indicando uma parti- ta no nível-alvo negociado com a alta administração.
cipação muito boa, desde que o mercado total seja 5. Marketing contribui para avaliar o potencial de lucro e
Claramente, a avaliação desses fatores exige dados for- vendas de cada UEN, mas, uma vez estabelecidos os ob-
necidos pelo departamento de marketing e por outras jetivos e o orçamento de cada uma delas, a tarefa de
pessoas da empresa. Depois, as avaliações são multipli- marketing é implementar o plano de maneira eficiente e
cadas pelos pesos, refletindo a importância relativa dos rentável.
fatores para se chegar aos valores, que são somados para
cada dimensão. O negócio de bombas hidráulicas somou CRÍTICA AOS MODELOS DE PORTFÓLIO. Além dos modelos
3,70 em atratividade de mercado e 3,40 em força do BCG e GE, outros modelos de portfólio têm sido desen-
negócio, abaixo da somatória máxima de 5,00 para cada volvidos e usados, principalmente o da Arthur D. Little e
fator. O analista coloca um ponto representando esse o da política direcional da Shell.20 Os modelos de portfólio
negócio na matriz multifatorial da Figura 3.4(a) e dese- apresenta inúmeros benefícios. Eles vêm ajudando os
nha um círculo em torno do mesmo, de tamanho pro- administradores a pensar mais estrategicamente, a en-
porcional à dimensão do mercado relevante. A partici- tender melhor os fatores econômicos de seus negócios,
pação de mercado da empresa de, aproximadamente, a melhorar a qualidade de seus planos, a melhorar a
14% está sombreada. Fica evidente que o negócio de comunicação entre o negócio e a administração da em-
bombas hidráulicas está situado em uma parte razoavel- presa, a identificar os hiatos de informação e a eliminar
mente atraente da matriz. os negócios mais fracos, aumentando o investimento em
De fato, a matriz GE está dividida em nove células, negócios mais promissores.
que, por sua vez, concentram-se em três zonas (Figura Entretanto, os modelos de portfólio devem ser usa-
3.4[b]). As três células do canto superior esquerdo indi- dos com cautela. Podem levar a empresa a dar maior
cam as UENs fortes em que a empresa deve investir/ ênfase no aumento da participação de mercado, entran-
crescer. As células diagonais do canto inferior esquerdo do em negócios de alto crescimento ou a negligenciar
ao superior direito indicam UENs classificadas como seus negócios atuais. Os resultados dos modelos são sen-
médias em termos de atratividade global. A empresa deve síveis às classificações e pesos e podem ser manipulados
procurar seletividade e administrar os lucros nessas para produzirem uma localização desejada na matriz.
UENs. As três células do canto inferior direito indicam Além disso, desde que esses modelos usem um processo
UENs fracas em termos de atratividade global: a empre- médio, dois ou mais negócios podem terminar na mes-
sa deve pensar seriamente em desacelerar/abandonar ma célula, embora diferindo bastante em termos de clas-
esses negócios. Por exemplo, o negócio de válvulas de sificações e pesos atribuídos. Muitos negócios termina-
escape representa uma UEN com baixa participação de rão posicionados no centro da matriz como resultado de
mercado em um mercado de tamanho médio não muito avaliações coincidentes, tornando difícil saber qual deve
atraente e onde a empresa está em fraca posição compe- ser a estratégia apropriada. Finalmente, os modelos fa-
titiva: é séria candidata a desacelerar/abandonar.19 lham em delinear as sinergias entre dois ou mais negó-
A administração deve também prever a posição cios, significando que pode ser arriscado tomar decisões
esperada de cada UEN nos próximos três a cinco anos, para um negócio isolado. Há o perigo de perder-se uma
mantendo-se a estratégia atual. Essa determinação en- unidade de negócio que, realmente, forneça uma com-
volve analisar onde se situa cada produto em seu ciclo petência-núcleo essencial para atender a outras unida-
19. Trata-se de uma decisão difícil a ser tomada entre desacelerar e abandonar um negócio. Desacelerar um negócio significa perder valor a
longo prazo, situação em que será difícil encontrar um comprador. Por outro lado, o abandono do negócio facilita a atração de um compra-
dor.
20. Veja PATEL, Peter, YOUNGER, Paul. A frame of reference for strategy development. Long Range Planning, p. 6-12, Apr. 1978; e ROBINSON,
S. J. Q et. al. The directional policy matrix: tool for strategic planning. Long Range Planning, p. 8-15, June 1978.
des de negócios. Entretanto, os modelos de portfolio glo- Três opções estão disponíveis. A primeira é identi-
bais têm melhorado a capacidade estratégica e analíti- ficar oportunidades que possam contribuir para o cres-
ca, permitindo a tomada de melhores decisões, evitando cimento de seus negócios atuais (oportunidades de cres-
as meras impressões.21 cimento intensivo). A segunda é identificar oportunida-
des de crescimento ou de aquisição de negócios relacio-
nados com os atuais (oportunidades de crescimento inte-
Planejamento de novos negócios grado). A terceira é identificar oportunidades de acres-
centar negócios atraentes não relacionados com os atu-
Os planos da empresa para seus negócios existen- ais (oportunidades de crescimento diversificado). As opor-
tes permitem a projeção do faturamento total e do lu- tunidades específicas dentro de cada classe estão listadas
cro. Freqüentemente, as vendas e os lucros projetados na Tabela 3.3.
são menores do que o esperado pela alta administração.
Se houver um hiato de planejamento estratégico entre
as vendas futuras desejadas e as projetadas, a alta admi- CRESCIMENTO INTENSIVO. O primeiro curso de ação da
nistração terá que desenvolver ou adquirir novos negó- alta administração deve avaliar se há quaisquer oportu-
cios para preenchê-lo. nidades de melhorar o desempenho dos negócios exis-
A Figura 3.5 ilustra esse hiato de planejamento tentes. Ansoff propôs uma matriz útil para detectar no-
estratégico para um importante fabricante de fitas de vas oportunidades de crescimento intensivo denomina-
áudio chamada Musicale (nome fictício). A curva mais da grid de expansão mercado-produto, mostrada na Figu-
baixa projeta as vendas esperadas nos próximos dez anos, ra 3.6.22 Primeiro, a empresa considera se pode aumen-
baseando-se no portfolio atual de negócios da empresa. tar sua participação de mercado com seus produtos e
A curva mais alta projeta as vendas desejadas pela em- mercados atuais (estratégia de penetração de mercado).
presa. Evidentemente, a empresa deseja crescer mais A seguir, considera se pode encontrar ou desenvolver
rápido do que seus negócios permitem. Como pode pre- novos mercados para seus produtos atuais (estratégia de
encher esse hiato de planejamento estratégico? desenvolvimento de mercado). Depois, considera se pode
21. Para comparar com outro ponto de vista, veja ARMSTRONG, J. Scott, BRODIE, Roderick J. Effects of portfolio planning methods on decision
making: experimental results. International Journal of Research in Marketing, p. 73-84, 1994.
22. A mesma matriz pode ser expandida para nove células, acrescentando-se produtos e mercados modificados. Veja JOHNSON, S. J., JONES,
Conrad. How to organize for new products. Harvard Business Review, p. 57-69, Mar./Apr. 1992.
84 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Produtos atuais Novos produtos
1. Estratégia de 3. Estratégia de
Mercados penetração de desenvolvimento
atuais mercado de produto
2. Estratégia de 4. Estratégia de
Mercados desenvolvimento diversificação
novos de mercado
Fonte: Adaptado de ANSOFF, Igor. Strategies for diversification. Harvard Business Review, p. 114, Sept./Oct. 1957.
Figura 3.6 Três estratégias de crescimento intensivo: grid de expansão produto/mercado de Ansoff.
desenvolver novos produtos de interesse potencial a seus cas em suas fitas cassete, como maior tempo de grava-
mercados atuais (estratégia de desenvolvimento de pro- ção e introdução de um ruído especial no final da fita.
duto). (Mais tarde, examinará as oportunidades de de- Pode desenvolver níveis de qualidade diferentes, como
senvolver novos produtos para novos mercados - estra- uma fita de qualidade superior para ouvintes de música
tégia de diversificação.) Como a Musicale pode usar es- clássica e outra inferior para o mercado de massa. Pode
sas três importantes estratégias de crescimento intensi- pesquisar uma tecnologia alternativa para fitas como
vo para aumentar suas vendas? compact discs e fitas de áudio digitais.
Ao examinar essas três estratégias de crescimento
Estratégia de penetração de mercado. Há três intensivo, a administração pode descobrir várias possi-
abordagens importantes para aumentar a participação bilidades de crescimento. Quando o crescimento pode
de mercado dos produtos atuais. A Musicale pode tentar não ser suficiente, a administração deve também exami-
estimular seus consumidores atuais a comprar maior nú- nar as oportunidades de crescimento integrado.
mero de fitas cassete por período. Isto pode funcionar se
suas compras forem infreqüentes, mostrando-lhes os
CRESCIMENTO INTEGRADO. Freqüentemente, as vendas
benefícios do uso de fitas para gravar música ou conver-
e os lucros de um negócio podem crescer através da
sações. Ela pode tentar atrair os consumidores dos con-
integração para trás, para frente ou horizontal dentro
correntes. Isto pode funcionar se a Musicale percebeu
de seu setor industrial. A Musicale pode incorporar um
deficiências importantes nos produtos ou nos programas
ou mais de seus fornecedores (como os fabricantes de
de marketing dos concorrentes. Finalmente, pode tentar
material plástico) para obter mais controle ou lucro
convencer não usuários de fitas cassete a começar a usá-
(integração para trás). Pode incorporar alguns atacadis-
las. Isto pode funcionar se houver ainda muitas pessoas
tas ou varejistas, principalmente se forem altamente ren-
que não possuem toca-fitas.
táveis (integração para a frente). Finalmente, pode in-
corporar um ou mais concorrentes, desde que as leis lo-
Estratégia de desenvolvimento de mercado. cais não vetem tal iniciativa (integração horizontal).
Como a administração procura novos mercados cujas ne-
Através da investigação de possíveis integrações, a
cessidades podem ser atendidas por seus produtos atu-
empresa pode descobrir fontes adicionais de aumento
ais? Primeiro, a Musicale pode tentar identificar grupos
do volume de vendas nos próximos dez anos. Entretan-
de usuários potenciais nas áreas de vendas atuais cujo
to, essas novas fontes podem ainda não ser suficientes
interesse por fitas cassete pode ser estimulado. Se esti-
para se chegar ao volume de vendas desejado. Neste caso,
ver vendendo o produto apenas a mercados consumido-
a empresa deve considerar a diversificação.
res, pode procurar os mercados de fábricas e escritórios.
Segundo, pode buscar outros canais de distribuição em
seus mercados atuais. Se estiver vendendo fitas apenas CRESCIMENTO DIVERSIFICADO. Este crescimento faz senti-
através de lojas de equipamentos musicais, pode procu- do quando podem ser encontradas boas oportunidades
rar canais de varejo em massa. Terceiro, a empresa pode fora dos negócios atuais. Uma boa oportunidade é aque-
considerar a possibilidade de vender em outras regiões la em que o setor industrial é altamente atraente e a
do país ou do exterior. Assim, se vende apenas na região empresa possui o composto de forças necessário para
leste do país, pode pensar na região oeste ou na Europa. ser bem-sucedida. Três tipos de diversificação são possí-
veis. A empresa pode procurar novos produtos que te-
Estratégia de desenvolvimento de produto. Além nham sinergias com suas linhas atuais de produtos, muito
de penetrar e desenvolver mercados, a administração embora os produtos possam atrair um grupo diferente
deve considerar a possibilidade de introduzir novos pro- de consumidores (estratégia de diversificação concêntri-
dutos. A Musicale pode desenvolver novas característi- ca). Por exemplo, a Musicale pode começar a fabricar
86 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
marketing e os canais de distribuição para a venda de têm alta probabilidade de ocorrência. Para lidar com essas
equipamentos de iluminação. ameaças, a empresa precisa preparar planos de contin-
Em geral, uma unidade de negócio precisa gência para enfrentá-las antes ou durante suas ocorrên-
monitorar as forças macroambientais (demográficas, eco- cias. As ameaças da célula inferior direita são menores e
nômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e cultu- podem ser ignoradas. As ameaças das células superior
rais) e os atores microambientais importantes (consumi- direta e inferior esquerda não exigem planos de contin-
dores, concorrentes, canais de distribuição, fornecedo- gência, mas precisam ser cuidadosamente monitoradas
res) que afetam sua habilidade de obter lucro. A unida- porque, se aumentarem, podem tornar-se mais sérias.
de de negócio deve estabelecer um sistema de inteligên- Uma vez a administração ter identificado as prin-
cia de marketing para rastrear tendências e desenvolvi- cipais oportunidades e ameaças enfrentadas por uma
mentos importantes. Para cada tendência ou desenvol- unidade de negócio específica, é possível caracterizar
vimento, a administração precisa identificar as oportu- sua atratividade global. Quatro resultados são possíveis:
nidades e as ameaças associadas.
• Um negócio ideal é alto em termos de oportunidades
e baixo em ameaças.
OPORTUNIDADES. Um importante propósito da análise • Um negócio especulativo é alto tanto em termos de
ambiental é detectar novas oportunidades de marketing. oportunidades como de ameaças.
• Um negócio maduro é baixo em termos de oportuni-
OPORTUNIDADE DE MARKETING é uma área de ne- dades e baixo em ameaças.
cessidade do comprador em que a empresa pode atu- • Um negócio arriscado é baixo em termos de oportu-
ar rentavelmente. nidades e alto em ameaças.
partamentais como parte da auditoria ambiental inter- interdepartamental. Embora cada departamento possa
na. A Honeywell faz exatamente isso: dominar uma competência-núcleo, o desafio é desen-
volver capacidade competitiva superior para adminis-
trar os processos-chaves da empresa. Stalk denomina isto
HONEYWELL Todos os anos, a Honeywell solicita a competição baseada em capacidades.
todos os departamentos para classificarem suas própri-
as forças e fraquezas e como interagem entre si. A noção
é que cada departamento seja "fornecedor" e "cliente"
de outros departamentos. Assim, se seus engenheiros,
freqüentemente, subestimarem os custos e o tempo de Após a empresa ter definido sua missão e exami-
conclusão de novos produtos, seus "clientes internos" nado seus ambientes externo e interno, ela pode desen-
(produção, finanças e vendas) serão prejudicados. Uma volver metas específicas para o período de planejamen-
vez identificadas as fraquezas de cada departamento, to. Este estágio do processo de planejamento estratégi-
pode-se trabalhar para corrigi-las. co do negócio é denominado formulação de metas. Os
George Stalk, consultor líder do BCG, sugere que administradores usam o termo metas para descrever os
empresas vencedoras são aquelas que têm alcançado objetivos específicos referentes a magnitude e tempo.
capacidades internas superiores, não apenas competên- Transformar objetivos em metas mensuráveis facilita o
cias-núcleos.23 Todas as empresas devem administrar al- planejamento, a implementação e o controle.
guns processos básicos como desenvolvimento de novos Poucos negócios procuram apenas um objetivo. Ao
produtos, geração de vendas e atendimento de pedidos. contrário, a maioria das unidades de negócios procura
Cada processo gera valor e exige trabalho em equipe um composto de objetivos, incluindo rentabilidade, cres-
23. STALK, George, EVANS, Philip, SHULMAN, Lawrence. Competing capabilities: the news rules of corporate strategy. Harvard Business Review,
p. 57-69, Mar./Apr. 1992.
88 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
MEMO Checklist para análise de desempenho das forças
MKT e fraquezas
DESEMP EISHO GRAU DE IMPO RTÂNCIA
PRODUÇÃO
14. Instalações
15. Economia de escala
16. Capacidade
17. Habilidade da força de
trabalho
18. Habilidade de produção
pontual
19. Habilidade técnica de
produção
ORGANIZAÇÃO
20. Visão de liderança
21. Dedicação dos
funcionários
22. Orientação
empreendedora
23. Flexibilidade/
responsividade
cimento de vendas, maior participação de mercado, o investimento. Isso pode ser realizado aumentan-
minimização de riscos, inovação, reputação e assim por do-se o nível de lucro e/ou reduzindo o capital in-
diante. A unidade de negócio estabelece seus objetivos vestido. O lucro pode ser aumentado, elevando-se o
e, depois, administra por objetivos (APO). Para um siste- faturamento e/ou reduzindo-se as despesas. O
ma de APO funcionar, os vários objetivos da unidade de faturamento pode crescer pela ampliação da parti-
negócio devem atender a quatro critérios: cipação de mercado e/ou aumentando-se os preços.
Ao proceder desta maneira, o negócio pode come-
• Primeiro, os objetivos devem ser hierarquizados, do çar com objetivos amplos que, depois, são transfor-
mais importante ao menos importante. Por exem- mados em objetivos específicos de departamentos e
plo, o objetivo-chave da unidade de negócio para o de indivíduos.
período pode ser aumentar a taxa de retorno sobre
24. Veja PORTER, Michael. Competitive strategies: techniques for analyzing industries and competitors. New York : Free Press, 1980. Cap. 2.
25. Para leituras sobre alianças estratégicas, veja LORANGE, Peter, ROOS, Johan. Alianças estratégicas: formação, implementação e evolução.
São Paulo : Atlas, 1996; e LEWIS, Jordan D. Partnerships for profit: structuring and managing strategic alliances. New York : Free Press,
1990.
90 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
VISÃO Sócios estranhos: buscando o crescimento
2000 global através de alianças estratégicas
Abra as páginas de um jornal em qualquer dia da de alianças acaba em fracasso. Um estudo da McKinsey
semana e você poderá achar que está lendo editais de revelou que quase um terço de 49 alianças terminou em
casamento. A única diferença está nos nomes das em- fracasso por não atender às expectativas dos sócios. En-
presas, freqüentemente concorrentes, que anunciam suas tretanto, tais lições dolorosas estão ensinando como con-
parcerias: "A Northwest Airlines e a KLM unem-se para duzir uma aliança vencedora. Parecem haver três aspec-
beneficiar o viajante a negócios" ou "IBM e Philips tos importantes:
Electronics associam-se na fabricação de chips". Enquanto
os anos 80 foram a década de fusões e compras de con- • Conveniência estratégica. Antes de considerar uma
troles acionários (takeovers), os anos 90 estão mostran- aliança, as empresas precisam avaliar suas próprias
do uma onda de alianças estratégias e joint ventures. competências-núcleo. Depois, é necessário encon-
Por que esse crescimento vertiginoso de alianças? trar-se um sócio que complemente suas linhas de
Primeiro, elas permitem que as empresas obtenham mais negócios, posições geográficas ou competências. Um
energia sem serem obrigadas a crescer. Segundo, e, tal- bom exemplo de conveniência estratégica foi a cria-
vez, o mais importante no mercado global é que muitas ção do serviço "Classe executiva mundial para via-
empresas descobriram não possuir os recursos necessá- jantes a negócios" pela Northwest Airlines e a KLM
rios e o acesso a mercados mais novos. Conforme José Royal Dutch Airlines. Ao unir esforços, as duas li-
Collazo, há oito razões estratégicas que justificam a en- nhas aéreas ficaram em condições de oferecer um
trada de uma empresa em uma aliança: novo serviço em maior número de rotas do que se
trabalhassem isoladas.
• Preenchimento de lacunas no mercado atual e nas • Foco no longo prazo. Em vez de unir forças para eco-
bases tecnológicas. nomizar algum dinheiro, os parceiros estratégicos
• Transformação do excesso de capacidade de produ- devem focar mais nos ganhos que podem ser obti-
ção em lucros. dos nos anos seguintes. A Corning, fabricante de vi-
• Redução do risco e dos custos de entrar em novos dro e cerâmica que fatura $ 3 bilhões por ano,
mercados. renomada em fazer parcerias que funcionam, defi-
• Aceleração do processo de lançamento de novos pro- ne-se como "uma rede de organizações". Essa rede
dutos. inclui a Siemens, gigante alemã da eletrônica, e a
• Geração de economia de escala. Vitro, maior fabricante de vidro do México.
• Superação de barreiras legais e comerciais. • Flexibilidade. As alianças podem durar apenas se
• Extensão do escopo das operações existentes. forem flexíveis. Um exemplo de parceria flexível é a
• Redução dos custos de saída no caso de abandono aliança da Merck com a AB Astra da Suécia. De iní-
de operações. cio, a Merck começou fabricando os medicamentos
de sua parceira no mercado dos Estados Unidos. Na
As joint ventures da MCI com a British Telecom- fase seguinte, criou uma nova empresa para lidar
munications (BT) e o Grupo Financiero Banamex-Accival com o faturamento anual de $ 500 milhões da sócia
(Banacci), do México, estão em sincronia com essas ra- sueca, vendendo-lhe, depois, metade do patrimônio
zões e atendem à estratégia esboçada em seu relatório líquido.
anual de 1994: "A MCI tornou-se a maior empresa mun-
dial de telecomunicações ao adotar uma estratégia clara
no decorrer dos anos: (1) aumento da rentabilidade e Fontes: MASON, Jule Cohen. Strategic alliances: partnering for
da participação de mercado, (2) expansão global e (3) success. Management Review, p. 10-15, May 1993; SHERMAN, Stratford.
alavancagem das competências-núcleo em novos mer- Are strategic alliances working? Fortune, p. 77-78, 21 Sept. 1992;
Whenmouth, Edwin. Rivais become partners: Japan seeks links with
cados." U.S. and european firms. Industry Week, p. 11-12, 14, 1 Feb. 1993; e
Apesar das muitas boas razões para a combinação NAISBITT, John. Global paradox. New York : William Morrow, 1994. p.
de forças, uma porcentagem surpreendentemente alta 18-21.
26. Adaptado de MAGRATH, AUan J. The 6 imperatives of marketing: lessons from the world's best companies. New York : Amacom, 1992. Cap.
4, com acréscimo de exemplos.
27. Veja COOPER, Robin, KAPLAN, Robert S. Profit priorities from activity-based costing. Harvard Business Review, p. 130-135, May/June 1991.
28. Veja PETERS, Thomas J., WATERMAN, JR., Robert H. In search of excellence: lessons from America's best-run companies. New York : Harper
& Row, 1982. p. 9-12. O mesmo modelo é usado em PASCALE, Richard Tanner, ATHOS, Anthony G. The art of japanese management:
applications for american executives. New York : Simon & Schuster, 1981.
* O termo 7-S refere-se aos sete elementos, em inglês: structure, strategy, systems, skilb, staff style e shared values (N.T.)
29. Veja DEAL, Terrence E., KENNEDY, Allan A. Corporate cultures: the rites and rituais of corporate life. Reading, MA : Addison-Wesley, 1982;
CORPORATE culture. Business Week, p. 148-160, 27 Oct. 1980; DAVIS, Stanley M. Managing corporate culture. Cambridge, MA : Ballinger,
1984; e KOTTER, John E, HESKETT, James L. Corporate culture and performance. New York : Free Press, 1992.
92 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Para conter a perda de participação de mercado, está
cortando custos, expandindo esforços no desenvolvimen-
to de plataformas cliente-servidor, contratando mais con-
sultores especializados em reengenharia e desenvolven-
do alianças com parceiros na área de telecomunicações.30
30. ZELLNER, Wendy. Can EDS shed its skin? Business Week, p. 56-57, 15 Nov. 1993.
31. SERWER, Andrew E. Can this company be saved? Fortune, p. 89-90, 19 Apr. 1993; McWILLIAMS, Gary. Wang's great leap out of limbo.
Business Week, p. 68-69, 7 Mar. 1994.
minar as mudanças ambientais e a adotar novas metas e so empresarial não funciona em economias mais com-
comportamentos apropriados. As organizações de alto petitivas, onde as pessoas possuem muita escolha. Real-
desempenho monitoram continuamente o ambiente atra- mente, o "mercado de massa" está pulverizado em mui-
vés de planejamento estratégico flexível para manter uma tos micromercados, cada um com seus próprios desejos,
adequação viável com a evolução ambiental. percepções, preferências e critérios de compra. Contu-
do, o concorrente inteligente deve desenhar a oferta para
mercados-alvos bem definidos.
PROCESSO DE MARKETING Essa crença é o centro da nova visão do processo
do negócio, que coloca marketing no início do processo
O planejamento corporativo, divisional e das uni- de planejamento. Em vez de enfatizar a fabricação e a
dades de negócios é parte integral do processo de venda, as empresas que adotam esta visão vêem-se como
marketing. Para entender totalmente o processo de parte de uma seqüência de criação e entrega de valor
marketing, devemos, primeiramente, examinar como (Figura 3.10[b]). Esta seqüência consiste de três partes.
uma empresa define seu negócio. A primeira fase, escolha de valor, representa o tra-
A tarefa de qualquer negócio é entregar valor ao balho de marketing, antes da existência de qualquer pro-
mercado e obter algum lucro. Há pelo menos duas vi- duto. Os profissionais de marketing devem segmentar o
sões do processo de entrega de valor.32 A visão tradicional mercado, selecionar o alvo apropriado e desenvolvem o
é que a empresa fabrica algo para, depois, vender (Figu- posicionamento de valor da oferta. A fórmula segmen-
ra 3.10 [a]). Por exemplo, a empresa de Thomas Edison tação, escolha de alvo e posicionamento é a essência do
inventa o fonógrafo e, depois, contrata pessoas para marketing estratégico.
fabricá-lo e vendê-lo. Nesta visão, marketing entra em Assim que a unidade de negócio escolhe o valor,
ação na segunda metade do processo de entrega de va- ela está pronta para entregá-lo ao mercado-alvo. As
lor. A visão tradicional afirma que a empresa sabe o que especificações e os serviços do produto tangível devem
fabrica e que o mercado comprará unidades suficientes ser detalhados, o preço-alvo, estabelecido e o produto,
para ela obter lucro. fabricado e distribuído. O desenvolvimento das caracte-
Esta visão tradicional tem chance de ser bem-suce- rísticas específicas do produto, os preços e a distribuição
dida em economias de escassez. Por exemplo, muitos ocorrem neste estágio e são parte do marketing tático,
consumidores do Leste Europeu estão desesperados à segunda fase da seqüência criação e entrega de valor.
procura de bens, não importa onde sejam fabricados. A tarefa da terceira fase da seqüência é comunicar
Geralmente, não estão preocupados com qualidade, ca- o valor. Aqui, entra mais em ação o marketing tático,
racterísticas ou estilo. Mas a visão tradicional do proces- utilizando-se a força de vendas, promoção de vendas,
32. LANNING, Michael J., MICHAELS, Edward G. A business is a value delivery System. McKinsey, staff paper n. 41, June 1988. McKinsey & Co.
Inc.
94 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
propaganda e outras iniciativas promocionais para in- A Zeus (nome fictício) opera em vários setores
formar o mercado sobre o produto. Como a Figura industriais, envolvendo química, energia, máquinas
3.10(b) mostra, o processo de marketing começa antes de escrever e bens de consumo. A empresa está orga-
da existência de um produto e continua em sua fase de nizada em unidades estratégias de negócios (UENs).
desenvolvimento até a disponibilidade no mercado. Os A alta administração está considerando o que fazer
japoneses têm desenvolvido mais esta visão do processo com sua divisão Atlas de máquinas de escrever. O
de criação e entrega de valor, divulgando os seguintes mercado para o produto está em declínio. Em uma
conceitos: matriz de crescimento-participação de mercado, este
negócio seria classificado como abacaxi. A alta ad-
• Tempo zero para atender ao feedback do consumidor. ministração deseja que a equipe de marketing da di-
O feedback do consumidor deve ser continuamente visão Atlas desenvolva um plano de recuperação con-
detectado após a compra para a empresa descobrir sistente. A administração de marketing tem que apre-
como melhorar o produto e seu marketing. sentar um plano de marketing convincente, "vendê-
• Tempo zero para melhoria do produto. A empresa deve lo" à alta administração e, depois, implementá-lo e
avaliar todas as idéias de melhorias recebidas de controlá-lo.
consumidores e funcionários e introduzir as mais va-
liosas e viáveis o mais breve possível. Nas seções seguintes, o planejamento de marketing
• Tempo zero de compra. A empresa deve receber as é aplicado a todos os níveis da organização. No final
peças e suprimentos necessários continuamente ado- deste capítulo, examinaremos os componentes de um
tando acordos de just-in-time com os fornecedores. plano de marketing específico desenvolvido para o aten-
Ao reduzir seus níveis de estoques, ela pode baixar dimento das metas estabelecidas para determinada li-
os custos. nha de produtos.
• Tempo zero de ajuste de máquinas e linha de monta-
gem (setup). A empresa deve estar preparada para
fabricar quaisquer de seus produtos assim que rece- Análise das oportunidades de marketing
ber os pedidos, sem altos custos de setup ou de tem-
po. A primeira tarefa dos administradores de marketing
• Zero defeito. Os produtos devem ser de alta qualida- da divisão Atlas é analisar as oportunidades a longo pra-
de e livres de falhas ou defeitos. zo oferecidas pelo mercado ao melhorar o desempenho
de sua unidade de negócio. Esses administradores reco-
Para assumir essas responsabilidades, os adminis- nhecem a abundância de oportunidades no próspero
tradores de marketing - seja a nível corporativo, mercado de equipamentos para escritório. O "escritório
divisional ou de unidade de negócio - seguem um pro- do futuro" está tornando-se uma realidade e é provável
cesso de marketing. Trabalhando conforme os planos que continuará sendo uma área de altos investimentos
estabelecidos em níveis hierárquicos superiores, os ge- nas próximas décadas. Muito embora a economia norte-
rentes de produtos preparam um plano de marketing americana esteja crescentemente tornando-se uma eco-
para produtos, linhas de produtos ou marcas. nomia de serviços, os escritórios são, freqüentemente,
mal organizados em tarefas elementares como digitação,
PROCESSO DE MARKETING consiste na análise de arquivamento, armazenagem e transmissão de informa-
oportunidades, desenvolvimento de estratégias, pla- ções, principalmente em termos das tecnologias mais
nejamento de programas e administração do esfor- recentes. Muitos fabricantes são ativos neste mercado e
ço de marketing. estão procurando fornecer sistemas integrados de
microcomputadores, equipamentos de copiagem, de te-
Essas etapas estão listadas na Figura 3.11, acom- lecomunicações etc. Entre elas estão a IBM, Xerox,
panhadas dos capítulos deste livro onde serão desenvol- Olivetti, Canon e NEC. Todas estão engajadas no desen-
vidas em detalhes. As etapas aqui mostradas são ilustra- volvimento de hardware e software que aumentarão a
das na situação seguinte: produtividade dos escritórios.
96 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Figura 3.12 Os quatro Ps do composto de marketing.
33. McCARTHY, E. Jerome. Basic marketing: a managerial approach. 12. ed. Homewood, IL: Irwin, 1996. Vale pena destacar outras duas
classificações alternativas. Frey propôs que as quatro variáveis de decisão de marketing podem ser classificadas em dois fatores: a oferta
(produto, embalagem, marca, preço e serviços) e os métodos e ferramentas (canais de distribuição, venda pessoal, propaganda, promoção de
vendas e publicidade). Veja FREY, Albert W. Advertising. 3. ed. New York : Ronald Press, 1961. p. 30. Lazer e Kelly propuseram uma
classificação de três fatores: composto de bens e serviços, composto de distribuição e composto de comunicação. Veja LAZER, William, KELLY,
Eugene J. Managerial marketing: perspectives and viewpoints. Ed. rev. Homewood, IL: Irwin, 1962. p. 413.
as vendas seriam afetadas pela quantidade de dinheiro Nota-se que os 4 Ps representam a visão dos ven-
alocado a cada aplicação possível. dedores em relação às ferramentas de marketing dispo-
A ferramenta mais básica do composto de mar- níveis para influenciar compradores. Do ponto de vista
keting é o produto - a oferta tangível da empresa para o de um comprador, cada ferramenta de marketing é pla-
mercado, que inclui qualidade, design, características, nejada para entregar um benefício ao consumidor. Robert
marca e embalagem (Capítulo 15). Como parte de sua Lautgerborn sugeriu que os 4 Ps dos vendedores
oferta de produto, a Atlas fornece vários serviços como correspondem aos 4 Cs dos consumidores:34
leasing, entrega, manutenção e treinamento (Capítulo
16). Tais serviços de apoio podem fornecer uma vanta-
gem competitiva em mercado globalmente competitivo. 4 Ps 4 Cs
Uma ferramenta crítica do composto de marketing
é o preço - a quantidade de dinheiro que os consumido- Produto Necessidades e desejos do
res pagam pelo produto (Capítulo 17). A Atlas precisa consumidor
decidir sobre os preços no atacado e no varejo, descon- Preço Custo para o consumidor
tos, concessões especiais e condições de crédito. Seu pre- Praça (distribuição) Conveniência
ço deve ser compatível com o valor percebido da oferta Promoção Comunicação
ou os compradores procurarão produtos concorrentes.
Praça (ou distribuição), outra ferramenta-chave do
composto de marketing, inclui as várias atividades assu- Assim, as empresas vencedoras serão aquelas que
midas pela empresa para tornar o produto acessível e podem atender às necessidades do consumidor de for-
disponível aos consumidores-alvos (Capítulos 18 e 19). ma econômica e conveniente e com comunicação eficaz.
A Atlas deve identificar, contratar e unir vários facili-
tadores de marketing para fornecer eficientemente seus
produtos e serviços ao mercado-alvo. Deve conhecer os
vários tipos de varejistas, atacadistas e empresas de dis- Administração do esforço de marketing
tribuição física e como eles tomam suas decisões.
Promoção, a quarta ferramenta do composto de A etapa final do processo de marketing é organi-
marketing, inclui todas as atividades desempenhadas zar os recursos e, depois, implementar e controlar o pla-
pela empresa para comunicar e promover seus produtos no de marketing. A empresa deve construir uma organi-
ao mercado-alvo (Capítulos 20 a 23). A Atlas precisa zação de marketing que seja capaz de implementar o pla-
recrutar, treinar e motivar vendedores. Precisa desen- no de marketing (Capítulo 24). Em uma pequena em-
volver programas de comunicação e promoção, que con- presa, uma pessoa pode assumir todas as tarefas de
sistem de propaganda, promoção de vendas, relações marketing: pesquisa, venda, propaganda, serviços ao
públicas e marketing direto e on-line. consumidor etc. As grandes empresas (como a Atlas)
34. LAUTENBORN, Robert. New marketing litany: 4 P's passe; C-words take over. Advertising Age, p. 26, 1 Oct. 1990.
98 PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE MARKETING
Figura 3.14 Fatores que influenciam a estratégia de marketing da empresa.
terão vários especialistas de marketing: vendedores, ge- cros etc. Primeiro, a administração deve estabelecer
rentes de vendas, pesquisadores de marketing, profissi- metas bem definidas para cada mês ou trimestre.
onais de propaganda, gerentes de produto e marca, Segundo, deve mensurar seu desempenho contínuo
gerentes de segmentos de mercado e pessoal responsá- no mercado. Terceiro, deve determinar as principais
vel por serviços aos consumidores. causas de quaisquer hiatos sérios de desempenho.
Tipicamente, os departamentos de marketing são Quarto, deve escolher ações corretivas para preen-
dirigidos por um vice-presidente de marketing que de- cher os hiatos entre metas e desempenho.
sempenha três tarefas. A primeira é coordenar o traba- • Controle de rentabilidade. É a tarefa de mensurar a
lho de todo pessoal de marketing. Por exemplo, o vice- rentabilidade real de produtos, grupos de consumi-
presidente de marketing da Atlas deve assegurar que o dores, canais comerciais e tamanhos de pedidos. Não
gerente de propaganda trabalhe diretamente como ge- é tarefa simples. Raramente, o sistema contábil de
rente de vendas na coordenação de promoções. A se- uma empresa é desenvolvido para relatar a rentabi-
gunda tarefa é trabalhar diretamente com outros vice- lidade real de diferentes entidades e atividades de
presidentes funcionais. Se a equipe de marketing da Atlas marketing. A análise da rentabilidade de marketing
anuncia a nova máquina de escrever eletrônica como mensura a rentabilidade de várias atividades de
um produto de qualidade, mas o departamento de pes- marketing. Os estudos de eficiência de marketing pro-
quisa e desenvolvimento não atende ao requisito de qua- curam determinar como as várias atividades de
lidade ou a produção falha em sua fabricação, não será marketing podem ser desempenhadas com maior
possível entregar o que foi prometido. A terceira tarefa é eficiência.
selecionar, treinar, dirigir, motivar e avaliar pessoas. Os • Controle estratégico. É a tarefa de avaliar se a estra-
gerentes devem reunir-se periodicamente com seus su- tégia de marketing da empresa está apropriada às
bordinados para avaliar desempenho, elogiar forças, condições de mercado. Em razão das rápidas mu-
apontar fraquezas e sugerir maneiras de superá-las. danças no ambiente de marketing, cada empresa
Provavelmente, há muitas surpresas e desaponta- precisa reavaliar periodicamente sua eficácia de
mentos na fase de implementação dos planos de marketing através de um instrumento de controle
marketing. Por esta razão, a empresa precisa áefeedback conhecido como auditoria de marketing.
e controle. Há três tipos de controles de marketing:
A Figura 3.14 apresenta um amplo resumo do pro-
• Controle do plano anual. É a tarefa de assegurar que cesso de marketing e as forças que moldam a estratégia
a empresa está atingindo suas metas de vendas, lu- de marketing da empresa. Através do sistema mostrado
I. Sumário executivo e índice de conteúdo Apresenta uma breve visão do plano proposto.
II. Situação atual de marketing Apresenta dados históricos relevantes sobre o mercado,
produto, concorrência, distribuição e macroambiente.
III. Análise de oportunidades e assuntos Identifica as principais ameaças/oportunidades, forças/
fraquezas e assuntos relativos ao produto.
IV Objetivos Define as metas financeiras e de marketing do plano em
termos de volume de vendas, participação de mercado e
lucro.
V Estratégia de marketing Apresenta a abordagem ampla de marketing que será
usada para atingir os objetivos do plano.
VI. Programas de ação Apresenta programas de marketing especiais preparados
para atingir os objetivos do negócio.
VII. Demonstração de resultado projetado Prevê o resultado financeiro esperado do plano.
VIII. Controles Indica como o plano será monitorado.
Os equipamentos estéreos modulares são ven- • Crescente número de consumidores está compran-
didos através de lojas de departamentos, de equi- do seus equipamentos de som em lojas de descontos
pamentos de som e vídeo, de eletrodomésticos, de e lojas de fábrica, onde a Allegro tem pouca partici-
descontos, de móveis, de música, especializadas em pação.
áudio e pelo correio. A Zenith vende 37% de seus • Crescente número de consumidores de alta renda
aparelhos através de lojas de eletrodomésticos, 23% está dando preferência a compra de equipamentos
em lojas de equipamentos de som e vídeo, 10% em de áudio isolados, evitando adquirir sistemas com-
lojas de móveis, 3% em lojas de departamentos e o pletos.
restante através de outros canais. A Zenith domina • Alguns de seus concorrentes lançaram caixas de som
em canais que estão declinando em importância, menores, com excelente qualidade de reprodução,
enquanto é concorrente fraca nos canais de cresci- que vêm obtendo a preferência dos consumidores.
mento mais rápido, como lojas de descontos. Ela • O governo federal pode aprovar uma lei mais
oferece 30% de margem aos revendedores, seme- restritiva sobre segurança de produtos, o que exigi-
lhante aos demais concorrentes. ria novo design da linha Allegro.
Cerca de 50% das residências norte-america- • O nome Zenith possui excelente lembrança de mar-
nas possuem equipamentos estéreo. A medida que ca e imagem de alta qualidade.
o mercado se aproxima da saturação, devem ser • Os revendedores da linha Allegro são bem prepara-
empregados esforços para convencer os consumi- dos e treinados para vendê-los.
dores a atualizarem seus equipamentos... Espera- • A Zenith tem excelente rede de serviços e os consu-
se uma queda nas atividades econômicas, signifi- midores sabem que obterão assistência técnica rápi-
cando que as pessoas adiarão as compras de bens da.
de consumo duráveis... Os japoneses desenharam As principais fraquezas da linha Allegro são as se-
sistemas de áudio mais compactos que apresentam guintes:
um desafio aos sistemas convencionais de estéreo.
• A qualidade de som dos equipamentos Allegro não
parece melhor do que a dos concorrentes, embora a
Análise de oportunidades e de assuntos qualidade faça grande diferença no processo de es-
colha de marca.
Após resumir a situação de marketing atual, a ge- • A Zenith está destinando apenas 5% da receita de
rente de produto passa a identificar as oportunidades/ vendas para propaganda e promoção, enquanto al-
ameaças, forças/fraquezas e os assuntos mais importan- guns grandes concorrentes estão gastando duas ve-
tes que afetam a linha de produtos. zes mais.
• A linha Allegro não está claramente posicionada,
comparada com a Magnavox ("qualidade") e a Sony
ANÁLISE DE OPORTUNIDADES/AMEAÇAS. A gerente iden- ("inovação"). A Zenith precisa definir uma proposi-
tifica as principais oportunidades e ameaças que afetam ção única de venda. A campanha de propaganda
o negócio. As principais oportunidades da linha Allegro atual não é particularmente criativa ou atraente.
da Zenith são as seguintes: • A marca Zenith tem preço maior do que as outras
• Os consumidores estão mostrando interesse crescen- marcas, sem ser apoiada por uma diferença real em
te em sistemas estéreos modulares mais compactos termos de qualidade. A estratégia de preço deve ser
e a Zenith deve pensar em fabricar um ou mais des- reavaliada.
ses modelos.
RESUMO
1. Planejamento estratégico orientado para o mercado é d. Planejar novos negócios e expandir os já existentes.
o processo gerencial de desenvolver e manter um A empresa pode identificar vários tipos de oportuni-
ajuste viável entre os objetivos, habilidades e recur- dades de crescimento: crescimento intensivo (pene-
sos da organização e suas oportunidades de merca- tração, desenvolvimento de mercado e de produto),
do mutantes. O propósito do planejamento estraté- crescimento integrado (para frente, para trás e hori-
gico é moldar e remoldar os negócios e produtos da zontal) e crescimento diversificado (concêntrico, ho-
empresa de maneira que alcancem o lucro e o cres- rizontal e por conglomerado).
cimento visados. O planejamento estratégico ocorre 4. O planejamento estratégico dos negócios individu-
em quatro níveis: corporativo, divisional, unidade ais envolve as seguintes atividades: definição da
de negócio e produto. missão do negócio, análise das oportunidades e ame-
2. As empresas de alto desempenho satisfazem ou ex- aças externas, análise das forças e fraquezas inter-
cedem consistentemente as expectativas de seus nas, formulação de metas, formulação da estratégia
stakekolders (grupos de interesse), administram e (que pode incluir as alianças estratégicas), formula-
vinculam eficientemente processos de trabalho, fon- ção de programas de apoio, implementação de pro-
tes e recursos e desenvolvem uma cultura organi- gramas, feedback e controle.
zacional corporativa orientada para o sucesso. 5. O processo de marketing consiste de quatro etapas:
3. A matriz da corporação é responsável em movimen- análise das oportunidades de mercado; desenvolvi-
tar o processo de planejamento estratégico. A estra- mento de estratégias de marketing; planejamento
tégia corporativa estabelece a estrutura na qual a de programas de marketing, que envolve a escolha
divisão e as unidades de negócios preparam seus do composto de marketing (os quatro Ps de produto,
planos estratégicos. O estabelecimento de uma es- preço, praça (distribuição) e promoção; e organiza-
tratégia corporativa envolve quatro atividades: ção, implementação e controle do esforço de
a. Definir a missão corporativa. As boas declara- marketing.
ções de missão focalizam um número limitado 6. Cada nível de produto dentro de uma unidade de
de bens, reforçam as principais políticas da em- negócio deve desenvolver um plano de marketing
presa e definem os escopos competitivos mais para atingir suas metas. O plano de marketing é um
importantes nos quais a empresa operará. dos produtos mais importantes do processo de
b. Estabelecer as unidades estratégicas de negócios marketing, e deve conter os seguintes elementos:
(UENs). Uma UEN pode beneficiar-se do plane- sumário executivo e índice de conteúdo; visão da
jamento separado, enfrentar concorrentes espe- situação de marketing atual; análise de oportunida-
cíficos e ser administrada como um centro de des e assuntos enfrentados pelo produto; resumo dos
lucro. objetivos financeiros e de marketing; visão da estra-
c. Atribuir recursos a cada UEN, baseados em sua tégia de marketing a ser usada para atingir os obje-
atratividade de mercado e força do negócio. As tivos do plano; demonstração de resultado projeta-
ferramentas usadas para se decidir sobre o cres- da; e um resumo dos controles a serem usados para
cimento, manutenção, desaceleração ou aban- monitorar o desenvolvimento do plano.
dono de um negócio incluem a matriz partici-
pação-crescimento do Boston Consulting Group
(BCG) e o modelo General Electric.
35. SUTTON Howard. The marketing plan in the 1990s. New York : The Conference Board, 1990.
1. Que vantagens competitivas foram obtidas pelas se- 3. Por vários anos, uma faculdade municipal tem ofe-
guintes empresas no mercado? Como cada estraté- recido um programa de educação de adultos deno-
gia de marketing comunicou essas vantagens com- minado Communiversity, com pouco sucesso. Em
petitivas? função da diminuição da arrecadação de impostos
a. Wal-Mart pela prefeitura local, os conselheiros decidiram que
b. Snap-on-Tools o programa seria encerrado se não houvesse subs-
c. J. P. Morgan Investment Bankers tancial aumento de matrículas no curso noturno.
d. Citicorp Desenvolva uma declaração de missão para o pro-
e. Kodak grama Communiversity e estabeleça 10 objetivos
2. Você acabou de ser contratado pela Minnetonka - visando o aumento das matrículas.
pequena empresa de Minnesota especializada na 4. Como integrante de um grupo de consultoria de
fabricação de sabonetes e outros produtos. Trata-se administração, você foi contratado por um fabricante
de um trabalho novo para você, que deseja demons- de equipamentos para escritório. A linha de produ-
trar a sua chefe o treinamento formal que recebeu tos da empresa consiste de cinco unidades estraté-
sobre planejamento. Você ouviu boatos de que ela gias de negócios (UENs) mostradas abaixo. Use a
considera o planejamento formal ineficiente e inefi- análise de portfolio do Boston Consulting Group
caz para as pequenas empresas. Acredita que o pla- (como a ilustrada na Figura 3.3 do texto) para de-
nejamento informal funciona melhor para uma em- terminar a participação de mercado relativa de cada
presa do tamanho da Minnetonka. Você está deter- UEN e se a empresa é saudável em sua totalidade.
minado a mudar essa atitude. Redija um memoran- Descreva a natureza da matriz de crescimento/par-
do explicando como o planejamento formal pode ticipação de mercado para a alta administração e
também ser usado nas pequenas empresas. faça recomendações para as estratégias futuras.
5. Você é o presidente de um Centro Médico com 500 Faça uma análise forças/fraquezas e oportunidades/
leitos, situado em uma área metropolitana. Descre- ameaças para o setor e recomendações baseadas em
va os fatores que influenciam a estratégia de sua análise para a empresa de ônibus Greyhound.
marketing de sua organização, usando a Figura 3.14 7. Joel Smith, gerente do produto ketchup da Heinz,
como base. Quem são os stakeholders (grupos de in- preparou o plano de marketing mostrado na página
teressados) e os demais participantes do processo seguinte. Critique o plano. Que melhorias você pode
de marketing? Como suas decisões são afetadas pelo sugerir?
ambiente em que você opera? 8. Com mais de 80% do mercado de sopas prontas, a
6. Durante anos, a empresa de ônibus Greyhound en- Campbell, realmente, não precisa aumentar sua par-
frentou acirrada concorrência dos automóveis par- ticipação anual de $ 1,2 bilhão nas lojas de alimen-
ticulares e das campanhas de descontos promovidas tos. O que ela precisa é promover o aumento do con-
pelas linhas aéreas. Em 1960, o setor de transporte sumo de sopas. Aqui, que estratégia de crescimento
por ônibus dominava 30% das viagens interestadu- intensivo deve adotar? Como a empresa pode reali-
ais, mas em 1994 sua participação caiu para 6%. zar seu objetivo?
II
ANALISE DAS
OPORTUNIDADES
DE MARKETING
Administração das Informações de
4 Marketing e Mensuração da
Demanda de Mercado
Dirigir bem um negócio é administrar seu futuro; dirigir o futuro é administrar infor-
mações.
MARION HARPER
1. PERRAULT, JR., William D., GREEN, Paul E., MALHOTRA, Naresh K. The shifting paradigm in marketing research. Journal of the Academy of
Marketing Science, 20, n. 4, p. 367-387, Fali 1992.
2. KOTEN, John. You aren't paranoid if you feel someone eyes you constantly. The Wall Street Journal, p. 1, 22, 29 Mar. 1985; OFFBEAT
marketing. Sales and Marketing Management, p. 35, Jan. 1990; e LARSON, Erik. Attention shoppers: don't look now but you are being tailed.
Smithsonian Magazine, p. 70-79, Jan. 1993.
3. Extraído de CONSUMER Europe 1993, publicação da Euromonitor, London: Tel. + 4471 251 8021; escritório nos Estados Unidos: (312)
541-8024.
4. DeEULIO, Donna. Should catalogers travei the EDI highway? CatalogAge, 11, n. 2, , p. 99 Feb. 1994.
5. VERITY, John W. Taking a laptop on a call. Business Week, p. 124-125, 25 Oct. 1993.
6. NARUS, James A., ANDERSON, James C. Turn your industrial distributors into partners. Harvard Business Review, p. 66-71, Mar./Apr. 1986.
7. HELLIKER, Kevin. Smile: the cranky shopper may be a store spy. The Wall Street Journal, 30 Nov. 1994, B1, p. 3, 6, p. 6.
8. Veja KINNEAR, Thomas, ROOT, Ann (Orgs.)- 1994 Survey of market research: organization, functions, budget, compensation. Chicago :
American Marketing Association, 1994.
9. Veja BONDURANT, William R. Research: the HP way. Marketing Research, p. 28-33, June 1992.
10. KLANCY, Kevin J., SHULMAN, Robert S. Marketing myths that are killing business. New York : McGraw-Hill, 1994. p. 58; HISE, Phaedra.
Comprehensive CompuServe. Inc., June 1994, p. 109; BUSINESS bulletin: studying the competition. The Wall Street Journal, Al, p. 5.
Fonte: KINNEAR, Thomas C, ROOT, Ann R. (Orgs.). 1994 Survey of marketing research: organization, functions, budget, compensation.
Chicago: American Marketing Association, 1994. p. 49.
ETAPA 1: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJETIVOS DE pesquisador poderia dizer: "Por que uma ligação precisa
PESQUISA. A primeira etapa exige que o gerente de custar $ 25? Por que a empresa precisa atingir o ponto
marketing e o pesquisador definam cuidadosamente o de equilíbrio? O novo serviço poderia atrair novos pas-
problema e os objetivos de pesquisa. Um antigo adágio sageiros suficientes para a empresa ganhar dinheiro na
afirma: "Um problema bem definido é metade da solu- venda de passagens extras, mesmo se eles não utiliza-
ção." rem o serviço de telefonia a bordo?"
A administração deve trabalhar na definição am- Ao discutir o problema, os administradores da
pla ou restrita do problema. O gerente de marketing que American Airlines descobriram outra questão. Se o novo
diz ao pesquisador: "Descubra tudo o que for possível serviço fosse bem-sucedido, quanto tempo demoraria
sobre as necessidades dos passageiros", obterá muitas para os concorrentes copiá-lo? A competição de mar-
informações desnecessárias. Similarmente, aquele que keting entre as linhas aéreas está repleta de exemplos
diz: "Descubra se os passageiros que voam na aeronave de novos serviços que foram tão rapidamente copiados
B-747 entre as costas oriental e ocidental estão dispos- por concorrentes que nenhuma delas chegou a susten-
tos a pagar $ 25 por uma ligação de telefônica, de modo tar uma vantagem competitiva. Qual a importância de
que a American Airlines atinja o ponto de equilíbrio do ser o primeiro e quanto tempo a liderança pode ser sus-
custo deste serviço", é uma definição de problema bas- tentada?
tante restrita. Para obter as informações necessárias, o
O gerente de marketing e o pesquisador concor- parado e um lucro a longo prazo de $ 90.000. Neste
dam com a seguinte definição do problema: "Oferecer caso, ele deve estar preparado para gastar até $ 40.000
um serviço de telefonia durante o vôo gera aumento de na pesquisa. Se ela custar mais de $ 40.000, não valeria
preferência e lucro suficientes para a American Airlines a pena ser realizada.11
justificar seus custos em relação a outros possíveis in- O preparo de um plano de pesquisa exige decisões
vestimentos que a empresa poderia fazer?" Assim, eles sobre fontes de dados, abordagens e instrumentos de
concordam com os seguintes objetivos de pesquisa: pesquisa, plano de amostragem e métodos de contato.
1. Quais as principais razões que levariam os passagei-
ros a fazer ligações telefônicas durante o vôo? Fontes de dados. O plano de pesquisa pode exigir o
2. Quais os tipos mais prováveis de passageiros que levantamento de dados secundários, dados primários ou
fariam ligações telefônicas? ambos. Dados secundários são os coletados para outros
3. Quantos passageiros usariam o serviço, dados dife- propósitos e já estão disponíveis. Dados primários são
rentes níveis de preços? aqueles reunidos para um propósito ou para um projeto
4. Quantos passageiros extras escolheriam a American de pesquisa específico.
em função do novo serviço? Geralmente, os pesquisadores começam suas in-
5. Quais vantagens a longo prazo que esse serviço tra- vestigações examinando dados secundários para verem
ria para a imagem da empresa? se seus problemas podem ser, parcial ou totalmente, re-
6. Qual a importância relativa do serviço em relação a solvidos sem a onerosa coleta de dados primários. Os
outras fatores como horários de vôo, qualidade da dados secundários oferecem um ponto de partida para a
alimentação e liberação de bagagem? pesquisa e oferecem as vantagens de custo baixo e pron-
ta disponibilidade.
Nem todos os projetos de pesquisa podem ser es- Quando os dados necessários pelo pesquisador não
pecíficos na definição de seus objetivos. Pode-se distin- existem, estão desatualizados, são imprecisos, incomple-
guir três tipos de projetos. Uma pesquisa é exploratória tos ou não são confiáveis, o pesquisador terá que coletar
- sua meta é reunir dados preliminares para elucidar a dados primários. A maioria dos projetos de pesquisa de
natureza real do problema e sugerir possíveis hipóteses marketing envolve alguma coleta de dados primários.
ou novas idéias. Uma pesquisa pode ser descritiva - apu- (A Tabela 4.2 mostra a rica variedade de fontes de da-
rar certas magnitudes, tais como: quantas pessoas paga- dos secundários disponíveis nos Estados Unidos.) O pro-
riam $ 25 por uma ligação telefônica durante o vôo. Uma cedimento normal é entrevistar algumas pessoas e/ou
pesquisa é causai - seu propósito é testar uma relação grupos para se obter uma idéia preliminar de sua reação
de causa-efeito. Por exemplo, os passageiros fariam maior a algum tópico em questão e, depois, desenvolver um
número de ligações se os aparelhos fossem colocados instrumento formal de pesquisa, aperfeiçoá-lo e colocá-
próximos aos assentos, em vez de ficarem localizados lo em ação no campo.
próximos aos lavatórios? Quando armazenados e usados adequadamente,
os dados coletados no campo podem formar a espinha
Etapa 2: Desenvolvimento do Plano de dorsal de campanhas de marketing posteriores. Empre-
Pesquisa. A segunda etapa da pesquisa de marketing sas de marketing direto como clubes de discos e de li-
trata do desenvolvimento do plano mais eficiente para vros, empresas de cartão de crédito e de venda por catá-
reunir as informações necessárias. O gerente de logo há muito tempo descobriram o poder do marketing
marketing precisa conhecer o custo do plano de pesqui- de banco de dados.
sa antes de aprová-lo. Suponhamos que a empresa esti-
me que a introdução do serviço de telefonia a bordo, BANCO DE DADOS DE MARKETING é um conjunto
sem fazer qualquer pesquisa de marketing, daria um lu- organizado de dados abrangentes sobre consumido-
cro a longo prazo de $ 50.000. O gerente acredita que a res atuais, consumidores potenciais (prospects) ou
pesquisa levaria a um plano promocional mais bem pre- consumidores prováveis (suspects), preparado de
11. Para uma discussão sobre a abordagem da teoria da decisão aplicada ao valor da pesquisa, veja LEHMAN, Donald R. Market research and
analysis 3. ed. Homewood, IL : Irwin, 1989. Cap. 2.
A. Fontes internas
As fontes internas incluem o demonstrativo de resultado da empresa, balanço, dados de vendas, relatórios de visitas
de vendedores, faturas, registros de estoque e relatórios de pesquisa anteriores.
B. Publicações governamentais
• O Statistical Abstract of the U.S., atualizado anualmente, fornece resumos de dados demográficos, econômicos,
sociais e outros aspectos da economia e da sociedade norte-americana.
• O County and City Data Book, atualizado a cada três anos, apresenta informações estatísticas de municípios,
condados e outras unidades geográficas sobre população, educação, emprego, renda agregada e mediana, mora-
dia, depósitos bancários, vendas no varejo etc.
• O U.S. Industrial Outlook fornece projeções setorizadas da atividade industrial e inclui dados sobre produção,
vendas, movimento de cargas, emprego etc.
• O Marketing Information Guide fornece uma bibliografia mensal e anotada das informações de marketing.
• Outras publicações governamentais incluem o Annual Survey of Manufacturers; Business Statistics; Census of
Manufacturers; Census of Population; Census of Retail Trade; Wholesale Trade and Selected Service Industries; Census
of Transportation: Federal Reserve Bulletin; Monthly Labor Review; Survey of Current Business e Vital Statistics
Report.
C. Periódicos e livros
• Business Periodicals Index - Publicação mensal que lista os artigos de negócios publicados em ampla variedade de
publicações especializadas.
• Standard and Poofs Industry Surveys - Fornece estatísticas e análises atualizadas de setores industriais.
• Moodys Manuais - Fornece dados financeiros e nomes dos executivos das principais empresas norte-americanas.
• Encydopedia of Associations - Fornece informações sobre as principais associações industriais e profissionais dos
Estados Unidos.
• Periódicos de marketing - Destacam-se o Journal of Marketing, Journal of Marketing Research e o Journal of
Consumer Research.
• Revistas técnicas - Destacam-se a Advertising Age, Chain Store Age, Progressive Grocer, Sales and Marketing
Management e Stores.
• Revistas especializadas em administração e negócios - Incluem-se as seguintes: Business Week, Fortune, Forhes e
Harvard Business Review.
D. Dados comerciais
• A. C. Nielsen Company - Fornece dados sobre produtos e marcas vendidas através de lojas de varejo (Retail Index
Services), dados escaneados de supermercados (Scantrack), dados de audiência de televisão (Media Research
Services), dados de circulação de revistas (Neodata Services, Inc.) e outros.
• MRCA Information Services - Fornece dados semanais de compras de produtos de consumo por unidade familiar
(National Consumer Panei) e dados sobre consumo doméstico de alimentos (National Menu Census).
• Information Resources Inc. - Fornece dados escaneados de supermercados (Info Scan) e dados do impacto das
promoções em supermercados (PromotioScan).
• SAMI/Burke - Fornece relatórios sobre a movimentação de armazéns para as lojas de alimentos em áreas de
mercado selecionadas (SAMI Reports) e dados escaneados de supermercados (Samscam).
• Simmons Market Research Bureau (MRB Group) - Fornece relatórios anuais cobrindo mercados de televisão, bens
esportivos e remédios, dando dados demográficos por sexo, renda, idade e preferências de marca (mercados
seletivos e cobertura de mídia).
• Outras empresas de pesquisa que vendem dados por assinatura incluem a Audit Bureau of Circulation; Arbitron,
Audits and Surveys; Dun and Bradstreeet; National Family Opinion; Standard Rate & Data Service e Starch.
Fonte: KOTLER Philip. Administração de marketing. 4. ed. São Paulo : Atlas, 1995. p. 125 (anexo).
preenchem os cupons distribuídos por ocasião de pro- te, a reunião é realizada em ambiente agradável (por
moções e concursos. Baseada em seus interesses, a KGF exemplo, uma residência) e, para aumentar a
envia, regularmente, dicas sobre nutrição e exercícios, informalidade, são servidos refrigerantes.
receitas e cupons de descontos para determinadas mar- Às vezes, os grupos-foco reúnem-se dentro da pró-
cas.12 pria empresa. Aqui, os pesquisadores da Pace Foods
O Capítulo 23 discute marketing de banco de da- visitam uma fábrica para levantar as opiniões dos
dos com mais detalhes. operários sobre uma nova marca de molho.
Na pesquisa da American Airlines, o moderador pode
começar com uma pergunta ampla, por exemplo:
Abordagens de pesquisa. Os dados primários po-
"Como você se sente em relação às viagens aéreas?"
dem ser coletados de quatro maneiras: observação, gru-
Assim, as perguntas giram em torno de como as pes-
pos-foco, levantamentos e experimentação.
soas consideram as linhas aéreas, serviços a bordo e
• Pesquisa por observação. Dados recentes podem ser o serviço de telefonia durante o vôo. O moderador
obtidos por observação de agentes e grupos rele- estimula a livre discussão, esperando que a dinâmi-
vantes. Os pesquisadores da American Airlines cir- ca de grupo revele sentimentos e idéias em profun-
culam em aeroportos, escritórios de linhas aéreas e didade. Ao mesmo tempo, ele "foca" a discussão,
agências de viagem para saber como os passageiros que é registrada por anotações ou gravações de áudio
vêem diferentes empresas de aviação. Eles podem e videoteipes. Subseqüentemente, os registros são
voar em aviões da American e de concorrentes para estudados para compreensão das crenças, atitudes
observar a qualidade do serviço a bordo. A pesquisa e comportamentos dos consumidores.
exploratória pode levantar algumas hipóteses úteis A pesquisa de grupo-foco é uma etapa exploratória
sobre como os passageiros escolhem as linhas útil para ser adotada antes de empreender-se um
aéreas. levantamento em larga escala. As empresas de bens
• Pesquisa de grupo-foco. Grupo-foco consiste na reu- de consumo vêm usando esse tipo de pesquisa há
nião de seis a dez pessoas convidadas para passar muitos anos e crescente número de jornais, escritó-
algumas horas com um moderador experiente para rios de advocacia, hospitais e organizações de servi-
discutir um produto, serviço, organização ou outra ços públicos estão descobrindo seu valor. Entretan-
entidade de marketing (Figura 4.3). O moderador to, os pesquisadores devem evitar a generalização
precisa ser objetivo, conhecer o assunto, dominar as dos sentimentos relatados pelos participantes de
técnicas de dinâmica de grupo e o comportamento grupos-foco para o mercado como um todo, uma
do consumidor. Normalmente, os convidados rece- vez que o tamanho da amostra é muito pequeno e
bem algum dinheiro pela participação. Habitualmen- não foi randomicamente escolhido.13
12. BERRY, Jonathan. A potent new tool for selling: database marketing. Business Week, p. 56-62, 4 Sept. 1994.
13. GREENBAUM, Thomas L. The handbook for focus group research. New York : Lexington Books, 1993.
A. QUESTÕES FECHADAS
Dicotômica Uma questão com duas Ao planejar esta viagem, você telefonou pessoalmente para a
respostas possíveis. American?
Sim D Não •
Múltipla escolha Uma questão com três ou Com quem você está viajando neste vôo?
mais respostas. Ninguém • Apenas com os filhos •
Esposa Sócios/amigos/parentes
Esposa e filhos Q Grupo organizado de turistas Q
Escala de Likert Uma declaração com a Geralmente, as pequenas empresas aéreas prestam melhor
qual o respondente mostra serviço do que as grandes."
o grau de concordância/ Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
discordância. totalmente nem discordo totalmente
Escala de importância Uma escala que classifica a "Para mim,, o serviço de alimentação das linhas aéreas é:"
importância de algum Extremamente Muito Um pouco Não muito Sem
atributo. importante importante importante importante importância
1_ 2_ 3_ 4_ 5_
Escala de avaliação Uma escala que avalia "Para mim, o serviço de alimentação da American é:"
algum atributo, de "ruim" a E x c e l e n t e Muito bom Bom Médio Ruim
excelente .
Escala de intenção de Uma escala que descreve a "Se um telefone a bordo estiver disponível, a um certo custo, eu:"
compra ou de uso. intenção do respondente. seguramente, Provável- Não tenho Provável- Certamente,
usaria mente, certeza mente, não usaria
usaria não usaria
1_ 2_ 3_ 4_ 5_
• Pesquisa de levantamento. Enquanto a observação e diferenças das respostas observadas são, estatistica-
o grupo-foco são melhor ajustados à pesquisa mente, significativas. Na extensão em que os fatores
exploratória, os levantamentos são mais recomen- externos são eliminados ou controlados, os efeitos
dados para a pesquisa descritiva. As empresas ado- observados podem ser relacionados às variações de
tam o levantamento para descobrir o conhecimen- tratamentos. O propósito da pesquisa experimental
to, crenças, preferências, satisfação etc. sobre as é detectar relacionamentos de causa-efeito, ao eli-
pessoas e para mensurar estas magnitudes na popu- minar explicações divergentes de constatações ob-
lação. Assim, os pesquisadores da American Airlines servadas.
podem desejar fazer um levantamento para saber
quantas pessoas conhecem a empresa, vêm utilizan- Por exemplo, a American Airlines pode introduzir
do seus vôos, a preferem e assim por diante. Abor- o serviço de telefonia a bordo em um de seus vôos regu-
daremos mais a pesquisa de levantamento quando lares entre New York e Los Angeles ao preço de $ 25 por
estudarmos mais adiante os instrumentos de pes- ligação. No mesmo vôo do dia seguinte, ela anuncia a
quisa, planos de amostragem e métodos de contato. disponibilidade do serviço ao preço de $ 15 por ligação.
• Pesquisa experimental. É a pesquisa mais válida Se o avião transportasse o mesmo número e tipos de
cientificamente. Melhor adaptada para a pesquisa passageiros em cada vôo e o dia da semana não fizesse
causai, exige a seleção de grupos de assuntos relaci- diferença, qualquer mudança significativa no número de
onados, submetendo-os a tratamentos diferentes, ligações poderia estar relacionada ao preço cobrado.
controlando as variáveis externas e checando se as Posteriormente, o projeto experimental poderia ser ela-
Totalmente Uma questão que o "Qual sua opinião sobre a American Airlines?"
desestruturado entrevistado pode responder
em número quase ilimitado
de maneiras.
Associação de As palavras são "Qual a primeira palavra que vem em sua mente quando você
palavras apresentadas uma por vez, ouve o seguinte:"
e os respondentes Linha aérea___________________
mencionam a primeira que American______________________
vem em mente. Viagem_________________________
Complemento de Apresenta-se uma frase "Quando escolho uma linha aérea, a consideração mais
frase incompleta para ser importante em minha decisão é___________________."
preenchida pelo
respondente.
Complemento de Apresenta-se uma história "Voei pela American há poucos dias. Percebi que o interior e a
história incompleta que deve ser parte externa do avião tinham cores muito brilhantes. Isto
concluída pelo despertou em mim os seguintes pensamentos e sentimentos."
respondente. Complete a história.
borado tentando outros preços, mantendo o mesmo preço em larga escala. Geralmente, pode-se detectar vá-
em vários vôos e incluindo outras rotas na experiência. rios erros em um questionário preparado ao acaso.
À medida que o projeto e a execução da experimentação Ao preparar um questionário, o profissional de pes-
eliminar as hipóteses alternativas que podem explicar quisa escolhe cuidadosamente as questões, suas for-
os resultados, os gerentes de pesquisa e de marketing mas, tipo de redação e seqüenciamento. Um erro
podem confiar nas conclusões. comum é incluir questões que não podem ou não
precisam ser respondidas e omitir outras que devem
Instrumentos de pesquisa. Os pesquisadores de ser respondidas. As questões meramente interessan-
marketing podem escolher entre dois instrumentos de tes devem ser eliminadas porque podem exaurir a
pesquisa para coletar dados primários: questionários e paciência do entrevistado.
instrumentos mecânicos. Além disso, a forma da questão pode influenciar a
resposta. Os pesquisadores de marketing diferen-
• Questionários. O questionário consiste de um con- ciam entre questões fechadas e abertas. As questões
junto de questões para serem respondidas por en- fechadas pré-especificam todas as respostas possí-
trevistados. Em função de sua flexibilidade, é o ins- veis e os respondentes escolhem entre elas. As ques-
trumento mais comum para coletar dados primá- tões abertas permitem que os respondentes usem suas
rios. Precisam ser cuidadosamente desenvolvidos, próprias palavras. Freqüentemente, as questões fe-
testados e corrigidos antes de serem administrados chadas fornecem respostas mais fáceis de interpre-
14. BICKART, Barbara A. Carryover and backfire effects in marketing research. Journal of Marketing Research, 30, n. 1, p. 52-62, Feb. 1993.
15. Uma visão geral sobre dispositivos mecânicos é apresentada em BLACKWELL, Roger D., HENSEL, James S., PHILLIPS, Michael B., STERNTHAL,
Brian. Laboratory equipment for marketing research. Dubuque : Kendall/Hunt, 1970. p. 7-8. Para dispositivos mais recentes, veja WOOD,
Wally. The race to replace memory. Marketing and Media Decisions, p. 166-167, July 1986.
A. Amostra probabilística
Amostra simples ao acaso Todos os componentes da população têm chances iguais de serem selecionados.
Amostra estratificada ao acaso A população é dividida em grupos mutuamente exclusivos (por exemplo, grupos
etários) e as amostras ao acaso são retiradas de cada grupo.
Amostra por conglomerado (área) A população é dividida em grupos mutuamente exclusivos (por exemplo, quartei-
rões) e o pesquisador retira uma amostra dos grupos para entrevista.
B. Amostra não-probabilística
Amostra por conveniência O pesquisador seleciona os participantes mais acessíveis da população para obter
informações.
Amostra por julgamento O pesquisador usa seu julgamento para selecionar os participantes da população mais
propensos a fornecer informações precisas.
Amostra por quota O pesquisador entrevista um número planejado de pessoas em cada uma das diversas
categorias.
mais alta do que no caso de questionários enviados pelo "teletédio" decorrente das ligações interativas. No final
correio. A principal dificuldade é que as entrevistas pre- de 3,5 minutos, Ray e as cantoras retornavam para sor-
cisam ser curtas e não muito pessoais. tear prêmios instantâneos, incluindo o fornecimento de
A entrevista pessoal é o mais versátil entre os três Diet Pepsi por um ano ou uma miniatura da máquina
métodos. O entrevistador pode fazer mais perguntas e automática de venda desse refrigerante. Entretanto, a
anotar observações adicionais sobre o respondente, como real vencedora foi a Pepsi-Cola. A empresa recebeu in-
a linguagem corporal e o vestuário. Trata-se do método formações vitais sobre preferência de marca, taxas de
mais caro e exige maior planejamento administrativo e consumo e atividades de estilo de vida de meio milhão
supervisão do que os outro dois métodos. Está também de consumidores de sua maior concorrente.16
sujeito a vieses ou distorções do entrevistador.
A entrevista pessoal toma duas formas: entrevistas
planejadas e entrevistas de interceptação. Nas entrevis- ETAPA 3: COLETA DE INFORMAÇÕES. Geralmente, a fase
tas planejadas, os respondentes são selecionados ao aca- de coleta de dados da pesquisa de marketing é a mais
so e abordados por visita pessoal, em suas residências cara e mais sujeita a erro. No caso de levantamentos,
ou escritórios. Freqüentemente, um pequeno pagamen- surgem quatro grandes problemas. Alguns respondentes
to ou incentivo é oferecido aos respondentes em reco- não estarão em casa e devem ser contatados novamente
nhecimento ao tempo dispendido. As entrevistas de ou substituídos, enquanto outros recusarão cooperar. Ou-
interceptação envolvem abordar as pessoas em shopping tros ainda, darão respostas viesadas ou desonestas. Fi-
centers ou ruas movimentadas. Esta abordagem apresenta nalmente, alguns entrevistadores podem não ser
o agravante de usar amostras não-probabilísticas e o tem- confiáveis.
po envolvido na entrevista é muito curto. Como vimos, os métodos de coleta de dados estão
Hoje, nem todos os entrevistadores são seres hu- rapidamente melhorando graças aos computadores mo-
manos. Algumas empresas estão usando linhas telefôni- dernos e às telecomunicações. Algumas empresas de
cas gratuitas (números 0800) para levantar informações pesquisa entrevistam a partir de um local centralizado.
de marketing. Por exemplo, em 1993, a Pepsi-Cola en- Entrevistadores profissionais sentados em cabines tele-
viou uma peça de mala direta a um milhão de residên- fônicas discam, ao acaso, números de telefones de qual-
cias onde se bebia o refrigerante Diet Coke, oferecendo quer ponto do país. Quando o telefone é atendido, o
aos moradores a chance de participar de uma entrevista entrevistador faz ao respondente uma série de pergun-
pelo número 0800, conversar com Ray Charles e, possi- tas, lidas de um monitor de vídeo. Ele digita as respostas
velmente, ganhar um prêmio. Mas era necessário, pri- através do teclado de um computador. Este procedimen-
meiro, que os moradores usassem seus próprios telefo- to elimina a edição e codificação, reduz o número de
nes para responder a uma série de perguntas sobre a erros, economiza tempo e fornece todos os resultados
Diet Coke. Mais de 500.000 pessoas ligaram e foram estatísticos solicitados. Outras empresas de pesquisa
saudadas por Ray e seu conjunto vocal Uh-Huh Girls. possuem terminais interativos em shopping centers. As
Entre as perguntas, os entrevistados ouviam fundos so- pessoas dispostas a ser entrevistadas sentam-se frente a
noros do Uh-Huh e sons digitalizados para quebrar o um terminal, lêem as questões em um monitor de vídeo
16. AHO, Debra. Pepsi puts callers in touch with Ray. Advertising Age, p. 20, 15 Nov. 1993.
17. FEINSTEIN, Selwyn. Computers replacing interviewers for personnel and marketing tasks. The Wall Street Journal, p. 35, 9 Oct. 1986.
18. Para leitura adicional, veja LIPMAN, Joanne. Single-source ad research heralds detailed look at household habits. The Wall Street Journal, p.
39, 16 Feb. 1988; SCHWARTZ, Joe. Back to the source. American Demographics, p. 22-26, Jan. 1989; ABRAHAM, Magid H., LODISH,
Leonard M. Getting the most out of advertising and promotions. Harvard Business Review, p. 50-60, May/June 1990.
19. MILLER, Cyndee. Sometimes a researcher has no choice but to hang out in a bar. Marketing News, p. 16-26, 3 Jan. 1994.
20. CROSSEN, Cynthia. Studies Galore support products and positions, but are they reliable? The Wall Street Journal, 14 Nov. 1991, A, p. 1, 9.
Veja também SPETHMANN, Betsey. Cautions consumers nave surveyors wary. Advertising Age, p. 34, 10 June 1991.
pesquisadores de marketing inexperientes e seu fra- de dados porque relativamente poucos mexicanos
co treinamento e criatividade deficiente levam a re- possuem telefone - na cidade do México apenas 55%
sultados inexpressivos. Os resultados desapontadores a 60% da população possui telefone. Em outras ci-
reforçam o preconceito da administração em rela- dades, o número chega a apenas 35%. A única ma-
ção à pesquisa de marketing. Os pesquisadores de neira de fazer pesquisa confiável é através de visitas
mercado continuam recebendo baixos salários, per- porta a porta. Entretanto, os pesquisadores devem
petuando o problema básico. ser cuidadosos ao elaborar questionários, usando
• Resultados atrasados e erros ocasionais da pesquisa palavras de tradução fácil. As empresas devem tam-
de marketing. Os administradores desejam resulta- bém saber que muitos mexicanos nunca foram ex-
dos rápidos que sejam rigorosos e conclusivos. Po- postos a uma pesquisa de marketing.21
rém, boa pesquisa de marketing consome tempo e • Diferenças de personalidade e de apresentação de re-
dinheiro. Eles ficam desapontados e a desvalorizam sultados. Freqüentemente, as diferenças de estilo en-
ainda mais. Este é um problema ainda mais crucial tre os gerentes de linha e os pesquisadores de
na condução de pesquisa de marketing em países marketing impedem relacionamentos produtivos. O
estrangeiros, onde os dados, freqüentemente, não relatório do pesquisador de marketing pode parecer
existem, não são confiáveis ou custa muito dinheiro abstrato, complicado e tentativo, enquanto o geren-
coletar. Por exemplo, o México é mercado impor- te de linha deseja objetividade, simplicidade e cla-
tante para as empresas norte-americanas, mas tem reza. Todavia, nas empresas mais progressistas, os
sido difícil saber que produtos sua população deseja pesquisadores de marketing estão cada vez mais sen-
devido às dificuldades encontradas para o trabalho do incluídos como membros da equipe de gerência
de pesquisa de marketing. Por exemplo, os levanta- de produto e sua influência na estratégia de mar-
mentos por telefone não são confiáveis para a coleta keting é crescente.
21. NAMAKFOROOSH, Naghi. Data colletion methods hold key to research in México. Marketing News, p. 28, 29 Aug. 1994.
22. LITTLE, John D. Decision support systems for marketing managers. Journal of Marketing, p. 11, Summer 1979.
23. CAVUSGIL, S. Tamer Mitri, EVIRGEN, Michel, CUNEYT, T. A decision support System for doing business with eastern bloc countries: the
country consultam. European Business Review, 92, n. 4, p. 24-34, 1992.
24. LITTLE, John D. C. BRANDAID: A marketing mix model, Part I: Structure; Part II: Implementation. Operations Research, v. 23, p. 628-673,
1975.
25. LODISH, Leonard M. CALLPLAN: An interactive salesman's call planning System. Management Science, p. 25-40, Dec. 1971.
26. MONTGOMERY, David B., SILK, Alvin J., ZARAGOZA, C. E. A multiple-product sales-force allocation model. Management Science, p. 3-24,
Dec. 1971.
27. HESS, S. W., SAMUELS, S. A. Experiences with a sales districting model: criteria and implementation. Management Science, p. 41-54, Dec.
1971.
FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS
1. Regressão múltipla. Técnica estatística para estimar uma melhor "equação de ajuste", mostrando como o valor de
uma variável dependente varia com a mudança dos valores de várias variáveis independentes.
Exemplo: Uma empresa pode estimar como as unidades vendidas são influenciadas por mudanças no nível de
gastos de propaganda, tamanho da força de vendas e preço.
2. Análise discriminante. Técnica estatística para classificar objetos ou pessoas em duas ou mais categorias.
Exemplo: Uma grande cadeia de lojas pode determinar as variáveis que discriminam entre as lojas bem localizadas e
as mal localizadas.*
3. Análise fatorial. Técnica estatística usada para determinar as poucas dimensões básicas de um conjunto maior de
variáveis não correlacionadas.
Exemplo: Uma rede de televisão pode reduzir uma ampla variedade de programas a pequeno grupo de programas
básicos.**
4. Análise por conglomerados. Técnica estatística para separar objetos em um número específico de grupos mu-
tuamente exclusivos, de modo que os grupos se tornem relativamente homogêneos.
Exemplo: Um pesquisador de marketing pode desejar classificar um conjunto amplo de cidades em quatro grupos
de cidades similares.
5. Análise paritária. Técnica estatística pela qual as preferências dos respondentes por ofertas diferentes são decom-
postas para se determinar a função utilidade suposta pelos mesmos para cada atributo e a importância relativa de cada
um deles.
Exemplo: Uma linha aérea pode determinar a utilidade total prestada por diferentes combinações de serviços aos
passageiros.
6. Escala multidimensional. Variedade de técnicas para a preparação de mapas de percepção de produtos ou marcas
concorrentes. Os objetos são representados por pontos em um espaço multidimensional de atributos onde a distância
entre eles é uma medida de assimilaridade.
Exemplo: Um fabricante de microcomputadores deseja saber onde sua marca está posicionada em relação às
marcas concorrentes.
MODELOS
1. Modelo do processo Markov. Este modelo mostra a probabilidade de movimentação de um estado atual para
qualquer outro estado.
Exemplo: 0 fabricante de uma marca de bens embalados pode determinar as taxas de mudança e de permanência
de sua marca período a período e, se as probabilidades forem estáveis, a participação final da marca no
mercado.
das, lucro marginal decrescente, esquecimento, ADCAD. Recomenda o tipo de anúncio (humorísti-
assuntos relativos a tempo e programações de co, situação de vida etc.) a usar, dados os objetivos
mídias concorrentes.28 de marketing e as características do produto, mer-
cado-alvo e situação competitiva.30
Alguns modelos mais novos surgiram para dupli-
car a maneira pela qual os especialistas de marketing COVERSTORY. Examina uma massa de dados de
tomam suas decisões. Aqui estão alguns exemplos de vendas fornecidos por empresas de pesquisa e re-
modelos recentes de sistemas especialistas: dige um relatório em inglês sobre os pontos mais
importantes.31
PROMOTER. Avalia as promoções de vendas, de-
terminando as vendas básicas (o volume de ven- No final dos anos 90, surgirão ainda mais softwares
das sem qualquer promoção) e mensurando o au- e modelos de decisão.32 Para mais detalhes sobre este
mento acima do normal com a adoção da promo- tópico, veja a seção Visão 2000 intitulada "Redes neurais
ção.29 e inteligência artificial chegam em marketing".
28. LITTLE, John D. C, LODISH, Leonard M. A media planning calculus. Operations Research, p. 1-35, Jan./Feb. 1969.
29. ABRAHAM, Magid M., LODISH, Leonard M. PROMOTER: an automated promotion evaluation System. Marketing Science, p. 101-123,
Spring 1987.
30. BURKE, Raymond R., RANGASWAMY, Arvind, WIND, Jerry, ELIASHBERG, Jehoshua. A knowledge-based System for advertising design.
Marketing Science, 9, n. 3, p. 212-229, 1990.
31. LITTLE, John D. C. Cover story: an expert System to find the news in scanner data. MIT Working Paper, Sloan School, 1988.
32. Para leitura complementar, veja LILIEN, Gary, KOTLER, Philip, MOORTHY, K. Sridhar. Marketing models. Englewood Cliffs, NJ : Prentice
Hall, 1992.
* SANDS, S. Store site selection by discriminant analysis. Journal ofthe Market Research Society, p. 40-51, 1981.
** RAO, V R. Taxonomy of television programs based on viewing behavior. Journal of Marketing Research, p. 355-358, Aug. 1975.
*** Veja CLANCY, Kevin J., SHULMAN, Robert, WOLF, Marianne. Simulated test marketing. New York : Lexington Books, 1994.
prever a demanda regional para sua principal linha de Dada essa definição, o tamanho de um mercado
produtos para decidir se deve adotar uma distribuição depende do número de compradores que podem existir
regional. para uma oferta específica. Mercado potencial é o con-
junto de consumidores que manifestam nível de interes-
se suficiente por uma oferta definida.
Que mercado mensurar? Entretanto, o interesse do consumidor não é sufi-
ciente para definir um mercado. Os consumidores po-
Os profissionais de marketing conversam sobre tenciais devem ter renda suficiente para comprar o pro-
mercados potenciais, mercados disponíveis, mercados duto e devem ter acesso a ele. Se o produto não for dis-
atendidos e mercados penetrados. Para esclarecer esses tribuído em certas áreas, os consumidores potenciais não
termos, comecemos com a definição de mercado: estão disponíveis para as empresas. Mercado disponível
é o conjunto de consumidores que tem interesse, renda
MERCADO é um conjunto de todos os compradores e acesso a determinada oferta.
reais e potenciais de um produto.
Para algumas ofertas de mercado, a empresa ou o DEWAR'S Durante anos, a Dewar's veiculou seus clás-
governo pode restringir a venda a certos grupos. Por sicos anúncios em que pessoas importantes de meia-ida-
exemplo, determinado estado de um país pode proibir a de, modestamente, listavam suas "pequenas" realizações
venda de motocicletas a menores de 21 anos de idade. - conquista do prêmio de literatura Pulitzer, realização
Os adultos remanescentes formam o mercado disponível de uma cirurgia cerebral ou composição de uma sonata
qualificado - conjunto de consumidores que tem inte- em sol menor -, bebendo seu whisky Dewar's favorito.
resse, renda, acesso e qualificação para determinada ofer- Embora esses anúncios tivessem canalizado prestígio à
ta. marca nos últimos vinte e cinco anos, as vendas do esco-
Após a empresa identificar o mercado disponível, cês Dewar's começaram a cair drasticamente à medida
pode trabalhar no mercado disponível total ou concen- que a nova geração de consumidores de bebidas alcoóli-
trar-se em certos segmentos. Mercado-alvo (também de- cas não se identificava com os anúncios. Em 1994, a
nominado mercado atendido) é a parte do mercado dis- empresa lançou anúncios novos com o propósito de
ponível qualificado que a empresa decide atingir. Por mostrar à Geração X os prazeres de beber whisky. "Fi-
exemplo, uma empresa pode decidir concentrar seu es- nalmente, você tem um trabalho real, um lugar real, uma
forço de marketing e distribuição na costa leste. A costa namorada real", diz o anúncio da premiada agência Leo
leste torna-se seu mercado-alvo. Burnett. "Que tal um drink real?"33
A empresa e seus concorrentes terminarão venden-
do a certo número de compradores em seu mercado-
alvo. Mercado penetrado é o conjunto de consumidores Vocabulário para mensuração da
que já compraram o produto da empresa. demanda
Essas definições de mercado constituem uma fer-
ramenta útil para o planejamento de mercado. Se a em- Os principais conceitos de mensuração da deman-
presa não estiver satisfeita com suas vendas atuais, pode da são demanda de mercado e demanda da empresa. Em
adotar inúmeras ações: tentar atrair porcentagem mai- cada um desses conceitos, podemos distinguir entre uma
or de compradores de seu mercado-alvo, expandir seu função, uma previsão de vendas e um potencial de de-
mercado disponível abrindo distribuição na costa oeste manda.
ou reduzindo seu preço. Ultimamente, a empresa pode
tentar expandir o mercado potencial anunciando o pro-
duto aos consumidores menos interessados ou aqueles DEMANDA DE MERCADO. Como vimos, a primeira etapa
que ainda não foram visados. Algumas empresas de be- ao avaliar as oportunidades de marketing é estimar a
bidas alcoólicas têm sido bem-sucedidas ao expandir seu demanda total do mercado.
mercado com campanhas de propaganda. Consideremos
o caso de Dawar's
33. QUINN, Judy. Dewar's. Incentive, p. 38-39, July 1994.
DEMANDA DE MERCADO para um produto é o volu- expansível podem aceitar o tamanho do mercado (o ní-
me total que seria comprado por um grupo definido vel de demanda primária para a classe de produto) e
de consumidores em determinada área geográfica, dirigir seus recursos de marketing para conquistar uma
em período de tempo definido, em ambiente de participação de mercado desejada (o nível de demanda
marketing definido, sob determinado programa de seletiva para o produto da empresa).
marketing. É importante enfatizar que a função demanda de
marketing não representa um quadro da demanda de
mercado no tempo. Pelo contrário, a curva mostra as
A demanda de mercado não é um número fixo,
previsões alternativas atuais da demanda de mercado
mas uma função de condições declaradas. Por esta ra-
associadas aos níveis alternativos possíveis do esforço
zão, pode ser denominada função demanda de mercado.
de marketing do setor industrial no período atual.
A dependência da demanda do mercado total sob condi-
ções definidas é ilustrada na Figura 4.5(a). O eixo hori-
zontal mostra os níveis possíveis dos gastos de marketing PREVISÃO DE MERCADO. Apenas um nível de gastos de
do setor industrial em determinado período de tempo. marketing ocorrerá no setor industrial. A demanda de
O eixo vertical mostra o nível de demanda resultante. A mercado que corresponde a este nível é denominada pre-
curva representa a demanda de mercado estimada, as- visão de mercado.
sociada aos vários níveis de despesa de marketing do
setor industrial. Algumas vendas básicas (chamadas
POTENCIAL DE MERCADO. A previsão de mercado mos-
mercado mínimo, indicado como Q1 na Figura) ocorre-
riam sem quaisquer gastos para estimular a demanda. tra a demanda de mercado esperada, não a demanda
Níveis mais altos de gastos de marketing implicariam máxima de mercado. Para a última, temos que visualizar
níveis mais elevados de demanda, no início, a uma taxa o nível de demanda de mercado para um nível "muito
crescente e, depois, a uma taxa decrescente. Os gastos alto" de gastos de marketing do setor industrial, em que
de marketing além de certo nível não estimulariam mui- aumentos posteriores do esforço de marketing do setor
to a demanda, sugerindo, assim, a existência de um li- industrial teriam pouco efeito para estimular a deman-
mite superior para a demanda de mercado, chamado da futura.
potencial de mercado, indicado como Q2 na Figura).
A distância entre o mercado mínimo e o potencial POTENCIAL DE MERCADO é o limite abordado pela
de mercado mostra a sensibilidade de marketing da de- demanda de mercado, à medida que os gastos de
manda global. Podemos considerar dois tipos extremos marketing do setor industrial aproximam-se do infi-
de mercados, o expansível e o não expansível. O merca- nito, para determinado ambiente.
do expansível, como o de raquetes de tênis, é bastante
afetado em seu tamanho total pelo nível de gastos de A expressão determinado ambiente é crucial no con-
marketing do setor industrial. Em termos da Figura ceito de potencial de mercado. Consideremos o poten-
4.5(a), a distância entre Q1 e Q2 é relativamente grande. cial de mercado para automóveis no período de recessão
Por exemplo, um mercado não expansível, como o de versus período de prosperidade. O potencial de mercado
óculos, não é muito afetado pelo nível de gastos de. é maior durante a fase de prosperidade. A dependência
marketing; a distância entre Q1eQ2é relativamente pe- do potencial de mercado sobre o ambiente está ilustra-
quena. As organizações que vendem a um mercado não da na Figura 4.5(b). Os analistas de mercado distinguem
34. MOORTHY, K. Sridhar. Marketing models. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1992.
35. Veja ACKOFF, Russel L. A concept of corporate planning. New York : Wiley-Interscience, 1970. p. 36-37.
Tabela 4.6 Método de desenvolvimento de mercado utilizando os códigos SIC (fabricante hipotético de tornos - área
de Boston).
(3)
NÚMERO POTEN-
CIAL DE VENDAS
(D (2) DE TORNOS POR POTENCIAL DE
VENDAS ANUAIS NÚMERO DE ESTA- 1 MILHÃO DE MERCADO
SIC (EM MILHÕES) BELECIMENTOS VENDAS (1x2x3)
2511 1 6 10 60
5 2 10 100
2521 1 3 5 15
5 1 5 23.
200
(D
PORCENTAGEM DE (2)
VENDAS DAS PORCENTAGEM
MARCAS NORTE- DE VENDAS DA IDM
TERRITÓRIO AMERICANAS CATEGORIA (1 : 2) x 100
36. Para as estratégias sugeridas relacionadas à aplicação de IDM em áreas de mercado, veja SCHULTZ, Don E., MARTIN, Dennis, BROWN,
William P Strategic advertising campaigns. Chicago : Crain Books, 1984. p. 338.
37. FAWCETT, Adrienne Ward. Oreo Cones make top grade in poll. Advertising Age, p. 30, 14 June 1993.
38. A pesquisa de marketing tem indicado que a mensuração das intenções de compra podem ter efeito sobre o comportamento real de compra.
As taxas de recompra aumentam se os pesquisadores perguntarem aos consumidores apenas uma vez sobre suas intenções de compra.
Entretanto, fazer a pergunta várias vezes às pessoas com baixo nível de interesse sobre a intenção de compra diminui ainda mais a propen-
são a comprar. Veja MORWITZ, Vicki G., JOHNSON, Eric, SCHMITTLEIN, David. Does measuring intent change behavior? Journal ofConsumer
Research, 20, n. 1, p. 46-61, June 1993.
RESUMO
1. Três desenvolvimentos tornam, agora, a necessida- específica; e (4) sistema computadorizado de apoio
de de informações de marketing maior do que no à decisão de marketing, que ajuda os administrado-
passado: o surgimento de marketing global, a nova res a interpretar dados e informações relevantes e a
ênfase nos desejos dos compradores e a tendência transformá-los em uma base para a ação de
para a concorrência que não envolve preço. marketing
2. Para exercer suas responsabilidades de análise, pla- 4. As empresas podem realizar suas próprias pesqui-
nejamento, implementação e controle, os adminis- sas de marketing ou contratar empresas especia-
tradores de marketing necessitam de um sistema de lizadas para fazê-las. O processo de pesquisa de
informações de marketing (SIM). O papel do SIM é marketing consiste da definição do problema e dos
avaliar as necessidades de informações dos admi- objetivos de pesquisa, desenvolvimento do plano de
nistradores, desenvolvê-las e distribuí-las aos inte- pesquisa, coleta de informações, análise das infor-
ressados na empresa no momento certo. mações e apresentação dos resultados para a admi-
3. Um SIM possui quatro componentes: (1) sistema de nistração. Ao realizar pesquisa, as empresas devem
registros internos, que inclui informações sobre o decidir se devem coletar os dados ou usar dados já
ciclo de pedido e o sistema de relatórios de vendas; disponíveis. Devem também decidir sobre o tipo de
(2) sistema de inteligência de marketing, composto abordagem da pesquisa (observação, grupo-foco,
de um conjunto de procedimentos e fontes usados levantamento, experimental) e que instrumento
por administradores para a obtenção de informa- (questionários ou dispositivos mecânicos) usar. Além
ções diárias sobre desenvolvimentos pertinentes no disso, devem decidir sobre o plano de amostragem
ambiente de marketing; (3) sistema de pesquisa de e os métodos de contato. A boa pesquisa de
marketing, que permite o projeto, a coleta, a análi- marketing é caracterizada por método científico,
se, o relatório de dados e a apresentação dos resul- criatividade, métodos múltiplos de pesquisa, cons-
tados relevantes para uma situação de marketing trução de modelos rigorosos, análise de custo/
39. Veja GONIK, Jacob. Tie salesmen's bonuses to their forecasts. Harvard Business Review, p. 116-123, May/June 1978.
40. Veja DALKEY, Norman, HELMER, Olaf. An experimental application of the Delphi method to the use of experts. Management Science, p. 458-
467, April 1963. Veja também BEST, Roger J. An experiment in Delphi estimation in marketing decision making. Journal of Marketing
Research, p. 447-452, Nov. 1974.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. A Seaquist Closures, fabricante de tampas plásticas de marketing a empresa pode realizar para obter
para embalagens de xampu tentou, sem sucesso, respostas as suas perguntas?
obter de seus clientes (fabricantes de xampu), in- 6. Avalie as seguintes perguntas encontradas em um
formações sobre os produtos concorrentes, necessá- levantamento de consumidores. A forma de reda-
rias para realizar melhorias contínuas em seu pro- ção das perguntas possibilitará a obtenção das in-
duto. Que etapas a Seaquist deve seguir para obter formações desejadas? Provavelmente, como os con-
essas informações? Que problemas dos clientes a sumidores responderão a cada uma das perguntas?
pesquisa pode ocultar? a. Qual a marca favorita de bola de golfe de seu
2. Um cliente de sua empresa de pesquisa de marketing marido?
disse o seguinte: "Caras, vocês estão sempre inven- b. Que tipo de programa de TV você assistiu na
tando novos termos para descrever conceitos anti- última segunda-feira?
gos. O SIM é apenas uma sigla extravagante para c. Quantas vezes você comeu pizza no ano passa-
substituir a pesquisa de marketing!" Explique a seu do?
cliente como o SIM difere da pesquisa de marketing. d. Qual a renda total que você declarou ao impos-
3. Você é diretor de marketing de uma fábrica de pro- to de renda no ano passado?
dutos alimentícios enlatados. Seu chefe deseja sa- e. Quais os produtos alimentícios e não-alimentí-
ber como muitas lojas vendem molho picante. Uma cios que você compra, normalmente, todo mês
vez que a venda é feita por intermédio de atacadis- no supermercado.
tas de alimentos, você não sabe a resposta, embora 7. Cada uma das perguntas abaixo aparece em um ques-
tenha dois dias para isso. Como você vai resolver o tionário preenchido e devolvido a uma empresa de
problema? pesquisa. Dê nova redação e/ou reformule cada per-
4. Um pesquisador deseja avaliar os efeitos de três ti- gunta de maneira que aumente a probabilidade da
pos diferentes de arrumação de prateleira (A, B e empresa de pesquisa coletar as informações neces-
C). Planeja fazer isso observando as vendas geradas sárias.
em três lojas, durante três horários diferentes. Que a. Que marca você gosta mais?
tipo de projeto experimental o pesquisador pode b. Você pode informar quantos filhos possui, se são
usar? meninas ou meninos e quais suas idades?
5. A FabuLooks é uma empresa que fabrica produtos c. Quanto você acha que sua igreja destina à cari-
para o cabelo feminino (xampus, condicionadores, dade do total de contribuição que arrecada de
gels, sprays, vaporizadores, corantes/descorantes, seus fiéis?
líquido de permanentes). Atualmente, distribui seus d. Com que freqüência você tem chegado atrasa-
produtos em todo o país, e a alta administração acha do a seus compromissos?
que a empresa deve acrescentar alguns produtos a e. Os fabricantes de automóveis estão fazendo pro-
cada uma de suas linhas. Por que a empresa deseja gresso satisfatório no controle da emissão de ga-
expandir suas linhas de produtos? Quais são alguns ses dos veículos?
fatores que a administração deve considerar ao de- 8. A Levi Strauss está interessada em desenvolver uma
senhar seus novos produtos? Que tipos de pesquisas nova linha de vestuário para atrair homens jovens,
É inútil dizer a um rio para parar de correr; é melhor aprender a navegar na direção
de seu fluxo.
ANÔNIMO
Temos enfatizado repetidamente que as empresas mite às famílias espalhadas pelo mundo comunicarem-
excelentes possuem visão de fora para dentro de seus se facilmente por meio de correio eletrônico. "A indús-
negócios. Elas reconhecem que o ambiente de marketing tria de microcomputadores já percorreu um longo cami-
está constantemente oferecendo novas oportunidades e nho, mas nada comparado ao que vai ainda acontecer",
apresentando novas ameaças. Essas empresas reconhe- prevê Gates.1
cem a importância vital do monitoramento e da adapta-
ção contínua às mudanças ambientais. Uma das empre-
sas mais admiradas por saber quando, o quê e como ven- Diferentemente da Microsoft, muitas empresas fa-
der em mercados emergentes é a Microsoft. lham em não ver as mudanças como oportunidades. Ig-
noram ou resistem a elas até quando já for muito tarde.
Suas estratégias, estruturas, sistemas e cultura organi-
MICROSOFT Sempre vários passos à frente da con- zacional crescem obsoleta e desordenadamente.
corrência, Bill Gates, presidente da Microsoft, dirigiu a Corporações tão poderosas como a General Motors, IBM
empresa, desde a fase de desenvolvimento de lingua- e Sears estão dobrando seus joelhos por ignorar durante
gens para microcomputadores aos sistemas operacionais muito tempo as mudanças ambientais.
e, depois, dos aplicativos como o Word, a produtos de A principal responsabilidade de identificar as mu-
consumo como a enciclopédia Encarta, em CD-ROM. danças ambientais significativas recai sobre os profissio-
Constantemente, Gates está analisando o ambiente de nais de marketing da empresa. Mais do que qualquer
marketing, dedicando um terço de seu tempo para con- outro grupo da empresa, eles devem ser os rastreadores
versar com consumidores atuais e potenciais. Ao manter das tendências e descobridores de oportunidades. Em-
seus ouvidos atentos, está em condições de desenvolver bora qualquer administrador de uma organização preci-
produtos que manterão a empresa em posição privile- se observar o ambiente externo, os profissionais de
giada no início do próximo milênio. Em recente feira de marketing têm duas atitudes especiais. Eles possuem
Informática Comdex, Gates fez um pequeno discurso, métodos disciplinados - inteligência de marketing e pes-
mostrando como será a casa do futuro, exibindo um fil- quisa de marketing - para coletar informações sobre o
me com vários dispositivos eletrônicos que, segundo ele, macroambiente. Também dedicam mais tempo para es-
estarão em uso em 2005 - desde microcomputadores tar junto aos consumidores e para observar os concor-
com telas panorâmicas para transmissão de videocon- rentes.
ferências, a micros de bolso para compra eletrônica. No Neste e nos próximos quatro capítulos, examina-
dia seguinte, em entrevista à imprensa, introduziu o mos o ambiente externo da empresa - as forças
Microsoft Network, ambicioso serviço on-line que per- macroambientais que a afetam, mercados consumido-
1. JOHNSON, Bradley. Marketer of the year: Bill Gates' vision of Microsoft in every home. Advertising Age, p. 14-15, 19 Dec. 1994; BRANDT,
Richard. Microsoft wants to move into your family room. Business Week, p. 92-93, 28 Nov. 1994.
ANÁLISE DAS NECESSIDADES E TENDÊNCIAS Precisamos fazer distinções entre modas passagei-
ras, tendências e megatendências. Embora seja uma ten-
DO MACROAMBIENTE
dência, a moda passageira é "imprevisível, tem vida cur-
ta e não é significativa em termos sociais, econômicos e
As empresas bem-sucedidas reconhecem e respon- políticos".2 Uma empresa pode ganhar dinheiro com uma
dem rentavelmente às necessidades não atendidas e às moda passageira como as bonecas Pet Rocks ou Cabbage
tendências do macroambiente. Necessidades não aten- Patch, mas trata-se mais de uma questão de sorte e de
didas sempre existem. As empresas poderiam ganhar uma ocasião do que qualquer outra coisa.
fortuna se pudessem resolver qualquer destes proble- As tendências são mais previsíveis e duradouras
mas: cura para o câncer, curas químicas para doenças do que as modas passageiras. Uma tendência revela a
mentais, dessalinização da água do mar, alimentos nu- configuração do futuro. Friedrich von Schiller afirmou:
tritivos saborosos que não engordam, carros elétricos "No hoje já caminha o amanhã." Conforme a futurista
práticos, computadores controlados por voz e moradias Faith Popcorn, uma tendência tem longevidade, é
baratas ao alcance de todos. observável por meio de diversos mercados e atividades
Mesmo em economias de crescimento lento, alguns de consumo e, consistente em relação a outros indica-
empreendimentos individuais e empresas administram dores significativos que ocorrem ou emergem ao mesmo
para criar novas soluções para atender às necessidades tempo.3 Popcorn identificou dez grandes tendências nos
existentes. O Clube Mediterranée surgiu para atender às anos 90 e suas implicações para a tomada de decisão
necessidades das pessoas por férias exóticas; o walkman nos negócios. (Para mais informações sobre este tópico,
e o CD player portátil foram criados para as pessoas ati- veja a seção Insight de Marketing intitulada "Faith Popcorn
vas que desejavam ouvir música em qualquer lugar; o aponta dez tendências na Economia".)
Nautilus foi criado para homens e mulheres que deseja- John Naisbitt, outro futurista, prefere falar sobre
vam bronzear seus corpos; e a Federal Express surgiu megatendências, que são as "grandes mudanças sociais,
para atender à necessidade de entrega de encomendas econômicas, políticas e tecnológicas de desenvolvimen-
no dia seguinte. to lento que, após implantadas, exercem influência du-
Muitas oportunidades são encontradas pela iden- rante algum tempo sobre as vidas das pessoas - entre
tificação de tendências. sete e dez anos, ou mais".4 Naisbitt e sua equipe identifi-
caram essas tendências contando o número de vezes que
TENDÊNCIA é uma direção ou seqüência de eventos notícias importantes sobre diferentes tópicos apareciam
que ocorre em algum momento e promete durabili- nos principais jornais. As tendências de Popcorn são mais
dade. psicológicas e orientadas para a disposição das pessoas;
as megatendências de Naisbitt são mais societais em seu
Por exemplo, uma tendência importante é o au- escopo. As dez megatendências que identificou para os
mento da participação feminina na força de trabalho. anos 90 são as seguintes:
Esta tendência tem expandido os berçários, escolas ma-
ternais e pré-escolas, aumentado o consumo de alimen- 1. Crescimento expressivo da economia globalizada.
tos congelados, desenvolvido a linha de roupas femini- 2. Renascimento das artes.
nas orientada para o trabalho em escritórios e outras 3. Surgimento do socialismo de mercado livre.
oportunidades de negócios. Identificar tendências, pre- 4. Estilos de vida globalizados e nacionalismo cultu-
ver suas prováveis conseqüências e detectar oportuni- ral.
dades são tarefas críticas para o profissional de mar- 5. Privatização do sistema de seguridade social.
keting. 6. Ascensão dos países da Orla do Pacífico.
que a empresa deve monitorar e responder. Na arena • Ascensão de blocos econômicos como a União Euro-
econômica, as empresas e os consumidores são cres- péia e o NAFTA para fomentar a cooperação econô-
centemente afetados por forças globais. Entre elas, in- mica em suas regiões.
cluem-se as seguintes: • Graves problemas de dívida externa de países da
América Latina e Europa Oriental, acompanhados
• Agilização substancial do transporte, comunicação da crescente fragilidade do sistema financeiro inter-
e das transações financeiras internacionais, levando nacional.
a rápido crescimento do comércio e dos investimen- • Crescente uso de escambo (troca direta) e counter-
tos mundiais, principalmente na América do Norte, trade nas transações internacionais. {Countertrade é
Europa Ocidental e Extremo Oriente. uma forma de escambo em que um país exige que
• Erosão gradual do domínio internacional e da uma empresa estrangeira compre seus produtos em
competitividade dos Estados Unidos e ascensão do troca do privilégio de vender ali seus bens.)
poder econômico do Japão e de vários países do
Extremo Oriente nos mercados mundiais.
• Movimento crescente dos países ex-socialistas em faturamento de $ 150 milhões, vendida em 75 paí-
direção à economia de mercado, acompanhado da ses, com embalagem, posicionamento e propagan-
rápida privatização de empresas públicas. da praticamente idênticos (Figura 5.1).5
• Rápida disseminação de estilos de vida globais, re-
sultantes do crescimento da comunicação global. Dentro do quadro global rapidamente mutante, a
• Abertura gradual de novos mercados importantes, empresa deve monitorar seis forças importantes:
como China, Europa Oriental e países árabes. demográfica, econômica, natural, tecnológica, político/
• Crescente tendência de as empresas multinacionais legal e sociocultural. Embora essas forças sejam descri-
transcenderem suas características locais e nacionais, tas separadamente neste capítulo, as empresas devem
transformando-se em empresas transnacionais. ficar atentas a suas interações causais, uma vez que, em
• Crescente número de alianças estratégias além-fron- conjunto, apresentam tanto novas oportunidades como
teiras - por exemplo, MCI e British Telecom, Texas ameaças. Por exemplo, o crescimento explosivo da po-
Instruments e Hitachi e Coca-Cola e Cadbury pulação (força demográfica) leva a maior poluição e
Schweppes. depleção dos recursos (força natural) que leva os consu-
• Aumento das tensões e conflitos regionais resultan- midores a exigir mais leis (força político/legal). As res-
tes do final da guerra fria. trições impostas estimulam novas soluções tecnológicas
• Crescimento de marcas globais nos setores automo- e produtos (força tecnológica), que, se forem viáveis (for-
bilístico, de alimentação, vestuário, produtos eletrô- ça econômica), podem, realmente, mudar as atitudes e
nicos, e assim por diante. Por exemplo, a Colgate- o comportamento das pessoas (força sociocultural).
Palmolive é bem conhecida por lançar marcas glo-
bais que vendem tão bem em Manila (Filipinas) como
em Manchester (Inglaterra). Quando começou a pre- Ambiente demográfico
parar em 1991 o lançamento do creme dental Total,
que prometia combater a placa bacteriana, não teve A primeira força macroambiental que os profissio-
escolha. Testou o Total em seis países, cada um de- nais de marketing monitoram é a população, porque as
les representando um perfil cultural diferente: Fili- pessoas representam os mercados. As empresas estão
pinas, Austrália, Colômbia, Grécia, Portugal e Reino muito interessadas no tamanho e na taxa de crescimen-
Unido. A equipe encarregada do lançamento global to da população em diferentes cidades, regiões e nações;
era uma verdadeira corporação das Nações Unidas distribuição etária e composto étnico; níveis educacio-
formada por estrategistas de produção, logística e nais; padrões de moradia; e características e movimen-
marketing. Seus esforços foram recompensados: em tos regionais.
1994, o Total tornou-se uma marca mundial com
5. WEISZ, Pam. Border crossing: brands unify image to counter cult of culture. Brandweek, p. 24-28, 31 Oct. 1994.
6. Muitos dos dados estatísticos deste capítulo foram extraídos do World Almanac and Book ofFacts, 1994 e do Statistical Abstract of the United
States, 1994 (Washington, DC : U.S. Bureau of the Census, 1995).
7. MEADOWS, Donella H., MEADOWS, Dennis L, RANDERS, Jorgen, BEHRENS III, William W. The limits to growth. New York : New American
Library, 1972. p. 41.
8. KOTLER, Philip, ROBERTO, Eduardo. Social marketing: strategies for changing public attitudes. New York : Free Press, 1989.
9. GOLL, Sally D. Marketing: China's (only) children get the royal treatment. The Wall Street Journal, 8 Feb. 1995, B1, p. 3.
10. ZINN, Laura. Teens: here comes the biggest wave yet. Business Week, p. 76-86, 11 Apr. 1994.
11. Para descrições de hábitos de compra e abordagens de marketing para os afro-americanos e hispânicos, veja SWENSON, Chester A. Selling
to a segmented market: the lifestyle approach. Lincolnwood : NTC Business Book, 1992.
12. LYNN, Jacquelyn. Tapping the riches of bilingual markets. Management Review, p. 56-61, Mar. 1995.
13. FREEMAN, Laurie. Completing the span of "bridge" to boomers. Advertising Age, p. S-8, 7 Nov. 1994.
14. WYATT, John. Solar power comes back: no, really. Fortune, p. 20, 20 Feb. 1995.
15. SIMON, Francoise L. Marketing green products in the triad. The Columbia Journal of World Business, p. 268-285, Fali & Winter 1992;
OTTMAN, Jacquelyn A. Green marketing: responding to environmental consumer demands. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1993;
CARSON, Patrick, MOULDEN, Julia. Green is gold: business talking to business about the environmental revolution. Toronto : HarperBusiness,
1991; e WOOLARD, JR., Edward. Environmental stewardship. Chemical and Engineering News, 29 May 1989.
ACELERAÇÃO DO PASSO NA MUDANÇA TECNOLÓGICA. Mui- VARIAÇÃO DOS ORÇAMENTOS DE PESQUISA E DESENVOLVI-
tos dos produtos comuns de hoje não estavam disponí- MENTO. Os Estados Unidos lidera o mundo em termos
veis há 30 anos. John F. Kennedy não conheceu o de gastos em pesquisa e desenvolvimento ($ 74 bilhões),
microcomputador, relógios digitais de pulso, gravado- mas aproximadamente 60% desses recursos são ainda
res de vídeo ou aparelhos de fax. Maior número de destinados a defesa. É necessário transferir a maior par-
16. Veja WHITE House to name 22 technologies it says are crucial to prosperity, security. The Wall Street Journal, p. 2, 26 Apr. 1991.
te desse dinheiro para pesquisas em ciência dos mate- bém aumentou nas áreas de alimentos, automóveis, ves-
riais, biotecnologia e micromecânica. Atualmente, o Ja- tuário, eletrodomésticos e construção. As empresas de-
pão está aumentado seus gastos em pesquisa e desen- vem estar conscientes dessa legislação quando propuse-
volvimento muito mais rapidamente do que os Estados rem, desenvolverem e lançarem novos produtos.
Unidos. Seus gastos estão em torno de $ 30 bilhões anu-
ais, a maior parte destinada a atividades não relaciona-
das com defesa, como física, biofísica e ciência da com- Ambiente político e legal
putação.17
Parte crescente dos gastos norte-americanos em As decisões de marketing são fortemente afetadas
pesquisa e desenvolvimento está sendo destinada a tra- por desenvolvimentos do ambiente político e legal. Este
balhos científicos que levantam a questão se o país pode ambiente é composto de leis, órgãos governamentais e
manter sua liderança em ciência básica. Muitas empre- grupos de pressão que influenciam e limitam várias or-
sas estão buscando pequenas melhorias nos produtos em ganizações e indivíduos em sociedade. Às vezes, essas
vez de arriscarem recursos em grandes inovações. Mes- leis também criam oportunidades para as empresas. Por
mo empresas de pesquisa básica como a Du Pont, Bell exemplo, as leis que obrigam o reaproveitamento de
Laboratories e Pfizer estão agindo com muita cautela. materiais deu grande impulso na indústria de reciclagem.
Muitas delas estão satisfeitas em colocar dinheiro no Uma discussão sobre as principais tendências políticas e
processo de copiar produtos concorrentes e em fazer suas implicações para a administração de marketing é
pequenas melhorias em características e estilos. Grande apresentada a seguir.
parte desse trabalho é defensivo em vez de ofensivo. Cada
vez mais a pesquisa dirigida às principais mudanças e
descobertas está sendo conduzida por consórcios de QUANTIDADE SUBSTANCIAL DE LEGISLAÇÃO QUE AFETA AS
empresas, em vez de empresas isoladas. EMPRESAS. A legislação comercial tem três propósitos:
proteger as empresas da concorrência desleal, proteger
os consumidores de práticas comerciais injustas e prote-
CRESCIMENTO DA LEGISLAÇÃO SOBRE AS MUDANÇAS ger os interesses da sociedade contra o comportamento
TECNOLÓGICAS. A medida que os produtos tornam-se desenfreado das empresas. Um importante propósito des-
mais complexos, é necessário assegurar a segurança do sa legislação e/ou obrigação é cobrar das empresas os
público. Conseqüentemente, os órgãos governamentais custos sociais gerados por seus produtos ou processos
têm expandido seus poderes para investigar e proibir os de produção.
produtos potencialmente inseguros. Nos Estados Unidos, A legislação que afeta as empresas vem aumentan-
o Federal Food and Drug Administration deve aprovar do sensivelmente no decorrer dos anos. A European
todos os medicamentos antes de os mesmos serem colo- Comission tem sido ativa na criação de um novo conjun-
cados à venda. A legislação sobre segurança e saúde tam- to de leis, envolvendo o comportamento competitivo,
17. Veja P&D scoreboard: on a clear day you can see progress. Business Week, p. 104-125, 29 June 1992.
padrões e confiabilidade de produtos e as transações Estados Unidos possui muitas leis que envolvem assun-
comerciais para os 15 países-membros da União Euro- tos como competição, segurança e confiabilidade de pro-
péia. Com o fim da União Soviética, as ex-nações sovié- dutos, normas comerciais e práticas de crédito, embala-
ticas estão, rapidamente, aprovando leis para promover gem e rotulagem e assim por diante (Tabela 5.1).18 Vá-
e regulamentar uma economia de mercado aberto. Os rios países têm ido mais além do que os Estados Unidos
18. Para uma explanação da terminologia legal e informações atuais sobre a legislação norte-americana que afeta empresas e consumidores,
veja COHEN, Dorothy. Legal issues on marketing decision making. Cincinatti : South-Western, 1995. Para uma discussão sobre a interação
entre preocupações antitruste e concorrência de mercado, veja HEIL, Oliver E, LANGVARDT, Arlen W. The interface between competitive
market signaling and antitrust law. Journal of Marketing 58, n. 3, p. 81-96, 1994.
19. HENRICKS, Mark. Ethics in action. Management Review, p. 53-55, Jan. 1995.
Sherman Antitrust Act (1890) Proíbe (a) "monopólios ou tentativas de monopolização" e (b) "contratos, acordos ou
conspirações para restringir o comércio", no comércio interestadual e internacional.
Federal Food and Drug Act (1906) Proíbe a fabricação, venda ou transporte de alimentos e medicamentos adulterados
ou rotulados fraudulentamente no comércio interestadual. Revogada pela Food, Drugs
and Cosmetics Act (1938); emendada pela Food Additives Amendment (1958) e pelo
Kefauver-Harris Amendment (1962). As emendas de 1962 tratam de pré-teste de
medicamentos em termos de segurança e eficácia e sua rotulagem com os nomes
genéricos dos medicamentos.
Mead Inspection Act (1906) Reforça a aplicação das legislações sanitárias em estabelecimentos que empacotam
carnes e a inspeção federal de todas as empresas que vendem carnes no comércio
interestadual.
Federal Trade Conmission Estabelece uma comissão, um grupo de especialistas com amplos poderes para inves-
Act (1914) tigar, mandar cessar e cancelar pedidos para dar força à Seção 5, que declara que
"métodos injustos de concorrência no comércio são ilegais".
Clayton Act (1914) Complementa o Sherman Act, ao proibir certas práticas específicas (determinados
tipos de discriminação de preços, cláusulas de exclusividade, controle acionário entre
empresas e diretorias comuns), "em que o efeito ... talvez, prejudique substancial-
mente os concorrentes ou favoreça a criação de monopólio em qualquer linha de
comércio". Possibilita que os funcionários da empresa, transgressores, possam ser
responsabilizados individualmente; dispensa as organizações trabalhistas e agrícolas
dessas exigências.
Robinson-Patman Act (1936) Emenda o Clayton Act. Acrescenta a frase "prejudicar, destruir ou evitar a concorrên-
cia". Define a discriminação de preços como ilegal (sujeita a certas defesas) e dá à
Federal Trade Comission direito de estabelecer limites de descontos por quantidade,
de proibir a cobrança de corretagem, exceto quando se tratar de corretores
credenciados, e de proibir vantagens promocionais, ou o fornecimento de serviços ou
vantagens, exceto quando forem convenientes a todos, "em condições proporcional-
mente iguais".
Miller-Tyding Act (1937) Emenda o Sherman Act, isentando os acordos comerciais justos (de fixação de pre-
ços) de qualquer ação antitruste. (0 McGuire Act (1952) reafirma a legalidade de
cláusula não assinada.
Wheeler-Lea Act (1938) Proíbe atos e práticas injustas e enganosas, independentemente de prejudicar a con-
corrência; coloca a propaganda de alimentos e medicamentos sob jurisdição da Fede-
ral Trade Comission.
Antimerger Act (1950) Emenda a Seção 7 do Clayton Act, ao ampliar o poder de impedir aquisições
intercorporações, quando a aquisição pode ter efeito substancialmente adverso na
concorrência.
e ambições mais conservadores. Estão vivendo tem- "substitutos sociais", coisas que permitem a pessoas
pos mais difíceis e não podem confiar na segurança solitárias não se sentirem isoladas, como televisão,
do emprego e no crescimento da renda real. São mais video games domésticos e microcomputadores.
cautelosos em seus padrões de gastos e mais "orien- • Relação das pessoas com as organizações. As pessoas
tadas para o valor" de suas compras. variam em suas atitudes em relação às empresas,
• Relação das pessoas com os outros. Alguns observa- órgãos governamentais, sindicatos e outras organi-
dores têm apontado um contramovimento da "so- zações. Muitas delas estão dispostas a trabalhar para
ciedade voltada para o eu" para a "sociedade volta- essas organizações, embora possam ser críticas de
da para o nós". As pessoas estão preocupadas com algumas em particular. Mas tem havido declínio ge-
os sem-teto, com os crimes e as vítimas e outros pro- ral de lealdade em relação a elas. A onda massiva de
blemas sociais. Gostariam de viver em uma socieda- downsizing de empresas e de adiamento de projetos
de mais humana. Ao mesmo tempo, estão procuran- tem criado mais cinismo e desconfiança em relação
do viver com seus próprios grupos e evitando es- às empresas. Muitas pessoas vêem o trabalho não
trangeiros. Anseiam por relacionamentos sérios e como uma fonte de satisfação, mas como uma obri-
duradouros. Isto prognostica um mercado crescen- gação para proporcionar os meios de desfrutar suas
te para produtos e serviços de apoio social que pro- horas de lazer.
movam relações diretas entre seres humanos, como Diversas implicações de marketing decorrem dessa
grupos de terceira idade, viagens e atividades reli- perspectiva. As empresas precisam encontrar novas
giosas. Sugere também um mercado promissor para maneiras de reconquistar os consumidores e recu-
perar a confiança dos funcionários. Elas precisam se e vivem bem como forma de realização. Os
rever suas várias atividades para assegurar-se de que reformadores, geralmente, vivem mais à base de fru-
estão contribuindo para a cidadania. Precisam revi- tas, guiam carros menores, usam roupas simples, e
sar suas comunicações de propaganda para tornar assim por diante. Os escapistas e descobridores são
as mensagens mais honestas. Um maior número de grande mercado para filmes, música, surfing e cam-
empresas está realizando auditorias sociais e rela- pismo.
ções públicas para melhorar seu desempenho de • Relações das pessoas com a natureza. As pessoas va-
imagem junto a seus públicos (veja o Capítulo 21). riam em suas atitudes em relação à natureza. Algu-
• Relações das pessoas com a sociedade. As pessoas va- mas sentem-se subjugadas por ela, outras sentem-
riam em suas atitudes para com a sociedade. Exis- se em harmonia e ainda outras procuram controlá-
tem aquelas que a defendem (conservadores), a con- la. A tendência a longo prazo tem sido o crescente
duzem (dirigentes), tiram dela o que podem domínio das pessoas sobre a natureza pelo uso da
(aproveitadores), desejam mudá-la (reformadores), tecnologia e pela crença generalizada de que ela é
estão procurando algo mais profundo (descobrido- generosa. Entretanto, mais recentemente, as pes-
res) e que a estão abandonando (escapistas).20 soas têm despertado para a fragilidade e as ofertas
Freqüentemente, seus padrões de consumo refletem finitas da natureza. Reconhecem que ela pode ser
suas atitudes sociais. Os dirigentes comem, vestem- danificada e destruída pelas atividades humanas.
21. LORO, Laura. Doing what comes naturally. Advertising Age, p. 22, 8 Aug. 1994.
22. ZINN. Teens: here comes the biggest wave yet.
RESUMO
1. As empresas bem-sucedidas percebem que o ambi- lação; e movimento para micromarketing em subs-
ente de marketing apresenta uma série infindável tituição a marketing de massa. Na arena econômica,
de oportunidades e ameaças. A principal responsa- precisam analisar a distribuição de renda e os níveis
bilidade na identificação das mudanças importan- de poupança, gastos e a disponibilidade de crédito.
tes no macroambiente recai sobre os profissionais No ambiente natural, precisam estar conscientes da
de marketing da empresa. Mais do que qualquer escassez de matérias-primas, aumento do custo de
outro grupo de profissionais da empresa, os admi- energia e dos níveis de poluição e do papel dos go-
nistradores de marketing devem ser os rastreadores vernos na proteção ambiental. Na arena tecnológica,
de tendências e identificadores de oportunidades. devem considerar a aceleração do passo da mudan-
2. Muitas oportunidades são encontradas ao se identi- ça tecnológica, oportunidades de inovação, mudan-
ficarem tendências (direções ou seqüências de even- ças nos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento
tos que ocorrem em algum momento e apresentam e crescimento da legislação governamental sobre a
alguma duração) e megatendências (grandes mudan- mudança tecnológica. No ambiente político/legal, os
ças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas de profissionais de marketing devem agir conforme as
formação lenta e influência duradoura). leis que regulam as práticas comerciais e junto a
3. Dentro do quadro global rapidamente mutante, os vários grupos especiais de interesse. Finalmente, na
profissionais de marketing devem monitorar seis arena sociocultural, devem entender à visão das pes-
importantes forças ambientais: demográfica, econô- soas sobre si mesmas, os outros, as organizações, a
mica, natural, tecnológica, política e legal e sociedade, a natureza e o universo; os produtos ven-
sociocultural. No ambiente demográfico, devem es- didos que correspondem aos valores principais e
tar conscientes do crescimento de população mun- secundários da sociedade e devem atender às ne-
dial; mudança na composição etária e ética e nos cessidades de subculturas diferentes dentro da so-
níveis educacionais; surgimento de famílias não tra- ciedade.
dicionais; grandes mudanças geográficas da popu-
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. O sucesso da Kentucky Fried Chiken na Ásia mostra Tiananmen (China), seu restaurante possui 701 lu-
um caso de empresa globalizada. Embora sua parti- gares e atende anualmente a 2,5 milhões de consu-
cipação de mercado nos Estados Unidos tenha caído midores. Em geral, seus restaurantes na Ásia atra-
em função do interesse da população em reduzir o em jovens de classe média e trabalhadores urbanos
consumo de alimentos fritos, a KFC tornou-se líder com renda em ascensão.
no setor áefastfood na China, Coréia do Sul, Malásia, Os restaurantes asiáticos da KFC servem, basicamen-
Tailândia e Indonésia. No Japão e Cingapura, perde te, seu frango frito padrão, purê de batata e repolho
a liderança apenas para a rede McDonakTs. Seus picado, mas também têm oferecido algumas adap-
mais de 1.470 restaurantes no estrangeiro vendem, tações, como frango mais temperado na Tailândia e
em média, $ 1,2 milhão por loja, cerca de 60% mais frango ao molho de curry no Japão. A KFC não ofe-
do que a média nos Estados Unidos. Na Praça rece produtos com carne de boi ou de porco que,
23. COLLINS, Glenn. From Taco Bell, a healthier option. The New York Times, 9 Feb. 1995, D4, p. 3.
Há um velho ditado na Espanha: Para ser um toureiro, você deve primeiro aprender
a ser touro.
ANÔNIMO
Você nunca entende realmente uma pessoa até considerar seus pontos de vista - até
entrar em sua alma e percorrer todos os seus meandros.
ATTICUS FINCH EM TO KILL A MOCKINGBIRD, DE HARPER LEE
O propósito de marketing é atender e satisfazer às lescentes lêem livros sobre orientação do consumidor,
necessidades e desejos dos consumidores. A área do com- comentam com amigos e alugam games antes de comprá-
portamento do consumidor estuda como indivíduos, gru- los. Acima de tudo, desejam tudo muito rápido. A Sega
pos e organizações selecionam, compram, usam e dis- atende-os lançando novos videogames a uma agilidade
põem de bens, serviços, idéias ou experiências para sa- implacável (cerca de 65 novos games por ano), atrain-
tisfazer as suas necessidades e desejos. do-os com anúncios de TV de 15 segundos atraentes e
Nunca foi simples entender o comportamento e movimentados.:
"conhecer os consumidores". Eles podem declarar suas
necessidades e desejos, mas agir de outra maneira. Po-
dem não estar a par de suas motivações mais profundas. Estudo do consumidor, como a Sega o faz, fornece
Podem responder apenas às influências de última hora. pistas para o desenvolvimento de novos produtos, no-
Todavia, os profissionais de marketing devem estudar vas características de produto, preços, canais, mensa-
os desejos, percepções, preferências e comportamento gens e outros elementos do composto de marketing. Este
de compra de seus consumidores-alvos. Vejamos o exem- capítulo explora a dinâmica de compra dos consumido-
plo a seguir: res; o próximo trata da dinâmica de compra dos com-
pradores industriais.
1. SELLERS, Patrícia. They understand your kids. Fortune, p. 29, Autumn-Winter 1993.
2. Veja SCHIFFMAN, Leon G., KANUK, Leslie Lazar. Consumer-Beharior, 6. ed. Upper Saddle River, NJ : Prentice Hall, 1997.
• Papéis e posições
sociais
• Classe social
bre este tópico, veja a seção Insight de Marketing do-se com indivíduos de outra classe. Segundo, as pes-
intitulada "Marketing para latinos, afro-americanos e soas são percebidas como ocupando posições inferiores
idosos".) O comportamento de compra de Linda Brown ou superiores conforme suas classes sociais. Terceiro, a
será influenciado por suas identificações subculturais. classe social de uma pessoa é indicada por um conjunto
Elas influenciarão suas preferências por alimentos, es- de variáveis, como ocupação, renda, riqueza, educação
colhas de vestuário, recreação e aspirações de carreira e orientação de valor, em vez de por uma única variável.
profissional. Ela pode vir de uma subcultura que atribui Quarto, os indivíduos podem mover-se de uma classe
alto valor em ser uma "pessoa bem preparada" e isto social para outra - para cima e para baixo - durante sua
ajuda a explicar seu interesse por computadores. vida. A extensão dessa mobilidade varia conforme a ri-
gidez da estratificação social de determinada sociedade.
As classes sociais mostram preferências distintas
CLASSE SOCIAL. Virtualmente, todas as sociedades hu-
de marcas e produtos em muitas áreas, incluindo vestu-
manas exibem estratificação social. Às vezes, a
ário, móveis domésticos, atividades de lazer e automó-
estratificação toma a forma de um sistema em que os
veis. Algumas empresas focam seus esforços em uma clas-
membros de diferentes castas são educados para certos
se social. Assim, o restaurante Four Seasons, localizado
papéis, sem nenhuma mobilidade social. Mais fre-
na parte mais sofisticada de Manhattan, está orientado
qüentemente, a estratificação toma a forma de classes
para consumidores das classes mais altas, enquanto o
sociais.
Joe's Diner, localizado em área popular, atende a consu-
midores de classes mais baixas. As classes sociais dife-
CLASSES SOCIAIS são divisões relativamente homo- rem em suas preferências de mídia. Os consumidores
gêneas e duradouras de uma sociedade, que são or- das classes mais altas preferem revistas e livros e os das
denadas hierarquicamente e cujos membros compar- classes mais baixas, televisão. Mesmo dentro de uma
tilham valores, interesses e comportamentos simila- categoria de mídia como TV, os consumidores das clas-
res. ses mais altas preferem noticiários e dramas e os das
classes mais baixas preferem novelas e programas de
As classes sociais não refletem apenas renda, mas auditório e de concursos. Há também diferenças de lin-
também outros indicadores como ocupação, nível edu- guagem entre as classes sociais. O anunciante tem que
cacional e área residencial. Nelas, há diferenças em ter- preparar textos e diálogos que soem como verdadeiros
mos de vestuário, conversação, atividades de lazer e em para a classe social-alvo.
muitas outras características. A Tabela 6.1 descreve as Linda Brown é procedente da classe média. Sua
sete classes sociais identificadas por cientistas sociais. família atribui grande valor à educação, esperando que
As classes sociais têm diversas características. Pri- seus filhos se tornem profissionais. Como resultado, Linda
meiro, as pessoas pertencentes a cada uma delas ten- adquiriu boa formação matemática e verbal e não se in-
dem a um comportamento mais semelhante, comparan- timidou com os computadores, o que poderia ocorrer
com alguém procedente de uma família com menor for- Grupos de Referência. Muitos grupos influenciam
mação cultural. o comportamento de uma pessoa.
Alguns grupos de afinidade são grupos primários, sões para o conformismo que podem afetar suas esco-
como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, lhas de produto e marca. As pessoas são também influ-
com os quais a pessoa interage contínua e informalmen- enciadas por grupos dos quais não são membros. Os gru-
te. As pessoas também pertencem a grupos secundários, pos aos quais uma pessoa gostaria de pertencer são cha-
como religiosos, profissionais e sindicatos, que tendem mados grupos de aspiração. Por exemplo, um adolescen-
a ser mais formais e exigem interação menos contínua. te pode esperar um dia jogar basquetebol no Chicago
As pessoas são bastante influenciadas por seus gru- Bulls. Um grupo de dissociação é aquele cujos valores ou
pos de referência pelo menos de três maneiras. Esses comportamento são rejeitados por um indivíduo. O mes-
grupos de referência expõem o indivíduo a novos com- mo adolescente pode desejar evitar qualquer relaciona-
portamentos e estilos de vida. Eles também influenciam mento com a seita Hare Krishna.
as atitudes e o autoconceito das pessoas e criam pres-
Fontes: COLEMAN, Richard E The continuing significance of social class to marketing. Journal ofConsumer Research, p. 265-280, Dec. 1983; e
COLEMAN, Richard E, RAINWATER, Lee P. Social standing in America: new dimension of class. New York : Basic Books, 1978.
As empresas tentam identificar os grupos de refe- Os fabricantes de produtos e marcas em que a in-
rência de seus consumidores-alvos. Entretanto, o nível fluência do grupo é forte devem determinar como atin-
de influência dos grupos de referência varia entre pro- gir e influenciar os líderes de opinião desse grupo de re-
dutos e marcas. Parece que essa influência é forte na ferência. Líder de opinião é a pessoa envolvida na trans-
escolha de produto e marca apenas para automóveis e missão de informações relacionadas a determinado pro-
televisões em cores, na escolha de marca para itens como duto. Ele dá orientações sobre um produto ou categoria
móveis e vestuário e na escolha de produto para itens de produto, por exemplo, qual entre várias marcas é a
como cerveja e cigarro. melhor ou como um produto específico pode ser usado.3
4. DUFF, Christina. Bobby short wore khakis - who's he, and who cares? The Wall Street Journal, 16 Feb. 1995. p. Al:4.
5. Veja SPIRO, Rosann L. Persuasionin family decision making. Journal of Consumer Research, p. 393-402, Mar. 1983; WORTZEL, Lawrence H.
Marital roles and typologies as predictors of purchase decision making for everyday household products: suggestions for research. In:
OLSON, Jerry C. (Org.). Advances in consumer research. Provo, UT : Association for Consumer Research, 1980. v. 7, p. 212-215; BURNS,
David J. Husband-wife innovative consumer decision making: exploring the effect of family power. Psychology and Marketing, p. 175-189,
May/June 1992; BOUTILIER, Robert. Pulling the famih/s strings. American Demographics, p. 44-48, Aug. 1993. Para comparações interculturais
dos papéis de compra marido-esposa, veja FORD, John B., LaTOUR, Michael S., HENTHORNE, Tony L. Perception of marital roles in
purchase-decision processes: a cross-cultural study. Journal of the Academy of Marketing Science, p. 120-131, Spring 1995.
6. MOSCHIS, George. The role of family communication in consumer socialization of children and adolescents. Journal of Consumer Research,
p. 898-913, Mar. 1985.
7. LAVIN, Marilyn. Husband-dominant, wife-dominant, joint: a shopping typology for baby boom couples? Journal of Consumer Marketing, 10,
n. 3, p. 33-42, 1993.
8. ZBAR, Jeffery. Hardware builds awareness among women. Advertising Age, p. 18, 11 July 1994.
9. BOYD, Malia. Look who's buying. Incentive, p. 76-79, Sept. 1994.
10. Veja LEPISTO, Lawrence. A life span perspective of consumer behavior. In: HIRSHMAN, Elizabeth, HOLBROOK, Morris (Orgs.). Advances in
consumer research. Provo, UT : Association for consumer Research, 1985. v. 12, p. 47. Veja também SHEEHY, Gail. New passages: mapping
your life across time. New York : Random House, 1995.
1. Solteiro: jovem que não vive com a família Poucos compromissos financeiros. Líderes de opinião
sobre moda. São orientados para a recreação. Compram
equipamentos básicos de cozinha, móveis simples,
carros, enxovais para casamento, férias.
2. Recém-casados: jovens, sem filhos. Melhor situação financeira do que em futuro próximo.
Taxa de compra mais elevada e média de compra
superior para bens duráveis. Compram: carros, refrige-
radores, fornos, mobiliário fino e durável, férias.
3. Ninho cheio I: filhos com menos de seis Despesas domésticas no "pico". Patrimônio líquido
anos de idade baixo. Insatisfeitos com a situação financeira e a baixa
capacidade de poupança. Interessados em novos produ-
tos. Gostam dos produtos anunciados, Compram lava-
doras, secadoras, TV, alimentos para bebês, medicamen-
tos contra tosse e doenças respiratórias, vitaminas,
bonecas, peruas e caminhonetes, trenós e skates.
4. Ninho cheio II: casais com filhos acima de Melhor situação financeira. Algumas esposas trabalham
seis anos de idade fora. São menos influenciados pela propaganda. Com-
pram em lotes maiores, apreciam ofertas no atacado.
Compram: alimentos variados, material de limpeza e
higiene, bicicletas, aulas de música, pianos.
5. Ninho cheio III: casais maduros com Situação financeira ainda melhor. Maior número de
filhos ainda dependentes esposas trabalham fora. Alguns filhos conseguem
empregos. Difíceis de ser influenciados por propaganda.
Média alta de compra de bens duráveis. Compram:
novidades, móveis requintados, viagens de automóvel,
eletrodomésticos desnecessários, barcos, serviços
odontológicos, revistas.
6. Ninho vazio I: casais maduros com filhos Aquisição de residências no "pico". Mais satisfeitos com
vivendo fora de casa, chefe da família a situação financeira e capacidade de poupança. Interes-
trabalhando. sados em viagens, recreação, auto-recreação. Presentei-
am e fazem contribuições e donativos. Não estão
interessados em novos produtos. Compram: férias,
artigos de luxo e melhoramentos para a residência.
7. Ninho vazio II: casais maduros com filhos Redução drástica da renda pessoal. Passam mais tempo
vivendo fora de casa, chefe da família em casa. Compram: aparelhos médicos, produtos que
aposentado. facilitam a saúde, sono e digestão.
Renda pessoal ainda razoável. Provavelmente, venda a
8. Sobrevivente solitário que trabalha. casa.
Necessita de cuidados médicos e produtos relacionados
9. Sobrevivente solitário, aposentado. com o outro grupo de aposentados. Redução drástica da
renda pessoal. Necessidade especial por atenção, afeição
e segurança.
Fonte: WELLS, William D., GUBAR, George. Life-cycle concepts in marketing research. Journal of Marketing Research, p. 355-363 (aqui, p.
362), Nov. 1996. Veja também MURPHY, Patrick, STAPLES, William A. A modernized family life cycle. Journal of Consumer Research,
p. 12-22, June 1979; e DERICK, Frederick W, LINFIELD, Alane E. The family life cycle: an alternative approach. Journal of Consumer
Research, p. 214-217, Sept. 1980.
OCUPAÇÃO. A ocupação de uma pessoa também influ- títulos de clube e um grande veleiro. As empresas ten-
encia seu padrão de consumo. Um operário comprará tam identificar os grupos ocupacionais que têm interes-
roupas, calçados de trabalho e marmitas. Um presidente se acima da média por seus produtos e serviços. Uma
de empresa comprará ternos caros, passagens aéreas, empresa pode até especializar-se na fabricação de pro-
• Religiosos: São pessoas conservadoras, conven- crescente diversidade de produtos, distribuição e mídia.
cionais e tradicionais. Favorecem produtos familia- Conseqüentemente, o SRI desenvolveu e publicou o VALS
res e marcas estabelecidas. 2 em 1989 para segmentar os norte-americanos em gru-
• Lutadores: Pessoas hesitantes, inseguras, que bus- pos que exibem comportamentos de consumo distintos.
cam aprovação, de recursos limitados. Favorecem O VALS 2 combina a teoria geral da personalidade com
produtos de estilo que imitam os compradores com a pesquisa sobre difusão de produto. O sistema identifi-
maior riqueza material. ca os tipos VALS 2 das pessoas ao classificar as respostas
• Fazedores: São pessoas práticas, auto-suficientes, obtidas de um questionário, que pergunta aos entrevis-
tradicionais e orientadas para a família. Favorecem tados para concordar ou discordar das afirmativas: "Gos-
apenas produtos com propósito prático ou funcio- to que minha vida continue a mesma com o passar das
nal como ferramentas, veículos utilitários, equipa- semanas", "Freqüentemente, desejo emoções fortes" e
mento de pesca. "Gostaria de fazer algo que não fosse comprar", em con-
• Esforçados: Pessoas mais velhas, resignadas, pas- traste aos itens da pesquisa VALS inicial, que solicitava
sivas, preocupadas e de recursos limitados. São con- às pessoas, por exemplo, quais suas atitudes em relação
sumidores cautelosos e leais às marcas favoritas. ao aborto ou à legalização da maconha.
Arnold Mitchell, criador do sistema VALS, baseou-se
fortemente na pesquisa de teóricos da personalidade que
trabalhavam na área de psicologia do desenvolvimento.
A meta de Mitchell era explicar melhor a dinâmica da
mudança da sociedade e postulou que os valores, o de-
senvolvimento e as mudanças no decorrer da vida são
determinantes cruciais da mudança social. Apesar do
amplo foco na sociedade, o VALS foi amplamente usado
na comunidade de marketing como uma forma de me-
Fontes: MITCHELL, Arnold. The nine american lifestyles. New York:
lhor entendimento e de aceitação de um produto e para Warner Books, p. viii-x, 25-31; PERSONAL communication from the
se desenvolver propaganda-alvo. Entretanto, sua utili- VALS™ Program, Business Intelligence Center; SRI Consulting, Menlo
dade em marketing diminuiu no final dos anos 80 com a Park, 1 Feb. 1996.
11. ELLIOTT, Stuart. Sampling tastes of a changing Rússia. The New York Times, 1 Apr. 1992. D:l, 19.
12. Veja KASSARJIAN, Harold H., SHEFFET, Mary Jane. Personality and consumer behavior: an update. In: KASSARJIAN, Harold H., ROBERTSON,
Thomas S. (Orgs.). Perspectives in consumer behavior. Glenview, IL : Scott, Foresman, 1981. p. 160-180.
13. Veja SIRGY, M. Joseph. Self-concept in consumer behavior: a criticai review. Journal of Consumer Research, p. 287-300, Dec. 1982.
14. Uma técnica chamada escada de graduação pode ser usada para traçar as motivações de uma pessoa desde os motivos declarados até aqueles
mais profundos. Assim, o profissional de marketing pode decidir em que nível desenvolver a mensagem e o apelo de propaganda. Veja
REYNOLDS, Thomas J., GUTMAN, Jonathan. Laddering theory, method analysis, and interpretation. Journal of Advertising Research, p. 11-
34, Feb./Mar. 1988.
15. Veja CALLEBAUT, Jan et ai. The naked consumer: the secret of motivational research in global marketing. Antuérpia, Bélgica : Censydiam
Institute, 1994.
16. MASLOW, Abraham. Motivation and personality. New York : Harper & Row, 1954. p. 80-106.
17. HERZBERG, Frederick. Work and the nature ofman. Cleveland : William Collins, 1966; e THIERRY, Henk, KOOPMAN-IWERNA, Agnes M.
Motivation and satisfaction. In: DRENTH, E J. (Org.). Handbook ofwork and organizational psychology. New York: John Wiley, 1984. p. 141-
142.
18. BERELSON, Bernard, STEINER, Gary A. Human behavior: an inventory of scientific findings. New York : Harcourt Brace Jovanovich, 1964.
p. 88.
19. FELDMAN, Diane. Building a better bird. Management Review, p. 10-14, May 1989.
20 Veja TYBOUT, Alice, CALDER, Bobby J., STERNTHAL, Brian. Using information processing theory to design marketing strategies. Journal of
Marketing Research, p. 73-79, Feb. 1981.
21. JOHANSSON, Johnny K. Determinants and effects of the use of "made in" labels. International Marketing Review (UK), 6, n. 1, p. 47-58,
1989; BILKEY, Warren J., NES, Erik. Country-of-origin effects on product evaluations. Journal of International Business Studies, p. 89-99,
Spring-Summer 1982; e CATTIN, R J. et. ai. A cross-cultural study of "made-in" concepts. Journal of International Business Studies, p. 131-
149, Winter 1982.
22. Veja KRECH, David, CRUTCHFIELD, Richard, BALLACHEY, Egerton L. Individual and society. New York : McGraw-Hill, 1962. Cap. 2.
23. CURTIS, Cathy. Grocery marketing - growers see ads as precious commodity. Advertising Age, p. S20-S22, 12 Oct. 1987; SCHNEIDMAN,
Diane. Perception-altering ads for generic foods are spread on the grapevine. Marketing News, p. 15, 19, 5 June 1987.
24. LEVIN, Joshua. Cluck, cluck, oink. Forbes, p. 126, 128, 16 Apr. 1990.
ALTO BAIXO
ENVOLVIMENTO ENVOLVIMENTO
Diferenças Comportamento de Comportamento de
significativas compra complexa compra que busca
entre as marcas variedade
25. Veja ASSAEL, Henry. Consumer behavior and marketing action. Boston : Kent, 1987. Cap. 4.
26. KRUGMAN, Herbert E. The impact of television advertising: learning without involvement. Public Opinion Quarterly, p. 349-356, Fali 1965.
27. Os pesquisadores de marketing desenvolveram vários modelos do processo de compra do consumidor. Veja HOWARD, John A., SHETH,
Jagdish N. The theory of buyer behavior. New York : John Wiley, 1969; e ENGEL, James E, BLACKWELL, Roger D., MINIARD, Paul W.
Consumer behavior, 8. ed. Fort Worth, TX : Dryden, 1994.
O modelo da Figura 6.4 considera que os consumi- guir entre dois níveis. O estágio de busca moderada é
dores passam, seqüencialmente, por todos os cinco está- denominado atenção elevada. Neste nível, Linda Brown,
gios para comprar um produto. Mas este não é o caso, simplesmente, torna-se mais receptiva às informações
principalmente para as compras de baixo envolvimento. sobre computadores. Presta atenção aos anúncios, aos
Os consumidores podem passar por cima ou inverter al- computadores comprados pelos amigos e conversa com
guns estágios. Assim, uma mulher que compra sua mar- eles sobre o assunto.
ca regular de creme dental vai diretamente da necessi- No nível seguinte, Linda pode partir para uma bus-
dade de escovar os dentes à decisão de compra, passan- ca ativa de informações. Procura material de leitura, te-
do por cima dos estágios de busca de informações e ava- lefona para amigos e engaja-se em outras atividades para
liação. Entretanto, usaremos o modelo dessa Figura por- aprender mais sobre computadores. O número de bus-
que ela mostra a ampla faixa de considerações que sur- cas que realiza dependerá da força de seu impulso, do
gem quando um consumidor enfrenta uma nova com- volume de informações que já tenha, da facilidade de
pra altamente envolvente. Mais uma vez, vamos voltar obter informações adicionais, do valor atribuído a essas
ao caso de Linda Brown para tentar entender como ela informações e da satisfação obtida pelas buscas.
ficou interessada em comprar um laptop e os estágios É de grande interesse do profissional de marketing
que ela passou para fazer sua escolha final.28 conhecer as principais fontes de informações que o con-
sumidor recorrerá e a influência relativa que cada uma
delas terá sobre a decisão de compra subseqüente. As
RECONHECIMENTO DO PROBLEMA. O processo de compra fontes de informações do consumidor são classificadas
inicia-se quando o comprador reconhece um problema em quatro grupos:
ou necessidade. Ele percebe a diferença entre sua situa-
ção real e uma situação desejada. A necessidade pode • Fontes pessoais: família, amigos, vizinhos, conheci-
ser impulsionada por estímulos internos ou externos. No dos.
primeiro caso, uma das necessidades normais de uma • Fontes comerciais: propaganda, vendedores, reven-
pessoa - fome, sede, sexo - surge em um nível de cons- dedores, embalagem, displays.
ciência e torna-se um impulso. No segundo caso, uma • Fontes públicas: mídia de massa, organizações de con-
necessidade é despertada por um estímulo externo. Al- sumidores.
guém passa por uma padaria e vê pães frescos que esti- • Fontes experimentais: manuseio, exame, uso do pro-
mulam sua fome; admira o carro novo de um vizinho; duto.
ou assiste a um comercial de televisão anunciando féri-
as havaianas. O volume relativo e a influência destas fontes de
Os profissionais de marketing precisam identificar informações variam conforme a categoria de produto e
as circunstâncias que ativam uma necessidade específi- as características do comprador. De modo geral, o con-
ca. A necessidade de Linda Brown pode ser ativada pelo sumidor recebe a maioria das informações sobre um pro-
fato de que suas condições de trabalho já haviam chega- duto de fontes comerciais - isto é, fontes dominadas pelo
do ao máximo ou que ela ficou impressionada com o fabricante. Por outro lado, as informações mais eficazes
laptop de um colega de trabalho. Ao reunir informações procedem de fontes pessoais. Cada fonte de informa-
de alguns consumidores, os profissionais de marketing ções desempenha uma função diferente para influenciar
podem identificar o estímulo mais freqüente que des- a decisão de compra. Normalmente, as fontes comer-
perta o interesse por uma categoria de produto. Assim, ciais desempenham uma função informativa e as fontes
ele pode desenvolver estratégias de marketing que im- pessoais uma função legitimada e/ou de avaliação. Por
pulsionam o interesse do consumidor. exemplo, os médicos, freqüentemente, tomam conheci-
mento de novos medicamentos através de fontes comer-
ciais, mas procuram colegas para avaliar as informações.
BUSCA DE INFORMAÇÕES. Um consumidor ativo estará Através da coleta de informações, o consumidor
inclinado a buscar mais informações. Podemos distin- fica conhecendo as marcas concorrentes e suas caracte-
28. Veja PUTSIS, JR., William E, SRINIVASAN, Narasimhan. Buing or just browsing? The duration of purchase deliberation. Journal of Marketing
Research, p. 393-402, Aug. 1994.
IBM
Apple
Dell
IBM
Apple
Dell
IBM
Apple
Dell
IBM
Apple
Dell
?
Hewlett-Packard Hewlett-Packard Toshiba
Toshiba Toshiba
Compaq Compaq
NEC
Tandy
rísticas. O primeiro box da Figura 6.5 mostra o conjunto Alguns conceitos básicos nos ajudarão a entender
total de marcas disponíveis para o consumidor. Linda os processos de avaliação do consumidor. Primeiro, ele
Brown virá conhecer apenas um subconjunto dessas está tentando satisfazer a uma necessidade. Segundo, o
marcas (conjunto de percepção). Algumas marcas aten- consumidor está procurando certos benefícios a partir da
derão aos critérios iniciais de compra de Linda (conjun- solução oferecida pelo produto. Vê cada produto como
to de consideração). À medida que Linda reúne mais in- um conjunto de atributos, com capacidades diferentes de
formações, apenas algumas marcas permanecerão para prestar os benefícios anunciados e satisfazendo a esta
escolha (conjunto de escolha). Todas as marcas do con- necessidade. Os atributos de interesse para os computa-
junto de escolha podem ser aceitáveis. Linda faz sua es- dores variam conforme o produto:
colha final deste conjunto de escolha.29
A Figura 6.5 deixa claro que uma empresa deve • Câmaras fotográficas: ajuste, velocidade, tamanho e
definir uma estratégia para colocar sua marca nos con- preço.
juntos de percepção, de consideração e de escolha do • Hotéis: localização, limpeza, atmosfera, preço.
consumidor potencial. Também, deve identificar as ou- • Líquido para higiene bucal: cor, eficácia, capacidade
tras marcas do conjunto de escolha para poder preparar de eliminar germes, preço, gosto/sabor.
seus apelos competitivos. Além disso, a empresa deve • Pneus: segurança, vida útil, qualidade da rodagem,
identificar as fontes de informações do consumidor e preço.
avaliar sua importância relativa. Os consumidores de- Os consumidores diferem sobre que atributos de
vem ser indagados sobre quando ouviram falar da mar- produto percebem como relevantes ou salientes, bem
ca pela primeira vez, que informações receberam depois como sobre o peso que atribuem a cada atributo. Presta-
e a importância relativa de diferentes fontes de informa- rão mais atenção aos atributos que prestam os benefí-
ções. As respostas ajudarão as empresas a preparar co- cios anunciados. Freqüentemente, o mercado para um
municações eficazes para o mercado-alvo. produto pode ser segmentado de acordo com os atribu-
tos mais salientes para diferentes grupos de consumido-
AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS. Como o consumidor pro- res.
cessa as informações sobre as marcas concorrentes e faz O consumidor desenvolve um conjunto de crenças
o julgamento final de valor? A resposta é que não há de marca em que cada marca é posicionada dentro de
nenhum processo de avaliação único usado por todos os um atributo. O conjunto de crenças sobre uma marca
consumidores ou mesmo por um consumidor em todas formam a imagem de marca. A imagem de marca variará
as situações de compra. Há diversos processos de ava- de acordo com as experiências do consumidor, filtradas
liação de decisão. A maioria dos modelos atuais do pro- pelos efeitos da percepção, distorção e retenção seleti-
cesso de avaliação do consumidor é orientada cogni- vas.
tivamente. Isto é, eles vêem o consumidor formando jul- O consumidor toma atitudes (julgamentos, prefe-
gamentos sobre produtos, largamente em base racional rências) em relação às várias marcas através de um pro-
e consciente. cedimento de avaliação de atributos.30 Suponhamos que
29. Veja NARAYANA, Chem L., MARKIN, Rom J. Consumer behavior and product performance: an alternative conceptualization. Journal of
Marketing, p. 1-6, Oct. 1975.
30. Ver GREEN, Paul, WIND, Yoram. Multiattribute decisions in marketing: a measurement approach. Hinsdale IL : Dryden Press, 1973. Cap. 2;
McALISTER, Leigh. Choosing multiple items from a product class. Journal of Consumer Research, p. 213-224, Dec. 1979.
ATRIBUTO
Nota: Cada atributo é avaliado de 0 a 10, onde 10 representa o nível mais alto de cada atributo. Entretanto, o preço foi indexado de maneira
reversa, com 10 representando o preço mais baixo, desde que o consumidor prefira um preço baixo a um alto. Reproduzido de ASSAEL,
Henry. Consumer behavior and marketing action. Kent Publishing, 1987. p. 87.
Linda Brown limitou seu conjunto de escolha a quatro Podemos prever que Linda escolherá o computa-
computadores (A, B, C e D). Assumimos que ela está dor A, que obteve o maior valor percebido.31
interessada em quatro atributos: capacidade de memó- Suponhamos que a maioria dos compradores de
ria, resolução gráfica, tamanho e peso e preço. A Tabela computadores forma sua preferência igual a Linda
6.4 mostra suas crenças sobre como cada marca é ava- Brown. Sabendo disso, um fabricante de computadores
liada nos quatro atributos. Linda avalia a marca A da pode fazer inúmeras coisas para influenciar as decisões
seguinte forma: capacidade de memória, 10 (em uma de compra. Por exemplo, o fabricante do computador C
escala de 10 pontos); resolução gráfica, 8; tamanho e pode adotar as seguintes estratégias para estimular
peso, 6; e preço, 4 (relativamente caro). Similarmente, maior interesse por sua marca:
a tabela mostra a avaliação dos três outros computado-
res nesses atributos. Claramente, se um computador do- • Modificar o computador. A empresa poderia
minou os outros em todos os critérios, podemos prever redesenhar a marca C de modo que ela ofereça mai-
que Linda o escolherá. Mas seu conjunto de escolha con- or capacidade de memória ou outras características
siste de marcas que variam e termos de apelo. Se ela desejadas pelo comprador. Isto é denominado
deseja a maior capacidade de memória, deve comprar o reposicionamento real.
A; se deseja a melhor resolução gráfica, deve comprar o • Alterar as crenças sobre a marca. Ela poderia tentar
B; e assim por diante. alterar as crenças dos compradores sobre onde a
Entretanto, a maioria dos compradores considera marca está situada em termos de atributos-chave.
vários atributos em sua decisão de compra. Se soubésse- Esta tática é especialmente recomendada se os com-
mos o peso que Linda Brown atribui a cada um dos qua- pradores subestimam as qualidades da marca C. Não
tro atributos, poderíamos prever com maior confiança é recomendada se os compradores estão avaliando
qual o computador que seria escolhido. Suponhamos que corretamente esta marca; apelos exagerados leva-
ela atribuiu 40% para a importância da capacidade de riam a uma insatisfação dos mesmos e a comunica-
memória, 30%, para a resolução gráfica, 20%, para o ção boca a boca desfavorável. A tentativa de alterar
tamanho e peso e 10%, para o preço. Para encontrar o as crenças sobre a marca é denominada reposi-
valor percebido de Linda para cada computador, seus cionamento psicológico.
pesos são multiplicados por suas crenças sobre cada um • Alterar as crenças sobre as marcas concorrentes. A em-
dos atributos. Isto leva aos seguintes valores percebi- presa poderia tentar mudar as crenças dos compra-
dos: dores sobre onde as marcas concorrentes estão situ-
adas nos diferentes atributos. Isto faria sentido quan-
Computador A = 0,40(10) + 0,30(8) + 0,20(6) + 0,10(4) = 8,0 do os compradores acreditam erroneamente que uma
Computador B = 0,40(8) + 0,30(9) + 0,20(8) + 0,10(3) = 7,8 marca concorrente possui maior qualidade do que
Computador C = 0,40(6) + 0,30(8) + 0,20(10) + 0,10(5) = 7,3 realmente tem. Isto é denominado reposicionamento
Computador D = 0,40(4) + 0,30(3) + 0,20(7) + 0,10(8) = 4,7 competitivo.
31. Este modelo de expectativa de valor foi desenvolvido por FISHBEIN, Martin. Attitudes and prediction of behavior. In: FISHBEIN, Martin
(Org.). Readings in attitude theory and measurement. New York : John Wiley, 1967. p. 477-492. Para uma análise crítica, veja MINIARD,
Paul W., COHEN, Joel B. An examination of the Fishbein-Ajzen behavioral-intentions model's concepts and measures. Journal of Experi-
mental Social Psychology. p. 309-339, May 1981.
Outros modelos de avaliação do consumidor são os seguintes: modelo de marca ideal, que assume que o consumidor compara as marcas
reais a sua marca ideal e escolhe aquela que mais se aproxima dela; modelo conjuntivo, no qual o consumidor fixa níveis mínimos aceitáveis
para todos os atributos e considera apenas as marcas que atendem a todas essas exigências mínimas; e o modelo disjuntivo, em que o
consumidor estabelece níveis mínimos aceitáveis em apenas alguns atributos e elimina aquelas marcas que mais se distanciam desses
níveis. Para uma discussão sobre estes e outros modelos, veja GREEN e WIND. Multiattribute decisions in marketing.
32. Veja BOYD JR., Harper W, RAY, Michael L., STRONG, Edward C. An attitudinal framework for advertising strategy. Journal of Marketing, p.
27-33, Apr. 1972.
33. FRIESTAD, Marian, WRIGHT, Peter. The persuasion knowledge model: how people cope with persuasion attempts. Journal of Consumer
Research, p. 1-31, June 1994.
34. Veja SHETH, Jagdish N. An investigation of relationships among evaluative beliefs, affect, behavioral intention, and behavior. In: FARLEY,
John U., HOWARD, John A., RING, L. Winston (Orgs.). Consumer behavior: theory and application. Boston : Allyn & Bacon, 1974. p. 89-114.
35. Veja FISHBEIN. Attitudes and prediction.
36. Veja BAUER, Raymond A. Consumer behavior as risk taking. In: COX, Donald F. (Org.). Risk taking and information handling in consumer
behavior. Boston : Division of Research, Harvard Business School. 1967; e TAYLOR, James W The role of fisk in consumer behavior. Journal
of Marketing, p. 54-60, Apr. 1974.
Satisfação pós-compra. Após comprar um produ- A importância da satisfação pós-compra sugere que
to, o consumidor pode detectar um defeito. Alguns com- os vendedores devem fabricar produtos que represen-
pradores não desejam o produto defeituoso, outros se- tem, verdadeiramente, seu provável desempenho. Alguns
rão indiferentes com o defeito e ainda outros podem ver vendedores podem ainda subestimar os níveis de desem-
o defeito como algo que aumenta o valor do produto.37 penho para que os consumidores sintam maior satisfa-
Por exemplo, para um colecionador, uma página inverti- ção em relação ao produto do que a esperada. Por exem-
da na primeira edição do livro de um autor famoso pode plo, um fabricante pode criar maior satisfação ao pro-
valer muitas vezes seu preço de compra. Alguns defeitos meter a entrega para as 16 horas e fazê-la às 14 horas
podem ser prejudiciais aos consumidores. As empresas do que prometer para as 11 horas e não ter entregue até
que fabricam automóveis, brinquedos e produtos farma- as 12 horas.
cêuticos devem recolher rapidamente qualquer produto
que tenha a mínima chance de ferir os usuários. Ações pós-compra. A satisfação ou insatisfação do
O que determina se o comprador ficará altamente consumidor em relação a um produto influenciará seu
satisfeito, moderadamente satisfeito ou insatisfeito com comportamento subseqüente. Se o consumidor ficar sa-
uma compra? A satisfação do comprador é uma função tisfeito, exibirá maior probabilidade de comprar o pro-
diretamente relacionada entre suas expectativas e o de- duto novamente. Por exemplo, dados sobre a escolha de
sempenho percebido do produto.38 Se o desempenho de marca de automóvel mostram alta correlação entre es-
um produto não atende às expectativas do consumidor, tar plenamente satisfeito com a última marca comprada
ele fica desapontado; se atende às expectativas, o con- e a intenção de recomprá-la. Uma pesquisa mostrou que
sumidor fica satisfeito; se excede, ele fica encantado. 75% dos compradores da marca Toyota estavam plena-
Esses sentimentos fazem uma diferença se o comprador mente satisfeitos e 75% pretendiam comprá-la novamen-
adquire o produto novamente e faz comentários favorá- te; 35% dos compradores de Chevrolet estavam plena-
veis ou desfavoráveis sobre o mesmo a outras pessoas. mente satisfeitos e 35% pretendiam comprar novamen-
Os consumidores formam suas expectativas ba- te a marca. O consumidor satisfeito também tenderá a
seando-se nas mensagens recebidas dos vendedores, ami- falar favoravelmente sobre a marca a outras pessoas. As
gos e outras fontes de informações. Se o vendedor exa- empresas afirmam: "Nosso melhor anunciante é um con-
gerar nos benefícios, os consumidores experimentarão sumidor satisfeito".40
falsas expectativas que levam à insatisfação. Quanto Os consumidores insatisfeitos respondem diferen-
maior o hiato entre as expectativas e o desempenho, temente. Eles podem abandonar ou devolver o produto.
maior a insatisfação do consumidor. Aqui, entra em ação Podem procurar mais informações que confirmem seu
a competição por estilo. Alguns consumidores ampliam alto valor. Podem acionar publicamente a empresa, pro-
o hiato quando o produto não é perfeito e quando não curando um advogado ou dirigindo-se a grupos de defe-
estão plenamente satisfeitos. Outros consumidores sa do consumidor. Eles também podem parar de com-
minimizam o hiato e ficam menos insatisfeitos.39 prar o produto [opção de abandono) ou advertir amigos
37. Veja KOTLER, Philip, MANTRALA, Murali K. Flawed products: consumer responses and marketer strategies. Journal of Consumer Marketing
p. 27-36, Summer 1985.
38. Veja LA BARBERA, Priscilla A., MAZURSKY, David. A longitudinal assessment of consumer satisfaction/dissatisfaction: the dynamic aspect of
the cognitive process. Journal of Marketing Research, p. 393-404, Nov. 1983.
39. Veja DAY, Ralph L. Modeling choices among alternative responses to dissatisfaction. In: ADVANCES in consumer research. Provo, UT: Association
ofConsumer Research, 1984. v. 11, p. 496-499.
40. Veja BAYUS, Barry L. Word of mouth: the indirect effects of marketing efforts. Journal of Advertising Research, p. 31-39, June/July 1985.
(opção de voz ativa).41 Em todos estes casos, o vendedor rem novos usos para o produto, os fabricantes devem
realizou um trabalho ruim em termos de satisfação do divulgá-los.
consumidor.42
As empresas podem tomar providências para Por vários anos, os consumidores da Avon di-
minimizar a intensidade da insatisfação pós-compra do vulgaram que o óleo hidratante de banho Skin-So-Soft
consumidor. As comunicações pós-compra têm resulta- era um repelente eficaz contra insetos. Enquanto algu-
do em menor devolução de produtos e cancelamento de mas consumidoras, simplesmente, banhavam-se na água
pedidos.43 As empresas de computadores podem enviar perfumada com o óleo, outras o carregavam em suas
uma carta aos novos compradores cumprimentando-os mochilas para os campings infestados de mosquitos ou
por terem escolhido um equipamento de excelente qua- mantinham um vidro no armário de suas casas de praia.
lidade. Podem colocar anúncios mostrando comprado- Agora, após receber aprovação da Agência de Proteção
res satisfeitos com a marca. Podem pedir-lhes sugestões Ambiental, a Avon está lançando o Skin-So-Soft Plus
para melhorar o produto e listar os postos de assistência como um produto de ação tripla: repelente contra inse-
técnica autorizados. Podem preparar manuais de instru- tos, protetor solar e hidratante.44
ções que sejam inteligíveis ou enviar aos compradores
uma revista contendo artigos sobre novas aplicações do
computador. Além disso, a empresa pode fornecer bons Se os consumidores descartarem o produto, a em-
canais para receber reclamações e agilizar o atendimen- presa precisa saber onde ele será jogado, principalmen-
to de queixas. te se prejudicar o meio-ambiente (como no caso de gar-
Uso e intenção pós-compra. As empresas devem rafas plásticas e fraldas descartáveis). O aumento da
também monitorar como os compradores usam e dis- consciência pública em relação à reciclagem e à ecolo-
põem do produto (Figura 6.7). Se os consumidores guar- gia, bem como das reclamações dos consumidores sobre
darem o produto no armário, tal prática indica que o a necessidade de jogarem fora belos frascos, levaram o
mesmo não foi satisfatório, e a comunicação boca a boca fabricante de perfume francês Rochas a pensar sobre a
seria intensa. Se eles venderem ou negociarem o produ- introdução de uma linha de novas fragâncias na forma
to, as novas vendas seriam prejudicadas. Se encontra- de refil. A nova fragância feminina, Tocade, foi mundial-
41. Veja HIRSCHMAN, Albert O. Exit, voice, and loyalty. Cambridge, MA : Harvard University Press, 1970.
42. Veja GILLY, Mary C, HANSEN, Richard W. Consumer complaint handling as a strategic marketing tool. Journal of Consumer Marketing, p. 5-
16, Fali 1985.
43. Veja DONNELLY, JR., James H., IVANCEVICH, John M. Post-purchase reinforcement and back-out behavior. Journal of Marketing Research, p.
399-400, Aug. 1970.
44. WEISZ, Pam. Avon's skin-so-soft bugs out. Brandweek, p. 4, 6 June 1994.
RESUMO
1. Antes de desenvolver seus planos de marketing, os pessoa. As empresas devem também examinar os
profissionais de marketing precisam estudar os mer- níveis de envolvimento dos compradores e o núme-
cados consumidores e o comportamento do consu- ro de marcas disponíveis para determinar se os con-
midor. Ao analisar os mercados consumidores, as sumidores estão engajados em comportamento de
empresas precisam pesquisar quem constitui o mer- compra complexa, comportamento de compra de
cado (ocupantes), o que o mercado compra (obje- dissonância reduzida, comportamento de compra
tos), por que compra (objetivos), quem participa da habitual ou comportamento de compra que busca
compra (organizações), como o mercado compra variedade.
(operações), quando compra (ocasiões) e onde com- 4. O processo de compra típico consiste da seqüência
pra (pontos de venda). de eventos seguinte: reconhecimento do problema,
2. O comportamento do consumidor é influenciado por busca de informações, avaliação de alternativas,
quatro fatores: culturais (cultura, subcultura e clas- decisão de compra e comportamento pós-compra.
se social), sociais (grupos de referência, família e O trabalho dos profissionais de marketing é enten-
papéis e posição social), pessoais (idade, estágio do der o comportamento do comprador em cada está-
ciclo de vida, ocupação, condições econômicas, esti- gio e que influências estão operando. As atitudes
lo de vida, personalidade e autoconceito) e psicoló- dos outros, os fatores situacionais imprevistos e o
gicos (motivação, percepção, aprendizagem, cren- risco percebido podem afetar a decisão de compra,
ças e atitudes). A pesquisa sobre todos estes fatores bem como os níveis de satisfação pós-compra dos
podem fornecer indícios de como atingir e servir os consumidores e suas ações pós-compra que afetam
consumidores com maior eficácia a empresa. Os consumidores satisfeitos continuarão
3. Para entender realmente como os consumidores to- comprando; os insatisfeitos deixarão de comprar o
mam suas decisões de compra, as empresas devem produto e, provavelmente, comentarão com seus
identificar quem participa do processo de decisão; amigos. Por esta razão, as empresas devem traba-
as pessoas podem ser iniciadoras, influenciadoras, lhar para assegurar a satisfação do consumidor em
decisoras, compradoras ou usuárias e campanhas de todos os níveis do processo de compra.
marketing diferentes devem visar a cada tipo de
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Os varejistas espertos utilizam uma variedade de b. Alguns consumidores compram em uma ampla
técnicas de marketing para atrair a atenção do com- variedade de lojas, enquanto outros se mantêm
prador. Como eles apelam a cada um dos cinco sen- fiéis a algumas lojas pouco conhecidas.
tidos para atrair essa atenção? c. Alguns produtos são comprados após procura
2. Utilize os componentes apropriados do modelo de extensiva, outros, por questão de momento.
comportamento de compra deste capítulo (Figura d. Duas pessoas são expostas ao mesmo anúncio -
6.1) para explicar os seguintes comportamentos do uma presta atenção e o analisa e a outra não dá
consumidor: a mínima atenção.
a. Sopa fabricada com a saliva desidratada de pás- 3. Como o gerente de marketing de cada uma das or-
saros não é bem vista nos Estados Unidos, mas ganizações a seguir poderia usar o modelo da hie-
mel, que é néctar regurgitado pelas abelhas, é rarquia de necessidades de Maslow para desenvol-
muito apreciado. ver uma estratégia de marketing?
45. AKTAR, Alev. Refillable fragrances. Drug and Cosmetics Industry, p. 16-19, Dec. 1994.
As organizações empresariais não apenas vendem. • O que é o mercado industrial e como ele
Elas também compram grandes quantidades de maté- difere do mercado consumidor?
rias-primas, peças manufaturadas, instalações e equipa- • Que situações de compra os compradores
mentos, suprimentos e serviços. Há 13 milhões de orga- organizacionais enfrentam?
nizações de compra apenas nos Estados Unidos. Empre- • Quem participa do processo de compra in-
sas como GE, Xerox e AT&T, que vendem motores de dustrial?
aviões, equipamentos de escritório e serviços de teleco- • Quais as principais influências sobre os
municações para organizações de compra, precisam en- compradores organizacionais?
tender suas necessidades, recursos, políticas e procedi- • Como os compradores industriais tomam
mentos de compra. suas decisões de compra?
Neste capítulo, examinamos os mercados indus- • Como os mercados governamentais e
triais e os mercados governamentais e institucionais. Exa- institucionais são similares aos mercados
minaremos seis questões: industriais?
1. WEBSTER, JR., Frederick E., WIND, Yoram. Organizational buying behavior. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1972. p. 2.
2. MAGNET, Myron. The new golden rule of business. Fortune, p. 60-64, 21 Feb. 1994.
3. Para mais informações sobre a demanda derivada, veja CASE, Karl E., FAIR, Ray C. Principies of economics, 4. ed. Upper Saddle River, NJ :
Prentice Hall, 1996.
4. STUNDZA, Tom. Still on a roll! Purchasing, p. 32B1-32B5, Feb. 1994.
5. ZETLIN, Minda. It's ali the same to me. Sales and Marketing Management, p. 71-75, Feb. 1994.
6. ROYAL, Weld F. Good-bye, good oF boys. Sales and Marketing Managemet, p. 12, Dec. 1994.
7. ROBINSON, Patrick J., FARIS, Charles W, WIND, Yoram. Industrial buying and creative marketing. Boston : Allyn & Bacon, 1967.
Veja McQUISTON, Daniel H. Novelty, complexity, and importance as causai determinants of industrial buyer behavior. Journal of Marketing,
p. 66-79, Apr. 1989; e DOYLE, Peter, WOODSIDE, Arch G., MITCHELL, Paul. Organizational buying in new task and rebuy situations.
Industrial Marketing Management, p.7-11, Feb. 1979.
9. OZZANE, Urban B., CHURCHILL, JR., Gilbert A. Five dimensions of the industrial adoption process. Journal of Marketing Research, p. 322-
328, 1971.
• Iniciadores. Aqueles que solicitam que algo seja com- BAXTER HEALTH CARE A Baxter vende aventais ci-
prado. Podem ser usuários ou outras pessoas da or- rúrgicos descartáveis para hospitais. Ela tenta identifi-
ganização. car as pessoas do hospital que participam desta decisão
• Usuários. São aqueles que usarão o produto ou ser- de compra. Elas incluem o vice-presidente de compras,
viço. Em muitos casos, os usuários iniciam a propos- o administrador do centro cirúrgico e os cirurgiões. Cada
10. Veja JACKSON, Donald W, KEITH, Janeth E., BURDICK, Richard K. Purchasing agents' perceptions of industrial buying center influence: a
situational approach. Journal of Marketing, p. 75-83, Fali 1984.
11. WEBSTER, WIND. Organizational buying behavior. p. 6.
12. WEBSTER, WIND. Op. cit. p. 78-80.
13. Veja: I THINK you have a great product, but it's not my decisions. American Salesman, p. 11-13, Apr. 1994.
como elas afetarão os compradores e tentar transformar eles. Elas devem estar particularmente conscientes das
problemas em oportunidades. Por exemplo, a preocupa- seguintes tendências organizacionais na área de com-
ção com o verde tem levado as corporações norte-ame- pras:
ricanas a adotar um novo critério para algumas decisões
de compra organizacional: que um produto ou serviço • Valorização hierárquica do departamento de compras.
não deve prejudicar o meio ambiente. Assim, uma gráfi- Comumente, os departamentos de compras ocupam
ca pode favorecer os fornecedores de papel que ofere- uma posição inferior na hierarquia administrativa,
çam uma ampla seleção de papéis ou tintas recicláveis, apesar de gerenciar, freqüentemente, mais da meta-
fabricados segundo processos químicos não danosos ao de dos custos da empresa. Entretanto, pressões com-
meio ambiente. É interessante que a compra socialmen- petitivas recentes têm levado muitas empresas a
te responsável é raramente iniciada pelos departamen- valorizar seus departamentos de compras e elevar
tos de compras, mas decorre das ações de empreende- seus administradores ao status de vice-presidentes.
dores políticos (pessoa que exerce papel-chave na colo- Esses departamentos vêm sendo transformados de
cação de assuntos sociais na agenda da empresa) ou por antiquados "departamentos de compras", com ênfa-
a organização já estar engajada em responsabilidade se para comprar ao custo mais baixo, para "departa-
social. Os compradores das organizações socialmente mentos de suprimentos", com missão de buscar o
responsáveis pressionarão os fornecedores a também maior valor de limitado número de fornecedores
adotarem esta postura. Um gerente explica: "Damos a mais qualificados. Algumas empresas multinacionais
nossos fornecedores orientação técnica para serem mais os têm elevado a "departamentos estratégicos de
socialmente conscientes. Chegamos a eles e dizemos: materiais" com responsabilidade por fontes mun-
'Vocês são empresas bem-sucedidas. Digam-nos por que diais de suprimentos e trabalhando com parceiros
devemos continuar fazendo negócios com vocês. Mos- estratégicos. Na Caterpillar, as funções de compras,
trem-nos que diferença vocês vão fazer.' Não dizemos a controle de estoque, programação de produção e
eles como serem diferentes."17 tráfego estão combinadas em um único departamen-
to.
Além disso, muitas empresas estão procurando gran-
Fatores Organizacionais. Cada organização de des talentos e oferecendo remunerações elevadas.
compra tem objetivos, políticas, procedimentos, estru- Desde que já foi considerada uma área pouco atra-
turas organizacionais e sistemas específicos. As empre- ente da empresa, o departamento de compras co-
sas industriais têm que estar familiarizadas com todos meçou a atrair alguns dos melhores jovens executi-
17. DRUMWRIGHT, Minette E. Socially responsible organizational buying: environmental concern as a noneconomic buying criterion. Journal
of Marketing, p. 1-19, July 1994.
18. TULLY, Shawn. Purchasing's new muscle. Fortune, p. 75-79, 82-83, 20 Feb. 1995.
19. TULLY Op. cit.; FITZGERALD, Mark. Decentralizing Control of purchasing. Editor and Publisher, p. 8, 10, 18 June 1994.
20. Veja PURCHASING honors first Hall-of-Fame inductees. Purchasing, p. 25-28, 14 Jan. 1994.
21. Adaptado de HARTE, Susan. When in Rome, you should learn to do what the romans do. The Atlanta Jownal-Constitution, 22 Jan. 1990, p.
Dl, D6. Veja também a publicação da Lufthansa: Business travei guide/Europe.
22. ROBINSON, Faris, WIND. Industrial buying.
CLASSES DE COMPRA
Fonte: Adaptado de ROBINSON, Patrick J., FARIS, Charles W, WIND, Yoram. Industrial buying and creative marketing. Boston : Allyn & Bacon,
1967. p. 14.
BUSCA DE FORNECEDORES. Após o produto ter sido espe- sejam averiguadas e seu pessoal testado. Após avaliar
cificado, o comprador procura identificar os fornecedo- todas as empresas, o comprador estará com uma peque-
res mais apropriados. Ele pode examinar anuários co- na lista de fornecedores qualificados.
merciais, fazer busca por computador, telefonar a ou- SOLICITAÇÃO DE PROPOSTA. O comprador convidará os
tras empresas pedindo indicações, observar anúncios e fornecedores qualificados para apresentarem propostas.
freqüentar feiras comerciais.23 A tarefa do fornecedor é Quando o item for complexo ou caro, o comprador exi-
manter seu nome nas principais listas e anuários comer- girá uma proposta detalhada por escrito de cada forne-
ciais, desenvolver forte programa de propaganda e pro- cedor qualificado. Após avaliar as propostas, o compra-
moção de vendas e uma boa reputação no mercado. Os dor eliminará alguns fornecedores e convidará outros
fornecedores que não possuírem a capacidade de pro- para fazerem apresentações formais.
dução exigida ou sofrerem de baixa reputação no mer- Assim, as empresas industriais devem estar habili-
cado serão rejeitados. Aqueles que se qualificarem po- tadas para pesquisar, redigir e apresentar suas propos-
dem ser visitados para que suas instalações de produção tas. As propostas devem ser documentos de marketing,
23. Veja WEISS, Allen M., HEIDE, Jan B. The nature of organizational search in high technology markets. Journal ofMarketing Research, p. 220-
233, May 1993; e DEMPSEY, William A. Vendor selection and the buying process. Industrial Marketing Management, v. 7, p. 257-267, 1978.
não apenas documentos técnicos. As apresentações orais CAMPBELKS SOUP COMPANY O Programa de For-
devem inspirar confiança, posicionar as capacidades e necedores Qualificados da Campbell exige que os candi-
os recursos da empresa de modo que se destaquem dos datos a fornecedor passem por três estágios: fornecedor
concorrentes. Uma parte importante da apresentação qualificado, fornecedor aprovado e fornecedor selecio-
envolve não apenas o fornecimento de informações, mas nado. Para tornar-se qualificado, o fornecedor tem que
também a resposta a perguntas. Para exemplos de per- demonstrar capacidade técnica, saúde financeira, eficá-
guntas a serem respondidas - e questões que não devem cia em termos de custos, padrões de alta qualidade e
ser respondidas - durante uma apresentação, veja a se- capacidade de inovação. O fornecedor que atende a es-
ção Memorando de Marketing, intitulada "Faça as per- ses critérios candidata-se para aprovação, que é obtida
guntas corretas nas apresentações de vendas". apenas após freqüentar um seminário patrocinado pela
Consideremos os obstáculos que a Campbell's Soup empresa, aceitar a visita de uma equipe de imple-
Company e a Xerox têm estabelecido na qualificação de mentação, concordar em fazer algumas mudanças, as-
fornecedores: sumir compromissos e assim por diante. Uma vez apro-
vado, torna-se fornecedor selecionado após demonstrar
Fonte: Reimpresso de Purchasing managers sound off. Sales and Marketing Management, p. 84-85, Feb. 1995.
alta uniformidade de produto, melhoria contínua de da Xerox. A pesquisa exige que o fornecedor publique
qualidade e capacidade de entrega just in time. um manual de qualidade, incluindo os princípios de
melhoria contínua e demonstrando a implementação de
sistemas eficazes. Uma vez qualificado, ele deve partici-
XEROX A Xerox qualifica apenas fornecedores que
par do programa de Melhoria Contínua do Fornecedor
atendem os padrões de qualidade da ISO 9000 (veja no
da Xerox, em que as duas empresas trabalham em con-
Capítulo 2). Entretanto, para conquistar o prêmio top da
junto para criar especificações de qualidade, custos, pra-
empresa - status de fornecedor certificado - o fornece-
zos de entrega e capacidade de processo. A etapa final
dor deve, primeiro, preencher um questionário de pes-
para a certificação exige que o fornecedor faça treina-
quisa intitulado Qualidade do Fornecedor Multinacional
mento rigoroso de qualidade e uma avaliação baseada
nos mesmos critérios adotados pelo Prêmio Nacional de
24. Veja XEROX multinational supplier quality survey. Purchasing, p. 112, 12 Jan. 1995.
ESCALA DE AVALIAÇÃO
PESO DE (D (2) (3) (4)
ATRIBUTOS IMPORTÂNCIA FRACO MÉDIO BOM EXCELENTE
Preço 0,30 X
Qualidade Malcolm Baldrige. Não surpreende que ape- do".) Outras abordagens também podem ser usadas para
nas 176 fornecedores em todo o mundo obtiveram o ín- conter a intensa pressão de preço. Consideremos o exem-
dice de 95% exigido pela empresa para a certificação.24 plo seguinte:
25. Veja LEHMANN, Donald R., 0'SHAUGHNESSY, John. Differences in attribute importance for different industrial products. Journal of Marketing,
p. 36-42, Apr. 1974.
26. Veja NARUS, James A., ANDERSON, James C. Turn your industrial distributors into partners. Harvard Business Review, p. 66-71, Mar./Apr.
1986.
1 Presidente
2 Departamento financeiro
3 Escritório central de vendas
4 Chefe de produção
5 Decisão
6 Discussão dos planos de produção
e vendas
7 Departamento de produção
8 Preparação do plano de processo
de embalagem
9 Comitê de desenvolvimento de
novos produtos
10 Solicitação de consulta
11 Preparação do plano de marketing
para o novo produto
12 Departamento de desenvolvimento
de produtos
13 Discussão do design de máquinas
protótipos
14 Máquina protótipo
15 Local de recepção de pedidos
16 Equipe técnica e de design
17 Fornecedor A
18 Fornecedor B
19 Fornecedor C
20 Feiras internacionais de máquinas
21 Solicitação de máquinas protótipos
para testes
22 Equipe de pesquisa
23 Preparação do design básico
24 Encarregado
25 Preparação dos planos delineados
26 Departamento de marketing
Fonte: Japanese firms use unique buying behavior. The Japan Economic Journal, p. 29, 23 Dec. 1980. Reimpresso com permissão.
Figura 7.2 Comportamento de compra organizacional no Japão: processo de compra de uma máquina de embala-
gem.
27. LITVAN, Laura M. How to sell to Uncle Sam: new, easier rules. Natioris Business, p. 46-48, Mar. 1995.
28. Veja SUSS, Warren H. How to sell to Uncle Sam. Harvard Business Review, p. 136-144, Nov./Dec. 1984; e HILL, Don. Who says Uncle Sairis
a tough sell? Sales and Marketing Management, p. 56-60, July 1988.
governo, como a Rockwell, Kodak e Goodyear. Essas produto, situação econômica, taxa de juros, taxa de
empresas antecipam as necessidades e projetos do go- mudança tecnológica, desenvolvimentos políticos e
verno, participam da fase de especificação do produto, legais, desenvolvimentos competitivos e assuntos de
reúnem inteligência competitiva, preparam propostas responsabilidade social. Em nível organizacional, as
cuidadosamente e fornecem comunicações mais fortes empresas devem estar conscientes dos objetivos,
para descrever e melhorar suas reputações.28 políticas, procedimentos, estruturas organizacionais
1. A compra organizacional é um processo de tomada e dos sistemas de seus clientes, bem como das ten-
de decisão pelo qual as organizações formais esta- dências em relação à valorização hierárquica dos
belecem a necessidade de comprar produtos e servi- departamentos de compras, compra centralizada em
ços e, depois, identificar, avaliar e escolher entre empresas multidivisionais, compra descentralizada
marcas e fornecedores alternativos. O mercado in- para itens de pequeno valor, contratos a longo pra-
dustrial consiste de todas as organizações que com- zo e incentivos crescentes para os compradores. Em
pram bens e serviços usados na produção de outros nível interpessoal, o centro de compras inclui parti-
produtos ou serviços que são vendidos, alugados ou cipantes com interesses, autoridade, posição social,
fornecidos a outros. empatia e grau de persuasão diferentes. A aborda-
2. Comparados aos mercados de consumidores, os gem do indivíduo para o processo de compras é afe-
mercados industriais, geralmente, fazem poucos tada por sua idade, renda, nível educacional, cargo,
pedidos e grandes compras, estão mais próximos de personalidade, atitudes em relação ao risco e cultu-
seus clientes e mais concentrados geograficamente. ra.
A demanda do mercado industrial é derivada da 4. O processo de compras consiste de oito estágios de-
demanda do mercado consumidor e flutua com o nominados/ases de compra: (1) reconhecimento do
ciclo do negócio. Todavia, a demanda total para problema, (2) descrição da necessidade, (3)
muitas empresas de bens e serviços é bastante especificação do produto, (4) busca de fornecedo-
inelástica em termos de preço. As empresas indus- res, (5) solicitação de proposta, (6) seleção de for-
triais precisam estar conscientes do papel dos com- necedor, (7) especificação de rotina de compra e (8)
pradores profissionais e seus influenciadores, bem análise de desempenho. À medida que os compra-
como da importância da compra direta, reciproci- dores industriais tornam-se mais sofisticados, as
dade e leasing. empresas business-to-business devem aperfeiçoar suas
3. O centro de compras é a unidade de tomada de de- capacidades de marketing.
cisão de uma organização de compras. É formado O mercado institucional consiste de escolas, hospi-
por iniciadores, usuários, influenciadores, decisores, tais, berçários, prisões e outras instituições que de-
aprovadores, compradores e fiscais internos. Para vem fornecer bens e serviços às pessoas que estão a
vender a cada uma dessas partes, as empresas de- seus cuidados. Os compradores institucionais ten-
vem estar conscientes dos fatores ambientais, dem a estar menos preocupados com lucro ou
organizacionais, interpessoais e individuais. Os fa- minimização de custos do que os compradores in-
tores ambientais incluem o nível de demanda pelo dustriais. Os compradores de organizações gover-
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
namentais tendem a exigir grande papelada de seus pelo pessoal do centro de informática da cidade e o
fornecedores e a favorecerem concorrências públi- prefeito (decisores). Quem são os demais participan-
cas e empresas domésticas. Os fornecedores devem tes do processo de compra? Avalie o grau de influ-
estar preparados a adaptar suas ofertas às necessi- ência que cada participante ou grupo teria no pro-
dades e procedimentos especiais encontrados nos cesso de decisão.
mercados institucionais e governamentais. 2. A ênfase em marketing de relacionamento está au-
1. City Hall, em Zenobia, Michigan, cidade com popu- mentando no marketing de relacionamento. Antes
lação de 45.000 habitantes, está planejando com- de adotar marketing de relacionamento, a alta ad-
prar um novo computador mainframe para atender ministração deve conhecer bem o significado do ter-
a todas as necessidades da cidade, desde a adminis- mo. Dê uma definição de marketing de relaciona-
tração dos funcionários à arrecadação de impostos. mento. Quais os principais elementos que devem
A decisão de compra do computador será tomada
Marketing é meramente uma forma civilizada de guerra, em que a maioria das bata-
lhas é vencida com palavras, idéias e pensamento disciplinado.
ALBERT W. EMERY
Os dois capítulos anteriores examinaram a dinâ- industrial e as empresas de desempenho fraco po-
mica dos mercados consumidores e organizacionais. O dem sair com facilidade. Quando as barreiras à en-
problema que qualquer empresa enfrenta é se deve in- trada e à saída são elevadas, o potencial de lucro
vestir em um mercado específico em função de sua di- também é elevado, mas as empresas enfrentam mai-
nâmica. Esta decisão depende muito da natureza e da ores riscos porque as de desempenho fraco lutarão
intensidade da concorrência nesse mercado. Este capí- para não deixar o setor industrial. Quando ambas
tulo examina o papel exercido pela concorrência na de- as barreiras são reduzidas, as empresas entram e
terminação da atratividade de um mercado. saem facilmente, embora o retorno seja estável e
Michael Porter, de Harvard, identificou cinco for- baixo. A pior situação é quando as barreiras à entra-
ças que determinam a atratividade intrínseca de lucro a da são reduzidas e as à saída são elevadas. Nesta
longo prazo de um mercado ou segmento de mercado. situação, as empresas entram durante os tempos
Seu modelo é mostrado na Figura 8.1. As cinco forças bons, mas encontram dificuldades de sair durante
são os concorrentes industriais, entrantes potenciais, os tempos difíceis. 0 resultado é a excessiva capaci-
substitutos, compradores e fornecedores. As cinco ame- dade de produção e lucro baixo para todas elas.
aças enfrentadas são as seguintes: 3. Ameaça de produtos substitutos. Um segmento não é
atraente quando há substitutos reais ou potenciais
1. Ameaça de rivalidade intensiva no segmento. Um seg- para o produto. Os substitutos impõem limites de
mento não é atraente quando já possui concorren- preços e de lucro. A empresa precisa observar aten-
tes numerosos, fortes ou agressivos. Ele é ainda tamente as tendências de preço dos produtos subs-
menos atraente se o aumento da capacidade produ- titutos. Se a tecnologia avançar ou a concorrência
tiva for feito apenas em grande escala, os custos fi- aumentar nos setores industriais desses substitutos,
xos forem altos, as barreiras à entrada forem eleva- os preços e lucros do segmento, provavelmente, di-
das ou concorrentes fortes já dominarem grandes minuirão.
fatias do segmento. Essas condições levarão a guer- 4. Ameaça do poder de barganha crescente dos compra-
ras de preços freqüentes, batalhas de propaganda e dores. Um segmento não é atraente quando os com-
lançamentos de novos produtos, tornando, assim, pradores possuem poder de barganha grande e cres-
muito caro para as empresas competirem. cente. Os compradores tentarão forçar os preços para
2. Ameaça de novos entrantes. A atratividade de um baixo, exigir mais qualidade ou serviços e colocar os
segmento varia conforme as dificuldades impostas concorrentes uns contra os outros, tudo à custa da
por barreiras à entrada e à saída.1 0 segmento mais rentabilidade do vendedor. 0 poder de barganha dos
atraente é aquele em que as barreiras à entrada são compradores aumenta quando eles se tornam mais
elevadas e as à saída são reduzidas (Figura 8.2). Li- concentrados ou organizados, o produto representa
mitado número de empresas pode entrar no setor parte significativa de seus custos, o produto não é
1. PORTER, Michael E. Competitive strategy. New York : Free Press, 1980. p. 22-23.
IDENTIFICAÇÃO DE CONCORRENTES frenta uma ameaça ainda maior, com a recente invenção
das câmeras sem filmes. Esta câmera, vendida pela Canon
Parece ser tarefa simples uma empresa identificar e Sony, capta sinais de vídeo e de fotos que podem ser
seus concorrentes. A Coca-Cola sabe que a Pepsi-Cola é mostrados em um receptor de TX impressos por compu-
sua principal concorrente, da mesma forma que a Sony tador e, mesmo, apagados. Qual a maior ameaça para o
sabe o mesmo em relação à Matsushita.4 Mas a faixa de negócio de filmes do que uma câmera sem filme?
concorrentes reais e potenciais de uma empresa é, real-
mente, muito mais ampla. É mais provável que uma
empresa seja destruída por seus concorrentes emergen- Junto com outros fabricantes de sabão em
tes ou por novas tecnologias do que pelos concorrentes pó, a Unilever está preocupada com uma pesquisa que
atuais. Aqui estão dois exemplos claros: está sendo feita sobre uma máquina de lavar ultra-sônica.
Se for bem-sucedida, esta máquina lavará roupas sem
nenhum sabão em pó. No momento, ela pode lavar ape-
Em seu negócio de filmes, a Kodak nas certos tipos de sujeiras e tecidos. Qual a maior ame-
está preocupada com a crescente concorrência da Fuji, aça para o negócio de sabão em pó do que uma máquina
fabricante japonesa de filmes. Entretanto, a Kodak en- de lavar ultra-sônica?
2. Veja RIES, Al, TROUT, Jack. Marketing warfare. New York : McGraw-Hill, 1986.
3. Veja FULD, Leonard M. The new competitor inteligence: the complete resource for finding, analyzing, and using information about your
competitors. New York : John Wiley, 1995; CZEPIEL, John A. Competitive marketing strategy. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1992.
4. Veja KATAYAMA, Hans. Fated to feud: Sony versus Matsushita. Business Tokyo, p. 28-32, Oec. 1991.
Concorrentes do
Fornecedores setor industrial Compradores
(Poder de (Rivalidade no (Poder de
fornecimento) segmento) compra)
Substitutos
(Ameaça de
substitutos)
Fonte: Reirapresso com permissão de PORTER, Michael E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New York :
Free Press, 1985.
Figura 8.1 Cinco forças determinantes da atratividade estrutural do segmento.
Barreiras à saída
Elevada Reduzida
Retorno baixo Retorno baixo
e estável e arriscado
Podemos distinguir quatro níveis de concorrência, 3. Concorrência deforma. Ocorre quando uma empre-
baseados no grau de substituição do produto: sa vê seus concorrentes como todas as empresas que
fabricam produtos que prestam o mesmo serviço.
1. Concorrência de marca. Ocorre quando uma empre- Aqui, a Buick se veria concorrendo não apenas com
sa vê seus concorrentes como outras empresas que outros fabricantes de automóveis, mas também com
oferecem produtos e serviços similares aos mesmos os fabricantes de motocicletas, bicicletas e cami-
consumidores, a preços também similares. Assim, a nhões.
Buick pode ver a Ford, Toyota, Honda, Renault e 4. Concorrência genérica. Ocorre quando uma empresa
outros fabricantes de automóveis que os vendem a vê seus concorrentes como todas as empresas que
preços moderados como seus principais concorren- concorrem pelos mesmos dólares do consumidor.
tes. Mas não se vê como concorrendo com a Aqui, a Buick se veria concorrendo com as empresas
Mercedes, de um lado, ou a Hyundai, de outro. que vendem grandes bens de consumo duráveis, fé-
2. Concorrência industrial. Ocorre quando uma empre- rias no exterior e novas residências.
sa vê seus concorrentes como todas as empresas que
fabricam o mesmo produto ou classe de produtos. Mais especificamente, podemos identificar os con-
Aqui, a Buick se veria concorrendo com todos os fa- correntes de uma empresa do ponto de vista do setor
bricantes de automóveis. industrial e do ponto de vista do mercado.
5. Veja HARRIGAN, Kathryn Rudie. The effect of exit barriers upon strategic flexibility. Strategic Management Journal, v. 1, p. 165-176, 1980.
6. Veja PORTER, Michael E. Competitive advantage. New York : Free Press, 1985. p. 225, 485.
7. PORTER. Competitive strategy. Cap. 13.
Fonte: COHEN, William A. Winning on the marketing front: the corporate manager's game. New York : John Wiley, 1986. p. 63.
Figura 8.3 Mapa de campo de batalha produto/mercado de creme dental.
• Linha estreita
• Custo de prod ução mais baixo
• Alto nível de serviços,
• Preços altos
Grupo C
• Linha moden da
• Custo de prod ução médio
• Nível médio d e serviços
• Preços médio s
Grupo B
• Linha completa
• Baixo custo de produção
• Bom nível de serviços
• Preços médios
Grupo D
• Linha ampla
• Custo de produção médio
• Serviços racos
Baixa • Preços ba ixos
Alta Baixa
Integra Vertical
existentes tornam-se seus concorrentes-chave. Assim, se sobre as estratégias de marketing, produção, pesquisa e
ela entrar no grupo B, precisará fortalecer-se principal- desenvolvimento, finanças e recursos humanos de cada
mente contra General Electric, Whirpool e Sears. Preci- concorrente. Deve conhecer a qualidade, as característi-
sará de alguma vantagem competitiva se desejar ser bem- cas e seus compostos de produtos; os serviços ao consu-
sucedida. midor; as políticas de preço; as coberturas de distribui-
Embora a concorrência seja mais intensa dentro ção; as estratégias das forças de vendas; e os programas
de um grupo estratégico, há também rivalidade freqüente de propaganda e de promoção de vendas.
entre os grupos por diversas razões. Primeiro, alguns Uma empresa deve, continuamente, monitorar as
grupos estratégicos podem apelar aos mesmos grupos estratégias de seus concorrentes. Aqueles plenos de re-
de consumidores. Por exemplo, os fabricantes de gran- cursos também revisam suas estratégias no decorrer do
des eletrodomésticos com estratégias diferentes podem tempo. Por exemplo, a Ford foi uma vencedora em razão
procurar as construtoras de prédios de apartamentos. de seu sucesso em produzir carros a custos baixos. De-
Segundo, os consumidores podem não ver muita dife- pois, foi superada pela GM porque esta respondeu ao
rença nas ofertas de vários grupos estratégicos. Tercei- novo desejo do mercado por variedade. Mais tarde, as
ro, cada grupo pode desejar expandir sua participação empresas japonesas assumiram a liderança porque for-
de mercado, principalmente se as empresas forem rela- neceram carros com economia de combustível. A seguir,
tivamente iguais em tamanho e poder e as barreiras à passaram a fabricar carros de alta confiabilidade. Quan-
mobilidade entre os grupos forem baixas. do os fabricantes norte-americanos de carros adotaram
A Figura 8.4 usa apenas duas dimensões para iden- padrões elevados de qualidade, os japoneses mudaram
tificar grupos estratégicos em um setor industrial. Ou- para qualidades sensoriais, a saber, o aspecto e a per-
tras dimensões incluem nível de sofisticação tecnológica, cepção do carro e seus vários componentes. Um ex-en-
escopo geográfico, métodos de produção e assim por genheiro da Ford explicou: "É a alavanca do sinalizador
diante. De fato, cada concorrente deveria estar mais ple- que não cambaleia... a rapidez de abrir e fechar o vidro
namente ajustado do que o sugerido pelas duas dimen- ... o toque do botão do controle do ar-condicionado...
sões. Uma empresa precisa de informações detalhadas esta é a nova nuance da concorrência pelo consumidor."9
Compradores
Usuários industriais e Instituições
individuais comerciais educacionais
Microcomputadores
Capacidade de
hardware
Software
10. ROTHSCHILD, William E. How to gain (and mantain) the competitive advantage. New York : McGraw-Hill, 1989. Cap. 5.
Tabela 8.1 Avaliações dos consumidores sobre os principais fatores de sucesso dos concorrentes.
Concorrente A E E F F B
Concorrente B B B E B E
Concorrente C m F B M M
generalizar da seguinte forma: As empresas que obtêm sua cerveja Lite no final dos anos 70, a Anheuser-
ganhos consideráveis em participação de lembrança e de Busch descansava em seus louros como líder da in-
preferência, inevitavelmente, conquistarão maior partici- dústria de cerveja. Posteriormente, à medida que a
pação de mercado e rentabilidade. Miller tornava-se mais agressiva em marketing e sua
Na tentativa de melhorar suas participações de cerveja Lite conquistou 60% de participação de mer-
mercado, muitas empresas começaram a fazer bench- cado, a Anheuser-Busch resolveu desenvolver sua
marking com seus concorrentes mais bem-sucedidos. Esta cerveja light.
técnica e seus benefícios são descritos na seção Insight As razões para uma falta de ataque a movimentos
de Marketing intitulada "Como o benchmarking ajuda a competitivos variam. Os concorrentes cautelosos po-
melhorar o desempenho competitivo". dem julgar que seus consumidores sejam leais; po-
Finalmente, na procura das fraquezas dos concor- dem estar tirando o máximo do negócio; podem ser
rentes, devemos identificar quaisquer pressupostos que lentos em perceber qualquer movimento da concor-
eles fazem sobre seus negócios e o mercado, que há muito rência; podem não ter recursos financeiros para re-
tempo não são mais válidos. Algumas empresas acredi- agir. Os rivais devem tentar avaliar as razões desse
tam que produzem a melhor qualidade do setor indus- comportamento cauteloso.
trial, quando isto não é mais verdadeiro. Muitas delas 2. O concorrente seletivo. Reage apenas a certos tipos
são vítimas da sabedoria convencional, como: "Os con- de ataques e não a outros. Pode reagir a reduções de
sumidores preferem empresas de linha completa", "A preços, mas não a aumentos nos gastos de propa-
força de vendas é a única ferramenta de marketing im- ganda. As empresas petrolíferas como Shell e Exxon
portante", "Os consumidores valorizam mais serviços do são concorrentes seletivos, respondendo apenas, por
que preço". Se soubermos que os concorrentes estão exemplo, aos cortes de preços dos concorrentes, mas
operando sob um pressuposto errado, podemos levar não às promoções. Saber como um concorrente rea-
vantagem sobre eles. ge pode dar a seus rivais uma indicação sobre suas
linhas de ataque mais viáveis.
3. O concorrente arrojado. É aquele que reage rápida e
ESTIMATIVA DOS PADRÕES DE REAÇÃO DOS fortemente a qualquer iniciativa em seu território.
CONCORRENTES Assim, a P&G não deixa um novo sabão em pó ser
lançado facilmente no mercado. Um concorrente ar-
A identificação dos objetivos e das forças e fraque- rojado está sinalizando que seria melhor que outra
zas de um concorrente demanda algum tempo antes de empresa não o atacasse, porque lutará até o fim para
os gerentes prepararem suas prováveis reações às estra- se defender. É sempre melhor atacar uma ovelha do
tégias opostas (por exemplo, um corte de preço, uma que um tigre. A Lever Brothers constatou isto du-
nova promoção ou a introdução de um novo produto). rante sua primeira tentativa de entrar no mercado
Além disso, cada concorrente adota certa filosofia de de sabão em pó "ultra", onde a Procter & Gamble
fazer negócios, determinada cultura interna e algumas era pioneira. Os "ultras" são sabões em pó mais con-
crenças-guia. E necessário um conhecimento profundo centrados vendidos em embalagens menores. Os
das idéias de determinado concorrente para se ter a es- varejistas gostam deles porque ocupam menor es-
perança de antecipar suas prováveis ações ou reações. paço de prateleira. Todavia, quando a Lever intro-
duziu suas versões ultras Wisk e Surf, teve dificul-
A maioria dos concorrentes classifica-se nas seguin-
dades em obter espaço de prateleira. A P&G gastou
tes categorias:
muito dinheiro para manter suas marcas dominan-
1. O concorrente cauteloso. Aquele que não reage rápi- do as prateleiras dos supermercados.11
da ou fortemente a determinado movimento de uma 4. O concorrente imprevisível. É aquele que não demons-
empresa. Por exemplo, quando a Miller introduziu tra um padrão de reação previsível. Tal concorrente
11. WEISZ, Pam. Surrender! Lever cedes ultra detergent market to P&G. Brandweek, p. 1, 6, 10 Oct. 1994; LEVER to re-enter ultras, P&G's way.
Brandweek, p. 1, 6, 16 Apr. 1995.
12. Estas observações foram extraídas de vários trabalhos de Bruce Henderson, incluindo o artigo intitulado The unanswered questions, the
unsolved problems (preparado para um discurso na Northwestern University, em 1986); HENDERSON, Bruce. Henderson on corporate
strategy. New York : Mentor, 1982; HENDERSON, Bruce. Understanding the forces of strategic and natural competition. Journal of Business
Strategy, p. 11-15, Winter 1981.
questionáveis. Por exemplo, algumas empresas têm senvolver maneiras eficazes de obter as informações
sido reconhecidas por divulgar e dar entrevistas necessárias sobre os concorrentes sem violar padrões
anunciando postos de trabalho que não existem para éticos e legais. Para algumas das técnicas mais usa-
levantar informações dos concorrentes através de das, veja a seção Memorando de Marketing intitulada
seus funcionários. Embora seja ilegal uma empresa "Agilizando a concorrência com a pesquisa de
fazer uma foto aérea das instalações industriais de marketing de guerrilha".
um concorrente, estas, freqüentemente, estão dis- 3. Avaliação e análise de dados. Os dados são checados
poníveis na Agência de Proteção Ambiental e no em termos de validade e confiabilidade, interpreta-
Serviço de Levantamento Geográfico dos Estados dos e organizados.
Unidos. Algumas empresas chegam até a comprar o 4. Disseminação das informações e resposta. As infor-
lixo de seus concorrentes. Uma vez fora de seus do- mações-chave são enviadas aos tomadores de deci-
mínios, o lixo é legalmente considerado proprieda- são relevantes e as perguntas dos gerentes sobre os
de abandonada.13 Claramente, a empresa precisa de- concorrentes são respondidas.
13. FLAX, Steven. How to snoop on your competitors. Fortune, p. 29-33, 14 May 1984.
1. Observe atentamente as pequenas empresas em seu setor industrial e nos setores relacionados.
Freqüentemente, a inovação verdadeira vem de empresas pequenas e com pouca expressão.
Por exemplo, quem pensaria que o chá gelado Arizona, da Ferolito Vultagio & Sons, do Brooklin,
faria grandes investidas nos mercados de refrigerantes e de suco de frutas?
2. Acompanhe os novos pedidos de patentes. Nem todas os pedidos de patentes levam a produtos,
embora eles indiquem uma direção tomada pela empresa. Informações sobre pedidos de pa-
tentes podem ser encontradas em vários bancos de dados on-line ou em CD-ROM.
3. Rastreie as mudanças de emprego e outras atividades de especialistas de seu setor industrial
Procure respostas para as seguintes perguntas: Quem os concorrentes contrataram? Os novos
contratados possuem artigos publicados ou fazem apresentações em conferências? Qual o
valor de determinado especialista para o concorrente? Se a experiência do especialista for
transferida ao concorrente, a posição competitiva de sua empresa será afetada? Por exemplo,
quando uma empresa de celulose e papel contrata um diretor de marketing com experiência
marcante na Europa Ocidental, ela pode estar pensando em entrar naquele mercado.
4. Esteja a par dos acordos de licenciamento. Isso fornece informações úteis sobre onde, como e
quando uma empresa pode vender um novo produto.
5. Monitore a formação de contratos de negócios e alianças.
6. Descubra as novas práticas de negócios que estão poupando o dinheiro do concorrente. 0 que
significa uma seguradora concorrente ter comprado milhares de laptops e impressoras portá-
teis? É muito provável que seus inspetores, em breve, estarão fazendo orçamentos e preen-
chendo cheques no local dos acidentes, economizando tempo e trabalho de escritório.
7. Acompanhe as mudanças de preço. Por exemplo, quando itens de luxo tornam-se baratos o
suficiente para o mercado de massa, alguns equipamentos mais caros acabam sendo substitu-
ídos, como o que ocorreu quando as pequenas câmeras de vídeo portáteis suplantaram as
pesadas filmadoras no final dos anos 80.
8. Esteja consciente das mudanças sociais e das mudanças dos gostos e preferências dos consumido-
res que podem alterar o ambiente do negócio. Os consumidores são volúveis. Durante os últimos
15 anos, a prática do jogging abriu caminho para a aeróbica, e, agora, a caminhada é a ativida-
de de lazer preferida. Ao antecipar a chegada de modas passageiras, algumas empresas esta-
vam preparadas para introduzir novos tipos de calçados atléticos.
Fonte: Adaptado de WINETT, Ruth. Guerrilla marketing research outsmarts the competition. Marketing News, p. 33, 2
Jan. 1995. Reimpresso com permissão da American Marketing Association.
Com um sistema bem desenhado, os gerentes da ou desejarem discutir a provável resposta de um concor-
empresa recebem informações atualizadas sobre os con- rente a um novo movimento previsto pela empresa.
correntes via ligações telefônicas, boletins, newsletters e Em empresas menores, que não podem criar um
relatórios. Eles podem também contatar o departamen- departamento de inteligência competitiva, uma provi-
to de inteligência de mercado quando necessitarem de dência útil seria designar executivos específicos para
ajuda para interpretar um movimento repentino do con- observarem determinados concorrentes. Assim, um ge-
corrente, precisarem conhecer suas forças e fraquezas rente que já trabalhou para um concorrente poderia
14. Para mais discussão sobre este assunto, veja FULD, Leonard M. Monitoring the competition. New York : John Wiley, 1988.
15. PORTER, Michael E. Competitive advantage. p. 226-227.
RESUMO
1. Para preparar uma estratégia de marketing eficaz, 3. É necessário reunir, interpretar e disseminar conti-
uma empresa deve estudar seus concorrentes, bem nuamente inteligência competitiva. Os administra-
como seus consumidores atuais e potenciais. As em- dores devem estar preparados para receber infor-
presas precisam identificar as estratégias, objetivos, mações atualizadas sobre os concorrentes e contatar
forças, fraquezas e padrões de reação de seus con- o departamento de inteligência de marketing quan-
correntes. Também necessitam saber como desen- do necessitam de informações. Com boa inteligên-
volver um sistema de inteligência competitivo efi- cia competitiva, os administradores podem formu-
caz, que concorrentes atacar e evitar e como balan- lar suas estratégias com maior facilidade.
cear a orientação do concorrente e a do consumi- 4. Os administradores precisam preparar uma análise
dor. de valor do consumidor para revelar as forças e fra-
2. Os concorrentes mais diretos de uma empresa são quezas da empresa em relação aos concorrentes. O
aqueles que procuram satisfazer os mesmos consu- propósito dessa análise é determinar os benefícios
midores e necessidades com ofertas similares. Uma que os consumidores desejam e como percebem o
empresa deve também prestar atenção a seus con- valor relativo das ofertas dos concorrentes.
correntes latentes, que podem oferecer novas ou 5. Tão importante quanto uma orientação competitiva
outras maneiras de satisfazer as mesmas necessida- são os mercados globais de hoje. As empresas não
des. A empresa deve identificar seus concorrentes devem exagerar sua ênfase nos concorrentes. As
usando a análise do setor industrial e a análise ba- empresas devem administrar de forma balanceada
seada no mercado. as considerações sobre consumidores e o monitora-
mento dos concorrentes.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Por que o conceito de "grupos estratégicos" é útil 3. Funny Boné, um teatro de comédia em Overland
para os estrategistas de marketing? Parks, Kansas, está sofrendo declínio no número de
2. Os produtos a seguir obtiveram enorme sucesso de freqüentadores. Overland Park é um bairro rico si-
mercado e redefiniram seus setores industriais: ho- tuado próximo a Kansas City, Missouri. A renda dis-
lofotes high-tech da Tekna, ferramentas elétricas ponível está acima da média nacional. Jim Haney,
ergonômicas da Ingersoll-Rand, equipamento de di- proprietário do teatro, está perplexo. Não entende o
agnóstico da Ciba Corning, artigos de cozinha da declínio recente da freqüência e gostaria de fazer
Oxo, lâmina de barbear Sensor da Gillette e o avião alguma análise competitiva. Que produto o Funny
777 da Boeing. Em uma palavra, o que torna estes Bone vende? Quem são seus concorrentes em ter-
produtos especiais?
DESEMPENHO
* Neste exemplo, as proporções não foram calculadas diretamente das mensurações de desempenho mostradas nas colunas um e dois. Foram
baseadas nos escores de desempenho de 1 a 10 associados aos dados de desempenho mostrados.
Assumindo-se que os custos da cirurgia são os mes- a. Características inovadoras dos produtos
mos para ambos os métodos, qual o melhor, o b. Distribuição ampla
endoscópico ou o tradicional? Como o negócio da c. Custos e preços menores
Ethicon da J&J pode obter vantagem competitiva d. Linha de produtos ampla
sobre a USSC - que já tem a vantagem de estar há e. Assistência técnica superior
mais tempo no mercado? Como cada uma dessas forças do negócio pode ser
9. Estão listadas abaixo as várias forças da empresa de transformada em benefícios para os consumidores
suprimentos de escritório Max Office, destacadas que dariam à Office Max uma vantagem competiti-
pela alta administração após a realização de uma va?
auditoria interna.
A América homogênea mitológica não existe mais. Somos um mosaico formado por
minorias.
JOEL WEINER
Uma empresa que decide operar em um mercado 1. Segmentação de mercado. Ação de identificar e clas-
amplo reconhece que, normalmente, não pode atender sificar grupos distintos de compradores que podem
a todos os consumidores daquele mercado. Eles são bas- exigir produtos e/ou compostos de marketing sepa-
tante numerosos, dispersos e diversificados em termos rados.
de exigências de compra. Em vez de competir em todos 2. Escolha de mercado-alvo. Seleção de um ou mais seg-
os lugares, precisa identificar os segmentos de mercado mentos de mercado para penetrar.
que pode atender com maior eficácia. 3. Posicionamento de mercado. Ato de estabelecer e co-
Para escolher seus mercados e atendê-los bem, municar os principais benefícios dos produtos ao
muitas empresas estão adotando marketing de mercado- mercado.
alvo. Aqui, os vendedores distinguem os principais seg-
mentos de mercado, escolhem um ou mais desses seg- Este capítulo descreverá as duas primeiras etapas
mentos e desenvolvem produtos e programas de e responderá às seguintes perguntas:
marketing sob medida para cada um deles. Em vez de • Como uma empresa pode identificar os seg-
dispersar seu esforço de marketing (abordagem "pulve- mentos que formam um mercado?
rizada"), podem focar naqueles compradores que têm • Que critérios uma empresa pode usar para
maior chance de satisfazer (abordagem "direcionada"). escolher os mercados-alvo mais atraentes?
A adoção de marketing de mercado-alvo exige três
etapas importantes (Figura 9.1): 0 próximo capítulo discutirá o posicio-namento de
mercado.
massa de um produto para todos os compradores. Henry empresa não está disposta a personalizar seu "pacote"
Ford condensou esta estratégia de marketing quando de ofertas/comunicações a cada consumidor individual.
ofereceu o modelo T para todos os compradores; eles Ao contrário, ela procura isolar alguns segmentos am-
podiam comprar o carro "de qualquer cor, conquanto plos que formam um mercado. Por exemplo, uma em-
fosse a preta". A Coca-Cola também praticou marketing presa automobilística pode identificar quatro segmen-
de massa por muitos anos quando vendia seu refrige- tos amplos: compradores que procuram transporte bási-
rante em apenas um tamanho de garrafa. co, os que buscam alto desempenho, os interessados em
O argumento tradicional para marketing de massa luxo e os interessados em segurança.
é que ele cria maior potencial de mercado, leva a custos Assim, a segmentação é um ponto intermediário
menores que, por sua vez, representam preços mais bai- entre marketing de massa e marketing individual. Pre-
xos ou margens maiores. Entretanto, muitos críticos sume-se que os consumidores pertencentes a um seg-
apontam para a crescente pulverização do mercado que mento sejam bastante similares em desejos e necessida-
torna o marketing de massa mais difícil. Conforme de- des. Todavia, não são idênticos. Alguns participantes de
clara Regis McKenna: segmentos desejarão características e benefícios adicio-
nais não incluídos na oferta, enquanto outros estariam
[Os consumidores]... têm várias maneiras de dispostos a abrir mão de algo que não desejam muito.
comprar: em gigantescos shopping centers, lojas de Por exemplo, a rede de hotéis Ritz-Carlton visa hóspe-
especialidade e superlojas; por catálogos de mala di- des ricos e proporciona muitas amenidades em seus apar-
reta, redes de compra direta a partir da residência e tamentos, embora alguns deles gostariam de encontrar
lojas virtuais na Internet. São bombardeados por mais itens, como um aparelho de fax; outros desejariam
mensagens veiculadas através de um crescente nú- menos amenidades e um preço menor. Portanto,
mero de canais: redes de televisão, televisão a cabo, marketing de segmento não é tão preciso como marketing
rádio, redes de computadores on-line, Internet, ser- individual, mas é muito mais preciso do que marketing
viços de telefonia como fax e telemarketing, revistas de massa.2
especializadas em nichos e outras mídias impressas.1 Marketing de segmento oferece vários benefícios
em relação à marketing de massa. A empresa pode criar
A proliferação de mídias de propaganda e canais uma oferta de produto/serviço mais ajustada e cobrar
de distribuição está dificultando a prática de marketing um preço apropriado à audiência-alvo. A escolha de ca-
não ajustado às necessidades de públicos específicos. Não nais de distribuição e de comunicações torna-se muito
surpreende a afirmação de que marketing de massa está mais fácil e a empresa pode enfrentar menor número de
morrendo. Assim, muitas empresas estão abandonando- concorrentes se poucos deles estiverem focando esse
o e passando a adotar micromarketing em um dos qua- segmento de mercado.
tro níveis descritos a seguir.
MARKETING DE NICHO. Normalmente, os segmentos de
MARKETING DE SEGMENTO. Um segmento de mercado é mercado são grandes grupos de compradores iden-
formado por um grande grupo de compradores tificáveis em um mercado - por exemplo, não-fumantes,
identificável em um mercado. A empresa que pratica fumantes ocasionais, fumantes regulares e fumantes ha-
marketing de segmento reconhece que os compradores bituais. Nicho é um grupo mais restrito de compradores,
diferem em seus desejos, poder de compra, localizações tipicamente um pequeno mercado cujas necessidades não
geográficas, atitudes e hábitos de compra. Entretanto, a estão sendo bem atendidas. Geralmente, as empresas
1. McKENNA, Regis. Real-time marketing. Harvard Business Review, p. 87-95 (aqui, p. 87), July-Aug. 1995.
2. Veja ANDERSON, James C, NARUS, James A. Capturing the value of supplementary services. Harvard Business Review, p. 75-83, Jan.-Feb.
1995.
2a. Veja DALGIC, Tevfik, LEEUW, Maarten. Niche marketing revisited: concept, applications, and some european cases. European Journal of
Marketing, 28, n. 4, p. 39-55, 1994.
3. NOZAR, Robert A. Ramada three-tier plan wins kudos. Hotel and Motel Management, p. 1, 25, 8 May 1995; e KOSS, Laura. Upper midpriced
niche entices Ramada. Hotel and Motel Management, p. 6, 44, 16 Aug. 1993.
4. CUTLER, Laurel. Citada em: Stars of the 1980s cast their light. Fortune, p. 76, 3 July 1989.
5. BOCCONE, Andrew A. Speciality chemical: in pursuit of fastgrowth niche markets. Chemicals Week, p. 32-34, 12 Apr. 1989.
6. LINNEMAN, Robert E., STANTON, JR., John L. Making niche marketing work: how to grow bigger by acting smaller. New York : McGraw-Hill,
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7. BLATTBERG, Robert, DEIGHTON, John. Interactive marketing: exploiting the age of addressibility. Sloan Management Review, 33, n. 1, p. 5-
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9. PINE II, B. Joseph. Mass customization. Boston : Harvard Business School Press, 1993; e PINE II, B. Joseph, PEPPERS, Don, ROGERS,
Martha. Do you want to keep your customers forever? Harvard Business Review, p. 103-114, Mar./Apr. 1995.
10. MOFFAT, Susan. Japan's new personalized production. Fortune, p. 132-135, 22 Oct. 1990.
especificações do cliente. As semeadoras são fabricadas prar. Consideremos dois compradores com estilos de com-
uma a uma, em qualquer seqüência, em uma única linha pra diferentes. O primeiro recebe visitas de vendedores
de produção. que tentam persuadi-lo a comprar seus produtos. O se-
gundo não recebe vendedores, mas entra na Internet,
procura informações e avaliações sobre ofertas de pro-
BECTON-DICKINSON A Becton-Dickinson, impor- dutos/serviços disponíveis; dialoga eletronicamente com
tante fornecedora de suprimentos médicos, oferece gran- os vários fornecedores, usuários e críticos de produto; e,
de número de opções aos hospitais: etiquetas prepara- no final, tira suas conclusões sobre a melhor oferta. Este
das sob medida, embalagem à granel ou individual, con- segundo comprador está assumindo maior responsabili-
trole de qualidade, software e faturamento customizados. dade pelo processo de decisão de marketing e as empre-
sas tradicionais têm menor influência sobre sua decisão
final.
Conforme Arnold Ostle, designer-cheíe da Mazda:
À medida que a tendência para o diálogo interativo
"Os consumidores desejarão expressar sua individuali-
aumentar e o monólogo da propaganda diminuir, o
dade com os produtos que compram." As oportunidades
automarketing crescerá em importância. Veremos cres-
oferecidas por essas tecnologias prometem transformar
cente número de compradores examinando relatórios de
marketing de "mídia ampla para mídia dirigida nos dois
consumidores, participando de fóruns eletrônicos de dis-
sentidos", em que o consumidor participa ativamente do
cussão sobre produtos e transmitindo pedidos via tele-
design do produto e da oferta.n Esse movimento em di-
fone ou computador. As empresas influenciarão o pro-
reção a marketing individual é tão importante que será
cesso, mas de novas maneiras. Precisarão oferecer linhas
examinado em mais detalhes no Capítulo 23.
telefônicas 0800 (discagem direta gratuita) exibidas cla-
ramente em seus anúncios e produtos para facilitar o
AUTOMARKETING. Automarketing é a forma de marketing acesso de consumidores reais e potenciais com pergun-
individual em que o consumidor assume mais responsa- tas, sugestões e reclamações. Envolverão mais os consu-
bilidade para determinar que produtos e marcas com- midores no processo de desenvolvimento de produto,
12. ANDREASEN, Alan R., BELK, Russell W. Predictors of attendance at the performing arts. Journal of Consumer Research, p. 112-120, Sept.
1980.
13. ARNS, Catherine. PC makers head for SoHo. Business Week, p. 125-126, 28 Sept. 1992; KHERMOUCH, Gerry. The marketers take over.
Brandweek, p. 29-35, 27 Sept. 1993.
14. Para conhecer um estudo sobre a estrutura de mercado da hierarquia de atributos no mercado de café, veja DIPAK, Jain, BASS, Frank M.,
CHEN, Yu-Min. Estimation of latent class models with heterogeneous choice probabilities: an application to market structuring. Journal of
Marketing Research, p. 94-101, Feb. 1990.
VARIÁVEIS GEOGRÁFICAS
Região Pacífico, Montanhas, Noroeste Central, Sudoeste Central, Nordeste Central, Sudeste
Central, Atlântico Sul, Atlântico Médio, Nova Inglaterra
População da cidade Abaixo de 4.999; 5.000 - 19.999; 20.000 - 49.999; 50.000 - 99.999; 100.000 -
249.999; 250.000 - 499.999; 500.000 - 999.999; 1.000.000 - 3.999.999;
4.000.000 ou mais
Concentração Urbana, suburbana, rural
Clima Norte, Sul
VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS
Faixa etária Abaixo de 6 anos de idade; 6 - 11; 12 - 19; 20 - 34; 35 - 49; 50 - 64; 65 ou mais
Tamanho da família 1 a 2 pessoas; 3 a 4; 5 ou mais
Ciclo de vida da família Jovem solteiro (a); casal jovem sem filhos; casal jovem com filho mais novo abaixo
de 6 anos; casal jovem com filho de 6 anos ou mais; casal de meia idade com filhos;
casal de meia idade sem filhos menores; solteiro de meia idade; outros
Sexo Masculino, feminino
Renda Abaixo de $ 9.999; $ 10.000 - $ 14.999; $ 15.000 - $ 19.999; $ 20.000 - $ 29.999;
$ 30.000 - $ 49.999; $ 50.000 - $ 99.999; $ 100.000 ou mais
Ocupação Profissionais liberais e técnicos; gerentes, funcionários públicos e proprietários;
funcionários de escritório e vendedores; artesãos e encarregados; operários;
fazendeiros; aposentados; estudantes; donas de casa; desempregados
Formação educacional Básico completo; básico incompleto; médio completo; médio incompleto; superior
completo; superior incompleto; pós-graduado
Religião Católica, protestante, judaica, muçulmana, hindu e outras
Raça Branca, negra, asiática
Geração Pós-guerra, geração X
Nacionalidade Norte-americana, sul-americana, britânica, francesa, alemã, italiana, japonesa
Classe social Miseráveis, pobres, classe operária, classe média, classe média-alta, classe alta e
classe alta-alta
VARIÁVEIS PSICOGRÁFICAS
Estilo de vida Objetivos, extravagantes, intelectuais
Personalidade Compulsiva, gregária, autoritária, ambiciosa
VARIÁVEIS COMPORTAMENTAIS
15. Veja MARKETINffs new look: Campbell leads a revolution in the way consumer products are sold. Business Week, p. 64-69, 26 Jan. 1987.
16. RICKARD, Leah. Gerber trots out new ads backing Toddler food Une. Advertising Age, p. 1, 48, 11 Apr. 1994.
17. RIGDON, Joan E. Marketing: photography companies focus on niches. The Wall Street Journal, 12 Mar. 1993, Bl:4.
18. AMERICAN Demographics, Aug. 1986.
19. Para mais informações sobre as gerações, veja SOLOMON, Michael R. Consumer behavior. 3. ed. Upper Saddle River, NJ : Prentice Hall, 1996.
Cap. 14; e FEATHER, Frank. The future consumer. Toronto : Warwick Publishing, 1994. p. 69-75.
20. SERWER, Andrew E. 42.496 secrets bared. Fortune, p. 13-14, 24 Jan. 1994; LABICH, Kenneth. Class in America. Fortune, p. 114-126, 7 Feb.
1994.
21. BREWER, Geoffrey. Bringing buyers to the fore. Incentive, p. 77-79, May 1992.
22. KIM, Junu Bryan. Taking comfort in country: after decade of '80s excess, marketers tap easy Iifestyle as part of ad messages. Advertising Age,
p. S1-S4, 11 Jan. 1993.
23. Citado em EVANS, Franklin B. Psychological and objetive factors in the prediction of brand choice: Ford versus Chevrolet. Journal of
Business, p. 340-369, Oct. 1959.
24. SHOEMAKER, Stowe. Segmenting the U.S. travei market according to benefits realized. Journal of Travei Research, p. 8-21, Winter 1994.
Fonte: Adaptado de HALEY, Russel J. Benefit segmentation: a decision oriented research tool. Journal of Marketing, p. 30-35, July 1963.
Reimpresso com permissão da American Marketing Association.
vida (como os casais novos e mamães do primeiro fi- ticas: são operários com idades entre 25 e 50 anos e
lho). Para manter a participação de mercado, também assistem muito televisão, principalmente programas es-
trabalharão para manter a consciência de marca e portivos. Esses perfis podem orientar os profissionais de
desencorajar os usuários leais a escolher outra marca. marketing no desenvolvimento de estratégias de preço,
mensagens e mídia.
Taxa de uso. Os mercados podem ser segmentados As organizações de marketing social enfrentam um
em pequenos, médios e grandes usuários do produto. dilema com os grandes usuários. Normalmente, um ór-
Freqüentemente, os grandes usuários representam pe- gão de planejamento familiar se orientaria para as famí-
quena porcentagem do mercado, mas respondem por lias pobres com muitos filhos, embora estas famílias se-
grande porcentagem do consumo total. Geralmente, as jam também as mais resistentes às mensagens de con-
empresas preferem atrair um grande usuário para seu trole de natalidade. Além disso, essas organizações po-
produto ou serviço do que muitos pequenos usuários. dem ser acusadas de discriminação. O Departamento
Por exemplo, um estudo sobre o setor de viagem mos- Nacional de Segurança pode visar aos motoristas impru-
trou que os usuários freqüentes das agências que as pro- dentes, mas estes são os mais refratários aos apelos de
curam para programas de férias estão mais envolvidos segurança ao dirigir. Esses órgãos devem considerar se
em grupos, são mais inovadores, melhor preparados in- irão em busca de poucos grandes infratores altamente
telectualmente e, mais provavelmente, são líderes de resistentes ou de muitos pequenos infratores menos re-
opinião, do que os usuários menos freqüentes. Os gran- sistentes.
des usuários viajam mais e procuram mais informações
sobre viagens de férias em jornais, revistas, livros e fei- Status de lealdade. Um mercado pode ser segmen-
ras comerciais.25 Claramente, uma agência de viagem tado por padrões de lealdade dos consumidores. Estes
seria beneficiada ao dirigir seus esforços de marketing podem ser leais a marcas (Coca-Cola), lojas (Sears) e a
aos grandes usuários, talvez, usando telemarketing e outras entidades. Suponhamos que há cinco marcas: A,
festas e promoções especiais. B, C, D e E. Os compradores podem ser divididos em
A Figura 9.4 mostra as taxas de uso para alguns quatro grupos, de acordo com seu status de lealdade de
produtos de consumo popular. Por exemplo, 41% das marca:
residências amostradas compravam cerveja. Mas os gran-
des usuários representavam 87% da cerveja consumida • Altamente leais. Consumidores que compram sem-
- quase sete vezes mais do que os pequenos usuários. É pre a mesma marca. Assim, um padrão de compra
evidente que uma cervejaria preferiria atrair um grande A, A, A, A, A, A pode representar um consumidor
usuário para sua marca, em vez de muitos pequenos com lealdade exclusiva à marca A.
usuários. Assim, a maioria das cervejarias focava os gran- • Leais divididos. Consumidores que são leais a duas
des consumidores de cerveja usando apelos como o da ou três marcas. O padrão de compra A, A, B, B, A, B
Miller Lite: "Grandes sabores, muito mais do que ape- representa um consumidor com lealdade dividida
nas conteúdo". Freqüentemente, os grandes usuários de entre as marcas A e B. Este grupo está aumentando
um produto têm características demográficas, psicográ- rapidamente. Grande número de consumidores está
ficas e hábitos de mídia comuns. O perfil dos grandes comprando um pequeno conjunto de marcas aceitá-
consumidores de cerveja mostra as seguintes caracterís- veis que são equivalentes em suas mentes.
25. GOLDSMITH, Ronald E., FLYNN, Leisa Reinecke, BONN, Mark. An empirical study of heavy users of travei agencies. Journal of Travei
Research, p. 38-43, Summer 1994.
• Leais mutantes. Consumidores que trocam uma mar- as suas. Se muitos compradores de Colgate também
ca favorita por outra. O padrão de compra A, A, A, compram Crest, a Colgate pode tentar melhorar seu
B, B, B sugere um consumidor que está mudando de posicionamento em relação a Crest, possivelmente,
lealdade da marca A para a B. usando propaganda comparativa direta.
• Indecisos. Consumidores que não mostram lealdade • Ao examinar os consumidores que estão abandonan-
a qualquer marca. O padrão de compra A, C, E, B, D, do sua marca, a empresa pode identificar suas fra-
B sugere um consumidor não-leal, inclinado às ofer- quezas de marketing para corrigi-las. Ela pode tam-
tas (compram a marca que está em promoção) ou bém atrair os compradores indecisos fazendo pro-
inclinados à variedade (desejam experimentar mar- moções freqüentes. Entretanto, pode não valer a
cas diferentes).26 pena atraí-los.
Cada mercado consiste de número diferente dos Cautela: O que aparenta ser padrão de compra de
quatro' tipos de compradores. Um mercado leal à marca consumidores altamente leais pode refletir hábito, indi-
é o que tem elevada porcentagem de compradores alta- ferença, preço baixo, alto custo para a mudança ou a
mente leais. Assim, os mercados de creme dental e de indisponibilidade de outras marcas. Assim, a empresa
cerveja são constituídos de consumidores altamente le- deve examinar o que está por trás dos padrões de com-
ais à marca. As empresas que vendem em um mercado pra observados. Deve-se determinar se os usuários são
leal à marca enfrentam tarefa árdua para conquistar mais leais, indecisos ou emergentes para o desenvolvimento
participação e aquelas que ingressam neste tipo de mer- de estratégias de marketing adequadas. Para mais infor-
cado vêem-se em face de muitas dificuldades. mações sobre este tópico, veja a seção Insight de
Uma empresa pode aprender muito analisando os Marketing intitulada "Visando consumidores em uma
graus de lealdade de marca: economia de crescimento lento".
26. Esta classificação foi adaptada de BROWN, George H. Brand loyalty - fact or fiction? Advertising Age, June 1952/Jan. 1953, uma série.
para detectar possível câncer uterino. No início, a maio- marketing deve ser adaptado aos diferentes estágios de
ria das mulheres desconhece a existência do teste. O es- aptidão do consumidor.
forço de marketing deve ser dirigido para o desenvolvi-
mento de consciência, usando-se uma mensagem sim- Atitude. Cinco grupos de atitudes podem ser encon-
ples de propaganda. Depois, a propaganda deve enfatizar trados em um mercado: são os entusiastas, positivos, in-
os benefícios do teste e os riscos de não o fazer, para diferentes, negativos e hostis. Os cabos eleitorais em uma
mobilizar mais mulheres a desejá-lo. Uma oferta espe- campanha política usam a atitude do eleitor para deter-
cial de exame gratuito pode ser divulgada, atraindo-as, minar quanto tempo gastar com ele. Agradecem os elei-
realmente, para realizá-lo. Em geral, o programa de tores entusiastas e os estimulam a votar; reforçam aque-
27. SANDOR, Gabrielle. Attitude (not age) defines the mature market. American Demographics, p. 18-21, Jan. 1994.
28. Outras importantes empresas fornecedoras de dados geodemográficos são a ClusterPlus (da Donnelly Marketing Information Service) e a
Acord (C.A.C.I., Inc.).
29. DEL VALLE, Christina. They know where you live - and how you buy. Business Week, p. 89, 7 Feb. 1994.
30. Veja WEISS, Michael J. The dustering of America. New York : Harper & Row, 1988.
31. Veja PALEY, Norton. Cut out for success. Sales and Marketing Management, p. 43-44, Apr. 1994.
VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS
7. Organização da função compra na empresa: Devemos atender às empresas com departamentos de compras altamen-
te centralizados ou descentralizados?
8. Estrutura de poder: Devemos atender às empresas orientadas para engenharia, finanças etc?
9. Natureza dos relacionamentos existentes: Devemos atender às empresas com as quais temos forte relacionamento ou,
simplesmente, procurar aquelas mais desejáveis?
10. Política geral de compras: Devemos atender às empresas que preferem fazer leasing? Contratos de serviços? Compra
de sistemas? Propostas fechadas?
11. Critérios de compra: Devemos atender às empresas que estão procurando qualidade, serviço ou preço?
FATORES SITUACIONAIS
12. Urgência: Devemos atender as empresas que precisam de entregas ou serviços rápidos e repentinos?
13. Aplicação específica: Devemos focar certas aplicações de nosso produto, em vez de todas?
14. Tamanho de pedido: Devemos focar grandes ou pequenos pedidos?
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
15. Similaridade entre comprador-vendedor: Devemos atender às empresas cujo pessoal e valores sejam similares aos
nossos?
16. Atitudes em relação ao risco: Devemos atender aos clientes que assumem ou que evitam riscos?
17. Lealdade. Devemos atender as empresas que mostram alta lealdade a seus fornecedores?
Fonte: Adaptado de BONOMA, Thomas V, SHAPIRO, Benson E Seginenting the industrial market, 1983. Reimpresso com permissão de
Benson P. Shapiro.
os requerem equipamentos que dependam de poucos dir focar componentes de construção, considerou
serviços. Os laboratórios industriais necessitam de equi- o melhor tamanho de cliente e optou em atender
pamentos que sejam altamente confiáveis e precisos. aos grandes compradores. A segunda etapa con-
Geralmente, as empresas industriais identificam sistiu da microssegmentação. A empresa distinguiu
segmentos através de um processo seqüencial de entre clientes que compravam em função de pre-
segmentação. Consideremos uma fábrica de alumínio: ço, serviço ou qualidade. Em função da fábrica de
alumínio possuir um perfil elevado em termos de
Primeiro, essa fábrica empreendeu a macros- serviços, decidiu concentrar no segmento de mer-
segmentação, consistindo em três etapas.32 Defi- cado que comprava com esta motivação.
niu que mercado usuário final atender: automobi-
lístico, construção residencial ou latas de bebidas. O esquema de segmentação dessa fábrica de alu-
Ao escolher o mercado de construção residencial, mínio postula um benefício único, à medida que orienta
precisava determinar a aplicação mais atraente do a escolha do produto dentro de cada segmento. Toda-
produto: materiais semi-acabados, componentes de via, os compradores industriais podem estar procuran-
construção ou casas móveis de alumínio. Ao deci- do "pacotes" de benefícios diferentes. Robertson e Barich
32. Veja WIND, Yoram, CARDOZO, Richard. Industrial market segmentation. Industrial Marketing Management, v. 3, p. 153-166,1974; e HLAVACEK,
James D., AMES, B. C. Segmenting industrial and high-tech markets. Journal of Business Strategy, p. 39-50, Fali 1986.
33. ROBERTSON, Thomas S., BARICH, Howard. A successful approach to segmenting industrial markets. Planning Fórum, p. 5-11, Nov./Dec.
1992.
34. RANGAN, V Kasturi, MORIARTY, Rowland T., SWARTZ, Gordon S. Segmenting customers in mature industrial markets. Journal of Marketing,
p. 72-82, Oct. 1992.
35. Para outra abordagem interessante sobre a segmentação do mercado industrial, veja BERRIGAN, John, FINKBEINER, Carl. Segmentation
marketing: new methods for capturing business. New York : Harper Business, 1992.
36. BRANDES, Wendy. Advertising: black-oriented radio tunes into narrower segments. The Wall Street Journal, 13 Feb. 1995, p. B5:l.
P1 P1 P1 P1 P1
P2 P2 P2 P2 P2
P3 P3 P3 P3
P == p r o d ulto M = M ercadc
Fonte: Adaptado de ABELL, Derem F. Definição do negócio: o ponto de partida para o planejamento estratégico. São Paulo : Atlas, 1990.
Cap. 8.
Figura 9.5 Cinco padrões de seleção de mercados-alvo.
ESPECIALIZAÇÃO POR PRODUTO. Aqui, a empresa concen- Marketing indiferenciado. A empresa pode ignorar
tra-se na fabricação de um produto vendido a diversos as diferenças de segmentos de mercado e procurar o
segmentos. Um exemplo seria um fabricante de micros- mercado amplo com apenas uma oferta.37 Ela foca as
cópios que os vende a laboratórios universitários, públi- necessidades dos compradores, em vez de as diferenças
cos e industriais. A empresa fabrica microscópios dife- entre eles. Desenvolve um produto e um programa de
rentes para estes grupos de clientes, mas evita fabricar marketing que atrairá um número mais amplo de com-
outros instrumentos usados por laboratórios. Por meio pradores. Confia na distribuição e na propaganda de
dessa estratégia, a empresa desenvolve forte reputação massa. Procura dotar o produto com uma imagem supe-
na área específica do produto. Haveria risco se os mi- rior nas mentes dos consumidores. Um exemplo de
croscópios fossem suplantados por uma tecnologia to- marketing indiferenciado é a Coca-Cola, que no início
talmente nova. oferecia apenas uma bebida, em um só tamanho de gar-
rafa e com um único sabor. Um exemplo atual no Japão
é o popular/ufcubufcoro ("pacote surpresa"), que contém
ESPECIALIZAÇÃO POR MERCADO. Aqui, a empresa concen-
bens variados, comprados pelas pessoas porque acredi-
tra-se em atender a muitas necessidades de um grupo tam na afirmação do gerente da loja de que o conteúdo
específico de consumidores. Podemos citar como exem- é uma boa oferta pelo preço cobrado.38
plo uma empresa que vende um sortimento de produtos
para laboratórios universitários, incluindo microscópi- Freqüentemente, marketing indiferenciado é visto
os, osciloscópios, bicos de Bunsen e tubos de vácuo. A como "a contrapartida de marketing à padronização e
empresa obtém maior reputação ao especializar-se no produção em massa".39 A linha estreita de produtos
atendimento deste grupo de clientes, tornando-se um mantém os custos de produção, estocagem e transporte
canal para todos os novos produtos que forem lançados. baixos. O programa de propaganda indiferenciado man-
Há o risco dos laboratórios universitários, repentinamen- tém os custos de divulgação baixos. A ausência de pes-
te, sofrerem corte de orçamento e reduzirem suas com- quisa e de planejamento de segmentos reduz os custos
pras. de marketing e de administração de produto. Provavel-
mente, a empresa pode transformar suas reduções de
custos em preços menores para conquistar o segmento
COBERTURA AMPLA DE MERCADO. Neste caso, a empresa de mercado sensível a preço. Provavelmente, a empresa
tenta atender a todos os grupos de consumidores com pode transformar suas reduções de custos em preços
todos produtos que possam necessitar. Apenas as gran- menores para conquistar o segmento de mercado sensí-
des empresas podem adotar uma estratégia de cobertu- vel a preço.
ra ampla de mercado. Citamos como exemplos a IBM Todavia, muitas empresas têm levantado fortes
(mercado de computadores), General Motors (mercado dúvidas sobre essa estratégia. Gardner e Levy, embora
de veículos) e Coca-Cola (mercado de bebidas). reconhecendo que "algumas marcas tenham alcançado
AS grandes empresas podem cobrir um mercado reputações significativas por se ajustarem a uma ampla
amplo de duas maneiras: através de marketing indi- variedade de pessoas", notaram que "não é fácil para
ferenciado ou de marketing diferenciado. uma marca atrair compradores estáveis da classe média
37. Veja SMITH, Wendell R. Product differentiation and market segmentation as alternative marketing strategies. Journal of Marketing, p. 3-
July 1956; e ROBERTS, Allan A. Applying the strategy of market segmentation. Business Horizons, p. 65-72, Fall 1961.
38. SHIMIZU, Norihiko. Bacon and eggs, hold the eggs. Tokyo Business, p. 35, Sept. 1994.
39. SMITH. Product differentiation. p. 4
40. GARDNER, Burleigh, LEVY, Sidney. The product and the brand. Harvard Business Review, p. 37, Mar./Apr. 1955.
41. FEFER, Mark D. Job tip: horses need shoes too. Fortune, p. 14-18, 27 Dec. 1993.
42. KUEHN, Alfred A., DAY, Ralph L. Strategy of product quality. Harvard Business Review, p. 101-102, Nov./Dec. 1962.
43. REDA, Susan. American drug stores custom-fits each market. Stores, p. 22-24, Sept. 1994.
44. RESNIK, Alan J., TURNEY, Peter B. B., MASON, J. Barry. Marketers turn to "countersegmentation". Harvard Business Review, p. 100-106,
Sept./Oct. 1979.
45. Veja MACCHIETTE, Bart, ABHIJIT, Roy. Sensitive groups and social issues. Journal ofConsumer Marketing, 11, n. 4, p. 55-64, 1994.
46. Veja SELLING sin to blacks. Fortune, p. 100, 21 Oct. 1991; MOORE, Martha T. Putting on a fresh face. USA Today, p. B1, B2, 3 Jan. 1992;
GAITER, Dorothy J. Black-owned firms are catching an afrocentric wave. The Wall Street Journal, 8 Jan. 1992, p. B:2; e MALLORY, Maria.
Working up to a major market. Business Week, p. 70-73, 23 Mar. 1992.
empresas de transporte de cargas. O problema é: Para primeiro segmento, mas irão usá-lo como plataforma de
onde a empresa C deve mover-se a seguir? As setas fo- lançamento para invasões sucessivas.
ram acrescentadas no gráfico para mostrar a seqüência Os planos de invasão de uma empresa podem ser
planejada das invasões de segmentos de mercado des- frustrados quando ela se confronta com mercados blo-
conhecida pelos concorrentes da empresa C. A seguir, a queados. Assim, o invasor deve descobrir uma forma de
empresa C oferece computadores de médio porte para romper o mercado bloqueado. O problema de entrar em
as empresas de transporte de cargas; assim, para atenu- mercados bloqueados pode ser resolvido com uma abor-
ar a preocupação da empresa B sobre seu negócio de dagem de megamarketing.
grandes computadores vendidos para as empresas de
transporte de cargas, a empresa C passa a oferecer MEGAMARKETING é a coordenação estratégica de
microcomputadores sob medida para as ferrovias. De- habilidades econômicas, psicológicas, políticas e de
pois, ela oferecerá computadores médios para as mes- relações públicas para a obtenção da cooperação das
mas ferrovias. Finalmente, lança um ataque amplo so- várias partes envolvidas, possibilitando a entrada e/
bre a posição da empresa B que vende grandes compu-
ou operação em determinado mercado.
tadores para as empresas de transporte de carga. Sem
dúvida, sua seqüência planejada é temporária porque
depende muito dos movimentos dos concorrentes no A Pepsi usou megamarketing para entrar no mer-
decorrer do tempo. cado indiano:
Infelizmente, muitas empresas falham ao desen-
volver um plano de invasão a longo prazo, em que têm PEPSICO Após a Coca-Cola ser solicitada a deixar a
que assinalar a seqüência e o momento das entradas nos Índia, a Pepsi começou a definir planos para entrar nes-
segmentos de mercado. A Pepsi-Cola é uma exceção. Seu se imenso mercado. Trabalhou junto à instituições em-
ataque sobre a Coca-Cola foi pensado em termos de um presariais do país para obter aprovação governamental
grande plano, primeiro, atacando sua rival no mercado para sua entrada no mercado e superar as objeções das
de supermercados, depois no de máquinas automáticas empresas de refrigerantes locais e da legislação
de venda, a seguir, no de lojas de fast-food e assim por antimultinacional. A Pepsi encontrou uma solução ao
diante. As empresas japonesas estão também preparan- fazer uma oferta que, dificilmente, o governo indiano
do sua seqüência de invasão. Primeiro, colocaram um iria recusar. Ofereceu-se para ajudar o país a exportar
pé no mercado para depois introduzir novos produtos à alguns de seus produtos agrícolas em um volume que
medida que os anteriores eram bem-sucedidos. Por exem- seria superior ao custo de importar o concentrado de
plo, a Toyota começou a lançar carros pequenos no mer- seu refrigerante. Também prometeu focar considerável
cado (por exemplo, Tercei e Corolla), depois, passaram esforço de venda nas áreas rurais para ajudar seu desen-
a carros médios (Camry e Cressida) e, finalmente, car- volvimento econômico. A seguir, a Pepsi prometeu trans-
ros de luxo (Lexus). Geralmente, as empresas norte- ferir tecnologia em processamento e embalamento de
americanas temem quando uma empresa japonesa en- alimentos e em tratamento d'água à Índia. Claramente,
tra no mercado porque sabem que elas não param no sua estratégia era oferecer um "pacote" de benefícios
COOPERAÇÃO ENTRE SEGMENTOS. A melhor forma de ad- CHASE Como a maioria dos bancos, o Chase, origi-
ministrar segmentos é indicar gerentes de segmentos com nalmente, mantinha registros dos clientes separados por
autoridade e responsabilidade suficientes. Ao mesmo departamento - empréstimos, depósitos, caução e assim
tempo, os gerentes de segmentos não devem ficar tão por diante. Assim, era difícil para um gerente conhecer
focados nos mesmos, deixando de obter a cooperação a atividade global de um cliente de uma agência. Final-
de outras pessoas da empresa para melhorar o desem- mente, os gerentes dos vários departamentos concorda-
penho global da organização. Consideremos as seguin- ram em trabalhar com especialistas em contabilidade e
tes situações que exigem a cooperação interdeparta- sistemas de informações para desenvolver um sistema
mental: integrado de informações de clientes.
RESUMO
1. Para escolher seus mercados e atendê-los, as empre- mem maior responsabilidade em determinar que
sas devem visar seus mercados. Marketing de alvo produtos e marcas comprar.
envolve três atividades: segmentação de mercado, 2. Há duas bases para a segmentação de mercados con-
mercado-alvo e posicionamento de mercado. sumidores: as características dos consumidores e as
Em razão da proliferação de mídias de propaganda respostas dos consumidores. As principais variáveis
e canais de distribuição estar dificultando a prática de segmentação para os mercados consumidores são
de marketing de massa pelas empresas, elas estão, geográficas (país, estado, região, cidade, bairro),
crescentemente, adotando micromarketing em qua- demográficas (idade, tamanho da família, ciclo de
tro níveis: segmentos, nichos, áreas locais e indiví- vida da família, sexo, renda, ocupação, formação
duos. Segmentos de mercado são grandes grupos educacional, religião, raça, geração, nacionalidade,
indentificáveis em um mercado. Nicho é um grupo classe social), psicográficas (estilos de vida, perso-
muito bem definido, geralmente identificado ao se nalidade) e comportamentais (ocasiões, benefícios,
dividir um segmento em subsegmentos ou ao se de- status de usuário, status de lealdade, estágio de ap-
finir um grupo com um conjunto de traços distintos tidão de compra, atitude). Estas variáveis podem ser
que pode buscar uma combinação especial de bene- usadas isoladamente ou em combinação. As empre-
fícios. Em nível local, as empresas estão customi- sas de bens industriais também usam todas estas
zando suas campanhas para áreas comerciais, vizi- variáveis, acompanhadas de variáveis operacionais,
nhanças e até para lojas individuais. Em nível indi- abordagens de compra e fatores situacionais. Para
vidual, as empresas estão praticando customização serem úteis, os segmentos de mercado devem ser
individual e em massa. É provável que no futuro te- mensuráveis, substanciais, acessíveis, diferenciáveis
remos mais automarketing, forma de marketing in- e acionáveis.
dividual em que os consumidores individuais assu-
47. Veja KOTLER, Philip. Megamarketing. Harvard Business Review, p. 117-124, Mar./Apr. 1986.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Duas líderes suíças da indústria de relógios no iní- edades de sabor, aroma e estimulante do café ou
cio dos anos 80 eram a SSIH, que fabricava a marca deve escolher outros fatores?
Omega e a ASUAG, que produzia as marcas Rado e 4. Sugira uma forma útil de segmentar os mercados
Longines. À medida que a década foi passando, dos seguintes produtos?
ambas as empresas encontraram-se em dificuldades. a. Sabão em pó Orno
A Omega havia-se tornado uma marca altamente b. Alimentos para animais
diluída, enquanto a ASUAG cometia vários peque- c. Café em embalagem especial
nos erros gerenciais. Além disso, o mercado estava d. Pneus de automóveis
sendo invadido pelos relógios de quartzo japoneses, 5. Um fabricante de relógios reconhece que está, basi-
desenvolvimento este que os suíços resolveram ig- camente, no negócio de medição do tempo. Deseja
norar. Os bancos suíços mantiveram a indústria viva, segmentar o mercado de medição do tempo para
permitindo a fusão destas duas empresas, forman- identificar novas oportunidades. Identifique os prin-
do a SMH. A SMH decidiu segmentar o mercado em cipais segmentos desse mercado.
três áreas distintas: popular, intermediário e sofisti- 6. A segmentação psicográfica tenta dividir os compra-
cado. Sugira o tipo de relógio que pode atrair cada dores em grupos baseados em estilos de vida e/ou
segmento. Em que segmento a famosa marca Swatch personalidades. O uso de características psicográficas
está situada? pode ajudar as empresas a ajustar seus compostos
2. Durante muitos anos, se você quisesse uma Coca, de marketing para visar determinados grupos. A lis-
teria apenas uma escolha: um refrigerante de 180 ta a seguir é um exemplo de atividades, interesses e
ml disponível na famosa garrafa de fundo verde. Até opiniões (AIOs) associados com os comportamen-
o início dos anos 80, a Coca-Cola não permitia seu tos de compra de usuários e não- usuários de muni-
nome associado a qualquer outro produto. Conside- ção para armas. Examine os AIOs e tente determi-
rando a embalagem e a bebida, quantos tipos dife- nar quais estão associados com os grandes usuários
rentes de Coca estão agora disponíveis? Que outras de munição e quais estão associados com os não-
marcas de refrigerantes a empresa está vendendo usuários:
agora? Que tipos de produtos não-refrigerantes es- a. Gosto de pescar
tão agora sendo vendidos pela Coca-Cola? b. Gosto de perigo
3. A Nestlé Company está considerando introduzir sua c. Gostaria de trabalhar na polícia
marca de café na Tailândia. A pesquisa de mercado d. Gosto de caçar
revelou as seguintes informações sobre a sociedade e. Há muita violência na televisão
e a cultura locais: As pessoas que ficam presas nos f. Gosto de jogar pôquer
congestionamentos de tráfego de suas áreas urba- g. Gosto da vida ao ar livre
nas sofrem níveis elevados de estresse. Freqüente- h. Gosto de comer
mente, a temperatura do país está acima de 27° i. Deve haver uma arma em cada casa
Celsius. Dadas estas informações, a Nestlé deve usar j. Gostaria de ser jogador de futebol profissional
sua propaganda tradicional promovendo as propri- k. Gosto de estórias de guerra
III
DESENVOLVIMENTO
DE ESTRATÉGIAS DE
MARKETING
Diferenciação e
10 Posicionamento da
Oferta de Mercado
Todos os homens podem ver as táticas pelas quais faço minhas conquistas, mas o que
ninguém pode ver é a estratégia que está por trás das vitórias.
ANÔNIMO
Em um setor industrial conhecido pela competição ro/milha 6,8 centavos, enquanto a American cobra 8,8 e
intensa, como uma pequena empresa enfrenta as gran- a United 9,6.1
des líderes? Uma resposta: diferenciando seu produto e
serviço e evitando concorrência direta. Consideremos o
A Southwest oferece vôos mais baratos, e "mais
caso da Southwest Airlines, que se tornou especialista
barato" é uma das maneiras mais amplas de uma em-
em evitar o confronto direto com as grandes linhas aé-
presa diferenciar sua oferta. A empresa pode também
}reas como a United e a American:
criar valor ao oferecer algo que seja melhor, mais novo
ou mais rápido. "Melhor" significa que a oferta da em-
A diferenciação tem sido a presa supera as ofertas de suas rivais; geralmente, en-
chave da rentabilidade da Southwest há duas décadas. volve melhoria de um produto existente. "Mais novo"
Esta pequena linha aérea de Dallas ocupou o nicho de significa desenvolver uma solução que não existia an-
vôos de curta distância com preços baixos e serviço de tes; geralmente, envolve risco maior do que uma sim-
bordo mínimo. Começando em 1973 com três Boeings ples melhoria, mas também proporciona ganhos maio-
737, conectando três cidades do Texas, a empresa havia res. "Mais rápido" significa reduzir o tempo de desem-
ampliado em 1993 sua frota para 157 aeronaves, unin- penho ou de entrega envolvido no uso ou compra de um
do 37 cidades, com um faturamento anual de $ 2 bi- produto ou serviço.
lhões. Voando a partir de aeroportos menores e evitan- As empresas que diferenciam sua oferta limitan-
do os congestionamentos dos grandes terminais aéreos, do-se apenas a cortar custos e preço podem estar come-
ela evita a concorrência direta de outras linhas aéreas. tendo um erro, por diversas razões. Primeiro, os produ-
Por exemplo, na Califórnia, opera entre Oakland e tos "mais baratos" são vistos, freqüentemente, como de
Burbank, em vez de São Francisco e Los Angeles. Ao qualidade inferior. Segundo, a empresa pode reduzir os
oferecer vôos de curta duração ponto a ponto a preços serviços para manter o preço baixo, e esta ação pode
razoáveis, tem condições de contratar pilotos habitua- afastar os compradores. Terceiro, um concorrente, ge-
dos a essas rotas de curta distância. Ela é consistente em ralmente, encontrará uma forma de produzir a custo
manter suas tarifas baixas porque opera apenas um tipo menor e oferecer uma versão ainda mais barata. Se a
de avião, o 737, eliminando, assim, despesas de manu- empresa não distinguir sua oferta de qualquer outra
tenção de diferentes tipos de aeronaves, oferecendo o maneira que não seja preço, será, totalmente, derrotada
mínimo em termos de serviço de bordo: um pacote de por sua concorrente.
amendoim é tudo o que você recebe quando embarca. A Southwest entende isso e essa é a razão porque
Como resultado, a Southwest pode cobrar por passagei- não compete apenas em preço. Ao contrário, possui um
1, RIGLER, Gail C. Case study: Southwest Airlines. Across theBoard, p. 56, March 1995; ATW awards twentyyears of excellence... in short-haul
airline service: Southwest Airlines. Air Transport World, p. 44-45, Feb. 1994; TEITELBAUM, Richard S. Keeping promises. Fortune, p. 32, 34,
Autumn-Winter 1993; REYNOLDS, JR., Don. Crackerjack positioning: niche marketing strategy for the entrepreneur. Tulsa, OK : Atwood
Publishing, 1993. p. 160-161.
252 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
dos melhores registros de pontualidade do setor porque podem viajar para o aeroporto de Heathrow de motoci-
não depende de aeroportos congestionados. Pela mes- cleta ou limusine.
ma razão, pode oferecer maior número de vôos - uma
saída para os viajantes a negócio que têm suas agendas A British Air (BA) deve competir com Branson usan-
bastante ocupadas. Acima de tudo, a Southwest distin- do os mesmos benefícios? Não, por duas razões. Primei-
gue-se como uma linha aérea "agradável" que quebra ro, Branson é mais criativo. Segundo, a British Air tem
regras mas não rompe compromissos. Que outra linha reforçado muito uma imagem que não conflita com o
aérea cujas aeronaves são pintadas com desenhos de estilo da Virgin. A BA precisa diferenciar sua linha aérea
Shamu, a baleia assassina, ou que tem um presidente desenvolvendo benefícios mais fundamentais para seu
que se veste como Elvis Presley e cumprimenta os passa- mercado-alvo, e isto é o que vem fazendo. Por exemplo,
geiros? Que outra linha aérea traria o avião de volta à oferece aos passageiros da primeira classe nos vôos lon-
área de embarque para um passageiro que esqueceu o gos o conforto que se aproxima de um quarto de dormir,
último aviso de embarque? incluindo pijamas e bancos que ficam na posição hori-
As empresas estão constantemente tentando dife- zontal. Além disso, a BA oferece no aeroporto de
renciar sua oferta de mercado ou "pacote" de valor dos Heathrow um local onde os passageiros que chegam de
concorrentes. Imaginam novos termos de garantia, re- viagem podem tomar banho, passar roupa e tomar café
compensas especiais para usuários leais, novas conveni- da manhã antes de irem para o centro de Londres. Mui-
ências e prazeres e assim por diante. Mesmo quando são tos viajantes a negócios percebem esses benefícios mais
bem-sucedidas, os concorrentes podem copiar seu "pa- substanciais do que os oferecidos pela Virgin Air.
cote" de valor. Como resultado, a maioria das vantagens A Sony é bom exemplo de empresa que, constan-
competitivas permanece apenas a curto prazo. Todavia, temente, apresenta novos benefícios para seus consumi-
as empresas precisam, constantemente, introduzir no- dores. Assim que ela desenvolve um novo produto, cons-
vas características e benefícios para ganhar a atenção e titui três equipes que são orientadas para ver o novo
o interesse dos consumidores cheios de opções e incli- produto como se fosse de um concorrente. A primeira
nados a preços baixos. Consideremos o seguinte exem- equipe examina as pequenas melhorias, a segunda, as
plo: grandes, e a terceira pensa em meios de tornar o novo
produto totalmente obsoleto. A Sony reconhece que os
Há concorrência intensa entre duas li- produtos evoluem e que o melhor que uma empresa pode
nhas aéreas britânicas, a Virgin Air e a British Air. Richard fazer é ser a primeira a melhorar seu próprio produto.
Branson, que dirige a Virgin Air, é mestre em divulgar Freqüentemente, as boas idéias de melhoria sur-
sua empresa. Alguns de seus vôos de Londres a Hong gem a partir de sessões de brainstorming. Recentemen-
Kong levam a bordo um alfaiate ou uma esteticista de te, uma importante empresa química promoveu uma
beleza. O alfaiate envia as medidas dos passageiros por sessão de brainstorming e descobriu uma dezena de
fax a Hong Kong, de maneira que a roupa possa estar maneiras de criar valor extra para seus clientes (Tabela
pronta quase no momento do desembarque. A esteticista 10.1). Ao escolher entre os valores agregados possíveis,
oferece serviços de massagem e manicure. Em muitos a empresa precisaria estimar o custo envolvido em cada
vôos, as comissárias da Virgin servem sorvete durante oferta de benefício potencial, quanto os clientes valori-
os filmes. Também providenciam bolos de aniversário, zariam e como os concorrentes, provavelmente, respon-
champanhe para os recém-casados e anúncios de casa- derão.
mento durante o vôo. Os passageiros da primeira classe
Ajude o cliente a reduzir os custos do processo Ajude o cliente a reduzir os custos administrativos
Melhore os ganhos Simplifique as operações de faturamento
Reduza os desperdícios (através da reciclagem etc.) Facilite a conferência dos pedidos
Reduza o retrabalho Use intercâmbio eletrônico de dados (EDI)
Reduza o trabalho direto Melhore a segurança para o cliente e seus funcionários
Reduza o trabalho indireto (inspeção, manipulação) Reduza o preço para o consumidor
Reduza os custos de energia Substitua alguns componentes do produto
Ajude o cliente a reduzir o custo de estoque Melhore os processos da empresa e os processos do
Ofereça em consignação fornecedor
Faça entregas just in time
Reduza o tempo do ciclo pedido-estocagem
2. CREGO, JR., Edwin T., SCHIFFRIN, Peter D. Customer centered reengineering. Homewood, IL : Irwin, 1995.
254 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Número de abordagens Diferenciação de Produto
para a obtenção da
vantagem competitiva A diferenciação de produtos físicos ocorre em uma
continuidade de eventos. Em um extremo, encontramos
Poucas Muitas produtos altamente padronizados que permitem pouca
variação: frango, aço, aspirina. Todavia, mesmo aqui, é
Indústria possível alguma variação genuína. Frank Perdue afirma
especializada que seus frangos são melhores porque são mais macios
- e, por isso, são vendidos 10% mais caros. O aço pode
Indústria Indústria variar em termos de consistência e propriedades. A Bayer
paralisada fragmentada afirma que sua aspirina "entra mais rápido na corrente
sangüínea". A Procter & Gamble fabrica nove marcas de
sabão em pó para máquinas de lavar (Tide, Cheer, Gain,
Dash, Bold, Dreft, Ivory, Snow, Oxydol e Era) e criou
Figura 10.1 Matriz BCG de vantagem competitiva. identidade separada para cada marca. Sua estratégia
consiste em vender benefícios diferentes que as pessoas
podem desejar de um sabão em pó. Por exemplo, o Tide
é "tão poderoso que limpa o interior das fibras". O Ivory
De maneira similar, Milind Lele observou que as Snow é "noventa e nove por cento puro". É um sabão
empresas diferem em termos de "manobrabilidade" delicado para as fraldas e roupas de bebês. O Bold é o
operacional ao longo de cinco dimensões: mudança de sabão em pó recomendado para tecidos mais suaves;
mercado-alvo, produto, local (canais), promoção e pre- "Limpa, suaviza e controla a estática". O Dash é centrado
ço. A liberdade de manobra da empresa é afetada pela no valor; "ataca a sujeira difícil", fazendo isso "por um
estrutura da indústria e posição da empresa na mesma. preço muito mais baixo".
Para cada manobra possível, a empresa precisa estimu-
lar o potencial de retorno. Aquelas manobras que pro- Em outro extremo estão os produtos capazes de
metem mais alto retorno definem a alavancagem estra- alta diferenciação, como automóveis, edifícios comer-
tégica da empresa. As empresas que atuam em uma in- ciais e móveis. Aqui, a empresa vendedora enfrenta uma
dústria paralisada têm por definição pequeno grau de abundância de parâmetros de design. As principais dife-
manobrabilidade e alavancagem estratégica e aquelas renciações de produto são as características, desempe-
pertencentes às indústrias especializadas têm grande nho, conformidade, durabilidade, confiabilidade, facili-
escopo para manobrabilidade e vantagem estratégica. dade de conserto, estilo e design.3
Como exatamente uma empresa pode diferenciar
sua oferta de mercado de seus concorrentes? Aqui, exa- CARACTERÍSTICAS. A maioria dos produtos pode ser ofe-
minaremos como uma oferta de mercado pode ser dife- recida com várias características.
renciada ao longo de cinco dimensões: produto, servi-
ços, canal ou imagem (Tabela 10.2). Vamos examinar CARACTERÍSTICAS são aspectos que complementam
estas ferramentas com maior precisão. a função básica do produto.
3. Algumas destas bases são discutidas em GARVTN, David A. Competing on the eight dimensions of quality. Harvard Business Review, p. 101-
109, Nov./Dec. 1987.
O ponto de partida da diferenciação por caracte- As empresas devem também pensar em termos de
rística é uma versão básica do produto. A empresa pode "pacote" de características. Por exemplo, os fabricantes
criar versões adicionais ao acrescentar características de carros japoneses, freqüentemente, produzem seus
extras. Assim, um fabricante de automóveis pode ofere- carros com três "níveis de opções", em vez de permitir
cer características opcionais, como vidros elétricos, air que os consumidores façam suas próprias opções. Isto
bags, transmissão automática e ar-condicionado. Cada permite a redução dos custos de produção e de
característica tem uma chance de atrair a simpatia de estocagem. As empresas devem decidir se oferecem ca-
compradores adicionais. racterísticas sob medida aos consumidores a um custo
Algumas empresas são extremamente inovadoras maior ou se padronizam para baixar os custos.
em acrescentar novas características a seu produto. Um
dos fatores-chave do sucesso das empresas japonesas é
o constante enriquecimento das características em seus QUALIDADE DE DESEMPENHO. A maioria dos produtos é
relógios, câmeras fotográficas, automóveis, motocicle- estabelecida, inicialmente, para oferecer um entre qua-
tas, calculadoras, videocassetes e assim por diante. Ser tro níveis de desempenho: baixo, médio, alto e superior.
o primeiro em introduzir novas características valiosas é
uma das maneiras mais eficazes de competir. QUALIDADE DE DESEMPENHO refere-se aos níveis
Como uma empresa pode identificar e selecionar pelos quais as características básicas do produto ope-
novas características apropriadas? Uma resposta é ela ram.
contatar compradores recentes e fazer uma série de per-
guntas: Porque você gosta do produto? Quais as carac- A pergunta importante aqui é: Quanto maior o
terísticas negativas? Quais as características positivas? desempenho do produto, melhor a rentabilidade? O
Há características que poderiam ser acrescentadas para Strategic Planning Institute estudou o impacto da maior
melhorar sua satisfação? Quais são? Quanto você paga- qualidade relativa do produto (que está associada ao
ria por essas novas características? O que você acha das desempenho e a outros fatores que agregam valor) e
seguintes características que outros compradores suge- constatou uma correlação positiva significativa entre a
riram? qualidade relativa do produto e o retorno sobre o inves-
Essa pesquisa fornecerá à empresa uma longa lista timento (ROI). Em uma subamostra de 525 unidades de
de características potenciais. A tarefa seguinte é decidir negócio médias, aquelas que apresentaram baixa quali-
quais delas valem a pena ser acrescentadas. Para cada dade de produto tiveram retorno de 17%, qualidade
característica potencial, a empresa deve calcular o valor média de 20% e alta qualidade de 27%. Assim, as unida-
do consumidor versus o custo da empresa. Suponhamos des de negócio de alta qualidade tiveram retorno 54%
que um fabricante de automóveis está considerando acima das unidades de negócio de baixa qualidade. Elas
implantar as três melhorias mostradas na Tabela 10.3. lucraram mais porque sua qualidade superior possibili-
Vidros térmicos custariam à empresa $ 100 por veículo tou cobrar preços maiores, favoreceu as compras de re-
em nível da fábrica. O consumidor médio afirmou estar petição, lealdade do consumidor e comunicação boca a
disposto a pagar $ 200. A empresa pode gerar $ 2 de boca positiva. Seus custos de oferecer maior qualidade
satisfação incrementai do consumidor para cada $ 1 de não foram muito maiores do que os custos das unidades
incremento de custo. Examinando as outras duas carac- de negócio que ofereceram baixa qualidade.
terísticas, parece que a transmissão automática criaria O vínculo da qualidade à rentabilidade não signifi-
maior satisfação do consumidor por dólar de custo para ca que a empresa deve sempre desenvolver o nível de
a empresa. desempenho mais elevado possível. Há redução de re-
Esses critérios são apenas um ponto de partida. A torno para cada melhoria de desempenho que o consu-
empresa também precisa considerar quantas pessoas midor não esteja disposto a pagar. O fabricante deve
desejam cada característica, quanto tempo levaria para desenvolver um nível de desempenho apropriado ao
introduzir cada uma delas, se os concorrentes poderiam mercado-alvo, equiparado aos níveis de desempenho dos
copiá-las facilmente e assim por diante. concorrentes. Uma pessoa que dirige um carro 10 quar-
256 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
teirões para trabalhar diariamente não precisa de um modismo ou a obsolescência tecnológica, situações em
Rolls-Royce. que o comprador não vai pagar mais por produtos que
Uma empresa deve também decidir como admi- prometam maior durabilidade. Assim, anunciar que uma
nistrar a qualidade de desempenho no decorrer do tem- marca específica de microcomputador ou filmadora tem
po. Aqui, três estratégias estão disponíveis. Primeira, maior durabilidade pode ter pouco apelo porque sus
quando o fabricante melhora continuadamente o pro- características e níveis de desempenho estão sujeitos a
duto, ele obtém lucro e participação de mercado maio- velocidade das mudanças.
res. A Procter & Gamble é grande praticante da estraté- Em contraste, os relógios de pulso (produtos sujei-
gia de melhoria do produto. A segunda estratégia é man- tos a poucas mudanças tecnológicas) são, freqüente-
ter a qualidade do produto em determinado nível. Mui- mente, vendidos na base de sua durabilidade:
tas empresas deixam sua qualidade inalterada após sua
formulação inicial, a menos que ocorram falhas ou opor-
tunidades. A terceira estratégia é reduzir a qualidade do TIMEX CORP Os antigos anúncios de televisão da
produto no decorrer do tempo. Algumas empresas redu- Timex promovendo a durabilidade de seus relógios de
zem a qualidade para compensar os custos crescentes, pulso são legendários. Seus relógios têm sobrevivido a
esperando que os compradores não perceberão qualquer testes como suportar o peso das rodas de carros, resistir
diferença. Outras reduzem a qualidade deliberadamente ao impacto da queda de uma montanha ou de serem
para aumentar o lucro atual, embora este curso de ação, pisoteados por um elefante. Embora a empresa tenha
freqüentemente, prejudique sua rentabilidade a longo ficado algum tempo sem insistir no tema durabilidade,
prazo. retomou-o em 1992 com uma série de anúncios premia-
dos e bem humorados mostrando pessoas e animais usan-
do relógios que sobreviveram a vários acidentes. A frase
QUALIDADE DE CONFORMIDADE. OS compradores espe- de destaque: "O relógio que apanha mas não perde a
ram produtos que tenham qualidade de conformidade pose."
alta.
CONFIABILIDADE. Normalmente, os compradores paga-
QUALIDADE DE CONFORMIDADE é o grau pelo qual rão um preço premium pelos produtos que oferecem
todas as unidades produzidas são idênticas e aten- maior confiabilidade.
dem às especificações-alvo prometidas.
CONFIABILIDADE é uma medida da probabilidade
Suponhamos que um Porsche 944 é desenhado para de que um produto não apresentará defeitos dentro
atingir 95 quilômetros horários em dez segundos. Se
de um período de tempo específico.
todos os Porsches 944 que saírem da linha de montagem
fizerem isto, o automóvel é classificado como de alta
Os compradores desejam evitar os altos custos apre-
qualidade de conformidade. Entretanto, se os 944 varia-
sentados por defeitos e tempo de conserto. A Maytag,
rem muito no tempo de aceleração, eles têm baixa con-
empresa norte-americana, tem notável reputação por
formidade neste critério. O problema com a baixa con-
fabricar grandes aparelhos domésticos confiáveis. As
formidade é que o desempenho prometido do produto
empresas japonesas têm sido bem-sucedidas em melho-
não será preenchido para muitos compradores e eles fi-
rar a confiabilidade de seus produtos. Por exemplo:
carão desapontados. Uma das principais razões para a
reputação de alta qualidade desfrutada pelos fabrican-
tes japoneses é que seus produtos têm alta conformida- MATSUSHITA A empresa Matsushita adquiriu a divi-
de. Seus automóveis são elogiados por possuírem bom são Quasar da Motorola, que fabricava aparelhos de te-
"ajuste a acabamento" - dois atributos que as pessoas levisão. A Motorola vinha constatando 141 defeitos em
ficam contentes em pagar. cada 100 aparelhos; A Matsushita reduziu para seis de-
feitos em cada 100 aparelhos. As reclamações dos com-
pradores e os pedidos de assistência técnica também fo-
DURABILIDADE. Trata-se de um dos atributos de produ-
ram reduzidos a um décimo do nível anterior.
to mais importante para a maioria dos compradores.
4. Veja KOTLER, Philip. Design: a powerful but neglected strategic tool. Journal of Business Strategy, p. 16-21, Fall 1984. Veja também LORENZ,
Christopher. The design dimension. New York : Basil Blackwell, 1986.
5. WEISZ, Pam. Times sure have changed when Tupperware is cool. Brandweek, p. 99, 5 June 1994.
258 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
BLACK & DECKER O que poderia ser mais prático Compensa o dinheiro investido em design? Evidên-
do que um farolete que você não precisa segurar en- cias comuns e uma pesquisa sugerem que sim. A Braun,
quanto estiver procurando um vazamento debaixo da divisão alemã da Gillette, tem colocado o design em um
pia devido a má vedação de um cano? O farolete com patamar devido ao sucesso que vem obtendo com seus
haste flexível da Black & Decker prende em quase tudo, vários eletrodomésticos de pequeno porte (barbeadores
deixando suas mãos livres. Ele pode também ser usado elétricos, cafeteiras, secadores de cabelo, processadores
para iluminar seu espaço de trabalho. Em um mercado de alimento etc). O departamento de design da empre-
em que o preço médio é de apenas $ 6, os consumidores sa possui o mesmo status dos departamentos de enge-
estão pagando $ 30 por este novo farolete.6 nharia e produção. Os designers da Braun conhecem os
materiais mais recentes, desenham e testam seus produ-
tos para serem aceitos pelo consumidor e para facilitar o
Infelizmente, muitas empresas falham ao investir processo de fabricação (veja a seção Memorando de
em bom design. Algumas delas confundem design com Marketing intitulada "Dez princípios de bom design da
estilo, e pensam que o design limita-se a colocar o pro- Braun"). A empresa dinamarquesa Bang & Olufsen rece-
duto em uma caixa atraente. Também pensam que beu muitos créditos pelo design de seus aparelhos de
confiabilidade é algo para ser constatado durante a ins- televisão e de estéreo. A Herman Miller, empresa norte-
peção de fábrica, em vez de incorporá-la no processo de americana de móveis de escritório, vem obtendo grande
produção. E comum considerarem os designers como admiração pela distintividade ergonômica e estética de
pessoas pouco preocupadas com custo ou que produ- seus móveis. Como evidência de pesquisa, consideremos
zem desenhos muito inovadores para serem aceitos pelo o seguinte caso: O Design Innovation Group, da Ingla-
mercado. Um instrumento de auditoria para mensurar a terra, fez uma pesquisa com 221 produtos, estudando
sensibilidade e a eficácia de design de uma empresa aju- engenharia, processo industrial e projetos de design vi-
daria a avaliar se sua prática está agregando suficiente sual e gráfico. Estes projetos foram executados por pe-
valor a um produto. quenas e médias empresas industriais inglesas, apoia-
Certos países se destacaram como líderes de design. dos parcialmente por subsídios governamentais. O estu-
A Itália em roupas e móveis, os países escandinavos em do constatou que 90% dos projetos geravam lucro com
funcionalidade, estética e consciência ambiental, a Ale- um período de payback médio de 15 meses a partir do
manha pela austeridade e robustez. Atualmente, o Ja- lançamento dos produtos. O projeto de design médio
pão surpreende muitos outros países industriais com o custou $ 100.000 e gerou um aumento médio de vendas
dinheiro que está investindo em design. de 41%.
MEMO
MKT
Dieter Rams, designer principal da Braun, desenvolveu os dez mandamentos do bom design
para sua empresa.
6. WEBER, Joseph. A better grip on hawking tools. Business Week, p. 99, 5 June 1995.
TREINAMENTO DO CONSUMIDOR. É a tarefa de treinar os SERVIÇOS DIVERSOS. AS empresas podem encontrar ou-
funcionários do cliente a usar o equipamento de forma tras formas para agregar valor através de serviços dife-
7. Adaptado de PETERS, Tom. Thriving on chaos. New York : Alfred Knopf, 1987. p. 56-57.
260 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Turbomarketing: usando a resposta rápida
INSIGHT DE
MARKETING como ferramenta competitiva
Muitas empresas estão tentando obter vantagem cas operam minilaboratórios em suas lojas. 0 mesmo
competitiva apostando na rapidez. Estão tornando-se princípio de fábrica é aplicado pelas lojas Mrs. Fields,
"empresas de turbomarketing", aprendendo a arte de Dunkin Donuts e outras que assam os produtos nos pró-
compressão do tempo de ciclo ou de abreviação do tem- prios estabelecimentos.
po. Estão aplicando turbomarketing em quatro áreas: Os serviços estão também sendo agilizados. Tipi-
inovação, produção, logística e varejo. camente, os empréstimos demoravam várias semanas
Abreviar o tempo de inovação é essencial em uma para serem processados, antes de aprovados. Tradicio-
era de ciclos de vida de produto mais curtos. Os concor- nalmente, "preenchíamos a ficha cadastral dos interes-
rentes em muitos setores industriais descobrem novas sados que esperavam 30 dias para saber se o emprésti-
tecnologias e novas oportunidades de mercado ao mes- mo estava aprovado", afirma um gerente de crédito. Mas
mo tempo. Aquelas empresas que primeiro encontrarem as coisas estão mudando. Hoje, os candidatos a um em-
soluções práticas desfrutarão vantagem de serem as pri- préstimo dirigem-se ao Citibank, informam seus dados
meiras no mercado. Ser o primeiro, em vez de ser o últi- financeiros e o programa CitiQuik fornece ao gerente de
mo, vale a pena. Um estudo constatou que produtos lan- crédito os dados necessários para a decisão de conces-
çados com uma demora de seis meses, embora dentro são de crédito ou não em questão de minutos. As segu-
da previsão, geraram menos 33% de lucro nos cinco pri- radoras de automóveis também estão divulgando que
meiros anos, produtos lançados em tempo 50% inferior são mais rápidas. A Progressive Insurance envia um Ford
ao previsto tiveram redução de apenas 4% no lucro. Explorer adaptado como escritório, equipado com
Produção é a segunda área em que grandes passos microcomputador, modem, impressora e fax para o local
vêm sendo dados para reduzir o tempo do ciclo. A Toyota do acidente ou à casa do segurado. 0 inspetor pode ava-
pode desenhar e lançar um novo carro em três anos; liar as avarias, assinar o cheque e fornecer um carro
costumava levar cinco anos ou mais. Demorava cinco emprestado ao segurado na hora. Normalmente, os se-
semanas para montar um carro sob encomenda. Agora, gurados de outras empresas aguardam vários dias espe-
faz a entrega em apenas três dias. rando os inspetores das seguradoras para dar entrada
Logística é a terceira área em que fabricantes aler- da papelada.
tas estão trabalhando bastante para desenvolver siste- Tudo isso leva uma empresa a encontrar um meio
mas de suprimentos mais rápidos. Fabricantes de rou- de atender aos clientes melhor e mais rápido para forçar
pas como a Levi Strauss, Benetton e The Limited adota- suas concorrentes a reexaminar sua velocidade de de-
ram "sistemas de resposta rápida" que unem os sistemas sempenho em inovação, fabricação, logística e varejo.
de informações de seus fornecedores, fábricas, centros
de distribuição e lojas de varejo. Fontes: Para leitura complementar, veja DUMAINE, Brian. Speed.
A agilização do varejo é a quarta fronteira para a Fortune, p. 54-59, 17 Feb. 1989; STALK, JR., George, HOUT, Thomas
vantagem competitiva. Hoje, um filme é revelado e co- M. Competing against time. New York: Free Press, 1990; BLACKBURN,
piado em uma hora e os óculos são também produzidos Joseph D. Time-based competition. Homewood, IL: Irwin, 1991; MEYER,
Christopher. Fastcyde time. New York: Free Press, 1993; THE Computer
neste tempo. Hoje, as lojas de cine-foto operam equipa- liked us. US News & World Report, p. 71-72, 14 Aug. 1995; e LOOMIS,
mentos para revelação e reprodução de filmes e as óti- Carol J. Sex, reefer? And auto insurance! Fortune, p. 88, 7 Aug. 1995.
renciados. A empresa pode oferecer melhor garantia ou sumidores que teclam os terminais eletrônicos de con-
melhor contrato de manutenção do que seus concorren- sulta instalados em suas dependências. Para obter um
tes. Podem oferecer prêmios por preferência como fa- número de identificação, eles preenchem um breve ques-
zem as empresas aéreas com seus programas de vôo para tionário para levantamento de dados demográficos e
clientes habituais. Aqui estão dois exemplos de empre- psicográficos simples. Depois, cada vez que eles visitam
sas criativas: o shopping, digitam seus números nos terminais eletrô-
nicos para receberem cupons de descontos, participa-
rem de sorteios semanais e obterem um calendário de
VALLEY VIEW CENTER MALL Recentemente, o eventos. Enquanto os consumidores recebem descontos
Valley View Center Mall, de Dallas, criou o Clube de e prêmios, os lojistas obtêm valiosas informações de
Compradores Inteligentes, programa que premia os con- marketing sobre seus públicos-alvos. O Valley View é um
262 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Uma imagem eficaz proporciona três coisas para de-efe" infeliz que nunca havia entrado em uma de suas
um produto. Primeiro, transmite uma mensagem singu- lanchonetes, os consumidores começaram a achar que
lar que estabelece a característica e a proposição de va- elas eram freqüentadas apenas pelos "ce-de-efes". De-
lor do produto. Segundo, transmite essa mensagem de pois, a empresa passou a veicular outra campanha suge-
maneira distintiva para não ser confundida com mensa- rindo que "às vezes, você vai quebrar as regras", que
gens similares dos concorrentes. Terceiro, transmite po- não foi muito bem recebida pelos pais. "Nenhuma das
der emocional, de maneira que toca os corações e as campanhas mostrou porquê alguém deveria ir a uma das
mentes dos compradores. lanchonetes Burger King, em vez de procurar uma da
Desenvolver uma imagem forte exige criatividade rede McDonald's", afirma o guru de marketing Al Ries.12
e muito trabalho. Ela não pode ser implantada na mente
do público da noite para o dia nem difundida apenas
por um veículo de mídia. Deve ser conduzida através de SÍMBOLOS. Uma imagem forte consiste em um ou mais
todos os veículos de comunicação disponíveis e dissemi- símbolos que despertam reconhecimento da empresa ou
nada continuadamente. Se "IBM significa serviço", esta da marca. A empresa e os logos da marca devem ser de-
mensagem deve ser expressa em símbolos, mídias senhados para reconhecimento instantâneo. A empresa
audiovisuais e escritas, atmosfera e comportamento. As pode escolher algum objeto, como um leão (Harris Bank),
empresas inconsistentes na transmissão de uma mensa- maçã (Apple Computer) ou um garoto (Pillsbury) para
gem deixam os consumidores confusos e mais vulnerá- simbolizar a qualidade da organização. A empresa pode
veis às campanhas dos concorrentes que apresentam construir uma marca em torno de uma pessoa famosa,
mensagens mais fortes. Por exemplo, a rede Burger King como ocorre com novos perfumes - Passion (Elizabeth
enfrentou algumas dificuldades nessa área. Quando a Taylor) e Uninhibited (Cher). As empresas podem tam-
empresa criou o personagem Herb, um estudante "ce- bém escolher uma cor identificadora como o azul (IBM)
264 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
gerar custos para a empresa, bem como benefícios para dos" criados através de um "processo exclusivo e paten-
o consumidor. Além disso, a empresa deve selecionar teado". A propaganda afirma que o processo melhora o
cuidadosamente as maneiras pelas quais se distinguira sabor do produto. Na realidade, a forma das partículas
de seus concorrentes. Vale a pena estabelecer uma dife- de café é irrelevante porque o cristal dissolve-se imedia-
rença, à medida que ela satisfaz os seguintes critérios: tamente com a água quente e sua área de superfície não
afeta o sabor (o que ocorreria se o café fosse fermenta-
• Importância. A diferença oferece um benefício alta- do). Outro exemplo é o xampu seda natural Alberto da
mente valorizado para um número suficiente de com- empresa Alberto Culver. A Alberto Culver diferencia seu
pradores. produto acrescentando seda ao xampu, divulgando-o
• Distintivida.de. Quando a diferença não é oferecida com a mensagem "Colocamos seda em uma garrafa",
pelos concorrentes, ela pode ser oferecida pela em- sugerindo que o cabelo da(o) usuária(o) ficará sedoso.
presa de maneira mais distintiva. Entretanto, um porta-voz da empresa reconhece que a
• Superioridade. A diferença é superior a outras ma- seda, realmente, não faz nada pelo cabelo. Essas campa-
neiras de obter o mesmo benefício. nhas podem ser bem-sucedidas ao agregar valor às dife-
• Comunicabilidade. A diferença é comunicável e visí- renças que promovem porque os consumidores inferem
vel aos compradores. o valor dos atributos e não têm maneira de saber se os
• Previsibilidade. A diferença não pode ser facilmente cristais de café, realmente, melhoram o sabor ou se a
copiada pelos concorrentes. seda torna o cabelo mais sedoso. Entretanto, esta estra-
• Disponibilidade para a compra. O comprador dispõe tégia pode ser perigosa a longo prazo se os concorrentes
de dinheiro para pagar pela diferença. introduzirem benefícios mais fortes ou mais autênticos.
• Rentabilidade. A empresa constatará que é rentável Há também o perigo de que grupos de consumidores
introduzir a diferença. venham a destacar as falsas qualidades do atributo. As
empresas devem levar em consideração a seriedade éti-
Muitas empresas introduziram diferenciações que ca desta prática.16
falharam em um ou mais desses critérios. O hotel Westin
Stamford, de Cingapura, anuncia que é o hotel mais alto Todas as empresas desejarão promover aquelas
do mundo. Realmente, isto não é importante para mui- poucas diferenças que apelarão mais fortemente a seu
tos turistas e, pelo contrário, afasta muitos deles. A mercado-alvo. Em outras palavras, a empresa desejará
Polarvision, da Polaroid, que revelava o filme instanta- desenvolver uma estratégia de posicionamento focada.
neamente, também fracassou. Embora essa máquina fo-
tográfica fosse distintiva e imprevisível, era inferior a POSICIONAMENTO é o ato de desenvolver a oferta e
outra maneira de captar movimentos, as videofilmadoras. a imagem da empresa, de maneira que ocupem uma
Quando a Turner Broadcasting System instalou monitores posição competitiva distinta e significativa nas men-
de televisão sintonizados na Cable News Network (CNN) tes dos consumidores-alvos.
para distrair os compradores aborrecidos nas filas dos
caixas, pensou que iria decolar com seu novo Canal Por exemplo, uma empresa automobilística pode
Checkout. Todavia, muito embora esse produto fosse dis- optar pela diferenciação de seus carros na durabilidade,
tintivo e imprevisível, não passou da fase de teste. Os enquanto seus concorrentes podem enfatizar a econo-
consumidores não estão procurando uma nova fonte de mia de combustível, conforto ou maciez de dirigir. O re-
entretenimento nos supermercados. Turner havia pago sultado final do posicionamento é a criação bem-sucedi-
$ 16 milhões de impostos para legalizar seu Canal da de uma proposição de valor focada no mercado, uma
Checkout.15 declaração simples de porquê o mercado-alvo deve com-
Não obstante os exemplos acima, Carpenter, Glazer prar o produto. A Tabela 10.4 mostra como três empre-
e Nakamoto postulam que as marcas podem, às vezes, sas - Perdue, Volvo e Domino's - definiram sua proposi-
ser bem-sucedidas em atributos que parecem criar uma ção de valor em função de seus consumidores-alvos,
diferença significativa no produto, mas que são, real- benefícios e preços. (A Domino's mudou sua promessa
mente, irrelevantes para criar esse benefício. Argumen- de entrega em 30 minutos.)
tam que os compradores podem inferir que um atributo Para adotar a estratégia de posicionamento focada,
distintivo, embora irrelevante, seja, realmente, relevan- a empresa deve decidir quantas e que diferenças (por
te e valioso. Por exemplo, a Procter & Gamble diferencia exemplo, benefícios, características) promover a seus
seu café instantâneo Folger's através de "cristais floquea- consumidores-alvos.
15. TRIPLETT, Tim. Consumers show little taste for clear beverages. Marketing News, p. 1, 11, 23 May 1994; GROVER, Ronald. Big brother is
grocery shopping with you. Business Week, p. 60, 29 Mar. 1994.
16. CARPENTER, Gregory S., GLAZER, Rashi, NAKAMOTO, Kent. Meaningful brands from meaningless differentiation: the dependence on
irrelevant atttributes. Journal of Marketing Research, p. 339-350, Aug. 1994.
Perdue (frango) Conscientes da Maciez 10% mais caro Frango mais macio a
qualidade do frango preço um pouco mais
• -
alto
Volvo (perua) Famílias de classe alta Durabilidade e 20% mais caro A perua mais segura e
preocupadas com segurança mais durável que sua
segurança família pode dirigir
Domino's (pizza) Apreciadores de pizza Rapidez de entrega e 15% mais caro Boa pizza quente,
orientados para a boa qualidade entregue em sua porta
conveniência dentro de 30 minutos
após o pedido, a preço
moderado
Quantas diferenças promover? inglesa com a marca Sears Craftsman em uma pilha de
itens que os consumidores haviam devolvido. Quando
Muitas empresas defendem a idéia de promover ele reuniu o pessoal de serviços ao consumidor, apanhou
apenas um benefício para o mercado-alvo. Rosser Reeves a chave inglesa e perguntou quem a havia aceito como
disse que uma empresa deve desenvolver uma proposi- devolução, desde que a Home Depot não vendia ferra-
ção única de venda (USP) para cada marca e enfatizá- mentas da Sears. Um funcionário nervoso admitiu a cul-
la.17 Assim, o creme dental Crest promove consistente- pa, mas Marcus abriu um sorriso e citou o incidente como
mente sua proteção anticárie e a Mercedes promove sua um grande exemplo de alguém fazendo algo não orto-
grande engenharia automotiva. Ries e Trout também são doxo para agradar um consumidor. Todavia, exemplos
a favor de uma mensagem de posicionamento consis- de vendedores rompendo normas para servir os consu-
tente.18 Cada marca deve escolher um atributo e promo- midores não são ocorrências isoladas na Home Depot.
ver-se como "número um" naquele atributo. Os compra- Eles são treinados para dar orientações precisas sobre
dores tendem a lembrar das mensagens "número um", telhados, instalações elétricas e outros projetos. Esta
principalmente em uma sociedade de comunicação ex- grande cadeia de varejo é a única a contar com profis-
cessiva. Para mais informações sobre este tópico, veja a sionais experientes - como encanadores, eletricistas e
seção Insight de Marketing intitulada "'Posicionamento' carpinteiros - em suas lojas para orientar os consumido-
de acordo com Ries e Trout". res.19
Os posicionamentos "número um" mais Comumente
promovidos são: "melhor qualidade", "melhor serviço", Nem todos concordam que o posicionamento de
"preço mais baixo", "melhor valor", "mais seguro", "mais benefício único é sempre o melhor. O posicionamento de
veloz", "mais customizado", "mais conveniente" e benefício duplo pode ser necessário se duas ou mais em-
"tecnologia mais avançada". Se uma empresa assumir presas estiverem divulgando ser as melhores no mesmo
um destes posicionamentos e cumpri-los convincente- atributo. A intenção é encontrar um nicho especial den-
mente, provavelmente, será mais conhecida e lembrada tro do segmento-alvo. Por exemplo, a Steelcase, empre-
por sua força. Por exemplo, a Home Depot conquistou a sa líder em sistemas de móveis de escritório, diferencia-
reputação de "melhor serviço entre os varejistas de pro- se de seus concorrentes em dois benefícios: melhor em
dutos destinados à melhoria do lar. A empresa criou uma prazo de entrega e melhor em serviços de instalação. A
cultura de serviço que tem conquistado os corações e Volvo posiciona seus automóveis como "mais seguros" e
mentes dos consumidores: "mais duráveis". Felizmente, estes dois benefícios são
compatíveis. Alguém espera que um carro muito seguro
HOME DEPOT Bernard Marcus, fundador e presiden- deveria também ser muito durável.
te da Home Depot, afirma que o "evangelho dos servi- Há ainda casos de posicionamento de benefício tri-
ços" é pregado a seus vendedores nas sessões conheci- plo bem-sucedido. A Smith Kline Beecham promove seu
das como "Café da manhã com Bernie". Fala-se que creme dental Aquafresh como oferecendo três benefíci-
Marcus, uma vez, dirigia-se ao escritório situado no fun- os: proteção anticárie, melhor hálito e dentes mais bran-
do de uma de suas lojas quando percebeu uma chave cos. Claramente, muitas pessoas desejam todos os três
17. REEVES, Rosser. Reality in advertising. New York : Alfred Knopf, 1960.
18. Veja RIES, Al, TROUT, Jack. Positioning: the battle for your mind. New York : Warner Books, 1982.
19. TREACY, Michael, WIERSEMA, Fred. The discipline of market leaders. Reading, MA : Addison-Wesley, 1994. p. 181; KONRAD, Walecia.
Cheerleading, and clerks who know awls from augers. Business Week, p. 51, 3 Aug. 1992.
266 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
INSIGHT DE"Posicionamento" de acordo com
MARKETING Ries e Trout
A palavra posicionamento foi popularizada por dois anos de idade, chamada Clara, olhava para um hambúr-
executivos de propaganda, Al Ries e Jack Trout. Eles vêem guer concorrente e dizia: "Onde está o bife?". Este anún-
o posicionamento como um exercício criativo feito com cio mostrou como um ataque pode desestabilizar a con-
um produto existente: fiança do consumidor no líder de mercado.
Ries e Trout delineiam como marcas similares po-
O posicionamento começa com um produto, dem adquirir alguma distintividade em uma "sociedade
uma mercadoria, um serviço, uma empresa, uma com excesso de comunicação" onde há tanta propagan-
instituição e até mesmo uma pessoa... Entretanto, da que os consumidores selecionam a maioria das men-
posicionamento não é o que você faz para um produ- sagens. Um consumidor pode conhecer apenas sete mar-
to. Posicionamento é o que você faz para a mente do cas de refrigerantes, muito embora haja muito mais no
comprador potencial. Você posiciona o produto na mercado. Mesmo assim, a mente, freqüentemente, os
mente deste comprador potencial. identifica sob a forma de escada de produtos, como Coca-
Ries e Trout argumentam que os produtos atuais Cola/Pepsi/RC Cola ou Hertz/Avis/National. A primei-
têm, geralmente, uma posição distintiva nas mentes dos ra empresa é mais lembrada. A segunda pode obter ape-
consumidores. Assim, a Hertz é vista como a maior loca- nas metade do volume de vendas da primeira e a tercei-
dora de automóveis do mundo, a Coca-Cola como a maior ra, metade das vendas da segunda.
empresa de refrigerantes do mundo, o Porsche como um As pessoas tendem a se lembrar sempre da número
dos melhores carros esportivos do mundo e assim por um. Por exemplo, quando nos perguntarem "Quem foi a
diante. Estas marcas possuem estas posições e seria difí- primeira pessoa a sobrevoar o oceano Atlântico?", res-
cil para um concorrente roubá-las. Este tem apenas três ponderemos "Charles Lindbergh". Quando nos pergun-
opções estratégicas. tarem "Quem foi a segunda pessoa a fazer isso?", ficare-
A primeira é fortalecer sua posição atual na mente mos sem resposta. É por isso que as empresas lutam para
dos consumidores. Assim, a Avis assumiu a segunda po- ocupar a posição número um. Ries e Trout apontam que
sição no negócio de locação de automóveis e divulgou a posição "tamanho" pode ser mantida apenas por uma
intensamente este fato: "Somos a número dois. Estamos marca. 0 que vale é atingir a posição número um ao
tentando melhorar". A 7-Up capitalizou sobre o fato de longo de algum atributo de valor, não necessariamente
que não era um refrigerante do tipo cola, divulgando-se "tamanho". Assim, a 7-Up é a número um dos refrige-
como não-cola. rantes não-cola, o Porsche é a número um em carros
A segunda estratégia é buscar uma posição não esportivos pequenos e a Dial é a número um em sabone-
ocupada, que seja valorizada por muitos consumidores, tes desodorantes. O profissional de marketing deve iden-
e ocupá-la. Assim, o chocolate Three Musketeers come- tificar um atributo ou benefício importante que possa
çou a divulgar-se como tendo 45% menos de gordura ser conquistado pela marca, de modo convincente.
do que a maioria dos outros chocolates do mercado. 0 Uma quarta estratégia, não mencionada por Ries e
United Jersey Bank estava procurando uma forma de Trout, pode ser chamada estratégia de clube exclusivo.
concorrer com os gigantescos bancos de New York, como Ela pode ser desenvolvida por uma empresa quando a
o Citibank e o Chase. Seus profissionais de marketing posição número um ao longo de alguns atributos signifi-
perceberam que esses bancos eram, geralmente, mais cativos não pode ser atingida. Por exemplo, uma empre-
lentos para conceder empréstimos. Eles posicionaram 0 sa pode promover a idéia de que é uma das Três Gran-
United Jersey como "o banco mais rápido". des. Esta idéia foi inventada pela Chrysler, terceira mai-
A terceira estratégia é depor ou reposicionar o con- or empresa automobilística norte-americana. (A líder de
corrente. A maioria dos compradores norte-americanos mercado nunca inventa este conceito.) A implicação é
de aparelhos de jantar achava que as porcelanas Lenox que aqueles pertencentes ao clube são os "melhores".
e Royal Doulton vinham da Inglaterra. A Royal Doulton Essencialmente, Ries e Trout lidam com estraté-
veiculou anúncios mostrando que a porcelana Lenox era gias de comunicação para posicionar ou reposicionar uma
fabricada em New Jersey, enquanto a sua era fabricada marca na mente do consumidor. Todavia, eles acrescen-
na Inglaterra. De maneira semelhante, a vodca tariam que o posicionamento exige o desenvolvimento
Stolichnaya atacou as marcas Smirnoff e Wolfschmidt de cada aspecto tangível do produto, preço, distribuição
apontando que elas eram fabricadas, respectivamente, e promoção para dar consistência à estratégia escolhi-
em Hartford (Connecticut) e Lawrenceburg (Indiana), da.
mas "Stolichnaya é diferente. É russa". 0 famoso comer-
Fonte: RIES, Al, TROUT, Jack. Positioning: the battle for your mind.
cial das lanchonetes Wendy, em que uma senhora de 70 New York : Warner Books, 1982.
20. CLANCY, Kevin J., SHULMAN, Robert S. Marketing myths that are killing business: the cure for death wish marketing. New York : McGraw-
Hill, 1994. p. 83-85; POWER, Christopher. Power, "flops". Business Week, p. 76-82, 16 Aug. 1993.
21. Veja CLANCY, SHULMAN. Op. cit.
22. TUCKER, Robert B. Win the value revolution. Franklin Lakes, NJ : Career Press, 1995. p. 159-160.
23. Veja STUMPF, Robert V The market structure of the major tourist attractions in southern Califórnia. In: Proceedings of the 1976 Sperry
Business Conference. Chicago : American Marketing Association. p. 101-106.
268 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 10.3 Mapa de percepção.
rentes estratégias de posicionamento que os parques • Posicionamento por concorrente. Aqui, o produto é
concorrentes de Los Angeles podem adotar:24 posicionado como melhor em relação a determina-
do concorrente. Por exemplo, o Lion Country Safari
• Posicionamento por atributo. Ocorre quando uma em- pode anunciar-se como tendo maior variedade de
presa posiciona-se em um atributo como tamanho, animais do que o Japanese Deer Park.
anos de existência e assim por diante. Por exemplo, • Posicionamento por categoria de produto. Neste caso,
a Disneylândia pode anunciar-se como o maior par- o produto é posicionado como líder em determina-
que temático do mundo. da categoria de produto. Por exemplo, o Mariland
• Posicionamento por benefício. Aqui, o produto é of the Pacific pode posicionar-se como "instituição
posicionado como líder em determinado benefício. educacional", e não como "parque temático recrea-
Por exemplo, o Knott's Berry Farm pode tentar tivo".
posicionar-se como parque temático para as pesso- • Posicionamento por qualidade/preço. Situação em que
as que buscam uma experiência de fantasia, como o produto é posicionado como oferecendo o maior
viver no velho oeste, famoso pelos caubóis. valor. Por exemplo, o Busch Garden pode posicionar-
• Posicionamento por uso/aplicação. Envolve posicionar se como o "maior valor" pelo dinheiro gasto (oposto
o produto como o melhor para algum uso ou aplica- a posicionamentos como "alta qualidade/preço alto"
ção. O Japanese Deer Park pode posicionar-se junto ou "preço mais baixo").
aos turistas que podem passar apenas algumas ho-
ras e deseja entretenimento rápido e tranqüilo.
• Posicionamento por usuário. É a situação em que o
produto é posicionado como o melhor para algum Que diferenças promover?
grupo de usuários. Por exemplo, o Magic Mountain
pode divulgar-se como parque temático para "quem Suponhamos que uma empresa tenha identificado
busca emoções fortes". quatro plataformas alternativas de posicionamento:
24. WIND, Yoram J. Product policy: concepts, methods and strategy. Reading, MA : Addison-Wesley 1982. p. 79-81; e AAKER, David., SHANSBY,
J. Gary. Positioning your product. Business Horizons, p. 56-62, May/June 1982.
Tecnologia 8 6 B B M Manter
Custo 6 8 A M M Monitorar
Qualidade 8 6 B B A Monitorar
Serviço 4 3 A A B Investir
25. GALAGAN, Patrícia. Putting on the Ritz. Training and Development, p. 41-45, Dec. 1993.
270 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
bém afetada pela embalagem, distribuição, propaganda A Kraft General Foods usou grãos de qualida-
e promoção. Aqui estão alguns casos em que uma ima- de inferior no café Maxwell House, anunciado como
gem de qualidade da marca foi prejudicada: "bom até a última gota", levando os consumidores
leais a procurar outra marca.
Uma marca bem conhecida de alimentos con-
gelados perdeu sua imagem de prestígio por estar A reputação do fabricante também contribui para
freqüentemente em oferta. a percepção de qualidade. Certas empresas são obstina-
das por qualidade. Os consumidores esperam que os pro-
A imagem de uma cerveja especial foi preju- dutos Nestlé e IBM sejam bem fabricados. Empresas in-
dicada quando passou a ser vendida em latas. teligentes tentam comunicar sua qualidade aos compra-
dores e garantem que essa qualidade será entregue ou
Um aparelho de televisão altamente concei- seu dinheiro será devolvido.
tuado perdeu sua imagem de qualidade quando as
lojas de atacado que vendem no varejo passaram a
vendê-lo.
RESUMO
1. Em um setor industrial competitivo, a chave para a rior, comunicável, imprevisível, comprável e rentá-
vantagem competitiva é a diferenciação de produto. vel.
Uma oferta de mercado pode ser diferenciada ao 2. Muitas empresas defendem a promoção de apenas
longo de cinco dimensões: produto (características, um benefício de produto, criando, assim, uma pro-
qualidade de desempenho, qualidade de conformi- posição única de venda. As pessoas tendem a lem-
dade, durabilidade, confiabilidade, facilidade de brar-se do "número um". Mas o posicionamento de
conserto, estilo, design), serviços (facilidade de pe- benefício duplo e triplo pode também ser bem-suce-
dido, entrega, instalação, treinamento do consumi- dido, desde que as empresas adotem providências
dor, orientação do consumidor, manutenção e con- para não subposicionar, superposicionar ou criar
serto e serviços diversos), pessoal, canal ou imagem posicionamento confuso ou duvidoso.
(símbolos, mídia escrita e audiovisual, atmosfera e 3. Uma vez a empresa ter desenvolvido uma estratégia
eventos). Vale a pena estabelecer uma diferença na de posicionamento clara, deve comunicar esse
extensão em que ela é importante, distintiva, supe- posicionamento efetivo via composto de marketing.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Que tipos de "atmosferas" os restaurantes usam para posicionamento que os restaurantes estão tentando
projetar uma imagem desejada? Selecione três res- projetar e suas operações reais?
taurantes em sua cidade que apelam a segmentos 2. O posicionamento não representa tanto o que o pro-
de mercado diferentes. Que estratégias de posi- duto é, mas como uma empresa deseja que seus con-
cionamento eles usam para atrair sua clientela-alvo? sumidores-alvos o percebam. A empresa pode esco-
Como eles empregam a "atmosfera" para enrique- lher entre várias estratégias de posicionamento. As-
cer a imagem que desejam projetar? Você observa socie a estratégia de posicionamento da coluna I com
quaisquer inconsistências entre as estratégias de seu exemplo específico da coluna II.
3. Defina os seguintes conceitos e descreva como eles b. As pessoas não têm, realmente, uma idéia sobre
se relacionam entre si: quais os atributos da Royal Crown Cola.
a. Imagem c. Os anúncios da soda Dr. Pepper mudaram tanto
b. Posição no decorrer dos anos que a empresa nunca esta-
c. Percepção do consumidor beleceu uma imagem de seu refrigerante nas
d. Características do produto mentes dos consumidores.
e. Vantagem competitiva d. A Levi Strauss, conhecida por seus jeans, encon-
f. Estratégia de posicionamento trou alguns problemas quando tentou anunciar
4. A seguir, estão descritos quatro exemplos de erros roupas com três preços diferentes para sua li-
de posicionamento: subposicionamento, superpo- nha de produto.
sicionamento, posicionamento confuso e posicio- 5. Analise o seguinte mapa de percepção e decida como
namento duvidoso. Que exemplo corresponde a cada você reposicionaria o sabonete Lever 2000 baseado
erro de posicionamento? Dê outro exemplo de cada no posicionamento competitivo. Este mapa mostra
tipo de erro. o perfil do setor de sabonetes. (Os dados foram cri-
a. Os compradores não acreditam nos anúncios da ados apenas com o propósito de demonstração.)
Ford, afirmando que seu modelo LTD é tão si- Como você compararia o grau de consciência de sua
lencioso quanto um Rolls Royce. Eles não acre- marca em relação à marca concorrente? Que erro
ditam que Jacqueline Smith usa roupas compra- de posicionamento sua marca pode estar enfrentan-
das nos varejos de massa Kmart. do?
272 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Alta qu alidade
6. Uma equipe de desenvolvimento de novos produtos sustentaram que o novo cigarro - destinado especi-
da Colgate-Palmolive está desenvolvendo um novo ficamente aos afro-americanos - traria mais doen-
alvejante seco. Está considerando cada uma das sete ça, sofrimento e morte a um grupo que já enfrenta-
opções de posicionamento utilizadas pela empresa va muitos problemas de saúde. Entretanto, muitos
de parques temáticos, descritas neste capítulo. Para anúncios de cigarros, particularmente os mentolados,
cada opção, descreva como a empresa pode desen- já usavam modelos afro-americanos (veja a Figura
volver o produto e comunicar seu posicionamento abaixo) e a RJR estava surpresa de ser a única
ao mercado. Após determinar a posição, tente suge- criticada. Em resposta à manifestação pública, a
rir um nome para o produto. empresa retirou o novo produto do mercado.
7. Ao realizar uma pesquisa de marketing, a R. J. Discuta as implicações éticas e sociais deste caso.
Reynolds Tobacco Company constatou que os afro- Que implicações a retirada do Uptown do mercado
americanos tendem a preferir um sabor mentolado teve para os cigarros Virgínia Slims (baixos teores)?
mais leve em seus cigarros. Como resultado, a em- Sabendo-se que as revistas destinadas à comunida-
presa começou a desenvolver um produto para esse de afro-americana obteriam grandes somas do or-
nicho. Quando o novo cigarro (chamado Uptown) çamento de propaganda da RJR se o cigarro fosse
ficou pronto para o teste de mercado, começou o vendido, quais seriam suas reações? Há circunstân-
furor. Vários grupos de direitos civis e o Secretário cias em que a propaganda de um produto legal a
da Saúde e Serviços Humanos, Louis W. Sullivan, um grupo adulto deve ser restrita?
8. Quatro marcas de máquinas de lavar foram compa- dimensões para as marcas A, B, C e D. (Você preci-
radas em relação a sete dimensões. A avaliação mais sará classificar as dimensões em duas categorias:
alta em dada dimensão é de + 5; a mais baixa pos- "eficácia de lavagem" e "qualidade do serviço".)
sível é de - 5. Crie um mapa de percepção de duas
Lavagem e centrifugação _2 2 2 3
Controle da temperatura da água -1 2 1 3
Freqüência de conserto 2 3 2 -1
Exigência de sabão -3 2 1 2
Disponibilidade de assistência técnica 1 2 1 -2
Garantia 1,5 2,5 2 -1
Capacidade máxima de roupa -2 3 1 2
274 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Desenvolvimento de
11 Novos Produtos
Uma vez a empresa ter segmentado cuidadosamen- • Produtos novos para o mundo. Novos produtos que
te o mercado, escolhido seus grupos de consumidores- criam um mercado totalmente novo.
alvo, identificado suas necessidades e determinado seu • Novas linhas de produtos. Novos produtos que per-
posicionamento de mercado desejado, ela está prepara- mitem que uma empresa penetre em um mercado já
da para desenvolver e lançar novos produtos apropria- existente pela primeira vez.
dos. A administração de marketing desempenha um pa- • Acréscimos às linhas de produtos já existentes. Novos
pel-chave nesse processo. Em vez de deixar que o depar- produtos que complementam as linhas de produtos
tamento de pesquisa e desenvolvimento desenvolva no- de uma empresa (tamanhos de embalagem, sabores
vos produtos, marketing participa ativamente com ou- e assim por diante).
tros departamentos de todos os estágios do processo de • Melhorias/revisões de produtos existentes. Novos pro-
desenvolvimento do produto. dutos que melhoram o desempenho ou aumentam a
Toda empresa deve empenhar-se no desenvolvi- percepção de valor e substituem produtos existen-
mento de novos produtos. Devem ser encontrados pro- tes.
dutos substitutos para manter ou desenvolver futuras • Reposicionamento. Produtos existentes que são colo-
vendas. Além disso, os consumidores desejam novos pro- cados em novos mercados ou em novos segmentos.
dutos e os concorrentes farão o possível para fornecê- • Reduções de custo. Novos produtos que apresentam
los. A cada ano, cerca de 16.000 novos produtos (inclu- desempenho semelhante a custo mais baixo.
indo extensões de linha e novas marcas) são introduzi-
dos em supermercados, mercearias e drugstores. Apenas 10% dos novos produtos são verdadeira-
Uma empresa pode acrescentar novos produtos mente inovadores e novos para o mundo. Esses produ-
através da aquisição e/ou desenvolvimento. 0 processo tos envolvem custos e riscos maiores porque são novos
de aquisição pode tomar três formas. A empresa pode para a empresa e para o mercado. Assim, a maior parte
comprar outras empresas, adquirir patentes ou adquirir da atividade de novos produtos é destinada a melhorar
uma licença ou franquia. os produtos existentes. Na Sony, cerca de 80% da ativi-
0 processo de desenvolvimento de novos produ- dade de novos produtos é destinada a modificar e me-
tos também pode tomar três formas. A empresa pode lhorar seus produtos existentes.
desenvolvê-los em seus próprios laboratórios ou contra- Em razão do desenvolvimento de novos produtos
tar pesquisadores independentes ou empresas especia- ser a fonte de vida do futuro da empresa, este capítulo
lizadas para desenvolver produtos específicos. examina as seguintes questões:
A empresa de consultoria Booz, Allen & Hamilton
identificou seis categorias de novos produtos em termos • Que desafios uma empresa enfrenta ao de-
de sua novidade para a empresa e para o mercado:1 senvolver novos produtos?
1. NEWproducts management for the 1980s. New York : Booz, Alllen & Hamilton, 1982.
DESENVOLVIMENTO DE 275
NOVOS PRODUTOS
• Que estruturas organizacionais são usadas • Que fatores afetam a taxa de difusão e ado-
para administrar o desenvolvimento de ção do consumidor em relação aos novos
novos produtos? produtos lançados no mercado?
• Quais os principais estágios do desenvolvi-
mento de novos produtos e como eles po-
dem ser melhor administrados?
276 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
marketing avançado. Também estão usando um novo apoio da alta administração e maior o trabalho
tipo de desenvolvimento de produto denominado interfuncional da equipe de trabalho.7
desenvolvimento de novo produto concorrente, em que O aspecto da equipe de trabalho é particularmente
equipes interfuncionais trabalham em conjunto para importante. O desenvolvimento de novos produtos é mais
"empurrar" novos produtos para o desenvolvimen- eficaz quando há trabalho conjunto entre pesquisa e
to e no mercado. Se uma área funcional encontra desenvolvimento, engenharia, produção, compras,
algum obstáculo, ela trabalha para resolver o pro- marketing e finanças, desde o início. A idéia de produto
blema enquanto o restante da equipe segue em fren- deve ser pesquisada do ponto de vista de marketing e
te. O desenvolvimento de produtos concorrentes lem- uma equipe interfuncional específica deve orientar o
bra uma partida de rugby, em vez de uma corrida de projeto no decorrer de seu desenvolvimento. Estudos de
revezamento, com os membros das equipes "passan- empresas japonesas mostram que o sucesso de seus no-
do" o novo produto para frente e para trás, à medi- vos produtos é atribuído em grande parte à utilização
da que procuram o gol. Por exemplo, a Allen-Bradley de equipe de trabalho interfuncional. Também é de gran-
Company (fabricante de controles industriais) de- de importância o fato de que essas empresas convidam
senvolveu recentemente um novo dispositivo de con- os consumidores no estágio inicial de desenvolvimento
trole elétrico em apenas dois anos. No antigo siste- para obterem seus pontos de vista.
ma, o processo levaria seis anos. (Para mais deta-
lhes sobre a importância da rapidez para o merca-
do, veja a discussão de turbomarketing apresentada ARRANJOS ORGANIZACIONAIS EFICAZES
no capítulo anterior.)
• Ciclos de vida dos produtos mais curtos. Quando um O sucesso no desenvolvimento de novos produtos
novo produto é bem-sucedido, os rivais são tão rá- exige que a empresa estabeleça uma organização eficaz
pidos em copiá-lo que seu ciclo de vida se torna con- para administrar o processo de desenvolvimento de no-
sideravelmente mais curto. Agora, a Matsushita e vos produtos. Uma organização eficaz começa com sua
outros rivais copiam produtos em seis meses, dei- alta administração.
xando pouco tempo para a Sony recompor seus in- O envolvimento da alta administração é impres-
vestimentos. cindível para o sucesso dos novos produtos. O desenvol-
Dados esses desafios, o que uma empresa pode fa- vimento de novos produtos exige da administração a
zer para assegurar o sucesso de seus novos produtos? definição dos domínios do negócio e das categorias de
Cooper e Kleinschmidt constataram que o fator número produtos que a empresa deseja enfatizar. Assim, a alta
um de sucesso é o produto ser superior e único (por administração deve estabelecer critérios específicos de
exemplo, melhor qualidade, novas características, mai- aceitação das idéias de novos produtos, especialmente
or valor de uso e assim por diante). Os produtos com nas grandes empresas muldivisionais. Por exemplo, a
vantagem superior são bem-sucedidos em 98% das ve- Gould Corporation estabeleceu o seguinte critério de
zes, comparados aos de vantagem moderada (58% de aceitação:
sucesso) ou aos de vantagem mínima (18% de sucesso). • O produto pode ser lançado dentro de cinco anos.
Outro fator-chave de sucesso é um conceito de produto • O produto tem potencial de mercado de pelo menos
bem definido antes da fase de desenvolvimento. A em- $ 50 milhões e uma taxa de crescimento de 15%.
presa definiu e avaliou cuidadosamente o mercado-alvo, • O produto proporcionará pelo menos 30% de retor-
as exigências do produto e seus benefícios antes de no sobre as vendas e 40% de retorno sobre os in-
fabricá-lo. Outros fatores de sucesso são sinergia vestimentos.
tecnológica e de marketing, qualidade de execução em • O produto atingirá liderança técnica ou de merca-
todos os estágios e atratividade de mercado.6 do.
Madique e Zirger, em um estudo separado sobre
lançamentos de produtos bem-sucedidos no setor ele- Uma importante decisão que a alta administração
trônico, encontraram oito fatores que contribuem para enfrenta é que orçamento destinar ao desenvolvimento
o sucesso de novos produtos. Eles constataram que o de um novo produto. Os resultados de pesquisa e desen-
sucesso no lançamento de novos produtos é maior quanto volvimento são tão incertos que é difícil usar critérios de
mais profundo for o entendimento da empresa sobre as investimentos para a alocação orçamentária. Algumas
necessidades dos consumidores, maior a relação desem- empresas resolvem esse problema estimulando e finan-
penho/custo, mais cedo o produto ser lançado antes do ciando o maior número possível de projetos, esperando
concorrente, maior a margem de contribuição esperada, obter alguns produtos vitoriosos. Outras empresas esta-
maior o gasto em propaganda de lançamento, maior o belecem o orçamento de pesquisa e desenvolvimento
6. COOPER, Roberg G., KLEINSCHMIDT, Elko J. New products: the key factors in success. Chicago : American Marketing Association, 1990.
7. MADIQUE, Modesto A., ZIRGER, Bille Jo. A study of success and failure in product innovation: the case of the US. eletronics industry. IEE
Transactions on Engineering Management, p. 192-203, Nov. 1984.
DESENVOLVIMENTO DE 277
NOVOS PRODUTOS
aplicando uma porcentagem convencional sobre o Metade dessas idéias, ou oito, passou para o estágio de
faturamento ou gastando o que o concorrente gasta. Ain- teste de conceito, a um custo unitário de $ 20.000. Me-
da outras decidem quanto os novos produtos precisam tade delas, ou quatro, passou para o estágio de desen-
vender para estimar o investimento exigido em pesquisa volvimento de produto, a um custo unitário de $ 200.000.
e desenvolvimento. Metade delas, ou duas, passaram para o teste de merca-
A empresa norte-americana mais conhecida pelo do, a um custo unitário de $ 500.000. Quando essas duas
compromisso na pesquisa e desenvolvimento de novos idéias forem lançadas, a um custo unitário de
produtos é a 3M Company, de Minneapolis: $ 5.000.000, apenas uma será bem-sucedida. Assim, uma
idéia bem-sucedida custou à empresa $ 5.721.000 para
ser desenvolvida. No processo, 63 outras idéias foram
3M A Minnesota Mining and Manufacturing (3M) fa- descartadas. Assim, o custo total do desenvolvimento de
brica mais de 60.000 produtos, incluindo lixas, adesi- um novo produto bem-sucedido foi de $ 13.984.400. A
vos, disquetes de computador, lentes de contato e blocos menos que a empresa possa melhorar os índices de apro-
de anotações Post-It. Cada ano, a empresa lança mais de vação e reduzir os custos de cada estágio, ela terá que
200 produtos novos. Sua meta pouco modesta de fatu- dispor de um orçamento aproximado de $ 14.000.000
rar $ 13 bilhões por ano implica que 25% do faturamento para cada nova idéia bem-sucedida que espera encon-
de suas 40 divisões deve proceder dos novos produtos trar. Se a alta administração desejar a média de quatro
lançados há menos de cinco anos. Geralmente, ela é bem- novos produtos bem-sucedidos nos próximos anos, ela
sucedida! Aqui estão as principais características da abor- terá que dispor de um orçamento de pelo menos
dagem de inovação da 3M: $ 56.000.000 ($ 14.000.000 x 4) para o desenvolvi-
mento de novos produtos.
• A empresa encoraja todos, não apenas seus enge-
nheiros, para se tornarem "campeões de produto". As empresas lidam com o desenvolvimento de no-
A "regra 15%" da empresa permite que todos os fun- vos produtos de várias maneiras.8 As mais comuns são
cionários destinem 15% de seu tempo trabalhando as seguintes:
em projetos de interesse pessoal.
• Gerentes de produto. Muitas empresas atribuem a res-
• Cada nova idéia promissora é colocada nas mãos de
ponsabilidade de idéias para novos produtos aos seus
uma equipe multidisciplinar liderada por um "exe-
gerentes de produto. Na prática, esse sistema apre-
cutivo campeão".
senta diversas falhas. Geralmente, os gerentes de
• Ela espera alguns fracassos e aprendizagens a partir
produto ficam tão ocupados com a administração
das experiências. Seu slogan é: "Você precisa beijar
de suas linhas de produtos que acabam por dispen-
muitos sapos para encontrar um príncipe."
sar pouco tempo a novos produtos, modificações ou
• Todos os anos, é atribuído o prêmio Golden Step às
extensões de marcas já existentes. Eles também não
equipes cujos novos produtos venderam mais de $ 2
têm habilidades e conhecimentos necessários para a
milhões nos Estados Unidos ou $ 4 milhões no mun-
crítica e o desenvolvimento de novos produtos.
do, dentro de três anos do lançamento comercial.
• Gerentes de novos produtos. A Kraft General Foods e
A Tabela 11.1 mostra como uma empresa pode a Johnson possuem gerentes de novos produtos su-
calcular o custo do desenvolvimento de novos produtos. bordinados aos gerentes de grupo de produtos. Esta
O gerente de novos produtos de uma grande empresa posição profissionaliza a função de novos produtos.
de bens de consumo embalados analisou os resultados Por outro lado, os gerentes de novos produtos ten-
de 64 idéias de novos produtos. Apenas uma em quatro dem a pensar em termos de modificações de produ-
idéias, ou seja, 16, passou do estágio de triagem de idéi- tos e de extensões das linhas de produto de seu
as. Neste estágio, a avaliação de cada idéia custa $ 1.000. mercado.
Tabela 11.1 Custo estimado para se chegar a um novo produto bem-sucedido (partindo de 64 novas idéias).
8. Veja HOPKINS, David S. Options in new-product organization. New York : Conference Board, 1974.
278 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
• Comitês de novos produtos. A maioria das empresas ADMINISTRAÇÃO DO PROCESSO DE
possui um comitê de alto nível encarregado de revi-
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
sar e aprovar as propostas de novos produtos.
• Departamentos de novos produtos. Freqüentemente, Agora, estamos preparados para examinar os prin-
as grandes empresas estabelecem um departamen- cipais desafios de marketing em cada estágio do proces-
to de novos produtos comandado por um gerente so de desenvolvimento de novos produtos. Oito estágios
que tenha muita autoridade e acesso à alta adminis- estão envolvidos: geração de idéias, triagem de idéias,
tração. As principais responsabilidades do departa- desenvolvimento e teste de conceito, desenvolvimento
mento incluem a geração e triagem de novas idéias, da estratégia de marketing, análise comercial, desenvol-
trabalho com o departamento de pesquisa e desen- vimento de produto, teste de mercado e comercialização.
volvimento e a realização de teste de campo e Um resumo das várias etapas e decisões envolvidas no
comercialização. processo de desenvolvimento de novos produtos é apre-
• Equipes de novos produtos. Freqüentemente, as em- sentado na Figura 11.1.
presas 3M, Dow, Westinghouse e General Mills atri-
buem as principais tarefas de desenvolvimento de
novos produtos a equipes internas. Uma equipe reú- Geração de idéias
ne pessoas de vários departamentos operacionais
para desenvolver um produto ou negócio específi- O processo de desenvolvimento de novos produ-
co. São intrapreneurs (empreendedores internos) li- tos começa com a busca de idéias. A alta administração
berados de suas atividades funcionais, que recebem deve definir os produtos e mercados a enfatizar e decla-
um orçamento definido, prazo estimado para a apre- rar os objetivos da empresa em relação aos novos pro-
sentação dos resultados e um local de trabalho im- dutos. Devem também definir o esforço a ser destinado
provisado. O local pode ser uma garagem onde, às ao desenvolvimento de produtos inovadores, à modifi-
vezes, as equipes procuram desenvolver novos pro- cação de produtos existentes e à cópia de produtos con-
dutos. correntes.
As idéias de novos produtos podem originar-se de
As ferramentas mais sofisticadas para administrar muitas fontes: consumidores, cientistas, concorrentes,
processo de inovação é o sistema de pontos de checagem.9 funcionários, intermediários e alta administração.
Ele é usado pela 3M e por algumas outras empresas. A
idéia básica é dividir o processo de inovação em vários • O conceito de marketing considera que as necessida-
estágios distintos. No final de cada estágio há um ponto des e desejos dos consumidores são a fonte lógica para
de checagem. O líder do projeto, trabalhando com uma buscar idéias de novos produtos. Hippel mostrou que
equipe interdepartamental, deve conferir um conjunto a porcentagem mais alta de idéias de novos produ-
de especificações definidas em cada ponto de checagem tos industriais tem origem nos clientes.10 As empre-
antes de o projeto ser transferido para o estágio seguin- sas técnicas podem fazer um grande negócio ao es-
te. Por exemplo, para o projeto movimentar-se do está- tudar um grupo especial de clientes, os usuários lí-
gio de plano de negócio para o de desenvolvimento do deres, a saber, aqueles que fazem uso mais avançado
produto, é necessária a evidência de uma pesquisa de do produto da empresa e que conhecem os melho-
mercado convincente sobre as necessidades e os interes- ramentos necessários na frente de outros. As em-
ses do consumidor, de uma análise competitiva e de uma presas podem identificar as necessidades e desejos
avaliação técnica. Administradores de alto nível revisam dos consumidores através de levantamentos, testes
os critérios em cada estágio para julgar se o projeto me- projetivos, discussão de grupo-foco e de cartas con-
rece evoluir para o estágio seguinte, o que sempre en- tendo reclamações e sugestões. Muitas das melho-
volve acréscimo de custo. Os administradores tomam res idéias surgem quando se pede aos consumidores
uma entre quatro decisões: deixar o projeto seguir em para descreverem seus problemas em relação aos
frente, cancelar, embargar ou reciclar. O líder do projeto produtos atuais. Por exemplo, a Chrysler pergunta
e a equipe conhecem os critérios que devem ser atendi- aos compradores recentes o que gostam e não gos-
dos em cada estágio. O sistema de pontos de checagem tam em suas minivans, que melhorias poderiam ser
impõe maior disciplina no processo de inovação, tornan- feitas e quanto estariam dispostos a pagar por essas
do suas etapas visíveis a todos os envolvidos e identifica melhorias.
claramente as responsabilidades do líder do projeto e da • As empresas também confiam em seus cientistas, en-
equipe em cada ponto de checagem. genheiros, designers e em outros funcionários para a
9. Veja COOPER, Robert G. Stage-gate systems: a new tool for managing new products. Business Horizons, p. 44-54, May/June 1990. Veja
também o trabalho do mesmo autor intitulado The new prod System: the industry experience. Journal of Product Innovation Management, v.
9, p. 113-127, 1992.
10. HIPPEL, Eric von. Lead users: a source of novel product concepts. Management Science, p. 791-805, July 1986. Veja também seu livro The
sources of innovation. New York : Oxford University Press, 1988; e seu artigo Learning from lead users. In: BUZZELL, Robert D. (Org.).
Marketing in an electronic age. Cambridge, MA: Harvard Business School Press, 1985. p. 308-317.
DESENVOLVIMENTO DE 279
NOVOS PRODUTOS
Figura 11.1 Processo de decisão para o desenvolvimento de novos produtos.
geração de idéias de novos produtos. As empresas Packard, acredita que o papel da alta administração
bem-sucedidas têm estabelecido uma cultura inter- é criar um ambiente que estimula os gerentes de
na que estimula todos os empregados a buscar no- negócios a assumir riscos e a criar novas oportuni-
vas idéias para melhorar a produção, produtos e ser- dades de crescimento. Sob a liderança de Platt, a HP
viços. A Toyota divulga que seus funcionários apre- foi estruturada como um conjunto de negócios em-
sentam, anualmente, dois milhões de idéias, cerca preendedores altamente autônomos.11
de 35 sugestões por funcionário e 85% delas são
implementadas. A Kodak e outras empresas norte- As idéias de novos produtos também podem surgir
americanas dão prêmios em dinheiro e de reconhe- de outras fontes, incluindo inventores, detentores de
cimento a seus funcionários que apresentam as me- patentes, laboratórios universitários e comerciais, con-
lhores idéias durante o ano. sultores industriais, agências de propaganda, empresas
• As empresas podem encontrar boas idéias exami- de pesquisa de marketing, publicações industriais e de
nando os produtos e serviços de seus concorrentes. Elas
"outras pessoas de idéias". Por exemplo, dois homens de
podem saber o que seus concorrentes estão fazendo idéias, John e Anthony Gentile, tiveram a idéia de uma
através de distribuidores, fornecedores e vendedo- boneca voadora para a fábrica de brinquedos Lewis
res. Podem descobrir o que os consumidores gostam Galoob, de São Francisco. A idéia surgiu quando eles
ou evitam nos novos produtos de seus concorrentes. observavam crianças brincando de atirar para o ar mu-
Podem comprar esses produtos e procurar fabricar das de uma planta que permaneciam girando como as
outros melhores. Os japoneses são mestres em imi- hélices de um helicóptero. Eles observam, rotineiramente,
tação e melhoria da estratégia de produto; eles obti- o mundo de idéias que se transformará em produtos bem-
veram licença ou copiaram muitos produtos ociden- sucedidos, imaginando formas e funções e as histórias
tais e encontraram maneiras de melhorá-los. associadas a eles.
• Os vendedores e intermediários da empresa represen- Embora as idéias possam fluir de muitas fontes,
tam boa fonte de idéias de novos produtos. Conhe- sua chance de receber atenção, freqüentemente, depen-
cem em primeira mão as necessidades e as reclama- de de alguma pessoa da organização que esteja assu-
ções dos consumidores. Freqüentemente, são os pri- mindo o papel de campeão de produto. Não é provável
meiros a saber sobre os desenvolvimentos dos con- que a idéia de produto seja levada em consideração, a
correntes. Crescente número de empresas treina e menos que tenha um forte defensor.
recompensa seus vendedores, distribuidores e
revendedores para encontrarem novas idéias. Por TÉCNICAS DE GERAÇÃO DE IDÉIAS. Inúmeras técnicas cria-
exemplo: Bill Keefer, presidente da Warner Electric tivas podem ajudar indivíduos e grupos a gerar idéias.
Brake and Clutch (freios e embreagem), exige que
seus vendedores listem em cada relatório mensal de Listagem de atributos. Esta técnica envolve a
visitas as três melhores idéias de produtos que ouvi- listagem dos principais atributos de um produto já exis-
ram de seus clientes. Ele lê essas idéias e as transfe- tente e, depois, a modificação de cada um desses atribu-
re a seus engenheiros, executivos de produção etc. tos para chegar a um produto melhorado. Considere-
para estudarem as melhores. mos uma chave de fenda.12 Seus atributos são: cilindro
• A alta administração pode ser outra importante fon- roliço de aço com ponta, um cabo de madeira para ope-
te de idéias de novos produtos. Alguns líderes em- ração manual e um torque, que é provido pela ação de
presariais, como Edwin H. Land, ex-presidente da torção. A seguir, um grupo considera maneiras de me-
Polaroid, assumem pessoalmente a responsabilida- lhorar o desempenho do produto ou o apelo. O formato
de pela inovação tecnológica de suas empresas. Nem roliço pode ser hexagonal, tornando possível o encaixe
sempre esta prática é construtiva, como na situação de uma chave para aumentar o torque; a força manual
em que o executivo principal empurra uma idéia pode ser substituída por energia elétrica; o torque pode
favorita sem pesquisar profundamente o tamanho e também ser produzido por movimentos de pressão, em
o interesse do mercado. Quando Land empurrou seu vez de torção. Osborn sugeriu que idéias úteis podem
projeto Polavision (filmes de revelação instantânea), ser estimuladas por meio da colocação das seguintes
fracassou amargamente porque o mercado estava perguntas a um objeto e seus atributos: É possível criar
mais interessado em videofilmadoras. outros usos? Adaptações? Ampliação? Redução? Substi-
Em empresas conhecidas pela inovação, é mais pro- tuição? Rearranjo? Reversão? Combinação?13
vável que o papel da alta administração não é in-
ventar produtos, mas tornar possível que outras pes- Relacionamentos forçados. Aqui, vários objetos são
soas apresentem novas idéias e as coloquem em ação. considerados entre si para criar um novo produto. Um
Por exemplo, Lewis Platt, presidente da Hewlett fabricante de equipamentos para escritório desejava reu-
11. SHERIDAN, John H. Lew Platt: creating a culture for innovation. Industry Week, p. 26-30, 19 Dec. 1994.
12. Veja ARNOLD, John E. Useful Creative techniques. In: PARNES, Sidney J., HARDING, Harold F. (Orgs.). Source bookfor creative thinking.
New York : Scribnefs, 1962. p. 255.
13. Veja OSBORN, Alex. Applied imagination. 3. ed. New York : Scribner's, 1963. p. 286-287.
DESENVOLVIMENTO DE 281
NOVOS PRODUTOS
nir um aparelho de fax, secretária eletrônica e copiado- sa de alimentos pode considerar entrar nesses mercados
ra em uma única unidade. com uma embalagem menor.
Análise morfológica. Este método exige a identifi- Brainstorming. A criatividade em grupo pode ser
cação das dimensões estruturais de um problema e o estimulada através de técnicas de brainstorming desen-
exame dos relacionamentos entre essas dimensões. A es- volvidas por Alex Osborn. O grupo normal de brains-
perança é encontrar-se algumas novas combinações.14 torming consiste de seis a dez pessoas discutindo um
Suponhamos que o problema seja: "transportar algo de problema específico. O líder informa aos participantes
um lugar ao outro via um veículo movido à energia". As do grupo que deve ser levantado o maior número possí-
dimensões importantes são o tipo de veículo (carroça, vel de idéias sem qualquer avaliação, quanto mais extra-
cadeira, cama); o meio (ar, água, neve, superfície sóli- vagantes melhor. As idéias começam a fluir, uma dando
da, roletes, trilhos); a fonte de energia (ar comprimido, origem a outra e, dentro de uma hora, uma centena ou
motor de combustão interna, motor elétrico). Assim, um mais de novas idéias podem ser gravadas. Para a reu-
veículo tipo carroça movido por motor de combustão nião ter eficácia máxima, Osborn definiu quatro linhas
interna para mover-se sobre superfície sólida é o auto- básicas:
móvel.
« A crítica está fora de cogitação. Comentários ou idéi-
Identificação do problema/necessidade. As téc- as negativas devem ser transferidos para o final.
nicas de criatividade anteriores não exigem participa- » O livre arbítrio é bem-vindo. Quanto mais extrava-
ção do consumidor. Em contraste, a identificação do pro- gante for a idéia, melhor; é mais fácil ajustar uma
blema/necessidade começa com o consumidor. Pergun- idéia do que gerá-la.
ta-se a eles sobre suas necessidades, problemas e idéias. « A quantidade é encorajada. Quanto maior o número
Por exemplo, pode-se perguntar a eles sobre os proble- de idéias, maior a probabilidade de surgir idéias
mas do uso de um produto específico ou de uma catego- úteis.
ria de produtos. • A combinação e o aperfeiçoamento de idéias são enco-
A Landis Group, empresa de pesquisa de marketing, rajados. Os participantes devem sugerir como as idéi-
usa esta técnica. Para determinada categoria de produ- as das demais pessoas podem ser associadas para
tos, entrevista cerca de 1.000 pessoas e pergunta se es- formar idéias ainda melhores.16
tão plenamente satisfeitas, ligeiramente insatisfeitas,
moderadamente insatisfeitas ou extremamente insatis- Sinesia. William J. Gordon constatou que a técnica
feitas. Se tiverem algum grau de insatisfação, os de brainstorming de Osborn produzia soluções muito ra-
respondentes descrevem seus problemas e reclamações pidamente, antes que um número suficiente de perspec-
em suas próprias palavras. Por exemplo, em um estudo tivas fosse desenvolvido. Gordon decidiu definir o pro-
com consumidores de bolo inglês, 15% expressaram al- blema de forma mais ampla, não possibilitando ao gru-
guma insatisfação e os maiores problemas foram que o po qualquer idéia sobre o problema específico. Por exem-
bolo era muito seco, muito macio ou não era saboroso. plo, uma empresa desejava desenvolver um método para
Os fatores demográficos revelaram que os consumido- vedar as roupas à prova de vapor usadas pelos operários
res mais insatisfeitos estavam na faixa etária de 19 a 29 que lidavam com combustíveis de alto grau de
anos e eram de baixa renda. Esta informação pode ser octanagem.17 Gordon manteve o problema em segredo
usada por um concorrente já existente no mercado ou e levou-o para discussão apresentando-o como um pro-
por um novo concorrente para melhorar o produto e blema de "vedação", que levava a imagens de diferentes
direcioná-lo ao grupo mais insatisfeito. Os vários pro- mecanismos de vedação como ninhos de pássaros, bo-
blemas seriam classificados conforme seus graus de se- cas ou filetes de roscas. À medida que o grupo esgotava
riedade, incidência e custo de correção para determinar as perspectivas iniciais, Gordon introduzia gradualmen-
que melhorias deveriam ser feitas. te os fatos que esclareciam o problema. Quando o grupo
estava chegando próximo a uma boa solução, Gordon
Esta técnica também pode ser inversamente usa-
descrevia o problema. Depois, o grupo começava a aper-
da. Os consumidores recebem uma lista de problemas e
feiçoar a solução. Essas sessões demoravam no mínimo
informam que produtos lhes vêm em mente que estejam
três horas porque ele acreditava que a fatiga exercia papel
associados a cada um dos problemas.15 Assim, o proble-
importante no desbloqueio de idéias.
ma: "O pacote de não cabe na prateleira"
pode levar os consumidores a indicar marcas de ração Gordon descreveu cinco princípios básicos do mé-
para cães e de cereais para café da manhã. Uma empre- todo de sinesia:
14. Veja TAUBER, Edward M. HIT: Heuristic Ideation Technique - a systematic procedure for new product search. Journal of Marketing, p. 58-70,
Jan. 1972; e ALFORD, Charles L., MASON, Joseph Barry. Generating new product ideas. Journal of Advertising Research, p. 27-32, Dec. 1975.
15. Veja TAUBER, Edward M. Discovering new product opportunities with problem inventory analysis. Journal of Marketing, p. 67-70, Jan.
1975.
16. OSBORN, Alex. Op. cit. p. 156.
17. LINCOLN, John W. Defining a creativeness in people. In: Source book for creative thinking. Op. cit. p. 274-275.
282 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Fonte: Com permissão de Jerold Panas, Linzy & Partners, Inc.
Figura 11.2 Forças que combatem novas idéias.
• Adiamento. Primeiro, examine o ponto de vista em por um membro do comitê que faz um relatório. Aque-
vez das soluções. las que passarem por essa primeira fase são transferidas
• Autonomia do objeto. Deixe que o problema tome para um processo amplo de seleção. A empresa deve ofe-
seu próprio rumo. recer prêmios em dinheiro ou de reconhecimento aos
• Uso de lugar comum. Tire vantagem do familiar como funcionários que apresentarem as melhores idéias.
trampolim para o estranho. Neste estágio, a empresa deve evitar dois tipos de
• Envolvimento/desligamento. Alterne entre entrar nas erros. O erro de descarte ocorre quando uma idéia que
particularidades do problema e afastar-se delas, ven- parece promissora é eliminada. É extremamente fácil
do-as como exemplos universais. encontrar falhas nas idéias de outras pessoas (Figura
• Uso de metáforas. Deixe que as coisas aparentemen- 11.2). Algumas empresas estremecem quando olham
te irrelevantes e acidentais sugiram analogias que para trás e vêem algumas idéias que descartaram: A Xe-
sejam fontes de novos pontos de vista.18 rox acreditou na nova promessa da máquina copiadora
de Chester Carlson; a IBM e a Eastman Kodak não acre-
ditaram. A IBM achou que o mercado para microcom-
Triagem de idéias putadores era minúsculo; a Compaq não. A RCA foi há-
bil em imaginar a oportunidade inovadora do rádio; a
Qualquer empresa pode atrair boas idéias ao orga- Victor Talking Machine Company não. Henry Ford reco-
nizar-se apropriadamente. A empresa deve motivar seus nheceu a promessa do automóvel; todavia, apenas a
funcionários a submeter suas idéias a um líder de idéias General Motors percebeu a necessidade de segmentar o
cujo nome e telefone sejam amplamente divulgados. As mercado automobilístico nas categorias de preços e de-
idéias devem ser apresentadas por escrito e examinadas sempenhos diferenciados. Marshall Field compreendeu
semanalmente por um comitê de idéias, que deve as possibilidades únicas do desenvolvimento do merca-
classificá-las em três grupos: promissoras, aproveitáveis do de venda a prestações; Endicott Johnson não, cha-
e rejeitadas. Cada idéia promissora deve ser pesquisada mando-o de "sistema mais vil já imaginado para criar
DESENVOLVIMENTO DE 283
NOVOS PRODUTOS
problemas". A Sears desprezou a importância da venda presa. As idéias que não satisfazem uma ou mais destas
com desconto; a Wal-Mart e a Kmart não.19 Se uma em- perguntas são eliminadas.
presa comete muitos erros de descarte, seus padrões são As idéias sobreviventes podem ser avaliadas usan-
muito conservadores. do-se o método de índice ponderado mostrado na Tabe-
Um erro vá em frente ocorre quando a empresa la 11.2. A primeira coluna lista os fatores exigidos para
permite que uma idéia fraca siga para o desenvolvimen- lançamentos bem-sucedidos de produtos. Na coluna se-
to e a comercialização do produto ou serviço. Podemos guinte, a administração atribui pesos a esses fatores para
distinguir três tipos de fracassos de produto. O fracasso refletir sua importância relativa. A próxima tarefa é ava-
absoluto do produto dá prejuízo e as vendas não cobrem liar o produto em cada fator, em uma escala de 0 a 1,
os custos variáveis. O fracasso parcial do produto tam- sendo 1 o escore mais alto. A etapa final é multiplicar a
bém dá prejuízo, mas as vendas cobrem todos os custos importância de cada fator pelos escores do produto para
variáveis e parte dos custos fixos. O fracasso relativo do obter uma avaliação global da habilidade da empresa
produto gera lucro, embora abaixo da taxa de retorno para lançar este produto com sucesso. Neste exemplo, a
desejada pela empresa. idéia do produto obteve o escore total de 0,72, que a
O propósito da triagem é eliminar as idéias fracas coloca no nível de "boa idéia".
o mais cedo possível. A razão é que os custos de desen- Este dispositivo básico de avaliação pode ser aper-
volvimento de produtos sobem substancialmente em cada feiçoado posteriormente. Seu propósito é promover a
estágio sucessivo de desenvolvimento (examine nova- avaliação e discussão sistemática de idéias de produto -
mente a Tabela 11.1). não pretende substituir a tomada de decisão pela admi-
nistração. A medida que a idéia do novo produto vai
para a etapa de desenvolvimento, a empresa precisará
DISPOSITIVOS PARA AVALIAR IDÉIAS DE PRODUTOS. A mai-
revisar constantemente sua estimativa de probabilidade
oria das empresas exige que as idéias de novos produtos global de sucesso, usando a seguinte fórmula:
sejam descritas em um formulário padronizado que pos-
sa ser avaliado por um comitê de novos produtos. A des-
crição exibe a idéia do produto, o mercado-alvo e a con- Probabilidade Probabilidade Probabilidade Probabilidade
corrência e as estimativas aproximadas do tamanho do global de = de conclusão X de comerciali- X de sucesso
sucesso técnica zação após a econômico
mercado, preço do produto, tempo e custos do desen- conclusão após a
volvimento, custos de produção e taxa de retorno. técnica comercialização
Depois, o comitê executivo avalia cada nova idéia
de produto em relação a um conjunto de critérios
Por exemplo, se as três probabilidades forem esti-
preestabelecidos. No caso da Kao Company, do Japão, o
madas em 0,50, 0,65 e 0,74, respectivamente, a empre-
comitê considera perguntas como: O produto atende a
sa concluiria que a probabilidade global de sucesso seria
uma necessidade? Ele oferece desempenho superior que
de 0,24. Depois, ela precisaria julgar se esta probabili-
justifique o preço cobrado? Ele pode ser anunciado de
dade é alta o suficiente para garantir a continuação do
maneira distinta? A Figura 11.3 mostra um conjunto
desenvolvimento do produto.
detalhado de perguntas sobre se a idéia do produto ajus-
ta-se bem aos objetivos, estratégias e recursos da em-
* Escala de avaliação: 0,00 - 0,30 fraco; 0,31 - 0,60 satisfatório; 0,61 - 0,80 bom. Taxa mínima de aceitação: 0,61
19. HANAN, Mark. Corporate growth through venture management. Harvard Business Review, p. 44, Jan./Feb. 1969. Veja também LOOMIS,
Carol J. Dinosaurs? Fortune, p. 36-42, 3 May 1993.
284 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 11.3 Avaliação de uma oportunidade de mercado em termos dos objetivos e recursos da empresa.
DESENVOLVIMENTO DE 285
NOVOS PRODUTOS
(a) Mapa de posicionamento de produto (b) Mapa de posicionamento de marca
(mercado de produtos para o café (mercado de produtos para o café
da manhã) da manhã)
m Bacon Marca C
e ovos Cereal
frio
•
Lento Rápido Baixa Alta
• Panquecas caloria caloria
Marca B
•
Cereal
quente Bebida •
Marca A
instantânea
Preço baixo Preço baixo
e ovos, cereais, café, torta e outras alternativas para o Entretanto, quanto mais o conceito testado lembrar o
café da manhã. Uma bebida saborosa para o lanche con- produto ou a experiência final, mais dependente ele es-
correria com os refrigerantes, sucos de frutas e outros tará do teste. No passado, a criação de protótipos era
líquidos para matar a sede. muito cara e demorada, mas os programas de produção
Suponhamos que o conceito de bebida instantâ- e de CAD (design auxiliado por computador) mudaram
nea para o café da manhã pareça melhor. A tarefa se- isto. Hoje, as empresas podem desenhar produtos físi-
guinte é mostrar onde este produto em pó se posicionaria cos alternativos (por exemplo, eletrodomésticos e brin-
em relação a outros produtos para o café da manhã. A quedos reduzidos) em um computador e, depois, pro-
Figura 11.4(a) usa duas dimensões (custo e tempo de duzir moldes plásticos de cada um deles. Isto facilita o
preparação) para criar um mapa de posicionamento de exame dos consumidores potenciais, que podem ver es-
produto para a bebida destinada ao café da manhã. Uma ses moldes e informar sobre suas reações.20
bebida instantânea para o café da manhã oferece custo Algumas empresas estão também usando a reali-
baixo e preparação rápida. Seu concorrente mais próxi- dade virtual para testar conceitos de produtos. Os pro-
mo é o cereal frio; o mais distante é bacon e ovos. Esses gramas de realidade virtual usam computadores e dis-
contrastes podem ser utilizados para comunicar e pro- positivos sensoriais (como luvas ou óculos especiais) para
mover o conceito para o mercado. estimular a realidade. Por exemplo, um designer de ga-
A seguir, o conceito de produto tem que ser trans- binetes de cozinha pode usar um programa de realidade
formado em conceito de marca. A Figura 11.4(b) repre- virtual para ajudar um consumidor a "ver" como sua
senta um mapa de posicionamento de marca, que mostra cozinha ficaria remodelada com os produtos da empre-
as posições atuais de três marcas existentes de bebidas sa. Embora a realidade virtual ainda esteja começando,
instantâneas para o café da manhã. A empresa precisa suas aplicações estão aumentando diariamente.21
decidir quanto cobrar e com quantas calorias deve fabri- Hoje, muitas empresas estão utilizando uma abor-
car a bebida. A nova marca pode ser posicionada no dagem denominada engenharia orientada para o consu-
mercado de preço médio e de número médio de calorias midor. Trata-se de um esforço que atribui grande impor-
ou no mercado de preço alto e de número alto de calo- tância à incorporação das preferências do consumidor
rias. A empresa desejaria posicioná-la próxima a uma ao design final. Suponhamos que uma importante fábri-
marca existente, onde teria que lutar por participação ca de automóveis decida desenhar um carro para as pes-
de mercado. soas de média e alta renda que percorrem grande dis-
tância para trabalhar. Usando pesquisa de grupo-foco,
Teste de Conceito. Consiste em testar conceitos de seus pesquisadores constatam que esses motoristas de-
produtos com um grupo apropriado de consumidores- sejam o seguinte: banco confortável, uma travessa para
alvos e, depois, avaliar suas reações. Os conceitos po- bebidas, um porta-moedas para pagamento de pedá-
dem ser apresentados simbólica ou fisicamente. Neste gios, aceleração rápida e bons espelhos retrovisores para
estágio, uma palavra e/ou figura podem ser suficientes. facilitar a mudança de faixa. Estes desejos podem ser
20. THE ULTIMATE widget: 3-D "printing" may revolutionize product design and manufacturing. U.S. News & World Report, p. 55, 20 July 1993.
21. WOOLEY, Benjamin. Virtual worlds. Londres : Blackwell, 1992.
286 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
denominados atributos do consumidor. O departamento ceito. Aqui está a elaboração do Conceito 1 com um exem-
de marketing encaminha-os aos engenheiros para plo do pó para ser misturado ao leite:
convertê-los em atributos fundamentais de engenharia Nosso produto é um pó para ser misturado ao leite
como potência, peso, resposta do câmbio e aerodinâmi- e tomado no café da manhã, com sabor agradável e de
ca. O trabalho da engenharia orientada para o consumi- alta conveniência. O produto seria oferecido em três sa-
dor é transformar os atributos do consumidor em atri- bores (chocolate, baunilha e morango) e vendido em
butos de engenharia e determinar as melhores combina- embalagens individuais de seis unidades, ao preço de
ções, dados os atributos e seus custos.22 $ 2,49 por embalagem.
Parte importante do teste de conceito envolve apre- Após receber estas informações, os consumidores
sentar aos consumidores uma versão elaborada do con- são convidados a responder as seguintes perguntas:
2. Você vê neste produto a solução de um problema ou o Nível de necessidade. Quanto mais forte a necessidade,
atendimento de uma necessidade? maior o interesse esperado do consumidor.
3. Atualmente, outros produtos atendem essa Hiato entre o novo produto e os produtos existentes.
necessidade e o satisfazem? Quanto maior o hiato, maior o interesse esperado do
consumidor. 0 nível de necessidade pode ser multiplicado
pelo hiato para produzir um escore do hiato de necessidade.
Um escore de hiato elevado significa que o consumidor vê
o produto como atendendo a uma forte necessidade ainda
não satisfeita pelas alternativas disponíveis.
4. O preço é razoável em relação ao valor? Valor percebido. Quanto maior o valor percebido, maior o
interesse esperado do consumidor.
5. Você compraria o produto? (Definitivamente sim, Intenção de compra. Seria alta para os consumidores que
provavelmente sim, provavelmente não, responderem afirmativamente a três das perguntas
definitivamente não.) anteriores.
6. Quem usaria este produto, quando e em que Usuários-alvos, ocasiões de compra e freqüência de compra.
freqüência?
22. Veja HAUSER, John. House of quality. Harvard Business Review, p. 63-73, May/June 1988. A engenharia orientada para o consumidor
também é denominada "qualityfunction deployment" (decomposição da função qualidade). Veja GUINTA, Lawrence R., PRAIZLER, Nancy C.
The QFD book: the team approach to solving problems and satisfying customers through quality function deployment. New York : Amacom,
1993.
DESENVOLVIMENTO DE 287
NOVOS PRODUTOS
• Três designs de embalagem (A, B, C - veja a Figura
11.5)
• Três nomes de marcas (K2R, Glory, Bissell)
• Três preços ($ 1,19, $ 1,39, $ 1,59)
• Certificado de garantia (sim, não)
• Garantia de devolução do dinheiro se o produto não
atender às expectativas do consumidor (sim, não)
Embora o pesquisador possa formar 108 conceitos
possíveis de produto ( 3 x 3 x 3 x 2 x 2 ) , seria difícil
pedir aos consumidores que avaliassem ou classificas-
sem todos esses conceitos. Uma amostra de, digamos,
18 conceitos contrastantes pode ser escolhida, facilitan-
do, assim, que os consumidores os classifiquem do mais
preferido ao menos preferido. A Tabela 11.3 mostra como
Figura 11.5 Amostras para a análise conjunta.
um consumidor classificou os 18 conceitos de produto.
Percebe-se que ele escolheu o conceito 18 como o mais
ticipação de mercado estimada e o lucro que a empresa alto, preferindo o design de embalagem C, a marca Bissell,
pode realizar. o preço de $ 1,19, certificado de garantia e garantia de
Green e Wind ilustraram esta abordagem em co- devolução do dinheiro se o produto não atender às ex-
nexão com o desenvolvimento de um novo reagente para pectativas.
limpeza de carpetes de uso doméstico.23 Suponhamos Ao compilar e analisar as respostas obtidas, um
que o fabricante do novo produto esteja considerando programa estatístico pode derivar as funções de utilida-
os cinco seguintes elementos de design: de do consumidor individual para os cinco atributos (Fi-
* Maior pontuação.
23. O exemplo de perfil completo foi extraído de GREEN, Paul E., WIND, Yoram. New ways to measure consumer's judgements. Harvard Business
Review, p. 107-117, July/Aug. 1975. Veja também GREEN, Paul E., SRINIVASAN, V Conjoint analysis in marketing: new developments with
implications for research and practice. Journal of Marketing, p. 3-19, Oct. 1990; WEINER, Jonathan. Forecasting demand: consumer electronics
marketer uses a conjoint approach to configure its new product and set the right price. Marketing Research: A Magazine of Management &
Applications, p. 6-11, Summer 1994; WITTNICK, Dick R., VRIENS, Marco, BURHENNE, Wim. Commercial uses of conjoint analysis in
Europe: results and criticai reflections. International Journal of Research in Marketing, p. 41-52, Jan. 1994.
288 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 11.6 Funções utilidade baseadas na análise conjunta.
gura 11.6). A utilidade é mensurada por um número qualquer oferta específica, provavelmente, alcançaria,
que varia entre zero e um; quanto maior a utilidade, dadas quaisquer suposições sobre a resposta dos con-
mais forte a preferência do consumidor por aquele nível correntes. Entretanto, a empresa pode não lançar a ofer-
de atributo. Por exemplo, examinando o item embala- ta de mercado que promete obter mais participação de
gem, vemos que a embalagem B é mais favorecida, se- mercado devido às considerações de custos. Por exem-
guida pela C e, depois, a A (quase sem nenhuma utilida- plo, pode decidir que a embalagem C, embora acrescen-
de). Os nomes preferidos para a marca são Bissell, K2R tando menor utilidade do que a embalagem B, pode cus-
e Glory, nesta ordem. A utilidade do consumidor varia tar consideravelmente menos e ser de adoção mais ren-
inversamente com o preço. Uma garantia é preferida, tável. Nem sempre a oferta mais atraente é a mais rentá-
embora não acrescente muita utilidade e pode não valer vel para ser fabricada.
a pena o esforço para obtê-la. É muito mais preferível a Sob algumas condições, os pesquisadores coleta-
garantia de devolução do dinheiro. Colocando estes re- rão os dados não usando uma descrição do perfil com-
sultados juntos, podemos verificar que a oferta mais de- pleto de cada oferta, mas apresentando dois fatores por
sejada pelo consumidor seria o design da embalagem B, vez. Por exemplo, pode-se mostrar aos entrevistados uma
a marca de nome Bissell, o preço de venda de $ 1,19, o tabela com três níveis de preço e três tipos de embala-
certificado de garantia e a garantia de devolução do di- gem e perguntar-lhes quais das nove combinações gos-
nheiro. taram mais, classificando-se as respostas por ordem de
Podemos também determinar a importância rela- preferência. Depois, seria mostrada outra tabela conten-
tiva de cada atributo para este consumidor, que é obtida do as combinações entre mais outras duas variáveis. A
pela diferença entre o nível de utilidade mais alto e o abordagem combinatória pode ser mais fácil de ser usa-
mais baixo para aquele atributo. Claramente, este con- da quando há muitas variáveis e ofertas possíveis. Por
sumidor vê o preço e o design da embalagem como os outro lado, ela é menos realista, à medida que os entre-
atributos mais importantes, seguidos pela garantia de vistados foquem apenas duas variáveis por vez.
devolução do dinheiro, nome da marca e, por último, o A análise conjunta vem tornando-se uma das mais
certificado de garantia. populares ferramentas de desenvolvimento e teste de
Quando os dados de preferência são coletados de conceito, sendo empregada em centenas de aplicações
uma grande amostra de consumidores-alvos, eles podem comerciais. Marriot projetou seu conceito de hotel
ser usados para estimar a participação de mercado que Courtyard com o benefício da análise conjunta. Outras
DESENVOLVIMENTO DE 289
NOVOS PRODUTOS
aplicações têm incluído a definição das características $ 100.000 serão destinados à compra de relatórios
de estilo de automóveis, serviços de viagens aéreas, de auditoria de lojas e de informações de painéis
medicamentos éticos e cartões de crédito. de consumidores para monitoramento da reação
do mercado e das taxas de compra.
A terceira parte do plano estratégico de marketing
Desenvolvimento da estratégia de descreve as metas de vendas e de lucros a longo prazo e
marketing o composto de marketing no período:
A empresa pretende conquistar 25% de participa-
Após a fase de teste, o gerente de novos produtos ção de mercado e realizar uma taxa de retorno sobre o
deve desenvolver um plano estratégico de marketing investimento, após o imposto de renda, de 12%. Para
preliminar para lançar o novo produto no mercado. A atingir este retorno, a qualidade do produto começará
estratégia de marketing passará por aperfeiçoamentos alta e será melhorada no decorrer do tempo através de
nos estágios subseqüentes. pesquisa técnica. Inicialmente, o preço será fixado para
O plano estratégico de marketing consiste em três a nata do mercado, baixando gradualmente para expan-
partes. A primeira parte descreve o tamanho, estrutura dir o mercado e enfrentar a concorrência. O orçamento
e comportamento do mercado-alvo, o posicionamento total de promoção será aumentado em 20% a cada ano,
planejado do produto e as vendas, participação de mer- com a divisão inicial entre propaganda/promoção de
cado e metas de lucro esperadas para os primeiros anos. vendas de 65:35, evoluindo, eventualmente, para 50:50.
Assim: A despesa anual com pesquisa de marketing será redu-
O mercado-alvo da bebida de preparo instan- zida para $ 60.000, após o primeiro ano.
tâneo para o café da manhã é formado por famí-
lias com crianças receptivas a um novo comple-
mento alimentar que seja conveniente, nutritivo e Análise comercial
barato. A marca da empresa será posicionada no
mercado de preço mais alto e de maior qualidade. Após a administração desenvolver o conceito de
Inicialmente, a empresa pretende vender 500.000 produto e a estratégia de marketing, ela pode avaliar a
caixas para atender a 10% do mercado, com um atratividade do negócio proposto. Precisa preparar as
prejuízo no primeiro ano que não exceda $ 1,3 mi- projeções de vendas, custos e lucros para determinar se
lhão. O objetivo para o segundo ano é vender eles satisfazem os objetivos da empresa. Caso positivo, o
700.000 caixas ou atender a 14% do mercado, com conceito de produto pode passar para o estágio de de-
um lucro previsto de $ 2,2 milhões. senvolvimento do produto. À medida que novas infor-
mações chegam, a análise comercial será revisada e ex-
A segunda parte do plano estratégico de marketing pandida.
delineia o preço previsto para o produto, a estratégia de
distribuição e o orçamento de marketing para o primei-
ESTIMATIVA DE VENDAS. A administração precisa esti-
ro ano: mar se as vendas serão suficientemente altas para gerar
O produto será oferecido com os sabores de cho- um lucro satisfatório. A venda total será a soma da pri-
colate, baunilha e morango, em embalagens indi- meira venda, da venda de reposição e das vendas
viduais de seis unidades a um preço de $ 2,49 por repetitivas. Os métodos de estimativa de vendas depen-
embalagem. Serão 48 embalagens por caixa, cada dem das seguintes possibilidades: se o produto será com-
uma custando $ 24 para os distribuidores. Nos pri- prado apenas uma vez, se será comprado sem freqüên-
meiros dois meses, os revendedores receberão uma cia ou se será de compra freqüente. Para os produtos
caixa grátis em cada quatro compradas, mais con- comprados apenas uma vez, as vendas crescem no início
cessões em propaganda cooperativa. Serão distri- (na fase de lançamento), atingem o pico e se aproxi-
buídas amostras grátis porta a porta e veiculados mam de zero, à medida que o número de compradores
cupons de $ 0,20 de desconto nos jornais. O orça- potenciais exaure (Figura 11.7[a]). Se novos compra-
mento total de promoção de vendas será de dores continuarem entrando no mercado, a curva não
$ 2.900.000. O orçamento de propaganda será de chega ao nível zero.
$ 6.000.000, distribuído meio a meio entre propa- Os produtos comprados sem freqüência, como au-
ganda nacional e local. Dois terços serão destina- tomóveis, tostadeiras e equipamentos industriais, exi-
dos à televisão e um terço para os jornais. O texto bem ciclos de reposição determinados pelo desgaste fí-
de propaganda enfatizará os conceitos de benefí- sico ou por sua obsolescência associada a mudanças de
cio de nutrição e conveniência. O conceito de exe- estilos, características e desejos do consumidor. A previ-
cução da propaganda girará em torno de um pe- são de vendas para esta categoria de produto exige uma
queno garoto que consome a bebida no café da estimativa para as vendas de primeira vez e outra para
manhã e cresce forte. Durante o primeiro ano, as vendas de reposição (Figura ll-7[b]).
290 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 11.7 Vendas durante o ciclo de vida de três tipos de produtos.
Os produtos comprados com freqüência, como os três ou maior número de anos. O ponto mínimo da dis-
de consumo e os industriais não duráveis, apresentam tribuição indica quando ocorrerá a primeira reposição
desempenho de vendas conforme o mostrado na Figura de vendas. O momento real da reposição será influen-
11.7(c). Inicialmente, o número de compradores de pri- ciado pela situação econômica, fluxo de caixa e alterna-
meira vez aumenta e depois diminui à medida que al- tivas de produto para o consumidor, além dos preços,
guns não compram (assumindo-se uma população fixa). condições de pagamento e esforço de venda da empre-
As compras de repetição ocorrem em breve, desde que o sa. Desde que as vendas de reposição sejam de difícil esti-
produto satisfaça alguns consumidores. Eventualmente, mativa antes de o produto entrar em uso, alguns fabri-
a curva de vendas cai para um patamar que representa cantes baseiam suas decisões para lançar um novo produ-
um volume de vendas repetitivas fixo; nesta ocasião, o to apenas nas estimativas de vendas de primeira vez.
produto já não é mais novo.
Estimativa de vendas repetitivas. Para um novo
Estimativa de vendas para produtos compra- produto comprado com freqüência, o vendedor tem que
dos apenas uma vez. A primeira tarefa é estimar estimar tanto as vendas repetitivas como as vendas de
as compras de primeira vez do novo produto em cada primeira vez. Uma taxa alta de compras repetitivas sig-
período. Uma variedade de técnicas está disponível. Por nifica que os consumidores estão satisfeitos; provavel-
exemplo, um fabricante de equipamentos médicos de- mente, as vendas permanecem altas mesmo após todas
senvolveu um novo instrumento para analisar tipos as compras de primeira vez terem ocorrido. O vendedor
sangüíneos. A empresa identificou três segmentos de deve anotar a porcentagem de compras que ocorre em
mercado: hospitais, clínicas e laboratórios conveniados. cada classe de compradores de repetição: aqueles que
A seguir, usou um processo de três etapas para estimar recompram uma, duas, três vezes e assim por diante.
as vendas do novo produto. Primeiro, para cada segmen- Alguns produtos e marcas são comprados algumas ve-
to, a administração definiu a instalação mínima do cli- zes e, depois, abandonados. É importante estimar se a
ente que compraria esse instrumento. Depois, estimou o taxa de compra repetitiva, provavelmente, subirá ou cai-
número de instalações em cada segmento. Esse número rá, e, em que proporção, para cada classe de comprado-
foi reduzido pela probabilidade de compra estimada, que res de repetição.24
variava de segmento a segmento. Então, somou o nú-
mero remanescente de compradores potenciais chegan- ESTIMATIVA DE CUSTOS E LUCROS. Após preparar a pre-
do ao "potencial de mercado". Segundo, estimou a "pe- visão de vendas, a administração pode estimar os custos
netração de mercado" do novo produto, considerando e os lucros esperados. Os custos são estimados para os
diversos fatores, incluindo os gastos de propaganda pre- departamentos de pesquisa e desenvolvimento, produ-
vistos e a atividade dos concorrentes. Finalmente, mul- ção, marketing e finanças. A Tabela 11.4 ilustra uma pro-
tiplicou o potencial de mercado pela penetração de mer- jeção de cinco anos para as vendas, custos e lucros do
cado para estimar as vendas do novo produto. produto de preparo instantâneo para o café da manhã.
A linha 1 mostra a receita estimada de vendas para
Estimativa das vendas de reposição. Para esti- o período de cinco anos. A empresa espera vender
mar as vendas de reposição, a administração tem que $ 11.889.000 (aproximadamente, 500 caixas a um pre-
pesquisar a distribuição do produto no tempo, isto é, o ço unitário de $ 24) no primeiro ano. Por trás desta pro-
número de unidades que seriam compradas em um, dois, jeção de vendas está um conjunto de hipóteses sobre a
24. Veja BLATTBERG, Robert, GOLANTY, John. Tracker: an early test market forecasting and diagnostic model for new product planning.
Journal of Marketing Research, p. 192-202, May 1988.
DESENVOLVIMENTO DE 291
NOVOS PRODUTOS
Tabela 11.4 Demonstrativo de fluxo de caixa projetado para o período de cinco anos (em milhares de dólares).
11 . Fluxo de caixa descontado acumulado -3.500 -4.613 -2.992 -1.045 1298 3.644
taxa de crescimento de mercado, participação de merca- das vendas de outros produtos da empresa em decor-
do da empresa e custo de fabricação. rência do lançamento do novo produto.25 A Tabela 22.4
A linha 2 mostra o custo dos produtos vendidos, que não mostra qualquer contribuição suplementar.
gira em torno de 33% da receita de vendas. Este custo é A linha 9 mostra a margem de contribuição líquida,
encontrado por meio da estimativa do custo médio da neste caso, com o mesmo valor da margem de contribui-
mão-de-obra, ingredientes e material de embalagem por ção bruta.
caixa. A linha 10 mostra a margem de contribuição des-
A linha 3 mostra a margem bruta estimada, que é a contada, que é o valor presente de cada contribuição
diferença entre a receita de vendas e o custo dos produ- futura descontada a uma taxa de juros anual de 15%.
tos vendidos. Por exemplo, a empresa não receberá $ 4.716.000 até o
A linha 4 mostra os custos de desenvolvimento, quinto ano, significando que, hoje, este valor é de ape-
estimados em 3,5 milhões, que incluem o custo de de- nas $ 2.346.000, uma vez que o dinheiro da empresa
senvolvimento do produto, de pesquisa de marketing e pode render 15% através da aplicação em outros inves-
de produção. timentos.26
A linha 5 mostra os custos de marketing estimados Finalmente, a linha 11 mostra o fluxo de caixa des-
para o período de cinco anos, envolvendo propaganda, contado que é a acumulação das contribuições anuais da
promoção de vendas, pesquisa de marketing e uma quan- linha 10. Aqui, dois assuntos são de interesse central. O
tia destinada à cobertura da força de vendas e adminis- primeiro é o grau de investimento máximo que represen-
tração de marketing. ta o mais alto prejuízo que o projeto pode gerar. Vemos
A linha 6 mostra os custos indiretos alocados a este que a empresa terá um prejuízo máximo de $ 4.613.000
produto, que cobrem sua participação nos salários dos no primeiro ano; este será o prejuízo da empresa se ela
executivos, água, luz etc. encerrar o projeto. O segundo é o período de payback,
A linha 7, margem de contribuição bruta, é encon- que é o tempo em que a empresa recupera todos oa seus
trada subtraindo-se os três custos anteriores da margem investimentos, incluindo a taxa interna de juros de 15%.
bruta. Nesse caso, esse período é de três anos e meio. Por con-
A linha 8, margem de contribuição suplementar, é seguinte, a empresa tem que decidir se deve arriscar um
usada para listar qualquer alteração na receita de outros investimento máximo de $ 4,6 milhões em um período
produtos da empresa que seja causada pelo lançamento de payback de três anos e meio.
do novo produto. Essa margem é formada por dois com- As empresas usam outros instrumentos de
ponentes: a receita adicional sobre outros produtos da mensuração financeira para avaliar o mérito de uma pro-
empresa, resultante do acréscimo do novo produto à li- posta de novo produto. O mais simples é a análise do
nha; a receita canibalizada, que representa o decréscimo ponto de equilíbrio, em que a administração estima
25. Veja KERIN, Roger, HARVEY, Michael G., ROTHE, James T. Cannibalism and new product development. Business Horizons, p. 25-31, Oct.
1978.
26. O valor presente (V) de uma soma futura (I) para ser recebida t anos a partir de hoje e descontado a uma taxa de juros r é dado por V = It(l
+ r)t. Assim, $ 4.761/(1,15)5 = $ 2.346.
292 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
quantas unidades do produto devem ser vendidas para correspondente ao desejo dos consumidores. A produ-
atingir-se o ponto de equilíbrio, a dados preço e estrutu- ção desse sabor tornou-se tão cara que a empresa redu-
ra de custos. Se a empresa acreditasse que atingiria fa- ziu o custo da mistura, ajustando-o ao orçamento pre-
cilmente o ponto de equilíbrio, não teria dificuldade de visto. Entretanto, a mudança comprometeu o sabor e a
encaminhar o projeto para a fase de desenvolvimento nova marca de café não foi bem recebida pelo mercado.
do produto. Os cientistas de laboratórios não devem apenas
O instrumento mais complexo é a análise de risco. desenvolver as características funcionais exigidas, mas
Aqui, são obtidas três estimativas (otimista, pessimista e também saber como comunicar os aspectos psicológicos
mais provável) para cada variável de incerteza que afeta através de sugestões físicas. Como os consumidores rea-
a rentabilidade, sob um ambiente e estratégia de girão a diferentes cores, tamanhos, pesos e outras carac-
marketing assumidos para o período de planejamento. terísticas físicas? No caso de um líquido para lavar a boca,
O computador simula os resultados possíveis e calcula a a cor amarela tem apelo "antiséptico" (Listerine), a ver-
distribuição de probabilidade de uma taxa de retorno, melha tem apelo "refrescante" (Lavoris) e a verde dá
mostrando a variação das taxas de retorno possíveis e idéia de "frio" (Scope). Os profissionais de marketing
suas probabilidades.27 precisam fornecer ao pessoal de laboratório informações
sobre que atributos os consumidores procuram e como
eles julgam se esses atributos estão presentes.
Quando os protótipos estão prontos, devem ser
Desenvolvimento de produto submetidos a rigorosos testes funcionais e de consumo.
Os testes funcionais são realizados sob condições de la-
Se o conceito de produto passar pela análise co- boratório e de campo para a empresa assegurar-se de
mercial, ele segue para o departamento de pesquisa e que o produto é seguro e eficaz em termos de desempe-
desenvolvimento e/ou de engenharia para ser transfor- nho. A nova aeronave deve voar; o novo lanche deve
mado em produto físico. Até agora, o produto existiu ficar bem disposto na prateleira do supermercado; o novo
somente sob a forma de descrição verbal, de desenho ou medicamento não deve gerar efeitos colaterais nocivos.
de um protótipo. Esta etapa exige um grande salto em O teste funcional de novos medicamentos demora vá-
termos de investimento que não subestime os custos de rios anos de trabalho de laboratório com animais e, de-
avaliação da idéia de produto, incorridos nos estágios pois, com seres humanos organizados em grupos de con-
anteriores. Nesta fase, a empresa determinará se a idéia trole, antes de obterem aprovação do Ministério da Saú-
de produto pode ser transformada em um produto téc- de. Aqui estão alguns dos testes funcionais que os pro-
nica e comercialmente viável. Caso negativo, os custos dutos são submetidos antes de entrarem no mercado:
acumulados do projeto são perdidos, exceto quando en-
volvem informações úteis obtidas no processo.
O departamento de pesquisa e desenvolvimento SHAW INDUSTRIES Nesta fábrica, empregados tem-
desenvolverá uma ou mais versões físicas do conceito porários recebem $ 5 por hora para estender cinco lon-
de produto. Espera-se encontrar um protótipo que os gas filas de carpete durante oito horas por dia, cada uma
consumidores possam ver como contendo os atributos- medindo, em média, 23 km de extensão. Um funcioná-
chaves descritos na declaração de conceito de produto, rio comum lê três livrinhos de mistérios por semana en-
que desempenhe com segurança sob condições normais quanto caminha e perde 18 quilos de peso em dois anos.
de uso e possa ser produzido dentro dos custos de pro- Os técnicos calculam o número de passos dados sobre o
dução orçados. carpete, concluindo que 20.000 deles correspondiam a
O desenvolvimento de um protótipo bem-sucedi- vários anos de uso do produto.
do leva dias, semanas, meses ou mesmo anos. Projetar
uma nova aeronave comercial demora diversos anos de
APPLE COMPUTER A Apple não deixa de conside-
trabalho de desenvolvimento, mesmo com a tecnologia
rar os problemas que podem ocorrer a seu computador
sofisticada dos computadores. (Para mais informações
PowerBook em condições normais de uso. Seus técnicos
sobre este tópico, veja a seção Visão 2000 intitulada
derramam Pepsi ou outros refrigerantes sobre o teclado,
"Usando CAD, CAM e 3-D no desenvolvimento de novos
passam maionese na tela e colocam o equipamento em
produtos".) Até o desenvolvimento de uma nova fórmu-
um forno para suportar a temperatura de 60° ou mais,
la de sabor pode levar tempo. Por exemplo, a Maxwell
simulando situações enfrentadas dentro de um carro.
House Division da Kraft General Foods descobriu que os
consumidores desejavam uma marca de café que fosse
"forte, consistente e de sabor concentrado". Os técnicos GILLETTE Na Gillette, 200 voluntários de vários de-
de seus laboratórios trabalharam quatro meses com vá- partamentos vão trabalhar sem fazer a barba. Eles se
rias misturas e sabores de café para formular um sabor reúnem no segundo andar do prédio de pesquisa e de-
27. Veja HERTZ, David B. Risk analysis in capital investment. Harvard Business Review, p. 96-106, Jan.-Feb. 1964.
DESENVOLVIMENTO DE 293
NOVOS PRODUTOS
VISÃO Usando CAD, CAM e terceira dimensão no
2000 desenvolvimento de novos produtos
No laboratório de desenvolvimento da Chrysler de processo de desenvolvimento de produto, desde peque-
Auburn Hills, Michigan, os visitantes ficam indignados nas peças de joalheira a automóveis e grandes aerona-
com um quadro de 25 x 10 cm contendo uma folha con- ves. Por exemplo, o departamento de produção da RPD,
venientemente preta. Subitamente, quando o quadro é de Plymouth, Minnesota, usava CAD-CAM para ajudar
iluminado por uma luz branca, um holograma da mini- seus clientes palheiros a agilizar os métodos de produ-
atura de um carro esportivo Dodge Viper vermelho pa- ção sob encomenda de um mês para cinco dias. Assim
rece saltar à frente do quadro, quase próximo o suficien- que os joalheiros desenham o molde de, digamos, um
te para ser tocado pela audiência. Trabalhando com atraente pingente com o software CAD, a RPD pode usar
empresas especializadas em holografia, a Chrysler está outro tipo de programa para manipular a característica
agora tentando descobrir como usar os mesmos tipos de e textura do novo produto, de maneira que os consumi-
hologramas para desenhar carros e caminhões e, assim, dores possam ver várias versões do mesmo.
eliminar o oneroso e demorado processo de produção Por conseguinte, a Chrysler usava a tecnologia de
de modelos idênticos aos dos desenhos. CAD-CAM para desenvolver seu novo carro compacto, o
Mesmo com o avanço da holografia, a tecnologia Neon, em apenas 31 meses a um custo de $ 1,3 bilhão.
está ainda há vários anos longe de realizar o que os fa- (A indústria automobilística norte-americana leva mais
bricantes de carros têm em mente: hologramas medin- de quatro anos e gasta bilhões de dólares para lançar
do 70 x 40 cm que surgem com o clique de um botão um novo carro no mercado.) A nova estrutura organiza-
após os engenheiros introduzirem os dados em um com- cional da empresa estava acoplada à tecnologia de CAD-
putador - e que podem ser modificados com o clique de CAM. A empresa organizou equipes de desenvolvimen-
outro botão. Atualmente, os fabricantes de automóveis to - incluindo o pessoal-chave de engenharia, produção
e de outros produtos estão colhendo os benefícios do e marketing -, trabalhando no mesmo espaço físico para
design auxiliado por computador (CAD) e da produção agilizar o processo de desenvolvimento do produto. CAD-
auxiliada por computador (CAM), duas tecnologias CAM facilitava a comunicação ao permitir que a equipe
introduzidas nos anos 60, mas que somente agora estão de desenvolvimento situada em Michigan enviasse os
sendo amplamente usadas. 0 CAD permite aos engenhei- desenhos on-line para o pessoal da linha de montagem
ros a produção de esboços bidimensionais que são trans- em Belvedere, Illinois, que dava feedback imediato so-
formados em desenhos tridimensionais pela inclusão de bre a viabilidade das idéias apresentadas.
dados matemáticos. 0 CAM é usado para controlar equi-
pamentos automáticos utilizados na fabricação de um
produto. Representa a tecnologia em que a robótica está
baseada. Fontes: CHRISTIAN, Nichole M. Detroit in 3-D: car design gets new
Um dos principais benefícios da utilização da dimension. The Wall Street Journal, 24 Mar. 1995, Bl:3; BYLINSKY,
Gene. The digital factory. Fortune, p. 92-110, 14 Nov. 1994; HIGH-
tecnologia de CAD-CAM é a agilização significativa do tech jewerly design. Industry Week, p. 75, 18 July 1994.
senvolvimento da empresa e são encaminhados a pe- dutos envolvendo desde sabores de sorvetes a novos ele-
quenas cabinas com pia e espelho. Através de uma pe- trodomésticos. Quando a Du Pont desenvolveu seu novo
quena janela, técnicos orientam sobre que lâmina, cre- carpete sintético, instalou-o gratuitamente em diversas
me de barbear ou loção pós barba usar. Após fazerem a residências em troca da disposição dos proprietários em
barba, os funcionários preenchem um questionário. "So- informar vantagens e desvantagens do novo produto.
mos beneficiados à medida que aprendemos a nos bar- Quanto testarem produtos de última geração, como
bear melhor em casa", diz um funcionário da Gillette.28 carros elétricos, os profissionais de marketing devem ser
O teste junto a consumidores pode assumir diversas tão criativos quanto seus designers e engenheiros. Ruegen,
formas, desde trazê-los ao laboratório para testar o pro- uma pequena ilha no mar Báltico, tornou-se um campo
duto, a oferecer-lhes amostras para serem usadas em de teste para os carros do futuro. Cinqüenta e oito mo-
suas casas. Os testes domiciliares são comuns com pro- radores dessa ilha da ex-Alemanha Oriental guiam des-
28. RICE, Faye. Secrets of product testing. Fortune, p. 172-174, 28 Nov. 1994; INGRASSIA, Lawrence. Taming the monster: how big companies
can change: keeping sharp: Gillette holds its edge by endlessly searching for a better shave. The Wall Street Journal, 10 Dec. 1992, p. Al:6.
294 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
de carros movidos a gasogênio a novos modelos de car- = indiferença e 7 = gosta intensamente. Suponha-
ros elétricos macios fabricados pela BMW, Mercedes Benz mos que um consumidor entrevistado apresente as
e Audi. Ironicamente, esses carros são desenvolvidos para seguintes avaliações: A = 6, B = 5 e C = 3. Esse
serem vendidos na Califórnia, que está exigindo que 2% método fornece maior número de informações do
de todos os veículos vendidos sejam livres de qualquer que os outros métodos já examinados. Podemos or-
emissão de gases até o início de 1998. Os testes em denar as preferências individuais (no caso A > B >
Ruegen têm tornado os fabricantes de automóveis cons- C) e conhecer os níveis qualitativos de sua preferên-
cientes de vários problemas: os moradores da ilha que cia em relação a cada item e a distância entre as
testam carros elétricos constataram que as viagens de preferências. Esse método também é de fácil utiliza-
qualquer extensão devem ser cuidadosamente planeja- ção pelos entrevistados, particularmente quando
das em função da vida limitada das baterias. Recarregá- existe um grande conjunto de objetos a ser avalia-
las não é fácil, consumindo de meia hora a uma noite do.
inteira.29
29. CHOI, Audrey, STERN, Gabriella. The lessons of Reugen: electric cars are slow, temperamental and exasperating. The Wall Street Jornal, 30
Mar. 1995, p. Bl:3.
DESENVOLVIMENTO DE 295
NOVOS PRODUTOS
reduzido se a empresa estiver correndo contra o tempo preferências de marcas de uma categoria especifica de
para lançar um produto no início de uma estação, ou produtos. Depois, são convidados a selecionar comer-
ainda, porque seus concorrentes estão preparados para ciais ou anúncios impressos, incluindo os bem conheci-
lançar suas novas marcas. Todavia, a empresa pode pre- dos e os novos. Um anúncio divulga o novo produto,
ferir assumir o risco de fracasso de seu produto ao risco mas fica misturado com os demais para não chamar a
de perder a distribuição ou a participação de mercado a atenção. Os consumidores recebem uma pequena quan-
um outro produto que poderá ser bem-sucedido. O cus- tia em dinheiro e são convidados a entrar em uma loja
to do teste de mercado afetará também sua extensão e o onde podem comprar alguns itens. Mesmo aqueles que
tipo de teste que será empregado. não compram a nova marca a recebem como amostra
grátis. A empresa anota quantos deles compram a nova
marca e as marcas concorrentes. Isso fornece uma
TESTE DE MERCADO DE BENS DE CONSUMO. AO testar pro- mensuração da eficácia relativa do anúncio em estimu-
dutos de consumo, a empresa procura estimar quatro lar a experimentação em relação às marcas concorren-
variáveis: experimentação, primeira repetição, adoção e tes. Pergunta-se aos consumidores as razões de suas com-
freqüência de compra. Ela espera encontrar estas variá- pras ou por que não compraram. Algumas semanas de-
veis em níveis elevados. Em alguns casos, encontrará pois, eles são novamente entrevistados por telefone para
muitos consumidores experimentando o produto, mas informar suas atitudes em relação ao produto, seu uso,
poucos repetindo a compra, mostrando insatisfação pelo satisfação e intenção de repetir a compra, com a liberda-
mesmo. Também pode encontrar alta taxa de adoção, de de optar por qualquer produto.
mas baixa freqüência de compra (como no caso de ali-
mentos congelados), porque os compradores usam o Esse método oferece várias vantagens, incluindo a
produto apenas em ocasiões especiais. mensuração da eficácia da propaganda e as taxas de
experimentação (e as de repetição de compra), resulta-
A seguir, são descritos os principais métodos para dos que ficam disponíveis em tempo muito curto, a uma
testar o mercado de bens de consumo, dos mais simples fração do custo dos testes reais de mercado. Freqüen-
e baratos ao mais complexos e caros. temente, os pré-testes demoram apenas três meses e
podem custar apenas $ 250.000.30 Geralmente, os re-
Pesquisa de flutuação de vendas. Neste tipo de sultados são incorporados em modelos de previsão para
pesquisa, os consumidores que experimentam o produ- o novo produto, possibilitando a projeção do nível final
to, inicialmente, como amostra grátis, o recebem nova- de vendas. As empresas de pesquisa de marketing fazem
mente ou lhes é oferecido um produto concorrente a previsões surpreendentemente corretas de produtos que
preço levemente reduzido. Esse processo pode ser repe- são, subseqüentemente, lançados no mercado.31
tido de três a cinco vezes (flutuação de vendas) e a em-
presa deve anotar quantos consumidores escolheram Teste de mercado controlado. Neste método, uma
novamente seu produto, além do nível de satisfação re- empresa de pesquisa administra um painel de lojas que
latado. Esta pesquisa pode também incluir a exposição acompanha novos produtos, cobrando uma taxa das
dos consumidores a um ou mais conceitos de propagan- empresas interessadas. A empresa com um novo produ-
da para se verificar qual seu impacto sobre a compra de to especifica o número de lojas e as localizações geográ-
repetição. ficas que deseja testar. A empresa de pesquisa entrega o
A pesquisa de flutuação de vendas pode ser produto para as lojas participantes, controla sua posição
implementada rapidamente, conduzida com relativa se- nas prateleiras, formas de exibição, número de displays
gurança e sem a necessidade de desenvolvimento de e promoções de ponto de venda e preço, conforme os
embalagem e de um anúncio de propaganda definitivos. planos estabelecidos. As vendas resultantes podem ser
Entretanto, a pesquisa não indica as taxas de experimen- mensuradas através de scanners eletrônicos colocados
tação que seriam atingidas com incentivos de promoção nos caixas. A empresa pode também avaliar o impacto
de vendas diferentes, uma vez que os consumidores são da propaganda e promoções locais durante o teste.
pré-selecionados para experimentar o produto. Ela tam-
Este método permite a empresa testar o impacto
bém não indica o poder da marca para ganhar a distri-
dos fatores internos das lojas e da propaganda limitada
buição e uma posição favorável nas prateleiras dos su-
sobre o comportamento de compra dos consumidores,
permercados.
sem envolvê-los diretamente. Depois, uma amostra de
consumidores pode ser entrevistada para levantamento
Teste de marketing simulado. Este teste exige a de suas impressões sobre o produto. A empresa não tem
identificação de 30 a 40 compradores qualificados (em que usar sua própria força de vendas, oferecer conces-
um shopping center ou em outro local de compra) que sões ou "comprar" a distribuição. Por outro lado, o teste
devem ser entrevistados a respeito da familiaridade e de marketing controlado não fornece informações sobre
30. POWER, Christopher. Will it sell in produnk? Hard to say. Business Week, p. 46-47, 10 Aug. 1992.
31. Veja CLANCY, Kevin J., SHULMAN, Robert S., WOLF, Marianne. Simulated test marketing: technology for launching succesful new products.
New York : Lexington Books, 1994; e MAHAJAN, V, WIND, Jerry. New product models: practice, shortcomings, and desired improvements.
Journal of Product Innovation Management, v. 9, p. 128-139, 1992.
296 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
como vender o novo produto ao comércio. Esta técnica e a eficácia da propaganda, promoção e dos mate-
também expõe o produto aos concorrentes. riais de ponto de venda.
5. Que ação tomar? Se os mercados-teste mostrarem
Mercados-teste. Representam a maneira definitiva altas taxas de experimentação e de repetição de com-
de testar um novo produto de consumo. Geralmente, a pra, o produto deve ser lançado em todo o país. Mas
empresa trabalha com uma empresa de pesquisa de se eles mostrarem alta taxa de experimentação e
marketing para localizar algumas cidades-teste onde a baixa taxa de recompra, os consumidores não estão
força de vendas da empresa tentará vender ao comércio satisfeitos e o produto deve ser redesenhado ou eli-
e obter bom espaço nas prateleiras dos supermercados. minado. Se os testes mostrarem baixa taxa de expe-
Ela fará uma campanha de propaganda e promoção in- rimentação e alta taxa de recompra, o produto está
tensiva nesses mercados, semelhante àquela que será satisfazendo, mas mais pessoas têm que experi-
feita em âmbito nacional. Um teste de escala ampla pode mentá-lo. Isto significa que a empresa deve aumen-
custar $ 1 milhão, dependendo do número de cidades tar a propaganda e a promoção de vendas. Final-
testadas, duração do teste e do número de dados que a mente, se as taxas de experimentação e de recompra
empresa deseja coletar. forem baixas, o produto deve ser eliminado.
Ao testar mercados, a administração enfrenta vá-
rios problemas: Os mercados-teste podem trazer diversos benefí-
cios. Seu principal benefício é obter uma previsão de
1. Quantas cidades testar? A maioria dos testes é reali- vendas mais confiável. Se as vendas do produto caírem
zada em duas a seis cidades, com uma média de abaixo dos níveis programados no mercado-teste, a em-
quatro. Quanto maior o número de cidades usadas, presa deve eliminar ou modificar o produto ou o progra-
maior a probabilidade de prejuízo, do número de ma de marketing.
estratégias de marketing concorrentes, das diferen- Um segundo benefício é o pré-teste de planos de
ças regionais e da chance de interferência nos mer- marketing alternativos. Por exemplo, a Colgate-Palmolive
cados-teste por ação dos concorrentes. usou um composto de marketing diferente em cada uma
2. Que cidades escolher? Cada empresa deve desenvol- de quatro cidades para vender um novo sabonete. As
ver seu próprio critério para selecionar cidades-tes- quatro abordagens foram: (1) propaganda média em
te. Deve procurar cidades com setores industriais di- conjunto com distribuição de amostras grátis porta a
versificados, boa cobertura de mídia, cadeias de lo- porta, (2) propaganda reforçada mais distribuição de
jas, atividade competitiva média e nenhuma evidên- amostras, (3) propaganda média junto com cupons de
cia de terem sido muito testadas. descontos enviados pelo correio e (4) propaganda mé-
3. Duração do teste? Os testes podem durar de alguns dia sem nenhum complemento promocional. A terceira
meses a vários anos. Quanto maior o período de re- alternativa gerou o maior nível de benefício, embora não
petição de compra do produto, maior o período de tenha gerado o nível mais elevado de vendas.
teste necessário para observar as taxas de repetição. Apesar dos benefícios dos mercados-teste, muitas
Por outro lado, o período deve ser abreviado se os empresas questionam seu valor hoje. Nesse mercado al-
concorrentes apressarem suas entradas no merca- tamente mutante, as empresas têm que preencher uma
do. necessidade ainda não atendida, estão ansiosas para
4. Que informações obter? A administração deve deci- chegar ao mercado em primeiro lugar. O mercado-teste
dir sobre os tipos de informações que devem ser retardaria e revelaria seus planos para os concorrentes
coletadas em relação a seu valor e custo. Dados so- que agilizariam o desenvolvimento de produtos rivais.
bre embarque a depósitos mostram a compra para Isso ocorreu há vários anos quando a Procter & Gamble
estocagem, mas não indicam as vendas semanais ao começou a testar seu glacê para cobrir bolo Duncan
varejo. As auditorias de lojas mostram as vendas re- Hines. Imediatamente, a General Mills tomou nota e lan-
alizadas no varejo e as participações de mercado dos çou sua marca Betty Crocker que, agora, domina o mer-
concorrentes, mas não revelam as características dos cado em sua categoria.32 Além disso, os concorrentes
compradores de diferentes marcas. Os painéis de agressivos procuram interferir nos mercados-teste, tor-
consumidores indicam os tipos de pessoas que estão nando os resultados menos confiáveis. Por exemplo,
comprando, quais marcas, grau de lealdade e taxas quando a Pepsi testou a bebida Mountain Drew Sport
de mudança de marcas. Os levantamentos de consu- em Minneapolis, em 1990, A Gatorade contra-atacou
midores possibilitam a obtenção de informações de furiosamente com a distribuição de cupons de desconto
profundidade sobre as atitudes dos consumidores, e veiculação de anúncios.33
condições de uso e nível de satisfação. Entre outras Hoje, muitas grandes empresas estão evitando o
coisas que podem ser pesquisadas estão as atitudes estágio de mercado-teste, confiando em outros métodos
dos intermediários, distribuição em nível de varejo
32. POWER, Christopher. Will it sell in produnk? Business Week, p. 46-47, 10 Aug. 1992.
33. Ibid.
DESENVOLVIMENTO DE 297
NOVOS PRODUTOS
para testar o mercado.34 Por exemplo, a General Mills ca que, freqüentemente, antecipa problemas de segu-
prefere lançar o novo produto em 25% das cidades do rança e funcionamento e fornece sugestões sobre as ne-
país, uma área bastante extensa para receber a interfe- cessidades de treinamento. A empresa vendedora pode
rência dos concorrentes. Os executivos da empresa ana- também observar o valor que o equipamento agrega para
lisam os dados obtidos por scanners que informam em a operação do cliente, sugerindo o preço a ser cobrado.
poucos dias a aceitação do produto e que ações correti- Após o teste, a equipe de vendas entrará em contato com
vas devem ser adotadas. Freqüentemente, a Colgate- o cliente para saber sua intenção de compra e outras
Palmolive lança um novo produto em um conjunto de reações.
pequenas "cidades-pilotos" e o distribui nacionalmente As empresas que testam o produto também se be-
se o resultado for favorável.35 neficiam de diversas maneiras: ganho de experiência com
Todavia, os administradores devem considerar to- o novo produto à frente dos concorrentes, recebimento
dos os ângulos antes de decidir dispensar o mercado- de desconto no preço em troca da cooperação e aumen-
teste. Consideremos o que ocorreu com a Unilever: to de reputação como pioneiros no uso da nova
tecnologia. Ao mesmo tempo, a empresa vendedora tem
que interpretar cuidadosamente os resultados do teste
UNILEVER Custou muito caro quando esta empresa beta porque apenas algumas experiências são realiza-
baseada em Londres decidiu dispensar o mercado-teste das, as empresas-testes não são escolhidas ao acaso, o
ao lançar o sabão em pó Power. Ela estava tão confiante teste é adaptado às condições de cada instalação indus-
na patente do catalisador baseado em manganês incor- trial, limitando a generalização. Outro risco é que as
porado no produto que foi em frente com uma campa- empresas-testes não interessadas no produto podem fa-
nha de $ 300 milhões para seu lançamento em toda a zer relatórios desfavoráveis sobre o mesmo.
Europa. Manteve a decisão de lançar o produto, mesmo
após sua arquirival, a Procter & Gamble, ter alertado Um segundo método comum de teste de mercado
sobre a possibilidade do Power estragar as roupas dos é lançar o novo produto industrial em feiras comerciais,
consumidores. Edwin Artz, presidente da P&G, fez uma que atraem grande número de compradores interessa-
visita secreta ao vice-presidente da Unilever, Niall dos em novidades durante poucos dias. A empresa
Fitzgerald, para alertá-lo sobre o poder de destruição de vendedora pode observar o nível de interesse em rela-
sua nova marca de sabão em pó. A Unilever ignorou-o e ção ao novo produto demonstrado pelos compradores,
o lançamento foi um desastre. Sem dúvida, a P&G não como reagem às várias características e condições e
foi movida por altruísmo, mas por sua própria agenda: quantos expressam intenção de comprar ou de fazer pe-
estava, secretamente, preparando-se para relançar sua didos. Por exemplo, os editores do livro anunciam, re-
principal marca européia, a Ariel, com o nome Ariel gularmente, os novos lançamentos na convenção anual
Future, um sabão em pó concentrado para combater da American Booksellers Association. Na ocasião, são
manchas. A P&G passou a "bombardear" os jornalistas apresentadas provas ou capas de livros de literatura ou
de toda a Europa com fotos coloridas de tapetes dilace- de referência e versões em CD-ROM. Se um grande cli-
rados lavados com Power junto a roupas conservadas ente, como a rede de livrarias Barnes & Noble, não con-
lavadas com Ariel.36 cordar com o design da capa ou com o título do livro de
interesse, a editora, freqüentemente, criará um novo tí-
tulo ou uma nova capa. A desvantagem é que as feiras
TESTE DE MERCADO DE BENS INDUSTRIAIS. OS bens in- revelam o produto aos concorrentes, obrigando o fabri-
dustriais podem também se beneficiar do teste de mer- cante a lançá-lo naquela oportunidade.
cado, que varia conforme o tipo de produto. Normal- O novo produto industrial pode também ser testa-
mente, produtos industriais caros e novas tecnologias do em showrooms de distribuidores e revendedores, onde
são submetidos aos testes alfa e beta. O teste alfa é reali- é colocado próximo aos produtos de outros fabricantes
zado na própria empresa, onde o produto passa por cri- e, possivelmente, de produtos concorrentes. Este méto-
térios de mensuração de desempenho, confiabilidade, do possibilita despertar a preferência do comprador em
design e de avaliação dos custos operacionais. Se os re- uma atmosfera de venda favorável. Há desvantagens: os
sultados forem satisfatórios, a empresa inicia o teste beta, compradores podem desejar fazer pedidos que não po-
que consiste em convidar adotantes potenciais a usar o derão ser atendidos e estes visitantes podem não repre-
produto em seu processo industrial. Este tipo de teste sentar o mercado-alvo.
fornece benefícios, tanto para a empresa vendedora como Embora o teste de mercado seja mais freqüente-
para o cliente industrial. A equipe técnica da empresa mente usado para bens de consumo, ele vem sendo usa-
vendedora observa como o cliente usa o produto, práti- do por alguns fabricantes. Eles produzem uma quanti-
34. SPOTTING competitive edges begetgs new product success. Marketing News, p. 4, 21 Dec. 1984; TESTING time for test marketing. Fortune,
p. 75-76, 29 Oct. 1984; e KLOMPMAKER, Jay E, HUGHES, G. David., HALEY, Russell I. Test marketing in new product development. Harvard
Business Review, p. 128-138, May/June 1976.
35. Ibid.
36. WENTZ, Laurel. Unilever's power failure a wasteful use of haste. Advertising Age, p. 42, 6 Mar. 1995.
298 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
dade limitada do produto que deve ser vendida em um 2. Entrar paralelamente no mercado. A empresa pode
conjunto limitado de áreas geográficas que recebem programar sua entrada em conjunto com o concor-
apoio promocional, catálogos e assim por diante. Dessa rente. Se este apressar o lançamento, a empresa não
maneira, a administração tem a oportunidade de saber o acompanha; se esperar, a empresa faz o mesmo,
o que pode acontecer em um atendimento de ampla es- usando o tempo extra para aperfeiçoar seu produto.
cala, podendo tomar decisão mais fundamentada sobre 3. Entrar posteriormente no mercado. A empresa pode
a comercialização do produto. atrasar seu lançamento até após a entrada do con-
corrente. Esta estratégia proporciona três vantagens
potenciais. O concorrente terá que assumir o custo
Comercialização de preparação do mercado. O Produto concorrente
pode revelar problemas que podem ser evitados pela
Provavelmente, o teste de mercado fornece à ad- empresa que entrar posteriormente, além da vanta-
ministração muitas informações para ela decidir se deve gem de conhecer o tamanho do mercado. Por exem-
lançar o novo produto. Se a empresa for em frente com plo, a EMI, empresa inglesa pioneira na fabricação
a comercialização, entrará em uma fase de maiores cus- de aparelhos para tomografia computadorizada,
tos. Terá que contratar a fabricação do produto, cons- perdeu a liderança de mercado para a GE, que do-
truir ou alugar instalações para fabricação em larga es- minou o mercado em função de maior excelência
cala. O tamanho da fábrica será uma variável crítica de em manufatura e maior força na distribuição a hos-
decisão. Por medida de precaução, a empresa pode cons- pitais.
truir instalações menores do que as exigidas pela previ-
são de vendas. Isto foi feito pela Quaker Oats quando A decisão de timing envolve considerações adicio-
lançou o cereal para café da manhã "100% Natural". A nais. Se o novo produto substituir um produto mais an-
demanda excedeu tanto sua previsão de vendas que de- tigo da empresa, ela pode retardar o lançamento até que
morou um ano para o atendimento das lojas ficar nor- o estoque desse produto se esgote. Se o produto for alta-
malizado. Embora a empresa tivesse ficado satisfeita com mente sazonal, seu lançamento pode ser adiado até a
a resposta, a baixa previsão de vendas custou-lhe consi- estação adequada.37
derável perda de lucro.
Outro importante custo é marketing. Para lançar ONDE (ESTRATÉGIA GEOGRÁFICA). A empresa deve deci-
um produto de consumo importante no mercado nacio- dir se lança o novo produto em uma única localidade,
nal, a empresa pode ter que gastar entre $ 20 a $ 80 em várias regiões, no mercado nacional ou no mercado
milhões em propaganda e promoção no primeiro ano. internacional. Poucas empresas têm confiança, capital e
No lançamento de um novo produto alimentício, os gas- capacidade física para lançar novos produtos em âmbito
tos de marketing representam, geralmente, 57% da re- nacional ou global. Ao contrário, a maioria delas desen-
ceita de vendas do primeiro ano. volve um plano de lançamento pulverizado ao longo do
tempo. As pequenas empresas, em particular, selecionam
uma cidade atraente e promovem intensa campanha de
QUANDO (TIMING). Para comercializar um novo produ-
propaganda para entrar no mercado. Depois, entram em
to, o momento certo de entrar no mercado pode ser crí-
outras cidades uma de cada vez. As grandes empresas
tico. Suponhamos que uma empresa já tenha concluído
lançam seus produtos em uma ampla região, passando,
o trabalho de desenvolvimento de seu novo produto e
depois, para outras regiões. Empresas com redes de dis-
fica sabendo que um concorrente está finalizando a fase
tribuição nacional, como as automobilísticas, lançam seus
de desenvolvimento de um produto. A empresa enfren-
novos modelos no mercado nacional.
ta três opções:
É interessante notar que a maioria das empresas
1. Entrar primeiro no mercado. Geralmente, a primeira desenvolve seus novos produtos para vendê-los, princi-
empresa a entrar em um mercado desfruta as "van- palmente, no mercado doméstico. Depois, se o produto
tagens de quem chega na frente" para conquistar for bem-sucedido, elas consideram a possibilidade de
distribuidores e clientes-chaves e ganhar reputação exportar para países vizinhos ou para o mercado global,
de liderança. Um estudo da McKinsey mostrou que modificando-o se for necessário. Todavia, Cooper e
ser o primeiro a lançar um novo produto, mesmo Kleinschmidt, em um estudo sobre produtos industriais,
com orçamento limitado, é melhor do que lançar constataram que os produtos projetados apenas para o
depois, com orçamento suficiente. Por outro lado, mercado doméstico tendem a mostrar alta taxa de fra-
se for para o mercado antes do produto estar total- casso, baixa participação de mercado e pequena taxa de
mente testado, pode adquirir uma imagem nega- crescimento. Em contraste, os produtos projetados para
tiva. o mercado mundial - ou, pelo menos, incluindo tam-
37. Para mais esclarecimentos sobre este tópico, veja ALPERT, Frank H., KAMINS, Michael A. Pioneer brand advantages and consumer behavior:
a conceptual framework and propositional inventory. Journal of the Academy of Marketing Science, p. 244-253, Summer 1994.
DESENVOLVIMENTO DE 299
NOVOS PRODUTOS
bém os mercados vizinhos - são mais rentáveis, tanto no dente após o desenvolvimento de um modelo especial
mercado doméstico como no internacional. Entretanto, do mesmo forno para o preparo de pipoca. Os
apenas 17% dos produtos estudados por Cooper e microcomputadores conquistaram ampla aceitação jun-
Kleinschmidt foram planejados com essa orientação.38 to às residências quando a característica de multimídia
A implicação está clara. As empresas atingiriam uma taxa foi introduzida.
de sucesso mais alta no lançamento de novos produtos
se adotassem um foco internacional ao desenhá-los e
COMO (ESTRATÉGIAS DE LANÇAMENTO NO MERCADO). A
desenvolvê-los. Elas cuidariam melhor na escolha da
marca, dos materiais empregados, das características de empresa deve desenvolver um plano de ação para lan-
design etc. e as alterações subseqüentes custariam bem çar o novo produto em mercados pulverizados. As notí-
menos. cias sobre lançamentos de produtos aparecem, regular-
mente, em revistas especializadas. Aqui está um tipo de
Antes de adotar uma estratégia de lançamento
lançamento de produto feito por uma empresa:
pulverizado, a empresa tem que avaliar os mercados al-
ternativos conforme seus graus de atratividade. Os mer- A Fila USA aumentou seu orçamento de
cados candidatos podem ser listados em filas e os crité- marketing em 25%, algo em torno de $ 40 milhões
rios de atratividade, em colunas. Os primeiros critérios em 1995, para lançar a nova linha de calçados para
de avaliação são potencial de mercado, reputação local basquetebol denominada Grant Hill (nome do atle-
da empresa, custo de abastecimento do mercado, custo ta sensação da NBA) e a Fila Sport, linha de rou-
das mídias de comunicação, influência de uma área so- pas masculinas de moda. Os calçados chegaram às
bre outras e penetração de concorrentes. lojas no dia 1o de março de 1995, mas a campanha
A presença de concorrentes é particularmente im- publicitária, com cobertura nacional, teve início em
portante. Suponhamos que a McDonald's deseje lançar 1o de fevereiro através das redes de televisão ESPN,
uma nova rede de pizzarias especiais. Suponhamos tam- MTV e BET. Duas importantes redes de varejo, a
bém que a Pizza Hut, importante concorrente, esteja for- Foot Locker e a FootAction, através de propaganda
temente entrincheirada na costa leste. Outra rede de cooperativa de rádio, obtiveram exclusividade de
pizzarias está entrincheirada na costa oeste, mas é fra- venda durante tempo limitado. A Fila está também
ca. No meio-oeste, há uma batalha entre duas outras patrocinando o famoso torneio de voleibol de praia
redes. O sul está aberto, mas a Shakey's está planejando AVP, cujo anúncio mostra dois atletas importantes
ocupá-lo. Podemos verificar que a McDonald's enfrenta usando suas roupas.40
uma decisão bastante complexa para implantar a estra-
tégia de lançamento pulverizado. Para organizar e coordenar as muitas atividades
envolvidas no lançamento de um novo produto, a admi-
nistração pode usar técnicas de planejamento de redes
PARA QUEM (CONSUMIDORES POTENCIAIS NO MERCADO- como a programação do caminho crítico. Esta técnica
ALVO). Dentro dos mercados pulverizados, a empresa envolve o desenvolvimento de um gráfico mostrando as
deve orientar sua distribuição e promoção aos melhores atividades simultâneas e seqüenciais que devem ocorrer
grupos de consumidores potenciais. Presumivelmente, em um lançamento de produto. Ao estimar o tempo en-
ela já tenha traçado os perfis desses grupos. Idealmente, volvido em cada atividade, os planejadores têm condi-
os principais consumidores potenciais para um novo pro- ções de calcular o tempo total para a conclusão do pro-
duto de consumo devem ter as seguintes características: jeto. Qualquer atraso em alguma atividade do caminho
• São adotantes imediatos. crítico retardará o projeto. Se o lançamento precisar ser
• São grandes usuários. concluído antes do tempo previsto, o planejador deverá
• São líderes de opinião. procurar o menor caminho crítico e encontrar maneiras
• Podem ser atingidos a baixo custo.39 de reduzir o tempo envolvido em seu percurso.41
300 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
eficaz de penetração de mercado. (Adoção é a decisão adotantes".42 O processo de adoção por parte do consu-
de alguém tornar-se usuário regular de um produto.) midor focaliza o processo mental através do qual um
Esse processo é seguido pelo processo de lealdade do con- indivíduo passa do estágio de conhecimento de deter-
sumidor, que é a preocupação da empresa estabelecida minada inovação para sua adoção final.
no mercado. Os adotantes de novos produtos foram observados
Anos atrás, os fabricantes de novos produtos usa- movimentando-se através dos cinco estágios seguintes:
vam uma abordagem de mercado de massa para lançar
seus produtos. Estes eram distribuídos por toda parte e • Conscientização. O consumidor toma consciência da
divulgados para todas as pessoas, pressupondo-se que inovação, mas faltam-lhes informações sobre ela.
qualquer consumidor seria comprador potencial. Entre- • Interesse. O consumidor é estimulado a procurar in-
tanto, A abordagem de mercado de massa apresenta duas formações sobre a inovação.
desvantagens: exige grandes despesas de marketing e • Avaliação. O consumidor considera se deve experi-
envolve desperdício de propaganda ao atingir pessoas mentar a inovação.
que não são consumidoras potenciais para o produto. • Experimentação. O consumidor experimenta a ino-
Essas desvantagens levam a uma segunda abordagem, vação para melhorar a estimativa de seu valor.
marketing-alvo para grandes usuários, em que o produto • Adoção. O consumidor decide fazer uso completo e
é, inicialmente, lançado para os grandes usuários. Essa regular da inovação.
abordagem faz sentido, uma vez que esses consumido-
Esta progressão sugere que o fabricante de um novo
res são identificáveis e constituem os adotantes imedia-
produto deve ter o objetivo de facilitar a movimentação
tos. Contudo, mesmo dentro do grupo de grandes usuá-
do consumidor através desses estágios. Um fabricante
rios, os consumidores são diferentes em termos de inte-
de máquina de lavar louça pode descobrir que muitos
resses por novos produtos e marcas; muitos grandes usu-
consumidores ficam parados no estágio de interesse; não
ários são leais às marcas existentes no mercado. Agora,
compram em função de sua incerteza e do alto valor do
muitas empresas que lançam novos produtos procuram
investimento. Contudo, estes mesmos compradores es-
consumidores que sejam adotantes imediatos. Confor-
tariam dispostos a experimentar o aparelho gratuitamen-
me a teoria dos adotantes imediatos:
te por uma semana. O fabricante deve considerar um
• As pessoas de um mercado-alvo diferem em termos plano de experimentação com opção de compra.
do tempo decorrido entre o conhecimento de um
novo produto e sua experimentação.
• Os adotantes imediatos possuem alguns traços co- Fatores que influenciam o processo de
muns que os diferenciam dos adotantes posteriores. adoção
• Há mídia eficiente para atingir os adotantes imedia-
tos. Às vezes, é difícil fazer qualquer generalização so-
• Os adotantes imediatos tendem a ser líderes de opi- bre os consumidores. Entretanto, as empresas reconhe-
nião e úteis na divulgação do novo produto para cem algumas verdades básicas sobre o processo de ado-
outros compradores potenciais. ção.
Vamos retornar à teoria da difusão da inovação e
de adoção por parte do consumidor, que orienta os pro- As PESSOAS DIFEREM BASTANTE EM TERMOS DE DISPOSI-
fissionais de marketing na identificação dos adotantes ÇÃO A EXPERIMENTAR NOVOS PRODUTOS. Rogers define a
imediatos. inovação de uma pessoa como o "grau pelo qual um in-
divíduo está relativamente disposto a adotar novas idéi-
as, em comparação com outros membros de seu sistema
Estágios do processo de adoção social". Em cada área de produto, há pioneiros de con-
sumo e adotantes imediatos. Algumas pessoas são as pri-
Uma inovação refere-se a qualquer bem, serviço ou meiras a adotar novas modas em vestuário e novos ele-
idéia que é percebida por alguém como sendo algo novo. trodomésticos; alguns médicos são os primeiros a pres-
A idéia pode ter uma longa história, mas é uma inova- crever novos medicamentos e alguns fazendeiros são os
ção para a pessoa que a vê como nova. As inovações primeiros a adotar novos métodos de cultivo. Outros in-
levam tempo para se difundir através do sistema social. divíduos adotam novos produtos bem mais tarde. As pes-
Rogers define processo de difusão da inovação como "a soas podem ser classificadas nas categorias de adotantes
disseminação de uma nova idéia, desde sua fonte de in- mostradas na Figura 11.8. Após um lento início, um nú-
venção ou de criação, até seus usuários finais ou mero crescente de pessoas adota a inovação, atinge um
42. A discussão seguinte está baseada diretamente de ROGERS, Everett M. Diffusion of innovations. New York : Free Press, 1962. Veja também
a terceira edição, publicada em 1983.
DESENVOLVIMENTO DE 301
NOVOS PRODUTOS
Tempo de adoção de inovações
Fonte: Retirado de ROGERS, Everett M. Diffusion of innovations. New York : Free Press, 1962. p. 162.
F i g u r a 11.8 Classificação dos adotantes com base no tempo de adoção de inovações.
pico e, depois, diminui à medida que menor número de A INFLUÊNCIA PESSOAL EXERCE PAPEL IMPORTANTE NA ADO-
adotantes não-imediatos permanece. ÇÃO DE Novos PRODUTOS. Influência pessoal é o efeito
Rogers vê os cinco grupos de adotantes como dife- que uma pessoa exerce sobre a atitude ou a probabilida-
rentes em termos de orientação sobre valor. Os inovado- de de compra de outra. Embora a influência pessoal seja
res constituem o grupo de risco; estão dispostos a expe- um fator importante, seu significado é maior em algu-
rimentar novas idéias assumindo algum risco. Os mas situações e mais forte para alguns indivíduos do
adotantes imediatos são guiados pela referência; são lí- que para outros. A influência pessoal é mais importante
deres de opinião em suas comunidades e antecipam a no estágio de avaliação do processo de adoção do que
adoção de novas idéias, embora com cautela. A maioria nos outros estágios. Ela tem mais influência sobre os
dos adotantes imediatos é deliberada, adota as novas adotantes não imediatos do que sobre os imediatos e é
idéias antes das pessoas médias, embora, raramente, mais importante em situações de risco do que em situa-
sejam líderes. A maioria dos adotantes tardios é cética; ções de segurança.
adota uma inovação somente após a grande maioria das
pessoas tê-la experimentado. Finalmente, os adotantes As CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO AFETAM A TAXA DE
retardatários estão presos à tradição; desconfiam das ADOÇÃO. Alguns produtos "pegam" imediatamente (por
mudanças, unem-se a outros grupos tradicionalistas e exemplo, discos plásticos de brinquedo para arremes-
somente adotam a inovação quando a mesma assume so), enquanto outros levam longo tempo para ser acei-
uma conotação tradicional. tos (por exemplo, automóveis à diesel). Cinco caracte-
Esta classificação de adotantes sugere que uma rísticas são especialmente importantes para influenciar
empresa inovadora deve pesquisar as características a taxa de adoção de uma inovação. Consideraremos es-
demográficas, psicográficas e de mídia dos inovadores e sas características em relação à taxa de adoção de
adotantes imediatos para dirigir comunicações específi- microcomputadores para uso doméstico.
cas a esses grupos. Nem sempre é fácil identificar os A primeira é a vantagem relativa da inovação - grau
adotantes imediatos. Por exemplo, os fazendeiros ino- pelo qual o produto parece ser superior aos demais.
vadores, provavelmente, são mais bem preparados e mais Quanto maior a vantagem relativa percebida do uso de
eficientes do que os não inovadores. O desafio da em- um microcomputador, por exemplo, para o preenchimen-
presa é identificar as características dos adotantes ime- to da declaração do imposto de renda e controle da con-
diatos em sua área de produto. As donas-de-casa inova- ta bancária, mais rapidamente o produto será adotado.
doras são mais gregárias e, geralmente, têm melhor for- A segunda característica é a compatibilidade da ino-
mação e posição social do que as não inovadoras. Certas vação - grau pelo qual o produto se compatibiliza com
comunidades têm alta participação de adotantes ime- os valores e experiências dos indivíduos da comunida-
diatos. Conforme Rogers, esses adotantes tendem a ser de. Por exemplo, os microcomputadores são altamente
mais jovens em idade, têm melhor posição social e estão compatíveis com os estilos de vida constatados nas resi-
em situação financeira mais favorável. Utilizam maior dências de classe média alta.
número de fontes de informações cosmopolitas do que A terceira é a complexidade da inovação - grau re-
os adotantes não imediatos.43 lativo de dificuldade de compreensão ou utilização do
43. ROGERS, Everett M. Diffusion of innovations. New York : Free Press, 1962. p. 192. Veja também RAM, S., JUNG, Jyung-Shik. Innovativeness
in product usage: a comparison of early adopters and early majority. Psychology and Marketing, p. 57-68, Jan./Feb. 1994.
302 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
produto. Os microcomputadores são complexos e, con- deve pesquisar todos estes fatores, dando aos mais im-
seqüentemente, levarão mais tempo para penetrar no portantes atenção máxima durante o processo de desen-
uso doméstico. volvimento e de formulação do programa de marketing.44
A quarta é a divisibilidade da inovação - grau pelo
qual o produto pode ser experimentado durante um pe- COMO AS PESSOAS, AS ORGANIZAÇÕES VARIAM EM TERMOS
ríodo limitado. A disponibilidade de locação de DE DISPOSIÇÃO A ADOTAR UMA INOVAÇÃO. Assim, o cria-
microcomputadores com opção de compra aumenta sua dor de um novo método de ensino desejaria identificar
taxa de adoção. escolas inovadoras. O fabricante de um novo aparelho
A quinta é a comunicabilidade da inovação - grau de uso médico desejaria identificar hospitais inovado-
pelo qual os resultados de uso do produto são observáveis res. A adoção está associada a variáveis do ambiente da
ou descritíveis aos outros. O fato de os microcom- organização (grau de progresso e renda da comunida-
putadores serem autodemonstrativos e autodescritivos, de), da própria organização (tamanho, lucros, pressão
auxilia uma rápida difusão no sistema social. para mudanças) e dos administradores (nível educacio-
Outras características que influenciam a taxa de nal, idade, grau de sofisticação). Uma vez que um con-
adoção são custo, risco e incerteza, credibilidade cientí- junto de indicadores úteis é constatado, ele pode ser
fica e aprovação social. O fabricante do novo produto usado para identificar as melhores organizações-alvos.
RESUMO
1. Após uma empresa segmentar o mercado, escolher duto, teste de mercado e comercialização. O propó-
seus grupos-alvos de consumidores, identificar suas sito de cada estágio é determinar se a idéia de novo
necessidades e determinar seu posicionamento de produto deve ser descartada ou promovida ao está-
mercado desejado, ela está preparada para desen- gio seguinte. A empresa deseja minimizar as chances
volver e lançar novos produtos apropriados. de que as boas idéias sejam descartadas ou das más
Marketing deve participar ativamente com outros serem desenvolvidas.
departamentos em todos os estágios de desenvolvi- 4. O processo de adoção por parte do consumidor pos-
mento de um novo produto. sibilita que ele conheça, experimente, adotem ou
2. O desenvolvimento bem-sucedido de novos produ- rejeitem novos produtos. Hoje, muitas empresas es-
tos exige que a empresa estabeleça uma organiza- tão visando os grandes usuários e os adotantes ime-
ção eficaz para administrar o processo. As empresas diatos de novos produtos, reconhecendo que ambos
podem optar por utilizar gerentes de produto, ge- os grupos podem ser atingidos por mídia específica
rentes de novos produtos, comitês de novos produ- e tendem a ser líderes de opinião. O processo de
tos, departamentos de novos produtos ou equipes adoção por parte do consumidor é influenciado por
de novos produtos. muitos fatores que não estão sob o controle da em-
3. Oito estágios estão envolvidos no processo de de- presa, incluindo a disposição dos consumidores e
senvolvimento de novos produtos: geração de idéi- organizações experimentarem novos produtos, in-
as, triagem de idéias, desenvolvimento e teste de fluências pessoais e as características do novo pro-
conceito, desenvolvimento da estratégia de mar- duto ou a inovação.
keting, análise comercial, desenvolvimento de pro-
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Para gerar, realmente, boas idéias de novos produ- menta criativa de Alex Osborn, pode ativar a
tos, você precisa de inspiração, transpiração e boas criatividade de todas as pessoas. Identifique um pro-
técnicas. Algumas empresas dispendem muito esfor- duto ou serviço que você esteja familiarizado e liste
ço para desenvolver idéias de novos produtos por- seus atributos. Depois, modifique cada atributo para
que colocam mais ênfase na inspiração e transpiração obter um produto melhorado. O formulário seguin-
do que na técnica. A listagem de atributos, ferra- te será útil para seu trabalho.
44. Para um resumo da literatura sobre inovação, veja GATIGNON, Hubert, ROBERTSON, Thomas S. A propositional inventory for new diffusion
research. Journal of Consumer Research, p. 849-867, Mar. 1985.
DESENVOLVIMENTO DE 303
NOVOS PRODUTOS
Formulário para a listagem de atributos
Atributos Ampliar Reduzir Substituir Adaptar Reorganizar Inverter Combinar Novos usos Substituir
Se você encontrar problemas para começar, consi- uma pizza e asas de frango. Ocorre-lhe o seguinte:
dere um famoso exemplo de alteração e expansão Por que uma pizzaria está vendendo frango?
de atributos proporcionado pelos biscoitos Oreo. Da Embora o frango seja um dos produtos mais vendi-
versão mais simples, o Oreo em preto e branco, a dos nos restaurantes fast food, hoje, a Pizza Hut, Little
Nabisco desenvolveu Oreo recheado, coberto com Caesar's e Domino's, além de oferecer uma linha
chocolate, tamanho gigante, tamanho pequeno, bai- ampla de pizzas, também acrescentaram asas de
xo teor de gordura, baixa caloria, embalagem e ta- frango em seus menus. Pressuponha que você esti-
manhos diferentes, bolo de sorvete, bolo de sorvete vesse trabalhando para a Domino's (ou outra gran-
em cones, em barras e no formato de lanche. de rede de pizzarias) no momento em que a empre-
2. Prepare uma lista das perguntas que a administra- sa estava considerando o lançamento de asas de fran-
ção deve responder antes de desenvolver um novo go. Examine a idéia de oferecer asas de frango atra-
produto ou serviço. Organize as perguntas de acor- vés das oito etapas do processo de desenvolvimento
do com as seguintes categorias; (1) oportunidade de produto, anotando as perguntas que surgirão em
de mercado, (2) concorrência, (3) produção, (4) ca- cada etapa. Em que as pizzas e as asas de frango são
racterísticas patenteáveis, (5) distribuição (para pro- similares? Que problemas as redes de pizzarias po-
dutos) ou entrega (para serviços), e (6) finanças. A dem encontrar se as asas não forem bem-sucedidas?
seguir, responda às perguntas para cada idéia de Você acha que as asas de frango continuarão sendo
novo produto que você tenha. O desenvolvimento e comercialmente bem-sucedidas nas redes de
o teste de um novo serviço difere daqueles de um pizzarias?
novo produto? A triagem de novas idéias no processo de desenvol-
3. Uma empresa de alimentos deseja desenvolver um vimento de novos produtos exige a habilidade de se
novo tempero em pó para salada. O consumidor pensar criticamente sem a interferência de qualquer
mistura o pó com água, chacoalha o frasco e está viés. Entretanto, muitas barreiras podem impedir o
pronto o tempero fresco. A empresa está tentando progresso da equipe de desenvolvimento e o suces-
competir com uma concorrente que já possui tem- so final do novo produto. Uma dessas barreiras é o
pero em pó, que precisa ser misturado com óleo e grupo de consentimento, fenômeno pelo qual pesso-
vinagre. Ela pretende desenvolver testes de sabor as reunidas em grupos tendem a formar opiniões ou
para pedir aos consumidores que comparem o novo sentimentos próprios, em vez de levantar hipóteses
produto com uma variedade de temperos alternati- ou desafiar a sabedoria convencional. Outra barrei-
vos existentes no mercado. Entretanto, a equipe de ra é a racionalização - tendência do grupo
desenvolvimento do novo produto teme que os re- desconsiderar as más decisões anteriores. A racio-
sultados desse teste possam não ser plenamente nalização permite que o fracasso individual seja com-
confiáveis e deseja testar o conceito em pelo menos partilhado entre os demais participantes do grupo.
três maneiras diferentes. Também deseja testar fór- Reflita sobre os grupos que você já tenha participa-
mulas alternativas de tempero, incluindo um mais do e sugira algumas outras barreiras ao sucesso que
adocicado e outro mais picante. Sugira alguns tes- estivessem ocorrendo em seu ambiente de geração
tes de conceito para a equipe de desenvolvimento. de idéias.
4. Cenário: Um casal amigo faz-lhe uma visita de sur- A Tabela 1 mostra os resultados de um teste de uso
presa e, à medida que a conversa se desenrola, anoi- doméstico de uma marca de meias desodorizadas.
tece e você percebe que seria bom servir alguma coisa Antes do início do teste, cada consumidor partici-
para comer. Então, você liga para a Domino's e pede pante selecionou o estilo de meia de sua preferên-
304 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
cia. No final do teste, os participantes informaram tam o mercado com um todo, qual a sensibilidade
sobre a probabilidade de comprar as meias no futu- de preço desse mercado? A empresa deve oferecer
ro. Esses dados também são mostrados na Tabela 1. as meias embaladas em pares (colunas 6 e 7) ou
Que conclusões você tiraria desses dados? Que tipo seria preferível vendê-las em pares múltiplos (colu-
de meia é mais popular junto aos consumidores? nas 8 e 9)?
Assumindo que os participantes do teste represen-
Provavelmente
compraria 44 47 27 35 51 39 40 48 50
Indecisos 14 7 23 15 16 13 20 19 13
Provavelmente
não compraria 3 3 5 6 1 4 5 - 4
Não compraria 2 - - 3 3 4 - 2 -
* Baseado em testes domésticos realizados durante quatro semanas junto aos consumidores.
Fonte: CU Market Research.
7. A Procter & Gamble deseja entrar no mercado de Quando decidir ampliar a imagem do produto pro-
sopas nutritivas. O novo produto consistirá de vege- movendo seus outros usos, que desafios a empresa
tais, proteína e fibra e será posicionado como "ali- enfrentará?
mento completo". Avalie este produto em termos de 9. Analise a seguinte análise conjunta para microcom-
ajuste produto-mercado e produto-empresa. putadores. Quais as implicações para o desenvolvi-
8. Você é líder de um comitê de novo produto da Nestlé. mento e design do novo produto na região sudeste?
Sua tarefa é ampliar a marca Nestlé Quik, alterando Que atributos são os principais determinantes do
a imagem do produto para atrair a novos segmentos comportamento de compra neste mercado? Que
de mercado. Sugira novas estratégias de marketing combinação dos seis atributos agregaria o maior
para reposicionar o produto nas mentes dos consu- valor para o consumidor? Provavelmente, que desa-
midores. O Quik é mais convencionalmente usado fios a equipe de design de produto encontraria ao
como um composto de chocolate e leite, mas tem desenhar um microcomputador que proporcione o
muitos outros usos. Quais alguns desses outros usos? valor máximo para os consumidores?
DESENVOLVIMENTO DE 305
NOVOS PRODUTOS
ATRIBUTOS REGIÃO SUDESTE
10. O presidente de uma empresa perguntou ao gerente fracassar. "Sim", foi a resposta. "Qual seria o prejuí-
de novos produtos qual seria o lucro se um novo zo?" "Um milhão de dólares". "Esqueça o novo pro-
produto fosse lançado. "O lucro seria de 3 milhões duto", disse o presidente. Você concorda com esta
de dólares em cinco anos", foi a resposta. Depois, o decisão?
presidente perguntou se haveria chance do produto
306 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Administração das Estratégias do
12 Ciclo de Vida do Produto
Lucro é o pagamento que você obtém quando leva vantagem em uma troca.
JOSEPH SCHUMPETER
Este é um dos dias mais tristes de minha vida, triste para mim, para nossos funcioná-
rios, auxiliares e diretores; de fato, é triste para todo o público norte-americano. Aparen-
temente, não há mais necessidade de nosso produto no esquema de vida atual.
MARTIN ACKERMAN, PRESIDENTE DO THE SATURDAY EVENING POST
Normalmente, as empresas reformulam sua estra- Responderemos a três perguntas neste capítulo:
tégia de marketing várias vezes durante a vida do pro-
duto. As condições econômicas mudam, os concorrentes • Que é um ciclo de vida de produto?
lançam novos lançamentos repentinos e o produto pas- • Que estratégias de marketing são mais
sa por novos estágios de interesse e de exigências do apropriadas a cada estágio do ciclo de vida
comprador. Conseqüentemente, uma empresa deve pla- do produto?
nejar estratégias apropriadas para cada estágio do ciclo • Como os mercados evoluem e que estraté-
de vida do produto. A empresa espera estender a vida e gias de marketing são mais apropriadas em
a rentabilidade do produto, mesmo sabendo que ele não cada estágio de evolução do mercado?
vai durar para sempre.
CICLO DE VIDA DO PRODUTO é descrito por uma curva do ciclo de vida da demanda, a
curva mais alta mostrada na Figura 12.1 (a). Para cada
O ciclo de vida do produto (CVP) é um conceito necessidade, há um estágio de emergência (E), seguida
importante em marketing que fornece insights sobre a pelos estágios de aceleração de crescimento (G1),
dinâmica competitiva de um produto. Para o entendi- desaceleração de crescimento (G2), maturidade (M) e
mento pleno do CVP, descreveremos, em primeiro lugar, declínio (D). No caso de poder de cálculo, os estágios de
seu conceito original, o ciclo de vida da demanda/ maturidade e de declínio podem ainda não ter sido esta-
tecnologia.1 belecidos.
Uma vez a necessidade ser identificada, ela é satis-
feita por alguma tecnologia. A necessidade por poder de
cálculo foi primeiramente satisfeita pela contagem nos
Ciclo de vida da demanda/tecnologia dedos; depois, por ábacos, réguas de cálculo, máquinas
de somar, calculadoras manuais e computadores. Nor-
Lembre-se que a maioria dos produtos existe como malmente, cada nova tecnologia satisfaz a necessidade
uma solução entre muitas para atender a uma necessi- de maneira superior. Cada uma delas exibe um ciclo de
dade. Por exemplo, a raça humana tem necessidade por vida demanda/tecnologia, mostrado pelas curvas T1 e T2
"poder de cálculo" e esta necessidade vem crescendo sob a curva do ciclo de demanda da Figura 12.1 (a). Cada
através dos séculos. O nível de mudança da necessidade ciclo de vida de demanda/tecnologia mostra o surgi-
1. Esta discussão sobre os ciclos demanda/tecnologia foi extraída de ANSOFF, H. Igor. Implantando a administração estratégica. São Paulo :
Atlas, 1993.
mento, crescimento rápido, crescimento mais lento, lher cuidadosamente as áreas estratégicas de negócios
maturidade e, depois, o declínio. em que operarão.
Dentro de dado ciclo de vida demanda/tecnologia,
aparecerá uma sucessão de formas de produto que satis-
FORE SYSTEMS Quatro pesquisadores investiram
fazem a necessidade específica. Assim, a calculadora
$ 100.000 de suas poupanças para desenvolver uma no-
manual, inicialmente, tomou a forma de uma grande
ção simples. Viram que os switches de rede de alta velo-
caixa plástica com uma pequena tela e indicadores nu-
cidade que estavam sendo usados pelas empresas tele-
méricos, podendo executar as quatro operações funda-
fônicas podiam também ser usados para aumentar a ca-
mentais: soma, subtração, multiplicação e divisão. Esta
pacidade das redes de computadores menores que liga-
forma durou alguns anos e foi substituída por calcula-
vam estações de trabalho e microcomputadores. A em-
doras manuais menores que podiam fazer operações
presa que criaram, a Fore Systems Inc., usou a nova
matemáticas adicionais. As formas do produto de hoje
tecnologia, chamada ATM (Asynchronous Transfer Mode),
incluem pequenas calculadoras do tamanho de um car-
para conquistar liderança no mercado de switches, acom-
tão de visita. A Figura 12.1(b) mostra uma sucessão de
panhada do software que ajudava a aumentar a veloci-
ciclos de vida de formas de produto, P1 P2, P3 e P4. Poste-
dade das redes locais. A habilidade da empresa capitali-
riormente, mostraremos que cada forma de produto con-
zar sobre esta tecnologia proporcionou a conquista de
tém um conjunto de marcas com seus próprios ciclos de
60% do mercado de switches ATM calculado em $ 100
vida de marcas.
milhões.3
Se uma empresa se concentrar apenas no ciclo de
vida de sua própria marca, perderá a visão do que está
ocorrendo no ciclo de vida do produto. Assim, um fabri-
cante de réguas de cálculo pode ter prestado atenção Estágios do ciclo de vida do produto
apenas às marcas de réguas de cálculo existentes, mas
deveria, realmente, ter-se preocupado com a nova Agora, podemos focalizar o ciclo de vida do pro-
tecnologia (calculadoras manuais) que estava destruin- duto. Para afirmar que para um produto possui um ciclo
do o mercado de réguas de cálculo. de vida, é necessário assumir-se quatro coisas:
As empresas devem decidir em que tecnologia in- • Os produtos têm vida limitada.
vestir e observar atentamente o momento adequado de • As vendas do produto passam por estágios distintos,
transferir-se para uma nova tecnologia. Ansoff denomi- cada um oferecendo diferentes desafios, oportuni-
na uma tecnologia de área estratégica de negócio (AEN), dades e problemas para a empresa vendedora.
"um segmento distinto do ambiente em que a empresa • Os lucros crescem e diminuem nos diferentes está-
faz ou pode fazer negócios".2 As empresas atuais en- gios do ciclo de vida do produto.
frentam muitas mudanças de tecnologia, mas não po- • Os produtos requerem estratégias diferentes de
dem investir em todas elas. Elas têm que apostar naque- marketing, finanças, produção, compras e de recur-
la que vencerá. Podem investir intensamente em uma sos humanos em cada estágio de seus ciclos de vida.
tecnologia ou moderadamente em várias. Se optarem
por várias tecnologias, provavelmente, não se tornarão A maioria das discussões sobre o ciclo de vida do
líderes em nenhuma delas. A empresa pioneira que apos- produto (CVP) retrata o histórico de vendas de um pro-
ta pesadamente em uma tecnologia vencedora tem pro- duto típico seguindo uma curva em forma de sino (Figu-
babilidade de obter liderança. As empresas devem esco- ra 14.2). Tipicamente, esta curva divide-se em quatro
308 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 12.2 Ciclos de vida das vendas e do lucro.
4. Alguns autores distinguem estágios adicionais. Wasson sugeriu um estágio de turbulência competitiva entre o crescimento e a maturidade.
Veja WASSON, Chester R. Dinamic competitive strategy and product life cydes. Austin : Austin Press, 1978. A maturidade descreve um estágio
de crescimento lento de vendas e a saturação, um estágio de vendas constantes após ter atingido o pico.
5. Veja COX JR., William E. Product life cycles as marketing models. Journal of Business, p. 375-384, Oct. 1967.
vários produtos. A P&G acredita que pode manter "Previsão da forma e da duração do ciclo de vida do
um nome de marca forte para sempre. produto" descreve algumas maneiras de uma empresa
moldar o CVP para um produto específico.
6. SWAN, John E., RINK, David R. Fitting market strategy to varying product life cycles. Business Horizons, p. 72-76, Jan.-Feb. 1982; e TELLIS,
Gerald J., CRAWFORD, C. Merle. An evolutionary approach to product growth theory. Journal of Marketing, p. 125-134, Fall 1981.
7. WASSON, Chester R. How predictable are fashion and other product life cycles. Journal of Marketing, p. 36-43, July 1968.
310 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Previsão da forma e da duração do ciclo
INSIGHT DE
MARKETING de vida do produto
Goldman e Muller apresentaram observações im- empresas obtêm a maior parte de seu lucro durante
portantes sobre os fatores que influenciam a forma e um longo período de maturidade. Se esse período
duração dos ciclos de vida dos produtos. Primeiro, con- for curto, a empresa não pode recuperar seu investi-
sideremos a forma de um ciclo de vida de produto ideal: mento total.
• O tempo de declínio é longo se os gostos dos consu-
midores e a tecnologia do produto mudarem ape-
nas lentamente. Quanto maior a lealdade de marca
por parte do consumidor, mais lenta será a taxa de
declínio. Quanto menores as barreiras à saída do
mercado, mais rapidamente algumas empresas se
retirarão, prolongando o tempo de declínio das em-
presas remanescentes.
Dados estes fatores, podemos observar por que
muitas empresas de alta tecnologia fracassam. Elas en-
frentam CVPs bastante desestimulantes. A pior forma de
CVP seria esta:
O período de desenvolvimento do produto (D ) é
curto e os custos de desenvolvimento são baixos. 0 perí-
odo introdução/crescimento (I/C) é curto e as vendas
atingem o pico bem cedo, significando que a receita
máxima é rapidamente alcançada. 0 período de maturi-
dade (M) demora muito tempo, significando que a em-
presa desfruta um período de lucro mais demorado. 0
declínio (D) é muito lento. Isto quer dizer que a redução
dos lucros é gradual.
Uma empresa que esteja considerando o lançamen-
to de um novo produto deve manter várias fatores em
mente:
• O tempo de desenvolvimento é mais curto e custa O tempo de desenvolvimento é longo e seu custo é
menos para produtos rotineiros do que para aqueles excessivo; o tempo de introdução/crescimento (I/C) é
de alta tecnologia (high-tech). longo; o período de maturidade é curto; o período de
• O tempo de introdução e crescimento será mais curto declínio é rápido. Muitas empresas de alta tecnologia
sob as seguintes condições: (1) 0 produto não exige devem investir muito tempo e dinheiro para desenvol-
a criação de uma nova estrutura de canais de distri- ver seus produtos; elas constatam que demora muito
buição, transporte, serviços ou comunicações. (2) tempo para introduzi-los no mercado; o mercado não é
Os revendedores aceitarão e promoverão prontamen- de longa duração; a fase de declínio é abrupta em fun-
te o novo produto. (3) Os consumidores têm inte- ção da rápida mudança tecnológica.
resse no produto, são adotantes imediatos e farão
comunicação favorável boca a boca.
• O tempo de maturidade será longo desde que o con- Fonte: GOLDMAN, Arieh, MULLER, Eitan. Measuring shape patterns
of product life cycles: implications for marketing strategy, Aug. 1982.
sumidor aprove o produto, sua tecnologia seja está- Artigo publicado pela Hebrew University of Jerusalém, Jerusalém School
vel e a empresa mantenha liderança de mercado. As of Business Administration.
Assim, as modas tendem a crescer lentamente, per- sageiras e uma história de sucesso rápido que não per-
manecem populares por certo tempo e declinam lenta- maneceu:10
mente. A extensão de um ciclo de vida de moda é de
difícil previsão. Wasson acredita que as modas chegam THE WACKY WALLWALKER Era um polvo de bor-
ao fim porque representam um compromisso de compra racha que se agarrava na parede e, lentamente, escorre-
e os consumidores começam a procurar atributos em gava até o chão. Quando esse brinquedo de Ken Hakuta
falta.8 Por exemplo, à medida que os automóveis se tor- era um item de sucesso em 1983, 350 pessoas trabalha-
nam menores, ficam menos confortáveis e grande nú- vam noite e dia em uma fábrica coreana para fabricá-lo.
mero de consumidores passa a desejar carros maiores. Para prolongar a vida dessa moda passageira, Hakuta,
Além disso, muitos consumidores que adotam a moda em 1985, assinou um contrato de exclusividade com a
passam a recusar outras alternativas. Reynolds sugere Kellogg Co. que passou a incluí-lo como brinde nas cai-
que a extensão de um ciclo de moda específico depende xas de cereais até 1991. Não pense que os polvos de
da extensão pela qual a moda atende a uma necessidade borracha desapareceram após essa vitoriosa campanha
genuína, é consistente com outras tendências da socie- da Kellogg. "Talvez apenas 25% das crianças entre três a
dade, satisfaz as normas e os valores societais e não está seis anos de idade conhecem o produto", afirma Hakuta.
à mercê de limites tecnológicos à medida que se desen- "Quando essa porcentagem cair um pouco mais, posso
volve.9 pensar em vendê-lo como um item de nostalgia."
Moda passageira é a moda que surge rapidamente
aos olhos do público, é adotada com grande entusias-
mo, atinge o pico de venda muito cedo e declina com TRIVIAL PURSUIT Em meados dos anos 80, o tabu-
muita rapidez. Seu ciclo de aceitação é curto e tende a leiro do jogo Trivial Pursuit fazia parte dos móveis de
atrair apenas um número limitado de seguidores. quase todas salas de visita e quartos. Essa criação de três
Freqüentemente, tem aspecto de novidade ou de capri- colegas de classe canadenses vendeu cerca de 20 mi-
cho, como ocorre quando as pessoas passam a perfurar lhões de unidades apenas em 1984. Todavia, mesmo com
e tatuar o corpo. A moda passageira atrai as pessoas que o fim da moda passageira, o jogo e seus complementos -
estão à procura de excitação ou desejam distinguir-se de "pacotes" de viagem, uma versão infantil e edições anu-
outras. Ela não sobrevive porque, normalmente, não sa- ais de atualização - continuaram a vender mais de 1,5
tisfaz uma necessidade forte ou não a satisfaz bem. É milhão de unidades anuais em 19 línguas. Os inventores
difícil prever se algo será apenas moda passageira ou do jogo também foram inteligentes ao dar ao produto
quanto tempo durará. Sua duração dependerá do volu- vida nova ao incorporar nova tecnologia e terem tido a
me de atenção que receber da mídia, juntamente com idéia de desenvolver uma versão do jogo em CD-ROM.
outros fatores.
Os reais vencedores nas guerras de moda passa- AS PEDRINHAS PARA TREINAR CÃES As expres-
geira são aqueles que as reconhecem logo no início e sões "pedrinhas para treinar cães" e "moda passageira"
podem transformá-las em produtos com poder de dura- tornaram-se, virtualmente, sinônimas. Ao ouvir seus
ção. Aqui estão duas histórias de sucesso de empresas amigos reclamarem como era caro treinar seus cães, o
que administraram para prolongar a vida de modas pas- redator de propaganda Gary Dahl brincava com suas
312 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
pedrinhas e imaginava que em breve teria o rascunho produto para os Estados Unidos, concorrendo dire-
de um divertido manual de treinamento de cães. Não tamente com os fabricantes locais.
demorou muito para ele estar vendendo cerca de 1,5
milhão de pedrinhas retiradas da areia da praia a $ 4 A principal implicação do CVP internacional é que
cada uma. Todavia, a moda passageira, que se iniciou as vendas do fabricante norte-americano no mercado
em outubro de 1975, "afundou como uma pedra" no doméstico, eventualmente, declinará à medida que os
mês de fevereiro do ano seguinte. Conselho de Dahl para mercados estrangeiros começam a produzir o produto e
aqueles que desejam ser bem-sucedidos com uma moda a exportá-lo aos Estados Unidos. Por exemplo, Taiwan
passageira: "Aproveite enquanto ela durar. Foi muito di- está fabricando mais luvas e bolas de beisebol do que os
vertido vender as pedrinhas, embora eu, teimosamente, Estados Unidos. A melhor defesa dos fabricantes norte-
insistisse na venda por mais um ano. Acreditei em mi- americanos é se tornarem empresas globais. Elas devem
nha própria publicidade e acho que meu ego substituiu instalar-se em outros países onde há a possibilidade de
o bom-senso." mercados maiores e/ou custos menores. As empresas
globais são hábeis em estender o ciclo de vida do produ-
to quando se movem para outros países que estão pre-
parados para usá-lo.11
Ciclo de vida do produto internacional
11. Alguns críticos acham que esta prática tem menor validade hoje porque as empresas multinacionais estão operando vastas redes globais
através das quais podem inovar os produtos em qualquer parte do mundo, movendo-se por vários países, não necessariamente na seqüência
prevista pela formulação original do CVP internacional. Veja WELLS JR., Louis T. A product life cycle for international trade? Journal of
Marketing, p. 1-6, July 1968; ONKVISIT, Sak, SHAW, John J. An examination of the international product life cycle and its applications
within marketing. Columbia Journal of World Business, p. 73-79, Fall 1983; e KEEGAN, Warren J. Global marketing management. 5. ed.
Englewood Cliffs, NJ : Prentice-Hall, 1995. p. 37-43.
12. BUZZELL, Robert D. Competitive behavior and product life cycles. In: WRIGHT, John S., GOLDSTUCKER, Jack (Orgs.). New ideas for
successful marketing. Chicago : American Marketing Association, 1956. p. 51.
314 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
tentada de seus mercados. Robinson e Fornell estuda- pois no mercado. Schnaars estudou 28 setores industri-
ram ampla variedade de produtos de consumo e de bens ais em que as empresas imitadoras superaram as inova-
industriais, constatando que as pioneiras de mercado, doras.19 Ele constatou várias fraquezas entre as pionei-
geralmente, desfrutaram participação de mercado subs- ras que fracassaram, incluindo novos produtos que fo-
tancialmente maior do que as seguidoras imediatas e as ram a mercado muito prematuros, impropriamente
seguidoras posteriores.15 posicionados ou apareceram antes de haver muita de-
manda; custos de desenvolvimento de produto que exau-
riram os recursos da inovadora; falta de recursos para
PARTICIPAÇÃO DE enfrentar a entrada de empresas maiores; e incompe-
MERCADO MEDIA tência gerencial ou complacência exagerada. As imita-
doras bem-sucedidas esforçaram para oferecer preços
BENS DE BENS mais baixos, adotar melhoria contínua no produto ou
CONSUMO INDUSTRIAIS usar agressividade de mercado para superar a pioneira.
Pioneiras 29 29 Em outro artigo, Golder e Tellis levantaram dúvi-
Seguidoras das sobre a vantagem de ser uma empresa pioneira.20
imediatas 17 21 Distinguiram entre uma inventora (primeira a obter pa-
Seguidoras tente de uma nova categoria de produto), pioneira de
posteriores 13 15 produto (primeira a desenvolver um modelo funcional)
e pioneira de mercado (primeira a vender a nova catego-
ria de produto). Eles incluíram também as empresas pio-
Um estudo de Urban constatou também a vanta- neiras não-sobreviventes em sua amostra, que foram
gem da pioneira: parece que a seguidora obteve apenas omitidas em outros estudos. Com esses aperfeiçoamen-
71% da participação de mercado da pioneira e a terceira tos, concluíram que enquanto as pioneiras podem ainda
seguidora, 58%.16 Carpenter e Nakamoto constataram ter alguma vantagem, ela é menos pronunciada do que
que 19 entre 25 empresas que foram líderes de mercado é divulgado. Um número maior de empresas pioneiras
em 1923 eram ainda líderes em 1983, 60 anos após.17 falha, embora não seja muito divulgado que um maior
Quais as vantagens da pioneira? Algumas são ba- número de líderes de mercado (que não são pioneiras)
seadas no consumidor. A pesquisa tem mostrado que os seja bem-sucedido, principalmente se entrarem decisi-
consumidores, freqüentemente, preferem as marcas pi- vamente e comprometerem recursos substanciais para a
oneiras a outras marcas.18 Os usuários imediatos favo- obtenção de liderança de mercado. Exemplos de segui-
recerão a marca pioneira porque a experimentaram e doras posteriores que superaram pioneiras de mercado
ficaram satisfeitos. A marca pioneira estabelece também são a IBM sobre a Sperry, em computadores mainframes,
os atributos de avaliação que a classe de produto deve a Matsushita sobre a Sony, em aparelhos de videocassete,
possuir. Em razão de a marca pioneira, normalmente, a Texas Instruments sobre a Bowmar, em calculadoras
atingir a média do mercado, ela obtém maior número manuais, e a GE sobre a EMI, em equipamentos de
de usuários. Há também vantagens baseadas no produ- tomografia computadorizada. Pelo menos isso sugere
to, em razão de economia de escala, liderança tecno- que, sob as circunstâncias ideais, as seguidoras posterio-
lógica, domínio de recursos escassos e de outras barrei- res podem superar as vantagens das pioneiras. Todavia,
ras à entrada. de acordo com Robertson e Gatignon, a empresa pionei-
ra pode adotar várias estratégias para se prevenir contra
Entretanto, podem-se levantar dúvidas sobre a for- as investidas das seguidoras posteriores que pretendem
ça ou infalibilidade da vantagem de ser pioneira. Deve- obter liderança de mercado.21
mos refletir sobre as pioneiras de mercado como a
Bowmar (calculadoras manuais), Reynolds (canetas es- As pioneiras de mercado devem escolher uma es-
ferográficas) e Osborne (computadores portáteis), que tratégia de lançamento que seja condizente com o
foram superadas por outras empresas que entraram de- posicionamento visualisado do produto. A estratégia de
16. URBAN, Glen L. et al. Market share rewards to pioneering brands: an empirical analysis and strategic implications. Management Science, p.
645-659, June 1986.
17. CARPENTER, Gregory S., NAKAMOTO, Kent. Consumer preference formation and pioneering advantage. Journal of Marketing Research, p.
285-298, Aug. 1989.
18. KARDES, Frank R., KALYANARAM, Gurumurthy, CHANKDRASHEKARAN, Murali, DORNOFF, Ronald J. Brand retrieval, consideration set
composition, consumer choice, and the pioneering advantage. Journal of Consumer Research, p. 62-75, June 1993. Veja também ALPERT,
Frank H., KAMINS, Michael A. Pioneer brand advantage and consumer behavior: a conceptual framework and propositional inventory.
Journal of the Academy of Marketing Science, p. 244-253, Summer 1994.
19. SCHNAARS, Steven E Managing imitation strategies. New York : Free Press, 1994.
20. GOLDER, Peter N., TELLIS, Gerald J. Pioneer advantage: marketing logic or marketing legend? Journal of Marketing Research, p. 34-46, May
1992.
21. ROBERTSON, Thomas S., GATIGNON, Hubert. How innovators thwart new entrants into their market. Planning Review, p. 4-11, 48, Sept./
Oct. 1991. Veja também SZYMANSKI, David M., TROY, Lisa C, BHARADWAJ, Sundar G. Order of entry and business performance: an
empirical reexamination. Journal of Marketing, p. 17-33, Oct. 1995.
22. FREY, John B. Pricing over the competitive cycle. Palestra realizada em 1982, na Marketing Conference, Conference Board, New York.
316 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Fonte: FREY, John B. Princing over the competitive cycle. Palestra apresentada em 1982, na Marketing Conference, Conference Board, New
York.
Figura 12.7 Estágios do ciclo competitivo.
ESTRATÉGIAS DE MARKETING NO ESTÁGIO DE CRESCI- redes como a Seattle's Best Coffee, pequenos quiosques
MENTO. Durante o estágio de crescimento, a empresa dirigidos pelos próprios donos, até de grandes empresas
adota várias estratégias para sustentar, na medida do (como a Dunkin' Donuts) que estão melhorando suas
possível, o crescimento rápido do mercado: ofertas de café.
A empresa no estágio de crescimento enfrenta um
• Melhora a qualidade do produto e acrescenta novas dilema entre conquistar maior participação de mercado
características e estilos. e obter mais lucro. Ao gastar dinheiro para melhorar o
• Acrescenta'novos modelos e produtos de flanco (por produto, promoção e distribuição, ela conquista uma
exemplo, produtos de diferentes tamanhos, sabores posição dominante, abdicando do lucro máximo a curto
etc. que protegem o produto principal). prazo para obtê-lo em maior escala no estágio seguinte.
• Entra em novos segmentos de mercado.
• Aumenta a cobertura de distribuição e entra em
novos canais. Estágio de maturidade
• Muda o apelo de propaganda de conscientização
sobre o produto para preferência do produto. Em algum ponto, a taxa de crescimento de vendas
• Reduz os preços para atrair a faixa de compradores de um produto estabiliza e ele entra em um estágio de
sensíveis a preço. maturidade relativa. Normalmente, este estágio demora
mais do que o anterior e apresenta grandes desafios para
A empresa que adotar essas estratégias de expan- a administração de marketing. A maioria dos produtos
são de mercado fortalecerá sua posição competitiva. Por encontra-se no estágio de maturidade do ciclo de vida, exi-
exemplo, a Starbucks surgiu como líder no mercado nor- gindo maior trabalho da equipe de marketing.
te-americano de bares de café especial e expresso:23
O estágio de maturidade pode ser dividido em três
fases. Na primeira, maturidade de crescimento, a taxa de
STARBUCKS Começando com nove lojas em Seattle, crescimento de vendas começa a declinar. Agora, não há
em 1987, o presidente Howard Shultz expandiu a rede novos canais de distribuição para serem atendidos, em-
para 425 lojas. Os cafés especiais da Starbucks estão tam- bora alguns compradores retardatários ainda entrem no
bém sendo vendidos em locais como aeroportos e na mercado. Na segunda fase, maturidade estabilizada, as
rede de livrarias Barnes & Noble. Não contente em ven- vendas se nivelam em uma base per capita devido à sa-
der apenas café, a empresa está oferecendo um novo turação do mercado. A maioria dos consumidores po-
produto de flanco, uma bebida de café em garrafa, e tenciais já experimentou o produto e as vendas futuras
está levando sua fórmula vencedora ao exterior. Entre- são governadas pelo aumento da população e substitui-
tanto, como resultado de seu sucesso, a Starbucks está ção da demanda. Na terceira fase, maturidade decaden-
enfrentando uma variedade de concorrentes, desde de te, o nível absoluto de vendas começa a declinar e os
23. YANG, Dori Jones. The Starbucks enterprise shifts into warp speed. Business Week, p. 76-79, 24 Oct. 1994.
318 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
çando com o apelo comercial "novo e melhorado", pro- Uma estratégia de melhoria de estilo tem como ob-
dutos como máquina-ferramenta, automóveis, aparelhos jetivo aumentar o apelo estético do produto. O lança-
de televisão ou sabão em pó. Os fabricantes de produtos mento periódico de novos modelos de carros aumenta a
de mercearia chamam isso de plus, ao lançar e promo- competição por estilo, em vez de por qualidade ou
ver um novo aditivo ou divulgar algo como "mais forte", melhoria de característica. No caso de alimentos emba-
"maior" ou "melhor". Essa estratégia é eficaz à medida lados e produtos domésticos, as empresas introduzem
que a qualidade é melhorada, os compradores aceitam variações de cores e texturas e, freqüentemente, criam
seu anúncio como verdadeiro e um número suficiente novos estilos de embalagem, tratando-a como extensão
deles está disposto a pagar por ela. Mas os consumido- do produto. A vantagem de uma estratégia de estilo é
res nem sempre estão dispostos a aceitar um produto que ela pode conferir ao produto uma identidade exclu-
"melhorado", como o caso da New Coke ilustra: siva no mercado e conquistar consumidores leais. Po-
rém, a competição por estilo apresenta alguns proble-
COCA-COLA Superada pela concorrência da Pepsi- mas. Primeiro, é difícil prever se as pessoas - e que pes-
Cola que oferecia um produto mais doce, a Coca-Cola soas - gostarão do novo estilo. Segundo, uma mudança
decidiu deixar de lado sua velha fórmula e oferecer à de estilo, geralmente, exige a descontinuidade do estilo
"Geração Pepsi" um refrigerante mais doce, com a mar- antigo e a empresa corre o risco de perder os consumi-
ca New Coke. Embora os testes de sabor tenham mos- dores que gostavam dele. Por exemplo, os consumidores
trado que os bebedores de Coke preferiam a nova fór- podem importar-se com algo tão aparentemente insig-
mula, o lançamento Coke provocou uma comoção na- nificante como uma casca de amendoim. Nos Estados
cional. Os pesquisadores de mercado não haviam consi- Unidos, comer amendoins nos jogos de beisebol é uma
derado que os consumidores estavam envolvidos emo- tradição que o tempo consagrou. Tradicionalmente, os
cionalmente com a Coca-Cola. A empresa recebeu car- amendoins são vendidos com casca, que os espectado-
tas de consumidores furiosos, houve protestos formais e res jogam no chão do estádio após consumi-los. Durante
ameaças de ações judiciais, tudo para forçar a empresa o ano de 1986, no importante torneio de beisebol reali-
a retornar à fórmula antiga. Eventualmente, o debate zado no Shea Stadium, de New York, onde os Mets jo-
sobre a New Coke favoreceu a Coca-Cola. Dois meses gam em casa, o permissionário rompeu a tradição e co-
após anunciar a retirada da New Coke do mercado, a meçou a vender amendoim sem casca em embalagem
empresa reintroduziu sua velha e centenária fórmula, de celofane. As vendas caíram 15% e os consumidores
dando-lhe novo status no mercado. reclamaram muito.24
24. HENDON, Donald W. Classic failures in product marketing. New York : Quorum Books, 1989. p. 29.
25. McGRATH, Allen J. Growth strategies with a '90s twist. Across the Board, p. 43-46, Mar. 1995.
26. ALEXANDER, R. S. The death and burial of "sick products". Journal of Marketing, p. 1, Apr. 1964.
320 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
INSIGHT DERompendo a síndrome do
MARKETING produto maduro
Os gerentes de produtos maduros necessitam de 7. Aumento da quantidade usada em cada ocasião de
um roteiro sistemático para identificar possíveis idéias uso. Podem-se colocar mais garrafas de Kool-Aid em
de breakthrough. 0 professor John A. Weber, da Notre cada embalagem a um preço mais alto?
Dame University, desenvolveu o seguinte roteiro deno- 8. Ocupação das lacunas existentes de produto e de pre-
minado análise de lacuna, para orientar a procura de ço. Devem-se lançar novos tamanhos de Kool-Aid?
oportunidades de crescimento. 9. Criação de novos elementos na linha de produtos. A
A idéia-chave é identificar as possíveis lacunas na bebida deve ter novos sabores?
linha de produtos, distribuição, uso, concorrência e as- 10. Expansão da distribuição. A bebida pode ser distri-
sim por diante. A análise da estrutura de mercado le- buída na Europa e no Extremo Oriente?
vantaria as seguintes perguntas sobre uma bebida no 11. Expansão da intensidade de distribuição. A porcenta-
estágio de maturidade como a Kool-Aid: gem de lojas de conveniência no meio-oeste que
vende Kool-Aid pode ser ampliada de 70% para 90%?
1. Mudanças naturais no tamanho do potencial de mer- 12. Expansão da exposição nas lojas. Pode-se obter mai-
cado do setor industrial. Os nascimentos e os fatores or espaço de prateleira para a Kool-Aid?
demográficos favorecerão um maior consumo de 13. Penetração nas posições de produtos substitutos. Os
Kool-Aid? A perspectiva econômica afeta o consu- consumidores podem ser convencidos de que a Kool-
mo desta bebida? Aid é uma bebida melhor do que outros tipos de
2. Novos usos ou novos segmentos de usuários. A Kool- refrigerantes (soda limonada, colas etc.)?
Aid pode ser fabricada para adolescentes, jovens 14. Penetração direta na(s) posição(ões) do(s) concor-
solteiros, pais jovens etc? rente(s). Os consumidores de outras marcas podem
3. Diferenciações inovadoras do produto. A bebida pode ser convencidos a mudar para Kool-Aid?
ser fabricada em versões diferentes, como com bai- 15. Defesa da posição atual da empresa. A Kool-Aid pode
xa caloria ou mais doce? satisfazer mais os usuários atuais para que perma-
4. Acréscimo de novas linhas de produtos. 0 nome Kool- neçam leais à marca?
Aid pode ser usado para lançar uma nova linha de
refrigerantes?
5. Estímulo aos não-usuários. As pessoas mais velhas
podem ser persuadidas a experimentar Kool-Aid?
6. Estímulo aos pequenos usuários. As crianças podem Fonte: WEBER, John A. Identifying and solving marketing problems
ser lembradas a beber Kool-Aid diariamente? with gap analysis. Notre Dame, IN : Strategic Business Systems, 1986.
eliminação de produtos fracos pode atrasar a busca agres- de produtos com representantes de marketing, pesquisa
siva por produtos substitutos. Os produtos fracos podem e desenvolvimento, produção e finanças. Este comitê de-
desequilibrar o composto de produtos da empresa, re- senvolve um sistema para identificar os produtos fracos.
pleto de "ganha-pães de ontem" e escasso de promisso- O controller fornece dados de cada produto, mostrando
res de amanhã. Eles afetam negativamente a rentabili- as tendências sobre o tamanho do mercado, participa-
dade atual da empresa e enfraquecem sua posição futu- ção, preços, custos e lucros. Estas informações são anali-
ra. sadas por um programa de computador que identifica
os produtos duvidosos. Os critérios incluem o número
de anos de declínio das vendas, tendências de participa-
ESTRATÉGIAS DE MARKETING DURANTE O ESTÁGIO DE ção de mercado, margem bruta, lucro e retorno sobre o
DECLÍNIO. Uma empresa enfrenta algumas tarefas e de- investimento. Os gerentes responsáveis por produtos
cisões ao lidar com seus produtos antigos. duvidosos preenchem formulários de avaliação mostran-
do o que acham sobre o futuro das vendas e dos lucros,
Identificação dos Produtos Fracos. A primeira com ou sem mudanças na estratégia de marketing. O
tarefa é estabelecer um sistema para identificar os pro- comitê de revisão de produtos examina essas informa-
dutos fracos. A empresa organiza um comitê de revisão ções e faz recomendações para cada produto duvidoso -
27. Veja KOTLER, Philip. Phasing out weak products. Harvard Business Review, p. 107-118, Mar./Apr. 1965; HISE, Richard T., PARASURAMAN,
A., VISWANATHAN, R. Product elimination: the neglected management responsability. Journal of Business Strategy, p. 56-63, Spring 1984;
e AVLONITIS, George J. Product elimination decision making: does formality matter? Journal of Marketing, p. 41-52, Winter 1985.
28. Veja HARRIGAN, Kathryn Rudie. The effect of exit barriers upon strategic flexibility. Strategic Management Journal, v. 1, p. 165-176, 1980.
29. HARRIGAN, Kathryn Rudie. Strategies for declining industries. Journal of Business Strategy, p. 27, Fall 1980.
30. Veja KOTLER, Philip. Harvesting strategies for weak products. Business Horizons, p. 15-22, Aug. 1978; e FELDMAN, Laurence P, PAGE,
Albert L. Harvesting: he misunderstood market exit strategy. Journal of Business Strategy, p. 79-85, Spring 1985.
31. BERENSON, Conrad, MORH-JACKSON, Iris. Product rejuvenation: a less risky alternative to product innovation. Business Horizons, p. 51-
56, Nov./Dec. 1994.
322 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
MEMO Cinco etapas para o
MKT rejuvenescimento de um produto
As estratégias de rejuvenescimento de produtos maduros variam amplamente. A reintrodução
de produtos abandonados ou o revigoramento de produtos em declínio exige que os administra-
dores aprendam a reconhecer uma oportunidade de injetar nova vida a um produto. Cinco etapas
podem minimizar os problemas potenciais e aumentar as chances de sucesso do produto melhora-
do.
1. Determine as razões para o abandono ou declínio do produto. Ele foi abandonado em função da
restrição de recursos? Má administração? Ele declinou porque a administração limitou sua
capacidade de entregar valor aos consumidores?
2. Examine se as forças do macroambiente apoiam a estratégia de rejuvenescimento. Hoje, os pro-
dutos não são necessariamente percebidos como foram no passado. Assim, as empresas de-
vem explorar o produto alterado à luz das circunstâncias atuais. Por exemplo, o Lucazade,
produto promovido há alguns anos como "bebida para o bem estar" ("Lucazade ajuda a sua
recuperação"), não poderia ser promovida nos dias atuais, dados os ambientes político e legal.
3. Examine o que o nome do produto comunica para os consumidores. 0 nome de uma marca
comunica os atributos do produto - não pela mensagem de propaganda, mas, simplesmente,
por sua aparência no produto. A maneira pela qual o nome da marca é usado e sua relação
com os produtos concorrentes também comunicam algo.
4. Explore se há um segmento potencial a ser atingido, bem como as forças e fraquezas dos concor-
rentes nesse segmento. Um produto abandonado pode ser reintroduzido aos antigos usuários
se estes não estiverem satisfeitos com outro (s). Os concorrentes não podem competir eficaz-
mente se o produto possuir valor nostálgico. Dado o novo nicho de mercado para o produto,
a análise competitiva pode revelar exatamente como ele se relaciona com os concorrentes.
5. Examine as possibilidades de criar valor para os consumidores. Ao monitorar o ambiente mutante,
a empresa pode encontrar uma oportunidade de rejuvenescimento. As forças e as
megatendências macroambientais - demográficas, econômicas, físicas, tecnológicas, políticas,
legais e socioculturais - podem oferecer oportunidades de rejuvenescimento.
Fonte: Reimpresso de Business Horizons, Dec. 1994, com permissão da School of Business at Indiana University.
cendo 10% ao ano. Em vez de desistir dos pianos, os composições de pianistas profissionais. O advento dessa
administradores passaram a ficar próximos aos consu- nova tecnologia revitalizou a indústria de pianos.
midores e o produto, constatando que a maioria dos
pianos ficava esquecida em um canto qualquer da casa -
Para informações adicionais sobre como adminis-
e, na maior parte do tempo, desafinados. Parecia que
trar o rejuvenescimento de um produto bem-sucedido,
muitas pessoas compravam pianos, embora não os to-
veja a seção Memorando de Marketing, intitulada "Cin-
cassem. Não estavam interessadas em investir tempo para
co etapas para o rejuvenescimento de um produto".
dominar o instrumento. Então, a Yamaha decidiu agre-
gar valor aos milhões de pianos já vendidos ao desen-
volver uma combinação sofisticada e avançada de Decisão de Abandonar. Quando uma empresa de-
tecnologia ótica e digital que podia gravar e executar cide abandonar um produto, enfrenta decisões posterio-
Resumo e crítica do conceito de ciclo de O CVP focaliza o que está acontecendo a um pro-
vida do produto duto ou marca específica, em vez de sobre o que está
ocorrendo no mercado global. Ela apresenta um quadro
O conceito de CVP é usado para interpretar as di- orientado para o produto e não para o mercado. O ciclo
nâmicas do produto e do mercado. Como uma ferramenta de vida demanda/tecnologia mencionado anteriormen-
de planejamento, o conceito de CVP ajuda os adminis- te remete-nos a uma visão mais ampla sobre o que está
tradores a caracterizar os principais desafios de acontecendo no mercado total. Consideremos o que ocor-
marketing em cada estágio da vida de um produto e a reu na Quarterdeck Office Systems, pequena empresa
desenvolver estratégias de marketing alternativas. Como de software de computadores:
ferramenta de controle, o conceito de CVP ajuda a em-
presa a mensurar o desempenho do produto em relação QUARTERDECK OFFICE SYSTEMS A Quarterdeck
a similares lançados no passado. O conceito de CVP é estava habituada a ganhar muito dinheiro atendendo
menos útil como ferramenta de previsão porque os his- apenas a um nicho criado pela Microsoft. Ela desenvol-
tóricos das vendas exibem padrões diversos e os estági- via melhorias para o MS-DOS. Quando a Microsoft lan-
os variam em termos de duração. çou o Windows 3.0, que incorporava características dis-
A teoria de CVP recebe também críticas porque seus poníveis apenas no software Quarterdeck, a pequena
padrões são muito variáveis em termos de forma e dura- empresa poderia ter ido à falência. Ao contrário, ela ha-
ção. Falta aos CVPs o que os seres vivos possuem, isto é, via pensado muito sobre o ciclo de vida de sua tecnologia.
uma seqüência fixa de estágios e uma duração fixa de Enquanto a Microsoft estava visando o Windows nos
cada estágio. Os críticos afirmam que as empresas, rara- estágios de introdução e crescimento do ciclo de vida
mente, podem dizer em qual estágio o produto se en- dos microcomputadores, a Quarterdeck constatou que
contra. Um produto pode parecer maduro quando, real- poderia destinar seu software para produtos nos está-
mente, apenas atingiu um platô temporário antes do pico gios maduros e de declínio. Por exemplo, seus adminis-
de crescimento. Eles criticam que o padrão do CVP é tradores observaram que seu software funcionava mais
resultado de estratégias de marketing, em vez de um eficientemente nos computadores mais antigos do que o
curso inevitável que as vendas devem acompanhar: DOS e junto aos usuários que dispendiam muito esforço
32. GROSSMAN, John. A follow-up on four fabled frenzies. Inc., p. 66-67, Oct. 1994; e BERENSON, Conrad, MOHR-JACKSON, íris. Product
rejuvenation: a less risky alternative to product innovation. Business Horizons, p. 51-56, Nov./Dec. 1994.
33. DHALLA, Nariman K., YUSPEH, Sônia. Forget the product life cycle concept. Harvard Business Review, p. 102-112, aqui, p. 105, Jan./Feb.
1976.
324 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Tempo
CARACTERÍSTICAS
OBJETIVOS DE MARKETING
ESTRATÉGIAS
Fonte: Esta figura foi organizada a partir de diversas fontes: WASSON, Chester. Dynamic competitive strategy and product life cycles. Austin:
Austin Press, 1978; WEBER, John A. Planning corporate growth with inverted product life cycles. Long Range Planning, p. 12-29, Oct.
1976; e DOYLE, Peter. The realities of the product life cycle. Quarterly Review of Marketing, p. 1-6, Summer 1976.
Figura 12.8 Resumo das principais características, objetivos e estratégias do ciclo de vida do produto.
para aprender novos programas, resistentes a mudar para de funções aritméticas que desempenhará. Por estar ori-
um novo hardware. Também constataram que esses seg- entado para o mercado, ele entrevista compradores po-
mentos de mercado eram substanciais - grandes o sufi- tenciais, pedindo-lhes para declarar seus níveis preferi-
ciente para manter o sucesso de seu negócio.34 dos em cada atributo.
As empresas precisam antecipar o caminho de evo- Assumimos que as preferências dos consumidores
lução de um mercado à medida que o mesmo é afetado estão representadas pelos pontos da Figura 12.10(a).
por novas necessidades, concorrentes, tecnologia, canais Cada ponto representa as preferências de alguém. Evi-
e outros desenvolvimentos. dentemente, os consumidores-alvos variam grandemente
em termos de preferência. Alguns desejam uma calcula-
dora com quatro funções (adição, subtração, multiplica-
Estágios da evolução do mercado ção e divisão) e outros desejam mais funções (cálculo
de porcentagens, raiz quadrada, logaritmos e assim por
Como os produtos, os mercados evoluem através diante). Alguns desejam uma pequena calculadora ma-
de quatro estágios: surgimento, crescimento, maturida- nual e outros uma grande. Esse tipo de mercado, em
de e declínio. que as preferências dos compradores estão dispersas, é
denominado mercado de preferências difusas.
O problema do empreendedor é desenvolver um
ESTÁGIO DE SURGIMENTO. Antes que um mercado se ma- produto ótimo para esse mercado.35 Ele tem três opções:
terialize, ele já existe como mercado latente, que com-
preende em pessoas que compartilham uma necessida- O novo produto pode ser desenvolvido para atender
de ou desejo similar por algo que ainda não existe. Por às preferências de um dos segmentos de mercado
exemplo, há séculos as pessoas desejavam meios de cál- (estratégia de nicho único).
culo mais rápido que não se limitassem a papel e lápis. Dois ou mais produtos podem ser lançados simulta-
Até recentemente, esta necessidade era imperfeitamen- neamente para conquistar dois ou mais segmentos
te satisfeita por ábacos, réguas de cálculo e grandes má- (estratégias de nicho múltiplo).
quinas de somar. O novo produto pode ser desenvolvido para a maio-
Suponhamos que um empreendedor reconheça essa ria do mercado (estratégia de mercado de massa).
necessidade e imagine uma solução tecnológica na for-
ma de uma pequena calculadora eletrônica do tamanho Para as pequenas empresas, uma estratégia de
da mão. Agora, ele tem que determinar os atributos do mercado de nicho único faz mais sentido. Uma pequena
produto, especificamente, o tamanho físico e o número empresa não tem recursos suficientes para conquistar e
34. PALEY, Norton. A strategy for all ages. Sales and Marketing Management, p. 51-52, Jan. 1994.
35. Este problema é trivial se as preferências dos consumidores ficarem concentradas em um ponto. Se houver conglomerados distintos de
preferência, o empreendedor pode desenvolver um produto para o conglomerado maior ou para aquele que a empresa pode atender melhor.
326 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Figura 12.10 Diagramas de espaço-mercado.
desenvolver o mercado de massa. Assim, sua melhor dem, facilmente, dividir o mercado de massa quase em
aposta é desenvolver um produto especializado e ocu- partes iguais. Ou a segunda empresa pode implementar
par um canto do mercado que não atrairá os concorren- uma estratégia de nicho múltiplo.
tes por longo tempo. Uma grande empresa pode entrar
no mercado de massa planejando um produto médio em
tamanho e número de função. Um produto lançado no PROCTER & GAMBLE Ocasionalmente, a P & G en-
centro do mercado minimiza a soma das distâncias de trará em um mercado que contenha um grande concor-
preferências dos consumidores. Uma calculadora manu- rente bem entrincheirado. Em vez de lançar um produto
al desenvolvida para o mercado de massa minimizará a isolado ou destinado a segmento único, ela introduz uma
insatisfação total. Assumimos que a empresa pioneira é sucessão de produtos destinados a segmentos diferen-
grande e desenvolve seu produto visando ao mercado tes. Cada lançamento gera acompanhantes leais, retira-
de massa. Ao lançá-lo, inicia-se o estágio de surgimento. dos do principal concorrente. Em pouco tempo, o princi-
pal concorrente está cercado, seu faturamento enfraque-
cido e já é muito tarde para o mesmo lançar novas mar-
ESTÁGIO DE CRESCIMENTO. Se as vendas do novo produ- cas destinadas a outros segmentos. Depois, a P & G, em
to forem boas, novas empresas entrarão no mercado, momento de triunfo, lançará uma marca destinada dire-
surgindo o estágio de crescimento do mercado. Uma per- tamente ao principal segmento. Isto é chamado estraté-
gunta interessante é: Onde a segunda empresa se gia de cerco, conforme ilustrado na Figura 12.10(b).
posicionará no mercado, assumindo que a primeira es-
tabeleceu-se no centro? A segunda empresa tem três ESTÁGIO DE MATURIDADE. Cada empresa que entra no
opções: mercado procurará alguma posição, localizando-se pró-
• pode posicionar sua marca em um dos cantos (es- ximo a um concorrente ou em um segmento não ocupa-
tratégia de nicho único); do. Eventualmente, os concorrentes cobrem e atendem
• pode posicionar sua marca próximo ao primeiro con- a todos os principais segmentos de mercado e o merca-
corrente estratégia de mercado de massa); do entra no estágio de maturidade. De fato, eles seguem
• pode lançar dois ou mais produtos em cantos dife- em frente, ocupando os segmentos dos outros, reduzin-
rentes ainda desocupados (estratégia de nicho múl- do, no processo, o lucro de todos. À medida que o cres-
tiplo). cimento do mercado se estabiliza, este divide-se em seg-
mentos bem menores, dando condições para sua alta frag-
Se a segunda empresa for pequena, evitará con- mentação. Isto é ilustrado na Figura 12.11 (a), onde as
fronto direto com a pioneira e lançará sua marca em um letras representam várias empresas que atendem a di-
dos cantos do mercado. Se ela for grande, pode lançar versos segmentos. Nota-se que dois segmentos não são
sua marca no centro do mercado, concorrendo direta- atendidos porque são muito pequenos para gerar algum
mente com a empresa pioneira. As duas empresas po- lucro.36
36. Por simplicidade, o espaço do produto está desenhado com dois atributos. Realmente, mais atributos surgem à medida que o mercado
evolui. O espaço do produto cresce de duas para n dimensões.
328 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
atributo, se bem-sucedido, gera uma vantagem compe- um artigo de moda e mais caro. Entretanto, esse
titiva para a empresa, levando-a a maior participação de movimento unidirecional traz a semente de sua pró-
mercado e lucro acima da média. A implicação para as pria destruição. Eventualmente, o preço cai nova-
empresas é clara: A líder de mercado deve aprender a mente ou algum fabricante introduz um material
rotinizar o processo de inovação. mais barato para calças e os consumidores correrão
Uma questão crucial é: Uma empresa pode olhar à para comprá-las.
frente e antecipar a sucessão de atributos que, provavel- • Uma quarta abordagem parte do princípio de que
mente, sejam favorecidos e viáveis tecnologicamente? os novos atributos surgem através de um processo
Como a empresa pode descobrir novos atributos? Há de hierarquia de necessidades (veja a discussão da
quatro abordagens. teoria de Maslow no Capítulo 6). Nessa teoria, po-
deríamos prever que os primeiros automóveis for-
• A primeira abordagem emprega um processo de le- neceriam transporte básico e o design favoreceria a
vantamento de opiniões de consumidores para identi- segurança. A seguir, eles começariam a apelar para
ficar novos atributos. A empresa pergunta-lhes que as necessidades de aceitação social e de status. De-
benefícios gostariam que fossem acrescentados ao pois, seriam desenvolvidos para ajudar na auto-rea-
produto e o nível de desejo de cada um deles. A lização das pessoas. A tarefa do inovador avaliar
empresa também examina o custo de desenvolvimen- quando o mercado está pronto para satisfazer uma
to de cada novo atributo e as prováveis reações dos necessidade de ordem mais elevada.
concorrentes. Ela escolhe aqueles atributos que pro-
metem o maior aumento do lucro. A descoberta real de novos atributos em um mer-
• A segunda abordagem usa o processo intuitivo. Os cado é mais complexa do que poderiam sugerir quais-
empreendedores obtêm sugestões e começam a de- quer simples teorias. Não devemos subestimar o papel
senvolver o produto sem muita pesquisa de dos processos tecnológicos e societais em influenciar o
marketing. A seleção natural determina os vencedo- surgimento de novos atributos. Por exemplo, o forte in-
res e os perdedores. Se um fabricante intuiu um atri- teresse do consumidor por televisores compactos per-
buto que o mercado deseja, ele é considerado esper- maneceu sem ser atendido até que a tecnologia de
to (embora de outra perspectiva fosse apenas ques- miniaturização estivesse suficientemente desenvolvida.
tão de sorte). Acontecimentos como inflação, escassez, ambientalismo,
• Uma terceira abordagem afirma que os novos atri- consumerismo e novos estilos de vida criam desequilíbrio
butos surgem em decorrência de um processo e levam os consumidores a reavaliar os atributos de pro-
dialético. A teoria dialética afirma que os inovado- duto. Por exemplo, a inflação aumenta o desejo por car-
res não devem seguir com a multidão, mas seguir ros menores e a preocupação por segurança aumenta o
na direção oposta à procura dos segmentos de mer- desejo por carros mais resistentes. O inovador deve usar
cado que foram negligenciados pelos concorrentes. pesquisa de marketing para estimar a força da demanda
Assim, o blue jeans, que começou como um artigo de diferentes atributos para determinar a melhor movi-
de vestuário barato, tornou-se ao longo do tempo mentação da empresa vis-à-vis a concorrência.
RESUMO
1. Em razão das condições econômicas mudarem e a ferentes; a chave para o sucesso nessas áreas está
atividade competitiva variar, as empresas, normal- na criação de produtos com poder de permanência.
mente, constatam a necessidade de reformular suas 3. Além do ciclo de vida do produto doméstico, há um
estratégias de marketing várias vezes durante o ci- ciclo de vida do produto internacional: as empresas
clo de vida de um produto. Tecnologias, formas de domésticas fabricam e exportam, inicia-se a produ-
produto e marcas também possuem ciclos de vida ção internacional, a produção internacional torna-
com estágios distintos. A seqüência geral dos estági- se competitiva nos mercados exportadores e come-
os de qualquer ciclo de vida é introdução, cresci- ça a competição por importação.
mento, maturidade e declínio. Hoje, a maioria dos 4. Cada estágio do CVP exige estratégias de marketing
produtos está no estágio de maturidade. diferentes. O estágio de introdução é marcado por
2. Embora muitos produtos possuam ciclos de vida de crescimento lento e lucro mínimo à medida que o
produto na forma de sino, há muitos outros padrões, produto vai sendo "empurrado" na distribuição. Du-
incluindo o padrão crescimento-queda-maturidade, rante esse estágio, a empresa precisa decidir entre
o de ciclo-novo, ciclo e o escalonado. Os CVPs de estratégias de desnatamento rápido, desnatamento
estilo, moda e moda passageira podem ser bem di- lento, penetração rápida ou penetração lenta. Deve
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. A General Mills comprou os direitos de vender a preferindo adiar a compra até chegar a necessidade
marca Lacoste nos Estados Unidos, um negócio de $ real de adquiri-los.
400 milhões, predominantemente em função da ven- Em resposta ao mercado declinante dos anos 70, as
da da camisa clássica polo que estampava o famoso três maiores empresas de pneus adotaram estraté-
logo do jacaré. Entretanto, em meados dos anos 80, gias diferentes. A Firestone adotou o entrinchei-
as vendas da marca Lacoste estavam declinando ra- ramento de mercado, a B. F. Goodrich optou em apro-
pidamente, deixando a concorrência muito feliz: veitar ao máximo e a Goodyear escolheu a consoli-
"Vejo você mais tarde, jacaré." (See you later, dação. O que envolve cada uma destas estratégias?
alligator). Embora a General Mills promovesse for- Que mudanças ocorreram nessas empresas a partir
temente o logo do jacaré, começou a fabricar as ca- da adoção dessas estratégias?
misas no Extremo Oriente e passou a adotar tecido 3. Um passeio por qualquer loja de varejo revelará que
sintético em substituição ao algodão. Conseqüente- a nova embalagem está substituindo a velha a uma
mente, a marca perdeu prestígio e os varejistas nor- taxa acelerada. Como as estratégias de embalagem
te-americanos deixaram de encomendar os produ- podem coincidir com cada um dos quatro estágios
tos Lacoste. Em 1992, a Devanlay S.A. comprou os do CVP? Em que estágio a embalagem será mais
direitos da General Mills por $ 31,5 milhões. Que marcante? Em que estágio a embalagem será mais
estratégias a nova empresa poderia empregar para básica, considerando-se principalmente os custos?
recuperar o prestígio dos produtos estampados com Em que estágio a embalagem pode ser redesenhada
o logo do jacaré? de maneira mais radical?
2. Quando há uma tendência de queda da demanda, 4. A Schick patenteou um novo depilador "úmido" para
muitas empresas baixam o preço para estimular o mulheres. O aparelho é usado no chuveiro ou na
consumo. Entretanto, quando os custos de produ- banheira, possui lâminas duplas e seu formato ajus-
ção são, principalmente, fixos, e a empresa é especi- ta-se facilmente às mãos femininas. Discuta as mu-
alizada em um mercado específico como o de pneus danças no nível promocional e no composto
para a indústria automobilística, os efeitos do promocional (incluindo nos canais de distribuição)
declínio do mercado são mais prejudiciais. As em- que a Schick deveria considerar para este produto,
presas podem tentar aumentar o fluxo de caixa para à medida que ele se movimenta nos quatro estágios
baixar os preços, mas os consumidores, raramente, do CVP
compram pneus extras por estarem em promoção,
330 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
5. Pesquisas realizadas e vários artigos publicados su- EMPRESA ATRATTVIDADE POSIÇÃO
geriam que os programas MBA oferecidos pelo país DO SETOR COMPETITIVA
vinham enfrentando declínio de matrículas nos anos INDUSTRIAL DA EMPRESA
90. Concluía-se que o CVP para os programas MBA
estava entrando no estágio de declínio. Entretanto, A Relativamente A empresa possui força
estatísticas mais recentes levaram a uma conclusão atraente competitiva
totalmente diferente. Esses programas estão, de fato,
B Não atraente A empresa não possui
revertendo a tendência e atraindo maior número de
força competitiva
matrículas. Que fatores podem explicar este fenô-
meno? C Incerta A empresa possui força
6. O ciclo de vida do produto como ferramenta competitiva
gerencial tem sido criticado desde sua introdução D Não atraente A empresa possui força
como "mera teoria". Uma das críticas mais severas é competitiva
que o CVP prova a si mesmo - em outras palavras,
você pode afirmar que o produto está no estágio de
crescimento porque as vendas estão aumentando, 8. A Tupperware, que promove reuniões domésticas
no estágio de declínio porque as vendas estão decli- para vender artigos para o lar, está no estágio ma-
nando e no de maturidade porque estão declinando duro do ciclo de vida de produto. Baseado (a) em
ou crescendo. Se essas críticas forem, realmente, seu entendimento dos conceitos deste capítulo, faça
válidas, pode ser o caso de outras ferramentas uma sessão de brainstorming com um grupo para
gerenciais serem mais válidas do que o conceito de identificar algumas estratégias possíveis para o re-
CVP. Por exemplo, as características demográficas juvenescimento deste produto.
têm grande impacto sobre algumas categorias de pro- 9. Examine os dados da Tabela 1, que resume resulta-
duto. À medida que as pessoas envelhecem, suas ne- dos selecionados de um estudo de monitoramento
cessidades pelo produto mudam; assim, estudar as do uso de amaciante de tecidos. O estudo foi enco-
características demográficas pode ser tão valioso mendado por um fabricante de amaciante de tecido
quanto estudar a teoria do CVP. Nomeie outros fato- cujo produto estava no estágio maduro de seu ciclo
res que influenciam o produto ou a evolução do de vida. Que sugestões promocionais e de produto
mercado que os administradores devem estudar. você faria a esse fabricante? Que tipo de extensão
de marca pode ser garantida?
7. Que estratégia de investimento cada uma das se-
10. Discuta os produtos que completaram o ciclo de vida
guintes empresas deve adotar a curto prazo e a lon-
demanda/tecnologia para entretenimento domésti-
go prazo?
co nos últimos 100 anos
JUNHO 1 9 9 3 FEVEREIRO 1 9 9 5
a Usuárias de amaciantes que haviam usado o produto pelo menos uma vez nos três meses anteriores à entrevista.
b 72% das usuárias que usavam menos amaciante ou que o usavam apenas em roupas leves informaram estar fazendo isso por razões ambientais.
Fonte: Adaptado de um Estudo de Caso de Harvard - 9-592-016.
"Gatinho Cheshire", Alice perguntou ... "por favor, diga-me que caminho devo se-
guir?" "Depende de onde você deseja chegar", respondeu o gato.
LEWIS CARROL, EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
No capítulo anterior, examinamos as estratégias de Podemos obter mais insights na arena competitiva
marketing relevantes nos diferentes estágios do ciclo de ao classificar as empresas de acordo com os papéis que
vida do produto. Agora, examinaremos o problema de desempenham no mercado-alvo, como líderes, desa-
desenvolver estratégias de marketing que levem em con- fiantes, seguidoras ou ocupantes de nichos. Suponha-
sideração as estratégias dos concorrentes. Alguns deles mos que um mercado esteja ocupado pelas empresas
são grandes e outros pequenos. Alguns possuem muitos mostradas na Figura 13.1. Quarenta por cento do mer-
recursos; outros estão à procura de financiamento. De cado está nas mãos de uma líder de mercado, empresa
acordo com a empresa de consultoria Arthur D. Little, com maior participação de mercado. Outros 30% são
uma empresa ocupa uma entre seis posições competiti- detidos por uma desafiante de mercado, empresa ágil que
vas no mercado-alvo:1 está lutando muito para aumentar sua participação de
mercado. Vinte por cento está nas mãos de uma seguido-
• Dominante. A empresa controla o comportamento ra de mercado, outra empresa ágil que está disposta a
de outros concorrentes e possui ampla escolha de manter sua participação e não fazer concessões. Os re-
opções estratégicas. manescentes 10% pertencem a ocupantes de nichos, em-
• Forte. A empresa pode agir independentemente, sem presas que atendem a pequenos segmentos de mercado
ameaçar sua posição a longo prazo, podendo mantê- que não são atendidos pelas empresas maiores.
la, desconsiderando as ações dos concorrentes. Neste capítulo, exploraremos estas questões:
• Favorável. A empresa possui uma força utilizável em
estratégias específicas e tem oportunidade acima da Que etapas uma líder de mercado pode se-
média para melhorar sua posição. guir para expandir, defender e prolongar
• Defensável. A empresa tem desempenho suficiente- sua liderança de mercado?
mente satisfatório para garantir a continuidade dos Quais os principais ataques disponíveis a
negócios, atribuído à tolerância da empresa domi- uma desafiante de mercado para conquis-
nante. Sua oportunidade de melhorar a posição está tar participação de mercado da empresa
abaixo da média. líder?
• Fraco. A empresa tem desempenho insatisfatório, Como uma seguidora de mercado pode ob-
mas existe oportunidade de melhoria. Ela deve me- ter lucro sem atacar a líder de mercado?
lhorar ou sair do mercado. Quais as principais oportunidades e estra-
• Inviável A empresa tem desempenho insatisfatório tégias disponíveis para as ocupantes de ni-
e nenhuma oportunidade de melhorá-lo. chos?
1. Veja WRIGHT, Robert V L. A System for managing diversity. Cambridge, MA : Arthur D. Little, 1974.
332 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Líder Desafiante Seguidor Ocupantes
de mercado de mercado de mercado de nicho
2. Veja YALE, Jordan E The strategy of nylon's growth. Modern Textiles Magazine, p. 32 ss, Feb. 1964. Veja também LEVTTT, Thedore. Exploit the
product life cycle. Harvard Business Review, p. 81-94, Dec. 1965.
3. Veja VON HIPPEL, Eric. A customer-active paradigm for industrial product idea generation. Artigo publicado pela Sloan School of Management.
MIT, Cambridge, May 1977.
4. Veja RAPOPORT, Carla. You can make money in Japan. Fortune, p. 85-95, 12 Feb. 1990; HAMMONDS, Keith H. A moment Kodak wants to
capture. Business Week, p. 52-53, 27 Aug. 1990; FAHEY, Alison. Polaroid, Kodak, Fuji get clicking. Advertising Age, p. 18, 20 May 1991; e
NULTY, Peter. The new look of photography. Fortune, p. 36-41,1 July 1991.
334 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
entrou no mercado "filé mignon" de filmes coloridos da cionais e estrangeiros (Northern Telecom, Siemens) e
Kodak, esta enfrentou seriamente o desafio. empresas de computadores que estão entrando no mer-
cado (IBM, Apple etc). Claramente, ela não pode defen-
A Fuji entrou no mercado norte-americano ofere- der todo seu território, necessitando decidir para onde
cendo filmes coloridos de alta qualidade a preços 10% deve dirigir suas linhas de ataque.
inferiores aos da Kodak, conquistando o mercado de fil- O que a líder de mercado pode fazer para defen-
mes de alta velocidade. A Fuji também conseguiu supe- der seu terreno? Há 20 séculos, Sun Tsu disse a seus
rar a Kodak ao tornar-se fornecedora oficial de filmes guerreiros: "Evitar o ataque a um inimigo não quer di-
nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Sua par- zer que ele não seja digno de confiança. O fato é que ele
ticipação no mercado de filmes coloridos cresceu mais pode ser inatacável." A resposta mais construtiva ao ata-
de 8% nesse ano, quando anunciou sua meta de chegar que é a inovação contínua. A empresa líder recusa-se a
a uma participação de 15%. As vendas da empresa no ficar satisfeita com a situação do mercado. Ela deve li-
mercado norte-americano estavam crescendo a uma taxa derar o setor industrial com idéias sobre novos produtos
de 20% ao ano - muito acima da taxa de crescimento do e serviços ao consumidor, eficácia de distribuição e re-
mercado global. dução de custos. Mantém, crescentemente, sua eficácia
A Kodak lutou bravamente para proteger sua par- competitiva e o valor que oferece ao consumidor. Aplica
ticipação de mercado. Acompanhou os preços baixos da o princípio da ofensiva militar: O comandante exerce a
Fuji e implementou uma série de melhorias no produto. iniciativa, estabelece o ritmo e explora as fraquezas do ini-
Superou a concorrente na razão de 20 para 1 em propa- migo. A melhor defesa é um bom ataque.
ganda e promoção, pagou $ 10 milhões para patrocinar Mesmo quando a líder de mercado não lança ofen-
os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, e garantiu os di- sivas, deve proteger todos os frontes e não deixar flanco
reitos para patrocinar os Jogos Olímpicos de Barcelona, importante exposto. Deve manter seus custos baixos e
em 1992. A Kodak defendeu com sucesso sua posição no os preços consoantes com o valor que os consumidores
mercado norte-americano. No início dos anos 90, sua atribuem à marca. A líder deve "tapar buracos" para evi-
participação no mercado de filmes fotográficos estabili- tar a entrada de concorrentes. Assim, uma líder fabri-
zou-se em torno de 80%. cante de bens de consumo produzirá suas marcas em
Além disso, a Kodak aproveitou a batalha para dar diversos tamanhos e formatos para atender às várias
um passo à frente: adotou medidas agressivas para au- preferências dos consumidores e se esforçará para pre-
mentar sua presença e vendas no Japão. Criou uma sub- encher os escassos espaços vazios existentes nas prate-
sidiária separada, a Kodak Japan, e triplicou o número leiras do revendedor.
de funcionários no país. Comprou uma distribuidora ja- O custo de "tapar buracos" pode ser elevado. No
ponesa, desenvolveu seu marketing e treinou a força de entanto, o custo de abandonar um produto ou segmento
vendas. Investiu em um novo centro tecnológico e uma de mercado não rentável pode ser ainda mais alto! A
unidade de pesquisa. Finalmente, aumentou intensamen- General Motors não desejava perder dinheiro fabrican-
te sua promoção e propaganda no país. Agora, a Kodak do carros pequenos; entretanto, está tendo prejuízo agora
Japan está patrocinando tudo, desde programas de en- porque permitiu que os fabricantes japoneses de carros
trevistas a torneios de sumo. entrassem com força no mercado norte-americano. A
A Kodak obterá muitos benefícios decorrentes de Xerox sentiu que perderia dinheiro se fabricasse copia-
seu ataque no mercado japonês. Primeiro, o Japão ofe- doras pequenas, mas agora está perdendo muito mais
rece grandes oportunidades para aumentar suas vendas ao permitir a entrada e o crescimento dos japoneses no
e lucros: seu mercado de filme e papel fotográficos de mercado.
$ 1,5 bilhão é o segundo do mundo, superado apenas Claramente, a líder de mercado deve considerar
pelos Estados Unidos. Segundo, grande parte da cuidadosamente que territórios são importantes para
tecnologia fotográfica atual origina-se no Japão. Assim, defender, mesmo a um custo que pode ser assumido com
a Kodak mantém-se atualizada com os últimos desen- pequeno risco. A líder não pode defender todas as posi-
volvimentos na área fotográfica. Terceiro, sua presença ções no mercado; deve concentrar seus recursos onde
física e os contratos de joint ventures no Japão a ajuda- vale a pena. O propósito da estratégia defensiva é redu-
rão a obter novos produtos para os Estados Unidos e zir a probabilidade de ataques, desviá-los para áreas de
outros mercados mundiais. Ela colhe um benefício mui- menor risco e reduzir sua intensidade. Provavelmente,
to importante decorrente de seu ataque ao mercado ja- qualquer ataque afeta o lucro. Entretanto, a forma de
ponês: se a Fuji destinar grandes recursos para defender defesa e a velocidade da resposta podem fazer grande
seu mercado doméstico contra os ataques da Kodak, terá diferença no lucro final. Os pesquisadores estão, atual-
menos recursos para usar contra a Kodak nos Estados mente, explorando as formas de resposta mais apropria-
Unidos. das a ataques de preços e a outros (para mais informa-
Às vezes, há diversas abelhas grandes e perigosas. ções sobre este tópico, veja a seção Insight de Marketing
A AT&T precisa defender seu negócio de telecomunica- intitulada "Estratégias de defesa").
ções contra as ex-empresas regionais Bell, empresas co- A competição intensa que vem ocorrendo em nível
ligadas (MCI, Sprint), fabricantes de equipamentos na- mundial em recentes anos tem despertado o interesse
5. TSU, Sun. The art of war. Londres : Oxford University Press, 1963; MUSHASHI, Miyamoto. A book of five rings. Woodstock, NY : Overlook
Press, 1974; CLAUSEWITZ, Carl von. On war. Londres : Routledge & Kegan Paul, 1908; e LIDDELL-HART, B. H. Strategy. New York : Praeger,
1967.
6. As seis estratégias de defesa, bem como as cinco de ataque, foram extraídas de KOTLER, Philip, SINGH, Ravi. Marketing warfare in the
1980s. Journal of Business Strategy, p. 30-41, Winter 1981. Para leitura adicional, veja MICHAELSON, Gerald A. Winning the marketing war:
a field manual for business leaders. 2. ed. Knoxville, TN : Pressmark, 1993; RIES, Al, TROUT, Jack. Marketing warfare. New York : McGraw-
Hill, 1986; LEVINSON, Jay Conrad. Guerrilla marketing. Boston, MA : Houghton-Mifflin, 1984; e JAMES, Barrie G. Business wargames.
Harmondsworth, Inglaterra : Penguin Books, 1984.
7. SPETHMANN, Betsy. Nabisco leverage: SnackWell's push. Brandweek, p. 1, 6, 27 Mar. 1995.
336 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
INSIGHT DE Estratégias de defesa
MARKETING
Os professores Hauser, Shugan e Gaskin desenvol- 1. O Tylenol deveria baixar seu preço, principalmente
veram um modelo de defesa de mercado denominado se o mercado não for segmentado. Se o mercado for
Defensor. Esse modelo parte das seguintes pressuposi- segmentado, o preço pode ser elevado em alguns
ções sobre os consumidores: segmentos menos vulneráveis.
2. Deve reduzir seus gastos com distribuição; especifi-
1. Os consumidores compartilham as mesmas percep- camente, deve eliminar pequenos varejistas que há
ções de cada atributo do produto. muito tempo deixaram de ser rentáveis.
2. Eles diferem em termos de preferência por várias 3. Deve melhorar as características fortes do produto,
características do produto. em vez de tentar imitar as mesmas características
3. Eles variam quanto ao número de marcas que co- do produto atacante.
nhecem e que considerarão. 4. Deve gastar menos em propaganda para desenvol-
4. Suas escolhas são afetadas pelas características do ver a consciência do produto e destinar mais recur-
produto, preço, distribuição, propaganda e promo- sos para propaganda de reposicionamento.
ção.
O que o Tylenol realmente fez para defender-se do
Eles ilustram o modelo Defensor com a história da ataque do Datril? Rapidamente, reduziu o preço para
batalha entre duas marcas de comprimido para dor de igualar ao Datril e, depois, lançou a marca Tylenol Extra
cabeça, Tylenol e Datril. 0 Tylenol conquistou grande Forte para atrair o interesse dos consumidores em ter-
participação de mercado baseado na suavidade percebi- mos de eficácia. Através destas etapas, o Tylenol mante-
da (ausência de indisposição estomacal) e estava obten- ve sua posição como líder de mercado e evitou que o
do lucros expressivos. Depois, a Bristol-Myers lançou Datril fizesse mais do que uma única ofensiva.
produto semelhante com a marca Datril, que foi anun-
ciado como "tão bom quanto o Tylenol e mais barato".
Se os consumidores acreditassem nisto, o Datril tiraria
participação de mercado do Tylenol. Como o Tylenol se
defenderia?
Fontes: HAUSER, John R., SHUGAN, Steve M. Defensive marketing
Usando o modelo Defensor, os pesquisadores che- strategy. Marketing Science, p. 319-360, Fall 1983; HAUSER, John R.,
garam às seguintes conclusões sobre qual seria a melhor GASKIN, S. E Application of the DEFENDER consumer model. Marketing
defesa do Tylenol: Science, p. 327-351, Fall 1984.
bém defender-se de ataques de preços, como os uma nova fábrica. Sem dúvida, este blefe pode funcio-
freqüentemente iniciados pela Texas Instruments. As nar apenas algumas vezes.
estratégias sustentadas, de alta pressão, destinam-se a As líderes de mercado com recursos substanciais
reter a iniciativa em todas as ocasiões e manter a con- têm a capacidade de suportar alguns ataques, podendo,
corrência sempre na defensiva. até, incitar os oponentes a empreender ataques custo-
Às vezes, o golpe antecipado funciona psicologica- sos. A Heinz permite que a Hunt's empreenda seus ata-
mente. A empresa líder emite sinais no mercado para ques massivos no mercado de ketchup, sem se preocu-
dissuadir os concorrentes de atacar.8 Uma importante par em contra-atacar. A Hunfs atacou a Heinz com dois
empresa farmacêutica norte-americana é líder em de- novos sabores; reduziu seu preço a 70% do preço da
terminada categoria de medicamentos. Todas as vezes Heinz; ofereceu concessões comerciais atraentes aos
que toma conhecimento de que uma concorrente pode revendedores; dobrou o orçamento de propaganda em
construir uma fábrica para produzir aqueles medicamen- relação à Heinz. A Hunt's estava disposta a perder di-
tos, divulga que está considerando reduzir seus preços nheiro durante o ataque. No final, esta estratégia aca-
ou construir uma nova fábrica. Isto intimida o concor- bou custando muito caro para a Hunt's. A estratégia fa-
rente, que desiste de entrar naquela arena de produtos. lhou e a marca da Heinz continuou desfrutando a prefe-
Entretanto, a líder nunca reduz seus preços ou constrói rência dos consumidores. Finalmente, a Hunt's abando-
8. Veja PORTER, Michael E. Competitive strategy. New York : Free Press, 1980. Cap. 4.
nou o ataque. Claramente, a Heinz mostrou muita confi- possa ser lançada. Foi o que a AT&T fez em resposta a
ança na superioridade de sua marca. um ataque da MCI:
9. LEFTON, Terry. Truth hurts AT&T rivais. Adweek (Eastern Ed.), Superbrands 1995 Supplement, p. 128-132, 1995.
338 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Uma pequena linha aérea adotou um corte acentuado Entretanto, a ampliação razoável faz sentido. A
na tarifa desta linha, anunciando intensamente para Armstrong World Industries é exemplo de uma estraté-
aumentar sua participação nesse mercado. A Northwest gia bem-sucedida de ampliação de mercado, ao redefinir
retaliou reduzindo a tarifa da rota Minneapolis/Chica- seu domínio no negócio de "revestimento de pisos" para
go, de onde procedia o maior faturamento da atacante. "revestimento decorativo de salas" (incluindo paredes e
Com sua fonte de faturamento prejudicada, a atacante tetos). Ao reconhecer a necessidade do consumidor, cri-
retornou a tarifa da rota Minneapolis/Atlanta ao nível ando um interior agradável através de vários materiais
normal. de revestimento, a Armstrong expandiu-se para negó-
Outra forma comum de defesa contra-ofensiva é cios correlatos que eram sinergicamente equilibrados
usar o poder político ou econômico para deter a atacan- para crescimento e defesa.
te. A líder pode tentar deter uma concorrente oferecen- A diversificação de mercado pela entrada em seto-
do preço subsidiado para o produto vulnerável, com a res industriais não relacionados é outra alternativa para
receita de seus produtos mais rentáveis. Ela também pode gerar profundidade estratégica. Quando as empresas
anunciar prematuramente que um produto melhorado norte-americanas de tabaco com a Reynolds e a Philip
estará disponível, atrasando, assim, a compra do produ- Morris reconheceram o crescimento das ofensivas con-
to concorrente, muito embora esse "produto melhora- tra o hábito de fumar, não se contentaram apenas em
do" ainda demore muito para ser lançado. Outra opção defender suas posições ou mesmo em procurar novos
é a líder contratar lobistas para promoverem ações polí- substitutos para o cigarro. Pelo contrário, moveram-se
ticas com objetivo de inibir ou enfraquecer a concorrên- rapidamente para novos setores industriais como cerve-
cia. ja, bebidas alcoólicas, refrigerantes e alimentos conge-
lados.
DEFESA MÓVEL. Envolve mais do que a líder defender
agressivamente seu território. Nesse tipo de defesa, a DEFESA DE CONTRATAÇÃO. ÀS vezes, as grandes empre-
líder amplia seu domínio sobre novos territórios que sas reconhecem que não podem defender todos seus ter-
podem atender como futuros centros de defesa e ata- ritórios por muito tempo. Suas forças estão muito dis-
que. Ela ocupa esses novos territórios não tanto pela pro- persas e os concorrentes estão "mordendo" em diversas
liferação normal da marca ou por qualquer atividade de frentes. Assim, o melhor curso de ação parece ser a con-
inovação, mas pela adoção de duas frentes: ampliação tração planejada (também chamada de retirada estraté-
do mercado e diversificação do mercado. Esses movi- gica) . A contração planejada não é o abandono do mer-
mentos geram profundidade estratégica para a empre- cado, mas a entrega dos territórios mais fracos e a
sa, habilitando-a a adotar contínuos ataques e a lançar realocação dos recursos para os territórios mais fortes.
golpes de retaliação. Trata-se de movimento para consolidar a força competi-
A ampliação de mercado exige que uma empresa tiva de uma empresa no mercado e para concentrar massa
mude seu foco do produto atual para a necessidade ge- em posições-chave.
nérica básica, envolvendo-se com todas as tarefas de
pesquisa e desenvolvimento referentes à tecnologia as-
sociada com aquela necessidade. Assim, as empresas de Expansão da participação de mercado
"petróleo" são alertadas a se reformular, transforman-
do-se em empresas de "energia". Implicitamente, essa As empresas líderes podem melhorar a rentabili-
mudança exige que ampliem suas linhas de pesquisa para dade com o aumento da participação de mercado. Em
envolver os setores de petróleo, carvão, energia nuclear, muitos mercados, um ponto de participação vale deze-
energia hidrelétrica e indústrias químicas. nas de milhões de dólares. Um ponto de participação no
Uma estratégia de ampliação de mercado não deve negócio de café representa $ 48 milhões e no de refrige-
ser adotada contrariando dois princípios militares fun- rantes, $ 120 milhões! Não surpreende que a concorrên-
damentais: o princípio do objetivo (perseguir um objeti- cia normal tem-se transformado em guerra de marketing.
vo claramente definido e atingível) e o princípio de mas- Há alguns anos, o Strategic Planning Institute pu-
sa (concentrar esforços em um ponto fraco do inimigo). blicou um estudo chamado Profit Impact of Market
O objetivo de estar no negócio de energia é bastante Strategy (PIMS), destinado a identificar as variáveis mais
amplo. Não se trata de uma necessidade simples, mas importantes que afetam o lucro. Os dados foram
de um conjunto de necessidades (aquecimento, ilumi- coletados de centenas de unidades de negócios de va-
nação, propulsão etc). Além disso, muita abrangência riados setores industriais para identificar as variáveis
dilui a massa da empresa no teatro competitivo atual, e mais importantes associadas à rentabilidade. As variá-
a sobrevivência, hoje, certamente, deve ter preferência veis-chaves incluíam participação de mercado, qualida-
sobre as grandes batalhas imaginadas para amanhã. Em de do produto e várias outras.
tal situação, a miopia de marketing seria substituída pela O estudo indicou que a rentabilidade de uma em-
hipermetropia de marketing, condição em que a visão é presa, mensurada pelo retorno sobre o investimento,
melhor para o futuro do que para objetivos próximos. antes do imposto de renda, aumenta com sua participa-
ção relativa de mercado,10 como mostrado na Figura contrado numerosos negócios bem-sucedidos com bai-
13.3(a).11 Conforme um relatório do PIMS, o retorno xas participações de mercado.13 Woo e Cooper identifi-
médio sobre o investimento para negócios com partici- caram 40 negócios de baixa participação de mercado
pação de mercado abaixo de 10% foi cerca de 11%. Na que obtiveram retorno sobre o investimento, antes do
média, a diferença dos dez pontos percentuais de parti- imposto de renda, de 20% ou mais; foram caracteriza-
cipação de mercado é acompanhada por uma diferença dos como tendo qualidade de produto relativamente alta,
de cinco pontos no retorno sobre o investimento, antes preços abaixo da média, linhas de produtos estreitas e
do imposto de renda. O estudo PIMS mostra que negó- custos totais baixos.14 A maioria dessas empresas fabri-
cios com participações de mercado acima de 40% obtêm cava componentes ou suprimentos industriais.
um retorno médio sobre o investimento de 38,5%, três Alguns estudos industriais têm constatado um re-
vezes acima daquelas com participações inferiores a lacionamento em forma de V entre participação de mer-
cado e rentabilidade. A Figura 13.3(b) mostra uma cur-
Essas constatações relevantes têm levado muitas va em forma de V para empresas de equipamentos agrí-
empresas a procurar a expansão da participação de mer- colas. A líder do setor, Deere & Company, obtém um re-
cado e a liderança como objetivos. Por exemplo, a Gene- torno elevado. Entretanto, a Hession e a Steiger, empre-
ral Electric decidiu que deve ser a número um ou dois sas pequenas e especializadas, também conseguem re-
nos mercados que participar, ou deixará os mesmos. A torno elevado. A J. I. Case e a Massey-Ferguson estão
GE abandonou o negócio de computadores e ar-condi- presas no vale e a International Harvester detém partici-
cionado porque não pôde atingir posições de liderança pação de mercado substancial, mas obtém retornos bai-
nestes setores. xos. Assim, tais setores industriais possuem uma ou al-
Vários críticos atacaram os estudos PIMS, taxan- gumas empresas altamente rentáveis, diversas pequenas
do-os de fracos ou espúrios. Hamermesh relatou ter en- empresas especializadas rentáveis e várias empresas de
10. Participação relativa de mercado é a participação de mercado da empresa em relação à soma das participações de mercado de seus três
principais concorrentes, expressa em porcentagem. Por exemplo, se essa empresa possui 30% do mercado e seus três maiores concorrentes
têm 20%, 10% e 10%, temos: 30/(20 + 10 + 10) = 75% de participação relativa de mercado.
11. SCHOEFFLER, Sidney, BUZZELL, Robert D., HEANY, Donald F. Impact of strategic planning on profit performance. Harvard Business Review,
p. 137-145, Mar./Apr. 1974; e BUZZELL, Robert D., GALE, Bradley X, SULTAN, Ralph G. M. Market share - a key to profitability. Harvard
Business Review, p. 97-106, Jan./Feb. 1975.
12. Veja BUZZELL et. al. Market share: a key to profitability. Harvard Business Review, p. 97-100, Jan./Feb. 1975. Os resultados foram aperfeiço-
ados por estudos PIMS mais recentes; o banco de dados inclui, agora, 2.600 unidades de negócios em uma ampla variedade de setores
industriais. Veja BUZZELL, Robert D., GALE, Bradley T. The PIMS principies: linking strategy to performance. New York : Free Press, 1987.
13. HAMERMESH, Richard G., ANDERSON, JR., M. J., HARRIS, J. E. Strategies for low market share businesses. Harvard Business Review, p. 95-
102, May/June 1978.
14. WOO, Carolyn Y., COOPER, Arnold C. The surprising case for low market share. Harvard Business Review, p. 106-113, Nov./Dec. 1982; veja
também, dos mesmos autores, Market-share leadership - not always so good. Harvard Business Review, p. 2-4, Jan./Feb. 1984.
340 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
tamanho médio com desempenho de lucro muito baixo. sua participação de mercado. Este fator de risco di-
Conforme Roach: minui a atratividade dos ganhos obtidos pelo au-
mento da participação de mercado. Essa foi a razão
As grandes empresas situadas na curva em for- da Microsoft ter desistido de uma fusão no valor de
ma de V tendem a atender ao mercado como um $ 2 bilhões com a empresa de software Intuit, em
todo, obtendo vantagens em termos de custos e de 1995. Ela desejava fazer o negócio para ocupar o
alta participação de mercado, decorrentes da econo- mercado de software de finanças pessoais. (A Intuit
mia de escala. As pequenas empresas concorrentes possui o best-seller Quicken.) Quando o departamen-
obtêm lucros elevados por focar algum segmento mais to de justiça ameaçou a Microsoft com uma ação
estreito do negócio e por desenvolver abordagens antitruste, a gigante do software desistiu do negó-
especializadas em termos de produção, marketing e cio, em vez de enfrentar o desafio.16
distribuição naquele segmento. Ironicamente, as con- O segundo fator relaciona-se ao custo econômico. A
correntes de tamanho médio, situadas na parte infe- Figura 13.4 mostra a possibilidade de a rentabilida-
rior da curva em V, são inábeis para obter qualquer de começar a cair com ganhos posteriores de parti-
vantagem competitiva e, freqüentemente, mostram cipação de mercado após determinado nível. Na ilus-
pior desempenho quanto aos lucros. Presas em uma tração, a participação ótima de mercado é de 50% e
estratégia "terra de ninguém", são muito grandes se a empresa procurar maior participação, perderá
para colher os benefícios obtidos por concorrentes em termos de rentabilidade. Isto é consistente com
mais especializados e muito pequenas para se bene- as constatações do PIMS, uma vez que seus resulta-
ficiarem da economia de escala obtida pelos concor- dos não mostram o que ocorre com a rentabilidade
rentes maiores.15 em diferentes níveis superiores a 40% de participa-
ção. Basicamente, o custo de conquistar maior par-
Como podemos compatibilizar os dois gráficos da ticipação de mercado pode exceder o faturamento
Figura 13.3? As constatações do PIMS mostram que a obtido. Por exemplo, uma empresa que tenha 60%
rentabilidade aumenta à medida que o negócio ganha do mercado deve reconhecer que os consumidores
participação relativa em relação aos concorrentes de seu não conquistados podem não gostar da empresa, ser
mercado atendido. A curva em forma de V ignora os seg- leais aos fornecedores concorrentes, possuir neces-
mentos de mercado e analisa a rentabilidade de um ne- sidades exclusivas ou preferir lidar com fornecedo-
gócio em relação a seu tamanho no mercado total. As- res menores. Além disso, os concorrentes, provavel-
sim, a marca Mercedes obtém lucro elevado porque seu mente, lutarão mais para defender suas participa-
fabricante possui alta participação no mercado de car- ções de mercado. O custo de ações legais, relações
ros de luxo, muito embora a empresa possua baixa par- públicas e de lobby aumenta com a participação de
ticipação no mercado total de automóveis. Ela alcançou mercado. Em geral, lutar por maior participação de
esta alta participação em seu mercado atendido porque mercado justifica-se menos quando há pouca eco-
toma algumas precauções corretas, como fabricar um nomia de escala ou de experiência, há segmentos de
produto de alta qualidade, atingir alto giro de estoque e mercado não atraentes, compradores desejam fon-
adotar bom controle de custos. tes múltiplas de suprimentos e as barreiras à saída
Entretanto, as empresas não devem pensar que o são elevadas. A empresa líder pode obter melhores
aumento da participação de mercado irá, automatica- resultados expandindo o tamanho do mercado, em
mente, melhorar suas rentabilidades. Depende muito de vez de lutar para aumentar sua participação. Algu-
suas estratégias para ganhar maior participação de mer- mas empresas dominantes chegam a ganhar ao re-
cado. O custo de obter maior participação de mercado duzir seletivamente a participação de mercado em
pode exceder o valor do faturamento extra obtido. A áreas mais fracas.17
empresa deve considerar três fatores, antes de procurar O terceiro fator é que as empresas podem perseguir
cegamente um aumento de participação de mercado: a estratégia errada de composto de marketing em
sua busca por maior participação de mercado e, as-
• O primeiro fator é a possibilidade de provocar algu- sim, não aumentar seus lucros. Embora certas va-
ma ação antitruste por parte do governo. Provavel- riáveis do composto de marketing sejam eficazes na
mente, concorrentes invejosos acusarão uma empre- conquista de participação de mercado, nem todas
sa dominante de estar praticando "monopólio" se levam a lucros mais elevados. Participações maiores
esta adotar alguma investida objetivando aumentar tendem a produzir lucros mais elevados quando o
15. ROACH, John D. C. From strategic planning to strategic performance: closing the achievement gap. Outlook. New York: Booz, Allen &
Hamilton, 1981. p. 21. Esta curva assume que o retorno sobre vendas antes do imposto de renda está altamente correlacionado com a
rentabilidade e que o faturamento da empresa é um substituto para a participação de mercado. Michael Porter, em seu livro Competitive
strategy, mostra uma curva semelhante em forma de V
16. LOHR, Steve. Gates, the pragmatist, walked away. The New York Times, 22 May 1995, p. Dl:2.
17. KOTLER, Philip, BLOOM, Paul. Strategies for high market-share companies. Harvard Business Review, p. 63-72, Nov./Dec. 1975. Veja tam-
bém PORTER, Michael E. Competitive advantage. New York : Free Press, 1985. p. 221-226.
custo unitário cai com o aumento da participação Dois estudos de caso: Procter & Gamble e
de mercado e quando a empresa oferece um produ- Caterpillar
to de qualidade superior, cobrando preço mais alto
para compensar essa qualidade. As empresas líderes de mercado que permanecem
no topo aprenderam a arte de expandir o mercado total,
Buzzell e Wiersema constataram que as empresas
defender seu território atual e aumentar a rentabilidade
que apresentam ganhos de participação de mercado, ti-
de sua participação de mercado. Duas empresas que
picamente, superaram seus concorrentes em três áreas:
obtiveram mais sucesso nessas arenas são a Procter &
lançamento de novos produtos, qualidade relativa do
Gamble e a Caterpillar. Ambas têm mostrado habilidade
produto e despesas de marketing.18 Especificamente,
notável em proteger suas participações de mercado con-
temos:
tra ataques repetidos de desafiantes hábeis. Elas não
1. As empresas que ganharam participação, normal- permitem o desenvolvimento de qualquer fraqueza.19
mente, desenvolveram e acrescentaram novos pro-
dutos a sua linha. PROCTER & GAMBLE. É amplamente considerada a em-
2. As empresas que aumentaram a qualidade do pro- presa mais hábil dos Estados Unidos em bens de consu-
duto em relação aos concorrentes ganharam mais mo. Ela vende a marca número um em 19 das 39 cate-
participação do que aquelas cuja qualidade perma- gorias em que compete e está entre as três marcas top
neceu constante ou declinou. em 34 dessas categorias. Sua participação de mercado
3. As empresas que aumentaram seus gastos de média está próxima a 25%. Sua liderança de mercado
marketing acima da taxa de crescimento do merca- baseia-se em vários princípios:
do obtiveram ganhos de participação. O aumento
dos gastos na força de vendas foi eficaz para gerar • Conhecimento do consumidor. A P&G estuda seus con-
ganhos de participação, tanto no mercado de bens sumidores e revendedores através de contínuas pes-
industriais como no de bens de consumo. O aumen- quisas de marketing e coleta de inteligência. Ofere-
to nos gastos de propaganda também gerou ganhos ce um número de telefone 0800 para que os consu-
de participação, principalmente para as empresas de midores possam conversar diretamente com a em-
bens de consumo. O crescimento do orçamento de presa, tirando dúvidas, dando sugestões ou fazendo
promoção de vendas foi eficaz em gerar ganhos de reclamações sobre seus produtos.
participação para todos os tipos de empresas. • Perspectiva a longo prazo. A P&G gasta tempo para
4. As empresas que reduziram seus preços a níveis in- analisar uma oportunidade e preparar o melhor pro-
feriores aos dos concorrentes não obtiveram ganhos duto e, assim, compromete-se a longo prazo a tor-
significativos de participação de mercado. Provavel- nar esse produto um sucesso. Lutou por suas bata-
mente, alguns concorrentes baixaram parcialmente tas-fritas Pringles por quase uma década, transfor-
seus preços e outros ofereceram outros valores para mando-a em sucesso de mercado.
os compradores que não sentiram muito a redução • Inovação de produto. A P&G é inovadora ativa de
de preço mais significativa. produto e segmentadora por benefício e gastou cer-
18. BUZZELL, Robert D., WIERSEMA, Frederick D. Successful share-building strategies. Harvard Business Review, p. 135-144, Jan./Feb. 1981.
19. RICE, Faye. The king of suds reigns again. Fortune, p. 120-134, 4 Aug. 1986; KELLEY, Bill. Komatsu in cat fight. Sales and Marketing
Management, p. 50-53, Apr. 1986; e HENKOFF, Ronald. This cat acting like a tiger. Fortune, p. 71-76, 19 Dec. 1988.
342 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
ca de um bilhão de dólares em 1994. Lança marcas • Propaganda intensa. A P&G é a segunda maior anun-
que oferecem novos benefícios aos consumidores, ciante de bens de consumo dos Estados Unidos, gas-
em vez de se contentar com marcas repetidas, tando cerca de $ 3 bilhões no ano fiscal de 1994.
mantidas por propaganda intensa. Passou dez anos Nunca economiza dinheiro para criar conscien-
pesquisando e desenvolvendo o primeiro creme den- tização e preferência fortes junto aos consumidores.
tal eficaz contra cárie, o Crest. Passou muitos anos • Força de vendas agressiva. A P&G tem uma força de
pesquisando o primeiro xampu eficaz, sem contra- vendas de primeiro nível, muito eficaz em trabalhar
indicação, o Head & Shoulders. Constatou que os com varejistas-chave para obter espaço de pratelei-
pais jovens estavam insatisfeitos com o trabalho de ra e cooperação para promoções e uso de displays
lavar fraldas, inovando com o lançamento de fralda nos pontos de venda.
descartável, a Pampers. A empresa testa profunda- • Promoção de vendas eficaz. A P&G tem um departa-
mente seus novos produtos com os consumidores e mento de promoção de vendas para assessorar seus
apenas aqueles que têm preferência real são lança- gerentes de marca sobre as promoções mais efica-
dos no mercado nacional. zes para atingir objetivos específicos. O departamen-
Estratégia de qualidade. A P&G desenvolve produtos to estuda os resultados dos acordos com revende-
com qualidade acima da média. Uma vez lançado, o dores e consumidores e desenvolve uma forma es-
produto é continuamente melhorado. Quando ela pecial de eficácia sob diversas circunstâncias. Ao
anuncia que um produto é "novo e melhorado", re- mesmo tempo, tenta minimizar o uso da promoção
almente é a verdade. Isto está em contraste com al- de vendas, preferindo confiar na propaganda para
gumas empresas que, após estabelecer um nível de construir preferência dos consumidores a longo pra-
qualidade, raramente o melhora. Outras, reduzem zo.
a qualidade em um esforço para aumentar o lucro. • Força competitiva. A P&G bate forte quando se trata
Estratégia de extensão de linha de produtos. A P&G de restringir os agressores. Está disposta a gastar
fabrica suas marcas em diversos tamanhos e formas muito dinheiro para deslocar novas marcas concor-
para satisfazer as várias preferências dos consumi- rentes, evitando que as mesmas ganhem preferên-
dores. Isto dá a sua marca maior espaço de pratelei- cia de mercado.
ra e evita as tentativas dos concorrentes de satisfa- • Eficiência em produção e redução de custos. A reputa-
zerem necessidades do mercado ainda não atendi- ção da P&G como grande empresa de marketing é
das. complementada pela sua magnitude como empresa
Estratégia de extensão de marca. Freqüentemente, a de produção. Gasta muito dinheiro para desenvol-
P&G usa seus nomes de marcas fortes par lançar ver e melhorar as operações de produção, manten-
novos produtos. Por exemplo, a marca Ivory foi es- do seus custos entre os mais baixos do setor indus-
tendida de sabão em pó, para incluir um sabão lí- trial. Recentemente, começou a cortar seus custos
quido, um detergente para máquinas de lavar louça ainda mais, permitindo, assim, reduzir os preços mais
e um xampu. Lançar um novo produto sob uma altos de alguns de seus produtos.
marca forte já existente dá a nova marca reconheci- • Sistema de gerência de marca. A P&G criou o sistema
mento mais instantâneo e credibilidade, com despe- de gerência de marca, no qual um executivo é res-
sas de propaganda muito menores. ponsável por determinada marca. O sistema vem
Estratégia de multimarca. A P&G criou a arte de lan- sendo copiado por muitos concorrentes, mas,
çar no mercado diversas marcas na mesma catego- freqüentemente, sem o sucesso atingido pela P&G
ria de produto. Por exemplo, ela produz oito marcas que tem aperfeiçoado o sistema no decorrer dos anos.
de sabão em pó e seis de xampu. O propósito é de- Em um desenvolvimento recente, modificou sua es-
senvolver marcas que atendam a diferentes desejos trutura de administração geral, de modo que cada
dos consumidores e que competem com marcas de categoria de marca está agora sendo dirigida por
concorrentes específicos. Cada gerente dirige, inde- um gerente geral com responsabilidade pelo volu-
pendentemente, uma marca e compete pelos recur- me de vendas e lucro. Enquanto esta prática não
sos da empresa. Entretanto, como parte de sua res- substitui o sistema independente de gerência de
posta pela crescente demanda por valor, a P&G co- marca, ajuda a agilizar o foco estratégico sobre as
meçou a simplificar sua vasta variedade de produ- necessidades dos consumidores-chave e sobre a con-
tos. Desde 1991, eliminou quase a quarta parte dos corrência na categoria.
diferentes tamanhos, sabores e outras variedades ofe-
recidas por suas marcas. Também passou a identifi- Assim, a liderança de mercado da P&G não está
car as marcas que não estão desempenhando con- baseada em fazer bem uma coisa, mas na orquestração
forme as expectativas. Alguns produtos, como o pa- bem-sucedida de fatores múltiplos que contribuem para
pel higiênico White Cloud, foram eliminados e com- esta liderança. Tanto nos Estados Unidos quanto no ex-
binados com produtos mais fortes.20
20. SCHILLER, Zachary. Ed Artzt's elbow grease has P&G shining. Business Week, p. 84-85, 10 Oct. 1994.
344 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Dolan constatou que a rivalidade competitiva e a Escolha de uma estratégia geral de
redução de preços são mais intensas em setores indus- ataque
triais com custos fixos e custos de estoque elevados e de
demanda primária estagnada, como aço, automóveis, Definidos claramente os oponentes e os objetivos,
papel e produtos químicos.21 Agora, examinaremos as que opções estão disponíveis para atacar o inimigo? Po-
estratégias de ataques competitivos disponíveis para as demos imaginar um oponente que esteja ocupando de-
empresas desafiantes de mercado. terminado segmento de mercado. Escolhemos entre as
cinco estratégias de ataque mostradas na Figura 13.6.
21. Veja DOLAN, Robert J. Models of competition: a review of theory and empirical evidence. In: ENIS, Ben M., ROERING, Kenneth J. (Orgs.).
Review of marketing. Chicago : American Marketing Association, 1981. p. 224-234.
combinação do poder de força da IBM e da vantagem A outra forma de estratégia agressiva de preço exi-
tecnológica da Lotus colocaram a Microsoft na defensi- ge que a atacante faça investimentos pesados para bai-
va.22 xar os custos de produção, capacitando-a a atacar a con-
corrente em base de preço. A Texas Instruments e várias
empresas japonesas foram bem-sucedidas ao lançar ata-
Como alternativa ao ataque frontal puro, a empre-
ques frontais modificados envolvendo preço baixo e re-
sa agressora pode lançar um ataque frontal modificado,
dução de custos.
sendo o mais comum a redução de seu preço em relação
ao preço da concorrente. Tais ataques podem assumir
duas formas. A ação mais usual é igualar a oferta da ATAQUE DE FLANCO. Um exército inimigo é mais forte
líder em outros itens e superá-la no preço. Isto pode fun- onde espera ser atacado. É necessariamente menos se-
cionar se (1) a líder de mercado não retaliar baixando guro nos flancos e na retaguarda. Todavia, seus pontos
seu preço e (2) se a agressora convencer o mercado de fracos (lados desprotegidos) são alvos naturais para o
que seu produto é igual ao do concorrente, mas mais ataque inimigo. O importante princípio da guerra ofen-
vantajoso porque é vendido a preço inferior. A Helene siva moderna é concentrar forças contra as fraquezas. O
Curtis é mestra na prática da estratégia de convencer o agressor pode atacar o lado forte para "amarrar" as tro-
mercado de que suas marcas, como Suave e Finesse, são pas ofensoras, mas lançará o ataque real pelos flancos
iguais em qualidade, além de oferecer mais valor do que ou pela retaguarda. Esta manobra apanha o exército ini-
as marcas concorrentes de preços mais altos. Ela fabrica migo desprevenido. Os ataques de flanco têm excelente
imitações baratas de marcas líderes de alto preço e pro- sentido de marketing e são particularmente atraentes
move-as com campanhas de propaganda comparativas para o agressor que possui menos recursos do que o opo-
barulhentas: "Fazemos o que as outras fazem por menos nente. Se o agressor não pode superar o defensor com
da metade do preço." força bruta, poderá vencê-lo usando subterfúgios.
22. CORTESE, Amy. Gerstner at the Gates. Business Week, p. 36-38, 19 June 1995.
346 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Um ataque de flanco pode ser dirigido ao longo de EVITAR O ATAQUE. Trata-se da forma mais indireta de
duas dimensões estratégicas: geográfica e por segmen- estratégia de assalto. Significa evitar o inimigo e atacar
to. Em um ataque geográfico, o agressor marca as áreas mercados mais fáceis com o objetivo de ampliar a base
onde a oponente não vem tendo bom desempenho. Por de recursos. Essa estratégia oferece três linhas de abor-
exemplo, as rivais da IBM estabelecem fortes filiais de dagens: diversificação com produtos não relacionados,
vendas em cidades médias e pequenas que são relativa- diversificação em novos mercados geográficos ou diver-
mente negligenciadas por esta líder. É o caso da sificação por novas tecnologias para superar os produ-
Honeywell, que procura cidades e países menores onde tos existentes.
não tem que enfrentar grande número de vendedores
da IBM.
COLGATE Houve um tempo em que a Colgate era
Outra estratégia de flanco é descobrir necessida-
conhecida apenas como fabricante de sabonete e sabão
des de mercado que não estão sendo atendidas pelas
em pó. Seu presidente, David Foster, reconhecia que
empresas líderes, como fizeram os fabricantes japone-
qualquer batalha frontal contra a P&G seria fútil. "Eles
ses de automóveis quando escolheram atender ao cres-
nos metralhariam em 3x1 a nível de varejo", ele afirma-
cente mercado de compradores de carros com baixo con-
va. Sua estratégia foi simples: aumentar a liderança da
sumo de combustível. De modo semelhante, a cervejaria
Colgate no exterior e evitar atacar a P&G no mercado
Miller Brewing "descobriu" o mercado consumidor de
interno, diversificando em mercados não atendidos pela
cerveja light (leve).
mesma. Seguiu-se uma série de aquisições de empresas
Estratégia de flanco é outro nome usado para iden- nas áreas têxteis, produtos hospitalares, cosméticos e em
tificar mudanças em segmentos de mercado. Essas mu- ampla variedade de artigos esportivos e produtos ali-
danças estão abrindo lacunas não atendidas pelo perfil mentícios. O resultado: A Colgate pôde enfrentar con-
de produto atualmente oferecido pelo setor industrial, fortavelmente a P&G em vários mercados e evitou-a em
que podem ser preenchidas e transformadas em fortes outros.
segmentos de mercado. Em vez de uma batalha sangrenta
entre duas ou mais empresas tentando atender ao mes-
mo mercado, o ataque de flanco leva a uma cobertura O salto tecnológico é uma estratégia de evitar ata-
mais completa de variadas necessidades de mercado. Este que, praticada, tipicamente, em setores de alta
tipo de ataque enquadra-se na melhor tradição da filo- tecnologia. Em vez de copiar o produto do concorrente
sofia de marketing, cujo objetivo é descobrir necessida- e empreender dispendioso ataque frontal, a desafiante,
des e satisfazê-las. Os ataques de flanco têm maior pro- pacientemente, pesquisa e desenvolve a tecnologia se-
babilidade de ser bem-sucedidos do que os frontais. guinte e parte para o ataque, trazendo a batalha para
seu território onde detém maior vantagem. O ataque
bem-sucedido da Nintendo no mercado de video games
ATAQUE DE CERCO. A manobra de cerco é uma tentati- foi uma disputa por participação de mercado, introdu-
va de capturar ampla fatia do território inimigo através zindo uma tecnologia superior e redefinindo o "espaço
de um ataque abrangente e intensivo. O cerco envolve competitivo". Agora, a Sega/Genesis está fazendo o
lançar grande ofensiva em várias frentes, de modo que o mesmo com uma tecnologia mais avançada, à medida
inimigo tenha que proteger, simultaneamente, seu fron- que são os criadores de entretenimento baseado na rea-
te, flancos e retaguarda. A empresa agressora pode ofe- lidade virtual.
recer ao mercado tudo ou mais do que a oponente ofe-
rece, tornando a oferta irrecusável. Este ataque faz sen-
tido quando a empresa agressora detém recursos supe- ATAQUE DE GUERRILHA. O ataque de guerrilha consiste
riores e acredita que uma mudança de cerco destruirá a em pequenas e intermitentes escaramuças sobre dife-
oponente. Aqui está um exemplo: rentes territórios da oponente, com o propósito de
importuná-la e desmoralizá-la e, eventualmente, asse-
gurar posições. Liddell-Hart declarou a lógica militar:
SEIKO A Seiko, fabricante japonesa de relógios, ex-
pandiu a distribuição em todos os principais mercados A razão mais usual para adotar-se uma estra-
de relógios e venceu suas concorrentes conquistando os tégia de objetivo limitado é a espera por uma mu-
consumidores com uma enorme variedade de modelos dança de equilíbrio de forças, uma mudança,
constantemente renovados. Nos Estados Unidos, ofere- freqüentemente, pretendida e alcançada por meio da
ce 400 modelos de relógios, mas seu apelo de marketing drenagem das forças do inimigo, enfraquecendo-o
está baseado nos 2.300 modelos que fabrica e vende em com pequenas investidas em vez de golpes arrisca-
todo o mundo. "Os relógios Seiko proporcionam o máxi- dos. A condição essencial de tal estratégia é que a
mo em termos de moda, características e preferências drenagem do inimigo deve ser desproporcionalmente
do usuário e tudo o mais que possa motivar o consumi- maior do que as perdas da desafiante. O objetivo pode
dor", afirma com admiração o vice-presidente de uma ser atingido atacando-se suas fontes de suprimentos,
empresa norte-americana concorrente. por ataques localizados que aniquilem ou causem
348 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
MEMO Decorrências da guerra
MKT
A animosidade também traz vantagens. Os benefícios para uma empresa agressiva que visa
um concorrente igualmente combativo incluem:
Fonte: Reproduzido de MURPHY, Anne. Enemies, a love story. Inc., p. 78, Apr. 1995.
25. LEVITT, Theodore. Innovative imitation. Harvard Business Review, p. 63 ss, Sept./Oct. 1966. Veja também SCHNAARS, Steven E Managing
imitation strategies: how later entrants seize markets from pioneeers. New York : Free Press, 1994.
350 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Fonte: DOYLE, Rob. Business Week, 26 June 1995.
Figura 13.6 Marcas clones.
• Clonagem. A empresa que pratica a clonagem copia obteve prejuízo de 6%. Neste caso, apenas as duas prin-
os produtos, distribuição, propaganda etc. da líder. cipais empresas obtiveram lucro e a terceira não teve
O produto e a embalagem copiados podem lembrar nada para se gabar. Não é de se admirar que Jack Welch,
a líder, enquanto a marca pode ser levemente dife- presidente da GE, disse que cada uma de suas unidades
rente, como "Coko-Cola" em vez de "Coca-Cola". A de negócio deve atingir a primeira ou segunda posição
empresa copiadora vive como parasita usufruindo em seus mercados! Freqüentemente, as empresas segui-
os investimentos da líder. Por exemplo, a Ralcorp doras não têm um caminho promissor a trilhar.
Holding Inc. vende imitações de cereais para o café
da manhã em embalagens similares às das marcas
líderes. Suas marcas Tasteeos, Fruit Rings e Corn
Estratégias de ocupantes de nicho
Flakes (Figura 13.6) são vendidas por aproximada-
mente $ 1 a menos do que as marcas líderes. No
Uma alternativa para tornar-se seguidora em um
negócio de informática, os clones são presença co-
grande mercado é ser líder em pequeno mercado ou ni-
mum. A maioria das concorrentes da IBM no merca-
cho (veja a discussão de nichos no Capítulo 9). Normal-
do de microcomputadores começou copiando seu
mente, as empresas menores direcionam-se a pequenos
micro.26
mercados, de pouco ou nenhum interesse das grandes
• Imitação. A empresa imitadora copia algumas coi- empresas. Aqui estão dois exemplos:
sas da líder, mas mantém a diferenciação em termos
de embalagem, propaganda, preço e assim por
diante. A líder não se preocupa com a imitadora, à INTERNATIONAL A Logitech tornou
medida que esta não a ataque agressivamente. A uma história de sucesso global com faturamento de
imitadora até contribui para que a líder não seja $ 300 milhões, fabricando os mais variados modelos
acusada de monopólio. imagináveis de mouses para microcomputadores. Fabri-
• Adaptação. A empresa adaptadora parte do produto cando um mouse a cada 1,6 segundo, ela atende a pes-
da líder, adaptando-o e, freqüentemente, melhoran- soas destras e canhotas, oferece modelos sem fio que
do-o. A adaptadora pode escolher vender para mer- usam ondas de rádio, imitam ratos reais para crianças e
cados diferentes, evitando o confronto direto com a vende uma versão tridimensional, que parece mover-se
líder. Entretanto, a adaptadora, freqüentemente, por trás dos objetos da tela. Fabricando apenas mouses,
cresce, tornando-se futura desafiante, como vem a Logitech domina o mercado mundial e a Microsoft é
ocorrendo com muitas empresas japonesas após sua seguidora de mercado.27
adaptarem e melhorarem produtos desenvolvidos em
outros países.
TECNOL MEDICAL PRODUCTS Ao focar a fabrica-
O que uma empresa seguidora ganha? Embora não ção de máscaras faciais hospitalares, a Tecnol Medicai
assumam os custos de inovação, ela, normalmente, ga- Products concorre com duas empresas gigantes: Johnson
nha menos do que a líder. Por exemplo, um estudo de & Johnson e 3M. A Tecnol transformou uma máscara
empresas processadoras de alimentos mostrou que a facial comum em uma linha lucrativa de máscaras
maior empresa obteve um retorno de 16% sobre o in- especializadas que previnem os funcionários de infec-
vestimento (ROI, a segunda, 6%, a terceira, 1% e a quarta ções hospitalares. Agora, esta empresa pouco conhecida
26. BURNS, Greg. A fruit loop by any other name. Business Week, p. 72, 76, 26 June 1995.
27. McGRATH, Allen J. Growth strategies with a '90s twist. Across the Board, p. 43-46, Mar. 1995.
28. ANDERSON, Stephanie. Who's afraid of J&J e 3M? Business Week, p. 66-68, 5 Dec. 1994.
29. MELCHER, Richard A. From the microbrewers who brought you Bud, Coors ..." Business Week, p. 66-68, 5 Dec. 1994.
30. CLIFFORD, Donald K., CAVANAGH, Richard E. The winning performance: how America's high and midsize growth companies succeed. New
York : Bantam Books, 1985.
31. Relatado em LINNEMAN, E. R., STANTON, L. J. Making niche marketing work. New York : McGraw-Hill, 1991.
352 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Estratégias para entrar em mercados
INSIGHT DE
MARKETING dominados por empresas bem posicionadas
Que estratégias de marketing as empresas podem explorar um nicho rentável. Exemplo: o creme den-
usar para entrar em um mercado dominado por empre- tal natural Tom's of Mind competindo com o Crest.
sas bem posicionadas? Biggadike examinou as estraté- • Preço alto (premium) - posicionar próximo a marca
gias de 40 empresas invasoras. Constatou que dez delas dominante com pequeno gasto em propaganda, mas
entraram com preço menor, nove fixaram o mesmo pre- com preço alto para atrair a "nata" do mercado.
ço das dominantes e 21 estabeleceram preço maior. En- Exemplo: o chocolate Godiva e o sorvete Haagen-
quanto 28 delas divulgaram possuir qualidade de pro- Dazs concorrendo com as marcas padrões.
duto superior, cinco igualaram a qualidade das domi-
nantes e sete declararam estar oferecendo qualidade in- Schnaars examinou as estratégias de empresas in-
ferior. A maioria das ingressantes oferecia uma linha de vasoras bem-sucedidas que entraram em mercados ocu-
produtos especializados e atendia a um segmento de pados por empresas bem posicionadas e, eventualmen-
mercado mais estreito. Menos de 20% delas consegui- te, assumiram a liderança. Ele detalhou mais de 30 ca-
ram inovar em novo canal de distribuição. Metade gas- sos em que a imitadora desbancou a inovadora, confor-
tava menos do que as dominantes em força de vendas, me o seguinte resumo:
propaganda e promoção. Assim, o composto de
marketing médio das ingressantes era (1) preço e quali-
dade superiores, (2) linha de produtos mais estreita, (3) Produto Inovadora Imitadora
Software de
segmento de mercado mais estreito, (4) canais de distri- processsamento
buição similares, (5) serviços superiores e (6) menores de texto Word Star WordPerfect
gastos em força de vendas, propaganda e promoção. Planilha eletrônica Unicalc Lotus 1-2-3
Carpenter e Nakamoto examinaram estratégias Cartão de crédito Diners' Club Visa e MasterCard
para lançar um novo produto em mercado dominado Canetas com ponta
por marcas como Jell-0 ou Federal Express. (Essas mar- de esfera Reynolds Parker
cas, que incluem muitas pioneiras de mercado, são par- Tomografia
ticularmente difíceis de ser atacadas porque muitas re- computadorizada EMI General Electric
presentam o padrão de julgamento para outras marcas. Calculadoras manuais Bowmar Texas Instruments
Processadores de
Entretanto, uma nova marca levemente diferente pode alimentos Cuisinart Black & Decker
ser percebida como menos atraente e outra similar pode
ser vista como não oferecendo nenhuma característica
exclusiva.) Eles identificaram quatro estratégias que As imitadoras conquistaram o mercado ao ofere-
possuem bom potencial de lucro nestas situações: cer preços mais baixos, melhorar o produto ou usar po-
der de mercado e recursos superiores. Freqüentemente,
• Diferenciação - posicionar longe da marca dominante as inovadoras falharam em função de complacência, má
com preço igual ou mais alto e maior gasto em pro- administração, baixa qualidade de produto ou recursos
paganda para estabelecer a nova marca como alter- inadequados para competir com as invasoras.
nativa crível à marca dominante. Exemplo: a moto-
cicleta Honda desafiando a Harley Davidson.
Fontes: Veja BIGGADIKE, Ralph. Entering new markets: strategies
• Desafio - posicionar junto a marca dominante com and performance. Cambridge, MA: Marketing Science Institute, 1977.
forte gasto em propaganda e preço igual ou mais p. 12-20; CARPENTER, Gregory S., NAKAMOTO, Kent. Competitive
alto para desafiar a marca dominante como o pa- strategies for late entry into a market with a dominant brand.
drão da categoria. Exemplo: a Pepsi competindo com Management Science, p. 1268-1278, Oct. 1990; CARPENTER, Gregory
S., NAKAMOTO, Kent. Competitive late mover strategies. Artigo inter-
a Coke, a Avis competindo com a Hertz. no. Northwestern University, 1993; e SCHNAARS, Steven E Managing
• Nicho - posicionar longe da marca dominante com imitation strategies: how later entrants seize markets from pioneers.
preço alto e orçamento de propaganda baixo para New York: Free Press, 1994.
RESUMO
1. As estratégias de marketing são altamente depen- 2. A empresa líder de mercado possui maior participa-
dentes de a empresa ser líder de mercado, desafiante, ção no mercado relevante do produto. Para perma-
seguidora ou ocupante de nicho. necer como empresa dominante, a líder engaja-se
32. Veja UTTAL, Bro. Pitching computers to small businesses. Fortune, p. 95-104, 1 Apr. 1995; veja também GANNES, Stuart. The riches in
market niches. Fortune, p. 227-230, 27 Apr. 1987.
354 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
em três atividades. Primeiro, procura maneiras de buição totalmente inovadores, melhorar os serviços,
expandir a demanda do mercado total identificando reduzir os custos de produção ou engajar-se em pro-
novos usuários, novos usos e maior taxa de uso de paganda intensiva.
seus produtos. Segundo, tenta proteger sua partici- 4. A seguidora de mercado está disposta a manter sua
pação atual de mercado através de uma estratégia participação de mercado e não correr riscos. Entre-
de posição, flanco, antecipação de ataque, contra- tanto, devem ter estratégias destinadas a manter,
ofensiva, móvel ou de contração. As líderes mais aumentar a participação de mercado e ampliar o mer-
sofisticadas protegem-se fazendo as coisas certas, não cado. Uma seguidora pode exercer o papel de
deixando aberturas para o ataque competitivo. Ter- contrafatora, copiadora, imitadora ou adaptadora.
ceiro, pode tentar aumentar sua participação de 5. A empresa ocupante de nicho atende a pequenos
mercado. Tal estratégia faz sentido se houver au- segmentos de mercado que não estão sendo atendi-
mento da rentabilidade nos níveis mais elevados de dos pelas empresas maiores. Embora essas empre-
participação de mercado e se a empresa não precisa sas sejam, tradicionalmente, pequenas, várias gran-
preocupar-se com ações antitruste. des empresas estão adotando estratégias de nicho.
A empresa desafiante de mercado ataca a líder e A chave para a adoção de nicho é a especialização.
outros concorrentes de maneira agressiva para con- As ocupantes de nicho podem selecionar uma ou
quistar maior participação de mercado. As desa- mais das seguintes áreas de especialização: usuário
fiantes podem escolher entre cinco tipos de ataque: final, nível vertical, tamanho de cliente, cliente es-
frontal, flanco, cerco, evitar o ataque, guerrilha ou pecífico, área geográfica, produto ou linha de pro-
qualquer combinação dos mesmos. Em termos de duto, característica de produto, tipo de tarefa, qua-
estratégias de ataque específicas, as desafiantes po- lidade/preço, serviço ou canal. Geralmente, a estra-
dem reduzir os preços, fabricar bens mais baratos, tégia de nichos múltiplos é preferível à de nicho
bens de prestígio, bens variados, produtos ou distri- único.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Durante a última década, as guerras das colas en- Unidos, substituindo o Honda Accord, que detinha
volveram as duas principais empresas fabricantes esta posição há vários anos. Quais são algumas es-
deste tipo de refrigerante, mas, agora, parece que tratégias que a desafiante, Honda Accord, poderia
uma nova marca está disputando maior participa- empregar para recuperar sua participação de mer-
ção de mercado. Com a aquisição recente das em- cado?
presas Dr. Pepper e 7Up, a Cadbury-Schweppes au- 3. Os mercados maduros tendem a possuir um conjun-
mentou sua participação no mercado norte-ameri- to definido de fornecedores, concorrentes, distribui-
cano de 4% para 16% e preparou-se para o cresci- dores e consumidores. Parece que esse conjunto fe-
mento mundial. Quem é a líder no mercado de re- chado de participantes protege-se contra a entrada
frigerantes e colas? Quem é a desafiante? Sugira um de novos participantes. Freqüentemente, esta situa-
curso de ação para a Cadbury-Schweppes permane- ção recebe o apoio de grupos externos como legisla-
cer em um mercado formado apenas por essas duas dores governamentais, sindicatos de trabalhadores,
grandes empresas. associações comerciais e industriais, instituições fi-
2. Em 1986, uma manchete da revista Business Week nanceiras e outros.
dizia: "Como a Ford acertou o alvo com o Taurus". Roger Billings inventou um automóvel movido a hi-
Em letras menores lia-se a razão do triunfo: "Uma drogênio que utiliza a energia nuclear. Quais os pro-
equipe 'emprestada' do Japão fabricou o carro nor- váveis desafios que Billings enfrentará para colocar
te-americano 'mais quente' dos últimos anos". seu produto no mercado? Você acha que as líderes
Antes de desenhar o Taurus, a Ford comprou um ou desafiantes do mercado automobilístico esta-
Honda Accord e um Toyota Corolla, procurando en- riam interessadas em fazer parceria com Billings para
contrar coisas que podia copiar ou fazer melhor do fabricar o carro a hidrogênio? É possível desenvol-
que suas concorrentes. Ela também providenciou ver-se um mercado de nicho? Como Billings deveria
pesquisas para detectar as preferências dos consu- proceder?
midores e descobrir que "pequenas coisas" eles gos- 4. Quando os microcomputadores foram lançados, a
tariam de ter em seus carros. Os resultados das pes- IBM optou por não entrar no mercado. Ela já era
quisas compensaram. No início dos anos 90, o Ford líder de mercado no setor de computadores
Taurus tornou-se o carro número um dos Estados mainframes. Viu o microcomputador, principalmen-
356 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Desenvolvimento e Administração
14 de Estratégias de Marketing para o
Mercado Global
O mundo está rapidamente encolhendo com o ad- Embora alguns desejem a eliminação da concor-
vento de meios de comunicação, transporte e fluxos fi- rência estrangeira através de legislação protecionista, esta
nanceiros mais rápidos. Produtos desenvolvidos em um prática, a longo prazo, aumenta os custos e protege as
país, como as bolsas Gucci, canetas Mont Blanc, ham- empresas domésticas ineficientes. A melhor maneira das
búrgueres McDonald's, sushi japonês, ternos Pierre empresas competirem é a melhoria contínua de seus pro-
Cardin, BMWs alemães estão encontrando forte aceita- dutos e a expansão em mercados internacionais.
ção em outros países. Não ficamos surpresos ao ouvir Ironicamente, embora as empresas necessitem en-
falar de homens de negócios usando ternos italianos, trar e competir em mercados estrangeiros, os riscos são
encontrando um amigo inglês em um restaurante japo- elevados. Há muitos desafios a ser enfrentados, incluin-
nês que, mais tarde, volta para casa para beber vodca do mudanças de fronteiras, governos instáveis, proble-
russa e assistir ao programa Melrose Place na televisão. mas com a taxa de câmbio, corrupção e pirataria
Verdadeiramente, muitas empresas vêm pratican- tecnológica (Veja a Tabela 14.1) -1 Por estas razões, pode-
do marketing internacional há décadas. Nestlé, Shell, se concluir que as empresas estão predestinadas a ficar
Bayer e Toshiba são familiares à maioria dos consumi- em seu país ou a ir para o exterior. Poderíamos argu-
dores de todo o mundo. Entretanto, hoje, a competição mentar que as empresas que vendem em setores indus-
global está-se intensificando. As empresas domésticas que triais globais não têm escolha, a não ser internacionali-
nunca se preocuparam com concorrentes estrangeiros, zar suas operações.
repentinamente, os encontram dentro de seus próprios
mercados. Manchetes de jornais divulgam as vitórias dos SETOR INDUSTRIAL GLOBAL é um conjunto de em-
japoneses sobre os fabricantes norte-americanos em pro- presas em que as posições estratégicas dos concor-
dutos eletrônicos de consumo, motocicletas, máquinas rentes nos principais mercados geográficos e nacio-
copiadoras, câmeras fotográficas e relógios; as conquis- nais são, fundamentalmente, afetados por suas posi-
tas obtidas pelos carros japoneses, alemães, suecos e
ções globais.2 Empresa global é aquela que opera em
coreanos no mercado norte-americano e a perda dos
mercados de têxteis e calçados para as importações do mais de um país e obtém vantagens em pesquisa e
Terceiro Mundo. Muitas empresas que se consideram desenvolvimento, produção, logística, marketing, fi-
norte-americanas são, realmente, estrangeiras: Bantam nanças, custos e reputação, que não estão disponí-
Books, Baskin-Robbins Ice Cream, Capitol Records, Kiwi veis para os concorrentes basicamente domésticos.
Shoe Polish e Lipton Tea.
1. Para mais informações sobre mudanças de fronteiras, veja CLARK, Terry. National boundaries, border zones and marketing strategy: a
conceptual framework and theoretical model of secondary boundary effects. Journal of Marketing, p. 67-80, July 1994.
2. PORTER, Michael E. Competitive strategy. New York : Free Press, 1980. p. 275.
DECISÃO DE IR PARA O EXTERIOR » Os clientes da empresa podem estar indo para o ex-
terior, exigindo, assim, serviço internacional.
A maioria das empresas preferiria permanecer em
seus negócios domésticos se o mercado fosse suficiente- Antes de tomar uma decisão de ir para o exterior, a
mente grande. Os administradores não precisariam empresa deve ponderar vários fatores:
aprender a língua e as leis de outro país, lidar com mo-
edas estranhas e voláteis, enfrentar incertezas e proble- » Ela pode não conhecer as preferências dos consumi-
mas políticos e legais ou ter que redesenhar seus produ- dores estrangeiros e falhar no oferecimento de um
tos para atender às diferentes necessidades e expectati- produto competitivamente atraente. (A Tabela 14.2
vas dos consumidores. O negócio seria mais fácil e segu- lista alguns famosos erros cometidos por empresas
ro. norte-americanas bem conhecidas.)
Todavia, há vários fatores que podem levar uma o Ela pode não entender a cultura gerencial do país
empresa à arena internacional: estrangeiro ou não saber como lidar eficazmente com
seus executivos.
• Empresas globais oferecendo produtos melhores ou « Ela pode subestimar as leis estrangeiras e incorrer
preços menores podem atacar seu mercado domés- em custos inesperados.
tico. A empresa pode desejar contra-atacar essas em- » Ela pode perceber que não possui gerentes com ex-
presas em seus mercados domésticos para minar seus periência internacional.
recursos. » O país estrangeiro pode mudar suas leis comerciais,
• A empresa pode descobrir que alguns mercados ex- desvalorizar sua moeda ou empreender uma revo-
ternos apresentam maiores oportunidades de lucro lução política e desapropriar a propriedade estran-
do que o mercado doméstico. geira.
• Ela pode necessitar de uma base mais ampla de con-
sumidores para obter economia de escala. Em razão das vantagens e dos riscos da concorrên-
• Ela pode desejar diminuir sua dependência de qual- cia, as empresas, freqüentemente, não agem até que al-
quer mercado e, assim, reduzir o risco. gum evento lhes inspire confiança na arena internacio-
358 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Tabela 14.1 Desafios em marketing internacional.
1. Grande dívida externa. Muitos países acumularam dívidas externas tão elevadas que nem mesmo podem pagar os
juros. Entre esses países estão Brasil, Polônia e México.
2. Governos instáveis. Endividamento, inflação e taxas de desemprego altas em diversos países têm resultado em gover-
nos altamente instáveis que expõem as empresas estrangeiras ao risco de desapropriação, nacionalização e limites de
repatriação de lucros. Para ajudar a se resguardarem desses riscos, muitas empresas compram relatórios de avaliação
de risco político, como o Serviço de Avaliação de Países da Business International (BI) ou o Previsões Mundiais de
Risco Político, da Frost & Sullivan. Usando modelos e técnicas de mensuração diferentes, esses serviços oferecem
avaliações numéricas mostrando o nível de risco de cada país e, em alguns casos, os níveis de risco esperados para os
próximos três anos.
3. Problemas de câmbio. 0 alto endividamento e a instabilidade econômica e política influem na flutuação ou desvalori-
zação da moeda de um país. As empresas estrangeiras desejam pagar em moeda forte com direitos de repatriação de
lucros, mas isto não está disponível em muitos mercados.
4. Barreiras governamentais à entrada de empresas estrangeiras e burocracia. Os governos impõem muitas regulamenta-
ções às empresas estrangeiras, como a exigência de formação dejoint ventures com empresas locais, que detêm maior
participação na sociedade, contratação de maior número de funcionários do país, transferência de know-how tecnológico
e limites à repatriação de lucros.
5. Tarifas e outras barreiras comerciais. Freqüentemente, os governos impõem tarifas altas para proteger as indústrias
locais. Também adotam barreiras comerciais invisíveis, como retardamento da liberação da documentação de impor-
tações, exigindo onerosos ajustes no custo dos produtos, e lentidão na inspeção ou liberação dos bens importados.
6. Corrupção. Funcionários de diversos países exigem propinas e favorecem as empresas que pagam mais suborno, pre-
terindo aquelas que oferecem melhores propostas. Os gerentes norte-americanos estão proibidos pelo Foreign Corrupt
Practices Act of 1977 a pagar propinas, enquanto os concorrentes de outros países não estão sujeitos a tal limitação.
7. Pirataria tecnológica. Uma empresa que instala sua fábrica no exterior preocupa-se com o fato de os administradores
locais aprenderem a fabricar o produto e passarem a competir aberta ou clandestinamente. Isto tem acontecido em
diversas áreas, como maquinário, eletrônica, produtos químicos e farmacêuticos.
8. Custo elevado do produto e adaptação da comunicação. Uma empresa que vai para o exterior deve estudar atentamente
cada mercado externo, tornar-se sensível a sua economia, legislação, política e cultura e deve adaptar seus produtos e
comunicações aos gostos locais. Caso contrário, incorrerá em sérios erros. Assumirá custos mais elevados e terá que
esperar mais tempo para auferir lucros.
9. Mudanças de fronteira. Muitas fronteiras internacionais estão sendo abertas pela primeira vez desde 1945. As frontei-
ras nacionais são fundamentais para marketing porque elas dominam e moldam o comportamento econômico dentro
de um país. As mudanças de fronteiras podem significar alvos em movimento para as empresas.
Os cartões Hallmark fracassaram quando foram lançados na França. O francês não gosta de sentimentos xaroposos, prefe-
rindo preencher seus próprios cartões.
A Philips começou a ter lucro no Japão somente após ter reduzido o tamanho de suas cafeteiras para adequá-las às
pequenas cozinhas japonesas, e de seus barbeadores para se ajustarem às pequenas mãos dos japoneses.
0 Pop-Tarts da Kellogg's fracassou na Inglaterra porque a porcentagem de residências britânicas com tostadoras era signi-
ficativamente mais baixa do que nos Estados Unidos e o produto era muito doce para o paladar britânico.
Inicialmente, o creme dental Crest, da P&G, fracassou no México quando usou a mesma campanha norte-americana de
propaganda. Os mexicanos não estavam muito preocupados com o benefício da prevenção anticárie e o apelo de propa-
ganda cientificamente orientado não os atraiu.
A Coca-Cola teve que retirar a garrafa de dois litros do mercado espanhol, após descobrir que poucas residências possuíam
refrigeradores com compartimentos suficientemente altos.
0 Tang, da General Foods, falhou, inicialmente, na França porque estava posicionado como substituto do suco de laranja
natural no café da manhã. 0 francês bebe pouco suco de laranja e quase nada no café da manhã.
A General Foods desperdiçou milhões tentando lançar aos consumidores japoneses misturas para bolo. A empresa falhou
em não notar que apenas 3% das residências japonesas estavam equipadas com fornos. Depois, promoveram a idéia de
assar bolos nas panelas de cozinhar arroz dos japoneses, subestimando o fato de que eles as usam durante o dia para
manter o arroz aquecido e pronto para servir.
Inicialmente, a cera para piso da S. C. Johnson fracassou no Japão. A cera deixava o piso muito escorregadio e a empresa
não percebeu que os japoneses não usam sapatos dentro de suas casas.
nal. Pode ser quando um exportador doméstico, impor- DECISÕES SOBRE EM QUE MERCADOS ENTRAR
tador estrangeiro ou governo estrangeiro solicita à em-
presa para vender no exterior ou na situação em que a Ao decidir ir para o exterior, a empresa precisa
empresa tem excesso de capacidade de produção e deve definir seus objetivos e políticas de marketing. Que por-
encontrar mercados adicionais para seus produtos. centagem de sua venda total deverá ser obtida no exte-
rior? A maioria das empresas começa pequena quando
se aventura a ir para o exterior. Algumas planejam ficar
pequenas, vendo as operações internacionais como pe-
quena parte de seus negócios. Outras possuem planos
360 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
das reformas de mercado vietnamitas que tiveram início exportações de açúcar, que é o maior produto do país
em 1986, sua base de apoio não intimida as empresas para a obtenção de divisas internacionais.
norte-americanas, que apostam na popularidade de suas Embora as empresas norte-americanas estejam
marcas. "0 Vietnã promete ser um campo de batalha perdendo um mercado potencialmente lucrativo, talvez
significativo para as colas rivais", afirmou um porta-voz essa espera não demore muito tempo. Muitas empresas
da Pepsi após o fim do embargo. norte-americanas estão apostando na iminente queda ou
Entretanto, embora haja muita excitação, há alguns morte de Castro e no conseqüente fim do embargo. 'Aqui,
alertas de precaução que devem ser observados. A ren- temos um mercado de 11 milhões de consumidores, a
da per capita anual da maioria dos vietnamitas é de 32 minutos de vôo dos Estados Unidos, com 30 anos de
$ 200 e, como na China, a infra-estrutura é calamitosa, demanda reprimida a ser atendida. Isto não é interes-
com um dos piores sistemas de transporte e comunica- sante?", são as palavras de Ana Maria Fernandez Haar,
ção do mundo. 0 país tem um longo caminho a percor- cubana-americana, presidente do IAC Advertisíng Group.
rer antes de fazer parte da mesma liga dos "tigres" do Procter & Gamble, American Airlines e Spring são algu-
sudeste asiático, como Cingapura ou Coréia do Sul. En- mas das empresas interessadas em atender o mercado
quanto os mercados e o país se desenvolvem, as empre- livre de Cuba.
sas estão gastando dinheiro com muita cautela. Os dóla- A infra-estrutura cubana necessita de anos de re-
res investidos tendem a ser destinados a campanhas de construção. Em alguns lugares não há água encanada,
propaganda muito simples, porque a maioria dos consu- gasolina, rede de esgoto e fontes de energia. "Eles terão
midores está vendo os produtos pela primeira vez. Por que cuidar do conceito básico de sobrevivência, antes
esta razão, o rádio e os cartazes são os principais veícu- de pensarem em pizza e Pepsi", afirma Joe Zubizarreta,
los de propaganda. Um anúncio na cidade de Ho Chi outro executivo de propaganda nascido em Cuba. As-
Minh contém apenas uma palavra: Sony. sim, há também preocupação com a inquietação políti-
ca. O regime de Castro pode reagir deixando a gentileza
Cuba: situação de alerta e espera de lado e a violência em Cuba, certamente, manteria as
Embora os Estados Unidos esteja ampliando o em- empresas afastadas. No momento, as empresas estran-
bargo comercial a Cuba, mesmo para as subsidiárias de geiras continuarão fazendo investidas em Cuba e as
empresas norte-americanas fora do país, outros países empresas norte-americanas, simplesmente, estarão aler-
estão com a atenção voltada para o mercado cubano. Os tas e na espera.
políticos norte-americanos esperam que o embargo pres-
sione Fidel Castro a liberalizar seu regime repressivo.
Entretanto, o problema é que outros países se recusam a
participar do embargo. Por exemplo, as empresas mexi-
canas têm sido beneficiadas pela não interferência polí-
tica de seu país. Em Havana In-Bound, zona de quase
livre comércio nas proximidades da capital, os armazéns
estão repletos de bens mexicanos que entram em Cuba, Fontes: PITURRO, Marlene. Capitalist China? Brandweek, p. 22-27,
16 May 1994; BATSON, Bryan. Chinese fortunes. Sales and Marketing
freqüentemente destinados aos hotéis e outras empre- Management, p. 93-98, Mar. 1994; REITMAN, Valerie. Enticed by visions
sas cubanas que estão trabalhando com parceiros estran- of enormous numbers, more western marketers move into China. The
geiros. Cuba é uma das ilhas mais atraentes do Caribe. Wall Street Journal, 12 July 1993, Bl:3; MILLER, Cyndee. U.S. firms
Portanto, o maior fluxo de capital internacional é desti- rush to claim share of newly opened Vietnam market. Marketing News,
p. 11, 14 Mar. 1994; BREWER, Geoffrey. American busínesses bank
nado aos hotéis construídos ou administrados por ope- on. Sales and Marketing Management, p. 15, Apr. 1994; e FISHER,
radoras espanholas, canadenses e mexicanas. A receita Christy. U.S. marketers wait for opening in Cuba. Advertising Age, p.
do turismo foi de $ 900 milhões em 1994, superando as 1,6, 29 Aug. 1994.
mais grandiosos, vislumbrando a venda internacional milhões. Em contraste, a empresa de produtos de consu-
como igual ou até mais importante que sua venda do- mo Amway está entrando em novos mercados com mui-
méstica. to trabalho, mas demorou décadas para sedimentar sua
A empresa deve decidir se vai vender em alguns presença no exterior. Conhecida pelas redes de venda
países ou em muitos países. A Bulova Watch Company direta porta a porta, esta empresa expandiu-se na Aus-
fez a última escolha e expandiu seus negócios em cerca trália em 1971, país distante, mas com mercado similar
de 100 países. Espalhou-se muito modestamente, obte- ao norte-americano. Depois, nos anos 80, a Amway ex-
ve lucro em apenas dois países e perdeu em torno de 40 pandiu-se em mais 10 países, passando a crescer mais
3. COULOMBE, Charles A. Global expansion: the unstoppable crusade. Success, p. 18-20, Sept. 1994.
4. AYAL, Igal, ZIF, Jehiel. Market expansion strategies in multinational marketing. Journal of Marketing, p. 84-94, Spring 1979.
5. Veja OHMAE, Kenichi. Tríade power. New York : Free Press, 1985; e KOTLER, Philip, DHOLAKIA, Nikhilesh. Ending global stagnation: linking
the fortunes of the industrial and developing countries. Business in the Contemporary World, p. 86-97, Spring 1989.
362 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Atratividade de Marketing
A China
M Tcheco-Eslováquia B
B Alemanha
Vantagem
Competitiva Risco
A Polônia
M Romênia A
6. NORTON, Rob. Strategies for the new export boom. Fortune, p. 124-130, 22 Aug. 1994.
364 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
MEMO Aproveitando o máximo das feiras comerciais
MKT
Aqui estão algumas sugestões para as empresas aproveitarem o máximo das feiras comer-
ciais:
1. Estabeleça metas. Antes de participar de uma feira internacional, assegure-se de que suas me-
tas são consistentes com os objetivos da exposição. 0 objetivo típico das feiras domésticas é
gerar indicações de vendas (leads), mas as feiras internacionais, freqüentemente, focam ou-
tros aspectos do negócio. Tipicamente, as pequenas e médias empresas participam de feiras na
esperança de encontrar um distribuidor. Por exemplo, na área editorial, a convenção da
American Booksellers Association é o lugar onde as editoras divulgam os novos títulos, en-
quanto a Feira de Frankfurt é o local de compra e venda de direitos de publicação.
2. Planeje com bastante antecipação. Os expositores devem estar preparados para identificar, se-
lecionar e entrevistar distribuidores potenciais. Com isso em mente, é possível contatar agen-
tes ou distribuidores potenciais bem antes da feira. Marque reuniões com as pessoas certas
porque você não pode ficar na expectativa de que elas entrarão automaticamente em seu
stand. Para os expositores internacionais, oito a dez meses de preparação é a norma, mas um
ano é ainda melhor.
3. Faça pesquisa de mercado. Além de identificar agentes potenciais durante o período preparató-
rio, os expositores devem fazer pesquisa de mercado. A biblioteca local, a associação comerci-
al ou industrial, as embaixadas e os organizadores da feira podem fornecer informações sobre
o país onde o evento será realizado. Tópicos comuns de pesquisa são a cultura local, parceiros
ou distribuidores potenciais para o negócio, horário bancário, moeda, taxas de câmbio, condi-
ções climáticas, exigências burocráticas e restrições de visto para estrangeiros.
4. Se necessário, contrate um tradutor ou intérprete. Por exemplo, se os visitantes de seu stand
forem chineses e ninguém de sua equipe falar mandarim, um intérprete será essencial. Os
intérpretes podem também cuidar do contrato e da papelada. Um expositor experiente diz que
ter um intérprete é como "ter seu próprio embaixador na feira. Eles valem ouro".
Fonte: Reimpresso com permissão da Business Marketing, March 1995. Crain Communication, Inc.
tro lado, o acordo torna-se desinteressante se a empresa produtivo e a perda de lucros potenciais de se fabricar o
contratada puder alocar seu talento gerencial a melho- próprio produto. Entretanto, oferece à empresa uma
res usos ou se a contratante obtiver maior lucro na ad- oportunidade de começar mais rápido, com menor risco
ministração do negócio global. O contrato de adminis- e proporciona a formação de uma parceria ou a compra
tração evita que a empresa concorra com seus próprios posterior do fabricante local.
clientes. Finalmente, uma empresa pode entrar em um mer-
Outro método de entrar em um mercado exterior cado exterior através do franchising, que é uma forma
é o contrato de fabricação, em que a empresa autoriza mais completa de licenciamento. Aqui, o franquiador
indústrias locais a produzir o produto. Quando a Sears oferece um conceito de marca completo e um sistema de
abriu suas lojas de departamentos no México e Espanha, operação. Em troca, o franquiado investe e paga deter-
encontrou fabricantes locais qualificados para produzir minadas taxas ao franquiador. Empresas como Mc-
muitos de seus produtos. O contrato de fabricação ofe- Donald's, KFC e Avis têm entrado em mercados interna-
rece a desvantagem de menor controle sobre o processo cionais através da franquia de seus conceitos de varejo.
8. MAZUR, Laura, HOGG, Annik. The marketing challenge. Wokingham, Inglaterra : Addison-Wesley, 1993. p. 42-44; KAREL, Jan Willem. Brand
strategy positions products worldwide. Journal of Business Strategy, 12, n. 3, p. 16-19, May/June 1991.
9. DWYER, Paula. Tearing up today's organization chart. Business Week, p. 80-90, 18 Nov. 1994.
10. Entretanto, veja KILLING, J. Peter. How to make a global joint venture work. Harvard Business Review, p. 120-127, May/June 1982.
11. Veja JOHANSON, Jan., WIEDERSHEIM-PAUL, Finn. The internationalization of the firm. Journal of Management Studies, p. 305-322, Oct.
1975.
366 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
1. Nenhuma atividade regular de exportação. DECISÃO SOBRE O
2. Exportação via representantes independentes (agen- PROGRAMA DE MARKETING
tes).
3. Estabelecimento de uma ou mais subsidiárias de
As empresas que operam em um ou mais merca-
vendas.
dos externos devem decidir o quanto adaptar a estraté-
4. Estabelecimento de instalações de produção no ex-
gia de seu composto de marketing às condições locais.
terior.
Em um extremo estão aquelas que adotam um composto
de marketing padronizado em nível mundial. A padroni-
A primeira tarefa é fazer com que as empresas pas-
zação de produto, propaganda, canais de distribuição e
sem do estágio um para o dois. Esta movimentação é
outros elementos do composto de marketing assegura
auxiliada por estudos que enfocam como as empresas
custos menores porque nenhuma mudança importante
tomam suas primeiras decisões de exportar.12 A maioria
será introduzida. Em outro extremo está a idéia de um
das empresas trabalha com um agente independente,
composto de marketing adaptado, em que o fabricante
geralmente em um país que oferece poucas barreiras à
ajusta os elementos do composto de marketing a cada
entrada de produtos estrangeiros. Depois, a empresa
mercado-alvo. A seção Insight de Marketing intitulada
procura mais agentes para entrar em outros países. Pos-
"Padronização global ou adaptação?" discute os princi-
teriormente, ela estabelece um departamento de expor-
pais problemas a esse respeito.
tação para gerenciar os relacionamentos de seus agen-
tes. Na fase seguinte, substitui os agentes por subsidiá- Entre os dois extremos, há muitas possibilidades.
rias de vendas em seus maiores mercados importadores. Examinaremos aqui as adaptações potenciais que as
Esta decisão aumenta o investimento e o risco da em- empresas podem fazer em termos de produto, promo-
presa, mas incrementa também o potencial de lucro. Para ção, preço e distribuição assim que entrarem em merca-
administrar essas subsidiárias de vendas, ela substitui o dos externos.
departamento de exportação por um departamento in-
ternacional. Se certos mercados continuarem grandes e Produto
estáveis ou se o país hospedeiro insistir na produção lo-
cal, a empresa passa para o estágio seguinte que é esta- Keegan distinguiu cinco estratégias de adaptação
belecer instalações de produção nesses mercados, repre- de produto e promoção para um mercado externo (veja
sentando ainda maior compromisso e maior potencial a Figura 14.4).13
de lucro. Nesta fase, ela estará operando como uma A extensão direta significa lançar o produto no
empresa multinacional e reconsiderando a melhor ma- mercado externo sem qualquer mudança. A alta admi-
neira de organizar e administrar suas operações globais. nistração instrui seus vendedores: "Encontrem consumi-
Produto
Não mudar Adaptar o Desenvolver
o produto produto novo produto
12. Veja REID, Stan. The decision maker and export entry and expansion. Journal of International Business Studies, p. 101-112, Fall 1981; AYAL,
Igal. Industry export performance: assessment and prediction. Journal of Marketing, p. 54-61, Summer 1982; e JATUSRIPITAK, Somkid. The
exporting behavior of manufacturing firms. Ann Arbor, MI : University of Michigan Press, 1986.
13. KEEGAN, Warren J. Multinational marketing management. 5. ed. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1995. p. 378-381.
368 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
to baseado no queijo em um país onde este componente
não faz parte do hábito alimentar? Os gerentes de mar-
cas da Frito-Lay de Guangzhou não se renderam. Após
testarem 600 diferentes sabores junto aos consumido-
res, a empresa lançou uma versão do Cheetos sem quei-
jo, temperados com os sabores norte-americano e japo-
nês (veja a foto). A flexibilidade compensou; após seis
meses, a marca estava vendendo em toda a China e a
capacidade de produção foi ampliada para atender a
demanda.
• Características do produto
• Marca
• Rótulo
• Embalagem
• Cores
• Materiais
• Preços Para vender na China, a Frito-Lay retirou o queijo de seus pro-
• Temas de propaganda dutos.
• Mídia de propaganda
Fonte: SIMPSON, Wayne. Brandweek, p. 32, 27 Mar. 1995.
• Preparação da propaganda
• Promoção de vendas
Um estudo mostrou que as empresas fazem uma atender mais aos desejos dos consumidores de cada país.
ou mais adaptações de composto de marketing em 80% Marketing global sim; padronização global, não neces-
de seus produtos destinados ao exterior e que o número sariamente.
médio de elementos adaptados era quatro. Deve-se tam-
bém reconhecer que alguns países exigem adaptações,
independentemente do desejo da empresa. A França não
permite a utilização de crianças em anúncios; a Alema-
nha veta o uso da palavra melhor para descrever um Fontes: LEVTTT, Theodore. A globalização de mercados. In: Imagi-
nação de marketing. São Paulo : Atlas, 1990; CAUDRON, Shari. The
produto. myth of the european consumer. Industry Week, p. 28-36,21 Feb. 1994.
Assim, a padronização global não constitui uma Para um exemplo do trabalho envolvido na preparação de uma cam-
proposição radical, mas deve variar em algum grau. Cer- panha de propaganda global, veja WEISZ, Pam. Border crossings:
tamente, as empresas devem procurar maior padroniza- brands unify image to countercult of culture. Brandweek, p. 24-28, 31
Oct. 1994; e BENEZRA, Karen. Fritos round the world. Brandweek, p.
ção, se não global, pelo menos regional. Por exemplo, A 32, 35, 27 Mar. 1995. Para constatações e abordagens sobre padroni-
Goodyear está tentando introduzir uniformidade regio- zação versus adaptação, veja JAIN, Subhash C. Standardization of
nal para seus logos, propaganda corporativa e linhas de international marketing strategy: some research hypotheses. Journal
produtos na Europa continental, de modo a ter presença of Marketing, 53, n. 1, p. 70-79, Jan. 1989; DU PREEZ, Johann P.,
DIAMANTOPOULOS, Adamantios, SCHLEGELMILCH, Bodo B. Product
mais marcante. Normalmente, os gerentes de países re- standardization and attribute salience: a three-country empirical
sistem à padronização porque a padronização regional comparison. Journal of International Marketing 2, n. 1, p. 7-28, 1994;
dá mais poder ao gerente regional e enfraquece o poder SZYMANSKI, David M., BHARADWAJ, Sundar G., VARADARAJAN, R
de quem está fora do país. Todavia, as empresas devem Rajan. Standardization versus adaptation of international marketing
strategy: an empirical investigation. Journal of Marketing, p. 1-17, Oct.
reconhecer que, enquanto a padronização pode reduzir 1993; e QUELCH, John A., HOFF, Edward J. Customizing global
alguns custos, os concorrentes estão sempre dispostos a marketing. Harvard Business Review, p. 59-68, May/June 1986.
14. HOBSON, J. S. Perry. Feng shui: its impact on the Asian hospitality industry. International Journal of Contemporary Hospitality Management,
6, n. 6, p. 21-26, 1994; SCHMITT, Bernd H., PAN, Yigang. In Ásia, the supernatural means sales. The New York Times, 19 Feb. 1995, p. 3,
11:2.
370 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
tração e varejo estão partindo para a expansão global. zido para o francês falado em Quebec (Canadá) com o
Arthur Andersen, American Express, Citicorp, Club Med, seguinte sentido: "Um sabão que lava as partes íntimas."
Hilton e Thomas Cook são mundialmente conhecidas; A segunda possibilidade é usar globalmente o mes-
muitos varejistas estão tentando fazer investidas simila- mo tema, adaptando o texto ao mercado local. Por exem-
res. Munidas das mais novas tecnologias e know-how plo, um comercial do sabonete Camay mostrava uma
operacional, a Wal-Mart e sua sócia Cifra operam agora bela mulher tomando banho. Na Venezuela, um homem
67 lojas de descontos e o Sam's Club, no México. Além era visto dentro do banheiro; na Itália e na França, ape-
do México, a Wal-Mart está abrindo três lojas no Brasil* nas aparecia a mão de um homem; e no Japão, o ho-
e duas na Argentina; já possui três lojas em joint venture mem esperava do lado de fora.
em Hong Kong com planos para uma loja na China. A terceira abordagem consiste no desenvolvimen-
Ao mesmo tempo que os varejistas e outros to de um pool global de anúncios, do qual cada país sele-
prestadores de serviços estão expandindo no exterior, ciona o mais apropriado. A Coca-Cola e a Goodyear ado-
muitos países têm erguido barreiras à entrada ou criado tam esta prática.
regulamentações que dificultam as investidas estrangei- Finalmente, algumas empresas permitem que os
ras. No Brasil, exige-se que todos os contadores sejam gerentes locais invistam na criação de anúncios específi-
graduados por universidades brasileiras. Muitos países cos para seus países, embora devam seguir orientações
da Europa Ocidental desejam limitar o número de pro- básicas. Consideremos os dois exemplos seguintes:
gramas da televisão norte-americana transmitidos em
suas regiões. Muitos estados norte-americanos impedem
a instalação de filiais de bancos estrangeiros e, ao mes- KRAFT A Kraft usa anúncios diferentes para o queijo
mo tempo, os Estados Unidos está pressionando a Coréia Cheez Whiz conforme o país, uma vez que sua penetra-
do Sul para abrir o mercado para suas instituições ban- ção nas residências de Porto Rico é de 95%, onde o quei-
cárias. O GATT está pressionando por mais liberdade nos jo é usado em tudo, de 65% no Canadá, onde se conso-
serviços internacionais, mas o progresso é lento. me queijo com torradas no café da manhã e de 35% nos
Estados Unidos, onde o produto é considerado junk food
(alimento supérfluo ou sem qualquer valor nutritivo).
Promoção
BLENAULT A Renault anuncia seu carro diferentemen-
As empresas podem empregar as mesmas campa- te, conforme o país. Na França, ele é descrito como um
nhas de propaganda e promoção usadas no mercado pequeno "supercarro", agradável para ser dirigido em
doméstico ou ajustá-las a cada mercado local. Esse pro- rodovias de alta velocidade e na cidade. A Renault ale-
cesso é chamado adaptação da comunicação. Se uma mã enfatiza a segurança, engenharia moderna e confor-
empresa adapta tanto o produto como a comunicação, to interior. Na Itália, destaca-se a facilidade de direção e
ela está praticando a adaptação dual. a aceleração. Na Finlândia, enfatiza-se a construção só-
Consideremos a mensagem de propaganda. A em- lida e confiabilidade.
presa pode mudá-la em quatro níveis diferentes. Pode
usar uma mensagem comum, variando apenas a lingua-
gem, marca e cores. A Exxon usou a mensagem "Ponha O uso da mídia exige também adaptação interna-
um tigre em seu carro" com pequenas variações e obte- cional porque sua disponibilidade varia de país para país.
ve reconhecimento internacional. As cores podem ser A Noruega e a Suécia não permitem anúncios na televi-
modificadas para evitar tabus em alguns países. A cor são. A Bélgica e a França vetam anúncios de cigarros e
púrpura está associada com a morte em Burma e em bebidas alcoólicas na TV enquanto na Itália esta mídia
alguns países latino-americanos; a branca representa luto não pode veicular anúncios dirigidos a crianças. A Arábia
no Japão e a verde está associada com doença na Malásia. Saudita não deseja que os anunciantes utilizem mulhe-
Mesmo marcas e títulos de anúncios têm que ser modifi- res em anúncios. A índia impõe impostos para a propa-
cados. Na Alemanha, mist (névoa) significa manure (es- ganda. As revistas variam em termos de disponibilidade
terco) e scotch (fita Scotch) significa schmuck (pênis) e o e eficácia; desempenham papel importante na Itália e
título do anúncio "Desperte para a vida com Pepsi" foi são de pouca expressão na Áustria. Os jornais têm co-
traduzido por "Saia do túmulo com Pepsi", na Coréia. bertura nacional no Reino Unido, mas na Espanha o
Na Espanha, a marca Nova, da Chevrolet, significa "não anunciante pode comprar cobertura apenas em jornais
vá". Um anúncio do aspirador de pó Electrolux, traduzi- locais.
do do sueco para o inglês, saiu em uma revista coreana As empresas devem também adaptar suas técnicas
com o seguinte título: "Nada mama como Electrolux." de promoção de vendas a diferentes mercados. Por exem-
Um anúncio de sabão em pó para máquina de lavar, afir- plo, a Grécia proíbe cupons, a França proíbe jogos de
mando que "lavava as partes realmente sujas" foi tradu- azar e limita os prêmios a 5% do valor do produto. Na
* Essas lojas estão funcionando em Osasco e Santo André, municípios da Grande São Paulo e em Ribeirão Preto (SP). (N.T.)
Outro problema surge quando uma empresa fixa Muito freqüentemente, uma empresa encontra al-
um preço de transferência (isto é, preço cobrado por ou- guns distribuidores empreendedores comprando mais do
tra unidade da empresa) para bens que embarca para que podem vender em seus próprios países, transferin-
subsidiárias estrangeiras. Consideremos a seguinte si- do bens para outro país, concorrendo com o distribui-
tuação: dor local para obter vantagem das diferenças de preço.
372 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Canais Canais dentro
Matriz Compradores
Vendedor entre dos países
internacional países estrangeiros finais
J
As multinacionais tentam evitar a invasão de mercados, Outra diferença é o tamanho e a característica das
policiando os distribuidores, aumentando seus preços unidades varejistas no exterior. Enquanto grandes redes
para mercados de custos baixos ou alterando caracterís- de varejo dominam o cenário norte-americano, a maior
ticas do produto ou da garantia para países diferentes. parte do varejo estrangeiro está nas mãos de pequenos
varejistas independentes. Na índia, milhões de varejis-
tas operam pequenas lojas ou vendem em feiras livres.
Canais de distribuição Suas margens são altas, mas o preço real é reduzido via
pechincha. Os rendimentos das pessoas são baixos, obri-
Muitos fabricantes norte-americanos consideram gando-as a comprar diariamente em pequenas quanti-
o trabalho concluído assim que os produtos deixam suas dades. Elas estão limitadas a carregar pequenos volu-
fábricas. Eles devem ficar atentos a como o produto mes porque andam a pé ou de bicicleta. Além disso, as
movimenta-se no país estrangeiro. Em outras palavras, casas não possuem espaço para estocagem nem refrige-
a empresa internacional deve assumir uma visão com- ração para conservar os produtos frescos por vários dias.
pleta do problema de distribuir seus produtos a usuários Os custos de embalagem são mantidos baixos para be-
finais. A Figura 14.5 mostra os três principais elos entre neficiar os preços. Na índia, os cigarros são, freqüen-
o vendedor e o usuário final. No primeiro elo, matriz temente, vendidos em unidades, em vez de em maços. A
internacional, o departamento de exportação ou divisão venda em pequenas quantidades continua sendo uma
internacional toma decisões sobre canais e outros ele- função importante dos intermediários que ajudam a per-
mentos do composto de marketing. O segundo elo, ca- petuar grande número de pequenos varejistas. Estes re-
nais entre países, coloca os produtos nas fronteiras dos presentam grande obstáculo para a expansão do varejo
países estrangeiros. Consiste em decisões sobre os tipos em grande escala nos países em desenvolvimento.
de intermediários (agentes, trading companies e outros), A seção Insight de Marketing intitulada "Empresas
de transporte (aéreo, marítimo etc), negociações finan- campeãs do mundo: as japonesas" reúne muitos dos fa-
ceiras e risco. O terceiro elo, canais dentro de países es- tores básicos para a eficácia de marketing internacional.
trangeiros, transfere os produtos do ponto de entrada
do país aos compradores e usuários finais.
Os canais de distribuição internos variam conside- DECISÃO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE
ravelmente de país a país. Há diferenças acentuadas no
número e tipos de intermediários que atendem cada MARKETING
mercado externo. Para vender sabão em pó no Japão, a
Procter & Gamble tem que trabalhar através do que, pro- Dependendo do nível de envolvimento na arena
vavelmente, seja o sistema de distribuição mais compli- internacional, as empresas administram suas atividades
cado no mundo. Deve vender a um atacadista geral, que de marketing internacional de três maneiras: através de
vende a um atacadista de produto, que vende a um ata- departamentos de exportação, divisões internacionais ou
cadista geral de produtos de especialidade, que vende a como organizações globais.
um atacadista regional, que vende a um atacadista lo-
cal, que, finalmente, vende aos varejistas. Todos estes
níveis de distribuição podem resultar na duplicação ou Departamento de exportação
triplicação do preço pago pelo importador.15 Se a P&G
levar o mesmo sabão para a África tropical, pode vendê- Normalmente, uma empresa entra no mercado in-
lo a um atacadista importador que vende a pequenos ternacional simplesmente enviando bens para o exte-
atacadistas (jobbers), que vende a pequenos comercian- rior. Se suas vendas internacionais expandem, ela cria
tes (mulheres, na maioria) que trabalham em mercados um departamento de exportação, constituído por um ge-
locais. rente de vendas e alguns assistentes. À medida que as
15. Veja HARTLEY, William D. How not to do it: cumbersome Japanese distribution System stumps U.S. concerns. The Wall Street Journal 2 Mar.
1972.
vendas crescem, o departamento de exportação é expan- uma joint venture em um terceiro ou fundar uma subsi-
dido para incluir vários serviços de marketing, possibili- diária em um quarto. Mais cedo ou mais tarde, criará
tando que a empresa entre mais agressivamente no mer- uma divisão internacional para lidar com todas suas ati-
cado internacional. Se ela optar pela criação de joint vidades fora do país. A divisão internacional é dirigida
ventures ou por investimento direto, o departamento de por um presidente que define metas e orçamentos e é
exportação não será mais adequado para administrar as responsável pelo crescimento da empresa no mercado
operações internacionais. internacional.
As divisões internacionais são organizadas de vá-
rias maneiras. O pessoal é constituído de especialistas
Divisão internacional em marketing, produção, pesquisa, finanças, planejamen-
to e recursos humanos; seu trabalho consiste em plane-
Muitas empresas envolvem-se em vários mercados jar e fornecer serviços às unidades operacionais. As uni-
e negócios internacionais. Uma empresa pode exportar dades operacionais podem ser organizadas de várias for-
para um país, licenciar um agente em outro, estabelecer mas. Primeiro, podem ser organizações geográficas. Re-
374 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
um produto simples a preço baixo ou um produto tão segundo é zerar o tempo de melhoria do produto, aper-
bom quanto o dos concorrentes, mas a um preço menor feiçoando-o continuadamente para mantê-lo líder de
ou um produto que mostre melhor qualidade, novas ca- mercado. Os japoneses também se protegem ao contra-
racterísticas ou designs. Os japoneses prosseguem orga- tar advogados norte-americanos, profissionais de rela-
nizando uma boa distribuição para fornecer serviço ções públicas e ex-funcionários públicos para defende-
confiável a seus consumidores. Confiam na propaganda rem seus interesses e melhorarem sua imagem.
para atrair a atenção do público para seus produtos. Uma
característica de sua estratégia de entrada em um mer- Resposta aos concorrentes japoneses
cado é desenvolver a participação de mercado, em vez Embora as empresas norte-americanas e européias
de lucros imediatos. Os japoneses são capitalistas pa- tenham sido lentas em responder às investidas dos japo-
cientes que esperarão até uma década para realizar lu- neses, a maioria delas está agora organizando contra-
cros. ofensivas. A IBM está acrescentando novos produtos,
automatizando suas fábricas, buscando componentes no
Desenvolvimento da participação de mercado exterior e participando de parcerias estratégicas com
Uma vez que as empresas japonesas entrem em outras empresas. A Black & Decker está preenchendo
um mercado, dirigem suas energias para expandir a par- lacunas em sua linha de produtos, aumentando a quali-
ticipação nele. Confiam em estratégias de desenvolvi- dade, simplificando a produção e fixando preços mais
mento de produto e de mercado. Investem mais dinhei- agressivos. Cada vez mais as empresas estão copiando
ro na melhoria e na proliferação de produtos, de modo práticas japonesas que funcionam - controle de qualida-
que possam oferecer mais do que os concorrentes. Iden- de, círculos de qualidade, administração por consenso,
tificam novas oportunidades através da segmentação de produção just in time - quando se ajustam à cultura da
mercado e acompanham o desenvolvimento dos merca- empresa. Maior número de empresas está entrando no
dos de vários países com o propósito de criar uma rede mercado japonês para concorrer nesse país. Embora en-
mundial de mercados e de instalações de produção. Con- trar e operar com sucesso no Japão envolva muito di-
quistam grande volume de vendas através de um pro- nheiro e paciência, diversas empresas vêm fazendo no-
grama agressivo de compra de empresas concorrentes tável trabalho, incluindo a Coca-Cola, McDonakTs, Max
ou de formação de joint ventures com as mesmas. Factor, Xerox, IBM e Warner-Lambert.
Proteção da participação de mercado
Assim que os japoneses conseguem dominar um
mercado, eles ficam na posição de defesa em vez de ata-
que. Sua estratégia de defesa é uma boa ofensiva atra-
vés de desenvolvimento contínuo do produto e aperfei-
çoamento da segmentação de mercado. As empresas ja-
ponesas usam dois princípios de orientação de mercado
para manter sua liderança. 0 primeiro é zerar o tempo
de feedback do consumidor, por meio do qual entrevis-
Fonte: Para discussão mais ampla, veja KOTLER, Philip, FAHEY, Liam,
tam consumidores recentes para descobrir o grau de sa- JATUSRIPITAK, Somkid. The new competition. Englewood Cliffs, NJ :
tisfação pelo produto e quais as melhorias desejadas. O Prentice Hall, 1985.
portando ao presidente da divisão internacional podem sidiárias reportam-se ao presidente da divisão interna-
estar vice-presidentes para a América do Norte, América cional.
Latina, Europa, África, Oriente Médio e Extremo Orien- Muitas multinacionais diferem entre esses três ti-
te. Reportando aos vice-presidentes regionais estão os pos de organizações porque enfrentam problemas pecu-
gerentes de país que são responsáveis por uma força de liares. A história das operações internacionais da
vendas, filiais de vendas, distribuidores e licenciados. Westinghouse ilustra bem isto:
As unidades operacionais podem também ser grupos de
produtos mundiais, cada uma com um vice-presidente
internacional responsável pelas vendas mundiais de cada WESTINGHOUSE Antes de 1960, a Westinghouse
gossuía várias subsidiárias estrangeiras, vagamente su- grupo de produtos. Os vice-presidentes podem trabalhar
com especialistas da corporação que dominam diferen- bordinadas a uma divisão internacional. Para obter
maior coordenação, criou em 1960 uma poderosa divi- tes áreas geográficas. Finalmente, as unidades opera-
cionais podem ser subsidiárias internacionais, cada uma são internacional com gerentes regionais e de país. En-
dirigida por um presidente. Os vários presidentes de sub- tretanto, diversos gerentes de grupo de produtos da em-
presa acharam frustrante trabalhar através de uma divi-
376 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
e Ghoshal citam a Ericsson como empresa que ba- conciliar três contradições: ser global e local, ser grande
lanceia melhor estas considerações do que a NEC e pequena e ser radicalmente descentralizada com con-
(que é também globalmente orientada) e a ITT (que trole e relatórios centralizados. Possui apenas 170 fun-
é também localmente orientada). cionários na matriz, comparados aos 3.000 que povoam
a matriz da Siemens. Muitas linhas de produtos da em-
Uma das empresas mais bem-sucedidas na adoção presa são organizadas em oito segmentos de negócios,
da estratégia mista é a ABB, formada por uma fusão en- 65 áreas de negócios, 1.300 empresas e 5.000 centros
tre a empresa sueca ASEA e a suíça Brown Boveri. de lucro, cada um deles possuindo em torno de 50 fun-
cionários. Os gerentes são regularmente alternados en-
ABB Os produtos da ABB são industriais, incluindo tre países e é estimulada a criação de equipes nacionais.
transformadores de força, instalações elétricas, ins- Dependendo do tipo de negócio, alguns são tratados
trumentação, componentes automobilísticos, equipamen- como negócios superlocais, com grande autonomia, e
tos de ar condicionado, equipamentos para estradas de outros como negócios superglobais, com maior controle
ferro etc. Com faturamento anual de $ 32 bilhões e central. Barnevik usa um sistema de software próprio
210.000 funcionários, esta empresa é dirigida por Percy chamado Abacus que lhe permite avaliar os dados de
Barnevik, um dos mais dinâmicos presidentes de desempenho mensal de cada um dos 5.000 centros de
corporações européias. O moto da empresa é: "A ABB é lucro. Quando o sistema detecta desempenhos excepcio-
uma empresa global que age localmente em qualquer nais ou deficientes, ele contata os gerentes relacionados
parte do mundo." Barnevik estabeleceu o inglês como ao país, à área de negócio e os gerentes de empresas
língua oficial da empresa (todos os administradores e locais. Ele deseja que seus gerentes possuam conheci-
gerentes da empresa devem falar inglês) e todos os de- mentos locais, mas também que façam considerações
monstrativos financeiros devem ser preparados em dó- globais ao tomar suas decisões.18
lares. A empresa está organizada com o propósito de
RESUMO
1. A maioria das empresas não pode focar apenas o a exportação indireta, depois prosseguem através dos
mercado doméstico. Apesar dos muitos desafios exis- estágios seguintes à medida que obtêm mais expe-
tentes na arena internacional (mudanças de frontei- riência na arena internacional.
ras, governos instáveis, problemas de câmbio, 4. Ao decidir sobre o programa de marketing, a em-
corrupção e pirataria tecnológica), as empresas que presa deve decidir quanto adaptar seu composto de
vendem em setores industriais globais não têm es- marketing (produto, promoção, preço e distribuição)
colha a não ser internacionalizar suas operações. Elas às condições locais. Nos dois extremos do espectro
não podem simplesmente permanecer domésticas e estão compostos de marketing padronizados e adap-
esperar manter seus mercados. tados, com muitas etapas entre eles.
2. Ao decidir ir para o exterior, a empresa precisa defi- No nível de produto, as empresas podem adotar uma
nir seus objetivos e políticas de marketing interna- estratégia de extensão direta, adaptação de produto
cional. Primeiro, ela deve determinar se vai vender ou invenção de produto. No nível de promoção, po-
em poucos ou em muitos países. Depois, deve deci- dem escolher adaptação da comunicação ou adap-
dir sobre que tipo de país considerar. Freqüente- tação dual. No nível de preço, podem encontrar preço
mente, a proximidade psíquica é mais importante em cascata e mercado negro, e pode ser muito difí-
do que a geográfica. Em geral, os países candidatos cil estabelecer preços padronizados. No nível de dis-
devem ser avaliados sob três critérios: atratividade tribuição, precisam adotar uma visão de canal com-
de mercado, vantagem competitiva e risco. pleto para atenderem ao desafio de distribuir seus
3. Assim que a empresa decidir entrar em um país es- produtos aos usuários finais. Ao criar todos os ele-
pecífico, ela deve determinar o melhor modo de mentos do composto de marketing, as empresas de-
entrada. Aqui, as várias opções são a exportação in- vem estar conscientes das limitações culturais, so-
direta, exportação direta, licenciamento, jointventure ciais, políticas, tecnológicas, ambientais e legais que
e investimento direto. Cada estratégia, na ordem, enfrentam em outros países.
envolve mais compromisso, risco, controle e poten- 5. Dependendo do nível de envolvimento internacio-
cial de lucro. Geralmente, as empresas começam com nal, as empresas administram suas atividades de
18. Veja TAYLOR, William. The logic of global business: an interview with ABB's Percy Barnevik. Harvard Business Review, p. 91-105, Mar./Apr.
1991; e SCHARES, Gail E. Percy Barnevik's global crusade. Business Week, Special Enterprise Issue, p. 204-211, 22 Oct. 1993.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Antes de lançar sua fórmula infantil em países do médio do setor de temperos de salada está tentando
Terceiro Mundo, a Nestlé falhou em analisar ade- decidir "se deve ir para o exterior" (veja a Figura
quadamente o ambiente de marketing, ignorando 14.1). Quais as questões a respeito dos fatores polí-
três importantes forças ambientais: ticos, religiosos e culturais que a empresa deve fa-
• Primeiro, ignorou o ambiente cultural. Não levou zer antes de decidir engajar-se no negócio interna-
em consideração as normas culturais dos países do cional? Escolha um país e responda cada uma das
Terceiro Mundo, onde a amamentação materna é questões. Depois, decida se a empresa deve ou não
norma. Folhetos promocionais desestimulavam este vender temperos de salada nesse país.
tipo de alimentação e a descreviam como "primiti- 4. "Embora as vendas de cigarro estejam em declínio
va". Uma vez que as mães interrompessem a ou estagnadas em muitos países industrializados (...)
amamentação de seus bebês, o leite secava, obri- o Terceiro Mundo é onde está o crescimento. As
gando-as a comprar a fórmula. empresas de tabaco operam isentas das muitas res-
• Segundo, ignorou a infra-estrutura das nações em trições que enfrentam no Ocidente." Discuta os prós
desenvolvimento. Os países do Terceiro Mundo têm e contras desta "oportunidade de marketing".
problemas de água contaminada devido as más con- 5. Selecione um dos seguintes países estrangeiros ou
dições de transporte e sistema de filtragem. Não regiões e prepare um breve relatório (duas a cinco
obstante as famílias muito pobres poderem comprar páginas) sobre suas instituições e práticas de
a quantidade correta da fórmula, as mães teriam que marketing. Discuta também os desafios que as em-
diluí-la em água contaminada, provocando doenças presas domésticas enfrentam nesses países, bem
nas crianças. como os desafios enfrentados pelas empresas norte-
• Terceiro, ignorou o ambiente educacional. Em fun- americanas que desejam fazer negócios nos mesmos.
ção do produto representar uma nova tecnologia nos a. México
países do Terceiro Mundo, a empresa deveria ter trei- b. União Européia
nado as mães sobre como usar o produto. Não ocor- c. Polônia
reu a esterilização apropriada das mamadeiras e bi- d. China Continental
cos e, como resultado, muitas crianças adoeceram. e. Japão
Suponhamos que a Nestlé esteja preparando-se para f. Países em desenvolvimento/Países do terceiro
lançar uma nova linha de refrigerantes em pó nos mundo
países em desenvolvimento. O produto será acres- 6. Suponhamos que a Microsoft esteja preparando para
centado ao leite ou diluído em água para formar lançar o Integrator Microsoft, software hipotético de
uma bebida saudável e refrescante. Como a empre- preço abaixo da média, que fornece um pacote com-
sa pode considerar as forças ambientais discutidas pleto (planilha, processador de texto, banco de da-
supra em seus novos programas de marketing, an- dos, recursos gráficos e interface de comunicação)
tes de lançar o produto? nos Estados Unidos e nos países relacionados na
2. Muitas empresas acreditam que os adolescentes es- Tabela 1. A questão é se a empresa deve lançar ape-
tão tornando-se "consumidores globais". Isto é, os nas uma versão do Integrator ou criar um produto
adolescentes espalhados pelo mundo estão cada vez diferenciado para cada país. Se o produto for dife-
mais usando as mesmas roupas, tomando as mes- renciado, haverá um atraso para lançá-lo no merca-
mas bebidas e ouvindo o mesmo tipo de música. O do. Se indiferenciado, o lançamento será imediato.
que vem causando este fenômeno global originado Analise a Tabela 1 e sugira que estratégia a Microsoft
nos Estados Unidos? Que outros tipos de produtos deve adotar. Deve lançar o produto nos quatro paí-
têm o mesmo apelo global? Como uma empresa cujo ses? Diferenciar ou não? Que segmentos de merca-
mercado-alvo seja os adolescentes pode atingir este do ela deve escolher para focar?
grupo de consumidores?
3. Em função da redução dos mercados domésticos,
devido à concorrência, uma empresa de tamanho
378 DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS DE MARKETING
Tabela 1 Comparação das condições de mercado dos países selecionados.
Tema da propaganda "0 software mais "0 software com "Pioneiros em "Poder e
corporativa da Microsoft simplificado" futuro" compatibilidade" simplicidade
juntos"
* Nota: O Multiplan e o Word são adaptados (customized) aos quatro países listados.
Fontes: As informações sobre os fabricantes líderes de hardware são da International Data Corporation. Todas as outras informações são de registros internos
da Microsoft. Harvard Business Case 9-588-028.
7. A Cuisinart, famosa fabricante de processadores de Em grupos de cinco ou seis alunos, determine como
alimentos de qualidade superior, decidiu entrar no vocês definiriam essas três categorias para as em-
mercado internacional. A alta administração está presas norte-americanas interessadas em exportar
enfrentando problemas para decidir como desenvol- bens para o Japão. Que classificações amplas de pro-
ver o mercado. Faça um brainstorming para identifi- dutos se ajustariam em cada categoria? Que produ-
car algumas opções de entrada da empresa em ou- tos específicos que parecem ter potencial de sucesso
tros países. no Japão?
8. A Dentsu Inc. publicou um relatório recente decla- 9. Há alguns anos, uma grande empresa norte-ameri-
rando que a "autobusca" tornou-se um movimento cana decidiu entrar no mercado francês de pneus.
de consumidores muito importante no Japão. De Ela fabricava pneus para caminhões médios, dese-
fato, nos últimos dez anos as empresas têm observa- nhados para atender às exigências oficiais de tone-
do os consumidores japoneses deixando de valori- lagem por eixo. Sua experiência subseqüente foi
zar o tangível para valorizar o intangível. Como re- ruim, com muitos de seus pneus estourando. Como
sultado da autobusca, eles estão tornando-se mais resultado, ela adquiriu uma imagem negativa na
interessados em produtos e serviços que forneçam França. O que houve de errado?
maior qualidade de vida e sentido de total realiza- 10. Um fabricante norte-americano de equipamento
ção. A frase-chave que a Dentsu usa para descrever pesado operando na Europa Ocidental está empre-
este fenômeno é "Nós cuidamos de você". Os consu- gando vendedores norte-americanos. Ele acha que
midores estão buscando produtos e serviços que pode reduzir seus custos contratando e treinando
enriqueçam suas vidas em três categorias: cuidado vendedores locais. Quais as vantagens e desvanta-
com o corpo e alma, cuidado com os relacionamen- gens de usar norte-americanos versus pessoas locais
tos e cuidado com suas vidas diárias. para vender no exterior?
IV
PLANEJAMENTO DOS
PROGRAMAS DE
MARKETING
Administração de
15 Linhas de Produtos,
Marcas e Embalagens
Qualquer tolo pode estabelecer um negócio, mas precisa ser genial, ter fé e perseve-
rança para criar uma marca.
DAVID OGILVY
Um produto é algo fabricado em uma fábrica: uma marca é algo comprado pelo
consumidor. Um produto pode ser copiado por um concorrente: uma marca é exclusiva.
Um produto pode ficar rapidamente desatualizado: uma marca bem-sucedida é eterna.
STEPHEN KING
Chá gelado engarrafado. Não parece muito esti- A história de sucesso da Snapple destaca a impor-
mulante, mas os chás produzidos pela Snapple revoluci- tância do primeiro e mais importante elemento do com-
onaram o mundo das bebidas. posto de marketing: o produto. Toda a propaganda e
promoção do mundo não faria uma bebida deixar as
prateleiras dos supermercados se as pessoas não gosta-
SNAPPLE A Snapple Beverage Corp. era quase des- rem de seu sabor.
conhecida em 1982 quando começou a fabricar uma li- 0 produto é elemento-chave na oferta de mercado.
nha de bebidas naturais distribuída através por lojas de 0 planejamento do composto de marketing começa com
alimentos saudáveis e de conveniência. Mas, em 1987, a formulação de uma oferta para atender às necessida-
quando a empresa lançou seus chás pré-preparados sem des e desejos dos consumidores-alvo. 0 consumidor jul-
quaisquer aditivos ou conservantes, deu início a uma festa gará a oferta por três elementos básicos: características
nacional do chá. Os consumidores constataram que o e qualidade do produto, composto de serviços e qualida-
sabor do Snapple era realmente bom3 comparado com de e preço apropriado da oferta (Figura 15.1). Neste
os chás enlatados e adoçados artificialmente, e estavam capítulo, examinamos o produto; no capítulo seguinte,
dispostos a pagar mais caro por ele. Em 1992, primeiro os serviços e, depois, os preços. Os três elementos de-
ano de distribuição nacional, as 59 variedades de bebi- vem estar mesclados em uma oferta competitivamente
das da Snapple estavam obtendo um faturamento supe- atraente.
rior a $ 200 milhões. A medida que a empresa vem tor- Aqui, levantaremos as seguintes questões sobre
nando-se mais conhecida, aumenta a concorrência in- produtos:
tensa das gigantes Pepsi e Coca-Cola. Confiando no en-
tusiasmo de consumidores fiéis, a Snapple está veicu-
lando comerciais de televisão em rede nacional que • O que é um produto?
mostram testemunhos de consumidores reais que apro- • Como uma empresa pode desenvolver e ad-
vam seus produtos. Agora, as metas da empresa são au- ministrar seu composto de produto e linhas
mentar a taxa de experimentação dos sabores disponí- de produtos?
veis, acrescentar novos sabores e eliminar aqueles que • Como uma empresa toma melhores deci-
não vendem. Este teste é resultado da seguinte estatísti- sões de marca?
ca: embora apenas uma em três pessoas nos Estados • Como embalagem e rótulo podem ser usa-
Unidos já tenha experimentado um tipo de bebida dos como ferramentas de marketing?
Snapple, duas em três dessas pessoas que já experimen-
taram são consumidoras regulares.1
1. PRINCE, Greg W Snapple comes of age. Beverage World, p. 24-30, Feb. 1993; CAMPANELLI, Melissa. Profiles in marketing: Arnold Greenberg.
Sales and Marketing Management, p. 12, Aug. 1993.
2. Esta discussão foi adaptada de LEVITT, Theodore. Marketing success through differentiation - of anything. Harvard Business Review, p. 83-91,
Jan./Feb. 1980. O primeiro nível, benefício-núcleo, foi acrescentado à discussão de Levitt.
3. Veja BOYD JR., Harper W, LEVY, Sidney. New dimensions in consumer analysis. Harvard Business Review, p. 129-140, Nov./Dec. 1963.
4. LEVITT, Theodore. The marketing mode. New York: McGraw-Hill, 1969. p. 2.
DURABILIDADE E TANGIBILIDADE. OS produtos podem ser BENS DE COMPRA COMPARADA são os que o consu-
classificados em três grupos de acordo com sua durabili- midor, no processo de seleção e compra, compara,
dade ou tangibilidade. caracteristicamente, baseado em adequação, quali-
dade, preço e estilo. Exemplos incluem móveis, ves-
• Bens não duráveis. São bens tangíveis que, normal- tuário, carros usados e grandes eletrodomésticos.
mente, são consumidos após um ou alguns usos.
Exemplos incluem cerveja, sabão e sal. Uma vez que Os bens de compra comparada podem ser dividi-
esses bens são consumidos rapidamente e compra- dos em homogêneos e heterogêneos. O comprador vê os
dos com freqüência, a estratégia apropriada é torná- bens de compra comparada homogêneos como similares
los disponíveis em muitos locais, cobrar apenas uma em qualidade, mas bem diferentes em preço para justifi-
pequena margem (markup) e divulgá-los intensa- car comparações. O vendedor tem que "conversar sobre
mente para induzir à experimentação e à preferên- preço" com o comprador. Entretanto, na compra de ves-
cia de compra. tuário, móveis e outros bens de compra comparada hete-
• Bens duráveis. São bens tangíveis que, normalmen- rogêneos, as características do produto são, freqüente-
te, sobrevivem a muitos usos. Exemplos incluem re- mente, mais importantes para o consumidor do que o
frigeradores, máquinas-ferramenta e vestuário. Ge- preço. O fornecedor de bens de compra comparada he-
ralmente, requerem mais venda pessoal e serviços, terogêneos deve ainda oferecer amplo sortimento para
exigem maior margem e mais garantias do vende- satisfazer aos gostos individuais e ter vendedores bem
dor. treinados para fornecer informações e aconselhamento
• Serviços. Os serviços são intangíveis, inseparáveis, aos consumidores.
variáveis e perecíveis. Como resultado, normalmen-
te, exigem mais controle da qualidade, credibilidade BENS DE ESPECIALIDADE. Bens com características
do fornecedor e adaptabilidade. Exemplos incluem e/ou identificação de marcas exclusivas, para as quais
cortes de cabelo e consertos. um grupo significativo de compradores está habi-
tualmente disposto a fazer um esforço especial de
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS DE CONSUMO. OS consumido- compra. Exemplos incluem marcas e tipos específi-
res compram vasto número de bens que podem ser clas- cos de artigos de luxo, carros, equipamentos de som,
sificados conforme seus hábitos de compra. Podemos dis- equipamentos fotográficos e ternos masculinos.
5. Para algumas definições, veja BENNETT, Peter D. (Org.). Dictionary of marketing terms. Chicago : American Marketing Association, 1995.
Veja também MURPHY, Patrick E., ENIS, Ben M. Classifying products strategically. Journal of Marketing, p. 24-42, July 1986.
Tabela 15.1 Abrangência do composto de produtos e extensão das linhas de produtos da Procter & Gamble (incluin-
do as datas de lançamento).
Figura 15.3 Contribuições dos itens para a venda e o lucro total de uma linha de produtos.
No outro extremo, o último item representa ape- corre com os itens dos concorrentes D e B. Porém, seu
nas 5% das vendas e do lucro da linha. O gerente da papelão de peso alto/qualidade média não tem concor-
linha de produtos pode considerar a eliminação desse rente direto. O mapa revela também possíveis localiza-
item, a menos que ele tenha forte potencial de cresci- ções para novos itens de produto. Por exemplo, nenhum
mento. fabricante oferece um papelão de peso alto/baixa quali-
dade. Se a empresa X estimar forte demanda não aten-
dida e puder fabricar e vender esse papelão por preço
PERFIL DE MERCADO DA LINHA DE PRODUTOS. O gerente
correto, poderia considerar a inclusão desse item em sua
de linha de produtos deve também analisar como a li- linha.
nha está posicionada em relação às linhas de produtos
Outro benefício do mapa de produtos é que ele
concorrentes. Consideremos a empresa Paper Company
identifica os segmentos de mercado. A Figura 15.4 mos-
X, com uma linha de produtos de papelão.6 Dois de seus
tra os tipos de papelão, por peso e qualidade, preferidos
principais atributos são peso e qualidade de acabamen-
pela indústria gráfica, fabricantes de displays de pontos
to. Geralmente, os produtos são oferecidos em 90, 120,
de venda e fornecedores de suprimentos de escritório,
150 e 180 gramas por metro quadrado (g/m2) e quali-
respectivamente. O mapa mostra que a empresa X está
dade de acabamento em três categorias: baixa, média e
bem posicionada para atender às necessidades das grá-
alta. O mapa de produto da Figura 15.4 mostra a locali-
ficas, mas é menos eficaz para atender aos dois outros
zação dos vários itens da linha de produtos da empresa
setores, podendo considerar o fornecimento de outros
X e de quatro concorrentes A, B, C e D. O concorrente A
tipos de papelão para atender a essas outras necessida-
vende dois itens dentro da classe de papelão de peso
des.
alto, variando de média a baixa qualidade de acabamen-
to. O concorrente B vende quatro itens que variam em Após fazer suas análises, o gerente de linha de pro-
termos de peso e qualidade de acabamento. O concor- dutos precisa considerar as decisões sobre a extensão,
rente C vende três itens nos quais quanto maior o peso, modernização, caracterização e expurgo da linha de pro-
maior a qualidade. O concorrente D vende três itens, dutos.
todos leves, mas variando em qualidade de acabamen-
to. Finalmente, a empresa X oferece três itens que vari-
am em peso e qualidade de acabamento. Extensão da linha de produtos
Este mapa de produtos é útil para o desenvolvi-
mento da estratégia de marketing da linha de produtos. Um problema enfrentado pelos gerentes de linha
Ele mostra quais os itens dos concorrentes que estão de produtos é encontrar a extensão ótima de sua linha.
concorrendo com os da empresa X. Por exemplo, o pa- Uma linha de produtos será bastante restrita se o geren-
pelão de peso baixo/qualidade média da empresa X con- te puder aumentar o lucro ao acrescentar novos itens; a
6. Esta ilustração é encontrada em SHAPIRO, Benson E Industrial productpolicy: managing the existing produt line. Cambridge, MA : Marketing
Science Institute, 1977. p. 3,5, 98-101.
7. WARNER, Fará. Upsacale chocolate's not hot, so Godiva does a makeover. Bandweek, p. 21, 4 July 1994.
Marriot
Muito Marquis
alto (altos executivos)
Marriott
Alto (executivos
intermediários)
Preço
Courtyard
Médio (vendedores)
Fairfield Inn
Baixo (pessoas em
férias)
Figura 15.5 Ampliação de linha de produtos nas duas direções: Hotéis Marriott.
de itens a sua faixa atual de abrangência. Há vários a tarefa de desenhá-lo é transferida aos engenheiros da
motivos para a complementação de linha: aumento do empresa. O preço planejado determinará como o item
lucro, tentativa de satisfazer a revendedores que recla- deve ser desenhado, em vez de o desenho ditar o preço
mam da perda de vendas pela falta de itens na linha, que será cobrado.
tentativa de utilizar o excesso de capacidade de produ-
ção, tentativa de atingir a liderança como empresa de
linha completa e de preencher lacunas para manter os Modernização da linha de produtos
concorrentes afastados.
A complementação de linha é malsucedida se re- Mesmo quando a extensão da linha de produtos
sultar em canibalização e em confusão para os consumi- for adequada, pode ser necessário modernizá-la. Por
dores. A empresa precisa diferenciar cada item na men- exemplo, as máquinas-ferramentas de uma empresa po-
te do consumidor. Cada item deve possuir uma diferença dem ter o estilo dos anos 50, perdendo, assim, para as
perceptível. Conforme a lei de Weber, os consumidores linhas concorrentes que possuem estilo mais moderno.
estão mais preocupados com a diferença absoluta do que A questão é saber se a linha deve ser renovada por
com a diferença relativa.8 Assim, perceberão a diferen- etapas ou por completo. A renovação por etapas permi-
ça entre duas mesas, uma medindo dois metros e outra te à empresa verificar como os consumidores e
três, mas não entre uma de 2,90 metros e outra de 3 revendedores aceitarão o novo estilo. Esta opção drena
metros. A empresa deve assegurar-se de que os novos menos o fluxo de caixa da empresa. Ela apresenta uma
itens de produto oferecem diferença perceptível. grande desvantagem porque permite que os concorren-
A empresa deve também certificar-se de que o item tes percebam as mudanças e comecem a redesenhar suas
proposto satisfaz a uma necessidade de mercado, e de próprias linhas.
que não está sendo acrescentado apenas para satisfazer Em mercados de produtos que mudam rapidamen-
a uma necessidade interna. O famoso automóvel Edsel, te, a modernização ocorre continuadamente. As empre-
com o qual a Ford perdeu $ 350 milhões, atendeu às sas programam melhorias de produtos para estimular a
necessidades de posicionamento interno, mas não as migração de consumidores para itens mais valorizados e
necessidades do mercado. A Ford percebeu que os con- de preço superior. Empresas fabricantes de micropro-
sumidores se moveriam em direção aos carros da Gene- cessadores, como Intel e Motorola, e empresas de
ral Motors, como Oldsmobile ou Buick, em vez de esco- software, como Microsoft e Lotus, lançam continua-
lherem seus modelos Mercury ou Lincoln. O Edsel foi damente versões mais avançadas de seus produtos. Uma
criado, mas falhou no atendimento de uma necessidade questão de alta relevância é o timing da introdução de
de mercado porque muitos carros similares estavam dis- melhorias, de modo que elas não cheguem muito cedo
poníveis no mercado e muitos compradores estavam di- (prejudicando as vendas da linha de produtos atual) ou
rigindo-se para carros menores. muito tarde (após a concorrência ter estabelecido forte
Uma vez que o gerente da linha de produtos deci- reputação por um equipamento mais avançado).
de acrescentar outro item à linha de determinado preço,
8. Veja BRITT, Steuart Henderson. How Weber's law can be applied to marketing. Business Horizons, p. 21-29, Feb. 1975.
Tipicamente, o gerente de linha de produtos sele- Ao desenvolver uma estratégia de marketing para
ciona um ou alguns itens da linha para introduzir novas produtos individuais, o vendedor tem que enfrentar a
características. Os gerentes podem caracterizar mode- decisão de marca. Marca é assunto importante da estra-
los promocionais de preço baixo para servir como "gera- tégia de produto. Por um lado, o desenvolvimento de
dores de tráfego" nas lojas. Assim, a Sears anunciará uma marca para um produto exige grande investimento a lon-
máquina de lavar roupa de preço baixo para atrair con- go prazo, principalmente em propaganda, promoção e
sumidoras. A Rolls Royce anunciou um modelo econô- embalagem. Seria mais fácil para os fabricantes transfe-
mico de carro vendido por apenas $ 178.000 - em con- rirem a outros a tarefa de determinação de marca. Este
traste com o modelo de preço elevado vendido por é o caminho adotado por fabricantes taiwaneses que
$ 310.000 - para atrair novos compradores. produzem grande quantidade de roupas, produtos ele-
Em outras ocasiões, os gerentes acrescentarão no- trônicos de consumo e computadores sem marcas pró-
vas características a um item posicionado na faixa supe- prias.
rior do mercado para atrair prestígio para a linha de Por outro lado, os fabricantes, eventualmente, de-
produtos. A Stetson promove a venda de um chapéu tectam que o poder está nas mãos de empresas que pos-
masculino por $ 150, que poucos comprarão, mas que suem marcas fortes. Elas podem ser substituídas por fon-
funciona como uma "bandeira" ou "jóia rara" para enri- tes de suprimento mais baratas na Malásia ou em outros
quecer a imagem da linha. países. As empresas japonesas e coreanas não cometem
Às vezes, uma empresa constata que uma das esfe- esse erro. Gastam deliberadamente para construir mar-
ras de sua linha está vendendo bem, enquanto a outra cas como Sony, Toyota, Goldstar e Samsung. Mesmo
vai de mal a pior. Essa empresa pode tentar aumentar a quando essas empresas não podem fabricar os produtos
demanda desses itens mais fracos, principalmente se fo- em seus países, as marcas continuam comandando a le-
rem produzidos em uma fábrica que está ociosa por fal- aldade dos consumidores.
ta de demanda. Esta situação foi enfrentada pela
Honeywell quando seus computadores médios, bem
como os grandes, não estavam vendendo. Mas isto não Que é uma marca?
é tão simples como parece. Pode-se argumentar que a
empresa deve promover os itens que vendem bem, em Talvez, a habilidade mais diferenciadora dos pro-
vez de tentar levantar as vendas dos que vendem mal. fissionais de marketing é sua habilidade para criar, man-
ter, proteger e enriquecer marcas. A American Marketing
Association define uma marca da seguinte forma:
Expurgo da linha de produtos
MARCA é um nome, termo, sinal, símbolo ou combi-
Periodicamente, os gerentes de linhas de produtos nação dos mesmos, que tem o propósito de identifi-
devem rever itens para expurgo. Há duas ocasiões para car bens ou serviços de um vendedor ou grupo de
a realização desse procedimento. Uma ocorre quando a
vendedores e de diferenciá-los de concorrentes.
linha de produtos inclui algum item decadente que este-
ja prejudicando o lucro. Os itens fracos podem ser iden-
tificados por meio da análise de vendas e de custos. A Em essência, uma marca identifica o vendedor ou
RCA reduziu sua linha de televisores em cores de 69 fabricante. A marca registrada é protegida por lei que
para 44 modelos e uma empresa de produtos químicos garante direitos exclusivos de o proprietário perpetuar
reduziu seus produtos de 217 para 93, ficando aqueles seu uso. Isto é diferente de outros ativos como patentes
com maior volume de vendas, maior contribuição para e copyrights que têm datas de vencimento.
o lucro e maior potencial de crescimento a longo prazo. Essencialmente, uma marca representa a promes-
A outra ocasião para o expurgo de produtos ocorre sa de o vendedor entregar um conjunto específico de
quando a empresa não possui capacidade de produção características, benefícios e serviços aos compradores.
suficiente. O gerente deve concentrar a produção de itens As melhores marcas trazem uma garantia de qualidade.
com margens elevadas. Tipicamente, as empresas redu- Porém, uma marca é um símbolo ainda mais complexo.9
zem suas linhas em períodos de forte demanda e as am- Ela pode conduzir seis níveis de significados:
pliam em fases de fraca demanda.
9. O esquema seguinte beneficiou-se de uma apresentação realizada por Larry Light, ex-presidente da divisão internacional da Ted Bates
Advertising, na Kellogg School, Northwestern University, em que falou sobre quatro dimensões: atributos, benefícios, valores e personalida-
de. Da mesma forma, foi utilizado o esquema de Jean-Noel Kapferer chamado prisma da identidade, no qual esboçou seis dimensões de uma
marca, embora nem todas essas dimensões fossem descritas aqui. Veja KAPFERER, Jean-Noel. Stmtegic brand management: new approaches
to creating and evaluating brand equity. Londres : Kogan Page, 1993. p. 38 ss.
Em inglês, brand equity. Para melhor entendimento deste conceito, veja BIEL, Alexander L. Como a imagem da marca direciona a brand
equity. Mercado Global, 2º trimestre de 1993, p. 72. (N.T.)
10. AAKER, David A. Managing brand equity. New York : Free Press, 1991. Veja também KELLER, Kevin Lane. Conceptualizing, measuring, and
managing customer-based brand equity. Journal of Marketing, p. 1-23, Jan. 1993.
11. AAKER. Op. cit. p. 21-30. Veja também BARWISE, Patrick et al. Accounting for brands. Londres : Institute of Chartered Accountants in
England and Wales, 1990; e FARQUHAR, Peter H., HAN, Julia Y, IJIRI, Yuji. Brands on the balance sheet. Marketing Management, p. 16-22,
Winter 1992. O valor patrimonial de uma marca não deve apenas refletir o valor capitalizado do lucro incrementai obtido a partir de seu uso,
mas também o valor de suas extensões potenciais a outros produtos.
12. OURUSOFF, Alexandra. Brands: what's hot. What's not. Financial World, p. 40-54, 2 Aug. 1994.
vam ainda mensurando o valor patrimonial de suas mar- Hoje, a marca é uma força tão poderosa que é difí-
cas. Enquanto 72% das mesmas estavam confiantes no cil algo não a possuir. O sal é vendido em embalagens
valor patrimonial de suas marcas para projetar que, du- que identificam o fabricante, laranjas são seladas com o
rante dois anos, não necessitariam de qualquer apoio nome do agricultor e componentes automobilísticos,
financeiro, cerca de dois terços responderam que não como velas, pneus, filtros, apresentam o rótulo dos fa-
possuíam qualquer estratégia formal de marca a longo bricantes, diferentes da marca da montadora. Alimentos
prazo.13 frescos, como frangos, perus e salmões, estão sendo ven-
didos cada vez mais com marcas intensamente anuncia-
das.
Em alguns casos, tem havido um retorno para a
Desafios de marca eliminação de marca de certos bens de consumo de pri-
A marca apresenta vários desafios ao profissional meira necessidade e produtos farmacêuticos. O Carrefour,
de marketing. As decisões-chaves são mostradas na Fi- primeiro hipermercado francês (veja o Capítulo 19) lan-
çou uma linha de produtos sem marca em suas lojas no
gura 15.6 e discutidas nas seções seguintes.
início dos anos 70. Em 1977, a Jewel Food Stores, de
Chicago, lançou uma linha de produtos genéricos com
DECISÃO DE MARCA: TER OU NÃO TER MARCA? A primei- 40 itens. Os produtos genéricos não possuem marca, usam
ra decisão enfrentada pela empresa é se ela deve desen- embalagens simples e são versões mais baratas de pro-
volver uma marca para seu produto. No passado, a dutos comuns como macarrão, toalhas de papel e pêsse-
maioria dos produtos não possuía marca. Fabricantes e gos enlatados. Oferecem qualidade padrão ou inferior e
intermediários vendiam seus bens a granel em barris, preço que pode ser 20 a 40% inferior às marcas anun-
caixotes de madeira e caixas, sem qualquer identifica- ciadas nacionalmente, e de 10 a 20% inferior às marcas
ção do fornecedor. Os compradores dependiam da inte- privadas de varejistas ou distribuidores. O preço menor
gridade do vendedor. Os primeiros registros históricos é possível pela qualidade inferior dos ingredientes, cus-
do uso de marca datam da Idade Média, quando artesãos tos de embalagem e rotulagem menores e propaganda
criavam marcas para identificar seus produtos e prote- mínima. Todavia, os genéricos satisfazem suficientemen-
ger a si próprios e a seus consumidores contra produtos te, de modo que 70% dos consumidores afirmam que os
de qualidade inferior. Também, nas belas artes, a marca comprariam novamente. Os produtos genéricos das in-
começou com os artistas assinando seus trabalhos. dústrias de alimentos, bens para o lar e produtos farma-
13. DAVIS, Scott, DOUGLASS, Darrell. Holistic approach to brand equity management. Marketing News, p. 4-5, 16 Jan. 1995.
14. Para leitura complementar, veja HARRIS, Brian E, STRANG, Roger A. Marketing strategies in the age of generics. Journal of Marketing, p. 70-
81, Fali 1985.
cidade ociosa que podem produzi-las a baixo custo. Ou- No confronto entre marcas de fabricantes e mar-
tros custos, como propaganda e distribuição física, po- cas privadas, os varejistas têm muitas vantagens e cres-
dem também ser baixos. Isto significa que o vendedor cente poder de mercado. Em função de o espaço de pra-
de marca privada pode cobrar um preço menor e teleira ser escasso, muitos supermercados estão cobran-
freqüentemente, obter maior margem de lucro. Segun- do uma taxa (slotting fee) como condição de aceitação
do, os varejistas desenvolvem marcas, de loja fortes e de uma nova marca, para cobrir o custo de inclusão do
exclusivas para se diferenciarem dos concorrentes. Mui- item em sua lista de estocagem. Assim, a Safeway, gi-
tos consumidores não fazem distinção entre marcas na- gante rede de supermercados, exigiu de um pequeno
cionais e marcas de lojas. fabricante de pizzas o pagamento de $ 25.000 para esto-
15. Citado em TRADE Promotion: much ado about nothing. Promo, p. 37, Oct. 1991.
16. Para uma discussão mais detalhada das percepções dos consumidores sobre a qualidade das marcas de loja, veja RICHARDSON, Paul S.,
DICK, Alan S., JAIN, Arun K. Extrinsic and intrinsic cue effects on perceptions of store brand quality. Journal of Marketing, p. 28-36, Oct.
1994.
17. Veja MORGENSON, Gretchen. The trend is not their friend. Forbes, 16 Sept. 1991; e WHATS in a name? Less and less. Business Week, 8 July
1991.
18. Veja ROBERTSON, Kim. Strategically desirable brand name characteristics. Journal of Consumer Behavior, p. 61-70, Fali 1989.
19. TRIPLETT, Tim. Generic fear to Xerox is brand equity to FedEx. Marketing News, p. 12-13, 15 Aug. 1994; XEROX changes identity. Marketing
News, p. l,29Aug. 1994.
20. McMATH, Robert. Product proliferation. Adweek (Eastern Ed.) Superbrands 1995 Suplemment, p. 34-40, 1995.
21. Veja SHUGAN, Steven M. Branded variants. 1989 AMA Educators Proceedings. Chicago : American Marketing Association, 1989. p. 34-40.
A estratégia de extensão de linha envolve riscos e Ries e Trout denominam isto de "armadilha da extensão
tem provocado debates calorosos entre os profissionais de linha".23 Antigamente, quando uma pessoa pedia uma
de marketing.22 Em sentido negativo, as extensões po- Coca, ela recebia uma garrafa de 300 mililitros. Hoje, o
dem levar à perda do significado específico da marca; vendedor pergunta: nova, clássica ou sabor de cereja?
22. McMATH, Op. cit. p. 34-40; QUELCH, John A., KENNY, David. Extend profits, not product lines. Harvard Business Review, p. 153-160, Sept./
Oct. 1994; e HARDLE, Bruce G. S., LODISH, Leonard M., KILMER, James V, BEATTY, David R. et. al. The logic of product-line extensions.
Harvard Business Review, p. 53-62, Nov./Dec. 1994.
23. RIES, Al, TROUT, Jack. Positioning: the battle for your mind. New York : McGraw-Hill, 1981.
• As extensões de linha de marcas fortes são mais bem-sucedidas do que as extensões de marcas
fracas.
• As extensões de linha de marcas simbólicas desfrutam de maior sucesso de mercado do que as
de marcas menos simbólicas.
• As extensões de linha que recebem maior apoio de propaganda e promoção são mais bem-
sucedidas do que as que recebem menor apoio.
• As extensões de linha que entram mais cedo em uma subcategoria de produtos são mais bem-
sucedidas do que as que entram mais tarde; mas apenas se forem extensões de marcas fortes.
• 0 tamanho da empresa e as competências de marketing exercem parte importante no sucesso
da extensão de linha.
• As extensões de linha que entraram mais cedo ajudaram a expansão de mercado da marca
principal.
• As vendas extras geradas pelas extensões de linha podem superar a perda de vendas devido à
canibalização.
Fonte: Extraído de REDDY, Srinivas K., HOLAK, Susan L., BHAT, Subodh. To extend ou not to extend: success determinants
of line extensions. Journal of Marketing Research, p. 243-262, May 1994.
tar os compradores e destruir seu respeito em relação para os hóspedes do Hyatt saberem as diferenças entre
aos demais produtos da empresa. A marca pode não ser seus vários tipos de hotéis, enquanto o Marriott identifi-
apropriada para o novo produto - consideremos com- ca mais claramente seus hotéis destinados a segmentos
prar ketchup Standard Oil, leite Volkswagen ou colônia diferentes ao atribuir marcas e imagens distintas a cada
Boeing. A marca pode perder seu posicionamento espe- um deles.
cial na mente do consumidor se for praticada extensão
excessiva. A diluição de marca ocorre quando os consu-
midores já não associam uma marca com um produto A transferência de uma marca existente para uma
específico ou com produtos altamente similares. Os con- nova categoria de produtos exige muita cautela. Por
sumidores beneficiam-se da diluição da marca. Consi- exemplo, o popular creme de barbear da S. C. Johnson é
deremos o contraste entre as marcas dos hotéis Hyatt e chamado Edge. Esta marca foi bem-sucedida ao ser es-
Marriott: tendida para uma loção pós barba. Provavelmente, a
marca Edge poderia também ser usada para lançar lâ-
minas de barbear. Entretanto, o risco aumentaria se a
HYATT E MARRIOTT O Hyatt pratica uma estraté- empresa usasse a marca para lançar um novo xampu ou
gia de extensão de marca. Sua marca aparece em todos creme dental. Assim, a Edge perderia seu significado
os tipos de hotéis, como Hyatt Resorts, Hyatt Regency, como marca para produtos de barbear.
Hyatt Suites e Park Hyatt. Em contraste, o Marriott pra- As empresas que são tentadas a transferir seu nome
tica a estratégia de multimarcas. Seus vários tipos de de marca devem pesquisar sobre como as associações
hotéis são chamados Marriott Marquis, Marriott, Marriott da marca se adaptam ao novo produto. O melhor resul-
Residence Inn, Courtyard e Fairfields Inns. É mais difícil tado seria aquele em que a marca desenvolve tanto as
24. LOKEN, Barbara, JOHN, Deborah Roedder. Diluting brand beliefs: when do brand extensions have a negative impact? Journal of Marketing,
p. 71-84, July 1993; BRONIARCYZK, Susan M., ALBA, Joseph W. The importance of the brand in brand extension. Journal of Marketing
Research, p. 214-228, May 1994 (esta edição do JMR é dedicada a marcas e patrimônio de marcas).
25. TAYLOR, Mark B. Cannibalism in multibrand firms. Journal of Business Strategy, p. 69-75, Spring 1986.
RESUMO
1. O produto é o primeiro e mais importante elemento produtos podem ser classificados como bens de con-
do composto de marketing. A estratégia de produto veniência (itens corriqueiros, bens de impulso, bens
implica a tomada de decisões coordenadas sobre de emergência); bens de compra comparada (ho-
compostos de produtos, linhas de produtos, marcas, mogêneos e heterogêneos); bens de especialidade
embalagem e rotulagem. ou bens não procurados. Na categoria de bens in-
2. Ao planejar sua oferta de produto ou mercado, a dustriais, os produtos são classificados em três cate-
empresa precisa analisar cinco níveis de produto. O gorias: materiais e componentes (matérias-primas -
nível mais fundamental é o benefício-núcleo, bene- por exemplo, produtos agropecuários e produtos
fício ou serviço fundamental que o consumidor está naturais - e materiais manufaturados e componen-
realmente comprando. No segundo nível, a empre- tes - por exemplo, materiais componentes e peças
sa precisa transformar o benefício-núcleo em um componentes), bens de capital (instalações e equi-
produto básico. No terceiro nível, ela prepara um pamentos) ou suprimentos e serviços administrati-
produto esperado, ou seja, um conjunto de atribu- vos (suprimentos operacionais, itens de manuten-
tos que os compradores, normalmente, esperam ao ção e conserto, serviços de manutenção e conserto,
comprar um produto. No quarto nível, prepara um serviços de consultoria).
produto aumentado, que inclui serviços e benefícios 4. A maioria das empresas vende mais de um produto.
adicionais que distinguem sua oferta da dos concor- Seu composto de produtos pode ser classificado con-
rentes. No quinto nível, a empresa prepara um pro- forme amplitude, extensão, profundidade e consis-
duto potencial, que envolve todos os acréscimos e tência. Essas quatro dimensões são as ferramentas
transformações que podem ser inseridos na oferta utilizadas para o desenvolvimento da estratégia de
final. marketing da empresa e para a decisão sobre que
3. Os produtos podem ser classificados de várias ma- linhas de produtos devem crescer, ser mantidas, ex-
neiras. Em termos de durabilidade e tangibilidade; ploradas ao máximo ou eliminadas. Para analisar
os produtos podem ser bens duráveis, não duráveis uma linha de produtos e decidir sobre o volume de
ou serviços. Na categoria de bens de consumo, os recursos que devem ser investidos na mesma, o ge-
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Suponhamos que a Wal-Mart peça à 3M que desen- a que necessidades básicas cada uma dessas empre-
volva uma fita de celofane em rolo para ser vendido sas procura satisfazer?
em suas lojas com a marca Wal-Mart. Ela deseja que a. General Motors
o produto tenha a mesma qualidade das fitas Scotch b. Bayer (fabricante de aspirina)
fabricadas pela 3M. A fabricante está disposta a fa- c. Fundo Mútuo Twentieth Century
bricar uma fita de boa qualidade, mas não uma fita d. Sears
excelente que venha a concorrer com sua marca e. U.S. News & World Report (revista)
Scotch. Avalie o dilema enfrentado pela 3M. Quais 5. A maioria das empresas prefere desenvolver uma
as vantagens e desvantagens de este fabricante pro- linha diversificada de produtos para evitar a
duzir a fita de celofane solicitada pela Wal-Mart? superdependência de um único produto. Todavia,
2. Atualmente, os consumidores estão muito interes- há certas vantagens para uma empresa que fabrica
sados em obter o maior valor por seu dinheiro. Como e vende um único produto. Quais algumas dessas
resultado, muitas empresas estão procurando encon- vantagens?
trar meios de evitar que seus consumidores abando- 6. Shirley Cheswick, gerente de produto experiente e
nem suas marcas em favor de marcas menos Bob Adams, novo gerente de produto, ambos da
dispendiosas e de produtos sem marca. Como uma Sunbeam, estavam engajados em uma acalorada dis-
solução para este problema, algumas empresas es- cussão. Bob Adams defendia que um produto deve-
tão partindo para a combinação de marcas - forman- ria ser eliminado logo que se tornasse problema e
do alianças com outras empresas para fabricar pro- que um novo produto deveria ser lançado para subs-
dutos que representem maior valor para o consumi- tituir o descartado. Shirley Cheswick insistia que os
dor. Entretanto, uma estratégia de combinação de produtos podiam ser rejuvenescidos e, não necessa-
marcas mal planejada pode confundir os consumi- riamente, teriam que ser substituídos. Apresente
dores e desvalorizar a marca de uma empresa. Que argumentos que ajudem Shirley a ganhar este de-
salvaguardas devem ser adotadas para evitar este bate.
tipo de erro? 7. A American Marketing Association criou o Prêmio
3. Utilizando os níveis de conceito de produto (Figura Edison, em 1986, para reconhecer a inovação em
15.2), compare os seguintes veículos: um Porsche, produtos de consumo. Os vencedores (que são os
uma picape Ford e um Tercei Toyota. próprios produtos) são escolhidos tomando-se por
4. Dê uma definição do negócio básico de cada uma base os seguintes critérios:
das grandes empresas a seguir. Em outras palavras,
Não existe o que se chama indústria de serviços. Há apenas setores industriais cujos
componentes de serviços são maiores ou menores em relação a outros setores. Todos estão
na área de serviços.
THEODORE LEVITT
Estou cansado de visitar fábricas para ouvir nada mais do que assuntos sobre quali-
dade e ciclos de produção... e, depois, vou visitar os clientes para ficar a par de seus proble-
mas.
JOHN AKERS, EX-PRESIDENTE DA IBM
Nosso setor de serviços ao cliente não é um departamento isolado ... é uma ferramen-
ta estratégica para administrar o relacionamento completo com o cliente.
UM GERENTE DA AT&T
Inicialmente, a teoria e a prática de marketing de- advocacia, empresas de consultoria administrativa, ser-
senvolveram-se em conexão com produtos físicos como viços médicos, empresas cinematográficas, empresas de
creme dental, carros e aço. Todavia, uma das maiores manutenção hidráulica e escritórios imobiliários, está no
megatendências (veja o Capítulo 6) tem sido o cresci- setor de serviços. Muitos trabalhadores do setor de pro-
mento fenomenal dos serviços. Nos Estados Unidos, os dução são, realmente, fornecedores de serviços, como
serviços representam 79% do total dos empregos e 74% operadores de computadores, contadores e assessores
do produto nacional bruto. Conforme o Bureau of Labor jurídicos. De fato, eles constituem uma "fábrica de servi-
Statistics, as ocupações de serviços serão responsáveis ços" que presta serviços à "fábrica de produtos".
por todo o crescimento do emprego no ano 2005.1 Estes Não há apenas setores de serviços tradicionais, mas
números têm levado a um crescente interesse pelos pro- novos tipos de atividades que estão em franco cresci-
blemas especiais de marketing de serviços.2 mento para atender às necessidades mutantes de uma
Os setores de serviços são bastante variados. 0 se- população:
tor governamental, com seus tribunais, serviços de em-
prego, hospitais, agências de empréstimos, serviços mi- Com mais e mais empresas dispensando seus
litares, polícia e bombeiros, correios, órgãos regula- auxiliares de apoio, o uso de "núcleos de serviços"
mentadores e escolas, está no setor de serviços. 0 setor está em ascensão. Essas pessoas são contratadas
privado que não visa o lucro, com seus museus, institui- para exercer atividades específicas e temporárias
ções de caridade, igrejas, faculdades, fundações e hospi- como consertar uma pasta, comprar um presente
tais, está no setor de serviços. Boa parte do setor comer- difícil de ser encontrado ou encontrar uma vaga
cial, com suas linhas aéreas, bancos, empresas de servi- de hotel em cidade com problema de superlotação.
ços de informática, hotéis, seguradoras, escritórios de Para as pessoas que desejam dar banho no cachor-
NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS este tópico, veja a seção Insight de Marketing
intitulada "Obtendo lucro com a venda de serviços".)
Definimos serviço da seguinte forma: 3. Híbrido. A oferta consiste em partes iguais de bens e
serviços. Por exemplo, as pessoas escolhem restau-
SERVIÇO é qualquer ato ou desempenho que uma rantes tanto pelos alimentos quanto pelos serviços.
4. Serviço principal acompanhado de bens e serviços se-
parte possa oferecer a outra e que seja essencialmente
cundários. A oferta consiste em um serviço principal
intangível e não resulte na propriedade de nada. Sua
junto com alguns serviços adicionais e/ou bens de
produção pode ou não estar vinculada a um produto apoio. Por exemplo, os passageiros de linhas aéreas
físico. estão comprando serviço de transporte. Chegam a
seus destinos sem nada de tangível para comprovar
Freqüentemente, uma oferta de uma empresa ao seus gastos. Entretanto, a viagem inclui alguns bens
mercado inclui alguns serviços. O componente serviço tangíveis como alimentos e bebidas, o canhoto da
pode ser ou não parte importante dessa oferta. Cinco passagem e uma revista de bordo. O serviço exige o
categorias de ofertas podem ser distinguidas: emprego de capital intensivo - um avião - para sua
realização, mas o principal item é um serviço.
1. Bem tangível. A oferta consiste em um bem tangível 5. Serviço. A oferta consiste, principalmente, em um
como sabão, creme dental ou sal. Nenhum serviço serviço. Exemplos incluem o trabalho de babysitters,
acompanha o produto. psicoterapia e massagens.
2. Bem tangível acompanhado de serviços. A oferta con-
siste em um bem tangível acompanhado por um ou Como conseqüência destes vários compostos de
mais serviços para enriquecer seu apelo de consu- bens e serviços, é difícil generalizar sobre serviços, a
mo. Por exemplo, um fabricante de automóveis deve menos que outras distinções sejam feitas. Entretanto,
vender mais do que um automóvel. Levitt observa algumas generalizações parecem seguras:
que "quanto mais sofisticado tecnologicamente for Primeiro, os serviços variam à medida que são ba-
o produto genérico (por exemplo, carros e compu- seados em máquinas e equipamentos (lavagens automáti-
tadores), mais suas vendas dependem da qualidade cas de carros, máquinas de venda) ou baseados em pes-
e disponibilidade de serviços ao consumidor (por soas (lavagem de janelas, serviços de contabilidade e
exemplo, showrooms, entrega, consertos e manuten- auditoria). Os serviços baseados em pessoas também
ção, instruções de uso, treinamento e garantia). diferem se são prestados por trabalhadores inexperientes
Neste sentido, a General Motors é, provavelmente, ou por profissionais especializados.
mais intensiva em serviços do que em produção. Sem Segundo, alguns serviços exigem a presença do cli-
seus serviços, suas vendas diminuiriam."3 De fato, ente. Assim, a cirurgia cerebral envolve a presença do
muitos fabricantes estão agora descobrindo novas cliente, mas o conserto de um automóvel não. Se o cli-
oportunidades de vender seus serviços como um cen- ente deve estar presente, o fornecedor do serviço tem
tro de lucro separado. (Para mais informações sobre que levar em consideração suas necessidades. Assim, os
3. LEVITT, Theodore. Production-line approach to service. Harvard Business Review, p. 41-42, Sept./Oct. 1972.
4. Mais classificações de serviços são descritas em LOVELOCK, Christopher H. Services marketing. 3. ed. Upper Saddle River, NJ : Prentice-Hall,
1996. Veja também BATESON, John E. Managing services marketing: text and readings. 3. ed. Hinsdale, IL : Dryden Press, 1995.
5. Veja LEVITT, Theodore. Marketing intangible products and product intangibles. Harvard Business Review, p. 94-102, May/June 1981; e
BERRY. Op. cit.
para a terapia com cerca de 300 pessoas reunidas em pos de operações; outros são menos bem-sucedidos nes-
um salão de hotel. O fornecedor de serviços pode apren- sa área. Os compradores de serviços estão conscientes
der a trabalhar com maior rapidez - o psicoterapeuta dessa alta variabilidade e, freqüentemente, conversarão
pode gastar 30 minutos com cada paciente, em vez de com outras pessoas antes de selecionar um fornecedor.
50 minutos, podendo atender maior número deles. A As empresas de serviços podem tomar três provi-
organização de serviços pode treinar mais prestadores dências em direção ao controle de qualidade. A primei-
de serviços e desenvolver a confiança dos clientes, como ra é investir em seleção e treinamento de pessoal. Li-
a H&R Block tem feito com sua rede nacional de consul- nhas aéreas, bancos e hotéis gastam somas substanciais
tores de impostos bem treinados. para treinar seus funcionários na prestação de bons ser-
viços. Assim, uma pessoa deve encontrar o mesmo pes-
soal amável e prestativo em cada um dos hotéis Hyatt.
Variabilidade A segunda providência é padronizar o processo de
prestação do serviço por toda a organização. Isto é auxi-
Os serviços são altamente variáveis, uma vez que liado pela preparação de uma programação de serviço,
dependem de quem os executa e de onde são prestados. que descreve os eventos e processos envolvidos no ser-
Alguns médicos têm excelente dedicação aos pacientes viço em um fluxograma com o objetivo de reconhecer os
e são muito bons com crianças; outros são mais rudes e pontos fracos do serviço potencial. A Figura 16.1 mostra
impacientes com crianças. Alguns cirurgiões possuem um uma programação de serviço de uma organização na-
registro de sucesso no desempenho de determinados ti- cional de entrega de flores.6 O trabalho do consumidor
6. Veja SHOSTACK, G. Lynn. Service positioning through structural change. Journal of Marketing, p. 34-43, Jan. 1987.
7. Veja SASSER, W. Earl. Match supply and demand in service industries. Harvard Business Review, p. 133-140, Nov./Dec. 1976.
8. FISHER, Christy. Postal service looks to starap out woes. Advertising Age, p. 12, 12 Sept. 1994.
9. Veja BOOMS, B. H., BITNER, M. J. Marketing strategies and organizational structures for service firms. In: DONNELLY, J., GEORGE, W. R.
(Org.). Marketing of services. Chicago : American Marketing Association, 1981. p. 47-51.
Interações diretas
Interações
secundárias
Fonte: Ligeiramente modificado de EIGLIER, E, LANGEARD, E. A conceptual approach of the service offering. In: LARSEN, H. Hartvig, HEEDE,
S. (Orgs.). Proceedings of the EAARM X Anrtual Conference. Copenhagen : Copenhagen School of Economics and Business Administration,
1981.
Figura 16.2 Elementos de interação de um serviço.
prioritária" em dois dias. "Entrega noturna é exagero", prio e observável de lidar com os consumidores que re-
diz o slogan da campanha de entrega em dois dias do cebem e divulgam sua proposição de valor, seja ela lim-
correio, que anunciava cobrar $ 3,00 por quilo de enco- peza, rapidez ou algum outro benefício. Finalmente, as
menda, bem inferior às taxas cobradas pelos serviços empresas de serviços podem escolher entre vários pro-
particulares noturnos.8 cessos para prestar seus serviços. Assim, os restaurantes
Freqüentemente, as abordagens de marketing tra- apresentam formatos diferentes como estilo de cafeteria,
dicionais dos 4Ps funcionam bem para bens, mas outros alimentação rápida (fastfood), bufê e ambiente à luz de
elementos exigem atenção nas empresas de serviços. vela.
Booms e Bitner sugeriram a adição de 3 novos Ps ao As interações de serviços são afetadas por mais ele-
marketing de serviços: pessoas, presença evidente e pro- mentos do que as interações de produtos (Figura 16.2).
cesso.9 Em razão de a maioria dos serviços ser fornecida Consideremos a situação de um cliente visitando um
por pessoas, a seleção, o treinamento e a motivação dos banco para obter um empréstimo (serviço X). Ele vê
funcionários podem fazer grande diferença na satisfa- outros clientes esperando por este e outros serviços. Vê
ção do consumidor. Idealmente, os funcionários devem também um prédio, seu interior, equipamentos e mó-
mostrar competência, atenção, responsividade, iniciati- veis. Além disso, faz contato pessoal com um funcioná-
va, habilidade para solução de problemas e boa vonta- rio que cuida de empréstimos. Tudo isto é visível para o
de. Empresas de serviços como Federal Express e Marriott cliente. Não são visíveis o processo de produção e o sis-
confiam o suficiente em seus funcionários para dar po- tema organizacional que estão "por trás" do serviço visí-
der aos que atuam na linha de frente a gastar $ 100 para vel. Assim, o resultado do serviço é influenciado por um
resolver o problema de um consumidor. As empresas conjunto de elementos variáveis.10
também procuram mostrar a qualidade de seus serviços Em vista desta complexidade, Gronroos argumen-
através da presença evidente (evidência física) e apre- tou que o marketing de serviços exige não apenas
sentação. Assim, um hotel desenvolverá um estilo pró- marketing externo, mas também marketing interno e
10. Keaveny identificou mais de 800 comportamentos críticos de empresas de serviços que levam os consumidores a trocar de fornecedor. Esses
comportamentos classificam-se em oito categorias, envolvendo preço, inconveniência e falha no serviço-núcleo, a falha em encontrar o
serviço, má resposta de funcionários, serviço mal executado e problemas éticos. Veja KEAVENEY, Susan M. Customer switching behavior in
service industries: an exploratory study. Journal of Marketing, p. 71-82, Apr. 1995.
interativo (Figura 16.3).11 Marketing externo descreve o tech.14 Consideremos o caso de duas empresas que têm
trabalho normal realizado pela empresa para preparar, sido bem-sucedidas em entregar uma combinação de high
fixar preço, distribuir e promover o serviço aos consu- touch e high tech:
midores. Marketing interno descreve o trabalho feito pela
empresa para treinar e motivar seus funcionários no bom
CHARLES SCHWAB Charles Schwab, primeir
atendimento dos consumidores. Berry argumentou que
retora norte-americana a dar descontos, usa uma com-
a contribuição mais importante que o departamento de
binação inovadora de serviços high tech e high touch.
marketing pode realizar é ser "excepcionalmente ágil em
Duas opções high tech da Schwab que eliminam a de-
fazer com que toda a organização pratique marketing".12
pendência dos clientes a corretores e que economizam
Por exemplo, o Hospital Comunitário Radford (Illinois)
tempo e dinheiro são o telecorretagem (sistema auto-
destinou um fundo de $ 10.000 para pagar os pacientes
mático de compra e venda de ações por telefone) e o
que apresentarem alguma reclamação justificada, envol-
StreetSmart (software que permite as transações dos
vendo desde alimentação fria a longas esperas na sala
clientes através de microcomputador). Ao mesmo tem-
de emergência. O "gancho" é que qualquer dinheiro eco-
po, os clientes que preferem contatar pessoalmente os
nomizado desse fundo, no final do ano, é dividido entre
corretores podem dirigir-se a qualquer filial da Schwab
os funcionários do hospital. Este plano acrescentou tre-
para receberem atenção personalizada (high touch).
mendo incentivo para os funcionários tratarem bem os
Quatro centros regionais de atendimento também
pacientes. Se houver 100 funcionários e nenhum paci-
orientam os clientes por telefone.15
ente receber indenização do fundo, cada um deles rece-
berá $ 100 no final do ano. No seis primeiros meses, o
hospital pagou apenas $ 300 aos pacientes. ONNECTICUT MUTUAL Quando um cliente tele-
Marketing interativo descreve a habilidade dos fun- fona para esta seguradora, o atendente acessa seu perfil
cionários em atender o cliente. Este julga a qualidade do completo por computador em segundos. A empresa está
serviço não apenas por sua qualidade técnica (por exem- preparada para pagar apólices de morte em quatro dias
plo: A cirurgia foi bem-sucedida?), mas também por sua (versus os 20 dias normais das demais seguradoras) e a
qualidade funcional (por exemplo: O cirurgião mostrou responder a qualquer dúvida do segurado dentro de
interesse e inspirou confiança?).13 Os fornecedores de quatro horas (versus os cinco dias normais do setor). É
serviços devem oferecer tanto high touch quanto high igualmente surpreendente que a empresa realize essas
11. GRONROOS, Christian. A service quality model and its marketing implications. European Journal Of Marketing, 28, n. 4., p. 36-44, 1984. O
modelo de Gronroos é uma das contribuições mais significativas para a estratégia de marketing de serviços.
12. BERRY, Leonard. Big ideas in services marketing. Journal of Consumer Marketing, p. 47-51, Spring 1986.
13. GRONROOS. Op. cit. p. 38-39.
14. Veja KOTLER, Philip, BLOOM, Paul N. Marketing de serviços profissionais. São Paulo : Atlas, 1989.
15. GIMME shelter: dissatisfied investors find a safe haven at Schwab. Marketing Fórum, suplemento de Management Review, p. 1-2, Mar. 1995;
e THE SCHWAB revolution. Business Week, p. 8 ss, 19 Dec. 1994.
tarefas com 20% menos funcionários e produtividade viço e produtividade. Embora interajam em alguma ex-
35% superior. tensão, examinaremos cada um deles separadamente.
16. Veja ZEITHAML, Valarie A. How consumer evaluation processes differ between goods and services. In: DONNELLY, GEORGE. Op. cit. p. 186-
190.
17. OSTROM, Amy, IACOBUCCI, Dawn. Consumer trade-offs and the evaluation of services. Journal of Marketing, p. 17-28, Jan. 1995.
Fonte: PARASURAMAN, A., ZEITHAML, Valarie A., BERRY, Leonard L. A conceptual model of service quality and its implications for future
research. Journal of Marketing, p. 44, Fali 1985.
Figura 16.5 Modelo de qualidade de serviço.
18. Veja A NEW course for Club Med. Asian Business, p. 96-98, Jan. 1991. Para uma visão do trabalho do Club Med na busca da qualidade total,
veja SUN, sea, sand and service. International Journal of Health Care Quality Assurance, 7, n. 4, p. 18-19, 1994.
19. PARASURAMAN, A., ZEITHAML, Valarie A., BERRY, Leonard L. A conceptual model of service quality and its implications for future research.
Journal of Marketing, p. 41-50, Fall 1985. Veja também DEVLIN, Susan J., DONG, H. K. Service quality from the customers' perspective.
Marketing Research: a magazine of management and applications, p. 4-13, Winter 1994.
Fontes: Reimpresso de BERRY, Leonard L., PARASURAMAN, A. Marketing services: competing through quality. New
York: Free Press, 1991. Veja também BERRY, Leonard. On great service: a framework for action. New York : Free Press,
1995.
2. Lacuna entre a percepção da empresa e as especificações 3. Lacuna entre as especificações da qualidade do serviço
da qualidade do serviço. A administração pode per- e sua execução. Os funcionários podem estar mal trei-
ceber corretamente os desejos dos consumidores, nados ou sobrecarregados e impossibilitados ou in-
mas não adota um padrão de desempenho específi- dispostos para atender a um padrão mínimo de qua-
co. Os administradores hospitalares podem dizer que lidade. Podem estar enfrentando padrões confli-
as enfermeiras são ágeis no atendimento de pacien- tantes, como dedicar tempo a ouvir os consumido-
tes, embora não especifiquem isto quantitativamente. res e, ao mesmo tempo, atendê-los com rapidez.
20. BERRY, Leonard L., PARASURAMAN, A. Marketing services: competing through quality. New York : Free Press, 1991. p. 16.
21. Veja HESKETT, James L., SASSER, JR., W. Earl, HART, Christopher W. L. Service breakthroughs. New York : Free Press, 1990.
22. GREISING, David. Quality: how to make it pay. Business Week, p. 54-59, Aug. 1994.
23. MARTILLA, John A., JAMES, John C. Importance-performance analysis. Journal of Marketing, p. 77-79, Jan. 1977.
* Avaliações obtidas de uma escala de quatro pontos: extremamente importante (4), importante (3), pouco importante (2), sem importância
(1).
* Avaliações obtidas de uma escala de quatro pontos: excelente (4), bom (3), razoável (2), fraco (1). Foi também dada a opção "Sem base para
julgamento".
SISTEMA PARA ATENDIMENTO DAS RECLAMAÇÕES DOS meiro, as empresas devem facilitar o processo de apre-
CONSUMIDORES. Estudos sobre a insatisfação de consu- sentação de reclamações pelos consumidores insatisfei-
midores mostram que eles ficam insatisfeitos com suas tos. Não devem proceder como o hotel espanhol que avisa
compras cerca de 25% das vezes, mas apenas 5% deles aos hóspedes que aceita reclamações apenas das 9:00 às
reclamam. Os outros 95% acham que não vale a pena 11:00 da manhã. Ao contrário, devem fornecer formulá-
reclamar ou não sabem como ou a quem reclamar. rios apropriados e um número 0800 para ligações gra-
Dos 5% dos consumidores que reclamam, apenas tuitas. A Pizza Hut imprime um número de telefone 0800
50% relatam que houve uma solução satisfatória do pro- em todas as caixas de pizzas. Quando recebe uma recla-
blema. Todavia, a necessidade de resolver o problema mação, a Pizza Hut envia um voice mail (mensagem gra-
de um consumidor de maneira satisfatória é crítica. Con- vada) ao gerente da loja que deve ligar para o consumi-
siderando que, em média, um consumidor satisfeito fala dor dentro de 48 horas e resolver a reclamação.
a três pessoas sobre a aquisição de um bom produto, um Segundo, os funcionários da empresa que recebem
consumidor insatisfeito fala a 11 pessoas. Se cada um as reclamações devem ser treinados e autorizados a re-
desses fala a outras pessoas, o número dos expostos à solver os problemas dos consumidores de maneira rápi-
divulgação desfavorável boca a boca pode crescer da e satisfatória. Terceiro, a empresa deve ir além do
exponencialmente. atendimento das reclamações e descobrir e corrigir as
Entretanto, os consumidores cujas reclamações fo- causas originais dos problemas freqüentes. Ao estudar o
ram satisfatoriamente solucionadas, normalmente, ficam padrão de reclamações, a empresa pode corrigir as fa-
mais leais à empresa do que aqueles que nunca reclama- lhas do sistema que dão origem as mesmas. Timothy
ram. Cerca de 34% dos consumidores que registram gran- Firnstahl, que dirige uma cadeia de restaurantes em
des reclamações comprarão novamente da empresa se Seattle chamada Satisfaction Guaranteed Eaterines, Inc.,
forem atendidos, chegando a 52% para os casos de pe- põe por escrito o seguinte: "Quando os clientes preci-
quenas reclamações. Se uma reclamação for atendida sam esperar entre 10 a 20 minutos além do horário re-
rapidamente, entre 52% (grandes reclamações) e 95% servado, oferecemos drinques gratuitos. Se esperarem
(pequenas reclamações) dos consumidores comprarão mais de 20 minutos, não cobramos pela refeição. Se a
novamente da empresa.24 comida demorar mais de cinco minutos após o cliente
Por todas essas razões, as empresas precisam de- estar em sua mesa, oferecemos sopa de frutos do mar
senvolver um programa de recuperação de serviços. Pri- com legumes grátis".25
24. Veja GOODMAN, John. Technical Assistance Research Program (TARP). U.S. Office o/ Consumer Affairs Study on Complaint Handling in
America, 1986; ALBRECHT, ZEMKE, Op. cit; BERRY, PARASURAMAN. Op. cit.; RUST, Roland T, SUBRAMANIAN, Bala, WELLS, Mark.
Making complaints a management tool. Marketing Management, 1, n. 3, p. 41-45, 1992.
25. FIRNSTAHL, Timothy W. My employees are my service guarantee. Harvard Business Review, p. 29-34, July/Aug. 2989.
26. Veja ROSENBLUTH, Hal E, PETERS, Diane McFerrin. The customer comes second. New York: William Morrow, 1992.
27. MAGNET, Myron. The productivity payoff arives. Fortune, p. 79-84, 27 June 1994.
28. LEVITT, Theodore. Production-line approach to service. Harvard Business Review, p. 41-52, Sept./Oct. 1972; veja também, do mesmo autor,
Industrialization of service. Harvard Business Review, p. 63-74, Sept./Oct. 1976.
29. Veja DAVIDOW, Williara H., UTTAL, Bro. Total customer service: the ultimate weapon. New York : Harper & Row, 1989.
30. LANDAU, Nilly. Are you being served? International Business, p. 38-40, Mar. 1995.
Fonte: THOMPSON, Phillip, DESOURZA, Glenn, GALE, Bradley T. The strategic management of service and quality. Quality Progress, p. 24,
June 1985. Reimpresso com a permissão da Amercian Society for Quality Control.
que os negócios com grau elevado de serviço conseguem A importância da confiabilidade, dependência de
preços maiores, crescem mais rápido e obtêm mais lucro serviços e manutenção variará conforme os produtos e
em função da força da qualidade superior do serviço os usuários. Um escritório que possui apenas um com-
prestado. putador necessitará de maior confiabilidade no produto
A empresa deve definir cuidadosamente as neces- e de serviços de conserto mais rápidos do que outro es-
sidades dos consumidores ao desenvolver o produto e critório em que há outros computadores disponíveis se
seu sistema de apoio. Os consumidores estão mais preo- algum deles quebrar. Uma linha aérea precisa de 100%
cupados e com a interrupção do serviço que esperam de confiabilidade em sua aeronave no ar. Quando a
receber com a aquisição do produto. Eles demonstram confiabilidade for importante, os fabricantes ou forne-
três preocupações:31 cedores de serviços podem oferecer a garantia como ins-
trumento para promover vendas. Para mais detalhes so-
• Primeiro, estão preocupados com a freqüência de ava- bre este tópico, veja a seção Insight de Marketing
ria, isto é, qual a freqüência de quebra do produto intitulada "Oferecendo garantia para promover vendas".
em dado período. Um agricultor pode aceitar uma Para fornecer o melhor apoio, o fabricante deve
máquina que quebre uma vez por ano, mas não duas identificar os serviços que os consumidores valorizam
ou três vezes. mais e sua importância relativa. No caso de equipamen-
• Segundo, estão preocupados com a demora do con- tos caros, como equipamentos médicos de imagem, os
serto. Quanto maior o tempo de espera, maior o cus- fabricantes oferecem serviços de instalação, como insta-
to do usuário, principalmente se uma equipe de ope- lação do equipamento, treinamento de operadores, ser-
rários ficar parada. Por exemplo, um gerente de obra viços de manutenção e conserto e financiamento. Po-
pode tolerar algumas horas de espera para conserto dem também acrescentar serviços que agregam valor. A
de uma escavadeira, mas sua impaciência cresce à Herman Miller, grande fabricante de móveis de escritó-
medida que as horas passam. O cliente leva em con- rio, promete aos compradores o seguinte: (1) cinco anos
sideração a confiabilidade no serviço do vendedor, de garantia, (2) auditoria de qualidade após a instala-
isto é, sua habilidade em ajustar rapidamente uma ção do projeto, (3) garantia a partir da data da entrega e
máquina ou, pelo menos, fornecer outra empresta- (4) condições especiais de troca de equipamentos usa-
da para que não haja interrupção do trabalho.32 dos na aquisição de novos produtos.
• Terceiro, estão preocupados com os custos envolvi- As empresas precisam planejar o design de seus
dos nos serviços de conserto e manutenção. Quanto o produtos em conjunto com suas decisões de composto
cliente terá que gastar em uma manutenção regular, de serviços. Os gerentes de design e de qualidade devem
em consertos etc? participar da equipe de desenvolvimento de novos pro-
dutos. O design de bons produtos reduzirá o número de
Um comprador inteligente leva todos estes fatores serviços subseqüentes necessários. A copiadora de mesa
em consideração quando da escolha de um fornecedor. Canon usa um dispositivo de toner destacável que reduz
Ele deseja estimar o custo do ciclo de vida da oferta, que a necessidade de visita da assistência técnica. A Kodak e
é o custo da compra acrescido do custo de manutenção a 3M estão desenhando equipamentos que permitem ao
e conserto descontado, menos o valor residual descon- usuário conectar diretamente a central de diagnóstico
tado. Os compradores têm o direito de solicitar dados que faz testes, localiza o problema e ajusta o equipa-
completos ao optar entre vários vendedores. mento através da linha telefônica.
31. Veja LELE, Milind M., KARMARKAR, Uday S. Good product support is smart marketing. Harvard Business Review, p. 124-132, Nov./Dec.
1983.
32. Para uma pesquisa recente sobre os efeitos dos atrasos nas avaliações dos serviços, veja TAYLOR, Shirley. Waiting for service: the relationship
between delays and evaluations of service. Journal of Marketing, p. 56-69, Apr. 1994.
33. Veja SCOVOTTI, Ross M. Customer service... a tool for growing increased profits. Teleprofessional, p. 22-27, Sept. 1991.
34. LELE, Milind M. How service needs influence product strategy. Sloan Management Review, p. 63-70, Fali 1986.
independentes prestam serviços a uma variedade As opções de serviços estão aumentando rapidamen-
maior de equipamentos.35 te e baixando os preços e lucros das empresas
4. Os contratos de serviços (ou extensões da garantia) prestadoras. Os fabricantes de equipamentos têm que
são uma "espécie em extinção". Devido ao aumento imaginar como obter lucro na venda de seus produ-
do número de produtos descartáveis e/ou que nun- tos, independentemente dos contratos de serviços.
ca falham, os consumidores estão menos inclinados
a pagar de 2 a 10% do preço de compra por um
contrato anual de serviços.
35. Entretanto, veja DAY, Ellen, FOX, Richard J. Extended warranties, service contracts, and maintenance agreement - a marketing opportunity?
Journal of Consumer Marketing, p. 77-86, Fali 1985.
RESUMO
1. Serviço é qualquer ação ou desempenho que uma 3. O setor de serviços está atrasado em relação às em-
parte possa oferecer a outra e que seja, essencial- presas manufatureiras na adoção e uso dos concei-
mente, intangível e não resulte na posse de algo. tos e ferramentas de marketing, mas isso está mu-
Sua prestação pode ou não estar vinculada a um dando. A estratégia de marketing de serviços exige
produto físico. Como os Estados Unidos se encami- não apenas marketing externo, mas também
nham cada vez mais para uma economia de servi- marketing interno para motivar os funcionários, e
ços, as empresas estão cada vez mais interessadas marketing interativo, para enfatizar a importância
nos desafios especiais envolvidos em marketing de de high tech e high touch.
serviços. 4. A organização de serviços enfrenta três tarefas em
2. Os serviços são intangíveis, inseparáveis, variáveis e marketing: (1) deve diferenciar sua oferta, entrega
perecíveis. Cada característica apresenta desafios e e/ou imagem; (2) deve administrar a qualidade do
exige certas estratégias. As empresas devem encon- serviço para atender ou exceder as expectativas dos
trar maneiras de dar tangibilidade aos intangíveis; consumidores. As empresas mais orientadas para o
aumentar a produtividade das pessoas envolvidas consumidor têm um conceito, um histórico de com-
na prestação dos serviços; aumentar e padronizar a promisso da alta administração pela qualidade dos
qualidade do serviço prestado; e ajustar o forneci- serviços, padrões elevados, sistemas para monito-
mento dos serviços durante os períodos de pico e de ramento do desempenho dos serviços, sistemas para
baixa conforme a demanda de mercado. atender às reclamações dos consumidores e um
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Empresas de serviços como hotéis, hospitais, facul- Faturamento (1992) $ 1,5 bilhão (22,1% acima
dades, bancos, restaurantes e parques temáticos vêm de 1991)
reconhecendo a importância do quinto P (pessoa).*
Lucro líquido $ 74,1 milhões (256% acima
Os funcionários das empresas de serviços estão em de 1991)
constante contato com os consumidores e estes jul-
gam a empresa baseados em suas impressões sobre Retorno sobre o
patrimônio líquido 9,3%
as pessoas com as quais lidam. Descreva cinco eta-
pas que você deve seguir para ensinar os funcioná- Retorno total para os
rios da Empresa Fantasia, parque temático similar à investidores 26,5%
Disneylândia, a desenvolver "atitudes positivas em Relação tarifas/lucros 25,8
relação aos consumidores". Dividendos distribuídos 0,2%
2. Quando um serviço é concluído, o consumidor não Fonte: TEITELBAUM, Richard S. Where service flies right. Fortune,
recebe um produto tangível, mas fica com sentimen- p. 115-116, 24Aug. 1992.
tos de júbilo, encantamento, satisfação, frustração,
desapontamento, irritação etc. Assim, os prestadores
de serviços devem identificar, claramente, os senti- A Southwest Airlines é rentável, enquanto outras li-
mentos que desejam do consumidor após a presta- nhas aéreas operam no vermelho por duas razões:
ção do serviço. Reflita sobre três empresas que te- (1) sabedoria, ao gastar dinheiro, e redução de cus-
nham, recentemente, prestado serviços a você, e tos, sempre que possível; e (2) busca contínua em
considere os que o agradaram e os que o deixaram atender e exceder às necessidades e expectativas dos
insatisfeito. Usando essas reflexões como ponto de passageiros. Por exemplo, os passageiros freqüen-
partida, descreva alguns procedimentos para um tes, junto com os gerentes de recursos humanos, são
pequeno centro médico aumentar o grau de encan- convidados para entrevistar e avaliar os novos can-
tamento de seus clientes (pacientes). didatos a comissários de bordo. Também participam
3. Em uma era em que muitos consumidores conside- de grupos-foco para avaliar novos serviços.
ram os vôos aéreos como outro tipo de commodity, a Prepare um breve relatório (de duas a cinco pági-
linha aérea que oferece menor preço, freqüentemen- nas) explicando, pelo menos, dez outras maneiras
te, vence. Entretanto, se ela não conseguir cobrir de a Southwest Airlines servir seus passageiros.
seus custos, fica no prejuízo. Enquanto o passageiro 4. Uma empresa de auditoria de Cleveland, Ohio, au-
fica entusiasmado ao pagar dois vôos pelo preço de mentou seu faturamento de $ 315.000 para cerca
um e pela milhagem como passageiro freqüente, de $ 5 milhões, em 1987, com um crescimento anu-
muitas linhas aéreas ficam no prejuízo. Entretanto, al de 22%. Surpreendentemente, o crescimento vem
a Southwest Airlines, empresa de tarifas baixas, vem ocorrendo sem fusões, aquisições ou mesmo um
mostrando bons lucros desde 1987, como indicam grande orçamento de marketing. O sócio-gerente,
os dados seguintes: Gary Shamis, admite que o serviço da empresa é
excelente, mas não particularmente melhor do que
centenas de bons concorrentes. Então, qual o segre-
do do sucesso da empresa?
* Como vimos no texto, há dois Ps adicionais em marketing de serviços: presença física e processo.
Não há lealdade a marca que não possa ser superada por um pequeno desconto.
ANÔNIMO
Todas as organizações que visam o lucro e muitas O estabelecimento de preço único para todos os
que não visam estabelecem preços para seus produtos compradores é uma idéia relativamente moderna que
ou serviços. O preço recebe muitos nomes: surgiu com o desenvolvimento do varejo em grande es-
cala no final do século 19. As empresas F. W. Woolworth,
O preço está ao nosso redor. Você paga alu- Tiffany and Co., John Wanamaker e outras divulgavam
guel pelo apartamento, anuidade pela educação e uma "política estritamente igual" porque vendiam mui-
honorário para seu médico ou dentista. A linha tos itens e supervisionavam muitos funcionários.
aérea, o taxi e as empresas de ônibus cobram uma Tradicionalmente, o preço vem desempenhando um
passagem; empresas públicas locais cobram taxas determinante importante de escolha do comprador. Este
e o banco cobra juros pelo dinheiro que você toma é ainda o caso dos países mais pobres, entre grupos igual-
emprestado. 0 preço para você deixar seu carro mente mais pobres e dos produtos tipo commodities.
no estacionamento é denominado tarifa e a em- Embora os fatores não relacionados a preço tornaram-
presa que faz seguro do automóvel cobra um prê- se mais importantes no comportamento de escolha do
mio. 0 conferencista convidado cobra remunera- comprador em décadas recentes, o preço ainda perma-
ção para falar a você sobre um funcionário do go- nece um dos principais elementos na determinação da
verno que recebe propina para ajudá-lo a esconder participação de mercado de uma empresa e em sua ren-
o caráter ilegal das dívidas cobradas por uma asso- tabilidade. De fato, os preços têm sofrido considerável
ciação comercial. Clubes ou associações às quais pressão para baixo em anos recentes (Figura 17.1). A
você pertence podem instituir contribuições para medida que a renda dos consumidores permanece es-
cobrir despesas não orçadas. Seu advogado pode tagnada ou declina e suas expectativas são reduzidas,
solicitar um depósito para cobrir as despesas dos compram com mais cuidado, forçando os varejistas a
serviços. 0 "preço" de um executivo é o ordenado; baixar seus preços. Por sua vez, os varejistas pressionam
o preço de um vendedor pode ser uma comissão e os fabricantes para também reduzirem seus preços. O
o preço de um operário é seu salário. Finalmente, resultado é um mercado caracterizado por grandes des-
embora os economistas não concordem, muitos de contos e promoções de vendas.
nós sentimos que o imposto de renda é o preço que O preço é o único elemento do composto de
pagamos pelo privilégio de ganhar dinheiro.1 marketing que produz receita; os outros elementos ge-
ram custos. O preço é também um dos elementos mais
Através da história, os preços têm sido fixados por flexíveis do composto de marketing porque pode ser ra-
compradores e vendedores que negociam entre si. Os pidamente modificado, o que não ocorre com as carac-
vendedores pedem um preço acima do que esperam re- terísticas de um produto ou com os compromissos assu-
ceber e os compradores oferecem menos do que espe- midos com os canais de distribuição. Ao mesmo tempo,
ram pagar. Através da barganha, chegam a um preço o estabelecimento de preço e a concorrência de preço
mutuamente aceitável. são os principais problemas enfrentados por muitos exe-
1. SCHWARTZ, David J. Marketing today: a basic approach. 3. ed. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1981. p. 271.
As estratégias diagonais 1, 5 e 9 podem coexistir no nação da demanda, (3) estimativa dos custos, (4) análi-
mesmo mercado; isto é, uma empresa oferece um pro- se dos preços e das ofertas dos concorrentes, (5) seleção
duto de alta qualidade a um preço alto, outra oferece de um método para fixar preço e (6) seleção do preço
um produto de qualidade média a preço médio e ainda final (Figura 17.3).
outra oferece um produto de baixa qualidade a baixo
preço. Os três concorrentes podem coexistir à media que
o mercado consiste em três grupos de compradores, os Seleção do objetivo de preço
que procuram qualidade, os que procuram preço e aque-
les que equilibram as duas considerações. Primeiro, a empresa tem que decidir sobre o que
As estratégias de posicionamento 2, 3 e 6 repre- deseja realizar com um produto específico. Se ela sele-
sentam maneiras de atacar as posições diagonais. A es- cionou cuidadosamente seu mercado-alvo e posiciona-
tratégia 2 indica: "nosso produto tem a mesma alta qua- mento de mercado, sua estratégia de composto de
lidade do produto 1, mas cobramos menos". A estraté- marketing, incluindo preço, estará no caminho correto.
gia 3 indica a mesma coisa e oferece uma economia ain- Por exemplo, se uma empresa fabricante de veículos de
da maior. Se os consumidores sensíveis à qualidade acre- recreação deseja produzir um trailer de luxo para con-
ditarem nestes concorrentes, comprarão deles e econo- sumidores ricos, isto implica a cobrança de um preço
mizarão dinheiro (a menos que o produto da empresa 1 alto.
tenha adquirido apelo de muito sofisticado). Quanto mais claros os objetivos de uma empresa,
As estratégias de posicionamento 4, 7 e 8 impli- mais fácil será o estabelecimento do preço. Assim, ela
cam a fixação de preço alto para o produto em relação a pode perseguir qualquer um entre seis grandes objeti-
sua qualidade. Os consumidores se sentirão "estorquidos" vos através da fixação de preço: sobrevivência, ma-
e, provavelmente, reclamarão ou falarão mal da empre- ximização de lucro, maximização do faturamento,
sa a outras pessoas. Estas estratégias devem ser evitadas maximização do crescimento de vendas, maximização
por profissionais de marketing. da desnatação de mercado ou liderança de produto-qua-
A empresa tem que considerar muitos fatores ao lidade.
definir sua política de preço. Nos parágrafos seguintes,
descreveremos um procedimento de seis etapas para fi- SOBREVIVÊNCIA. AS empresas perseguem a sobrevivên-
xar preço: (1) seleção do objetivo de preço, (2) determi- cia como principal objetivo quando enfrentam excesso
de marketing. A relação entre o preço cobrado e a de- 5. Benefício final. Os compradores são menos sensíveis
manda resultante é observada na curva de manda (Fi- a preço quanto maior o benefício final do produto.
gura 17.4[a]). Em uma situação normal, a demanda e o 6. Custo compartilhado. Os compradores são menos
preço são inversamente relacionados, isto é, quanto sensíveis a preço quando parte do custo do produto
maior o preço, menor a quantidade demandada (e vice- for dividido com outra parte.
versa) . 7. Investimento reduzido. Os compradores são menos
No caso de bens de prestígio, a curva de demanda sensíveis a preço quando o produto é utilizado em
é, em algumas situações, ascendente. Uma empresa fa- conjunto com ativos previamente comprados.
bricante de perfumes constatou que ao aumentar seu 8. Preço-qualidade. Os compradores são menos sensí-
preço passou a vender mais! Alguns consumidores con- veis a preço quando o produto apresenta mais qua-
sideram que o preço mais alto significa um perfume lidade, prestígio ou exclusividade.
melhor. Entretanto, se o preço cobrado for muito alto, o 9. Estoque. Os compradores são menos sensíveis a pre-
nível de demanda será menor. ço quando não podem estocar o produto.2
FATORES QUE AFETAM A SENSIBILIDADE DE PREÇO. A cur- MÉTODOS PARA ESTIMAR CURVAS DE DEMANDA. A maio-
va de demanda mostra a taxa de compra do mercado a ria das empresas faz alguma tentativa para mensurar
preços alternativos. Ela resume as reações de muitos in- suas curvas de demanda. Para fazer isto, podem usar
divíduos que possuem sensibilidade de preço diferente. vários métodos.
A primeira etapa importante é entender os fatores que O primeiro envolve a análise estatística de dados
afetam essa sensibilidade de preço. Nagle identificou sobre preços já praticados, quantidades vendidas e ou-
nove fatores: tros fatores para estimar seus relacionamentos. Os da-
dos analisados podem ser longitudinais (no decorrer do
1. Valor único. Os compradores são menos sensíveis a tempo) ou cruzados (localizações diferentes ao mesmo
preço quando o produto for mais exclusivo. tempo). A construção do modelo apropriado e do ajuste
2. Consciência da existência de substitutos. Os compra- dos dados com as técnicas estatísticas apropriadas exige
dores são menos sensíveis a preço quando são me- considerável habilidade.
nos conscientes da existência de produtos substitu- O segundo método envolve a condução de experi-
tos. ências de preço. Bennett e Wilkinson usaram um méto-
3. Dificuldade de comparação. Os compradores são do pratico em loja para estimar a demanda. Eles varia-
menos sensíveis a preço quando não podem, facil- ram sistematicamente os preços de diversos produtos
mente, comparar a qualidade dos produtos substi- vendidos em uma loja de descontos e observaram os re-
tutos. sultados.3 Uma abordagem alternativa é cobrar preços
4. Despesa em relação à renda total. Os compradores diferentes em territórios similares para ver como as ven-
são menos sensíveis a preço quanto menor a despe- das são afetadas.
sa em relação a sua renda total.
2. NAGLE, Thomas T., HOLDEN, Reed K. The strategy and tactics ofpricmg. 2. ed. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1995. Cap. 4. Este é um
excelente livro de referência para tomada de decisões de preço.
3. Veja BENNETT, Sidney, WILKINSON, J. B. Price-quantity relationships and price elasticity under in-store experimentation. Journal of Business
Research, p. 30-34, Jan. 1974.
4. NEVIN, John R. Laboratory experiments for estimating consumer demand - a validation study. Journal of Marketing Research, p. 261-268,
Aug. 1974; e WEINER, Jonathan. Forecasting demand: consumer electronics marketer uses a conjoint approach to configure its new product
and set the right price. Marketing Research: A Magazine of Management and Applications, p. 6-11, Summer 1994.
5. NAGLE e HOLDEN. Op. cit. Cap. 13.
6. Para um resumo de estudos sobre elasticidade, veja HANSSENS, Dominique M., PARSONS, Leonard J., SCHULTZ, Randall L. Market response
models: econometric and time series analysis. Boston : Kluwer Academic Publishers, 1990. p. 187-191.
unitário será elevado se poucas unidades forem produ- 200.000 calculadoras, o custo médio caiu para $ 9. Após
zidas. Assim que a produção atinge 1.000 unidades diá- esta experiência de produção acumulada ter dobrado
rias, o custo médio cai. A razão é que os custos fixos são para 400.000, o custo médio passou a ser $ 8. Este
diluídos em maior número de unidades, cada uma ab- declínio do custo médio com a experiência é chamado
sorvendo pequena parte do custo fixo. O custo médio curva de experiência ou curva de aprendizagem.
aumenta após a produção de 1.000 unidades porque a Agora, suponhamos que haja três empresas con-
fábrica torna-se ineficiente: as máquinas são insuficien- correntes nesse setor industrial. A TI, A e B. A TI produz
tes, quebram com mais freqüência e o espaço físico limi- com o custo mais baixo ($ 8). Se todas as três empresas
tado prejudica a movimentação dos operários (Figura venderem a mesma calculadora por $ 10, a TI obtém um
lucro unitário de $ 2, a A, $ 1 e a B, zero. O movimento
Se a TI acreditar que pode fabricar e vender 2.000 inteligente da TI seria baixar seu preço para $ 9. Isto
unidades diárias, deve considerar a construção de uma eliminaria a empresa B do mercado e a A pensará seria-
fábrica maior. A fábrica utilizará maquinário e organiza- mente em abandoná-lo. A TI conquistaria os negócios
ção do trabalho mais eficientes e o custo unitário será da empresa B (e, possivelmente, da A). Além disso, os
menor do que no caso da produção de 1.000 unidades consumidores sensíveis a preço entrarão no mercado à
diárias. Isto é mostrado na curva de custo médio a longo medida que o mesmo for baixando. Os custos da TI cai-
prazo da Figura 17.5(b). De fato, uma fábrica com capa- rão ainda mais e com maior rapidez e seu lucro aumen-
cidade de produzir 3.000 unidades seria ainda mais efi- tará, mesmo a um preço de $ 9. Ela usou repetidamente
ciente conforme mostra a Figura 17.5(b). Porém, uma esta estratégia agressiva de preço para ganhar participa-
produção diária de 4.000 unidades seria menos eficien- ção de mercado e eliminar concorrentes do setor.
te devido à redução de economia de escala: maior nú- Todavia, o preço baseado na curva de experiência
mero de operários para ser supervisionado, atraso na implica grandes riscos. A agressividade de preço pode
movimentação da papelada interna, maior número de dar ao produto uma imagem negativa. A estratégia tam-
máquinas e equipamentos etc. A Figura 17.5(b) indica bém assume que os concorrentes são fracos e não estão
que uma fábrica que produz 3.000 calculadoras por dia dispostos a lutar pelo mercado. Finalmente, a estratégia
possui um tamanho ótimo se a demanda for forte o sufi- leva a empresa a construir mais fábricas para atender à
ciente para absorver este nível de produção. demanda, enquanto um concorrente pode inovar com a
introdução de uma tecnologia de custos mais baixos do
COMPORTAMENTO DO CUSTO COMO FUNÇÃO DA PRODUÇÃO que a líder de mercado, presa a uma tecnologia anti-
ACUMULADA. Suponhamos que a TI dirige uma fábrica quada.
que produz 3.000 calculadoras manuais por dia. À me- A maioria desses preços está baseada nos custos
dida que ela ganha experiência na fabricação do produ- de produção. Entretanto, todos os custos, incluindo os
to, aprende como fazê-lo melhor. Os operários apren- de marketing, estão sujeitos à redução com a aprendiza-
dem a reduzir custos, o fluxo de materiais e compras é gem. Assim, se três empresas estão investindo grande
melhorado etc. O resultado, como a Figura 17.6 mostra, soma de dinheiro em telemarketing, a empresa que esti-
é que o custo médio tende a cair com a experiência de ver utilizando este recurso há mais tempo pode obter
produção acumulada. Assim, o custo médio unitário de custos menores. Esta empresa pode cobrar um pouco
produzir as primeiras 100.000 calculadoras é de $ 10. menos por seu produto e ainda obter o mesmo retorno,
Quando a empresa passou a produzir as primeiras todos os demais custos permanecendo constantes.7
7. Veja ALBERTS, William W. The experience curve doctrine reconsidered. Journal of Marketing, p. 36-49, July 1989.
COMPORTAMENTO DOS CUSTOS COMO FUNÇÃO DE OFERTAS engenharia, produção, vendas etc. - e os separam em
DIFERENCIADAS. AS empresas atuais tentam adaptar suas unidades menores. Consideram maneiras de reduzir cada
ofertas e condições de venda aos diferentes comprado- componente do custo, eliminar funções e de reduzir os
res. Assim, um fabricante que trabalha com várias redes custos dos fornecedores. O objetivo amplo é fazer com
de varejo negociará em condições diferentes. Um vare- que as projeções de custos fiquem ajustadas ao custo-
jista pode desejar entrega diária (para manter o estoque alvo. Se isto não for possível, podem decidir pelo não
mais baixo), enquanto outro pode aceitar entregas duas desenvolvimento do produto pela impossibilidade de
vezes por semana para reduzir o preço de aquisição. vendê-lo pelo preço-alvo e de obtenção do lucro-alvo.
Como resultado, os custos do fabricante serão diferen- Quando podem ser bem-sucedidos, provavelmente, o
tes com cada rede de varejo e seu lucro também será lucro virá como conseqüência. Consideremos uma his-
diferente. Para estimar a rentabilidade real de lidar com tória de sucesso:
varejistas diferentes, o fabricante precisa usar o custeio
baseado em atividade (ABC) em vez do custo padrão.8
COMPAQ Custo-alvo é o método usado pela Compaq
O custeio ABC procura identificar os custos reais para enfrentar concorrentes de preço baixo na venda de
associados ao atendimento de cada cliente. Os custos microcomputadores. Ele funciona assim: Os designers
variáveis e os fixos devem ser decompostos e alocados apresentam as especificações para a fabricação de um
conforme o cliente. As empresas que não sabem mensurar novo modelo. Reúnem-se com o pessoal de marketing,
corretamente seus custos reais também não sabem produção, serviços ao consumidor, compras e outros
mensurar o lucro. Provavelmente, não sabem alocar seus departamentos. Marketing estabelece um preço-alvo e a
custos de marketing e outros esforços. A identificação administração determina uma margem-alvo de lucro.
dos custos verdadeiros que devem ser alocados a cada Depois, a equipe determina qual será o custo. O custo-
cliente habilita a empresa a explicá-los melhor aos inte- alvo é difícil de ser atingido e exige trabalho de equipe
ressados. no processo de produção; os engenheiros devem dese-
nhar o produto com menor número de peças e trabalhar
CUSTO-ALVO. Temos visto que os custos mudam com a com outros departamentos para refazer os processos e
escala e a experiência de produção. Eles podem mudar fabricar produtos mais baratos e com maior rapidez.
também como resultado de um esforço concentrado dos Contudo, este trabalho difícil compensa. O microcom-
designers, engenheiros e compradores da empresa para putador Prolinea e o notebook Contura foram os primei-
reduzi-los. Os japoneses, em particular, usam um méto- ros produtos fabricados com este novo sistema de cus-
do chamado custo-alvo.9 Eles utilizam pesquisa de teio. O volume de vendas da empresa aumentou 64% e
marketing para estabelecer as funções de um novo pro- o lucro quase duplicou.10
duto desejado. Assim, determinam o preço pelo qual o
produto deve ser vendido, dados seu apelo comercial e O custo-alvo é um avanço sobre o método normal
os preços concorrentes. Deduzem a margem de lucro de desenvolvimento de novos produtos, que envolve
desejada do preço e determinam o custo-alvo que de- desenhar o produto, estimar seus custos e, depois, de-
vem atingir. Examinam os componentes do custo - design, terminar seu preço. O custo-alvo adota o método de le-
8. Veja COOPER, Robin, KAPLAN, Robert S. Profit priorities from activity-based costing. Harvard Business Review, p. 130-135, May/June 1991.
Para mais informações sobre o custeio ABC, veja o Capítulo 24 deste livro-texto.
9. Veja JAPAN'S smart secret weapon. Fortune, p. 75, 12 Aug. 1991.
10. FARRELL, Christopher. Stuck! How companies cope when they can't raise prices. Business Week, p. 146-155, 15 Nov. 1993.
vantar todos os custos durante o estágio de planejamen- seu preço. A avaliação dos compradores sobre as carac-
to e design do produto, em vez de tentar reduzi-los após terísticas exclusivas do produto da empresa estabelece o
o produto ser lançado no mercado. preço-teto.
As empresas resolvem o problema de preço sele-
cionando um método que inclua uma ou mais destas
Análise dos custos, preços e ofertas dos três considerações. Assim, o método de preço escolhido
concorrentes levará a um preço específico. Examinaremos os seguin-
tes métodos de estabelecimento de preço: preço de
Dentro de uma variedade de preços possíveis de- markup, preço de retorno-alvo, preço de valor percebi-
terminados pela demanda de mercado e custos, os cus- do, preço de mercado e preço de licitação.
tos, preços e possíveis reações de preço dos concorren-
tes ajudam a empresa a estabelecer em que nível fixar PREÇO DE MARKUP. O método de preço mais elementar
seus preços. Ela precisa fazer benchmark de seus custos é acrescentar um markup padrão (taxa ou margem) ao
em relação aos custos dos concorrentes para saber em custo do produto. As empresas de construção preparam
que nível está operando em vantagem ou desvantagem suas propostas estimando o custo total do projeto e acres-
de custo. Precisa conhecer também o preço e a qualida- centando um markup padrão como margem de lucro.
de das ofertas concorrentes. Pode enviar compradores Advogados, contadores e outros profissionais liberais
para comparar os preços e avaliar essas ofertas, obter também procedem da mesma maneira, acrescentando
listas de preços, comprar esses produtos para examiná- um markup padrão aos custos. Algumas empresas co-
los e perguntar aos consumidores como eles percebem o municam a seus consumidores que cobrarão o custo mais
preço e a qualidade de cada oferta dos concorrentes. um markup específico; por exemplo, as empresas
Desde que a empresa esteja consciente dos preços aeroespaciais procedem desta maneira com o governo.
e das ofertas dos concorrentes, pode usá-los como ponto Para ilustrar o preço de markup, suponhamos que
de referência para seu próprio preço. Se sua oferta for uma fábrica de tostadeiras possuía os seguintes custos e
similar a do principal concorrente, terá que acompanhar expectativa de vendas:
o preço ou perderá vendas. Se ela for inferior, não pode-
rá cobrar mais do que o concorrente. Se for superior, Custo variável unitário $ 10
poderá cobrar mais. Entretanto, a empresa também deve Custos fixos $ 300.000
estar consciente de que os concorrentes podem respon- Unidades de vendas previstas 50.000
der mudando seus preços.
O custo unitário do fabricante é dado por:
Seleção de um método de custos fixos
estabelecimento de preço Custo unitário = custo variável +
unidades vendidas
= $ 10 +$ 300.000 = $16
Dados os três Cs - programação de demanda dos 50.000
consumidores, função custo e preços dos concorrentes -
a empresa está preparada para selecionar um preço. Este Agora, assumimos que o fabricante deseja ganhar
estará entre um que seja muito baixo para gerar lucro e um markup de 20% sobre as vendas. Seu preço de
outro que seja muito alto para gerar demanda suficien- markup passa a ser:
te. A Figura 17.7 resume as três principais considera-
ções envolvidas no estabelecimento de preço. Os custos custo unitário
Preço de markup =
sinalizam um piso para o preço. Os preços dos concor- (1 - taxa de retorno desejado sobre vendas)
rentes e de bens substitutos fornecem um ponto de refe- $16
= $20
rência que a empresa tem que considerar ao estabelecer 1-0,2
11. STRAUSS, Neil. Pennies that add up to $ 16,98: why CD's cost so much. The New York Times, 5 July 1995, C l l : l .
As curvas de receita total e de custos se cruzam cebido nas mentes dos compradores. O preço é estabele-
quando são vendidas 30.000 unidades. Este é o volume cido para capitalizar sobre o valor percebido.12
de equilíbrio ou ponto de equilíbrio, que pode ser verifi- O preço de valor percebido ajusta-se bem à idéia
cado pela seguinte fórmula: de posicionamento do produto. A empresa desenvolve
um conceito de produto para um mercado-alvo específi-
Ponto (ou volume] custo fixo co com qualidade e preço planejados. Assim, a adminis-
de equilíbrio =
preço - cus to variável tração estima o volume que espera vender a esse preço.
A estimativa indica a capacidade necessária da fábrica,
$ 300.000 30.000 investimento e os custos unitários. Depois, a administra-
$ 20 - $ 10 = ção verifica se o produto rende um lucro satisfatório ao
preço e custo planejados. Se a resposta for afirmativa, a
Sem dúvida, o fabricante está esperando que o empresa vai em frente com o desenvolvimento do pro-
mercado comprará 50.000 unidades a $ 20 e que obterá duto. Caso contrário, abandona a idéia.
um retorno de $ 200.000 sobre o investimento de
A Du Pont e a Caterpillar são duas importantes pra-
$ 1.000.000. Contudo, depende da elasticidade-preço e
ticantes da determinação de preço de valor percebido.
dos preços concorrentes. Infelizmente, o preço de retor-
Quando a Du Pont desenvolveu sua nova fibra sintética
no-alvo tende a ignorar essas considerações. O fabrican-
para carpetes, demonstrou aos fabricantes deste produ-
te deve considerar diferentes preços e estimar seus pro-
to que eles podiam pagar $ 1,40 por 453 gramas de fi-
váveis impactos sobre o volume de vendas e lucro. Deve
bra (1 libra) e manter seu lucro atual. Ela denomina
também buscar maneiras de baixar seus custos fixos e/
esta prática de preço de valor de uso. Entretanto, reco-
ou variáveis para diminuir o volume de equilíbrio exi-
nheceu que o preço de $ 1,40 deixaria os fabricantes de
gido.
carpetes indiferentes. Assim, fixou um preço inferior a
$ 1,40 para estimular o uso da nova fibra. A Du Pont não
PREÇO DE VALOR PERCEBIDO. Um número crescente de usou seus custos de produção para estabelecer o preço,
empresas está baseando seu preço no valor percebido do mas apenas para julgar se havia lucro suficiente para
produto. Elas vêem as percepções de valor dos compra- introduzir o produto no mercado.
dores, não seus custos, como fatores-chave para deter- Em outro exemplo de política de preço da Du Pont,
minar preço. Usam variáveis não relacionadas a preço ela fixa um preço padrão e um preço premium para de-
no composto de marketing para desenvolver o valor per- terminado produto químico. Consideremos o seguinte:
12. CHANG, Tung-Zong, WILDT, Albert R. Price, product information, and purchase intention: an empirical study. Journal of the Academy of
Marketing Science, p. 16-27, Winter 1994. Veja também KORTGE, G. Dean, OKONKWO, Patrick A. Perceived value approach to pricing.
Industrial Marketing Management, p. 133-140, May 1993.
A Du Pont mensurou o valor percebido de cada extra! Ele termina optando pelo Caterpillar porque está
benefício agregado e chegou a $ 5 por 453 gramas. O convencido de que seus custos operacionais durante o
consumidor que desejar a oferta premium paga $ 105 tempo de vida do trator serão menores.
em vez de $ 100. Às vezes, esta estratégia é denominada A chave para estabelecer preço de valor percebido
preço de valor dos componentes. O consumidor pode ne- é determinar rigorosamente a percepção do mercado em
cessitar de alguns dos valores agregados, não de todos. relação ao valor da oferta. Os fabricantes com visão in-
Se a Du Pont estiver disposta a desagregar os valores da flada do valor de suas ofertas estabelecerão preços altos
oferta premium, o consumidor pagará apenas os valores para seus produtos. Aqueles com visão estreita cobrarão
agregados escolhidos. menos do que poderiam. A pesquisa de marketing é ne-
A Caterpillar também usa o valor percebido para cessária para estabelecer a percepção de valor do mer-
estabelecer os preços de seus equipamentos de constru- cado como guia para a eficácia na formulação de pre-
ção. Pode fixar o preço de seu trator a $ 100.000, embo- ço.13
ra um trator concorrente similar possa custar $ 90.000.
Mesmo assim, ela vende mais do que o concorrente!
Quando um comprador potencial pergunta ao reven- PREÇO DE VALOR. Em anos recentes, várias empresas
dedor por que deve pagar mais $ 10.000 pelo trator têm adotado o preço de valor, pelo qual fixam um preço
Caterpillar, este responde o seguinte: baixo para uma oferta de alta qualidade. O preço de va-
lor parte do pressuposto de que o preço deve represen-
tar uma oferta de alto valor para os consumidores. O
$ 90.000 é o preço do trator se ele for apenas automóvel Lexus é um bom exemplo, uma vez que a
equivalente ao trator do concorrente Toyota poderia ter fixado seu preço mais próximo ao do
$ 7.000 é o preço premium pela durabilidade superior Mercedes, em função de sua extraordinária qualidade.
$ 6.000 é o preço premium pela confiabilidade Aqui estão outros exemplos de empresas que fi-
superior xam preços de valor:14
$ 5.000 é o preço premium pelo serviço superior
$ 2.000 é o preço premium pela maior garantia das
peças
SOUTHWEST AIRLINES Essa empresa aérea cobra
a terça parte do que cobram seus concorrentes, mas pro-
$ 110.000 é o preço normal para cobrir o valor superior
porciona aos passageiros vôos muito confortáveis e ser-
da Caterpillar
viço extremamente agradável, embora sem muitas op-
- $10.000 é o desconto
ções. Trata-se de uma das poucas linhas aéreas norte-
$ 100.000 é o preço final americanas a ter lucro em base consistente.
Assim, o revendedor Caterpillar está preparado TACO BELL Em anos recentes, esta empresa
para mostrar ao comprador por que seu trator custa mais reformulou suas operações de fast-food (alimentação
caro do que o do concorrente. O comprador percebe que rápida) e baixou significativamente seus preços ao
embora esteja pagando $ 10.000 a mais pelo trator reintroduzir a noção de preço de valor a seus consumi-
Caterpillar, realmente, está obtendo $ 20.000 de valor dores.
13. Para um estudo empírico de nove métodos usados pelas empresas para avaliar o valor percebido pelos consumidores, veja ANDERSON,
James C, JAIN, Dipak C, CHINTAGUNTA, Pradeep K. Customer value assessment in business markets: a state-of-practice study. Journal of
Business-to-Business Marketing, 1, n. 1, p. 3-29, 1993.
14. Veja VALUE marketing. Business Week, p. 54-60, 11 Nov. 1991; e WHAT intelligent consumers want. Fortune, p. 56-60, 28 Dec. 1992.
18. ERICKSON, Gary M., JOHANSSON, Johny K. The role of price in multi-atribute product-evaluations. Journal of Consumar Research, p. 195-
199, Sept. 1985.
19. RAJENDRAN, K. N., TELLIS, Gerard J. Contextual and temporal componentes of reference price. Journal of Marketing, p. 22-34, Jan. 1994.
20. FARRIS, Paul W, REIBSTEIN, David. J. How prices, expenditures, and profits are linked. Harvard Business Review, p. 173-184, Nov./Dec.
1979. Veja também ABE, Makoto. Price and advertising strategy of a national brand against its private-label clone: a signaling game approach.
Journal of Business Research, p. 241-250, July 1995.
21. CHEESEMAN, Henry. Contemporary business law. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1995.
22. Veja ROWE, Michael. Countertrade. Londres : Euromoney Books, 1989; AGARWALA, R N. Countertrade: a global perspective. Nova Delhi :
Vikas Publishing House, 1991; e KORTH, Christopher M. (Org.). International countertrade. New York : Quorum Books, 1987.
23. Veja MARN, Michael V, ROSIELLO, Robert L. Managing price, gaining profit. Harvard Business Review, p. 84-94, Sept./Oct. 1992.
24. MOSKAL, Brian. S. Consumer age begets value pricing. Industry Week, p. 36, 38, 40, 21 Feb. 1994.
25. Nos Estados Unidos, as leis de discriminação de preço são muito complexas. Para mais informações sobre os tipos específicos ilegais de
discriminação de preço, veja CHEESEMAN. Op. cit.
26. FARRELL. Op. cit. p. 146-155.
27. MOSKAL. Op. cit. p. 36, 38, 40.
28. Veja WEIGAND, Robert E. Buy in-follow on strategies for profit. Sloan Management Review, p. 29-37, Spring 1991.
29. KRAFT, Susan. Love, love me doo. American Demographics, p. 15-16, June 1994.
30. Veja TELLIS, Gerald J. Beyond the many faces of price: an integration of pricing strategies. Journal of Marketing, p. 146-160, aqui p. 155,
Oct. 1986. Este excelente artigo também analisa e ilustra outras estratégias de preço.
ANTES DEPOIS
1. Manter o preço e a qualidade A empresa desfruta alta lealdade dos Menor participação de mercado. Menor
percebida. Adotar a eliminação consumidores. Está disposta a perder rentabilidade.
seletiva de consumidores. os de menor renda para os
concorrentes.
2. Aumentar o preço e a qualidade Aumentar o preço para cobrir o aumento Menor participação de mercado.
percebida. dos custos. Melhorar a qualidade Rentabilidade mantida.
para justificar o preço maior.
3. Manter o preço e aumentar a É mais barato manter o preço e Menor participação de mercado. Redução
qualidade percebida. aumentar a qualidade percebida. da rentabilidade a curto prazo.
Aumento da rentabilidade a curto
prazo.
4. Reduzir parcialmente o preço e Conceder alguma redução do preço Manutenção da participação de mercado.
aumentar a qualidade aos consumidores, mas aumentar Declínio da rentabilidade a curto prazo.
percebida. o valor da oferta. Manutenção da rentabilidade a longo
prazo.
5. Reduzir amplamente o preço e Disciplinar e desencorajar a Manutenção da participação de mercado.
diminuir a qualidade percebida. concorrência de preço. Manutenção da margem. Redução da
rentabilidade a curto prazo.
6. Reduzir amplamente o preço e Disciplinar e desencorajar a Manutenção da participação de mercado.
diminuir a qualidade percebida. concorrência de preços e Manutenção da margem. Redução da
manter a margem de lucro. rentabilidade a longo prazo.
7. Manutenção do preço e redução Reduzir as despesas de marketing para Menor participação de mercado.
da qualidade percebida. enfrentar o aumento dos custos. Manutenção da margem. Redução da
rentabilidade a longo prazo.
A principal circunstância que provoca o aumento ção antecipada. As empresas hesitam em assumir com-
de preço é a inflação de custo. Custos ascendentes não promissos de preços a longo prazo com seus clientes,
compensados por ganhos de produtividade reduzem as temendo que a inflação venha a prejudicar suas mar-
margens de lucro e levam as empresas a círculos vicio- gens de lucro.
sos de aumentos de preços. Freqüentemente, as empre- Outro fator que leva ao aumento de preços é a de-
sas aumentam seus preços além do aumento de custos manda aquecida. Quando uma empresa não pode aten-
par antecipar a inflação futura ou os controles de preços der a todos seus clientes, pode aumentar os preços, cor-
pelo governo; tal procedimento é denominado remarca- tar pedidos ou ambos. Nesta situação, o preço pode ser
31. Para uma excelente revisão, veja MONROE, Kent B. Buyers' subjetive perceptions of price. Journal of Marketing Research, p. 70-80, Mar.
1973.
• Não esqueça que um senso de justiça deve envolver qualquer aumento de preço. Por exemplo, o
aumento de preços como justificativa de guerra não parece justo. Os consumidores odeiam a
idéia de alguém levar vantagem da situação.
• Não viole os princípios de proteção do Estado (isto é, os consumidores devem saber antecipada-
mente as providências que serão adotadas em qualquer situação). Os consumidores esperam
alguma notificação de um aumento de preço, de maneira que possam tomar algumas precau-
ções, como antecipar a compra ou comprar de fontes alternativas para amortecer o choque.
• Não tente ser paternalista, deixando de explicar ao consumidor a razão dos aumentos de preços.
Após o Iraque invadir o Kwait, as empresas petrolíferas limitaram-se a anunciar: "Você vai
pagar mais e não há nada que possa fazer sobre isto." A melhor coisa a fazer é explicar em
palavras simples e claras por que os preços estão subindo, mostrando em gráficos como eles se
movimentam pelo canal de marketing.
• Antes de aumentar o preço, tome algumas pequenas providências. Antes de chocar os consumi-
dores com o aumento de preço, tome algumas providências simples e indiretas que estejam
disponíveis, como, por exemplo, eliminando descontos para pagamento a vista ou por volu-
me, aumentando o tamanho mínimo de pedido, eliminando a produção e venda de produtos
de margens menores e cobrando pelos serviços valiosos que são, habitualmente, oferecidos
gratuitamente.
• Insira cláusulas de escalonamento de preços em suas propostas/cotações. Esta política permite o
aumento automático do preço de acordo com alguma fórmula previamente definida. 0 obje-
tivo é transferir os riscos envolvidos no aumento de custos para o consumidor de maneira
proativa e previamente identificada. Para parecer justa, a base para o escalonamento de pre-
ços deve incluir fatores simples como a adoção de índices de preços reconhecidos nacional-
mente. Os índices de aumento de preço de matérias-primas também servem como boa base de
referência para comunicar uma variação de preço.
Fonte: Adaptado de MITCHELL, Eric. How not to raise prices. Small Business Report, p. 64-67, Nov. 1990.
rentes e ainda assim vender mais se o consumidor esti- par com as reações dos concorrentes e consumidores. É
ver convencido de que os custos durante o ciclo de dura- mais provável que os concorrentes reagirão quando o
ção do produto são menores. número de empresas for pequeno, o produto for homo-
gêneo e os compradores forem muito bem informados.
REAÇÕES DOS CONCORRENTES. Uma empresa que pre- Como a empresa pode antecipar-se às prováveis
tende adotar uma mudança de preço tem que se preocu- reações de seus concorrentes? Vamos partir do pressu-
32. BERRY, Jonathan. Attack of the fighting brands. Business Week, p. 125, 2 May 1994; BENEZRA, Karen. Mixed messges. Brandweek, p. 28-39,
25 July 1994.
1. Apesar do papel crescente de fatores não relaciona- to a juros baixos, prazos de pagamento maiores,
dos a preço no processo de marketing moderno, o contratos de garantia e de serviços e desconto psi-
preço continua sendo um elemento crítico do com- cológico; (4) diferenciação de preço, em que a em-
posto de marketing. O preço é o único dos quatro Ps presa vende o produto a preços diferentes conforme
que produz receita; os outros três Ps produzem cus- o segmento de mercado, forma do produto, imagem,
tos. localização ou tempo; e (5) preço de composto de
2. Ao estabelecer sua política de preço, a empresa se- produto, que inclui estabelecer preços para linhas
gue um procedimento de seis estágios. Primeiro, de produtos, características opcionais, produtos ca-
seleciona seu objetivo de preço, o que deseja reali- tivos, produtos conjuntos, subprodutos e "pacote"
zar com sua oferta de produto (sobrevivência, lucro de produtos.
máximo, receita máxima, crescimento máximo de 4. Após desenvolver suas estratégias de preço, as em-
vendas, desnatação do mercado ou liderança de pro- presas, freqüentemente, enfrentam situações em que
duto-qualidade). Segundo, estima a curva de deman- necessitam alterar seus preços. Uma redução de pre-
da, as quantidades prováveis que venderá a cada ço pode ocorrer quando há excesso de capacidade
preço possível. Quanto mais inelástica for a deman- de produção, declínio da participação de mercado,
da, mais alto a empresa poderá estabelecer seu pre- desejo de dominar o mercado através de preços mais
ço. Terceiro, estima como seus custos variam a dife- baixos ou em razão de recessão econômica. Um au-
rentes níveis de experiência de produção acumula- mento de preço pode ocorrer por inflação de custo
dos e a ofertas de marketing diferenciadas. Quarto, ou aquecimento da demanda. Estas situações podem
examina os custos, preços e ofertas dos concorren- exigir remarcação antecipada, adoção de preço da
tes. Quinto, seleciona um dos seguintes métodos de data de entrega, cláusulas de reajustes de preço,
preço: preço de markup, de retorno-alvo, de valor desmembramento de produtos e serviços e redução
percebido, de valor, de mercado e de licitação. Fi- ou eliminação de descontos. Há também várias al-
nalmente, seleciona o preço final, levando em con- ternativas ao aumento de preço, incluindo a redu-
sideração o preço psicológico, a influência de ou- ção do tamanho do produto, substituição por maté-
tros elementos do composto de marketing sobre o rias-primas ou ingredientes mais baratos e remoção
preço, as políticas de preço da empresa e o impacto ou redução de características do produto. Freqüen-
do preço sobre terceiros. temente, é difícil prever como os consumidores e
3. Normalmente, as empresas não estabelecem um pre- concorrentes reagirão a uma mudança de preço.
ço único, mas uma estrutura de preço que reflete as 5. A empresa que enfrenta uma mudança de preço ado-
variações da demanda geográfica e dos custos, as tada por um concorrente deve procurar entender sua
exigências do segmento de mercado, a ocasião de intenção e a provável duração da mudança. Fre-
compra, os níveis de pedido e outros fatores. Várias qüentemente, a estratégia da empresa depende de a
estratégias de adaptação de preço estão disponíveis: mesma estar fabricando produtos homogêneos ou
(1) preço geográfico, que, freqüentemente, é usado heterogêneos. As empresas líderes de mercado que
nas transações de countertra.de; (2) descontos e con- são atacadas por concorrentes que oferecem preços
cessões de preço, incluindo descontos para pagamen- baixos pode manter o preço, aumentar a qualidade
to a vista, descontos por quantidade, descontos fun- percebida do produto, reduzir o preço e melhorar a
cionais, descontos sazonais e concessões promo- qualidade ou lançar uma linha de "combate" a pre-
cionais; (3) preço promocional, como preço isca, ços baixos. A melhor resposta depende de vários fa-
preço de ocasião, cupons de desconto, financiamen- tores.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Muitos consumidores espalhados pelo mundo dese- que pudesse ser comparado ao Mercedes, embora
jam e podem comprar um carro caro. No passado, posicionado como veículo de maior valor para os
muitas pessoas estavam dispostas a comprar um compradores. Eles ficariam satisfeitos e poderiam
Mercedes em função de seu desempenho, muito ser considerados "consumidores inteligentes" e não
embora este carro de luxo fosse muito caro. Isso apenas vistos como esbanjadores de dinheiro, ape-
permitiu que a Toyota desenvolvesse um novo carro nas para ganhar status.
Figura 1
O novo produto Y executa as mesmas funções que o $ 250 para a McNally fabricar uma unidade do pro-
produto X, mas seus custos de instalação e funcio- duto Y.
namento e de pós-compra são apenas de $ 400 (com- O novo produto Z possui mais características ou
parados aos $ 700 do produto X), possibilitando uma melhor desempenho do que o produto X ou Y. Essas
economia de $ 300 para o cliente. Devido ao fato de características extras do produto Z têm um valor
o produto X do cliente ter custos do ciclo de vida de incrementai percebido de $ 300 quando comparado
$ 1.000, o valor econômico que o novo produto Y com o produto de referência (X). Assim, comparado
oferece é de $ 600 ($ 1.000 menos $ 400). Custa ao produto atual, o Z oferece uma economia de
A B C
25 Durabilidade do produto 40 40 20
30 Confiabilidade do produto 33 33 33
30 Confiabilidade de entrega 50 25 25
15 Qualidade de serviço 45 35 20
100 (Valor médio percebido) (41,65) (32,65) (24,9)
Multiplicando-se os pesos de importância pelas ava- a. Assumindo que os compradores estão dispostos
liações de cada empresa, constatamos que a oferta a pagar $ 2,00 por um comutador médio (o com
da empresa A é percebida estar acima da média (42), valor percebido de 33 pontos), quanto cada
a da empresa B está na média (33) e a da empresa C empresa poderia cobrar por seu produto?
está abaixo da média (25). (Os pontos foram arre- b. Que estratégias a empresa A pode adotar ba-
dondados para o número inteiro mais próximo.) seada nos resultados mostrados na Figura 2?
A Figura 2 mostra o resultado da empresa A ao re- Como a empresa B pode responder às mudan-
duzir seu preço de $ 2,55 para $ 2,00. ças de preços da empresa A?
4. Muitas empresas estão dispostas a dar descontos,
concessões e condições especiais a seus revendedores
e clientes que falharam em não perceber o pequeno
lucro obtido em suas operações. Consideremos a
seguinte situação:
Nome da loja:
Localização:
1. Bacon Sadia (V2 kg)...
2. Ovos brancos graúdos (1 dúzia) ..
3 1 litro de leite C
4 1 kg de salsicha para hotdog Perdigão
5. Catchup Cica (embalagem de 400 g)
6 Nescau (lata de 400 g)
7. Coca-Cola (garrafa de 2 litros)
8. Cerveja Brahma (lata de 355 ml) .
9. Creme de leite Nestlé (lata de 300 g) ..
10. Açúcar União (1 kg)
11 Papel higiênico Neve (pacote com 4 unidades)
12 Arroz Tio João (pacote de 5 kg)
13 Filme colorido Kodak (33 mm 24 poses)
14. Sabão em pó Orno (pacote de 1 kg)
15. Pilhas Energizer AA (embalagem com 2 unidades) ..
Total
•
9. A princípio, uma redução de preço implica aumento
do esforço de marketing. Explique esse aumento do
esforço de marketing em valores monetários.
As relações de poder dos adversários funcionam apenas se você nunca tiver que ver ou
trabalhar novamente com os bastardos.
PETER DRUCKER
A maioria dos fabricantes não vende seus bens di- construído e não é mudado facilmente. Ele é tão im-
retamente aos usuários finais. Entre fabricantes e usuá- portante quanto os recursos internos da empresa,
rios finais há um canal de marketing, um conjunto de como produção, pesquisa, engenharia, vendedores e
intermediários que desempenha várias funções e recebe instalações físicas. Ele representa um compromisso
vários nomes. Alguns intermediários - como atacadistas significativo para grande número de empresas inde-
e varejistas - compram, assumem a propriedade e re- pendentes, cujo negócio é distribuição e para os mer-
vendem a mercadoria; são chamados comerciantes. Ou- cados específicos a que atendem. Representa, tam-
tros - como atacadistas, representantes de fábrica e agen- bém, um compromisso para um conjunto de políti-
tes de vendas - procuram os clientes e negociam com cas e práticas que constituem a estrutura básica na
eles em nome dos fabricantes, mas não assumem a pro- qual é desenvolvido um conjunto extensivo de rela-
priedade dos bens; são chamados agentes. Ainda outros, ções a longo prazo.1
como empresas transportadoras, armazéns independen-
tes, bancos e agências de propaganda auxiliam no de- Assim, há uma poderosa tendência inercial na or-
sempenho da distribuição, mas não assumem a proprie- ganização de canal. Conseqüentemente, a administra-
dade dos bens nem negociam compras ou vendas; são ção deve escolher os canais visualizando o provável
chamados facilitadores. ambiente de venda de amanhã e o de hoje.
As decisões de canal de marketing estão entre as Neste capítulo, examinaremos as seguintes ques-
mais críticas que a administração enfrenta. Os canais tões:
escolhidos pela empresa afetam intimamente todas as
outras decisões de marketing. 0 preço da empresa de- • Que são canais de marketing?
pende de sua decisão em usar varejo de massa ou • Que decisões as empresas enfrentam no de-
butiques de alta qualidade. A força de vendas da empre- senvolvimento, administração, avaliação e
sa e as decisões de propaganda dependem de quanto modificação de seus canais?
treinamento e motivação os revendedores necessitam. • Que tendências estão ocorrendo na dinâ-
Além disso, as decisões de canal da empresa envolvem mica dos canais?
compromissos a prazos relativamente longos com ou- • Como o conflito de canal pode ser adminis-
tras empresas. Quando uma montadora de automóveis trado?
contrata concessionárias independentes para vender seus
veículos, ela não pode dispensá-las no dia seguinte e subs- No próximo capítulo, examinaremos os problemas
tituí-las por lojas da própria fábrica. Corey observou: dos canais de marketing da perspectiva de varejistas,
atacadistas e instituições de distribuição física. A Tabela
Um sistema de distribuição (...) é um recurso 18.1 fornece um resumo da terminologia usada nos ca-
externo chave. Normalmente, demora anos para ser nais de marketing.
1. COREY, E. Raymond. Industrial marketing: cases and concepts. 4. ed. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1991. Cap. 5.
por meio de seus contatos, experiência, especialização e tenciais e atuais, concorrentes e outros agentes e
escala de operação, oferecem à empresa fabricante mui- forças que atuam no ambiente de marketing.
to mais do que esta pode atingir com seus próprios es- • Promoção. Desenvolvimento e disseminação de co-
forços. De acordo com Stern e El-Ansary: municações persuasivas sobre a oferta, planejadas
para atrair os consumidores.
Os intermediários facilitam o fluxo de bens e • Negociação. Tentativa de chegar a um acordo final
serviços (...) Este procedimento é necessário para es- sobre preço e outras condições, de modo que a trans-
tabelecer uma ponte entre o suprimento de bens e ferência de propriedade possa ser efetivada.
serviços gerados pelo produtor e os sortimentos exi- • Pedido. Comunicação de intenções de compra dos
gidos pelos consumidores. A discrepância resulta do membros do canal para os fabricantes.
fato que os fabricantes produzem grande quantida- • Financiamento. Obtenção e alocação de fundos ne-
de de uma variedade limitada de bens, enquanto os cessários para financiar estoques nos diferentes ní-
consumidores desejam apenas uma quantidade limi- veis do canal de marketing.
tada de ampla variedade de bens.4 • Risco. Aceitação dos riscos associados às tarefas do
canal.
A Figura 18.1 mostra uma importante fonte de re- • Propriedade física. Estocagem e movimentação su-
dução de custo decorrente do uso de intermediários. A cessiva de produtos físicos, desde a matéria-prima
parte (a) mostra três produtores, cada um vendendo di- até os consumidores finais.
retamente a três clientes. Este sistema exige nove conta- • Pagamento. Os compradores pagam suas faturas aos
tos distintos. A parte (b) mostra três produtores que tra- vendedores por meio de bancos e outras instituições
balham com um distribuidor, que contata três clientes. financeiras.
Este sistema exige apenas seis contatos. Dessa maneira, • Propriedade. Transferência real de propriedade de
o intermediário reduz a carga de trabalho a ser execu- uma organização ou pessoa a outra.
tada.
Algumas funções (por exemplo, transferência físi-
ca, propriedade e promoção) constituem o fluxo para a
Funções e fluxos de canal frente (atividades da empresa para o consumidor); ou-
tras (como pedido e pagamento) são o fluxo para trás
Um canal de marketing desempenha o trabalho de (atividades do consumidor para a empresa); algumas
movimentar bens de produtores até consumidores. Ele outras funções (como informações, negociação, finan-
preenche as lacunas de tempo, local e propriedade que ciamento e risco) constituem o fluxo nos dois sentidos.
separa os bens e serviços das pessoas que os usariam. Os Cinco desses fluxos são ilustrados na Figura 18.2 para o
membros do canal desempenham várias funções-chave: negócio de guindastes. Se todos esses fluxos forem
superpostos em um diagrama, a complexidade de um
• Informações. Coleta e disseminação de informações simples canal de marketing fica evidente.
de pesquisa de marketing sobre consumidores po-
Um fabricante que lança um produto físico que alguma margem para cobrir seu trabalho. Se os inter-
pode exigir serviços precisa estabelecer pelo menos três mediários forem mais eficientes do que o fabricante, os
canais: canal de vendas, canal de entrega e canal de ser- preços pagos pelos consumidores devem ser menores.
viços. Esses canais não necessitam ser combinados em Estes podem decidir desempenhar alguma das funções,
uma empresa. Assim, a Dell Computer usa o telefone situação em que devem pagar preços menores. A ques-
como canal de venda, o correio expresso como canal de tão sobre quem deve desempenhar as várias tarefas do
entrega e a assistência técnica local como canal de servi- canal depende da eficiência e da eficácia relativas.
ços. Cada um desses canais está sujeito a melhoria Assim, as funções de marketing são mais básicas
tecnológica posterior. No decorrer do tempo, mais em- do que as instituições que as desempenham em determi-
presas utilizarão seu computador como canal de venda nado tempo. As mudanças nas instituições de canal re-
à medida que os consumidores usam serviços online (veja fletem largamente a descoberta de maneiras mais efici-
o Capítulo 23) para encontrar as melhores compras. O entes de combinar ou separar funções econômicas. Es-
computador também pode ser um canal de entrega, como tas devem ser definidas para o fornecimento de sorti-
ocorre quando uma empresa de software faz o download mento significativo de bens aos consumidores-alvo.
de um programa diretamente no computador do clien-
te. Finalmente, os serviços de conserto podem ser entre-
gues via rede, no caso de problemas de software, ou li- Níveis de canal
nha telefônica, por um médico que orienta o tratamento
de um paciente. Cada intermediário que desempenha algum traba-
Assim, o problema não é se várias funções de canal lho para levar o produto e sua propriedade a consumi-
precisam ser desempenhadas (elas devem ser), mas quem dores finais constitui um nível de canal. Uma vez que o
deve desempenhá-las. Todas as funções têm três coisas produtor e o consumidor final desempenham algum tra-
em comum: usam recursos escassos; podem, freqüente- balho, eles são parte do canal. Usaremos o número de
mente, ser mais bem desempenhadas por meio da espe- níveis intermediários para designar a extensão de um
cialização e são intercambiáveis entre os membros do canal. A Figura 18.3(a) mostra vários canais de diferen-
canal. À medida que o fabricante desempenha essas fun- tes extensões para bens de consumo.
ções, seus custos aumentam e seus preços devem ser mais O canal de nível zero (também chamado canal de
elevados. Quando algumas funções são transferidas aos marketing direto) consiste em um fabricante que vende
intermediários, os custos e os preços do fabricante são diretamente ao consumidor final. As principais formas
mais baixos, mas os intermediários devem acrescentar de canais de nível zero são venda porta a porta, reu-
5. ZINKMUND, William G., STANTON, William J. Recycling solid wastes: a channels-of-distribution problem. Journal of Marketing, p. 34, July
1971.
6. Para informações adicionais sobre canais para trás, veja JAHRE, Mariane. Household waste collection as a reverse channel - a theoretical
perspective. International Journal of Physical Distribution and Logistics, 25, n. 2, p. 39-55, 1995; e POHLEN, Terrance L, FARRIS II, M.
Thedore. Reverse logistics in plastics recycling. International Journal of Physical Distribution and Logistics, 22, n. 7, p. 35-37, 1992.
7. ABLER, Ronald, ADAMS, John S., GOULD, Peter. Spatial organizations: the geographer's view of the world. Englewood Cliffs, NJ : Prentice
Hall, 1971. p. 531-532.
Canal
zero
Canal
de um Varejista
nível
Fabricante Consumidor
Canal
de dois Atacadista Varejista
níveis
Canal
de três Atacadista especializado Varejista
níveis
Distribuidor
; industrial
Fabricante Cliente
Representante industrial
de
fábrica
Filiais de
vendas do •
fabricante
noturnos, rádio, cinemas, festas e teatros. As casas de ração de venda local em um mercado limitado. Desde
espetáculos vêm sendo substituídas por novos canais, que possui capital limitado, geralmente utiliza interme-
como clubes privados e canais de televisão a cabo. Os diários já existentes. O número de intermediários em
políticos também devem encontrar canais viáveis em ter- qualquer mercado local é limitado: alguns agentes de
mos de custo - mídia de massa, torneios esportivos, ho- vendas de fabricantes, alguns atacadistas, diversos vare-
rários de café, anúncios de televisão e faxes - para di- jistas, algumas empresas de transporte e alguns arma-
vulgarem suas mensagens aos eleitores.8 zéns. A decisão sobre a escolha dos melhores canais pode
não ser o problema para um fabricante. O problema pode
ser convencer um ou alguns intermediários disponíveis
DECISÕES DE PROJETO DE CANAL a trabalhar com sua linha de produtos.
Se a nova empresa for bem-sucedida, pode expan-
Ao projetar canais de marketing, os fabricantes têm dir-se em novos mercados. Novamente, o fabricante ten-
que decidir o que é ideal, viável e o que está disponível. derá a trabalhar com os intermediários existentes, em-
Comumente, uma nova empresa começa com uma ope- bora isto possa significar que deva usar tipos diferentes
8. Veja REIN, Irving, KOTLER, Philip, STOLLER, Martin. High visibility. New York : Dodd, Mead, 1987.
de canais de marketing em áreas diferentes. Em merca- malmente, trabalham dessa maneira; em outra, pode
dos menores, a empresa pode vender por meio de distri- vender por meio de todas as lojas que estejam dispostas
buidores. Em áreas rurais, pode trabalhar com lojas de a trabalhar com a mercadoria. Em um país estrangeiro,
varejo diversificado; em áreas urbanas, com lojas que pode usar agentes de vendas internacionais; em outro,
trabalham com linhas limitadas. Em uma parte do país, pode associar-se a uma empresa local.9 Em resumo, o
pode estabelecer franquias porque os comerciantes, nor- sistema de canal do fabricante evolui em resposta às
9. Para uma discussão técnica sobre como as empresas orientadas para serviço optam em entrar em mercados internacionais, veja ERRAMILLI,
M. Krishna. Service firms' international entry-mode approach: a modified trransaction-cost analysis approach. Journal of Marketing, p. 19-
38, July 1993.
10. PHILLIPS, Kent. Brand of the year. Beverage World, p. 140, May 1994; CAMPANELLI, Melissa. Profiles in marketing: Arnold Greenberg. Sales
and Marketing Management, p. 12, Aug. 1993; STEPHENS, Tim. What makes Snapple pop? Beverage World, p. 200, 202, Oct. 1994.
11. BUCKLIN, Louis E Competition and evolution in the distributive trades. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1972. Veja também STERN e EL-
ANSARI. Op. cit.
Os objetivos de canal devem ser declarados de acor- Após a empresa ter definido seu mercado-alvo e
do com os níveis de produção de serviços visados. Con- posicionamento desejado, ela deve identificar suas al-
forme Bucklin, sob condições competitivas, as institui- ternativas de canal. Uma alternativa de canal é descrita
ções do canal devem organizar suas tarefas funcionais por três elementos: tipos de intermediários, número de
de modo que minimizem o custo total dos níveis de pro- intermediários e condições e responsabilidades de cada
dução de serviços desejados.12 Geralmente, vários seg- participante do canal.
mentos de mercado podem ser identificados, tomando
por base os diferentes níveis de serviços desejados pelos
consumidores. O planejamento eficaz de canal exige a TIPOS DE INTERMEDIÁRIOS. A empresa precisa identifi-
determinação de que segmentos de mercado atender e car os tipos de intermediários disponíveis para conduzir
os melhores canais a usar em cada caso. suas operações de canal. Aqui estão dois exemplos:
Os objetivos de canal variam com as característi-
Um fabricante de equipamentos de teste de-
cas do produto. Os produtos perecíveis exigem mais
senvolveu um dispositivo de áudio para detectar
marketing direto em função dos perigos associados a
conexões mecânicas defeituosas em qualquer má-
atrasos e muita manipulação. Os produtos vendidos a
quina com as peças em movimento. Os executivos
granel, como materiais de construção ou engradados de
da empresa achavam que esse produto seria ven-
refrigerantes, exigem canais que minimizem a distância
dido para todas as indústrias onde máquinas elé-
e o número de manipulações entre o produtor e os con-
tricas de combustão ou a vapor fossem usadas ou
sumidores. Produtos não padronizados, como máquinas
fabricadas, como, por exemplo, de aviação, auto-
fabricadas sob encomenda e formulários administrati-
móveis, estradas de ferro, alimentos enlatados,
vos, são vendidos diretamente pelos representantes de
construção e petróleo. A força de vendas da em-
vendas da empresa. Produtos que exigem instalação e/
presa era pequena. O problema era como atingir
ou serviços de manutenção são, geralmente, vendidos e
efetivamente todas essas indústrias. As seguintes
mantidos pela empresa ou por franquiados exclusivos.
alternativas de canal foram identificadas:
Freqüentemente, os produtos de alto valor unitário são
vendidos por meio da força de vendas da empresa em
vez de por intermediários. • Força de vendas da empresa. Ampliar o número
de vendedores para atender diretamente às in-
O projeto de canal deve levar em consideração as
dústrias potenciais. Nomear representantes de
forças e fraquezas de diferentes tipos de intermediários.
vendas por território para contatar todos os
(Por exemplo, os representantes de fabricantes são pre-
clientes potenciais da área. Desenvolver força
parados para contatar clientes a um baixo custo por visi-
de vendas separadas para cada tipo de setor
ta porque o custo total é compartilhado por diversos cli-
industrial.
entes. Entretanto, o esforço de venda por cliente é me-
nos intenso do que se os vendedores da empresa forne- • Filiais de vendas da empresa. Abrir filiais em
cessem diretamente aos consumidores. Veja o Capítulo diferentes regiões para contatar todos os cli-
22.) O projeto de canal é também influenciado pelos entes potenciais da área.
canais dos concorrentes. • Distribuidores industriais. Encontrar distribui-
dores em diferentes regiões para revender o
O projeto de canal também deve ser adaptado a
produto diretamente às indústrias. Dar-lhes ex-
um ambiente mais amplo. Quando as condições econô-
clusividade de distribuição, margens adequa-
micas são desfavoráveis, os fabricantes devem movimen-
das, treinamento e apoio promocional.
tar seus bens para o mercado usando canais mais curtos
e sem serviços não essenciais que fossem onerar o preço
final dos bens. A legislação e as restrições legais tam- Uma empresa fabricante de produtos eletrô-
bém afetam o projeto de canal. Os legisladores norte- nicos de consumo produz telefones celulares para
americanos são desfavoráveis a projetos de canal que automóveis. Ela identificou as seguintes alternati-
podem tender à substancial diminuição da concorrência vas de canal:
ou à criação de monopólio.
12. BUCKLIN, Louis. A theory of distribution channel structure. Berkeley : Institute of Business and Economic Research, University of Califórnia,
1966.
13. PRIOR, Teri Lammers. Channel surfers. Inc. p. 65-68, Feb. 1995.
14. Para mais informações sobre marketing de relacionamento e administração do canal de marketing, veja HEIDE, Jan B. Interorganizational
governance in marketing channels. Journal of Marketing, p. 71-85, Jan. 1994.
lhido. Alguns deles não têm dificuldades para recrutar • Ofereça a eles um salário fixo anual de $ 80.000
intermediários. Por exemplo, a Toyota estava em condi- mais comissão e $ 375.000 para ajudá-los a estabe-
ções de atrair muitos novos revendedores para o novo lecer o negócio; cada um deverá entrar com $ 25.000
carro Lexus. Em alguns casos, a promessa de distribui- para integralizar o capital do empreendimento.
ção exclusiva ou seletiva atrairá grande número de can- • Deverão vender apenas os produtos Epson, mas es-
didatos. tarão livres para vender softwares de outras empre-
Em outro extremo estão os fabricantes que têm sas. Cada distribuidor contratará um gerente de trei-
dificuldades para atrair intermediários qualificados. namento e instalará um centro de serviços bem equi-
Quando a Polaroid começou suas atividades, não pôde pado.
vender suas câmeras em lojas de equipamentos fotográ-
ficos e foi forçada a usar lojas de varejo de massa. Nor- A empresa de recrutamento enfrentou dificulda-
malmente, os pequenos fabricantes de produtos alimen- des para encontrar candidatos qualificados e motivados.
tícios encontram dificuldades em vender para as redes Os anúncios veiculados no The Wall Street Journal (que
de supermercados. Freqüentemente, os fabricantes de não mencionava o nome da empresa) atraíram 1.700
equipamentos enfrentam muitos problemas para encon- candidatos, a maioria pessoas sem qualificação à procu-
trar distribuidores e revendedores qualificados. Consi- ra de emprego. Depois, a empresa utilizou as Páginas
deremos o que ocorreu com a Epson: Amarelas para levantar os nomes dos distribuidores exis-
tentes e telefonou para os gerentes de segunda linha.
Marcou entrevistas e, após muito trabalho, formou uma
A Epson Corporation, do Japão, líder na fa-
lista de indivíduos altamente qualificados. Whalen en-
bricação de impressoras para computadores, pretendia
trevistou-os e escolheu os 12 candidatos mais qualifica-
expandir sua linha de produtos que incluía computado-
dos para suas 12 áreas de distribuição. A empresa de
res. Insatisfeita com seus distribuidores atuais e não acre-
recrutamento recebeu $ 250.000 pelo serviço.
ditando em sua capacidade de vender para novos tipos
de estabelecimentos de varejo, o diretor geral da empre- A etapa final era despedir os atuais distribuidores
sa, Jack Whalen, decidiu, silenciosamente, recrutar no- da Epson. Eles não tinham idéia do que estava ocorren-
vos distribuidores para substituir os existentes. Whalen do, uma vez que o recrutamento fora conduzido em se-
contratou a Hergenrather & Company, empresa de re- gredo. Jack Whalen deu-lhes um prazo de 90 dias para
crutamento, e deu-lhe as seguintes instruções: o desligamento. Esses distribuidores ficaram chocados,
uma vez que eram os primeiros representantes da em-
presa e trabalhavam sem contrato. Whalen sabia que eles
• Procure candidatos que tenham experiência em dis-
não tinham condições de trabalhar com a nova linha de
tribuição de dois níveis (da fábrica para o distribui-
computadores da empresa; por isso, não viu outra saída
dor e revendedor) na venda de televisores, refrige-
senão despedi-los.15
radores etc.
• Os candidatos têm que estar capacitados e dispostos
a estabelecer suas próprias distribuidoras.
15. BRAGG, Arthur. Undercover recruiting: Epson America's sly distributor switch. Sales and Marketing Management, p. 45-49, 11 Mar. 1985.
18. Estas bases de poder foram identificadas em FRENCH, John R. P., RAVEN, Bertram. The bases of social power. In: CARTWRIGHT, Dorwin
(Org.). Studies in social power. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1959. p. 150-167.
19. Veja ROSENBLOOM, Bert. Marketing channels: a management view. 5. ed. Hinsdale, IL : Driden Press, 1995.
20. McCAMMON JR., Bert C. Perspectives for distribution programming. In: BUCKLIN, Louis E (Org.). Vertical marketing systems. Glenview :
Scott, Foresman, 1970. p. 32.
21. McCAMMON JR. Op. cit. p. 43.
Introdutório: Declínio:
- Microcomputadores: - Microcomputadores:
Baixa lojas especializadas mala direta
- Roupas: butiques - Roupas: lojas de
liquidação
Crescimento: Maturidade:
- Microcomputadores: - Microcomputadores:
Alta revendedores revendedores de massa
especializados - Roupas: revendedores
- Roupas: lojas de de massa
departamentos
28. ADLER, Lee. Symbiotic marketing. Harvard Business Review, p. 59-71, Nov./Dec. 1966; e VARADARAJAN, E "Rajan", RAJARATNAM, Daniel.
Symbiotic marketing revisited. Journal of Marketing, p. 7-17, Jan. 1986.
Administração
de conta
nacional
Vendas diretas
Telemarketing
Canais e métodos
VEND EDOR
Mala direta
Lojas de varejo
Distribuidores
Revendedores
normais e de
valor agregado
Propaganda
Fonte: MORIARTY, Rowland T, MORAN, Ursula. Marketing hybrid marketing systems. Harvard Business Review, p. 150, Nov./Dec. 1990.
Figura 18.5 Grid híbrido.
retamente aos compradores corporativos, bem como por controle ocorrem à medida que os novos canais são mais
meio de varejos de massa especializado em produtos ele- independentes e a cooperação torna-se mais difícil.
trônicos, pequenas lojas especializadas e revendedores Está claro que as empresas precisam pensar ante-
de valor agregado. cipadamente em sua arquitetura de canal. Moriarty e
Ao acrescentar mais canais, as empresas podem Moran propõem o uso de um grid híbrido para planejar
ganhar três benefícios importantes. O primeiro é o au- a arquitetura de canal (Figura 18.5).29 O grid mostra
mento da cobertura de mercado. Freqüentemente, as vários canais e tarefas de marketing. Uma prática co-
empresas acrescentam um canal para atingir um seg- mum é as empresas estabelecerem canais diferentes para
mento de consumidores que seus canais atuais não po- vender a diferentes grupos de consumidores classifica-
dem cobrir (por exemplo, contratar agentes rurais para dos por tamanho. Por exemplo, a empresa pode usar uma
atender a agricultores geograficamente dispersos). O força de venda direta para atender a grandes consumi-
segundo é a redução do custo de canal. As empresas dores, um canal de telemarketing para vender a consu-
podem criar um novo canal para reduzir seus custos de midores médios e distribuidores para cuidar de peque-
venda a determinado grupo de consumidores (por exem- nos consumidores e não consumidores. Esta parece ser
plo, vender por telefone em vez de fazer visita pessoal a uma solução atraente porque a empresa pode atender a
pequenos consumidores). O terceiro é a customização maior número de consumidores a um custo adequado,
da venda. As empresas podem criar um novo canal cujas prestando um serviço personalizado. Entretanto, estas
características de vendas se ajustem às exigências dos vantagens podem aumentar o nível de conflito sobre
consumidores (por exemplo, criar uma força de venda quem é proprietário da conta. Por exemplo, os vendedo-
técnica para vender equipamentos mais complexos). res podem desejar o crédito por todas as vendas de seus
Entretanto, os ganhos de acréscimo de novos ca- territórios, independentemente do tamanho da conta ou
nais têm um preço. Normalmente, eles introduzem pro- do canal de marketing usado.
blemas de conflito e controle. O conflito ocorre quando Swartz e Moriarty acreditam que há outra melhor
dois ou mais canais da mesma empresa terminam con- maneira de planejar e administrar um sistema híbrido
correndo pelos mesmos consumidores. Os problemas de de canal. 30 Segundo esses autores, as tarefas de
29. Veja MORIARTY, Rowland T., MORAN, Ursula. Marketing hybrid marketing systems. Harvard Business Review, p. 146-155, Nov./Dec. 1990.
30. Para mais informações sobre este assunto, veja SWARTZ, Gordon S., MORIARTY, Rowland T. Marketing automation meets the capital
budgeting wall. Marketing Management, 1, n. 3, 1992.
marketing, e não os canais de marketing, formam os blo- da conta. Esse sistema de administração e arquitetura
cos fundamentais para a arquitetura de canal. Eles pro- de canal híbrido otimiza a cobertura, customização e
põem a criação de um banco de dados centralizado que controle, além de minimizar o custo e o conflito.
contém informações sobre os consumidores atuais, con-
sumidores potenciais, produtos, programas de marketing
e métodos. A geração de consumidores interessados se- Papéis das empresas individuais em um
ria feita por anúncios, mala direta e telemarketing. O canal
uso de telemarketing possibilitaria a qualificação da ven-
da. A tarefa de pré-venda empregaria propaganda, mala Cada empresa participante de um setor industrial
direta e telemarketing. Os consumidores interessados precisa definir seu papel no sistema de canal. McCammon
pelo produto seriam transferidos para a força de vendas distinguiu cinco papéis:31
que ficaria responsável pelo fechamento da venda. Os
serviços seriam de responsabilidade dos distribuidores e • Dominantes. São as empresas participantes de um
vendedores. Os vendedores cuidariam da administração canal que têm acesso às principais fontes de supri-
31. McCAMMON JR., Bert C. Alternative explanations of institutional change and channel evolution. In: GREYSER, Stephen A. (Org.). Toward
sáentific marketing. Chicago : American Marketing Association, 1963. p. 477-490.
mentos e são muito respeitadas no setor em que atu- • Transitórias. Empresas não interessadas em perten-
am. Desejam perpetuar a organização do canal exis- cer ao canal dominante. Entram no mercado e saem
tente e são as principais seguidoras das normas de dele e movimentam-se à medida que surgem opor-
conduta vigentes. tunidades. Possuem expectativas a curto prazo e
• Batalhadoras. São as empresas que procuram tor- pouco incentivo para aderir às normas do setor.
nar-se dominantes. Têm menor acesso às principais • Inovadoras externas. São as empresas que desafiam
fontes de suprimentos, o que pode criar-lhes obstá- e causam distúrbios no canal dominante. Desenvol-
culos em períodos de escassez. Seu interesse em vem um novo sistema para conduzir o trabalho de
dominar o canal faz com que apoiem as normas vi- marketing do canal. Quando são bem-sucedidas,
gentes. forçam grandes mudanças no canal. São empresas
• Complementar es. Essas empresas não fazem parte do como McDonald's, Avon e Dell Computer que de-
canal dominante. Desempenham funções não nor- senvolveram novos sistemas para desafiar os anti-
malmente executadas por outras empresas do ca- gos.
nal, atendem a segmentos de mercado menores ou
trabalham com pequenas quantidades de mercado- Outro papel importante é exercido pelo líder do
rias. Geralmente, beneficiam-se do sistema atual e canal, que domina um canal específico. Por exemplo, a
respeitam as normas do setor. General Motors é a líder de canal de um sistema consti-
32. Veja PUROHIT, Devarat, STAELIN, Richard. Rentals, sales; and buybacks: managing secondary distribution channels. Journal of Marketing
Research, p. 325-338, Aug. 1994.
33. Esta seção foi baseada em STERN e EL-ANSARY. Op. cit. Cap. 6.
RESUMO
1. A maioria dos fabricantes não vende seus bens dire- vai distribuir seus produtos exclusivamente, seleti-
tamente aos usuários finais. Entre eles há um ou mais vamente ou intensivamente, e deve explicitar clara-
canais de marketing, um conjunto de intermediári- mente as condições e responsabilidades de cada par-
os que desempenha várias funções. As decisões de ticipante do canal.
canal estão entre as mais críticas que a administra- 4. A administração de canal eficaz exige a seleção e a
ção enfrenta. A escolha de canal da empresa afeta motivação de intermediários. A meta é construir uma
intimamente todas as outras decisões de marketing. parceria a longo prazo que seja rentável para todos
2. As empresas usam intermediários quando lhes fal- os participantes do canal. Os participantes de um
tam recursos financeiros para vender diretamente canal devem ser periodicamente avaliados em rela-
aos consumidores, marketing direto não é viável e ção a padrões preestabelecidos e as organizações de
podem ganhar mais adotando essa prática. O uso de canal podem precisar ser modificadas quando as
intermediários resume-se em sua eficiência supe- condições de mercado mudarem.
rior em tornar os bens amplamente disponíveis e 5. Os canais de marketing são caracterizados por mu-
acessíveis aos mercados-alvos. As funções mais im- danças contínuas e, às vezes, dramáticas. Três das
portantes desempenhadas pelos intermediários são principais tendências são o crescimento de sistemas
informações, promoção, negociação, pedido, finan- de canal vertical (corporativos, administrados e
ciamento, risco, posse física, pagamento e proprie- contratuais), sistemas de canal horizontal e siste-
dade. Essas funções de marketing são mais básicas mas de multicanais.
do que o próprio atacadista e as instituições de va- 6. Todos os canais de marketing oferecem algum po-
rejo que possam existir em qualquer momento. tencial de conflito e a concorrência resultante de-
3. Os fabricantes enfrentam muitas alternativas de ca- corre de fontes como incompatibilidade de metas,
nal para atingir um mercado. Podem vender direta- papéis e direitos indefinidos, diferenças de percep-
mente ou usar um, dois ou três níveis de canais. A ção e relacionamentos interdependentes. As empre-
decisão sobre que tipo(s) de canal usar exige (1) sas podem administrar o conflito de canal definindo
análise das necessidades dos consumidores, (2) es- metas superordenadas, trocando pessoas entre dois
tabelecimento dos objetivos de canal, (3) identifica- ou mais níveis de canal, cooptando o apoio de líde-
ção e avaliação das principais alternativas de canal, res de partes diferentes do canal e encorajando a
incluindo os tipos e número de intermediários que participação conjunta em associações comerciais.
estarão envolvidos. A empresa deve determinar se
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Por muitos anos, muitos funcionários das grandes exemplo, os vendedores desse país trabalham atra-
empresas japonesas tinham a segurança de "empre- vés do jinmyaku, uma rede de contatos que é o cen-
go para toda a vida". Começaram suas carreiras na tro de interesse da sociedade nipônica.
empresa e aposentaram-se após 30 ou 40 anos de A Amway, empresa que vende sabão em pó, vitami-
serviço. Embora esse tipo de emprego já não seja nas, cosméticos, sabonetes e outros bens de consu-
garantido, a cultura japonesa é ainda fortemente mo porta a porta nos Estados Unidos, entrou no mer-
orientada para o relacionamento e a família. Por cado japonês. Que canal(ais) de distribuição você
No capítulo anterior, examinamos os intermediá- também segmentando seus mercados, melhorando me-
rios de marketing com base no ponto de vista dos fabri- tas de mercado-alvo e posicionamento e procurando
cantes que desejam construir e administrar seus canais agressivamente a expansão de mercado e estratégias de
de marketing. Neste capítulo, examinamos esses inter- diversificação.
mediários - varejistas, atacadistas e organizações de Neste capítulo, responderemos às seguintes ques-
logística - como formuladores de suas próprias estraté- tões sobre cada setor (varejista, atacadista e empresas
gias de marketing. Alguns desses intermediários são tão de distribuição física):
grandes e poderosos que dominam os fabricantes com
os quais trabalham. Muitos estão usando planejamento • Quais os principais tipos de organizações
estratégico, sistemas de informações avançados e ferra- que ocupam este setor?
mentas de marketing sofisticadas. Estão mensurando o • Que decisões de marketing as organizações
desempenho mais em termos de retorno sobre o investi- tomam neste setor?
mento do que em termos de margem de lucro. Estão • Quais as principais tendências neste setor?
LOJAS DE Vendem uma linha de produtos estreita com um profundo sortimento Athlete's Foot (apenas
ESPECIALIDADE dentro dessa linha: roupas, materiais esportivos, móveis, floriculturas e calçados esportivos);
livrarias. Podem ser subclassifícadas pelo grau de abrangência de sua Tall Men (roupas
linha de produtos. Uma loja de roupas seria uma loja de linha única; uma para homens altos);
loja de roupas masculinas seria uma loja de linha limitada e uma loja de The Body Shop
camisas masculinas sob medida seria uma loja superespecializada. Alguns (cosméticos e artigos
• analistas debatem que, no futuro, as lojas superespecializadas crescerão de banho)
aceleradamente pela vantagem das crescentes oportunidades de
segmentação de mercado, práticas de mercado-alvo e especialização do
produto.
LOJAS DE Vendem várias linhas de produtos, tipicamente roupas, móveis e utilidades Sears, Saks Fifth
DEPARTAMENTOS domésticas, em que cada linha é operada como um departamento Avenue, Marshall
separado, administrado por compradores especializados. Fields, May's, J. C.
Penney, Nordstrom,
Bloomingdale's,
Macy's
SUPERMERCADOS Relativamente grandes, operam com custo baixo, margem pequena, Grand Union, Kroger,
volume elevado, auto-serviço projetado para atender às necessidades Wilson's
totais dos consumidores em termos de alimentos, produtos de higiene Supermarkets,
pessoal e de limpeza e produtos para a manutenção do lar. Operam com Safeway, Food Lion,
lucro operacional de apenas 1% sobre as vendas e obtêm lucro de 10% Waldbaums, A&P,
sobre o patrimônio líquido. Apesar da forte concorrência de concorrentes Shop Rite
novos e inovadores como superlojas e lojas de descontos, os
supermercados permanecem o tipo de loja de varejo mais
freqüentemente visitado pelos compradores.
LOJAS DE São lojas relativamente pequenas, localizadas próximo às áreas 7-Eleven, Circle K,
CONVENIÊNCIA residenciais, permanecendo abertas além do horário normal e sete dias Wawa
por semana. Vendem uma linha limitada de produtos de conveniência de
alta rotatividade. Seu horário de funcionamento amplo e o fato de os
consumidores as procurarem para compras complementares e de última
hora as caracterizam como estabelecimentos de preços relativamente
altos. Muitas vendem sanduíches, café e massas semipreparadas.
Preenchem uma importante necessidade do consumidor e as pessoas
parecem dispostas a pagar pela conveniência.
LOJAS DE Vendem mercadorias padronizadas a preços mais baixos porque trabalham Lojas de descontos de
DESCONTOS com pequenas margens e grande volume. 0 uso de descontos ocasionais linhas completas: Wal-
ou especiais não caracterizam uma loja de descontos. Esta vende Mart, Kmart
regularmente suas mercadorias a preços baixos, oferecendo a maioria das Lojas de descontos de
marcas nacionais e não produtos inferiores. As lojas de descontos estão especialidade: Circuit
indo além da venda de mercadorias básicas ao vender com desconto City (produtos
produtos disponíveis em lojas de especialidade, como as de materiais eletrônicos), Crown
esportivos, produtos eletrônicos de consumo e livros. Bookstores (livros)
Outlets de fábrica Operados pelos próprios fabricantes, normalmente vendem sobras e Mikasa (louças e
mercadorias descontinuadas ou irregulares. Tais estabelecimentos estão- artigos para o lar),
se agrupando cada vez mais em shoppings de fabricantes, onde dezenas Dexter (calçados)
de lojas oferecem preços até 50% inferiores aos praticados pelos varejos Ralph Lauren e Liz
tradicionais e de ampla variedade de itens. Clairbone (roupas
finas)
VAREJOS DE São de propriedade ou dirigidos por empreendedores ou por divisões de Filene's Basement,
LIQUIDAÇÃO corporações varejistas maiores. Loehmann's, TJX
(Cont.) Cos. (Hit ou Miss e
Varejos de liquidação T. J. Maxx)
independentes
Clubes de atacadistas Vendem uma seleção limitada de produtos alimentícios de marcas Sam's Club, Max
conhecidas, eletrodomésticos, roupas e uma miscelânea de outros bens Clubs, Price-Costco
com grandes descontos aos associados que pagam anuidades de $ 25 a da Wal-Mart,
$ 50. Atendem a pequenos varejistas e a órgãos governamentais, Wholesale Club da
organizações que não visam o lucro e algumas grandes empresas. BJ.
Operam com grandes volumes, possuem despesas baixas por estarem
localizados em armazéns e oferecem poucos serviços. Seus custos são
inferiores porque compram em grandes quantidades e usam pouca mão-
de-obra na estocagem. Não fazem entregas ou aceitam cartões de
crédito. Oferecem preços bem baixos, normalmente, 20 a 40% abaixo
dos preços dos supermercados e lojas de descontos.
SUPERLOJAS O espaço de venda médio das superlojas é de aproximadamente 11.000 Borders Books and
metros quadrados. Visam atender à necessidade total dos consumidores Music (livros e
para compras rotineiras de alimentos e de itens não-alimentos. discos), Petsmart
Geralmente, oferecem serviços como lavanderia, lavagem a seco, (suprimentos para
reforma de calçados, caixas eletrônicos recebimento de contas. Em anos animais de
recentes, as superlojas têm-se tornado lojas de especialidade gigantes, estimação), Staples
que vendem sortimento muito amplo de uma linha específica, (suprimentos de
empregando funcionários bem preparados. Variações das superlojas escritório), Home
incluem a loja mista e o hipermercado. Depot (material de
construção e de
decoração)
Lojas mistas Representam uma diversificação do supermercado para o promissor A A&P combina
campo de medicamentos vendidos sob prescrição médica. Ocupam lojas que oferecem
espaço de venda médio de 17.000 metros quadrados. completa linha de
alimentos e uma
farmácia com
amplo serviço.
Hipermercados Variam de 24.000 a 67.000 metros quadrados e combinam os princípios Carrefour e Cassino
do supermercado, das lojas de descontos e dos varejos de fábrica. Seu (França); Pyrca,
sortimento de produtos vai além de bens comprados rotineiramente, Continente e
incluindo móveis, eletrodomésticos grandes e pequenos, itens de Alcampo
vestuário e muitos outros produtos. A abordagem básica é a exposição de (Espanha), Meijer's
grandes volumes de produtos com mínima manipulação por parte dos (Holanda)
funcionários. São oferecidos descontos aos consumidores que estiverem
dispostos a carregar utilidades domésticas de maior porte e móveis. O
primeiro hipermercado originou-se na França, e esta forma de varejo é
ainda muito popular na Europa.
SHOWROOMS DE Vendem uma seleção ampla de bens de marcas conhecidas que permitem Service
VENDA POR markup alto, giro rápido e descontos nos preços. O sortimento oferecido Merchandising
CATÁLOGOS inclui jóias, ferramentas elétricas, câmeras fotográficas, malas de viagem,
pequenos eletrodomésticos, brinquedos e materiais esportivos. Os
consumidores escolhem os bens em catálogos, que depois são retirados
na área de expedição do showroom. Ganham dinheiro cortando custos,
reduzindo a margem de lucro e vendendo barato, o que possibilita maior
volume de vendas.
Fontes: Para leitura complementar, veja RICKARD, Leah. Supercenters entice shoppers. Advertising Age, p. 1-10, 29 Mar. 1995; CHANIL, Debra.
Wholesale clubs: a new era? Discount Merchandiser, p. 38-51, Nov. 1994; FORSYTH, Nelson. Department stores industry reestructures
for the 90s'. Chain Store Age Executive, p. 29A-30A, Aug. 1993; FOGG, John Milton. The giant awakens. Success, p. 51, Mar. 1995; e
ELDRIDGE, Douglas. Non-store retailing: planning for a big future. Chain Store Age Executive, p. 34A-35A, Aug. 1993.
1. DAVIDSON, William R., BATES, Albert D., BASS, Stephen J. Retail life cycle. Harvard Business Review, p. 89-96, Nov./Dec. 1976.
2. HOLLANDER, Stanley C. The Whell of retailing. Journal of Marketing, p. 37-42, July 1960.
Bloomingdale's Wall-Mart
Estreia
Valor agregado
Alto Baixo
Fonte: GREGOR, William T., FRIARS, Eileen M. Money mercahndising: retail revolution in consumer financial service. Cambridge, MA : The
MAC Group, 1982.
Figura 19.1 Mapa de posicionamento de varejo.
VAREJO SEM LOJA. Embora a esmagadora maioria dos sumidores. No passado, isto era possível oferecendo-se
bens e serviços sejam vendidos através de lojas, o varejo localização conveniente, sortimentos de bens especiais
sem loja vem crescendo mais rápido do que o varejo de ou exclusivos, serviços mais amplos ou melhores do que
loja, representando mais de 12% de todas as compras os concorrentes e cartões de crédito de loja para favore-
dos consumidores. Este tipo de varejo é classificado em cer as compras a prazo. Tudo isso mudou. Hoje, muitas
quatro grandes categorias: venda direta, marketing di- lojas oferecem sortimentos similares: marcas nacionais
reto, venda automática e serviço de compra (veja a Ta- como Calvin Klein, Izod e Levi são agora encontradas na
bela 19.2). Alguns observadores prevêem que um terço maioria das lojas de departamentos, varejos de venda
de todas as vendas no varejo será realizado através de em massa e lojas de descontos. Os fabricantes de marcas
canais sem loja no final do século, como compra pelo nacionais, em sua orientação por volume, espalham seus
correio, por televisão e por computador, via Internet, no produtos em todos os pontos de vendas disponíveis. O
final do século. resultado é que as lojas de varejo e outros tipos de vare-
jo têm crescido e estão cada vez mais parecidos.
ORGANIZAÇÕES DE VAREJO. Embora muitas lojas de va-
A diferenciação dos serviços também não existe
rejo sejam independentes, crescente número delas está mais. Muitas lojasde departamentos têm ampliado seus
tomando alguma forma de varejo corporativo. As orga- serviços, o mesmo ocorrendo com muitas lojas de des-
nizações de varejo obtêm economia de escala em função contos. Os consumidores se tornaram mais espertos e
de maior poder de compra, reconhecimento de marca mais sensíveis a preço. Não vêem mais razão para pagar
mais ampla e funcionários melhor treinados. Os princi- mais por marcas idênticas, principalmente quando as
pais tipos de varejo corporativo (rede corporativa, rede diferenças entre os serviços estão diminuindo. Não ne-
voluntária, cooperativas de varejistas, cooperativas de cessitam mais de cartões de crédito de loja porque os
consumidores, organizações de franquia e conglomera- cartões de crédito bancários se tornaram cada vez mais
dos de comercialização) são descritos na Tabela 19.3. O aceitos por todas as lojas.
franchising é descrito em detalhes na seção Insight de Por todas essas razões, muitos varejistas, hoje, es-
Marketing intitulada "A febre do franchising". tão repensando suas estratégias de marketing.3 Por exem-
plo, em face do aumento da concorrência das lojas de
descontos e de especialidade, as lojas de departamentos
estão dando sua resposta. Historicamente localizadas na
Decisões de marketing de varejo
parte central das cidades, muitas abriram filiais em
shopping centers localizados nas cercanias das cidades,
Os varejistas atuais estão ansiosos para encontrar onde há áreas de estacionamento e a renda familiar é
novas estratégias de marketing para atrair e manter con- mais alta. Outras estão incrementando suas vendas ao
3. Para uma discussão mais ampla sobre o assunto, veja WORTZEL, Lawrence H. Retailing strategies for today's marketplace. Journal of
Business Strategy, p. 45-56, Spring 1987; veja também BLACKWELL, Roger D., TALARZYK, W. Wayne. Life-style retailing: competitive strategies
for the 1980s. Journal of Retailing, p. 7-26, Winter 1983.
VENDA DIRETA Começou há séculos com mascates intinerantes e representa uma atividade de $ 9
bilhões, em que cerca de 600 empresas vendem porta a porta, escritório a
escritório e em reuniões domiciliares. (A venda direta aqui descrita não inclui a
venda business to business). Há três tipos de venda direta: venda um a um, venda
de um para muitos (reuniões) e marketing de multinível (rede).
Venda um a um Um(a) vendedor(a) visita e procura vender produtos a um usuário potencial. Avon (produtos para cuidado
pessoal), Fuller Brush
Company (produtos de
limpeza), Electrolux
(aspiradores de pó),
Southwestern Company of
Nashville (bíblias), World
Book (enciclopédias)
Venda de um Uma vendedora dirige-se à casa de uma anfitriã que convidou amigas e vizinhas Tupperware, Mary Kay
para muitos para uma reunião. Ela demonstra os produtos e tira os pedidos. Freqüentemente, (cosméticos)
(reuniões de as vendedoras de alto desempenho são altamente recompensadas; por exemplo, a
venda) Mary Kay oferece às melhores vendedoras o direito de dirigir um Cadillac cor-de-
rosa durante um ano.
Marketing de Iniciado pela Amway, cujas vendas atingiram $ 5,3 bilhões em 1994, com metade de Amway, Shaklee, NuSkin
multinível seus negócios ocorrendo no Japão e na região do Pacífico Asiático. É uma variante
(rede) da venda direta em que as empresas recrutam empresários independentes que
atuam como distribuidores de seus produtos. Esses distribuidores, por sua vez,
recrutam e vendem a subdistribuidores, que, eventualmente, recrutam outras
pessoas para vender seus produtos, geralmente, nas residências dos consumidores.
A remuneração de um distribuidor inclui uma porcentagem das vendas de todo o
grupo que ele recrutou, além dos ganhos decorrentes de qualquer venda direta a
clientes varejistas.
MARKETING Tem suas raízes na venda pelo correio, mas hoje inclui outras maneiras de atingir as Home Shopping Network e
DIRETO pessoas como telemarketing, marketing de resposta direta via televisão QVC Network (resposta
(programas de compra diretamente da residência e infocomerciais) e compra direta via televisão); Land's
eletrônica (descrita em detalhes no Capítulo 23). End, L. L. Bean e Spiegel
(lojas de catálogo); 1-800-
FLOWERS (telemarketing)
VENDA Tem sido aplicada a uma considerável variedade de produtos, incluindo bens de Máquinas de venda da Coca-
AUTOMÁTICA impulso e de alto valor de conveniência (cigarros, refrigerantes, chocolates, Cola, caixa de jornais para a
jornais, bebidas quentes) e outros produtos (lingerie, cosméticos, lanches, sopas e venda do The New York
alimentos quentes, livros, álbuns de discos, filmes, camisetas, apólices de seguro, Times.
limpeza de sapatos e até minhocas para pescaria). No Japão, a venda automática
por máquinas vai além ao vender jóias, carne congelada, flores naturais, uísque e
até nomes de parceiros potenciais para encontros. As máquinas de venda são
encontradas em fábricas, escritórios, grandes lojas de varejo, postos de gasolina,
hotéis, restaurantes e em muitos outros locais. Essas máquinas oferecem aos
consumidores as vantagens da venda 24 horas, auto-serviço e ausência de
manipulação por terceiros.
SERVIÇO DE Um varejista sem loja atende a consumidores específicos, geralmente, funcionários United Buying Service
COMPRA de grandes organizações como escolas, hospitais, sindicatos e órgãos (oferecer a seus 900.000
governamentais. Os funcionários associam-se ao serviço de compra e recebem afiliados a oportunidade de
•
autorização para comprar de uma lista selecionada de varejistas que concordam comprar mercadorias pelo
em dar descontos aos filiados. Assim, um consumidor que esteja à procura de custo mais 8% de comissão)
uma câmera de vídeo retira um formulário aprovado do serviço de compra, leva-
o a um varejista selecionado e compra o aparelho com desconto. Depois, o
varejista paga uma pequena comissão para o serviço de compra.
Fontes: Para leitura complementar, veja ELDRIDGE, J. Douglas. Nonstore retailing: planning for a big future. Chain Store Age Executive, p. 34A-
35A, Aug. 1993; e CLOTHIER, Peter. Multi-level marketing: a practical guide to successful network selling. Londres: Kogan Page, 1990.
LOJAS DE REDES Dois ou mais estabelecimentos Comumente de propriedade e Tower Records, Fayva
CORPORATIVAS controle centralizados, empregam central de compras e de (calçados), Pottery Barn
merchandising e vendem linhas de produtos similares. As redes (artigos e móveis para o lar)
corporativas parecem em todos os tipos de varejo, mas são
mais fortes em lojas de departamentos, variedades, alimentos,
produtos farmacêuticos, calçados e roupas femininas. Seus
tamanhos permitem que comprem em grandes quantidades a
preços mais baixos. Podem pagar pela contratação de especia-
listas para cuidarem de áreas como preço, promoção,
merchandising, controle de estoque e previsão de vendas.
REDE VOLUNTÁRIA Consiste em um grupo de varejistas independentes patrocinado Independem Grocers Alliance
por um atacadista, engajado em comprar grandes lotes e (IGA) em (produtos
compartilhar o serviço de merchandising. alimentícios), True Value
(ferragens e materiais de
construção)
COOPERATIVA DE Consiste em varejistas independentes que criam uma organização Associated Grocers (produtos
VAREJISTAS central de compra e adotam esforços promocionais conjuntos. alimentícios), ACE
(ferragens e materiais de
construção)
CONGLOMERADO Corporação que combina várias linhas de varejo diversificados A F. W. Woolworth, além de
DE COMERCIALI- sob propriedade central, acompanhada de alguma integração sua variedade de lojas, opera
ZAÇÃO de suas funções de distribuição e administração. a Kinney Shoe Stores,
Afterthoughts (lojas
especializadas em jóias e
bolsas), Herald Square
Stationers, Frame Scene e
Kids Mart
Fonte: Para leitura complementar, veja TILLMAN, Rollie. Rise of the conglomerchant. Harvard Business Review, p. 44-51, Nov./Dec. 1971. Veja
também THE franchising handbook, Spring 1995 (1020 N. Broadway, Suite 111, Milwaukee, WI 53202).
remodelar as lojas e implantar o atendimento pelo cor- loja deve focar compradores de grande, médio ou pe-
reio e telemarketing. Em face da concorrência das queno poder de compra? Os compradores-alvos dese-
superlojas, os supermercados estão abrindo lojas maio- jam variedade, sortimento profundo ou conveniência?
res, vendendo maior número e variedade de itens e am- A.té que o mercado-alvo seja definido e seu papel deli-
pliando suas instalações. Também aumentaram seus or- neado, o varejista não pode tomar decisões consistentes
çamentos promocionais e passaram a oferecer marcas sobre sortimento de produtos, decoração de loja, men-
privadas para reduzir a dependência das marcas nacio- sagens e mídias de propaganda, níveis de preço etc.
nais e ampliar suas margens de lucro. Muitos varejistas não deixam claro quais são seus
Examinaremos as decisões de marketing enfrenta- mercados-alvos. Ao tentarem satisfazer a muitos merca-
das pelos varejistas nas áreas de mercado-alvo, sortimen- dos, acabam não satisfazendo bem a nenhum deles.
to e compra de produtos, serviços e atmosfera de loja, Mesmo a Sears, que atende a públicos bem diferentes,
preço, promoção e localização. deve definir melhor que grupos devem constituir seus
principais mercados-alvos, podendo, assim, ajustar seus
sortimentos de produtos, preços, localizações e promo-
Decisão de Mercado-alvo. A decisão mais impor-
ções a esses grupos.
tante de um varejista diz respeito ao mercado-alvo. A
Algumas varejistas têm definido muito bem seus $ 67 bilhões, o que a torna a maior organização norte-
mercados-alvos. Aqui estão dois bons exemplos de em- americana de varejo. Seu segredo: pequenas cidades-
presas, cujos fundadores estão entre os homens mais ri- alvos, ouvir os consumidores, tratar os funcionários como
cos dos Estados Unidos: parceiros, comprar com cuidado e manter as despesas
bem controladas. Cartazes com os dizeres "Satisfação
garantida ou devolução do dinheiro" e "Vendemos pelo
WAL-MART O já falecido Sam Walton e seu irmão menor preço" estão colocados em destaque na entrada
abriram a primeira loja de descontos Wal-Mart em de cada loja, e os consumidores, freqüentemente, rece-
Rogers, Arkansas, em 1962. Era uma grande loja tipo bem as boas-vindas de recepcionistas que se dispõem a
armazém, plana, destinada a vender tudo, desde ajudar na compra. A Wal-Mart gasta consideravelmente
autopeças e pequenos eletrodomésticos, aos preços mais menos do que a Sears e a Kmart em propaganda e, mes-
baixos possíveis para uma pequena cidade norte-ameri- mo assim, suas vendas estão crescendo a uma taxa de
cana. Mais recentemente, a Wal-Mart tem construído 28% ao ano. Além disso, ela é freqüentemente citada
lojas em cidades maiores. Hoje, ela opera 2.000 lojas como pioneira do varejo. Ao praticar preço baixo todos
nos Estados Unidos, 419 Sam's Club (clube de atacado) os dias (veja no Capítulo 17) e intercâmbio eletrônico
e 68 supercentros. Seu faturamento anual é superior a de dados para agilizar a reposição de estoques, vem sen-
Preços altos em relação às outras lojas Preços baixos em relação às outras lojas
Fonte: Adaptado de CRAVENS, David W., HILLS, Gerald E., WOODRUFF, Robert B. Marketing decision making: concepts and strategy.
Homewood : Richard D. Irwin, 1976. p. 234
Figura 19.2 Comparação entre a velha e a nova imagem de uma loja que procura atrair um mercado de classe.
do imitada por outros varejistas. Foi a primeira megaloja sendo destinadas a público muito "jovem" e eram mal
a entrar no varejo global. Opera 67 lojas de descontos e costuradas. Os fabricantes disseram que a The Limited
Sam's Clubs no México, três no Brasil e duas na Argenti- perdeu sua direção de moda quando começou a com-
na. Possui lojas em joint venture em Hong Kong e está prar muita mercadoria de fornecedores asiáticos. Fazer
planejando entrar na China.4 encomendas do exterior exige a tomada de decisões com
meses de antecedência, que por sua vez, dificulta a
estocagem de moda atual e o controle de qualidade.
THE LIMITED Leslie H. Wexner fez um empréstimo
Agora, para reconquistar os negócios perdidos, a The
de $ 5.000, em 1963, para fundar a The Limited Inc., que
Limited Inc. está fazendo um esforço concentrado para
começou com uma pequena loja orientada para as mu-
encontrar produtos atualizados e criativos para suas 721
lheres jovens preocupadas com a moda. Todos os aspec-
lojas The Limited.5
tos da loja - sortimento de roupas, instalações, música
ambiente, cores, funcionários - foram organizados para Dada a experiência da The Limited, os varejistas
atender às consumidoras-alvos. Ele continuou abrindo devem fazer pesquisa de marketing periódica para se
mais lojas, mas uma década após, suas consumidoras assegurarem de que estão atingindo e satisfazendo seus
originais não pertenciam mais ao grupo jovem. Para atrair consumidores-alvos, principalmente em setores domina-
as novas "jovens", fundou a Limited Express. No decor- dos por clientes volúveis como o de vestuário. Conside-
rer dos anos, fundou ou comprou outras redes de lojas remos uma loja que procura atrair consumidores ricos,
orientadas para mercados-alvos, incluindo a Lane Bryant, mas cuja imagem é a representada pela linha contínua
Victoria's Secret, Lerners, Abercrombie & Fitch, Bath & da Figura 19.2. A imagem da loja não atrai esse merca-
Body Works etc. Hoje, a The Limited opera 4.918 lojas do-alvo. Ela precisa definir-se entre atender ao mercado
em 12 divisões de varejo. Suas vendas foram de $ 7,5 de massa ou remodelar-se para se tornar uma "loja de
bilhões em 1994. classe". Suponhamos que sua administração escolha a
segunda opção. Algum tempo depois, seus consumido-
res são entrevistados. A nova imagem da loja está repre-
Entretanto, apesar de seu sucesso, a The Limited sentada pela linha pontilhada da mesma figura. Ela foi
Inc. tem enfrentado muitos desafios. As vendas das lojas bem-sucedida ao realinhar sua imagem, aproximando-a
de sua principal rede, a The Limited, começaram a de- de seu mercado-alvo.
clinar em 1992, caindo ainda mais por três anos conse- Ao mesmo tempo, o posicionamento de uma loja
cutivos. Suas consumidoras na faixa dos 30 anos para- de varejo deve ser elástico, principalmente se ela estiver
ram de freqüentá-las ao notar que as roupas estavam localizada em pontos de diferentes padrões socioeco-
4. SAPORITO, Bill. And the winner is still ... Wal-Mart. Fortune, p. 62-70, 2 May 1994.
5. PRESSLER, Margaret Webb. Looking to rack up a recovery: The Limited struggles with a sagging image and sagging sales. The Washington
Post, 24 Jan. 1995, Dl:2; CAMINITI, Susan. The Limited: in search of the 90's consumer. Fortune, p. 100, 21 Sept. 1992.
7. Veja TREACY, Michael, WIERSEMA, Fred. Customer intimacy and other discipline values. Harvard Business Review, p. 84-93, Jan.-Feb. 1993.
1. Propaganda cooperativa. O fabricante concorda em pagar ao varejista parte dos custos de propaganda de seu produto.
2. Etiquetagem prévia de preço. Os produtos são entregues ao varejista com etiquetas contendo o preço, nome do fabri-
cante, tamanho, número de identificação e cor; essas etiquetas ajudam a reposição dos produtos à medida que forem
vendidos.
3. Estocagem mínima. O fabricante coloca seu estoque à disposição do varejista para entrega imediata dos produtos
solicitados.
4. Sistema de reposição automática. O fabricante fornece ao varejista formulários de pedidos e sistema eletrônico de
reposição automática por computador.
5. Auxílios para propaganda. O varejista recebe fotos de produtos e roteiros de anúncios para a preparação de suas
campanhas.
6. Preços especiais. O fabricante negocia preços especiais para promoções na loja do varejista.
7. Privilégios de devolução e troca. O varejista têm liberdade para devolver ou trocar mercadorias.
8. Concessões especiais para redução de preço. O varejista entra em acordo com o fabricante para baixar temporariamente
o preço do produto.
9. Patrocínio de demonstrações na loja. O fabricante envia promotores ou autoriza o varejista a contratá-los, assumindo o
custo parcial ou total do trabalho.
compras. Eles estão explorando meios de liberar aromas CHICAGO RESTAURANTS Richard Melman é um
através de dispositivos colocados nas prateleiras para conhecido dono de restaurantes em Chicago. Cada um
estimular fome ou sede. (Entretanto, alguns críticos têm de seus 32 restaurantes é temático: o Tucci Benucch lem-
levantado questões éticas em relação a essas influências bra um "café italiano"; o Ed Debevic assemelha-se a um
subliminares.) Algumas lojas de departamentos sofisti- restaurante popular dos anos 50; o R. J. Grunts imita
cadas vaporizam fragrâncias de perfumes em certos de- uma lanchonete que vende hambúrguer e chili; o Ambria
partamentos. O New Otani Hotel, de Cingapura, gastou é um restaurante elegante eu serve em cristais e à luz de
$ 8 milhões em uma cascata comandada pelo volume da vela. Conforme o consultor especializado em restauran-
música ambiente. Ambientes artificiais são projetados tes, Ronald N. Paul, "Rich Melman é o Andrew Lloyd
por pessoas criativas que combinam estímulos visuais, Weber do setor de restaurantes. Ele não apenas fornece
sonoros, olfativos e tácteis destinados a atender a algum alimentos, ele faz teatro".9
objetivo do consumidor.8 Por exemplo:
8. Para maiores detalhes, veja KOTLER, Philip. Atmospherics as a marketing tool. Journal ofRetailing, p. 48-64, Winter 1973-1974; e BITNER,
Mary Jo. Servicescapes: the impact of physical surroundings on customers and employees. Journal of Marketing, p. 57-71, Apr. 1992.
9. Veja WHY Rich Melman is really cooking. Business Week, p. 127-128, 2 Nov. 1992.
13. DAVIES, R. L., ROGERS, D. S. (Orgs.). Store location and store assessment research. New York : John Wiley, 1984.
14. Veja McLAFFERTY, Sara L. Location strategies for retail and servicefirms. Lexington, MA : Lexington Books, 1987.
15. JOHNSON, Jay L. Supercenters: an evolving saga. Discount Merchandiser. p. 26-30, Apr. 1995.
16. O sistema de caixa eletrônico provido de scanner, comum agora em lojas de alimentos e varejos de modo geral, tem, ocasionalmente,
apresentado erros de preço das mercadorias (geralmente em favor do comerciante). Embora a tecnologia seja capaz de oferecer 100% de
exatidão, algumas lojas podem apresentar erros que chegam a 15%. Uma pesquisa realizada na Califórnia para 3.000 itens em 300 lojas
constatou preços mais altos em 2% dos produtos e preços menores em 1,3%, enquanto um estudo semelhante realizado em Michigan
constatou um índice de 4 para 1 favorecendo preços maiores aos menores. Os lojistas defendem-se afirmando que os scanners são mais
precisos do que seus funcionários. Reclamam que estes são responsáveis por 10% dos erros de digitação de preço. Em função da desconfian-
ça nacional nos scanners, muitas lojas vêm implantando programas para melhorar seus sistemas. A Sears, que afirma possuir 95% de
exatidão, dá desconto de $ 5,00 ou abate 5% nos preços dos itens com erro de marcação para cima, não importando o valor. A Wal-Mart
oferece desconto de $ 3,00 por item aos consumidores que forem "ludibriados" pelos scanners. Veja YANG, Catherine. Maybe they should call
them "scammers". Business Week, p. 32-33, 16 Jan. 1995; GOODSTEIN, Ronald C. UPC scanner pricing systems: are they accurate? Journal
of Marketing, p. 20-30, Apr. 1994.
17. Para mais detalhes sobre os fatores envolvidos no sucesso de um sistema EDI, veja VLOSKY, David T, SMITH, Richard E, WILSON, Paul M.
Electronic data interchange implementation strategies: a case study. Journal of Business and Industrial Marketing, 9, n. 4, p. 5-18, 1994.
18. BUSINESS Bulletin: shopper scanner. The Wall Street Journal, 18 Feb. 1995, Al:5.
19. Para discussão complementar sobre as tendências do varejo, veja STERN, Louis W, EL-ANSARY, Adel I. Marketing channels. 5. ed. Upper
Saddle River, NJ : Prentice Hall, 1996.
20. COOLIDGE, Shelley Donald. Facing saturated home markets, retailers look to rest of world. Christian Science Monitor, 14 Feb. 1994, 7:1;
RAPOPORT, Carla, MARTIN, Justin. Retailers go global. Fortune, p. 102-108, 20 Feb. 1995.
24. NARUS, James A., ANDERSON, James C. Contributing as a distributor to partnerships with manufactures. Business Horizons, Sept.-Oct.
1987. Veja também HLAVECEK, James D., McCUISTION, Tommy J. Industrial distributors - when, who and how. Harvard Business Review, p.
96-101, Mar./Apr. 1983.
25. MELCHER, Richard A. The middlemen stay on the march. Business Week, p. 87, 9 Jan. 1995.
TIPO DESCRIÇÃO
ATACADISTAS Empresas independentes que assumem posse dos bens que vendem. Recebem diferentes nomes como
PUROS intermediários, distribuidores ou estabelecimentos de suprimento. Podem ser classificados em duas
categorias: atacadistas que prestam serviços plenos e atacadistas que prestam serviços limitados.
ATACADISTAS Fornecem uma linha completa de serviços: estocagem, manutenção de força de vendas, crédito, en-
QUE PRESTAM trega e assistência gerencial. São de dois tipos: atacadistas comerciais e distribuidores industriais.
SERVIÇOS PLENOS
Atacadistas Vendem principalmente a varejistas e fornecem ampla variedade de serviços. Os atacadistas de produ-
comerciais tos gerais vendem diversas linhas, enquanto os atacadistas de linha geral vendem apenas uma ou
duas linhas de maior profundidade. Os atacadistas especializados vendem apenas parte de uma
linha. São exemplos os atacadistas de alimentos dietéticos, de frutos do mar etc.
Distribuidores Vendem a fabricantes e não a varejistas. Prestam vários serviços como estocagem, crédito e entrega.
industriais Podem vender uma ampla variedade de produtos, uma linha geral ou uma linha especializada.
ATACADISTAS QUE Oferecem poucos serviços a seus fornecedores e clientes. São de vários tipos: atacadistas tipo "pague
PRESTAM SERVI- e leve", atacadistas volantes (ou de caminhão), atacadistas intermediários, atacadistas especializados
ÇOS LIMITADOS (rack jobbers), cooperativas de produtores e atacadistas de mala direta.
Atacadistas tipo Trabalham com linha limitada de produtos de giro rápido e vendem a vista para pequenos varejistas
"pague e leve" que retiram a mercadoria.
Atacadistas volantes Vendem e entregam as mercadorias na porta do cliente. Trabalham com uma linha limitada de produ-
(ou de caminhão) tos semiperecíveis (como leite, pão, lanches), que vendem a vista em suas visitas a pequenos super-
mercados, restaurantes, lanchonetes de fábricas e hotéis.
Atacadistas Lidam com matérias-primas a granel, como carvão, madeira e equipamentos pesados. Não mantêm
intermediários estoques ou manipulam os produtos. Após receberem um pedido, selecionam um fabricante que
entrega a mercadoria diretamente ao cliente conforme as condições e prazo de entrega estipulados.
Assumem a propriedade e o risco a partir da aceitação do pedido até o momento da entrega ao
cliente.
Atacadistas Atendem pequenos varejistas, principalmente em itens que não sejam alimentos. Enviam caminhões
especializados às lojas e a pessoa encarregada oferece brinquedos, livros, itens de ferramenta, produtos de saúde
(rack jobbers) e beleza etc. Fixam o preço final dos bens, cuidam de sua conservação, colocam displays nos pontos
de venda e controlam o estoque do varejista. Vendem em consignação, mantendo a propriedade dos
bens até que os mesmos sejam vendidos pelos varejistas aos consumidores. Assim, fornecem servi-
ços como entrega, arrumação nas prateleiras, estocagem e financiamento. Fazem pouca promoção
porque vendem itens de marcas conhecidas que são amplamente anunciados.
Cooperativas de São de propriedade dos cooperados que levam a produção do campo para ser vendida na cidade.
produtores Seus lucros são distribuídos entre os cooperados no final do ano. Freqüentemente, tentam melhorar
a qualidade dos produtos e promovem marcas cooperativas como uvas passas Sun Maid, laranjas
Sunkist ou nozes Diamond.
Atacadistas de mala Enviam catálogos a varejistas, compradores industriais e clientes institucionais que vendem jóias,
direta cosméticos, alimentos especiais e outros pequenos itens. Seus principais clientes são pequenas em-
presas em áreas pouco visitadas por vendedores. Eles não mantêm força de vendas para procurar
clientes. Os pedidos são atendidos e enviados por correio, transportadora ou outros meios eficientes
de transporte.
CORRETORES E Não assumem propriedade dos bens e desempenham apenas algumas funções. Sua principal função
AGENTES é facilitar a compra e a venda, e, para isto, recebem uma comissão que varia entre 2 e 6% do preço
de venda. Geralmente, são especializados por linha de produtos ou tipos de clientes.
CORRETORES Sua principal função é aproximar compradores e vendedores e intermediar a negociação. São pagos
pela parte que os contratam, não mantêm estoque nem se envolvem no financiamento ou assumem
riscos. Os exemplos mais comuns são os corretores de produtos alimentícios, imóveis, seguros e
papéis negociados em bolsas.
AGENTES Representam compradores ou vendedores em base mais permanente. São de diversos tipos: agentes
de fabricantes, agentes de venda, agentes de compra e agentes comissionados.
Agentes de Representam dois ou mais fabricantes de linhas de produtos complementares. Formalizam contratos
fabricantes por escrito com cada fabricante, cobrindo política de preço, territórios, procedimentos de atendi-
mento de pedidos, serviços de entrega, garantia e taxas de comissão. Conhecem as linhas de produ-
tos de cada fabricante e usam seus contatos amplos para vendê-las. São utilizados para vender
linhas de produtos, como vestuário, móveis e produtos elétricos. A maioria dos agentes de fabrican-
tes constitui pequenas empresas, com alguns funcionários que trabalham como vendedores experi-
entes. São contratados por pequenos fabricantes que não podem manter forças de vendas próprias
e por grandes fabricantes que desejam abrir novos territórios onde não podem manter cobertura de
vendedores em tempo integral.
Agentes de venda Recebem autoridade contratual para vender toda a produção de um fabricante que não está interes-
sado em assumir a venda ou sente-se despreparado para tal. 0 agente de venda funciona como um
departamento de vendas e exerce grande influência sobre preços e condições de vendas. Normal-
mente, não possui limites territoriais. São encontrados em áreas de produtos como têxteis, máqui-
nas e equipamentos industriais, carvão e coque, produtos químicos e metais.
Agentes de compra Geralmente, firmam contratos a longo prazo com compradores que os encarregam da aquisição de
produtos e, freqüentemente, da recepção, inspeção, armazenagem e embarque das mercadorias aos
clientes. Fornecem informações de mercado úteis para os clientes, além de estarem habilitados para
comprar os melhores produtos disponíveis a preços acessíveis.
Agentes Assumem a posse física dos produtos e negociam as vendas. Normalmente, não são contratados a
comissionados longo prazo. São usados com maior freqüência por agricultores que não desejam vender diretamen-
te seus produtos, nem filiar-se a alguma cooperativa. Os agentes comissionados deslocam a produ-
ção até um mercado central, vendem-na pelo melhor preço, abatem a comissão e as despesas e
remetem o saldo aos produtores.
FILIAIS E ESCRITÓ- Envolvem as tarefas de atacado entre vendedores e compradores, sem a presença de atacadistas
RIOS DE FABRI- intermediários. As filiais e os escritórios podem ser especializados em compra ou em venda.
CANTES E VARE-
JISTAS
FILIAIS E ESCRITÓ- São estabelecidos pelos fabricantes interessados em melhorar o controle de estoque, a venda e a
RIOS DE VENDAS promoção. As filiais de vendas mantêm estoque e são encontradas nos setores de madeira e de
equipamentos peças automotivas. Os escritórios de vendas não mantêm estoque e são mais proemi-
nentes nos setores de alimentos secos e aviamentos.
ESCRITÓRIOS DE Desempenham papel similar ao exercido por corretores e agentes, mas pertencem à organização
COMPRAS compradora. Muitos varejistas abrem escritórios de compras nos principais mercados, como New
York e Chicago.
ATACADISTAS Alguns tipos especializados de atacadistas são encontrados em alguns setores da economia como
DIVERSIFICADOS entrepostos agrícolas, fábricas e terminais de petróleo a granel e empresas leiloeiras ou de licita-
ções.
1. Fusões e aquisições. Pelo menos um terço da amostra de atacadistas fez novas aquisições de
empresas para entrar em novos mercados, reforçar sua posição em mercados existentes e/ou
para diversificar ou integrar verticalmente.
2. Reposicionamento de ativos. Pelo menos 20 das 97 empresas venderam ou liquidaram uma ou
mais operações marginais para fortalecer o negócio principal.
3. Diversificação corporativa. Vários atacadistas diversificaram seus portfólios de negócios para
reduzir a dependência da sazonalidade.
4. Integração vertical. Vários atacadistas aumentaram a integração vertical para melhorar suas
margens.
5. Marcas privadas. Um terço das empresas aumentou seus acordos de marcas privadas com os
fabricantes.
6. Expansão em mercados internacionais. Pelo menos 26 atacadistas operavam em base
multinacional e planejavam aumentar a penetração na Europa Ocidental e Leste Asiático.
7. Serviços de valor agregado. A maioria dos atacadistas aumentou seus serviços de valor agrega-
do, incluindo entregas de urgência, operações de embalagem sob medida e sistemas de infor-
mação gerencial por computador. A McKesson, grande atacadista de medicamentos, estabele-
ceu um sistema eletrônico de pedidos com 32 fabricantes, um programa de contas a receber
para as farmácias e terminais de computador para as mesmas controlarem estoque e emitirem
pedidos.
8. Venda de sistemas. A maioria dos atacadistas oferecia programas de reposição automática de
produtos, ameaçando aqueles que permaneciam com o sistema antigo de reposição visual.
9. Estratégias para atrair novos clientes. Alguns atacadistas identificavam novos grupos de clien-
tes e criavam programas de computador ajustados as suas necessidades.
10. Marketing de nicho. Alguns atacadistas tinham-se especializados em uma ou algumas catego-
rias de produtos, mantinham estoques amplos e prestavam serviços de qualidade e entrega
rápida para satisfazer mercados especiais negligenciados pelos concorrentes maiores.
11. Marketing multiplex. Marketing multiplex ocorre quando as empresas administram para aten-
der simultaneamente segmentos múltiplos de mercado a custo baixo e de maneira competiti-
vamente superior. Diversos atacadistas vêm acrescentando novos segmentos de mercado a
seus segmentos básicos, esperando atingir maior economia de escala e força competitiva.
Assim, os clubes de atacado, além de vender para pequenas e médias empresas, obtêm vendas
adicionais no atendimento direto a consumidores. Alguns atacadistas de medicamentos, além
de atenderem hospitais, criaram programas para clínicas médicas, farmácias éticas (que tra-
balham apenas com medicamentos receitados) e organizações de manutenção de saúde.
12. Novas tecnologias de distribuição. Os atacadistas de alto desempenho têm melhorado seus
sistemas computadorizados de atendimento de pedidos, controle de estoque e de automação
de depósito. Além disso, estão fazendo crescente uso de marketing de resposta direta e
telemarketing.
Fonte: Veja McCAMMON, Bert, LUSCH, Robert E, COYKENDALL, Deborah S., KENDERDINE, James M. Wholesaling in
transition. Norman : University of Oklahome, College of Business Administration, 1989.
26. Veja KOSELKA, Rita. Distribution revolution. Forbes, p. 54-62, 25 May 1992.
27. RAPOPORT. Op. cit.
28. HENKOFF, Ronald. Delivering the goods. Fortune, p. 64-78, 28 Nov. 1994.
da. Para reduzir a ineficiência e os custos (e a indigna- O gerente de tráfego prefere o transporte fer-
ção dos consumidores), contratou a Federal Express para roviário em relação ao aéreo porque o primeiro
estudar com os gerentes de loja como estruturar, emba- reduz o custo de frete da empresa. Entretanto, em
lar e embarcar os pedidos. Agora, os produtos vão dire- função de o transporte ferroviário ser mais lento e
tamente do fabricante às lojas espalhadas pelo mundo, empatar capital de giro por mais tempo, ele retar-
reduzindo os custos de distribuição e agilizando o pro- da o pagamento das faturas pelos clientes e pode
cesso de reposição.29 favorecer os fornecedores concorrentes que ofere-
cem serviços mais rápidos.
O departamento de expedição utiliza
Objetivos da logística de mercado containers mais baratos para minimizar os custos
Muitas empresas declaram que seu objetivo de de embarque. Isto leva a uma taxa mais elevada de
logística de mercado é "entregar os produtos certos, nos danos durante o transporte e à irritação dos clien-
lugares certos, no tempo certo e pelo menor custo". In- tes.
felizmente, isto fornece pouca orientação real. Nenhum O gerente de estoque prefere estoques bai-
sistema de distribuição física pode, simultaneamente, xos para reduzir seus custos. Entretanto, esta polí-
maximizar os serviços aos consumidores e minimizar o tica aumenta a falta de produtos, cancelamento de
custo de distribuição. Maximizar os serviços aos consu- pedidos, burocracia, ajustes especiais na linha de
midores implica estoques maiores, transporte especial e produção e utilização de meios de transporte mais
armazéns múltiplos, o que aumenta o custo de distribui- rápidos e caros.
ção. Minimizar os custos de distribuição implica trans-
porte barato, estoques baixos e poucos depósitos. Dado que as atividades de logística de mercado
Uma empresa não pode atingir eficiência de envolvem fortes trocas de posição, as decisões devem
logística de mercado pedindo a seus gerentes para ser tomadas com base em um sistema total.
minimizar seus próprios custos. Freqüentemente, esses O ponto de partida para planejar o sistema de
custos interagem de maneira inversa. Por exemplo: logística de mercado é estudar as exigências dos clientes
29. STROM, Stephanie. Logistics steps onto retail battlefield. The New York Times, 3 Nov. 1993, Dl:2. Veja também OLDENBORGH, Marita van.
Power logistics. International Business, p. 32,34, Oct. 1994; e COOKE, James Aaron. Will logistics be the magic bullet? Part 3. Traffic
Management, p. 35-38, May 1995.
30. MULLER, E. J. Faster, faster, I need it now! Distribution, p. 30-36, Feb. 1994.
O crescente interesse por métodos de produção just doviário, fluvial/marítimo e por dutos (pipelines). Os
in time promete mudar as práticas de planejamento de responsáveis pelo transporte de bens consideram crité-
estoque. A produção just in time consiste em um acordo rios como velocidade, freqüência, dependência, capaci-
para os suprimentos chegarem à fábrica à medida que dade, disponibilidade e custo. Se estiverem interessados
forem necessários. Se os fornecedores forem confiáveis, em velocidade, os transportes aéreo e rodoviário são os
o fabricante pode manter níveis de estoque mais baixos preferidos. Se a meta for custo baixo, os transportes flu-
e ainda atender aos padrões de atendimento de pedidos vial/marítimo e por dutos devem ser escolhidos. O trans-
exigidos pelos clientes. Consideremos o seguinte exem- porte rodoviário preenche a maioria dos critérios, o que
plo: explica sua crescente participação.
Os responsáveis por transporte de bens estão cada
vez mais combinando dois ou mais modos de transpor-
TESCO A Tesco, grande rede britânica de supermer- te, graças à maior utilização de containers. Assim, os pro-
cados, criou um sistema de logística de mercado just in dutos são colocados em caixas ou engradados de fácil
time inovador. Sua administração desejava reduzir o transferência entre dois modos de transporte. O modo
custo de espaço de estocagem das lojas. O objetivo foi rodoferroviário descreve o uso de trem e caminhão, o
atingido ao adotar procedimentos de reposição de esto- aquaterrestre, barco e caminhão, o aquaferroviário, bar-
que duas vezes por dia. Normalmente, seria necessário co e trem, e o rodoaéreo, caminhão e avião. Cada modo
o uso de três caminhões frigoríficos para entregar bens coordenado de transporte oferece vantagens específicas
congelados, refrigerados e regulares por viagem. Com para a empresa que remete a carga. Por exemplo, o modo
adoção de inovação, os administradores encomendaram rodoferroviário é mais barato do que o rodoviário isola-
novos caminhões com três compartimentos para trans- do, além de fornecer flexibilidade e conveniência.
portar os três tipos de bens. Ao decidir sobre os modos de transporte, as em-
presas podem decidir entre transporte próprio, sob con-
Para mais informações sobre just in time, veja o trato e comum. No primeiro caso, a empresa possui seus
Capítulo 7. próprios caminhões ou frota aérea. A transportadora sob
contrato é uma organização independente que vende
serviços de transporte a outras em base contratual. Uma
TRANSPORTE. OS profissionais de marketing precisam transportadora comum fornece serviços entre pontos
estar preocupados com as decisões de transporte de suas predeterminados em base programada e está disponível
empresas. As escolhas de transporte afetarão o preço do a todos os interessados, cobrando fretes padronizados.
produto, a pontualidade da entrega e as condições físi- As decisões de transporte devem levar em conside-
cas de entrega dos bens que afetarão a satisfação do con- ração as complexas vantagens e desvantagens entre os
sumidor. vários modos de transporte e suas implicações para ou-
Ao despachar os produtos para seus depósitos, tros elementos da distribuição, como armazenamento e
revendedores e consumidores, a empresa pode escolher estocagem. A medida que os custos de transporte se al-
entre cinco modos de transporte: ferroviário, aéreo, ro- teram com o passar do tempo, as empresas precisam
RESUMO
1. O varejo inclui todas as atividades envolvidas na Embora a surpreendente maioria de bens e serviços
venda de bens ou serviços diretamente a consumi- seja vendida através de lojas, o varejo sem loja está
dores finais para uso pessoal e não-empresarial. Os crescendo mais rápido do que o varejo de loja. Os
varejistas podem ser classificados em termos de va- principais tipos de varejo sem loja são a venda dire-
rejo de loja, varejo sem loja e organizações de vare- ta (venda um a um, venda de um para muitos e
jo. marketing de multinível/rede); marketing direto;
Como os produtos, os tipos de lojas de varejo atra- venda automática e serviços de compras.
vessam estágios de crescimento e declínio. A medi- Não obstante muitas lojas de varejo serem indepen-
da que as lojas existentes oferecem mais serviços dentes, crescente número delas está tomando a for-
para permanecerem competitivas, seus custos e pre- ma de varejo corporativo. As organizações de vare-
ços aumentam, dando oportunidade para o surgi- jo obtêm economia de escala em função de maior
mento de novas formas de varejo que oferecem um poder de compra, maior reconhecimento de marca
composto de produtos e serviços a preços mais bai- e de funcionários melhor treinados. Os principais
xos. Os principais tipos de lojas de varejo são as lo- tipos de varejo corporativo são as redes corporativas,
jas de especialidades; lojas de departamentos; su- redes voluntárias, cooperativas de varejistas, coo-
permercados; lojas de conveniência; lojas de des- perativas de consumidores e conglomerados de
contos; varejos de liquidação (lojas de fábrica, vare- comercialização.
jistas de liquidação independentes e clubes de ata- 2. Como todas empresas, os varejistas devem preparar
cado); superlojas (combinação de lojas e hipermer- planos de marketing que incluam decisões sobre
cados); e showrooms de catálogo. mercados-alvos, sortimento e compra de produtos,
34. Para um estudo das características de 117 empresas que lideram a vantagem competitiva logística, veja BOWERSOX, Donald J. et. ai.
Leading edge logistics competitive positioning for the 1990's. Oak Brook, II : Council of Logistics Management, 1989. Veja também NOVACK,
Robert A., LANGLEY JR., John, RINEHART, Lloyd M. Creating logistics value. Oak Brook, II : Council on Logistics Management, 1995.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Enquanto grandes lojas como a Home Depot, Wal- informações em linguagem de máquina. Quais são
Mart e Toys "%" Us têm obtido forte crescimento de algumas das implicações dessa tecnologia para o
vendas em anos recentes, a Kmart, The Gap e The setor de varejo?
Limited estão retrocedendo. Imagine algumas téc- 3. Complete a matriz seguinte que mostra os diferen-
nicas que esses varejistas (e outros, de modo geral) tes níveis de serviço prestados por varejistas. Identi-
possam usar para manter o fluxo de consumidores fique um varejista importante em cada uma das ca-
em suas lojas. tegorias e indique se seu sortimento de produto é
2. O intercâmbio eletrônico de dados (EDI) possibilita profundo, amplo ou superficial. Discuta a estratégia
que dois computadores em locais diferentes troquem de posicionamento usada em cada nível.
Varejos de loja:
Loja de especialidades
(Linha limitada)
Loja de departamentos
Loja de variedades
Varejo de massa
Supermercado
Loja combinada
Hipermercado
Loja de descontos
Loja de liquidação
Showroom de catálogo
Organizações de varejo:
Rede corporativa
Rede voluntária
Cooperativa de varejistas
Cooperativa de consumidores
Organização de franquia
Conglomerado de comercialização
4. Tipicamente, os atacadistas não estão habituados a b. Que prováveis tipos de serviços jurídicos seriam
investir muito na parte promocional de seu compos- oferecidos? Seriam simples ou complexos?
to de marketing. Por que a promoção tem sido uma c. Que tipos de atmosferas você recomendaria para
área de fraca atuação dos atacadistas? o posto de consultoria jurídica?
5. Um grande fabricante de bens de consumo está tendo d. Qual a estratégia de preço adotada pela empresa?
problemas com seu sistema de distribuição física. Ele e. Quais os prováveis tipos de promoções usados
percebe que a solução está na reorganização de seu para divulgar o serviço?
sistema de logística de mercado, mas não sabe como 9. Por vários anos, a Gateway 2000 vem vendendo seus
proceder. Sugira um plano que ajude a empresa a iden- microcomputadores pelo correio. A empresa está
tificar e monitorar exatamente seus problemas. agora considerando abrir suas próprias lojas de va-
6. Aplique o conceito de "roda de varejo" para o negó- rejo. Discuta os fatores envolvidos no sucesso inicial
cio de corretagem. Como este setor teve início? Como das lojas. Onde elas devem ser localizadas? Uma vez
evoluiu e se modificou no decorrer dos anos? Onde abertas, como a Gateway pode avaliar as localiza-
o setor está agora posicionado? ções escolhidas para suas lojas? Que outros fatores
7. A tecnologia está tornando-se cada vez mais importan- serão importantes para a empresa ser bem-sucedida
te na administração da logística de mercado. Uma das no setor de varejo?
empresas líderes nessa área tem sido a Federal Express. 10. O custo de manutenção de estoque de uma empresa
Prepare um breve relatório (de duas a cinco páginas) é de 30%. Uma gerente de marketing deseja aumen-
resumindo as realizações de logística da FedEx. tar o investimento em estoque de $ 400.000 para
8. Em duas de suas lojas de San Diego, a Montgomery $ 500.000, acreditando que isso levaria a um cresci-
Ward montou pontos de consultoria jurídica que for- mento de vendas de $ 120.000 em função da maior
necem orientação por uma taxa de $ 10. Os consu- lealdade dos clientes e dos melhores serviços que
midores tiram suas dúvidas através de um telefone seriam prestados. O lucro bruto sobre as vendas é
conectado a um escritório central de advocacia. de 20%. Vale a pena a empresa aumentar o investi-
a. A quem este serviço visou? (Considere os fato- mento em estoque?
res demográficos das pessoas que compram na
Montgomery Ward.)
Já foi o tempo em que as pessoas compravam sapatos para manter os pés secos e
aquecidos. Elas compram sapatos em função do modo como eles as fazem sentir-se mascu-
linas, femininas, vigorosas, diferentes, sofisticadas, jovens, na moda. Comprar sapatos
tornou-se uma experiência emocional. Agora, nosso negócio é vender emoção, em vez de
sapatos.
FRANCIS C. ROONEY
Marketing moderno exige mais do que desenvol- A Tabela 20.1 lista várias ferramentas específicas
ver um bom produto, estabelecer um preço atraente e de comunicação. Graças às inovações tecnológicas, as
torná-lo acessível aos consumidores-alvos. As empresas pessoas podem agora comunicar-se por meio da mídia
devem também comunicar-se com seus consumidores tradicional (jornais, rádio, telefone, televisão), bem como
atuais e potenciais, varejistas, fornecedores, outros por novas formas de mídia (computadores, fax, telefo-
stakeholders* e o público em geral. Inevitavelmente, nes celulares e pagers). Ao reduzir os custos de comuni-
qualquer empresa assume o papel de comunicadora e cação, as novas tecnologias têm encorajado mais em-
promotora. Para a maioria das empresas, o problema presas a passar da comunicação de massa para comuni-
não é se elas devem ou não comunicar, mas, ao contrá- cação mais dirigida e ao diálogo um a um. Como Marshall
rio, o que dizer, a quem e em que freqüência. McLuhan observou: "O meio é a mensagem", isto é, a
0 composto de comunicação de marketing (também mídia afetará o conteúdo da mensagem.
denominado composto promocional) consiste em cinco Mas as empresas de comunicação vão além das
importantes modos de comunicação: ferramentas de comunicação mostradas na Tabela 20.1.
0 estilo e o preço do produto, a forma e a cor da emba-
• Propaganda. Qualquer forma paga de apresentação lagem, o comportamento e o traje do vendedor, o local
impessoal e de promoção de idéias ou serviços por da empresa, seus impressos - tudo isso comunica algo
um patrocinador identificado. aos compradores. 0 composto de marketing global, não
• Promoção de vendas. Incentivos a curto prazo para apenas o composto promocional, deve ser orquestrado
encorajar a experimentação ou compra de um pro- para transmitir e definir o posicionamento estratégico
duto ou serviço. pretendido pela empresa. No final do capítulo, discuti-
• Relações públicas e publicidade. Uma variedade de remos o movimento em direção às comunicações de
programas preparados para promover e/ou prote- marketing integrado.
ger a imagem de uma empresa ou de seus produtos Este capítulo examina três questões importantes:
individuais.
• Venda pessoal. Interação face a face com um ou mais • Como a comunicação funciona?
compradores potenciais com o propósito de fazer • Quais as principais etapas do desenvolvi-
apresentações de vendas, responder a dúvidas e ti- mento de um programa de comunicações
rar pedidos. de marketing eficaz?
• Marketing direto. Uso de correio, telefone, fax, e-mail • Quem deve ser responsável pelo planeja-
e outras ferramentas de contato impessoal para co- mento da comunicação de marketing?
municar ou solicitar resposta direta de consumido- O Capítulo 21 trata de propaganda, promoção de
res ativos e potenciais.1 vendas e relações públicas; o Capítulo 22, da força de
vendas e venda pessoal e o Capítulo 23, de marketing
direto e marketing online.
* Stakeholders. Grupo de pessoas que têm interesse nas realizações da empresa, como acionistas, funcionários, ambientalistas, organizações
comunitárias etc. (N.T.)
1. Estas definições foram adaptadas de BENNETT, Peter D. Dictionary of marketing terms. Chicago : American Marketing Association, 1995.
Quatro representam as principais funções da comunica- bilidade de captar a atenção. Com pouco esforço, o
ção - codificação, decodificação, resposta e feedback. O receptor pode obter uma grande recompensa.
último elemento é o ruído do sistema (por exemplo, as • Distorção seletiva. As pessoas podem distorcer a men-
mensagens ao acaso e as concorrentes que podem inter- sagem para ouvir o que desejam. Os receptores têm
ferir na comunicação pretendida).2 um conjunto de atitudes que levam a expectativas
O modelo destaca os fatores-chave da comunica- sobre o que ouvirão ou verão. Ouvirão aquilo que se
ção eficaz. Os emissores devem saber que audiências ajustar a seu sistema de crenças. Como resultado,
desejam atingir e que respostas esperam. Eles codificam freqüentemente, acrescentam à mensagem coisas
suas mensagens de maneira que as mesmas levem em que não constam dela (amplificação) e não perce-
consideração como a audiência-alvo, geralmente, as bem outras coisas que estão contidas nela (nivela-
decodifica. O emissor deve transmitir a mensagem por mento) . A tarefa do comunicador é esforçar-se pela
meio de mídia eficiente que atinja a audiência-alvo e simplicidade, clareza, interesse e repetição da men-
desenvolver canais de feedback que lhe possibilite saber sagem para destacar os pontos principais junto à
a resposta do receptor à mensagem. audiência.
Para uma mensagem ser eficaz, o processo de • Retenção seletiva. As pessoas retêm no subconscien-
codificação do emissor deve estar engrenado com o pro- te apenas pequena fração da mensagem que as atin-
cesso de decodificação do receptor. Assim, as melhores ge. Para a mensagem atravessar o consciente do re-
mensagens são, essencialmente, sinais que sejam fami- ceptor e atingir seu subconsciente, depende de seu
liares ao receptor. Quanto maior o campo de experiên- tipo e da intensidade de repetição da mensagem. A
cia do emissor coincidir com o do receptor, maior será a repetição não é apenas uma questão do número de
probabilidade de a mensagem ser eficaz. Isto implica uma exposições à mensagem; pelo contrário, o receptor
responsabilidade para os comunicadores de um estrato elabora o significado das informações trazendo para
social (como os profissionais de propaganda) que dese- o consciente as idéias que estão armazenadas no sub-
jam comunicar eficientemente com outro estrato (como consciente. Se a atitude inicial do receptor em rela-
operários de fábrica). ção ao objeto for positiva e ele repetir os argumen-
A tarefa do emissor é levar sua mensagem até o tos de apoio, a mensagem, provavelmente, será acei-
receptor. A audiência-alvo pode não receber a mensa- ta e terá alta retenção. Se sua atitude inicial for ne-
gem pretendida por qualquer das três razões seguintes: gativa e a pessoa reagir contra a repetição, a mensa-
gem, provavelmente, será rejeitada, mas ficará no
• Atenção seletiva. As pessoas são bombardeadas dia- subconsciente. Os argumentos contrários inibem a
riamente por 1.600 mensagens comerciais, das quais persuasão ao tornar uma mensagem oposta dispo-
80 são conscientemente percebidas e cerca de 12 nível. Grande parte da persuasão exige que o recep-
provocam alguma reação. Assim, o comunicador tor exercite a repetição de suas próprias idéias. Mui-
deve desenvolver a mensagem que venha a atrair a to do que é chamado persuasão nada mais é do que
atenção, não obstante as distorções a sua volta. A autopersuasão.3
atenção seletiva explica por que anúncios com títu-
los em negrito que prometem algo parecido com O comunicador deve procurar os traços aa audiên-
"Como ganhar um milhão de dólares", seguidos de cia que se correlacionam com seu nível de persuasão e
ilustração atraente e pouco texto, têm maior proba- usá-los para orientar o desenvolvimento da mensagem e
2. Para um modelo alternativo de comunicação desenvolvido especificamente para as comunicações de propaganda, veja STERN, Barbara B. A
revised communication model for advertising: multiple dimensions of the source, the message, and the recipient. Journal of Advertising, p.
5-15, June 1994.
1. Quanto maior o monopólio da fonte de comunica- IMAGEM é o conjunto de crenças, idéias e impres-
ção sobre o receptor, maior será a mudança ou o sões que uma pessoa mantém em relação a um obje-
efeito sobre o receptor em favor da fonte. to. As atitudes e as ações de uma pessoa em relação
2. Os efeitos da comunicação são maiores quando a a um objeto são altamente condicionadas pela ima-
mensagem coincide com as opiniões, crenças e dis- gem desse objeto.
posições do receptor.
3. A comunicação pode produzir mudanças mais efi- A primeira etapa é mensurar o conhecimento do
cazes sobre assuntos não familiares, pouco sensíveis objeto pela audiência-alvo usando a seguinte escala de
e periféricos, que não estejam situados no centro do familiaridade:
sistema de valores do receptor.
4. É mais provável que a comunicação seja eficaz quan- Nunca Ouvi um Conheço Conheço Conheço
do se acredita que a fonte possui experiência, posi- ouvi falar pouco um pouco razoavel- muito bem
ção elevada, objetividade ou simpatia, mas, princi- mente
palmente, quando tem poder e pode identificar-se
com ele.
5. O contexto social, grupo ou grupo de referência Se a maioria dos respondentes assinalar apenas as
mediará a comunicação e exercerá influência, quer duas primeiras categorias, o desafio da empresa é tomar
ela seja ou não aceita.6 providências para aumentar o grau de conscientização
da audiência.
Os respondentes que têm familiaridade com o ob-
DESENVOLVIMENTO DE COMUNICAÇÕES jeto devem ser solicitados a dar sua opinião sobre ele,
EFICAZES usando a seguinte escala de favorabilidade:
Examinaremos agora as oito etapas do desenvolvi- Muito Um pouco Indiferente Razoavel- Muito
mento de um programa de comunicação e promoção desfavo- desfavo- mente favorável
completo. O comunicador de marketing deve (1) identi- rável rável favorável
ficar a audiência-alvo, (2) determinar os objetivos da
comunicação, (3) desenvolver a mensagem, (4) selecio-
nar os canais de comunicação, (5) definir o orçamento Se a maioria dos respondentes assinalar as duas
total de promoção, (6) decidir sobre o composto primeiras categorias, a organização deve superar o pro-
promocional, (7) mensurar os resultados da promoção blema de imagem negativa.
e (8) administrar e coordenar o processo de comunica- As duas escalas podem ser combinadas para se
ção de marketing integrado. encontrarem insights sobre a natureza do desafio da co-
3. Veja STERNTHAL, Brian, CRAIG, C. Samuel. Consumer behavior: an information processing perspective. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall,
1982. p. 97-102.
4. COX, Donald E, BAUER, Raymond A. Self-confidence and persuasibility in women. Public Opinion Quarterly, p. 453-466, Fall 1964; e
HORTON, Raymond L. Some relationships between personality and consumer decision-making. Journal of Marketing Research, p. 233-246,
May 1979.
5. FRIESTAD, Marian, WRIGHT, Peter. The persuasion attempts. Journal of Consumer Research, p. 1-31, June 1994.
6. Veja FISKE, John, HARTLEY, John. Reading television. Londres : Methuen, 1980. p. 79. Para informações sobre os efeitos da experiência na
persuasão, veja também WILSON, J., SHERRELL, Daniel L. Source effects in communication and persuasion research: a meta-analysis of
effect size. Journal ofthe Academy of Marketing Science, p. 101-112, Spring 1993.
municação. Para ilustrar, suponhamos que os residentes feriores" em um extremo e "cuidados médicos supe-
de uma área são inquiridos sobre sua familiaridade e riores" em outro. Um conjunto de dimensões adi-
atitudes em relação a quatro hospitais locais, A, B, C e cionais para um hospital é mostrado na Figura 20.3.
D. A média das respostas é mostrada na Figura 20.2. O 2. Redução do conjunto de dimensões relevantes. O nú-
hospital A tem imagem mais positiva: a maioria das pes- mero de dimensões deve ser mantido pequeno para
soas o conhece e gosta dele. O hospital B é menos fami- evitar o cansaço dos entrevistados. Há três tipos de
liar para a maioria das pessoas, mas aquelas que o co- escalas:
nhecem gostam dele. O hospital C é visto negativamen- • Escalas de avaliação (qualidades boa-má)
te por aquelas que o conhecem, mas, felizmente para • Escalas de potência (qualidades forte-fraca)
ele, poucas o conhecem. O hospital D é considerado ruim • Escalas de atividade (qualidades ativa-passiva)
e todas as pessoas o conhecem! Usando essas escalas como guia, o pesquisador pode
Evidentemente, cada hospital enfrenta uma tarefa remover as escalas redundantes que falham ao acres-
de comunicação diferente. O hospital A deve trabalhar centar muitas informações.
para manter sua boa reputação e o alto índice de conhe- 3. Administração do instrumento de pesquisa em uma
cimento pela comunidade. O hospital B deve atrair a aten- amostra de entrevistados. Pede-se aos entrevistados
ção de maior número de pessoas, porque quem o conhe- que avaliem um objeto por vez. As dimensões de
ce o considera um bom hospital. O hospital C deve des- escala bipolar devem ser dispostas aleatoriamente
cobrir por que as pessoas não o apreciam e tomar provi- para evitar que todas as dimensões desfavoráveis
dências para melhorar seu desempenho. O hospital D fiquem no mesmo lado.
deve, primeiramente, melhorar seu perfil e qualidade e, 4. Cálculo da média dos resultados. A Figura 20.3 mos-
depois, procurar novamente a atenção do público. tra os resultados médios das imagens que os entre-
Para enfrentar seus desafios, cada hospital precisa vistados têm dos hospitais A, B e C (o hospital D não
pesquisar o conteúdo específico de sua imagem. A ferra- foi considerado). A imagem de cada hospital é re-
menta mais popular para esta pesquisa é a escala dife- presentada por uma linha vertical que resume a per-
rencial semântica.7 Ela envolve as seguintes etapas: cepção média de cada hospital. Assim, o hospital A
é visto como grande, moderno, cordial e com servi-
1. Desenvolvimento de um conjunto de dimensões rele- ços médicos superiores. Por outro lado, o hospital C
vantes. O pesquisador solicita às pessoas que identi- é visto como pequeno, antiquado, impessoal e com
fiquem as dimensões que usariam ao pensar sobre o serviços médicos inferiores.
objeto. Pode-se perguntar a elas: "Quais os fatos re- 5. Checagem da Variância da imagem. Uma vez que cada
levantes que você analisa ao escolher um hospital?" perfil de imagem é representado por uma linha de
Se alguém sugere "a qualidade dos cuidados médi- significados médios, ele não revela quanto a ima-
cos", isso poderia ser convertido numa escala bipolar gem é realmente variável. O hospital B é visto exa-
de cinco ou sete pontos, com "cuidados médicos in- tamente como mostrado ou houve variação consi-
7. A escala diferencial semântica foi desenvolvida por OSGOOD, C. E., SUCI, C. J., TANNENBAUM, P. H. The measurement of meaning. Urbana
: University of Illinois Press, 1957.
Pequeno Grande
derável? No primeiro caso, diríamos que a imagem zada. Assim, os serviços médicos de um hospital podem
é altamente específica e, no segundo caso, é altamente estar deteriorados sem que isso o impeça de continuar
difusa. Uma organização pode não desejar uma ima- sendo altamente considerado pelo público. A persistên-
gem muito específica. Algumas preferem uma ima- cia de imagem é explicada pelo fato de que, uma vez
gem difusa, de modo que grupos diferentes verão a que as pessoas tenham determinada imagem de um ob-
organização de maneiras diferentes. jeto, elas tendem a perceber seletivamente os dados pos-
teriores. Percebem o que é consistente com a imagem
Agora, a administração deve propor uma imagem que já possuem. Serão necessárias muitas informações
desejada, contrária à imagem atual. Suponhamos que o para levantar dúvidas e abrir suas mentes para receber
hospital C gosta que o público o veja mais favoravel- novas informações. Assim, uma imagem tem vida pró-
mente na qualidade de seus serviços médicos, instala- pria, principalmente quando as pessoas não têm expe-
ções, cordialidade, e assim por diante. Ela deve decidir riência contínua ou de primeira mão com o objeto mu-
qual a lacuna de imagem que deve primeiramente pre- dado. Este foi o caso da Thom McAn, empresa de calça-
encher. Seria mais desejável melhorar a cordialidade do dos que procurava recuperar sua popularidade:
hospital (por meio de programas de treinamento desti-
nados aos funcionários) ou a qualidade de suas instala-
ções (por meio de reformas no prédio)? Cada dimensão THOM McAN Durante seu sucesso entre os anos 30 e
de imagem deve ser revista em termos das seguintes 60, a Thom McAn vendia sapatos bons e baratos e tor-
questões: nou-se a marca mais popular nos Estados Unidos. Toda-
via, em pesquisas de grupos-foco com consumidores dos
anos 90, as palavras usadas para descrever a empresa
• Qual seria a contribuição para a imagem da organi-
eram maçante, esquisita e antiquada. Embora as pessoas
zação ao ser sanado um aspecto negativo de ima-
ainda expressassem alguma simpatia pela marca, esta-
gem?
vam preferindo comprar outras. Com faturamento de
• Qual estratégia ajudaria a preencher uma lacuna es-
apenas $ 275 milhões, inferior aos $ 440 milhões de
pecífica de imagem? (combinação de mudanças re-
1981, estava claro que a imagem da marca precisava ser
ais e de mudanças na comunicação)
revitalizada.
• Qual seria o custo de preencher essa lacuna de ima-
gem?
• Quanto tempo demoraria para a mesma ser preen- A empresa começou a mudar sua imagem de ma-
chida? neira não usual, ridicularizando sua própria imagem
maçante. "Perdão por termos oferecido estilos de calça-
Basicamente, a organização deve decidir que posi- dos tão antiquados" era o título de uma série de anún-
ção deseja ocupar no mercado. O propósito não é preen- cios veiculados no metrô de New York, preparados para
cher todas as lacunas, mas ser distintivamente melhor chamar à atenção para os novos e modernos sapatos da
no que seu mercado-alvo valoriza. empresa. Sobre a foto de um caminhão em velocidade,
Uma organização que procura melhorar sua ima- lia-se o seguinte texto: "Durante anos nossos novos e
gem deve ter muita paciência. Imagens grudam como atualizados sapatos eram desviados por um agente pos-
cola e persistem muito tempo após a mudança ser reali- tal desgostoso, e abandonados sob uma ponte próxima
LEVINE, Joshua. Please excuse our shoe styles of the past. Forbes, p. 64, 2 Jan. 1995.
9. Veja RAY, Michael L. Advertising and Communications management. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1982.
Estágio
afetivo Preferência
Desejo Avaliação
Convicção Intenção
Experimentação
Estágio
compor- Ação Compra
tamental Comportamento
Adoção
d
Fontes: (a) STRONG, E. K. The psychology of selling. New York: McGraw Hill, 1925. p. 9; (b) LAVIDGE, Robert J., STEINER, GaryA. Amodel for
predictive measurements of advertising effectiveness. Journal of Marketing, p. 61, Oct. 1961; (c) ROGERS, Everett M. Diffusion of
innovation. New York : Free Press, 1962. p. 79-86; (d) várias outras fontes.
Figura 20.4 Modelos de hierarquia de respostas.
do adiar a decisão. O comunicador deve levar esses CONTEÚDO DA MENSAGEM. O comunicador tem que ima-
consumidores à decisão final. As ações podem in- ginar o que vai dizer à audiência-alvo para produzir a
cluir oferecer o produto a preço baixo, fixar um prê- resposta desejada. Na era de marketing de massa, ensi-
mio ou deixar que os consumidores assistam a algu- nou-se que uma mensagem funcionaria para todas as
mas aulas antes de decidir-se matricular. A Pottsville pessoas. Hoje, sabemos que pessoas diferentes procu-
pode convidar grupos selecionados de alunos para ram benefícios diferentes no mesmo produto. Elas estão
visitarem o campus e assistirem a algumas aulas ou prestando menos atenção à propaganda massiva em fun-
oferecer bolsas de estudos parciais aos alunos ca- ção da pressão de tempo e de suas crenças de que mui-
rentes. tas marcas são iguais. Estão "surfando" entre os canais
de televisão e programando a sintonização de suas esta-
ções de rádio preferidas. Assim, o desafio é criar mensa-
Desenvolvimento da mensagem gens que atrairão a atenção de grupos-alvos específicos.
Por exemplo, a Creative Artists, agência de propaganda
Uma vez definida a resposta desejada da audiên- da Coca-Cola, produziu um pool de comerciais destina-
cia, o comunicador deve desenvolver uma mensagem do a diferentes segmentos de mercado. Os gerentes lo-
eficaz. Idealmente, a mensagem deve atrair a atenção, cais e globais da Coca-Cola decidem que comerciais fun-
manter o interesse, despertar o desejo e conduzir à ação cionam melhor em cada segmento-alvo.
(modelo AIDA - veja a primeira coluna da Figura 20.4). Ao determinar o melhor conteúdo da mensagem,
Na prática, poucas mensagens guiam o consumidor des- a administração busca um apelo, idéia ou proposição única
de o conhecimento até a compra, mas a estrutura AIDA de venda. Isto significa formular algum tipo de benefí-
sugere as qualidades desejáveis. cio, motivação, identificação ou razão por que a audiên-
A formulação da mensagem exigirá a solução de cia deve considerar ou investigar o produto. Há três ti-
quatro problemas: o que dizer (conteúdo da mensagem), pos de apelos: racional, emocional e moral.
como dizer corretamente (estrutura da mensagem), Os apelos racionais atraem o auto-interesse da au-
como dizer simbolicamente (formato da mensagem) e diência. Mostram que o produto proporcionará os bene-
quem deve dizê-la (fonte da mensagem). fícios anunciados. São exemplos as mensagens que de-
10. Para referências a artigos de pesquisa sobre apelos de medo, veja SOLOMON, Michael R. Consumer behavior. 3. ed. Upper Saddle River, NJ :
Prentice Hall, 1996. p. 208-210.
11. GOLDMAN, Kevin. Advertising: knock, knock. Who's there? The same old funny ad again. The Wall Street Journal, 2 Nov. 1993, B10:4. Veja
também WEINBERGER, Marc G., SPOTTS, Harlan, CAMPBELL, Leland, PARSONS, Amy L. The use and effect of humor in different advertising
media. Journal of Advertising Research, p. 44-55, May/June 1995.
12. Veja ENGEL, James E, BLACKWELL, Roger D., MINARD, Paul W. Consumer behavior. 8. ed. Forth Worth, TX : Dryden, 1994.
• Se o assunto for altamente pessoal, a audiência pode apropriadas em certas situações, principalmente quan-
ficar ressentida com a tentativa do próprio do alguma associação negativa deve ser superada. Nes-
comunicador em tirar sua própria conclusão. ta direção, a Heinz preparou a mensagem "O ketchup
Heinz é muito bom quando consumido lentamente" e a
Uma conclusão muito explícita pode limitar a acei- Listerine tira o mau cheiro da boca duas vezes por dia.13
tação de um produto. Se a Ford tivesse insistido em que Aqui estão algumas constatações:14
o Mustang era um carro para jovens, essa definição for-
te poderia ter bloqueado outros grupos etários que fos- • As mensagens unilaterais funcionam melhor com au-
sem atraídos pelo veículo. Assim, a ambigüidade de estí- diências já predispostas a aceitar a posição do
mulo pode levar a uma definição mais ampla de merca- comunicador e os argumentos bilaterais funcionam
do e a usos mais espontâneos de certos produtos. A apre- melhor com audiências que se opõem ao comuni-
sentação da conclusão parece ser mais adequada para cador.
produtos complexos e especializados, para os quais se • As mensagens bilaterais tendem a ser mais eficazes
prevê um uso claro e exclusivo. com audiências mais bem-educadas.
Alguém poderia pensar que as apresentações late- • As mensagens bilaterais tendem a ser mais eficazes
rais seriam mais eficazes do que as argumentações bila- com audiências que, provavelmente, estejam expos-
terais que também mencionam as limitações do produ- tas à propaganda contrária.
to. Todavia, as mensagens bilaterais podem ser mais
13. Veja CROWLEY, Ayn E., HOYER, Wayne D. An Íntegrative framework for understanding two-sided persuasion. Journal ofConsumer Research,
p. 561-574, Mar. 1994.
14. Veja HOVLAND, C. I., LUMSDAINE, A. A., SHEFFIELD, F. D. Experiments on mass communication, v. 3. Princeton, NJ : Princeton University
Press, 1948. Cap. 8; e CROWLEY e HOYER, Op. cit. Para um ponto de vista alternativo, veja BELCH, George E. The effects of message
modality on one-and two-sided advertising messages. In: BAGOZZI, Richard E, TYBOUT, Alice M. (Org.). Advances in consumer research. Ann
Arbor, MI: Association for Consumer Research, 1983. p. 21-26.
15. HAUGTVEDT, Curtis E, WEGENER, Duane T. Message order effects in persuasion: an attitude strenght perspective. Journal of Consumer
Research, p. 205-218, June 1994; UNNAVA, H. Rao, BURNKRANT, Robert E., EREVELLES, Sunil. Effects of presentation order and
communication modality on recall and attitude. Journal of Consumer Research, p. 481-490, Dec. 1994.
16. Veja STERNTHAL e CRAIG. Op. cit. p. 282-284.
17. KELMAN, Herbert C, HOVLAND, Carl I. Reinstatement of the communication modality on recall and attitude. Journal of Consumer Research,
p. 481-490, Dec. 1994.
18. MOORE, David J., MOWEN, John C, REARDON, Richard. Multiple sources in advertising appeals: when product endorsers are paid by the
advertising sponsor. Journal oftheAcademy of Marketing Science, p. 234-243, Summer 1994.
19. OSGOOD, C. E., TANNEMBAUM, E H. The principies of congruity in the prediction of attitude change. Psychological Review, 62, p. 42-55,
1955.
23. PRINCE, Greg W. A tale of two spokestars. Bevarage World, p. 35, Jan. 1995.
24. Veja KOTLER, Philip. Atmospherics as a marketing tool. Journal ofRetailing, p. 48-64, Winter 1973-1974.
moda e outras idéias de pessoas semelhantes a elas que tanto os líderes de opinião como o público em geral são
sejam líderes de opinião. afetados pela comunicação de massa. Os líderes de opi-
Terceiro, o fluxo de comunicação em duas etapas nião são induzidos pela mídia de massa a difundir infor-
significa que os comunicadores de massa seriam mais mações, enquanto o público em geral busca informações
eficientes ao dirigir suas mensagens especificamente a dos mesmos.
líderes de opinião, deixando que estes transmitam a Os pesquisadores de comunicação estão movimen-
mensagem a outros. Assim, os laboratórios farmacêuti- tando-se em direção a uma visão de estrutura social da
cos tentam promover os novos medicamentos primeira- comunicação interpessoal.25 Para eles, a sociedade é for-
mente a médicos influentes. Pesquisa recente indica que mada de cliques, pequenos grupos sociais cujos mem-
25. Veja ROGERS, Everett M. Duffusíon of innovations. 4. ed. New York : Free Press, 1995.
26. Citado em SELIGMAN, Daniel. How much for advertising? Fortune, p. 123, Dec. 1956. Para uma boa discussão sobre o estabelecimento de
orçamentos de promoção, veja ROTHSCHILD, Michael L. Advertising. Lexington, MA : D. C. Hearth, 1987. Cap. 20.
27. FREY, Albert Wesley. How many dollarsfor advertising? New York : Ronald Press, 1955. p. 65.
28. FREY. Op. cit. p. 49.
1. Estabeleça a meta de participação de mercado. A em- As empresas enfrentam a tarefa de alocar o orça-
presa estima que haja 50 milhões de usuárias po- mento total de promoção entre cinco ferramentas
tenciais e estabelece como alvo atrair 8% do merca- promocionais: propaganda, promoção de vendas, rela-
do, isto é, 4 milhões de usuárias. ções públicas e publicidade, força de vendas e marketing
direto. Dentro do mesmo setor, as empresas podem dife-
2. Determine a porcentagem do mercado que deve ser
renciar-se consideravelmente em como alocar o orça-
atingida pela propaganda do Clear. A empresa espe-
mento promocional. É possível atingir determinado ní-
ra atingir 80% (40 milhões de usuárias potenciais)
vel de vendas com compostos promocionais diferentes.
do mercado com a campanha de propaganda.
A Avon concentra seus recursos promocionais em venda
3. Determine a porcentagem de usuárias potenciais cons-
pessoal, enquanto a Revlon investe fortemente em pro-
cientes que devem ser persuadidas a experimentar a
paganda. Na venda de aspiradores de pó, a Electrolux
marca. A empresa ficaria satisfeita se 25% das
investe basicamente na venda porta a porta, enquanto a
usuárias potenciais (10 milhões) experimentassem
Hoover confia mais na propaganda.
Clear. Isto porque ela estima que 40% de todas as
experimentadoras, 4 milhões de pessoas, se torna- As empresas estão sempre procurando meios de
riam usuárias leais. Esta é a meta de mercado. ganhar eficiência, substituindo uma ferramenta
4. Determine o número de exposições de propaganda para promocional por outra. Muitas delas substituíram algu-
l%de taxa de experimentação. A empresa estima que ma atividade de venda no campo por anúncios, mala
40 exposições de propaganda dirigidas a cada 1% direta e telemarketing. Outras empresas têm aumenta-
da população-alvo gerariam uma taxa de experimen- do os gastos em promoção de vendas em relação à pro-
tação de 25%. paganda. A possibilidade de substituição entre as ferra-
mentas promocionais explica por que as funções de
5. Determine o número de pontos de avaliação bruta
marketing precisam ser coordenadas por um único de-
(GRP) que teriam que ser comprados. Um GRP repre-
partamento de marketing. Para mais detalhes sobre or-
senta uma exposição para 1% da população-alvo.
çamentos promocionais, veja a seção Insight de Marketing
Uma vez que a empresa deseja atingir 40 exposi-
intitulada "Como as empresas estabelecem seus orçamen-
ções a 80% dessa população, precisará comprar
tos de promoção?".
3.200 GRR
6. Determine o orçamento de propaganda necessário, Muitos fatores influenciam a escolha e as ferramen-
baseado no custo médio da compra de 1 GKP. Para tas promocionais do composto. Examinaremos esses fa-
29. Adaptado de ULE, Maxwell. A media plan to "Sputnik" cigarettes. In: How to plan media strategy. American Association of Advertising
Agencies, 1957, Convenção Regional, p. 41-52.
30. Veja LEVY, Sidney J. Promotional behavior. Glenview, IL : Scott, Foresman, 1971. Cap. 4.
31. Em termos relativos, pouca pesquisa tem sido feita sobre a eficácia da propaganda business-to-business. Para maiores detalhes sobre este
assunto, veja JOHNSON, Wesley J. The importance of advertising and the relative lack of research. Journal of Business and Industrial
Marketing, 9, n. 2, p. 3-4, 1994.
Relações Relações
públicas públicas
Figura 20.5 Importância relativa dos gastos nas ferramentas promocionais no mercado de bens de consumo versus
mercado de bens industriais.
O papel importante da propaganda em marketing 3. As reputações das empresas ajudam mais quando o
business to business é enfatizado em inúmeros estudos. produto é complexo, o risco é alto e o comprador é
Morrill mostrou em seu estudo de marketing de menos treinado profissionalmente.34
commodities industriais que a propaganda combinada
com venda pessoal aumentou as vendas em 23%, em Lilien pesquisou as práticas de marketing indus-
comparação com a venda pessoal isolada. O custo total trial em um importante projeto denominado ADVISOR
da promoção em termos de porcentagem sobre as ven- e relatou o seguinte:35
das foi reduzido em 20%.32 Freeman desenvolveu um
modelo formal para alocar o orçamento promocional • A empresa de bens industriais média estabelecia seu
entre propaganda e venda pessoal, tomando como base orçamento de marketing aplicando 7% do fatura-
as tarefas de venda desempenhadas individualmente por mento. Apenas 10% do orçamento era destinado a
essas ferramentas, de forma mais econômica.33 Pesquisa propaganda. Noventa por cento eram alocados em
de Levitt também mostrou o papel importante que a pro- força de vendas, feiras comerciais, promoção de ven-
paganda pode exercer em marketing industrial. Especi- das e mala direta.
ficamente, Levitt constatou que: • As empresas industriais gastavam além da média em
propaganda quando seus produtos eram de melhor
1. A reputação de uma empresa melhora as chances qualidade, exclusivos ou comprados com freqüên-
de obtenção de uma primeira reação favorável e a cia, ou nos locais em que a base de clientes estava
adoção imediata do produto. Assim, a propaganda em crescimento.
corporativa que pode construir a reputação da em- • As empresas de bens industriais estabeleciam o or-
presa (outros fatores também influenciam essa re- çamento de marketing acima da média quando seus
putação) ajudará o trabalho dos vendedores. clientes estavam mais dispersos geograficamente ou
2. Os vendedores de empresas bem conhecidas têm onde a taxa de crescimento da base de clientes era
vantagem em fechar a venda se suas apresentações maior.
forem adequadas. Se um vendedor de uma empresa
menos conhecida faz uma apresentação de vendas A venda pessoal pode também dar uma importan-
altamente eficaz, isto pode superar a desvantagem. te contribuição para marketing de bens de consumo.
As empresas menores devem usar seus recursos li- Algumas empresas de bens de consumo subestimam o
mitados para selecionar e treinar bons vendedores papel da força de vendas, usando-as principalmente para
em vez de gastar esse dinheiro em propaganda. recolher os pedidos semanais de revendedores e para
32. HOW advertising works in today's marketplace: The Morrill Study. New York : McGraw-Hill, 1971. p. 4.
33. FREEMAN, Cyril. How to evaluate advertising's contribution. Harvard Business Review, p. 137-148, July/Aug. 1962.
34. LEVITT, Theodore. Industrial purchasing behavior. a study in communication effects. Boston: Division of Research, Harvard Business School
1965.
35. LILIEN, Gary L., LITTLE, John D. C. The ADVISOR project: a study of industrial marketing budgets. Sloan Management Review, p. 17-31,
Spring 1976; e LILIEN, Gary L. ADVISOR 2: modeling the marketing mix decision for industrial products. Management Science, p. 191-204,
Feb. 1979.
conferir se há estoque suficiente nas prateleiras. O senso se nas estratégias de empurrar ou de puxar. Por exem-
comum é de que "os vendedores colocam os produtos plo, a Lever Brothers confia mais na estratégia de em-
nas prateleiras e a propaganda os retira". Todavia, mes- purrar, enquanto a Procter & Gamble, na de puxar.
mo aqui uma força de vendas bem treinada pode dar
três contribuições importantes: Estágio de aptidão do comprador. As ferramen-
tas promocionais variam em termos de eficácia de cus-
• Melhorar a posição de estoque. Os vendedores po- to-benefício nos diferentes estágios do ciclo de vida do
dem persuadir os revendedores a manter mais esto- produto. A Figura 20.7 mostra a eficácia relativa de qua-
que e a destinar maior espaço de prateleira à marca tro ferramentas promocionais em relação aos custos.
da empresa. Propaganda e publicidade exercem os papéis mais im-
• Desenvolver o entusiasmo. Os vendedores podem de- portantes no estágio de consciência, mais do que exer-
senvolver o entusiasmo do revendedor para um novo cem as "visitas frias" dos vendedores e a promoção de
produto ao expor a propaganda e os esforços de pro- vendas. A compreensão do comprador é afetada princi-
moção de vendas planejados. palmente pela propaganda e venda pessoal. Sua convic-
• Venda missionária. Os vendedores podem aumentar ção é mais influenciada pela venda pessoal e menos pela
o número de revendedores que trabalham com as propaganda e promoção de vendas. O fechamento da
marcas da empresa. venda é mais influenciado pela venda pessoal e promo-
ção de vendas. A repetição do pedido é também mais
afetada pela venda pessoal e promoção de vendas e, de
Estratégia de empurrar versus puxar. O com-
alguma forma, pela lembrança da propaganda. Clara-
posto promocional é fortemente influenciando pela es-
mente, propaganda e promoção de vendas são mais efi-
tratégia de empurrar ou puxar vendas adotada pela
cazes em termos de custo-benefício nos estágios iniciais
empresa. As duas estratégias são comparadas na Figura
do processo de decisão de compra, e venda pessoal e
20.6. Uma estratégia de empurrar envolve as atividades
promoção de vendas são mais eficazes nos estágios fi-
de marketing do fabricante dirigidas aos intermediá-
nais.
rios. A meta é induzir os intermediários a fazer enco-
mendas do produto e promovê-lo aos usuários finais.
Esta estratégia é especialmente apropriada quando há Estágio do Ciclo de Vida do Produto. As ferra-
pouca lealdade de marca, a escolha é feita na loja, o mentas promocionais também variam em termos de efi-
produto é um item de impulso e seus benefícios são bem cácia de custo-benefício nos diferentes estágios do ciclo
conhecidos. Uma estratégia de puxar envolve as ativida- de vida do produto. A Figura 20.8 oferece visão
des de marketing do fabricante (principalmente propa- especulativa de suas eficácias relativas.
ganda e promoção de vendas ao consumidor) dirigidas
a usuários finais. O propósito é induzir os intermediá- • No estágio de introdução, propaganda e publicida-
rios a encomendar o produto do fabricante. Essa estra- de têm alta eficácia em termos de custo-benefício,
tégia é bastante adequada quando há forte lealdade de acompanhadas por promoção de vendas, para indu-
marca, o produto é de alto envolvimento, as pessoas zir a experimentação, e venda pessoal, com o objeti-
percebem as diferenças entre marcas e já está ciente da vo de obter cobertura de distribuição.
escolhida antes de entrar na loja. As empresas do mes- • No estágio de crescimento, todas as ferramentas po-
mo setor industrial pode diferenciar em termos de ênfa- dem ser ativadas porque a demanda está em seu mo-
Figura 2 0 . 8 Custo-benefício de diferentes ferramentas promocionais em diferentes estágios do ciclo de vida do pro-
duto.
60% não
40% não conscientes
experimen-
taram
100% de 100% de
mercado mercado
80%
conscientes
20%
80% 70% não desaponta dos
60% desapon- experimen-
experimen- tados 40% taram
taram conscientes
30%
20% experimen- 80%
satisfeitos | taram satisfeitos
Ma rca A Ma rca B
moção de vendas e relações públicas - e combina es- de vendas, relações públicas e marketing direto para
sas disciplinas para fornecer clareza, consistência e passar a vender projetos de comunicação integrada. En-
impacto máximo de comunicação por meio da tretanto, ficaram desapontadas ao constatar que seus
integração de mensagens discretas. clientes não estavam interessados na compra de "paco-
te" de comunicação, preferindo lidar com agências se-
Aqui está um exemplo criativo de comunicações paradas que prestavam serviços específicos de comuni-
de marketing integrado: cação.
Por que a resistência? Em parte, porque as grandes
WARNER-WELLCOME AWarner-Wellcome, fabrican- empresas empregam especialistas de comunicação dife-
te de Benadryl, desejava promover esse anti-histamínico rentes para prestar assessoria a seus gerentes de mar-
para as pessoas alérgicas. A empresa usou propaganda e cas. Cada especialista de comunicação lutará por mais
relações públicas para aumentar a consciência da marca recursos. O gerente de vendas desejará contratar dois
e para divulgar um número de telefone de discagem gra- vendedores extras por $ 80.000 anuais, enquanto o ge-
tuita que fornecia aos interessados o índice de concen- rente de propaganda vai querer gastar o mesmo dinhei-
tração de pólen no ar de regiões específicas. As pessoas ro em um comercial de televisão em horário nobre. O
que ligassem mais de uma vez recebiam amostras grátis gerente de relações públicas acredita sinceramente que
do produto, cupons de descontos e artigos de profundi- um programa de publicidade criará maravilhas, enquanto
dade que descreviam os benefícios da marca. Também os especialistas em telemarketing e mala direta acredi-
recebiam newsletters com orientações sobre como enfren- tam que obtêm as respostas desejadas pela empresa.
tar problemas de alergia.36 Freqüentemente, os gerentes de marcas são mal
treinados em vários tipos de comunicações de marketing,
talvez porque possuem apenas experiência tradicional
Um estudo de 1991 sobre atitudes de altos execu- nas mídias de propaganda. Conhecem muito pouco so-
tivos de administração e marketing de grandes empre- bre marketing direto, promoção de vendas ou relações
sas de produtos de consumo indicou que cerca de 70% públicas. Cada responsável por uma ferramenta de co-
deles favoreciam o conceito de comunicações de municação conhece muito pouco sobre as outras ferra-
marketing integrado como forma de melhorar o impac- mentas. Além disso, esses profissionais aliaram-se aos
to de suas comunicações. Naquele momento, várias gran- especialistas externos para se oporem à transferência das
des agências de propaganda - Ogilvy & Mather, Young & responsabilidades globais de comunicação a uma
Rubican, Saatchi and Saatchi - compraram rapidamen- superagência de propaganda. Eles argumentam que a
te as principais agências especializadas em promoção empresa deve escolher as melhores agências especia-
36. WANG, Paul, PETRISON, Lisa. Integrated marketing communicatgions and its potencial effects on media planning. Journal of Media Planning,
6, n. 2, p. 11-18, 1991.
Fonte: Reimpresso de GONRING, Matthew E Putting integrated marketing Communications to work today. Public Relations
Quarterly, p. 45-48, Fali 1994.
RESUMO
1. Marketing moderno exige mais do que o desenvol- desenvolva canais de feedback para monitorar a res-
vimento de um bom produto, preço atraente e aces- posta dos receptores. A audiência pode não receber
so aos consumidores-alvo. As empresas devem tam- a mensagem devido à atenção seletiva, distorção
bém comunicar-se com seus consumidores poten- seletiva ou lembrança seletiva.
ciais e atuais, varejistas, fornecedores, outros 3. O desenvolvimento de comunicações eficazes envol-
stakeholders e público em geral. O composto de co- ve oito etapas: (1) identificação da audiência-alvo,
municações de marketing consiste em cinco impor- (2) determinação dos objetivos de comunicação, (3)
tantes formas de comunicação: propaganda, promo- preparação da mensagem, (4) seleção de canais de
ção de vendas, relações públicas e publicidade, ven- comunicações, (5) estabelecimento do orçamento de
da pessoal e marketing direto. promoção, (6) decisão sobre o composto promo-
2. O processo de comunicação consiste em nove ele- cional, (7) mensuração dos resultados da promoção
mentos: emissor, receptor, mensagem, mídia, e (8) administração e coordenação do processo de
codificação, decodificação, resposta, feedback e ruí- comunicação de marketing integrado.
do. Para veicular suas mensagens, as empresas de- Ao identificar a audiência-alvo, o comunicador deve
vem codificá-las de maneira que leve em considera- fazer análise de familiaridade e de favorabilidade,
ção como a audiência-alvo, geralmente, as deco- procurando preencher qualquer lacuna que exista
difica. Elas devem também transmitir a mensagem entre a percepção do público e a imagem ideal. Os
por mídia eficiente que atinja a audiência-alvo e objetivos de comunicação podem ser cognitivos,
37. Veja SHULTZ, Don E., TANNENBAUM, Stanley I, LAUTERBORN, Robert F. Integrated marketing Communications: putting it together and
making it work. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1992; ROMAN, Eman. Integrated direct marketing: the cutting-edge strategy for
synchronizing advertising, direct mail, telemarketing, and field sales. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1995; e KOELLE, Mary L.
Integrated marketing Communications: barriers to the dream. Integrated Marketing Communications, p. 7-9, 19 June 1991.
38. SCHULTZ, Don E. The next step in IMC? Marketing News, p. 8-9, 15 Aug. 1994.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Reflita sobre uma importante decisão que você te- jas de departamentos) apresenta alguma reser-
nha tomado a respeito de uma compra, como um va às consumidoras potenciais. Que qualidades
carro, matrícula em uma faculdade etc. Usando o pessoais você recomendaria à empresa na esco-
modelo dos elementos do processo de comunicação lha de uma porta-voz para a mensagem de pro-
(Figura 20.1), determine como cada um desses ele- paganda? Quem você recomendaria como por-
mentos afetou sua decisão. Que elemento teve a ta-voz? Por quê?
maior influência em sua decisão final? Que infor- b. Explique que tipos de apelos os comunicadores
mações adicionais teriam sido úteis? O que você achariam mais eficazes para vender os seguin-
decidiu? tes produtos ou serviços: fraldas descartáveis,
2. Ao determinar o conteúdo da mensagem de um sabão em pó, programa de combate ao vício do
anúncio, o comunicador deve determinar que tipo fumo, cintos de segurança e seguro de vida.
de mensagem terá o efeito desejado sobre a audiên- 5. As principais mídias de massa - jornais, revistas,
cia-alvo. Traga para a classe exemplos de anúncios rádio, televisão e outdoor - mostram grande dife-
impressos que fazem os seguintes apelos racionais rença em termos de capacidade de dramatização,
ou emocionais: credibilidade, atenção e de outros aspectos valori-
a. qualidade e. culpa zados pela comunicação. Descreva as característi-
b. economia f. humor cas especiais de cada tipo de mídia, acompanhadas
c. desempenho g. orgulho de suas vantagens e desvantagens.
d. medo i. simpatia 6. Que fatores são críticos para o sucesso de um pro-
Explique por que você acha que o anunciante sele- grama de comunicações de marketing integrado?
cionou esse apelo. Você concorda ou discorda da de- Como a estrutura organizacional pode agir como
cisão do comunicador? barreira ao programa?
3. Traga para a classe cinco anúncios impressos que 7. A Associação de Combate ao Câncer contratou você
utilizam celebridades. A celebridade de cada um dos para desenvolver um plano de comunicações de
anúncios foi escolhida por experiência, confia- marketing integrado que informará e persuadirá as
bilidade ou simpatia? Você acha que esse tipo de pessoas sobre os riscos do câncer de pele devido à
anúncio é eficaz? Eles são confiáveis? Quais suas superexposição ao sol. Adicionalmente, a campanha
considerações sobre cada uma das celebridades uti- informaria as pessoas que apreciam o banho de sol
lizadas nesses anúncios? Você acha que foi alvo para como se protegerem do risco da doença. Em grupos
esses anúncios? Quais alguns problemas enfrenta- de cinco alunos, desenvolva um plano de comunica-
dos pelas empresas que expõem celebridades em seus ções de marketing integrado para a Associação de
anúncios? Combate ao Câncer. Use o seguinte grid para ajudá-
3. Responda aos seguintes desafios de marketing: lo a organizar suas idéias.
a. A audiência-alvo para seu produto (um perfu-
me feminino sofisticado vendido apenas em lo-
Se você acha que a propaganda não vale a pena, saiba que há 25 montanhas no
Colorado mais altas do que o famoso Pico Pike. Você sabe o nome de algumas delas?
THE AMERICAN SALESMAN
Não desprezamos nenhuma fonte que possa prestar-nos uma agradável atenção.
MARK TWAIN
Neste capítulo, descrevemos a natureza e o uso de • O que explica o crescente uso da promoção
três ferramentas promocionais: propaganda, promoção de vendas e como as decisões sobre pro-
de vendas e relações públicas. Embora sua eficácia nem moção de vendas são tomadas?
sempre seja de fácil avaliação, elas podem contribuir • Como as empresas podem explorar melho-
fortemente para o desempenho de marketing. Conside- rar os potenciais de relações públicas e pu-
raremos as seguintes questões: blicidade em seus compostos de marketing?
MOEDA/DINHEIRO • Geração
• Avaliação e seleção
• Execução
Fatores a considerar:
• Revisão da
• Estágio no ciclo de
vida do produto
MISSÃO social MENSURAÇÃO
• Participação de
mercado e base de
• Metas de vendas consumidores • Impacto de
• Objetivos de • Concorrência e MÍDIA comunicação
propaganda mensagens • Impacto de vendas
concorrentes • Cobertura
• Freqüência da freqüência, impacto
propaganda * Principais tipos de
• Grau de substituição mídia
do produto • Veículos específicos
• Duração de mídia
• Alocação geográfica
de mídia
Ao desenvolver uma campanha de propaganda, os objetivos possíveis da propaganda em seu famoso livro
administradores de marketing devem sempre iniciar pela Defining advertising goals for measured advertising
identificação do mercado-alvo e dos motivos dos com- results? Ele expõe o método chamado DAGMAR que
pradores. Depois, podem prosseguir para tomar as cinco possibilita converter os objetivos da propaganda em
principais decisões envolvidas no desenvolvimento de metas específicas mensuráveis. Uma meta de propagan-
um programa de propaganda, conhecidas como os cinco da (ou objetivo) é uma tarefa específica de comunica-
M: ção, com um nível a ser atingido perante uma audiência
específica em determinado período de tempo. Colley
Missão. Quais os objetivos de propaganda? fornece um exemplo:
Moeda/Dinheiro. Quanto pode ser gasto?
Mensagem. Que mensagem deve ser divulgada? Aumentar, entre 30 milhões de donas de casa
Mídia. Que veículos devem ser utilizados? que possuem máquinas de lavar, o número daque-
Mensuração. Como os resultados devem ser avalia- las que identificam a marca X como sabão em pó
dos? que produz pouca espuma e deixa as roupas mais
limpas, de 10% para 40% em um ano.
Essas decisões estão resumidas na Figura 21.1 e
descritas nas seções seguintes. Os objetivos da propaganda podem ser classifica-
dos em função de seu propósito em informar, persuadir
ou lembrar o consumidor. A Tabela 21.1 lista exemplos
Estabelecimento dos objetivos de desses objetivos.
propaganda
• Propaganda informativa. É usada intensamente no
A primeira etapa do desenvolvimento de um pro- estágio pioneiro de uma categoria de produtos, em
grama de propaganda é estabelecer seus objetivos. Eles que o objetivo é desenvolver a demanda primária.
devem fluir a partir das decisões sobre o mercado-alvo, Assim, o setor de iogurte, inicialmente, precisou in-
posicionamento de mercado e composto de marketing. formar aos consumidores os benefícios nutricionais
As estratégias de posicionamento e composto de e os diversos usos do produto.
marketing definem a tarefa que a propaganda deve de- • Propaganda persuasiva. Torna-se importante no es-
sempenhar no programa total de marketing. tágio competitivo, quando o objetivo da empresa é
Muitos objetivos específicos de comunicação e ven- desenvolver a demanda seletiva para uma marca es-
das podem ser atribuídos à propaganda. Colley lista 52 pecífica. A maioria das campanhas de propaganda
1. Veja COLLEY, Russell H. Defining advertising goals for measured advertising results. New York : Association of National Advertisers, 1961.
INFORMAR
LEMBRAR
Lembrar os compradores de que o produto pode ser Manter o produto nas mentes dos compradores em períodos
necessário em breve. de baixa estação.
Lembrar os compradores onde comprar o produto. Manter o produto em posição privilegiada nas mentes dos
compradores (top of mind).
enquadra-se nesta categoria. Por exemplo, a Chivas Freqüentemente, os anúncios de automóveis dão
Regai tenta persuadir os consumidores que repre- destaque a consumidores satisfeitos que desfrutam
senta mais status do que qualquer outra marca de alguma característica especial de seu novo carro.
uísque escocês. Alguma propaganda persuasiva é
classificada na categoria de propaganda comparati- A escolha do objetivo de propaganda deve estar
va, que procura estabelecer a superioridade de uma baseada em uma análise profunda da situação atual de
marca por meio de comparações específicas com uma marketing. Por exemplo, se a classe do produto estiver
ou mais marcas da classe de produtos.2 A propa- no estágio de maturidade, a empresa for líder de merca-
ganda comparativa tem sido usada em categorias do e se a taxa de uso da marca for baixa, o objetivo
de produtos como desodorantes, fast food, creme apropriado deve ser estimular maior uso da marca. Por
dental, pneus e automóveis. A Burger King entrou outro lado, se a classe do produto for nova e a empresa
em guerra com o McDonald's com seus grelhados não liderar o mercado, mas se sua marca for superior à
versus hambúrgueres fritos. A Shering-Plough anun- líder, o objetivo apropriado será convencer o público da
ciou que "seu novo produto OcuClear durava três superioridade da marca.
vezes mais do que o Visine". Ao usar propaganda
comparativa, a empresa deve estar segura de que
pode provar sua afirmação de superioridade e de Decisão sobre o orçamento de
que não pode ser contra-atacada em uma área onde propaganda
a outra marca é mais forte. A propaganda compara-
tiva funciona melhor quando associa motivações Após determinar os objetivos de propaganda, a
cognitivas e afetivas simultaneamente.3 empresa pode começar a estabelecer o orçamento desti-
Propaganda de lembrança. É de extrema importân- nado a cada produto. O papel da propaganda é alterar a
cia no estágio de maturidade do produto. Os anún- curva de demanda do produto para cima. A empresa
cios caros em quatro cores da Coca-Cola, veiculados precisa gastar a quantia exigida para atingir sua meta de
em revistas, não têm o propósito de informar ou per- vendas. Entretanto, como uma empresa pode saber que
suadir, mas de lembrar as pessoas de comprar o re- está gastando a quantia correta? Se ela gastar muito
frigerante. Uma forma relacionada é a propaganda pouco, o efeito será insignificante e, paradoxalmente, a
de reforço, que procura assegurar aos consumidores empresa estará gastando muito. Por outro lado, se gas-
conquistados que eles fizeram a escolha certa. tar muito em propaganda, parte do dinheiro poderia ser
2. Veja WILKIE, L., FARRIS, Paul W. Comparison advertising: problem and potential. Journal of Marketing, p. 7-15, Oct. 1975.
3. Veja ROSE, Randall L, MINIARD, Paul W, BARONE, Michael J., MANNING, Kenneth C, TILL, Brian D. When persuasion goes undetected:
the case of comparative advertising. Journal of Marketing Research, p. 315-330, Aug. 1993; e putrevu, Sanjay, LORD, Kenneth R. Comparative
and noncomparative advertising: attitudinal effects under cognitive and affective involvement conditions. Journal of Advertising, p. 77-91,
June 1994.
4. Para uma boa discussão sobre este tema, veja AAKER, David A., CARMAN, James M. Are you overadvertising? Journal of Advertising Research,
p. 57-70, Aug./Sept. 1982.
5. Veja SCHULTZ, Donald E., MARTIN, Dennis, BROWN, William P Strategic advertising campaigns. Chicago : Crain Books, 1984. p. 192-197.
6. VIDALE, M. L., WOLFE, H. R. An operations-research study of sales response to advertising. Operations Research, p. 370-381, June 1957.
7. LITTLE, John D. C. A model of adaptive Control of promotional spending. Operations Research, p. 1.075-1.097, Nov. 1966.
8. Para modelos adicionais de estabelecimento do orçamento de propaganda, veja LILIEN, Gary L., KOTLER, Philip, MOORTHY, Sridhar.
Marketing modeb. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1992. Cap. 6.
9. MARTIN, David N. Romancing the brand: the power of advertising and how to use it. New York : Amacom, 1989. p. 73, 106-107.
10. LEVINE, Joshua. Fizz, fizz ... plop, plop. Forbes, p. 139, 21 June 1993; MISSION impossible. Advertising Age, p. 18, 8 Mar. 1993.
11. Veja Keep listening to that wee, small voice. In: Communications of an advertising man. Chicago : Leo Burnett Co., 1961. p. 61.
12. MALONEY, John C. Marketing decisions and attitude research. In: BAKER JR., George L. Effective marketing coordination. Chicago : American
Marketing Association, 1961. p. 598-618.
TIPOS DE
EXPERIÊNCIAS
TIPO POTENCIAL DE RECOMPENSA
POTENCIALMENTE
RECOMPENSADORAS RACIONAL SENSORIAL SOCIAL SATISFAÇÃO DO
COM UM PRODUTO EGO
Resultantes da 1. Deixa as roupas 2. Regula totalmente 3. Quando você se 4. Para a pele que
experiência de uso mais limpas as funções preocupa bastante você merece ter
estomacais em servir o
melhor
Resultantes do uso do 5. A farinha que não 6. Satisfação plena 7. Um desodorante 8. A loja para o
produto precisa ser em uma cerveja que garante executivo jovem
peneirada excelente aceitação social
Resultantes do uso 9. A embalagem 10. O televisor 11. 0 móvel que 12. O estéreo do
acidental do produto plástica mantém portátil mais leve identifica o lar homem de gosto
os cigarros e prático de ser da pessoa apurado.
sempre frescos transportado moderna
Fonte: Adaptado de MALONEY, John C. Marketing decisions and attitude research. In: BAKER JR., George L. (Org.). Effective marketing
coordination. Chicago : American Marketing Association, 1961. p. 595-618.
ço das técnicas de editoração eletrônica (desktop resse, distinção e credibilidade, respectivamente, enquan-
publishing). O departamento de criação da agência pode to a mensagem "Seu próximo bebê pode nascer com um
criar muitas alternativas de um anúncio em tempo cur- defeito de nascença" obteve 58, 51 e 70. A primeira
to, utilizando os recursos de imagem, tipologia etc. dos mensagem superou a segunda em todos os critérios.14
softwares disponíveis no mercado.
O anunciante deve fazer análise de mercado e pes-
AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DA MENSAGEM. O anunciante pre- quisa para determinar que apelo tem maior impacto na
cisa avaliar as mensagens alternativas. Normalmente, um audiência-alvo:
bom anúncio está focado em uma única proposição de
venda. Twedt sugeriu que as mensagens devem ser ava-
liadas em termos de desejabilidade, exclusividade e SCHOTT A Schott é uma empresa alemã fabricante
credibilidade.13 A mensagem deve, primeiro, comunicar de produtos de vidro destinados às indústrias e ao mer-
algo desejável ou interessante sobre o produto. A men- cado consumidor. A divisão técnica de sua subsidiária
sagem deve também comunicar algo exclusivo ou dis- norte-americana, a Schott America, fabrica 50.000 pro-
tinto que não existe em outras marcas da categoria de dutos, mas em 1989, procurou a agência de propaganda
produto. Finalmente, a mensagem deve ser crível ou Hammond Farrell, de New York, para pedir orientação
provável. Por exemplo: sobre um de seus produtos, o Ceran. Esse material de
cerâmica vitrificada refratária é usado como isolante tér-
mico das partes elétricas de motores e equipamentos e
THE MARCH OF DIMES Essa organização pesquisou estava em grande demanda na Europa. Todavia, quando
um tema de propaganda para levantar fundos destina- os vendedores da filial norte-americana tentaram ven-
dos a sua luta contra os defeitos de nascença. Várias der o Ceran para seu mercado-alvo formado por 14 fa-
mensagens surgiram a partir de uma sessão de bricantes de eletrodomésticos, as empresas solicitaram
brainstorming. Pediu-se a um grupo de pais jovens que amostras de cada cor disponível e não pediram uma nova
avaliassem cada mensagem em termos de interesse, dis- visita. A análise de mercado e a pesquisa da Harmond
tinção e credibilidade, atribuindo-se pontos em uma es- Farrell confirmaram que o produto era muito desconhe-
cala de 1 a 100. Por exemplo, a mensagem "Setecentas cido, não apenas entre os compradores industriais, mas
crianças nascem por dia com um defeito de nascença" também entre intermediários importantes, como vare-
obteve pontuações de 70, 62 e 80 nos critérios de inte- jistas, designers e arquitetos. A pesquisa também reve-
13. TWEDT, Dik Warren. How to plan new products, improve old ones, and create better advertising. Journal of Marketing, p. 53-57, Jan. 1969.
14. Veja MINDAK, William A., BYBEE, Malcolm. Marketing application to fund raising. Journal of Marketing, p. 13-18, July 1971.
lou uma grande surpresa: ao selecionarem os principais cipal problema era responder à pergunta: "Como tornar
produtos para comprar ou incluir em seus designs, ne- estas informações acessíveis aos usuários?" Foi quando
nhuma dessas pessoas estava atenta à engenharia sofis- a Hammond Farrell apresentou uma campanha de pro-
ticada que os vendedores da Schott estavam tentando paganda genial e muito bem-sucedida, baseada nas men-
mostrar. O Ceran era um produto de longa durabilidade sagens "Um uso de gala em sua cozinha" e "Mais do que
e sua superfície lisa não deixava o calor escapar. O prin- um isolante térmico para fogão, um meio de expressão".15
15. Para uma visão ampla de como algumas agências de propaganda business-to-business estão usando o pensamento estratégico, veja ARNOTT,
Nancy. Getting the picture. Sales and Marketing Management, p. 74-82, June 1994.
16. MANRAI, Lalita. Effect of labeling strategy in advertising: self-referencing versus psychological reactance. Tese (doutorado). Northwestern
University, 1987.
17. GARFIELD, Bob. Wondrous Chanel n. 5 spot deftly nurtures the product. Advertising Age, p. 3, 12 Dec. 1994.
18. GREENLAND, L. Is this the era of positioning? Advertising Age, 29 May 1972.
Formato. Os elementos do formato, como tamanho, anúncio, pode ser atingido um ponto de equilíbrio óti-
cor e ilustração farão a diferença no impacto e no custo mo. Novos estudos eletrônicos sobre o movimento dos
do anúncio. Um pequeno rearranjo dos elementos me- olhos mostram que os consumidores podem ser condu-
cânicos de um anúncio pode melhorar seu poder de atrair zidos por um anúncio pelo posicionamento estratégico
a atenção. Anúncios maiores chamam mais a atenção, de seus elementos dominantes.
embora não necessariamente na proporção de seu cus- Alguns pesquisadores de propaganda impressa re-
to. As ilustrações em quatro cores em vez de em branco latam que a ilustração, título e texto são importantes,
e preto aumentam a eficácia e o custo do anúncio. Ao nesta ordem. Primeiramente, o leitor percebe a ilustra-
planejar o domínio relativo de diferentes elementos do ção, e ela deve ser forte o suficiente para atrair a aten-
19. OGILVY, David, RAPHAELSON, Joel. Research on advertising techniques that work - and don't work. Harvard Business Review, p. 14-18,
July/Aug. 1982.
20. LIPMAN, Joanne. It's it and that's a shame: why are some slogans losers? The Wall Street Journal, 16 July 1993, Al:4; FARHI, Paul. The
wrong one baby, uh-uh: has Madison Avenue lost it? The Washington Post, 28 Feb. 1993, C5:l.
21. Para leitura adicional, veja COHEN, Dorothy. Legal issues in marketing decision making. Cincinnati, OH : South-Western, 1995.
22. GOLDMAN, Kevin. Advertising: from witches to anorexics: criticai eyes scrutinize ads for political correctness. The Wall Street Journal, 19
May 1994, Bl:3.
23. NASH, Nathaniel C. Advertising: a german court rules that images in a Benetton campaign are exploitative and illegal. The New York Times,
7 July 1995, D6:l; CLANCY, Kevin J., SHULMAN, Robert S. Marketing myths that are killing business. New York : McGraw-Hill, 1994. p. 148-
149.
• Peso do número de exposições (PA/E). É a cobertura exposição, caso a audiência tenha deixado passar o
vezes a freqüência média vezes o impacto médio, significado da mensagem na primeira vez... Muito
isto é, PNE = C x F x I. freqüentemente, uma resposta avaliativa à pergunta
"Qual sua importância?" responde também à pri-
A seguir, mostraremos como balancear o planeja- meira pergunta... A terceira exposição constitui um
mento de mídia. Com determinado orçamento, qual a lembrete, se uma decisão de comprar baseada nas
combinação mais eficaz de cobertura, freqüência e im- avaliações ainda não tiver sido tomada. Ela é tam-
pacto em termos de custo-benefício? A cobertura é mais bém o início do desengajamento e desvio da atenção
importante no lançamento de novos produtos, flanquea- de um episódio completo.25
mento de marcas, para marcas bem conhecidas, marcas
compradas esporadicamente ou quando há interesse em A tese de Krugman em favor de três exposições
vender a um mercado-alvo indefinido. A freqüência é precisa ser explicitada. Significa três exposições de pro-
mais importante quando há concorrentes fortes, uma paganda reais - isto é, a pessoa vê o anúncio três vezes.
história complexa para ser comunicada, alta resistência Isto não deve ser confundido com exposições do veículo.
do consumidor ou um ciclo de compra freqüente.24 Se apenas metade dos leitores visualizar os anúncios de
Muitos anunciantes acreditam que uma audiência- revistas ou se eles visualizarem anúncios em edições es-
alvo precisa receber grande número de exposições para porádicas, a exposição de propaganda é apenas metade
a propaganda funcionar. Poucas repetições podem tor- das exposições do veículo. A maioria das empresas de
nar-se desperdício porque poderão passar despercebi- pesquisa estima as exposições do veículo, não as exposi-
das. Outros anunciantes duvidam do valor de um anún- ções dos anúncios. Um estrategista de mídia teria que
cio que é repetido muitas vezes. Julgam que após as pes- comprar mais exposições do veículo além de três para
soas virem o mesmo anúncio algumas vezes, tomam ou atingir as três constatações da tese de Krugman.26
não uma decisão, ficam irritadas ou param de notá-lo. Outro fator a favor da repetição da propaganda
Krugman afirmou que três exposições a um anúncio po- diz respeito ao esquecimento. O trabalho de repetição
dem ser suficientes: da propaganda é recolocar parcialmente a mensagem
na memória da audiência. Quanto maior a taxa de es-
A primeira exposição é, por definição, original quecimento associada àquela marca, categoria de pro-
Como em uma exposição inicial a algo, um tipo de duto ou mensagem, mais garantido será o nível de repe-
resposta cognitiva vem em mente para responder à tição.
pergunta: O que é isto? A segunda exposição a um Entretanto, a repetição não é suficiente. Muitos
estímulo (...) gera vários efeitos. Pode ser que haja anúncios levam à exaustão, e a audiência procura afas-
uma reação cognitiva caracterizada pela primeira tar-se deles. Os anunciantes não devem insistir em um
Jornal 32,0 23,2 $ 45.900 por uma Flexível, oportuno, boa Vida curta, baixa
página nos dias de cobertura local de qualidade de
semana no Chicago mercado, ampla reprodução, pequeno
Tribune aceitação, alta número de leitores por
credibilidade exemplar
Televisão 30,6 22,2 $ 1.900 por 30 Combina sinais, som e Custo absoluto elevado,
segundos em horário movimento, apela para número excessivo de
nobre de Chicago os sentidos, alta comerciais, exposição
atenção, cobertura transitória, menor
abrangente seletividade de
audiência
Mala direta 27,3 19,8 $ 1.520 pelos nomes e Seletividade de Custo relativamente
endereços de 40.000 audiência, flexibilidade, elevado, imagem de
veterinários inexistência de junk mail (correio lixo)
concorrência para o
anúncio na mesma
mídia, personalização
Rádio 9,6 6,9 $ 400 por um minuto Uso para comunicação Apresentação apenas
durante o horário de de massa, alta seletivi- em áudio, menor
tráfego intenso (entrada dade demográfica e atenção do que a
e saída do trabalho) em geográfica, custo baixo televisão, tabelas de
Chicago preços não padroni-
zadas, exposição
transitória
Revista 7,4 5,3 $ 126.755 por uma Alta seletividade demo- Compra de espaço
página em 4 cores na gráfica e geográfica, muito antecipada,
Newsweek credibilidade e pres- algum desperdício de
tígio, reprodução de circulação, nenhuma
alta qualidade, vida garantia para a posição
longa, vários leitores (exceção à 4a capa,
por exemplar contracapas e contratos
especiais)
Outdoor 1,1 0,8 $ 25.500 por mês para Flexibilidade, taxa Nenhuma seletividade
71 cartazes na área elevada de exposição de audiência, limitações
metropolitana de repetitiva, custo baixo, à criatividade
Chicago pouca concorrência
Fonte: As colunas 2 e 3 foram extraídas de COEN, Robert J. Ad gain of 5,2% in '93 marks downturn's end. Advertising Age, p. 4, 2 May 1994.
anúncio desgastado, mas pedir novas criações a suas principais tipos de mídia em termos de cobertura, fre-
agências de propaganda. Por exemplo, a Duracell pode qüência e impacto. As principais mídias de propaganda,
escolher entre mais de 40 diferentes versões de seu anún- com seus respectivos custos, vantagens e limitações são
cio básico. mostradas na Tabela 21.3.
Os planejadores de mídia fazem suas escolhas en-
tre essas categorias de mídia considerando diversas va-
ESCOLHA ENTRE OS PRINCIPAIS TIPOS DE MÍDIA. O
riáveis, as principais delas mostradas a seguir:
planejador de mídia precisa conhecer a capacidade dos
• Hábitos de mídia da audiência-alvo. Por exemplo, a televisão exerceu a posição de liderança no composto
rádio e televisão são as mídias mais eficazes para de mídia, enquanto os demais veículos foram negligen-
atingir adolescentes. ciados. Depois, os pesquisadores de mídia começaram a
• Produto. Roupas femininas são mais bem apresenta- perceber a redução da eficácia da televisão devido à sa-
das em revistas em cores, e as câmeras fotográficas turação pelo aumento do número de comerciais (os anun-
Polaroid são mais bem demonstradas pela televisão. ciantes passaram a veicular comerciais mais curtos e
Os tipos de mídias possuem potenciais diferentes repetitivos, dispersando a atenção da audiência e redu-
para demonstração, visualização, explanação, zindo o impacto), aumento da troca de canais proporci-
credibilidade e cores. onada pelo dispositivo de controle remoto e redução da
• Mensagem. Uma mensagem que anuncia importan- assistência a anúncios em função do crescimento das TV
te liquidação para o dia seguinte exigirá cobertura a cabo e dos aparelhos de videocassete. Além disso, o
de rádio ou de jornais. Outra mensagem com mui- custo de veiculação pela televisão cresceu mais rápido
tos dados técnicos pode exigir revistas especializadas que o das demais mídias. Diversas empresas constata-
ou mala direta. ram que uma combinação de anúncios impressos e co-
• Custo. A televisão é muito cara, enquanto a propa- merciais de televisão, freqüentemente, obtém melhor
ganda em jornais é barata. Deve-se levar em consi- resultado do que os comerciais isolados.
deração o custo por mil exposições e não o custo Outra razão para essa revisão é o surgimento con-
total. tínuo de novas mídias. Por exemplo, os anunciantes au-
mentaram substancialmente seus gastos em outdoor na
As idéias sobre o impacto e o custo de mídia de- última década. Esta mídia de propaganda fornece exce-
vem ser reexaminadas regularmente. Por muito tempo, lente meio de atingir segmentos de consumidores em
Fax programado
A tecnologia do fax programado vem sendo usada Fontes: RUST, Roland T., OLIVER, Richard W. Notes and comments:
por várias empresas. Permite o armazenamento de in- the death of advertising. Journal of Advertising, p. 71-77, Dec. 1994;
GOLASKI, Lorien. Products ads are just a call away. Business Marketing,
formações em um programa de computador. Os consu- p. 26, Sept. 1994; DONLIN, Dennis. Scaling new-media mountains.
midores que necessitam de informações podem fazer uma Advertising Age, p. 22, 27 Mar. 1995; e YAHN, Steve. Advertising's brave
ligação gratuita e o fax programado, automaticamente, new world. Advertising Age, p. 1, 53, 16 May 1994.
locais importantes. A televisão a cabo está atingindo a tempo, promoções do anunciante ("Nesta semana, $ 0,20
maioria das residências norte-americanas e produzindo de desconto no quilo de atum").
bilhões de dólares de receita de propaganda por ano. Os Os anúncios estão começando a aparecer em livros
sistemas a cabo permitem formatos de programação mais bestsellers, salas de cinema e em filmes de vídeo. Materi-
restritos, como esportes, noticiários, culinária e artes, ais escritos como relatórios anuais de empresas, guias
todos atendendo às empresas que visam a grupos seleci- turísticos, catálogos e newsletters estão cada vez mais
onados. veiculando anúncios. Muitas empresas que enviam fatu-
Outra nova mídia promissora é a própria loja. Os ras mensais a seus consumidores (empresas de cartão
veículos promocionais mais antigos em lojas, como de crédito, lojas de departamentos, postos de gasolina,
displays de ponta de gôndolas e cartazetes que divulgam linhas aéreas etc.) estão incluindo encartes no envelope
ofertas especiais estão sendo complementados por uma anunciando produtos e serviços. Algumas empresas en-
infinidade de novos veículos de mídia. Alguns supermer- viam fitas de áudio ou de vídeo para consumidores po-
cados estão vendendo espaço em seus pisos de ladrilho tenciais, divulgando seus produtos. Para mais detalhes
para empresas interessadas em colocar seus logos. Estão sobre algumas das mídias eletrônicas de propaganda mais
experimentando prateleiras falantes, onde os comprado- recentes, veja a seção Visão 2000 intitulada "Fique aten-
res obtêm informações à medida que passam por certas to às novas mídias de propaganda" e o Capítulo 23.
seções de alimentos. Uma empresa introduziu o sistema Em função da abundância de mídia e suas caracte-
de videocart controlado por computador em que apare- rísticas, o planejador de mídia deve, primeiro, decidir
lhos de televisão espalhados pela loja transmitem infor- como alocar o orçamento entre os principais tipos de
mações úteis para os consumidores durante 70% do tem- mídia disponíveis. Por exemplo, ao lançar sua nova mar-
po ("A couve-flor é rica em vitamina C") e, em 30% do ca de biscoitos, a Pillsbury pode decidir alocar $ 3 mi-
27. Veja RUST, Roland. Advertising media models: a practical guide. Lexington : Lexington Books, 1986.
28. Veja FORRESTER, Jay W Advertising: a problem in industrial dynamics. Harvard Business Review, p. 100-110, Mar./Apr. 1959.
29. Veja RAO, Amber G., MILLER, Peter B. Advertising/sales response functions. Journal of Advertising Research, p. 2-10, Mar. 1962.
30. Veja KUEHN, Alfred A. How advertising performance depends on other marketing factors. Journal of Advertising Research, p. 2-10, Mar.
1962.
a propaganda contínua para expandir mercados, com "compra nacional" de mídia quando veicula anúncios em
itens comprados freqüentemente e junto a categorias de redes de TV ou em revistas de circulação nacional. Faz
compradores bem definidas. A concentração exige que "compra de spots" quando veicula anúncios em alguns
os gastos em propaganda sejam concentrados em um mercados cobertos por uma emissora de TV ou em edi-
único período. Faz sentido para produtos vendidos em ções regionais de revistas. Nestes casos, os anúncios atin-
uma única estação ou em feriados. A eventualidade sig- gem um mercado com raio de ação de 65 a 95 quilôme-
nifica que a propaganda é veiculada por algum período, tros, chamado área de influência dominante ou área de-
seguido por uma interrupção e, depois, por uma segun- signada de mercado. A empresa faz "compra local" quan-
da veiculação. É usada quando os gastos são limitados, do anuncia em jornais, rádios ou outdoors locais.
o ciclo de compra é relativamente infreqüente ou os itens Como exemplo de alocação geográfica, considere-
são sazonais. A intermitência representa a propaganda mos o caso abaixo:
contínua a níveis baixos reforçados periodicamente por
ondas mais intensas. Este padrão possui a força da pro-
paganda contínua e procura criar um compromisso em PIZZA HUT A Pizza Hut cobra uma taxa de propa-
termos de estratégia de programação.31 Aqueles que o ganda de 4% sobre seus franquiados. Gasta 2% de seu
adotam consideram que a audiência captará a mensa- orçamento em mídias regionais e locais. Alguns anúnci-
gem em maior profundidade e a empresa poderá gastar os nacionais são desperdiçados devido à baixa penetra-
menos. ção da empresa em certas áreas. Assim, muito embora
ela possa ter uma participação de 30% do mercado naci-
onal de pizzarias franquiadas, essa participação pode
A pesquisa da Anheuser-Busch variar de 5% em algumas cidades a 70% em outras. Os
indicou que a Budweiser poderia reduzir substancialmen- franquiados localizados em cidades onde obtêm maior
te a propaganda em um mercado específico e não per- participação de mercado desejam que maior parte do
der vendas durante pelo menos um ano e meio. Assim, a orçamento de propaganda seja destinada a suas áreas.
empresa poderia lançar campanhas "relâmpagos" duran- Porém, se a Pizza Hut gastar todo o orçamento em mídias
te seis meses e recuperar a taxa anterior de crescimento. regionais, não terá dinheiro suficiente para cobrir meta-
Esta análise levou a Budweiser a adotar uma estratégia de do país. O gasto regional envolve maiores custos de
de propaganda intermitente. produção e maior número de trabalhadores de criação
de anúncios para atender às situações locais, em vez de
apenas um anúncio para todo o mercado nacional. As-
DECISÃO SOBRE ALOCAÇÃO GEOGRÁFICA DE MÍDIA. Uma
sim, a propaganda nacional oferece eficiência, mas não
empresa tem que decidir como alocar seu orçamento de é eficaz no atendimento de diferentes situações locais.
propaganda no espaço, bem como no tempo. Ela faz
31. Veja também MESAK, Hani I. An aggregate advertising pulsing model with wearout effects. Marketing Science, p. 310-326, Summer 1992; e
FEINBERG, Fred M. Pulsing policies for aggregate advertising models. Marketing Science, p. 221-234, Summer 1992.
(Leitura) Com que facilidade o anúncio induz o leitor a lê-lo novamente? (20)
(Comportamento) Qual o grau de certeza, sugerido pelo anúncio, de que o consumidor (20)
tomará alguma atitude com relação a ele?
Total
Anúncio Anúncio Anúncio Anúncio Anúncio
pobre medíocre médio bom ótimo
Avaliação da eficácia da propaganda teste de texto, pode ser feita antes de o anúncio ser colo-
cado em uma mídia e após ser impresso ou divulgado.
O bom planejamento e controle da propaganda Há três principais métodos de pré-teste da propa-
depende criticamente da avaliação de sua eficácia. To- ganda. O método de avaliação direta solicita aos consu-
davia, o número de pesquisas básicas sobre a eficácia da midores para avaliarem anúncios alternativos. Estas ava-
propaganda é insignificante. Conforme Forrester: "Pro- liações são usadas para definir o potencial de um anún-
vavelmente, não mais da quinta parte de 1% do gasto cio para atrair a atenção, induzir à leitura completa, o
total em propaganda é usado para obter-se um conheci- grau de entendimento, o grau de emoção e as forças
mento consistente de como são gastos os outros comportamentais (veja a Figura 21.4). Embora seja uma
99,8%".32 mensuração imperfeita do impacto real de um anúncio,
A maior parte da mensuração da eficácia de pro- um alta taxa de avaliação indica que ele é potencial-
paganda é de natureza aplicada, lidando com anúncios mente mais eficaz. Os testes de portfólio permitem que
e campanhas específicas. A maior parte do dinheiro é os consumidores vejam e/ou ouçam um portfólio de
gasto pelas agências em pré-testes de anúncios, ficando anúncios durante o tempo que for necessário. Depois,
pouco para gastar na avaliação posterior de seus efeitos. pede-se a eles que lembrem dos anúncios e de seus con-
Muitas empresas desenvolvem uma campanha de pro- teúdos, com auxílio ou não do entrevistador. Seu nível
paganda, a veiculam no mercado nacional e, depois, de lembrança indica a habilidade de um anúncio se des-
avaliam sua eficácia. Seria melhor, primeiro, limitar a tacar entre os demais e de sua mensagem ser entendida
campanha a uma ou a algumas cidades e avaliar seu e lembrada. Os testes de laboratório empregam equipa-
impacto antes de lançá-la em âmbito nacional usando mentos para mensurar as reações psicológicas dos con-
um orçamento muito grande. Uma empresa testou, pri- sumidores - batimento cardíaco, pressão sangüínea, di-
meiro, sua nova campanha em Fênix. A campanha fra- latação das pupilas, nível de transpiração etc. Estes tes-
cassou e ela economizou todo o dinheiro que seria gasto tes medem o poder de um anúncio em captar a atenção,
em uma cobertura nacional. mas não revelam nada sobre as crenças, atitudes ou in-
A maioria dos anunciantes tenta mensurar o efeito tenções do consumidor. A Tabela 21.4 descreve algumas
da comunicação de um anúncio, isto é, seu efeito poten- técnicas específicas de pesquisa de propaganda.
cial sobre a consciência, conhecimento ou preferência. Haley, Stafforoni e Fox argumentam que os méto-
Eles gostariam de mensurar seu efeito sobre as vendas, dos atuais de teste de texto têm-se tornado tão familia-
embora, freqüentemente, achem que este seja de difícil res e bem definidos que é fácil perceber suas limitações
mensuração. Contudo, ambos podem e devem ser de mensuração. Especificamente, esses métodos tendem
pesquisados. a ser excessivamente racionais e verbais e a confiar, de
uma forma ou de outra, principalmente, na resposta dos
respondentes. Eles argumentam que os anunciantes pre-
PESQUISA DO EFEITO DA COMUNICAÇÃO. A pesquisa do cisam levar mais em consideração os elementos não ver-
efeito da comunicação procura determinar se um anún- bais do anúncio, que podem ser influenciadores muito
cio está comunicando eficazmente. Também chamada fortes sobre o comportamento.33
Anúncios impressos A Starch e a Gallup & Robinson são dois serviços de pré-teste de anúncios impressos amplamente
utilizados. Os anúncios-testes são inseridos em revistas que circulam junto a um grupo de consu-
midores selecionados. Depois, eles são contatados e entrevistados sobre as revistas e os anúncios.
São usados testes de lembrança e de reconhecimento para determinar a eficácia dos anúncios. No
caso da Starch, três tipos de avaliações de leitores são preparados: (a) os que notaram - porcenta-
gem de leitores que declararam ter visto o anúncio na revista; (b) os que viram/associaram -
porcentagem de leitores que identificaram corretamente o produto e seu anunciante; e (c) os que
leram a maior parte do anúncio - porcentagem de leitores que declararam ter lido mais da metade
do anúncio. A Starch fornece também tabelas mostrando as pontuações médias para cada classe
de produtos durante o ano, separadas por homens e mulheres em relação a cada revista para
permitir que os anunciantes comparem o impacto de seu anúncio em relação aos anúncios concor-
rentes.
Anúncios em rádio e
televisão
Testes domésticos É feita uma projeção de comerciais nas residências dos consumidores-alvo. Esta técnica consegue
captar a atenção total do consumidor, embora crie uma situação artificial de observação.
Testes próximos ao local Para situar os consumidores próximos ao ponto real de decisão de compra, o pré-teste é conduzido
de compra em um trailer estacionado em um shopping center. Os consumidores entram em contato com os
produtos-testes e têm oportunidade de selecionar uma série de marcas em uma situação de com-
pra simulada. Depois, assistem a uma série de comerciais. No final, recebem cupons para serem
usados em lojas do shopping center. Posteriormente, pela avaliação dos cupons entregues às lojas,
os anunciantes podem estimar a influência de seus comerciais sobre o comportamento de compra.
Testes em cinemas Consumidores são convidados a uma sala de cinema para assistir a uma nova série de televisão ao
longo da qual são inseridos alguns comerciais. Antes do início da projeção, os consumidores indi-
cam suas marcas preferidas em diferentes categorias de produtos. Após a projeção, eles são nova-
mente convidados a fazer a mesma escolha. As mudanças de preferências são assumidas para
mensurar o poder de persuasão dos comerciais.
Testes ao vivo Os testes são conduzidos por um canal de televisão regular. Os entrevistados são recrutados para
assistir a um programa durante o qual é inserido o comercial-teste ou são selecionados entre
aqueles que já assistiram ao programa. Depois, respondem perguntas a respeito do nível de lem-
brança do comercial. Esta técnica cria uma atmosfera real para avaliar comerciais.
Os anunciantes estão também interessados em tes- vendas gerado por um anúncio que aumenta a consciên-
tar o impacto da comunicação global de uma campanha cia de marca em 20% e a preferência em 10%?
de propaganda. Em que extensão a campanha aumen- Geralmente, o efeito da propaganda sobre as ven-
tou a consciência, compreensão e preferência declarada das é de mensuração mais difícil do que seu efeito de
da marca etc? Assumindo que o anunciante mensurou comunicação. As vendas são influenciadas por muitos
estes níveis antes da campanha, ele pode retirar uma fatores além da propaganda, como as características do
amostra randômica de consumidores após a mesma para produto, preço, disponibilidade e as ações dos concor-
avaliar os efeitos da comunicação. Se uma empresa es- rentes. Quanto menor for o número ou mais controlá-
perava aumentar a consciência da marca de 20 para 50% veis forem esses fatores, mais fácil será mensurar o efei-
e conseguiu apenas 30%, algo está errado: a empresa to da propaganda sobre o volume de vendas. O impacto
não está gastando o suficiente, seus anúncios são fracos sobre as vendas é mais fácil de ser mensurado em situa-
ou algum outro fator está falhando. ções de marketing direto e mais difícil na propaganda
de marca ou de construção de imagem corporativa.
PESQUISA DO EFEITO SOBRE VENDAS. A pesquisa do efei- As empresas estão Comumente interessadas em
to da comunicação ajuda os anunciantes a avaliar os re- descobrir se estão gastando muito ou pouco em propa-
sultados da propaganda, mas revela muito pouco sobre ganda. Uma abordagem é trabalhar com a seguinte for-
seu impacto no volume de vendas. Qual o volume de mulação:
Em outras palavras, a participação dos gastos de vários anos e encontrou uma taxa de um por um para
propaganda de uma empresa proporciona um share of produtos já conhecidos e uma taxa de 1,5 a 2 por um
voice que possibilita um share of minds and hearts e, fi- para novos produtos.34 Usando estas informações, su-
nalmente, uma participação de mercado. Peckham estu- ponhamos que observamos os dados da tabela a seguir
dou o relacionamento entre share of voice e participação para três empresas bem estabelecidas que vendem pro-
de mercado para vários produtos de consumo durante dutos semelhantes por um preço idêntico:
* Nota: Uma taxa 100 de eficácia de propaganda significa um nível eficaz de gastos em propaganda. Uma taxa abaixo de
100 significa um nível de propaganda relativamente ineficaz; uma taxa acima de 100 indica um nível de
propaganda muito eficaz.
A empresa A gasta $ 2.000.000, que representa base atual ou ajustada usando técnicas estatísticas avan-
57,1% do gasto total do setor {share of voice) que é de çadas. Palda estudou o efeito dos gastos em propaganda
$ 3.500.000. Todavia, sua participação de mercado é de sobre as vendas, utilizando os dados da empresa Lydia
apenas 40%. Dividindo-se sua participação de mercado Pinkham's Vegetable Compound, entre 1908 e 1960.35
por seu share of voice, temos uma taxa de eficácia de Ele calculou os efeitos marginais a curto e a longo prazo
propaganda de 70%, sugerindo que esta empresa está da propaganda sobre as vendas. Um dólar de propagan-
gastando muito ou de forma errada em propaganda. A da marginal aumentou as vendas em apenas 50 centa-
empresa B está gastando $ 1.000.000, que representa vos, a curto prazo, sugerindo que a Pinkham gastava
28,6% do gasto total do setor em propaganda {share of muito em propaganda. Entretanto, o efeito marginal so-
voice), assegurando uma participação de mercado tam- bre as vendas a longo prazo foi três vezes maior. Palda
bém de 28,6%. Podemos concluir que esta empresa está calculou que a taxa marginal de retorno de propaganda
gastando eficientemente seu dinheiro. A empresa C gas- da empresa foi de 37% em todo o período estudado.
ta apenas 14,3% do gasto total do setor, embora tenha Montgomery e Silk estimaram a eficácia sobre as
uma participação de mercado de 31,4%. Isto indica que vendas de três ferramentas de comunicação usadas no
ela está gastando seu dinheiro com muita eficiência e setor farmacêutico.36 Uma empresa do setor gastou 38%
deve, provavelmente, aumentar seu nível de gastos. de seu orçamento de comunicação em mala direta, 32%
Os pesquisadores tentam mensurar o impacto da em amostras grátis e literatura e 29% em anúncios em
propaganda sobre as vendas através da análise de séries periódicos médicos. Todavia, a pesquisa dos efeitos so-
históricas ou dados experimentais. A abordagem de sé- bre as vendas indicaram que a propaganda em revistas
rie histórica envolve a correlação entre as vendas passa- médicas, a ferramenta de comunicação menos utilizada,
das e os gastos passados com propaganda sobre uma obteve a maior eficácia a longo prazo, seguida da distri-
34. Veja PECKHAM, J. O. The wheel of marketing. Scarsdale, NY : edição do autor, 1975. p. 73-77.
35. PALDA, Kristian. The measurement of cumulative advertising effect. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1964. p. 87.
36. MONTGOMERY, David B., SILK, Alvin J. Estimating dynamic effects of market Communications expenditures. Management Science, p. 485-
501, June 1972.
37. Veja BUZZELL, Robert D. E. I. Du Pont de Nemours & Co.: measurement of effects of advertising. In: Mathematical models and
marketing management. Boston : Division of Research, Graduate School of Business Administration, Harvard University, 1964. p. 157-179.
38. Veja URBAN, Glen L. Allocating ad budgets geographically. Journal of Advertising Research, p. 7-16, Dec. 1975.
39. Veja HOLLIS, Nigel. The link between TV ad awareness and sales: new evidence from sales response modelling. Journal of the Market
Research Society, p. 41-55, Jan. 1994.
40. Além das fontes citadas abaixo, veja WALKER, David, DUBITSKY, Tony M. Why liking matters. Journal of Advertising Research, p. 9-18, May/
June 1994; MEHTA, Abhilasha. How Advertising Response Modeling (ARM) can increase ad effectiveness. Journal of Advertising Research, p.
62-74, May/June 1994; e HOLSTIUS, Karin. Sales response to advertising. International Journal of Advertising, 9, n. 1, p. 38-56, 1990.
41. TELLIS, Gerald J. Advertising exposure, loyalty, and brand purchase: a two-stage model of choice. Journal of Marketing Research, p. 134-144,
May 1988.
42. Veja KAMIS, Michael A., MARKS, Lawrence J., SKINNER, Deborah. Television commercial evaluation in the context of program induced
mood: congruency versus consistency effects. Journal of Advertising, p. 1-14, June 1991.
43. Veja LORD, Kenneth R., BURNKRANT, Robert E. Attention versus distraction: the interactive effect of program involvement and attentional
devices on commercial processing. Journal of Advertising, p. 47-60, Mar. 1993; LORD, Kenneth R., LEE, Myusung-Soo, SAUER, Paul L.
Program context antecedents of attitude toward radio commercials. Journal ofthe Academy of Marketing Science, p. 3-15, Winter 1994.
44. Veja GANZACH, Yoav, KARASHI, Nili. Message framing and buying behavior: a field experiment. Journal of Business Research, p. 11-17, Jan.
1995.
45. IT'S official; some ads work. The Economist, p. 52, 1 Apr. 1995.
46. Extraído de BLATTBERG, Robert C, NESLIN, Scott. A sales promotion: concepts, methods, and strategies. Englewood Cliffs, NJ : Prentice
Hall, 1990. Este livro fornece o tratamento mais abrangente e analítico da promoção de vendas para datas.
47. IT'S official. Op. cit. p. 52.
48. BERRY, Jonathan. Wilma! What happened to the plain old ad? Business Week, p. 54-58, 6 June 1994.
49. STRANG, Roger A. Sales promotion - fast growth, faulty management. Harvard Business Review, p. 115-124, aqui p. 116-119, July/Aug.
1976.
50. Para um bom resumo da pesquisa sobre se a promoção destrói a reputação de marcas líderes, veja BLATTBERG e NELSON. Op. cit.
51. BROWN, Robert George. Sales response to promotions and advertising. Journal of Advertising Research, p. 33-39, aqui p. 36-37, Aug. 1974.
52. MITCHEL, F. Kent. Advertising/promotion budgets: how did we get here, and what do we do now? Journal of Consumer Marketing, p. 405-
447, Fall 1985.
53. Veja FARRIS, Paul W., QUELCH, John A. In defense of price promotion. Sloan Management Review, p. 63-69, Fall 1987.
54. Um modelo para o estabelecimento dos objetivos da promoção de vendas é definido em JONES, David B. Setting promotional goals: a
Communications relationship model. Journal of Consumer Marketing, 11, n. 1, p. 38-49, 1994.
55. Veja TOTTEN, John C, BLOCK, Martin E Analyzing sales-promotion. 2. ed. Chicago : Dartnel, 1994. p. 69-70.
Amostras grátis Oferecimento gratuito de uma quantidade de pro- A Lever Brothers confiava tanto em seu novo sa-
duto ou serviço. As amostras grátis podem ser bão em pó Surf que distribuiu amostras grátis para
entregues porta a porta, enviadas pelo correio, quatro em cada cinco residências norte-america-
distribuídas em lojas ou vinculadas a outro pro- nas a um custo de $ 43 milhões.
duto. A distribuição de amostras constitui o meio
mais eficaz e mais dispendioso de lançar um novo
produto.
Cupons São certificados que dão direito a seu portador a A P & G entrou no mercado de Pittsburgh com sua
um desconto definido na compra de um produto marca de café Folger oferecendo um cupom de
específico. Podem ser enviados pelo correio, ane- desconto de 35 centavos para a compra de uma
xados a outros produtos ou inseridos em anún- lata de 500 gramas, enviado pelo correio às resi-
cios de revistas e jornais. A taxa de resgate varia dências da área e um cupom na própria lata, ofe-
de acordo com o método de distribuição, sendo recendo desconto de 10 centavos para uma próxi-
de 2% para os jornais, de 8% para os enviados ma aquisição.
pelo correio e de 17% quando anexados a outros
produtos. Os cupons podem ser eficazes para esti-
mular vendas de uma marca madura e para indu-
zir a experimentação de uma marca nova. Os es-
pecialistas acreditam que os cupons devem pro-
porcionar um desconto de 15 a 20% para serem
eficazes.
Descontos Os consumidores recebem uma redução de preço A Toro desenvolveu uma promoção inteligente
pós-compra após a compra do produto e não na loja. Eles en- para movimentar a venda de novos modelos de
viam uma "prova de compra" específica ao fabri- máquinas de remover neve fora da estação. Se a
cante que devolve pelo correio parte do preço pago. precipitação da neve fosse inferior à média na área
residencial do comprador, ele receberia um des-
conto. Os concorrentes não estavam preparados
par acompanhar a promoção em tempo hábil.
Pacotes de preços São ofertas aos consumidores em que um conjun- Às vezes, as empresas fabricantes de vaporizadores
promocionais to de produtos é oferecido com redução de preço. para purificação do ar reúnem vários tipos de pro-
Podem levar a forma depacote de preço baixo, quan- dutos: por exemplo, spray, desodorizador de
do unidades do mesmo produto podem ser adqui- carpete e desodorizador de banheiro.
ridas com vantagem de preço, por exemplo, "leve
2 e pague 1" ou pacote de produtos correlatos, quan-
do dois produtos relacionados são comprados em
conjunto com vantagem de preço. Por exemplo,
creme dental e escova. Os pacotes de preços
promocionais são muito eficazes para estimular
as vendas a curto prazo, ainda mais do que os cu-
pons.
Prêmios Prêmios (ou brindes) são produtos oferecidos a A Quaker Oats fez uma promoção onde inseriu
preço relativamente baixo ou gratuitamente como moedas de ouro ou prata nos sacos de ração para
incentivo para a compra de um produto específi- cães Ken-L. Os consumidores da Budweiser podem
co. Um prêmio anexo acompanha a própria emba- solicitar camisetas, balões e centenas de outros
lagem do produto comprado. A própria embala- itens com a marca Bud.
gem reusável pode constituir-se um prêmio. 0
prêmio pelo correio é um item enviado para o con-
sumidor que remete uma prova de compra, como
por exemplo, a tampa da caixa de um produto ou
o código de barras. Uma oferta apreço de liquida-
ção é um item vendido abaixo do preço normal
aos consumidores que solicitarem. Agora, os fa-
bricantes oferecem vários tipos de brindes que le-
vam a marca da empresa.
Concursos, loterias São ofertas que permitem ganhar dinheiro, via- Uma empresa inglesa de cigarros incluiu um bi-
e jogos gens ou mercadorias como resultado da compra lhete de loteria em cada pacote, concorrendo a
de algo. Um concurso pode pedir que os consumi- um prêmio de $ 10.000. Às vezes, o prêmio é uma
dores submetam suas idéias a um júri que selecio- pessoa, como ocorreu quando a Canada Dry ofe-
nará as melhores. Em uma loteria, os nomes ou receu ao vencedor $ 1 milhão ou um jantar com a
números de consumidores participam de sorteios. atriz Joan Collins (neste caso, o vencedor preferiu
Alguns fabricantes ou varejistas oferecem aos com- o dinheiro).
pradores um jogo cada vez que eles compram.
Podem ser cartelas com números de bingo, cupons
para sorteio etc. Estas modalidades de promoção
de vendas chamam mais à atenção do que cupons
ou pequenos prêmios.
Recompensas por São valores em dinheiro ou em outras formas que A maioria das linhas aéreas oferece pontos por
preferência são proporcionais à preferência de alguém por uma milhas viajadas que podem se transformar em vi-
empresa ou algumas empresas. Alguns consumi- agens aéreas grátis. Os Hotéis Marriott adotaram
dores recebem selos quando compram determi- um plano de "hóspede de honra" que dá pontos
nadas mercadorias. Podem trocá-los por merca- aos usuários de seus hotéis. As cooperativas pa-
dorias em pontos de resgate ou através de catálo- gam dividendos a seus cooperados de acordo com
gos de venda pelo correio. suas participações anuais.
Experimentações Consistem no convite de compradores potenciais As concessionárias de automóveis estimulam seus
gratuitas a experimentarem gratuitamente um produto, na clientes potenciais a fazer o test drive em um veí-
esperança de que os mesmos venham a comprá-lo culo para estimular o interesse de compra.
regularmente.
Garantias do São promessas explícitas ou implícitas feitas pe- Quando a Chrysler ofereceu uma garantia de cin-
produto los vendedores de que o produto desempenhará co anos para seus automóveis, que era substanci-
conforme as especificações. Caso contrário, será almente maior do que a oferecida pela GM e Ford,
consertado ou o consumidor receberá o dinheiro chamou a atenção dos clientes. Também foi o caso
de volta durante determinado período de tempo. da Sears, que ofereceu uma garantia vitalícia para
suas baterias de automóveis.
Promoções Envolve duas ou mais marcas ou empresas que se A MCI ofereceu dez minutos de ligação interurba-
vinculadas unem para a promoção conjunta de cupons, des- na nas latas dos refrigerantes Crystal Light.
contos e concursos, com o objetivo de aumentar o
poder de atrair consumidores. 0 pool de empre-
sas tem a esperança de ampliar a exposição de
seus produtos porque várias forças de vendas le-
vam tais promoções aos varejistas, oferecendo-lhes
mostruários e espaços para anúncios.
Promoções Envolvem o uso de uma marca para divulgar ou- Os biscoitos Nabisco tipo cookies podem ser anun-
cruzadas tra marca não concorrente. ciados como contendo gotas de chocolate Hershey
e a caixa pode conter ainda um cupom de descon-
to para a compra de um produto Hershey.
Displays e Infelizmente, muitos varejistas não gostam de li- 0 display da meia-calça Eeggs é um dos mais cria-
demonstrações no dar com centenas de displays, cartazes e pôsteres tivos da história dos materiais de ponto-de-venda
ponto-de-venda que recebem de seus fornecedores. Em resposta a e principal fator de sucesso desta marca.
esta resistência, os fabricantes estão criando me-
lhores materiais de ponto-de-venda, vinculando-
os à propaganda de televisão ou de mídia impres-
sa.
Fontes: Para mais informações, veja CONSUMER incentive strategy guide. Incentive, p. 58-63, May 1995; URSETH, William. Promos 101.
Incentive, p. 53-55, Jan. 1994; URSETH, William. Promos 101, Part II, Incentive, p. 43-45, Feb. 1994; e BERRY, Jonathan. Wilma! What
happened to the plain old ad? Business Week, p. 54-58, 6 June 1994.
FERRAMENTAS DESCRIÇÃO
Descontos Trata-se de abatimento direto na fatura sobre os preços de lista dos produtos comprados
durante determinado período de tempo. Os descontos estimulam os revendedores a comprar
uma quantidade maior ou um novo item que não seria normalmente comprado. Os
revendedores podem usar esses descontos para vantagem própria (lucro imediato), propa-
ganda ou beneficiar os consumidores através de redução de preços.
Concessões especiais São importâncias pagas indiretamente aos varejistas que concordam em divulgar os produtos
do fabricante de maneira especial. Uma concessão de propaganda compensa os varejistas que
anunciam o produto do fabricante. Uma concessão de display retribui seu esforço de divulgar
determinada marca.
Mercadorias gratuitas Os fabricantes oferecem caixas extras de mercadorias aos intermediários que compram deter-
minada quantidade de certos sabores ou tamanhos. Eles podem oferecer prêmios em dinheiro
aos varejistas ou a seus vendedores que "empurrarem" suas marcas. Podem oferecer brindes
com suas marcas como canetas, lapiseiras, calendários, blocos de anotações e cinzeiros.
Fontes: Para mais informações, veja SPETHMAN, Betsy. Trade promotion redefined. Brandweek, p. 25-32, 13 Mar. 1995.
mentaram a marca pela primeira vez e que volta- • A promoção de vendas aos intermediários pode indu-
ram a comprá-la uma ou mais vezes). Esta empre- zir os varejistas a promoverem a marca através de
sa precisa criar mais usuários leais. Um cupom in- maior divulgação, exposição e redução de preço. Os
serido na embalagem seria apropriado para esti- fabricantes podem obter exposição de ponta de
mular a repetição de compra. Entretanto, se a taxa gôndola ou aumentar o espaço de prateleira para
de recompra tivesse sido alta, digamos 50%, a suas marcas oferecendo aos varejistas concessões e
empresa deveria tentar atrair maior número de descontos proporcionais a seu desempenho.
novos experimentadores. Neste caso, um cupom • A promoção aos intermediários pode estimular os va-
enviado pelo correio pode ser apropriado. rejistas e seus balconistas a "empurrar o produto". Os
fabricantes concorrem pelo esforço de vendas do va-
rejista oferecendo prêmios em dinheiro, treinamen-
Ferramentas de Promoção aos Intermediários. to de vendedores e balconistas, prêmios especiais e
Os fabricantes usam várias ferramentas de promoção aos concursos de vendas.
intermediários (Veja a Tabela 21.6). Surpreendentemen-
te, é destinado mais dinheiro para a promoção aos inter- Provavelmente, os fabricantes gastam mais em pro-
mediários (46,9%) do que para os consumidores moção de vendas aos intermediários do que gostariam.
(27,9%), com a propaganda ficando com os 25,2% re- O aumento de concentração do poder de compra nas
manescentes. Os fabricantes dão prêmio em dinheiro aos mãos de poucos e mais poderosos varejistas tem aumen-
intermediários por quatro razões: tado a habilidade dos intermediários em exigir apoio fi-
nanceiro dos fabricantes às expensas da promoção de
• A promoção de vendas aos intermediários pode persu- vendas aos consumidores e da propaganda.56 De fato,
adir o varejista ou atacadista a oferecer a marca. O os intermediários passaram a depender mais do dinhei-
espaço de prateleira é tão escasso que os fabrican- ro dos fabricantes. Nenhum fabricante pode, unilateral-
tes, freqüentemente, têm que oferecer descontos, ga- mente, parar de oferecer concessões comerciais sem per-
rantia de devolução, mercadorias extras e condições der o apoio dos varejistas. Em alguns países, os varejis-
especiais de pagamento para obter maior espaço nas tas tornaram-se os maiores anunciantes, usando a maio-
prateleiras das lojas e supermercados. ria das concessões comerciais obtidas de seus fornece-
• A promoção de vendas aos intermediários pode persu- dores.
adir o varejista ou atacadista a comercializar um vo- Freqüentemente, a força de vendas da empresa e
lume maior do que habitualmente o faz. Os fabrican- seus gerentes de marcas discordam da promoção desti-
tes oferecem concessões de volume visando induzir nada aos intermediários. Os vendedores dizem que os
o intermediário a estocar maior volume de determi- varejistas não manterão os produtos da empresa nas pra-
nado produto. Eles acreditam que os comerciantes teleiras, a menos que recebam mais dinheiro dos fabri-
trabalham mais quando estão com o estoque "abar- cantes, enquanto os gerentes de marcas desejam gastar
rotado" de seus produtos. os recursos financeiros limitados em promoção e propa-
56. Veja FARRIS, Paul W, AILAWADI, Kusum L. Retail power: monster ou mouse? Journal ofRetailing, p. 359-369, Winter 1992.
57. Veja RETAILERS buy far in advance to exploit trade promotions. The Wall Street Journal, 9 Oct. 1986, p. 35.
58. TRADE promotion: much ado about something. PROMO, p. 15, 37, 40, Oct. 1991.
59. Extraído de SMITH, Kerry E. Media fusion. PROMO, p. 29, May 1992.
FERRAMENTA DESCRIÇÃO
Feiras e convenções As associações comerciais e industriais organizam feiras e convenções anuais. As empresas
que vendem produtos e serviços para um setor específico compram espaço e montam stands
para demonstrar seus produtos em uma feira. Anualmente, cerca de 5.600 feiras são realiza-
das, atraindo aproximadamente 80 milhões de visitantes. A freqüência a essas feiras pode
variar de alguns milhares a 70.000 pessoas, como ocorrem nas destinadas aos setores de
restaurantes e hotéis. Os expositores esperam vários benefícios, incluindo a geração de novas
indicações para vendas, manutenção de contatos com clientes, lançamento de novos produ-
tos, atendimento de novos clientes e orientação de consumidores através de publicações,
filmes e materiais audiovisuais.
As empresas de bens industriais podem gastar até 35% de seu orçamento anual de promo-
ção em feiras. Elas têm que tomar muitas decisões, como em que feiras participar, quanto
gastar em cada uma delas, como construir stands atraentes e como acompanhar eficiente-
mente cada novo cliente que demonstre interesse em fazer negócios.
Concursos de vendas Envolvem os vendedores ou revendedores e são destinados a induzi-los a aumentar os resul-
tados de vendas em um período definido, com prêmios destinados àqueles que forem mais
bem-sucedidos. A maioria das empresas prepara concursos anuais de vendas, ou com mais
freqüência, destinados a seus vendedores. Também chamados programas de incentivo, são
empregados para motivar e dar reconhecimento pelo bom desempenho da empresa. Os ven-
cedores podem receber viagens, dinheiro ou presentes. Algumas empresas atribuem pontos
por desempenho, que o vencedor pode transformar em um tipo de prêmio escolhido. Uma
idéia original de prêmio pode custar menos e funcionar mais do que as recompensas habitu-
almente oferecidas. Os incentivos funcionam melhor quando estão vinculados a objetivos de
vendas atingíveis e mensuráveis (como encontrar novos clientes, recuperar clientes antigos),
em que os funcionários sentem que podem trabalhar em igualdade de condições.
Propaganda através de itens Este tipo de propaganda consiste em oferecer itens úteis e de custo baixo aos vendedores para
de especialidade serem distribuídos gratuitamente aos clientes atuais e potenciais, sem nenhum compromisso
de compra, que levam o nome e endereço da empresa e, às vezes, alguma mensagem de
propaganda. Itens Comumente oferecidos são canetas, calendários, isqueiros e blocos de ano-
tações. Eles mantêm o nome da empresa na frente do cliente e geram boa vontade do compra-
dor em função de sua utilidade. Uma pesquisa indicou que cerca de 80% dos fabricantes
oferecem esses itens de especialidade a seus vendedores.
qüência ótima é cerca de três semanas por trimestre e a pessoal de campo, em que o número de promoções é
duração ótima é na fase do ciclo médio de compra.60 definido juntamente com seu custo. A preparação de uma
Sem dúvida, o ciclo de promoção ótimo varia por cate- promoção específica envolve o custo administrativo (ser-
goria de produto e, ainda, em função do produto especí- viços gráficos, correio e funcionários envolvidos) e o custo
fico. do incentivo (custo do prêmio, descontos e o custo de
Quarto, a empresa deve escolher um veículo de dis- resgate de cupons), multiplicados pelo número previsto
tribuição. Um cupom de 50 centavos pode ser distribuí- de unidades que serão vendidas em função da promo-
do na embalagem, em lojas, pelo correio ou por uma ção. No caso da promoção através de cupons, a empresa
mídia de propaganda. Cada método de distribuição en- deve considerar que apenas uma fração dos consumido-
volve um nível diferente de cobertura, custo e impacto. res fará o resgate. Na promoção que envolve brindes in-
Quinto, o gerente de marketing deve estabelecer a seridos na própria embalagem do produto, são embuti-
programação da promoção (timing). Por exemplo, os ge- dos no preço os custos de fabricação e de embalagem do
rentes de marcas preparam calendários anuais para as brinde.
promoções planejadas. As datas são usadas pelos depar- A maneira mais comum de desenvolver o orçamen-
tamentos de produção, vendas e distribuição. to de promoção de vendas é usar uma porcentagem con-
Finalmente, a empresa deve determinar o orçamen- vencional do orçamento total. Por exemplo, um creme
to total de promoção de vendas. Ele pode ser desenvolvi- dental pode receber um orçamento de promoção de ven-
do de várias maneiras. Pode partir de estimativas do das de 30% do orçamento total de promoção, enquanto
60. STERN, Arthur. Measuring the ejfectiveness of package goods promotion strategies. Artigo apresentado à Association of National Advertisers,
Glen Cove, NY, Feb. 1978.
4 __
0
Antes da Durante a Logo após a Após a
promoção promoção promoção promoção
Figura 21.5 Efeito da promoção de vendas junto aos consumidores sobre a participação de marca.
para as mesmas e a não considerar o esforço de propa- Um público pode facilitar ou impedir as condições
ganda da empresa. Segundo, elas podem ser mais caras de uma empresa atingir seus objetivos. Freqüentemente,
do que parecem. Algumas são destinadas, inevitavelmen- RP tem sido tratada como "enteada" de marketing, uma
te, aos consumidores errados (especificamente: fiéis à solução de última hora para o planejamento promocional
marca, trocadores de marca freqüentes e aos consumi- mais sério. Entretanto, a empresa inteligente adota pro-
dores cativos da empresa que acabam obtendo um sub- vidências concretas para administrar as relações bem-
sídio que não solicitaram). Terceiro, há custos decorren- sucedidas com seus públicos-chave. A maioria das em-
tes de ajustes de produção, do esforço extra da força de presas opera um departamento de relações públicas para
vendas e das exigências decorrentes da própria promo- planejar seus relacionamentos. O departamento de RP
ção. Finalmente, determinadas promoções irritam os monitora as atitudes dos públicos da organização e dis-
varejistas, que podem exigir concessões extras para coo- tribui informações e comunicações para obter boa von-
perarem com o fabricante.65 tade. Quando ocorre qualquer publicidade negativa, o
departamento de RP age para solucionar o problema.
Os melhores departamentos de RP dedicam parte de seu
RELAÇÕES PÚBLICAS tempo aconselhando a alta administração a adotar pro-
gramas positivos e a eliminar práticas questionáveis,
Como a propaganda e a promoção de vendas, a evitando o surgimento de qualquer publicidade negati-
relações públicas é outra importante ferramenta de va.
marketing. A empresa não deve apenas se relacionar bem Os departamentos de RP desempenham as cinco
com seus consumidores, fornecedores e revendedores, atividades seguintes, nem todas apoiando os objetivos
mas também com um amplo conjunto de públicos inte- de marketing da empresa:
ressados. Definimos um público da seguinte maneira:
• Relações com a imprensa. Divulgar notícias e infor-
PÚBLICO é qualquer grupo que tem interesse ou im- mações favoráveis sobre a organização.
pacto real ou potencial sobre as condições da em- • Publicidade de produtos. Empreender vários esfor-
ços para divulgar produtos específicos.
presa atingir seus objetivos. RELAÇÕES PÚBLICAS
• Comunicações corporativas. Promover a organização
(RP) envolve uma variedade de programas destina-
com comunicações internas e externas.
dos a promover e/ou proteger a imagem de uma • Lobbying. Trabalhar junto a legisladores e órgãos go-
empresa ou seus produtos. vernamentais visando à aprovação ou ao veto a le-
gislações e regulamentações.
65. Entre os livros de promoção de vendas disponíveis, destacamos os seguintes: TOTTEN, John C., BLOCK, Martin P. Analyzing sales promotion:
text and cases. 2. ed. Chicago : Dartnel, 1994; SCHULTZ, Don E., ROBINSON, William A., PETRISON, Lisa A. Sales promotion essentials. 2.
ed. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1994; WILMSHURTST, John. Bellow-the-line promotion. Oxford: England: Butterworth/Heineman,
1993; e BLATTBERG, Robert C, NESLIN, Scott A. Sales promotion: concepts, methods, and strategies. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall,
1990. Para uma abordagem sobre um sistema especialista para promoção de vendas, veja KEON, John W, BAYER, Judy. An expert approach
to sales promotion management. Journal of Advertising Research, p. 19-26, June/July 1986.
66. Adaptado de CUTLIP, Scott M., CENTER, Allen H., BROWN, Glen M. Effective public relations. 8. ed. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall,
1997.
67. Para um excelente relato, veja HARRIS, Thomas L. The marketefs guide to public relations. New York : John Wiley & Sons, 1991.
68. DUNCAN, Tom. A study of how manufacturers and service companies perceive and use marketing public relations. Muncie, In: Bali State
University, Dec. 1985. Para mais detalhes sobre comparar a eficácia da propaganda versus RP, veja LORD, Kenneth R., PUTREVU, Sanjay.
Adversiting and publicity: an information processing perspective. Journal ofEconomic Psychology, p. 57-84, Mar. 1993.
69. BERTRAND, Kate. Intel starts to rebuild. Business Marketing, p. 1, 32, Feb. 1995; MARKOFF, John. In about-face, Intel will swap its flawed
chip. The New York Times, 21 Dec. 1994, WBIZ 14:1.
FERRAMENTA DESCRIÇÃO
Eventos As empresas podem chamar à atenção para novos produtos ou outras atividades da empresa
ao organizar eventos especiais. Podem ser entrevistas coletivas para a imprensa, seminários,
excursões, exposições, concursos e competições, aniversários e patrocínios esportivos e cultu-
rais que atingirão públicos-alvo. 0 patrocínio de um evento esportivo, como a Competição
Internacional de Ciclismo Coors ou o Torneio Internacional de Tênis Volvo, dá à empresa
ampla visibilidade entre seus fornecedores, distribuidores e clientes.
Notícias Uma das principais tarefas dos profissionais de RP é encontrar ou criar notícias favoráveis
sobre a empresa, seus produtos e funcionários. A geração de notícias exige habilidade para o
desenvolvimento de uma história bem pesquisada e redigida em forma de press release. Entre-
tanto, a habilidade desses profissionais deve ir além de preparar boas histórias transformadas
em notícias. Obter aceitação da mídia para press releases e dirigir entrevistas à imprensa
requerem habilidades de marketing e de comunicação interpessoal. Um diretor de RP conhe-
ce as necessidades da mídia em termos de notícias que sejam interessantes, atuais, bem
redigidas e que atraiam a atenção do público. 0 diretor de mídia precisa construir relações
favoráveis com editores e repórteres. Quanto mais a imprensa for cultivada, maior a probabi-
lidade da empresa receber maior e melhor cobertura.
Palestras São outra ferramenta para gerar publicidade sobre o produto e a empresa. As carismáticas
palestras de Lee Iacoca perante grandes audiências ajudaram a Chrysler a vender seus carros.
Cada vez mais os executivos das empresas devem captar assuntos veiculados pela mídia e
participar de associações de classe ou convenções de vendas, embora essa exposição pública
pode construir ou prejudicar a imagem da empresa. As empresas estão escolhendo cuidado-
samente seus porta-vozes, usando redatores de palestras e discursos e contratando profissio-
nais de oratória para melhorar o desempenho dos executivos que as representam.
Atividades comunitárias AS empresas podem melhorar sua imagem pública contribuindo com dinheiro e tempo para
causas sociais. É comum as grandes empresas designarem executivos para participarem de
assuntos comunitários onde seus escritórios e fábricas estão localizados. Em outros casos, as
empresas doam certa quantia em dinheiro a uma causa específica, não relacionada com a
compra de seus produtos. Denominado marketing relacionado às causas sociais, ele vem sendo
usado crescentemente por empresas para construir imagem pública favorável. A Procter &
Gamble e a Publishers' Clearing House coordenaram uma promoção para ajudar o programa
Special Olympics. Cupons dos produtos da P&G foram incluídos na mala direta da Publishers',
cujo valor unitário de resgate de 10 centavos foi destinado ao programa.
Mídia de identidade Em uma sociedade sobrecarregada de veículos de comunicação, as empresas precisam com-
corporativa petir pela atenção do público. Elas devem esforçar-se para criar uma identidade visual que
seja imediatamente reconhecida pelo público. Ela é transmitida por logos, materiais de escri-
tório, livretos, marcas, formulários, cartões de visita, edifício e uniformes.
Fonte: Para leitura complementar sobre marketing relacionado às causas sociais, veja VARADARAJAN, E Rajan, MENON, Anil. Cause-related
marketing: a co-alignment of marketing strategy and corporate philanthropy. Journal of Marketing, p. 58-74, July 1988.
70. Veja CATHERWOOD, Dwight W, VAN KIRK, Richard L. The complete guide to special event management. New York : John Wiley, 1992.
Esta mensuração de exposição não é muito Nos próximos anos, podemos esperar que relações
satisfatória. Não há indicação de quantas pessoas real- públicas de marketing exercerá papel importante nos
mente leram, ouviram ou gravaram a mensagem e so- esforços de comunicação da empresa. Podemos também
bre o que fizeram depois, Não há nenhuma informação esperar maior participação de RP no composto
sobre a audiência líquida atingida, uma vez que as pu- promocional, inclusive em mala direta. Para mais infor-
blicações possuem mais de um leitor por exemplar. Des- mações sobre este tópico, veja a seção Memorando de
de que a meta da publicidade e a cobertura e não a fre- Marketing intitulada "Marketing direto + Relações pú-
qüência, seria útil saber o número de exposições não blicas = Uma história de sucesso de marketing integra-
duplicadas. do".
Consciência, c o m p r e e n s ã o e m u d a n ç a de
atitude. Uma melhor mensuração é a mudança da
71. MERIMS, Arthur M. Marketing's stepchild: product publicity. Harvard Business Review, p. 111-112, Nov./Dec. 1972. Veja também PAINE,
Katerine D. There is a method for measuring RE Marketing News, p. 5, 6 Nov. 1987.
RESUMO
1. Propaganda é qualquer forma paga de apresentação presas devem estabelecer objetivos de propaganda;
impessoal e promoção de idéias, bens ou serviços devem decidir se desejam que ela seja informativa,
por um patrocinador identificado. Entre os anunci- persuasiva ou de reforço/lembrança. Segundo, de-
antes incluem-se não apenas as empresas comerci- vem estabelecer um orçamento que leve em consi-
ais, mas também as organizações de caridade, que deração o estágio do ciclo de vida do produto, sua
não visam o lucro e os órgãos governamentais que participação de mercado, a base de consumidores, a
anunciam a vários públicos. concorrência e a saturação das mídias de propagan-
O desenvolvimento do programa de propaganda en- da, a freqüência da propaganda e o grau de substi-
volve um processo de cinco etapas. Primeiro, as em- tuição do produto. Terceiro, devem escolher a men-
Fonte: Adaptado de HARRIS, Thomas L. PR gets personal. Direct Marketing, p. 29-32, Apr. 1994.
sagem de propaganda, determinar como ela será ge- 2. A promoção de vendas consiste em um conjunto di-
rada, avaliar as mensagens alternativas para versificado de ferramentas de incentivo, a maioria a
desejabilidade, exclusividade e credibilidade e curto prazo, destinado a estimular compras maiores
executá-la com estilo, tom, palavras e formato mais e mais rápidas de produtos/serviços específicos por
apropriados, de maneira socialmente responsável. consumidores ou comerciantes. Enquanto a propa-
Quarto, devem decidir sobre o tipo de mídia que ganda oferece uma razão para a compra, a promo-
será empregado. Esta decisão envolve escolher co- ção de vendas oferece um incentivo para a compra.
bertura, freqüência e impacto desejados do anún- A promoção de vendas inclui ferramentas de pro-
cio, mídia que proporcionará os resultados deseja- moção para os consumidores (amostras grátis, cu-
dos em termos de circulação, audiência, eficácia e pons, ofertas, cortes de preço, prêmios, loterias, pa-
grau de exposição. Finalmente, as empresas devem trocínios, experimentações gratuitas, garantias, pro-
adotar providências para avaliar a comunicação e moções tipo "dê o produto velho de entrada", pro-
os efeitos da propaganda sobre as vendas. moções cruzadas, displays de ponto-de-venda e de-
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Apresente em classe um exemplo de propaganda de Aqui estão dois pontos que você deve abordar:
sua empresa e outro de um dos concorrentes. Qual Se um repórter telefonar, identifique a razão da
deles você considera mais eficaz? Qual sua parte mais ligação e as informações solicitadas. Não haven-
marcante? O que você gosta mais em cada um dos do possibilidade de responder no momento por
anúncios? Que mudanças você sugeriria para me- necessidade de informações adicionais, prome-
lhorar o anúncio de sua empresa? (Nota: Se você ta procurá-lo antes do fechamento da matéria.
não estiver atualmente empregado, apresente anún- Não deixe de procurá-lo.
cios de duas empresas concorrentes do mesmo se- Não espere que a notícia seja exatamente aque-
tor.) la que você relatou ou escreveu. Não se surpre-
2. Apresente em classe uma amostra de uma promo- enda com alguma confusão dos fatos, e, se os
ção de vendas de sua empresa. Qual o objetivo des- erros não forem grandes, evite pedir qualquer
sa promoção de vendas? Você acha que ela realizará reparação.
seu objetivo? Qual a parte mais interessante ou in- 4. A mensagem abaixo foi extraída de uma campanha
trigante da promoção de vendas? Ela deve continu- bem-sucedida do Motel 6, transmitida pelo locutor
ar? Justifique sua resposta. Quais os impactos nega- Tom Bodett:
tivos associados a essa promoção de vendas e às pro-
moções de vendas em geral? (Nota: Se você não es- Olá, aqui fala Tom Bodett com um plano do
tiver atualmente empregado, apresente uma amos- Motel 6 para os casais já com filhos independen-
tra de promoção de vendas de qualquer empresa e tes. Pegue a estrada, veja as paisagens e visite al-
analise-a usando as perguntas acima.) guns parentes, como sua irmã Helen e seu cunha-
3. Sua empresa sabe que a má publicidade pode ter do Bob. São pessoas maravilhosas, sempre dispos-
efeito negativo duradouro sobre seu futuro, embora tas a improvisar um sofá-cama para vocês, mas o
deseja que os gerentes de todos os níveis da admi- cheiro da naftalina não é recomendável para uma
nistração se sintam confortáveis ao atender à im- boa noite de sono. Embora Bob acorde às 5h30,
prensa, seja com boas ou más notícias. Individual- não quer dizer que vocês também tenham que
mente ou em grupo, oriente o departamento de re- acordar a essa hora. Então, aqui vai o plano: Faça
lações públicas na preparação de um checklist com uma reserva no Motel 6. Por apenas $ 22, o me-
10 itens para serem abordados em uma entrevista nor preço de qualquer cadeia nacional de motéis,
com a imprensa. Esse checklist será usado por todos você terá um apartamento limpo e confortável, e
os gerentes que, possivelmente, podem ser questio- Helen e Bob os levarão em grande consideração.
nados pela mídia eletrônica ou impressa. Bem, talvez o mais importante é que vocês podem
Robert Louis Stevenson observou que "todas as 1. Entregador. Situação em que o trabalho do vende-
pessoas vivem para vender algo". As empresas norte- dor é, predominantemente, entregar o produto (por
americanas gastam anualmente cerca de $ 140 bilhões exemplo, leite, pão, combustível, óleo lubrificante).
com venda pessoal - mais do que gastam com qualquer 2. Tirador de pedido. Situação em que o vendedor tra-
outro método promocional. Cerca de 11 milhões de nor- balha, habitualmente, no interior da empresa (por
te-americanos estão empregados em vendas e ocupações exemplo, o funcionário que atende atrás do balcão)
relacionadas.1 As empresas adotam objetivos diferentes ou no campo (por exemplo, o vendedor de sabão
para suas forças de vendas. Os vendedores da IBM são que visita o gerente de um supermercado).
responsáveis pela venda, instalação e atualização 3. Missionário. Neste caso, o vendedor não anota pedi-
(upgrading) dos computadores de seus clientes, além de dos. Sua tarefa é apenas a de obter boa vontade ou
auxiliá-los na solução de problemas. Os vendedores da de educar usuários reais ou potenciais (por exem-
AT&T são responsáveis pelo desenvolvimento, venda e plo, o propagandista de laboratório de medicamen-
acompanhamento de clientes. tos éticos que visita médicos e instituições de saú-
As forças de venda são encontradas tanto em orga- de).
nização que visam o lucro como nas que não o visam. Os 4. Técnico. Neste caso, a principal ênfase do vendedor
recrutadores são a força de vendas das universidades é colocada em seu conhecimento técnico (por exem-
para atrair novos alunos. As igrejas utilizam comitês de plo, o vendedor-engenheiro que trabalha principal-
membros para atrair novos fiéis. A Secretaria da Agri- mente como consultor das empresas-clientes).
cultura envia agrônomos para "vender" aos agricultores 5. Gerador de demanda. Situação que exige a venda
novos métodos de plantio. Hospitais e museus usam pro- criativa de produtos tangíveis (por exemplo, aspira-
fissionais especializados em levantamento de fundos para dores de pó, refrigeradores e enciclopédias) ou de
contatar doadores. intangíveis (por exemplo, seguro, serviços de pro-
A expressão representante de vendas envolve am- paganda ou de educação).
pla variedade de funções. McMurry imaginou a seguinte 6. Solucionador de problemas. Vendedor especializado
classificação das funções de vendas:2 na solução de problemas de um cliente, freqüente-
1. Veja ANDERSON, Rolph. Essentials of personal selling: the new professionalism. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1995; e DALRYMPLE,
Douglas J. Sales management. concepts and cases. 5. ed. New York : John Wiley, 1994.
2. Adaptado de McMURRY, Robert N. The mystique of super-salesmanship. Harvard Business Review, p. 114, Mar./Apr. 1961. Veja também
MONCRIEF, III, William C. Selling activity and sales position taxonomies for industrial salesforces. Journal of Marketing Research, p. 261-
270,1 Aug. 1986.
PLANEJAMENTO DA FORÇA DE VENDAS mostram ao cliente potencial como sua empresa pode
ajudá-lo a melhorar a rentabilidade. Procuram unir as
A venda pessoal funciona como um elo de ligação duas empresas como "parceiras para o lucro".
entre a empresa e os clientes. O vendedor é a empresa Independentemente do contexto da venda, os ven-
para muitos de seus clientes e ele exerce papel impor- dedores desempenham uma ou mais das seguintes tare-
tante ao trazer para sua empresa informações valiosas fas:
sobre os clientes. Por essa razão, a empresa precisa em-
penhar-se ao máximo para planejar sua força de vendas, • Prospecção. Eles procuram clientes potenciais ou in-
ou seja, desenvolver objetivos e estratégias, definir es- dicações (leads).
trutura e tamanho e sua remuneração. • Definição de alvo. Eles decidem como alocar seu tem-
po escasso entre clientes potenciais e clientes atu-
ais.
Objetivos da força de vendas • Comunicação. Eles comunicam de forma hábil a seus
clientes informações sobre os produtos e serviços da
As empresas devem definir cuidadosamente os empresa.
objetivos específicos que esperam atingir com suas for- • Venda. Eles conhecem a "arte de vender" que consis-
ças de vendas. Havia uma antiga idéia de que os vende- te na abordagem, apresentação, argumentação, res-
dores deviam "vender, vender e vender". Na IBM, os ven- posta a objeções e fechamento da venda.
dedores estariam "empurrando metais" e na Xerox, "ven- • Serviço. Eles prestam vários serviços a seus clientes:
dendo caixas". Eles cumpriam quotas, e os melhores as consultoria, assistência técnica, orientação sobre fi-
cumpriam ou as excediam. Depois, surgiu a idéia de que nanciamento e entrega.
os vendedores deveriam estar preparados para solucio- • Coleta de informações. Eles fazem pesquisa de mer-
nar os problemas dos clientes, saber como diagnosticá- cado e reúnem informações em seus relatórios de
los e propor uma solução. Mais recentemente, alguns visitas.
setores começaram a insistir que a força de vendas deve • Alocação de produtos. Eles decidem sobre os clientes
engajar-se no "compromisso de venda". Sob este concei- que devem receber produtos escassos durante pe-
to, os vendedores, de início, não procuram vender um ríodos de escassez.
produto ou resolver algum problema. Ao contrário, eles
3. Para estimativas do custo em relação a uma visita de vendas, veja SALES force compensation. Chicago: Dartnell's 27 th Survey, 1992 e Sales
and Marketing Management's 1993 sales manager's budget planner, p. 3-75, 28 June 1993.
ADMINISTRAÇÃO DA 597
FORÇA DE VENDAS
Figura 22.1 Etapas do planejamento e administração da força de vendas.
Em geral, as empresas definem objetivos específi- em programas de três dias, fora do local de trabalho. A
cos para a força de vendas. Por exemplo, uma empresa meta: fazer com que os vendedores e todos os funcioná-
pode desejar que seus vendedores empreguem 80% de rios da empresa transformem a energia competitiva em
seu tempo com os clientes atuais e 20% com os clientes espírito cooperativo, trabalhando juntos para exceder às
potenciais, e 85% do tempo com os produtos atuais e expectativas dos consumidores. Estes percebem esse es-
15% com novos produtos. Caso não sejam estabelecidas forço de equipe quando compram o novo carro Saturn.
normas, os vendedores tendem a gastar a maior parte Uma equipe inteira atende o consumidor, incluindo pes-
de seu tempo vendendo os produtos consolidados para soal de assistência técnica, vendedores, balconistas do
os clientes atuais, negligenciando os produtos novos e setor de peças e recepcionistas. Eles aplaudem, tiram
os clientes potenciais. fotos e entregam-lhe a chave do carro. Pode parecer re-
O composto de tarefas do vendedor varia com a dundante, mas em 1993 o Saturn foi classificado em ter-
situação econômica. Durante períodos de escassez de ceiro lugar em um estudo sobre a satisfação do consu-
produtos, os vendedores não têm o que vender. Algu- midor realizado pela empresa de pesquisa J. D. Power,
mas empresas chegam à conclusão de que precisam "en- logo atrás do Lexus e do Infiniti que custam cinco vezes
xugar" suas forças de vendas. Entretanto, esta conclu- mais.
são negligencia outros papéis do vendedor: alocação do
produto escasso, assistência a clientes insatisfeitos, co-
municação dos planos da empresa para remediar a es- A James River, que vende pro-
cassez e venda de outros produtos que não estejam so- dutos de papel, como papel de seda e copos plásticos
frendo o problema de escassez. Dixie (Figura 22.2), reorganizou-se para ajudar seus cli-
entes varejistas a reduzir custos e aumentar a eficiência.
À medida que as empresas concorrem por clientes,
Seus vendedores compartilham com eles informações de
elas estão crescentemente julgando seus vendedores con-
marketing para ajudá-los a vender mais produtos de
forme suas habilidades em criar clientes satisfeitos e gerar
papel. Em determinada ocasião, informou seu cliente
lucro para suas empresas. Eis dois exemplos:
Lucky Stores, da Costa Oeste, com que freqüência os
compradores, geralmente, adquirem produtos de papel
DIVISÃO SATURN DA GENERAL MOTORS Abor- e que itens compram em conjunto. Com a informação, a
recimento e manipulação costumavam ser as caracterís- Lucky teve condições de suprir suas lojas e, conseqüen-
ticas dos vendedores de carros dos Estados Unidos - isto temente, aumentar sua participação de mercado. A James
é, até a divisão Saturn da GM adotar sua política de pre- River também organizou seus vendedores por tipo de
ço justo, sem margem para pechincha, e um compromis- cliente e por produto. Antes, quando cada vendedor ti-
so com a satisfação do consumidor. Todos os novos ven- rava um pedido, o cliente era obrigado a comprar lotes
dedores são treinados na arte de atender o consumidor de cada produto para obter o menor preço. Agora, uma
equipe unificada reúne os pedidos de vários itens, for- • Abordagem de um comprador. Um vendedor contata
mando um composto de produtos de papel, que se bene- pessoalmente um comprador ou aborda-o por tele-
ficia dos preços mais baixos.4 fone.
• Abordagem de um grupo de compradores. Um vende-
dor entra em contato com o maior número possível
Para manter o foco no mercado, os vendedores
de componentes de um grupo de compradores.
devem saber como analisar dados de vendas, mensurar
• Abordagem de uma equipe de vendas a um grupo de
o potencial de mercado, coletar inteligência de marketing
compradores. Uma equipe de vendas trabalha dire-
e desenvolver estratégias e planos de marketing. Os ven-
tamente com os participantes de um grupo de com-
dedores necessitam de habilidades analíticas de
pradores da empresa cliente.
marketing que se tornam especialmente importantes para
• Reunião de vendas. Um vendedor promove um en-
os níveis mais elevados da administração. As empresas
contro entre o pessoal de sua empresa e os compra-
acreditam que as forças de vendas serão mais eficazes a
dores potenciais para discutir problemas ou oportu-
longo prazo se conhecerem tão bem marketing como
nidades mútuas.
vendas.
• Seminário de vendas. Uma equipe da empresa reali-
za um seminário com os clientes, visando colocá-los
a par de desenvolvimentos que representam "o es-
Estratégia da força de vendas tado da arte" de seus negócios.
As empresas concorrem entre si para obter pedi- Assim, os vendedores de hoje agem com freqüên-
dos dos clientes. Assim, devem dispor suas forças de ven- cia como "gerentes de contas", que promovem os conta-
das estrategicamente para que cheguem aos clientes cer- tos entre as diversas pessoas envolvidas no processo de
tos, no momento certo e da maneira correta. Os vende- compra e venda das organizações. A venda torna-se cada
dores trabalham com seus clientes de diversas manei- vez mais trabalho de equipe, exigindo o apoio de outras
ras: áreas, como a alta administração, cujo envolvimento no
4. FIERMAN, Jaclyn. The death and rebirth of the salesman. Fortune, p. 80-91, 25 July 1994.
ADMINISTRAÇÃO DA 599
FORÇA DE VENDAS
processo de venda é crescente, principalmente em situa- IBM A IBM perdeu participação de mercado no setor
ções de contas nacionais ou clientes especiais; pessoal de computadores por duas razões. Primeiro, falhou ao
técnico, que fornece informações especializadas e servi- não perceber que os microcomputadores eram a onda
ços aos clientes antes, durante e após a venda do produ- do futuro. Segundo, estava sobrecarregada por um
to; representantes de serviços ao cliente, que fazem ins- marketing burocrático e monolítico e por uma organiza-
talações, manutenção e prestam outros serviços; e equi- ção de vendas que havia perdido o contato com os clien-
pe interna formada por analistas de vendas, expedidores tes. Em 1990, "pico" de contratação da empresa, 150.000
de pedidos e secretárias. Um exemplo de orientação de pessoas espalhadas pelo mundo estavam envolvidas com
equipe de vendas bem-sucedida é fornecido pela Du Pont: marketing e vendas. Equipes de vendedores organiza-
das geograficamente atendiam a uma ampla variedade
de setores industriais e comerciais. Desde o início da
DU PONT A Du Pont passou a década de 80 prepa- empresa, seus vendedores ganharam reputação por edu-
rando equipes de vendas flexíveis recrutadas de vários car seus clientes sobre a tecnologia de computadores - e
tipos de empresas para desenvolver e vender novos pro- como ela era a maior fornecedora do mercado, isto sig-
dutos. Em 1990, uma equipe de químicos, executivos de nificava educá-los apenas sobre seus produtos. Mas, gra-
vendas e marketing e especialistas em legislação notou dualmente, suas "apresentações de vendas padroniza-
que os plantadores de milho precisavam de um herbicida das", sem adaptação às peculiaridades dos clientes, co-
que fosse aplicado com menos freqüência. Em resposta, meçaram a tornar-se cada vez mais um obstáculo para o
a equipe desenvolveu um produto que alcançou $ 57 crescimento dos negócios. Um exemplo relevante: seus
milhões de vendas no primeiro ano.5 vendedores tentaram persuadir a GTE a instalar compu-
tadores de grande porte (mainframes) e a não conside-
Uma vez que a empresa decidiu sobre a aborda- rar a instalação de redes de computadores baratos, com
gem de vendas mais desejável, ela pode usar uma força o objetivo de vender seus mainframes, em desconsi-
de vendas própria ou contratada. A força de vendas pró- deração às argumentações da empresa cliente. A GTE
pria trabalha exclusivamente para a empresa, em tempo terminou optando pela Hewlett Packard. Recentemente,
integral ou parcial. É formada por pessoal interno, que a perda de participação de mercado e o alto custo de
atende os clientes por telefone ou recebe visitas de com- manutenção de sua força de vendas a forçaram a repen-
pradores potenciais, e pessoal de campo, que se desloca sar e a reorganizar totalmente suas operações de marketing
para visitar os clientes. Uma força de vendas contratada e vendas, adotando as seguintes providências:
consiste em representantes comerciais, agentes de ven-
das ou vendedores autônomos, que são remunerados na
base de comissão sobre as vendas realizadas. • Em 1994, seus funcionários de marketing e vendas
foram reduzidos de 150.000 para 70.000. Ela não
apenas reduziu o quadro de pessoal, mas também
deixou os escritórios suntuosos, mudando-se para
Estrutura da força de vendas prédios de instalações modestas e econômicas.
• Os vendedores que antes se reportavam aos geren-
A estratégia da força de vendas tem implicações tes regionais, estes responsáveis por todos os clien-
em sua estrutura. Se a empresa vende uma linha de pro- tes em suas respectivas regiões, subordinam-se agra
dutos a um único setor, com clientes geograficamente aos executivos regionais responsáveis por setores es-
dispersos, seria adequado utilizar uma força de vendas pecíficos. A empresa reorganizou-se verticalmente
estruturada por territórios. Se ela vende muitos produ- para atender a 14 setores específicos, como empre-
tos a diferentes tipos de clientes, pode necessitar de uma sas financeiras, petrolíferas e de varejo.
força de vendas estruturada por produto ou por merca- • A força de vendas é responsável por um composto
do. A Tabela 22.1 resume as estruturas mais comuns para de setores industriais e especialistas de produto. Por
as forças de vendas. A seção Insight de Marketing exemplo, se uma executiva visita o Bank of America
intitulada "Administração de grandes contas - o que é e em São Francisco e constata que o banco necessita
como funciona" discute essa forma especializada de es- de uma solução de software, ela pode contatar uma
trutura da força de vendas. empresa especializada em software da região para
As empresas estabilizadas precisam revisar a es- vender o produto.
trutura de suas forças de vendas à medida que o merca- • Os vendedores exercem papel ativo como consulto-
do e as condições econômicas se modificam. A IBM é um res, em vez de se limitarem a meros tiradores de
excelente exemplo:6
5. POWER, Christopher. Smart selling: how companies are winning ovcr today's tougher customer. Business Week, p. 46-48, 3 Aug. 1992.
6. SAGER, Ira. The few, the true, the blue. Business Week, p. 124-126, 30 May 1994; BREWER, Geoffrey. IBM gets user-friendly. Sales and
Marketing Management, p. 13, July 1994.
Força de vendas estruturada Cada vendedor trabalha em um território exclusivo para representar toda a linha de produtos
por território da empresa. Esta estrutura de vendas oferece algumas vantagens. Primeiro, resulta em uma
definição clara das responsabilidades do vendedor. Por ser a única pessoa que trabalha em
determinado território, recebe os créditos ou as reclamações dos clientes da área, à medida
que seu esforço pessoal para vender faz a diferença. Segundo, a responsabilidade territorial
aumenta o incentivo do vendedor para cultivar as empresas locais e os relacionamentos pes-
soais. Esses relacionamentos contribuem para sua eficácia de vendas e para sua vida pessoal.
Terceiro, as despesas de viagem são relativamente pequenas, uma vez que cada vendedor
viaja dentro de área geográfica limitada.
Tamanho de território. Os territórios podem ser planejados para proporcionar potenciais
iguais de vendas ou carga de trabalho igual. Cada princípio oferece vantagens ao custo de
alguns dilemas. Territórios de potencial igual de vendas fornecem aos vendedores as mesmas
oportunidades de ganhos e às empresas meios de avaliar o desempenho. AS diferenças persis-
tentes nas vendas obtidas por território refletem as diferenças em termos de habilidade ou
esforço dos vendedores individuais. Entretanto, como a densidade de clientes varia por terri-
tório, aqueles territórios com potenciais iguais podem variar amplamente em termos de ta-
manho. Alternativamente, os territórios podem ser projetados para equalizar a carga do tra-
balho de vendas. Assim, cada vendedor pode cobrir adequadamente seu território.
Formato do território. Os territórios são formados pela combinação de unidades meno-
res, como cidades ou Estados, até que eles constituem um território com determinado poten-
cial de vendas ou carga de trabalho. 0 planejamento territorial deve levar em consideração a
localização das barreiras naturais, compatibilidade das áreas adjacentes, adequação de trans-
porte etc. Pode influenciar o custo, a facilidade de cobertura e a satisfação do trabalho dos
vendedores. Hoje, as empresas podem usar programas de computador para planejar os terri-
tórios de vendas que otimizem critérios como compactação, equalização da carga de trabalho
e tempo mínimo de viagem.
Força de vendas estruturada A importância de os vendedores conhecerem bem seus produtos, somada ao desenvolvimen-
por produto to de divisões e gerências de produtos tem levado muitas empresas a estruturar suas forças de
vendas por linhas de produtos. A especialização por produtos é particularmente garantida
quando eles são tecnicamente complexos, não relacionados ou numerosos. Por exemplo, A
Kodak usa forças de vendas diferentes para produtos de filme e produtos industriais. A pri-
meira lida com itens simples que são distribuídos intensivamente, enquanto a última lida com
itens complexos que exigem conhecimento técnico.
Força de vendas estruturada Freqüentemente, as empresas especializam suas forças de vendas por setores industriais ou
por mercado por linhas de clientes. Forças de vendas separadas podem ser estabelecidas para setores in-
dustriais diferentes e, mesmo, para clientes diferentes. Por exemplo, a IBM criou um escritó-
rio de vendas para atender seus clientes de financiamento e corretagem de New York, outro
para a GM em Detroit e ainda outro para a Ford nas proximidades de Dearborn. A vantagem
mais óbvia da especialização por mercado é que cada força de vendas pode desenvolver um
profundo conhecimento sobre as necessidades específicas de seus clientes. A principal des-
vantagem surge quando os vários tipos de clientes estão dispersos por todo o país. Isto exige
extensos deslocamentos de cada uma das forças de vendas da empresa.
Estruturas complexas de Quando uma empresa vende ampla variedade de produtos e muitos tipos de clientes situados
forças de vendas em ampla área geográfica, freqüentemente, combina diversos princípios de estruturação da
força de vendas. Os vendedores podem ser especializados por território-produto, território-
mercado, produto-mercado e assim por diante. Dessa forma, um vendedor pode reportar-se a
um ou mais gerentes de linha ou de assessoria.
pedidos ou "empurradores" de produtos. Sua mis- de sistemas para vincular os produtos IBM aos siste-
são é encontrar soluções para os clientes, mesmo se mas de informações de suas empresas. Em outro ex-
isso exigir a recomendação da tecnologia de um con- tremo estão os clientes que nunca foram visitados
corrente. por um vendedor IBM, mas confiam exclusivamen-
Os clientes escolhem como desejam trabalhar com a te nos funcionários responsáveis pelo atendimento
IBM. Para alguns deles, isto significa usar seus con- telefônico.
sultores, especialistas de produto ou integradores
ADMINISTRAÇÃO DA 601
FORÇA DE VENDAS
Administração de grandes contas - o que
INSIGHT DE
MARKETING é e como funciona
Quando uma empresa vende a muitos pequenos serviços em várias localizações geográficas, podem ser
clientes, ela usa uma força de vendas estruturada por sensíveis a preço e desejar fazer uma parceria a longo
território. Entretanto, as grandes contas (também cha- prazo com a empresa. Por sua vez, essas grandes contas
madas contas-chaves, contas nacionais ou contas da casa) têm certas expectativas em relação a seus fornecedores.
são, freqüentemente, destacadas para receber atenção Esperam que o gerente de conta conheça seus negócios,
especial. Se a conta for uma grande empresa com mui- o setor industrial, o ambiente competitivo, o mercado,
tas divisões operando em muitas partes do país e sujeita as tecnologias, os produtos e os serviços. Assim, as em-
a muitas influências de compra (como a General Electric presas devem indicar gerentes que estejam capacitados
ou a General Motors), provavelmente, ela será tratada a entender, supervisionar e ampliar essas contas. Eles
como grande conta e designada a um gerente de conta devem estar preparados para pesquisar e atingir os vári-
específico ou a uma equipe de vendas. Se a empresa os influenciadores do processo de compra na organiza-
possui várias contas desta natureza, provavelmente, or- ção-cliente. Devem saber como agregar valor e planejar
ganiza uma divisão de administração de grandes contas. a longo prazo, ter condições de mobilizar grupos em suas
Assim, a empresa venderá a esses grandes clientes por próprias organizações, sejam vendedores, pessoal de
meio dessa divisão. Uma empresa como a Xerox traba- pesquisa e desenvolvimento, equipes de produção, para
lha com 250 grandes contas. atender às exigências dos clientes. Devem ser gerentes
A administração de grandes contas vem crescendo de relacionamento, vinculando todas as pessoas de sua
por várias razões. A medida que aumenta a concentra- empresa com as pessoas relevantes da empresa-cliente.
ção de compras em função das fusões e aquisições de Freqüentemente, as empresas cometem o erro de
empresas, menor número de compradores passa a re- selecionar seus vendedores mais produtivos como ge-
presentar maior participação nas vendas de uma empre- rentes de grandes contas. Entretanto, as duas tarefas
sa. Assim, 20% das contas podem representar mais de exigem habilidades diferentes. Um gerente de grande
80% das vendas de uma empresa. Outro fator é que conta afirmou: "Meu cargo não deve ser o de um vende-
muitos compradores estão centralizando as compras de dor, mas de um 'consultor de marketing' para nossos cli-
certos itens, em vez de deixá-los como atribuição de entes. Eu vendo a capacidade de minha empresa resol-
unidades locais. Esta prática dá a eles maior poder de ver os problemas dos clientes. 0 vendedor está preocu-
barganha junto com os fornecedores. Estes, por sua vez, pado apenas em vender os produtos da empresa."
precisam dedicar maior atenção a esses grandes com- Normalmente, as grandes contas obtêm preços mais
pradores. Ainda outro fator é que os produtos vêm-se favoráveis em função do volume de compras. Mas as
tornando cada vez mais complexos, exigindo o empresas, com freqüência, destacam que as grandes con-
envolvimento de maior número de pessoas da organiza- tas recebem muito valor agregado, incluindo ponto úni-
ção compradora envolvido nas negociações, e o vende- co de contato, apenas uma fatura, garantia especial, links
dor típico pode não possuir habilidade, experiência ou de intercâmbio eletrônico de dados (EDI), prioridade de
cobertura necessária para atuar de forma eficaz. entrega, informações antecipadas e assim por diante. Não
Ao organizar um programa de grandes contas, a surpreende que algumas grandes contas estão mais pre-
empresa enfrenta vários desafios, incluindo como ocupadas com esses serviços de valor agregado, dedi-
selecioná-las e administrá-las, como escolher, adminis- cando menor ênfase para a redução de preço.
trar e avaliar seus gerentes, como organizar uma estru-
tura para administrá-las e onde localizar sua adminis-
tração na organização.
As empresas usam inúmeros critérios para selecio- Fontes: Para leitura complementar, veja MARTIN, John E, TUBRIDY,
nar as grandes contas. Identificam as contas que com- Gary S. Major account management. In: HAMPTON, John J. (Org.).
pram grandes volumes (principalmente quando envol- AMA Management Handbook. 3. ed. New York : Amacom, 1994. p. 3-
vem os produtos mais rentáveis da empresa), adotam o 27 a 3-25. Mais informações podem ser obtidas na NAMA (National
Account Management Association), 150 N. Wacker Dr., Suite 1760,
sistema de compra centralizada, exigem alto nível de Chicago, IL, 60606.
7. Para estimativas dos salários de vendedores, veja WHAT salespeople are paid. Sales and Marketing Management, p. 30-31, Feb. 1995.
ADMINISTRAÇÃO DA 603
FORÇA DE VENDAS
maior ênfase em tarefas nos casos em que existe elevada por meio de levantamentos (além de remunerar em fun-
taxa de atividades que não sejam de venda e em casos ção da rentabilidade).9
em que a tarefa de venda é tecnicamente complexa e
demanda muito tempo. A remuneração variável recebe
maior ênfase nos casos em que as vendas são cíclicas ou ADMINISTRAÇÃO DA FORÇA DE VENDAS
dependem da iniciativa da força de vendas.
A remuneração fixa e variável dá origem a três pla- Após estabelecer os objetivos, estratégia, estrutu-
nos básicos de remuneração da força de vendas: salário ra, tamanho e remuneração da força de vendas, a em-
fixo, salário comissionado e salário fixo mais comissão. presa precisa recrutar, selecionar, treinar, dirigir, moti-
Apenas um quarto das empresas usa o método de salá- var e avaliar os vendedores. Várias políticas e procedi-
rio direto ou salário comissionado. Três quartos usam mentos orientam essas decisões.
uma combinação desses dois métodos, embora a pro-
porção relativa de salário versus incentivos varie ampla-
mente entre as empresas.8
Recrutamento e seleção de vendedores
O método de salário fixo oferece várias vantagens.
Dá segurança de renda aos vendedores, torna-os mais O ponto principal de uma operação de vendas bem-
dispostos a desempenhar atividades que não sejam de sucedida é a seleção de vendedores eficazes. A diferen-
vendas e os incentivam a não estocar demais os clientes. ça de desempenho entre um vendedor médio e um de
Para as empresas, simplifica a administração e diminui alto nível pode ser considerável. Um levantamento reve-
o turnover da força de vendas. Entre outras vantagens, lou que 52% da receita de vendas das empresas
estão: atrair melhores vendedores, proporcionar mais pesquisadas decorria do trabalho de 27% dos vendedo-
motivação, exigir menos supervisão e controle dos cus- res de alto nível. Não obstante a diferença em termos de
tos de vendas. A combinação dos métodos destaca os produtividade de vendas, há grandes desperdícios na
benefícios comuns e reduz as desvantagens. contratação de pessoas erradas. A taxa anual média de
Com planos de remuneração que combinam remu- turnover da força de vendas para todos os setores indus-
neração fixa e variável, as empresas podem vincular a triais é de quase 20%. Quando um vendedor deixa uma
parte variável a uma ampla variedade de metas estraté- empresa, os custos envolvidos com recrutamento, sele-
gicas. Alguns especialistas vêem uma nova tendência em ção e treinamento de um substituto, mais os custos das
direção à diminuição das medidas de volume como fato- vendas perdidas, podem ser tão elevados quanto $ 50.000
res determinantes da remuneração dos vendedores em a $ 75.000. Acrescenta-se que uma força de vendas com
favor de fatores relacionados à consecução de priorida- muitos profissionais novatos é menos produtiva.10
des estratégicas e à administração de territórios para
O prejuízo financeiro decorrente do turnover é ape-
melhorar a rentabilidade. Um recente estudo constatou
nas parte do custo total. Se um novo vendedor recebe
que crescente número de empresas está reconhecendo o
$ 30.000 por ano, outros $ 30.000 são destinados a salá-
desempenho por unidade de negócio e/ou por peque-
rio indireto, despesas, supervisão, espaço, suprimentos
nas equipes para propósitos de incentivo; a porcenta-
de escritório e assistência de secretária. Conseqüente-
gem de empresas que está considerando a remuneração
mente, o novo vendedor precisa gerar um volume de
por desempenho de unidade de negócio aumentou de
vendas em que a margem bruta cubra pelo menos as
13% em 1991 para 22% em 1994. Também, quanto mais
despesas de vendas de $ 60.000. Se a margem bruta for
as empresas enfatizam a satisfação do cliente como par-
de 10%, o novo vendedor terá que vender pelo menos
te de uma iniciativa de melhoria da qualidade global,
$ 600.000 para a empresa atingir o ponto de equilíbrio
mais elas estão vinculando a remuneração à medidas de
(break even).
satisfação dos clientes. Em 1992, a GE começou a testar
o uso de levantamentos sobre a satisfação de clientes
como fator de remuneração de vendedores. O cartão de O QUE FAZ UM BOM VENDEDOR? A seleção de vendedo-
crédito Universal da AT&T (uma unidade de negócio) res seria simples se fosse possível saber que traços pro-
possui uma equipe interna de monitoramento da satis- curar em um candidato. Um bom ponto de partida é
fação dos consumidores para estabelecer os bônus des- perguntar aos clientes quais os traços preferidos em um
tinados a todos os operadores das linhas 0800. Parte vendedor. A maioria dos clientes responderia que o ven-
importante da reorganização da força de vendas da IBM dedor deve ser honesto, confiável, conhecedor do pro-
é que a empresa está, agora, remunerando seus vende- duto e prestativo. A empresa deve procurar esses traços
dores em função da satisfação dos clientes mensurada quando selecionar vendedores.
8. MEJIA-GOMEZ, Luis R., BALKIN, David B., CARDY, Robert L. Managing human resources. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1995. p. 416-
418.
9. WHAT salespeople are paid. Sales and Marketing Management, p. 30-31, Feb. 1995; POWER. Op. cit. p. 46-48; KEENAN, JR., William. The
sales and marketing management guide to sales compensation planning: comissions, bonuses and beyond. Chicago : Probus Publishing, 1994.
10. LUCAS JR., George H., PARASURAMAN, A., DAVIS, Robert A., ENIS, Ben M. An empirical study of sales force turnover. Journal of Marketing,
p. 34-59, July 1987.
11. Veja GARFIELD, Charles. Peak performers: the new heroes of american business. New York: Avon Books, 1986; WHAT makes a supersalesperson?
Sales and Marketing Management, p. 86, 23 Aug. 1984; WHAT makes a top performer? Sales and Marketing Management, May 1986; e
TROW, Timothy J. The secret of a good hire: profiling. Sales and Marketing Management, p. 44-55, May 1990.
12. McMURRY, Op. cit. p. 117.
13. McMURRY, Op. cit. p. 118.
14. MAYER, David, GREENBERG, Herbert M. What makes a good salesman? Harvard Business Review, p. 119-125, July/Aug. 1964.
15. COMER, James M., DUBINSKY, Alan J. Managing the successful sales force. Lexington, MA: Lexington Books, 1985. p. 5-25.
16. Extraído de uma palestra proferida por Donald R. Keogh na 27 a Conferência Anual do Super-Market Association, Chicago, 26 a 29 de abril
de 1964.
ADMINISTRAÇÃO DA 605
FORÇA DE VENDAS
serviços e quatro em empresas de produtos de consumo. escritório e há grande sobrecarga de papelada e infor-
O tempo de treinamento varia com a complexidade da mações, estejam eles no escritório ou no campo. Entre-
tarefa de vendas e com o tipo de pessoa recrutada para tanto, a tecnologia promete ajudá-los a aumentar a efi-
vendas. Na IBM, os novos vendedores recebem treina- ciência e a produtividade. Muitas empresas estão ado-
mento inicial extensivo e podem gastar 15% de seu tem- tando o treinamento interativo baseado em CD-ROM.
po em treinamento adicional. Por exemplo, os vendedores da Tandem Computers cos-
Os programas de treinamento destinam-se a vári- tumavam reclamar que não tinham tempo suficiente para
as metas: ler as informações impressas e os materiais de treina-
mento que recebiam. Agora, eles carregam suas própri-
• Os vendedores precisam conhecer a empresa e identi- as salas de treinamento em miniatura nos computado-
ficar-se com ela. A maioria das empresas dedica a res laptops, que consistem em discos de CD-ROM com
primeira parte de seus programas de treinamento módulos de apresentação de vendas e uma biblioteca de
para descrever o histórico e os objetivos da empre- consulta. O custo de masterização, duplicação e envio
sa, sua estrutura organizacional, dirigentes, estru- dos CD-ROMs (que incluem mais de 1.000 documentos
tura financeira, instalações, principais produtos e e apresentações) é igual ao custo anterior de impressão
volume de vendas. e remessa de apenas uma planilha de dados. No total, a
• Os vendedores precisam conhecer os produtos da em- empresa informa que economiza cerca de $ 2 milhões
presa. É mostrado aos novos vendedores como os por ano usando a nova tecnologia.17
produtos são fabricados e seu funcionamento em Os departamentos de treinamento precisam cole-
vários tipos de usos. tar evidências do efeito de diferentes abordagens de trei-
• Os vendedores precisam conhecer as características dos namento sobre o desempenho da força de vendas. Deve
clientes e dos concorrentes. Ficam sabendo sobre os haver um impacto mensurável sobre o turnover,
diferentes tipos de clientes e suas necessidades, mo- absenteísmo, valor médio de pedido, índice visitas/fe-
tivos e hábitos de compra. Aprendem as estratégias chamento, reclamações e elogios de clientes, novas con-
e políticas adotadas pelas empresas e seus concor- tas por período de tempo e volume de mercadorias de-
rentes. volvidas.
• Os vendedores precisam saber como fazer apresenta-
ções de venda eficazes. Recebem treinamento sobre
os princípios de venda. Além disso, a empresa esbo- Supervisão de vendedores
ça os principais argumentos de vendas aplicáveis a
cada produto, além de um roteiro de apresentação. Os novos vendedores recebem um território, um
• Os vendedores precisam conhecer os procedimentos e pacote de remuneração, treinamento e supervisão. To-
as responsabilidades do trabalho de campo. Apren- das as pessoas que trabalham para alguém são supervi-
dem como dividir o tempo entre os clientes atuais e sionadas. A supervisão representa o interesse natural e
potenciais, como fazer despesas, preparar relatórios contínuo da empresa pelas atividades de seus funcioná-
e roteiros eficazes. rios.
As empresas diferem nas formas de dirigir seus
Novos métodos de treinamento estão continuamen- vendedores. Geralmente, aqueles que são remunerados
te emergindo. Entre as abordagens instrucionais estão o basicamente por comissão recebem menor supervisão.
role playing (desempenho de papéis), treinamento de Os que são assalariados e que devem atender a um nú-
sensitividade, uso de fitas cassete, videoteipes, ensino mero definido de clientes, provavelmente, recebem su-
programado e filmes sobre vendas e sobre os produtos pervisão substancial.
da empresa. A IBM usa um sistema de auto-aprendiza-
gem denominado Info-Window que combina micro-com-
DESENVOLVIMENTO DE NORMAS PARA VISITAS A CLIENTES
putador e videodisco a laser. Um vendedor iniciante pode
praticar apresentações de vendas com um ator na tela ATUAIS. Em 1989, a média de visitas diárias de um ven-
que retrata um executivo de compras de determinado dedor foi de 4,2.18 Este número ficou abaixo da média
setor industrial. O comprador-ator responde diferente- do início dos anos 80. Esta tendência de queda é decor-
mente, dependendo dos argumentos apresentados pelo rente do aumento do uso do telefone e fax, sistema de
treinando. pedido automático e diminuição de visitas "frias" decor-
rente do maior uso de informações obtidas por pesquisa
À medida que a tecnologia de automação de trei-
de mercado que permitem melhor identificação dos cli-
namento evolui, proporcionando condições para o ven-
entes com potencial de compra.
dedor trabalhar no campo, os métodos tradicionais de
treinamento passam a tornar-se muito onerosos. Sim- O problema básico é qual o volume de vendas que
plesmente, os vendedores não passam muito tempo no pode ser esperado de uma conta específica em função
17. LINDSTROM, Robert L. Training "hits the road". Sales and Marketing Management, p. 10-14, June 1995.
18. SALES force compensation. Chicago : DartnelFs 25th Survey, 1989. p. 13.
19. Veja MAGEE, John F. Determining the optimum allocation of expenditures for promotional effort with operations research methods. In:
BASS, Frank M. (Org.). The frontiers of marketing thought and science. Chicago : American Marketing Association, 1958. p. 140-156.
20. BOMMER, Michael R. W, 0'NEIL, Brian E, SETHNA, Beheruz N. A methodology for optimizing selling time of salespersons. Journal of
Marketing Theory and Practice, p. 61-75, Spring 1994.
21. Veja BLACKSHEAR, Thomas, PLANK, Richard E. The impact of adaptive selling on sales effectiveness within the pharmaceutical industry.
Journal of Marketing Theory and Practice, p. 106-125, Summer 1994.
22. ARE salespeople gaining more selling time? Sales and Marketing Management, p. 29, July 1986.
ADMINISTRAÇÃO DA 607
FORÇA DE VENDAS
tantemente procurando maneiras de melhorar a produ- Outra maneira dramática de melhorar a produtivi-
tividade da força de vendas. Os métodos empregados dade da força de vendas é a utilização de equipamentos
envolvem treinar os vendedores no uso do "poder do de tecnologia avançada - comutadores laptop, aparelhos
telefone", simplificar o preenchimento de formulários e de videocassete, videodiscos, discagem automática, cor-
estimular o uso do computador para o desenvolvimento reio eletrônico, fax, teleconferência. O vendedor tornou-
de planos de visitas e de rotas e para fornecer informa- se verdadeiramente "eletrônico". Não apenas as vendas
ções sobre os clientes e a concorrência. e as informações sobre estoque são transferidas com
Para reduzir as demandas de tempo sobre suas for- maior rapidez, mas sistemas específicos de apoio à deci-
ças de vendas externas, muitas empresas têm aumenta- são baseados em computadores têm sido criados para
do o tamanho e as responsabilidades de suas forças de melhorar o desempenho de gerentes de vendas e vende-
vendas internas. Em um levantamento realizado com 135 dores. Para mais informações sobre este tópico, veja a
distribuidores de produtos eletrônicos, Narus e Anderson seção Visão 2000 intitulada "A produtividade dos ven-
constataram que 57% da força de vendas trabalhava in- dedores aumenta rapidamente com a automação das
ternamente nas empresas.23 Os gerentes justificaram esta vendas".
prática em razão do crescente custo das visitas e do au-
mento do uso de computadores e equipamentos inova-
dores de telecomunicações. Motivação de vendedores
Os vendedores internos são de três tipos. Há os
profissionais de assistência técnica, que fornecem infor- Alguns vendedores costumam dar o melhor de si,
mações técnicas e respondem a dúvidas dos clientes. Há sem que seja necessário nenhum esforço especial de trei-
os assistentes de vendas, que ficam na retaguarda dos namento pela administração. Para eles, vender é o tra-
vendedores externos, marcam e confirmam visitas, con- balho mais fascinante do mundo. Eles são ambiciosos e
ferem o crédito de clientes, acompanham as entregas têm iniciativa própria. Entretanto, a maioria dos vende-
dos pedidos e respondem a dúvidas dos clientes que não dores exige encorajamento e incentivos especiais para
podem falar diretamente com os vendedores. Há os ope- que se empenhe ao máximo. Isto é especialmente verda-
radores de telemarketing, que usam o telefone para iden- deiro no campo de vendas pelas seguintes razões:
tificar, qualificar e vender para novos clientes que ainda
não compraram da empresa. Um operador de tele- • Natureza do trabalho. O trabalho de vendas oferece
marketing pode conversar diariamente com 50 pessoas, frustrações freqüentes. Geralmente, os vendedores
enquanto um vendedor pode fazer apenas quatro visi- trabalham sozinhos; seus horários são irregulares e
tas. Os operadores podem ser eficazes de várias manei- estão freqüentemente fora de casa. Enfrentam ven-
ras: para fazer venda cruzada de outros produtos da dedores concorrentes agressivos; têm status inferior
empresa, complementar pedidos, introduzir novos pro- em relação aos compradores. Com freqüência, não
dutos, abrir novas contas, reativar clientes inativos, dar possuem autoridade para fazer o que é necessário
mais atenção às contas negligenciadas pelos vendedores para conquistar clientes e, às vezes, perdem gran-
e acompanhar e qualificar leads (interessados) gerados des pedidos após terem trabalhado arduamente para
por mala direta. (Discutiremos telemarketing em maio- obtê-los.
res detalhes no próximo capítulo.) • Natureza humana. A maioria das pessoas rende abai-
Os vendedores internos liberam os vendedores ex- xo de sua capacidade na ausência de incentivos es-
ternos para que estes dediquem mais tempo para os gran- peciais como ganhos financeiros ou reconhecimen-
des clientes, identifiquem e convertam em compradores to social.
os clientes potenciais mais importantes, instalem siste- • Problemas pessoais. Ocasionalmente, os vendedores
mas de pedido eletrônico nos escritórios dos clientes e estão preocupados com problemas pessoais, como
obtenham maior número de pedidos e de contratos de doença em família, crise conjugai ou dívida.
sistemas. Enquanto isso, os vendedores internos ficam
encarregados do controle de estoque, processamento de O problema da motivação de vendedores tem sido
pedidos, contatos com clientes menores, e assim por di- estudado por Churchill, Ford e Walker.24 Seu modelo
ante. Os vendedores externos são largamente remune- básico é o seguinte:
rados na base de incentivos e os internos recebem salá-
rio fixo ou combinado (fixo mais bônus).
23. NARUS, James A., ANDERSON, James C. Industrial distributor selling: the roles of outside and inside sales. Industrial Marketing Management,
15, p. 55-62, 1986.
24. Veja CHURCHILL JR., Gilbert A., FORD, Neil M., WALKER JR., Orville C. Sales force management. planning, implementation and Control. 4.
ed. Homewood, I11: Irwin, 1993.
Este modelo indica que quanto maior a motivação 1. Os gerentes de vendas devem ser capazes de convencer
do vendedor, maior seu esforço; maior esforço levará a seus vendedores de que eles podem vender mais, desde
melhor desempenho; melhor desempenho levará a mai- que trabalhem arduamente, ou desde que sejam trei-
ores recompensas; e maior satisfação reforçará a moti- nados a trabalhar mais inteligentemente. Entretanto,
vação. Assim, este modelo implica o seguinte: se as vendas forem determinadas principalmente por
ADMINISTRAÇÃO DA 609
FORÇA DE VENDAS
condições econômicas ou ações competitivas, este planejamento da produção, tamanho da força de traba-
encadeamento torna-se vulnerável. lho e necessidades financeiras. A administração estabe-
2. Os gerentes de vendas devem ser capazes de convencer lece quotas de vendas por regiões e territórios que, nor-
seus vendedores de que as recompensas por melhor malmente, dizem muito mais do que a previsão de ven-
desempenho compensam o esforço extra. Entretanto, das. As quotas são fixadas acima da previsão de vendas
se as recompensas parecerem ser estabelecidas ar- para forçar os vendedores a atingir melhor nível de de-
bitrariamente, forem muito pequenas ou não forem sempenho. Mesmo se eles falharem no cumprimento de
compatíveis com o esforço despendido, este enca- suas quotas, a empresa poderá atender a sua previsão
deamento torna-se vulnerável. de vendas.
Cada gerente regional de vendas divide sua quota
Os pesquisadores foram adiante para mensurar a entre os vendedores da área. Há três escolas de pensa-
importância da utilização de diferentes possíveis recom- mento para o estabelecimento de quotas. A escola de
pensas. A recompensa mais valorizada foi salário, acom- quotas elevadas fixa quotas acima da capacidade da mai-
panhado por promoção, crescimento pessoal e senso de oria dos vendedores, embora acredite que elas possam
realização. As recompensas menos valorizadas foram ser atingidas. Seus defensores acreditam que as quotas
afeição, respeito, segurança e reconhecimento. Em ou- elevadas estimulam esforço extra. A escola das quotas
tras palavras, os vendedores são altamente motivados modestas estabelece quotas que a maioria dos vendedo-
por salário e pela chance de progresso e de satisfação de res pode atingir. Seus defensores consideram que a for-
suas necessidades intrínsecas, e menos motivados por ça de vendas aceitará as quotas como justas, possíveis e
realização e segurança. Os pesquisadores também cons- dignas de confiança. A escola das quotas variáveis consi-
tataram que a importância dos motivadores variou com dera que as diferenças individuais entre os vendedores
as características demográficas dos vendedores: garantem quotas altas para alguns e modestas para ou-
tros.
1. As recompensas financeiras foram mais valorizadas Uma visão geral é que a quota de um vendedor
pelos vendedores mais idosos com mais tempo de deve ser pelo menos igual às vendas do ano anterior
"casa" e por aqueles que possuíam famílias numero- mais alguma fração da diferença entre o potencial de
sas. vendas de seu território e as vendas do último ano. Quan-
2. As recompensas como reconhecimento, estima, res- to maior a fração, mais o vendedor reage favoravelmen-
peito e senso de realização foram mais valorizadas te à pressão.
pelos vendedores mais jovens, solteiros ou que pos-
suíam famílias pequenas e, geralmente, com melhor
MOTIVADORES COMPLEMENTARES. AS empresas usam
formação educacional.
motivadores adicionais para estimular o esforço da for-
ça de vendas. Convenções de vendas periódicas fornecem
Os motivadores também variam conforme os paí-
aos vendedores uma ocasião social, quebra de rotina e
ses. Uma pesquisa realizada em 1992 com 2.800 vende-
chance para encontrar e conversar com os "figurões" da
dores de seis países revelou que, embora dinheiro fosse
empresa. São momentos em que se pode arejar idéias e
o motivador número um de 37% dos vendedores norte-
identificar-se com um grupo maior de pessoas. As con-
americanos, apenas 20% dos canadenses pensavam da
venções de vendas são importante ferramenta de comu-
mesma forma. Os vendedores da Austrália e Nova
nicação e motivação.
Zelândia eram os menos motivados pelo recebimento
de muito dinheiro.25 As empresas também patrocinam concursos de ven-
das para estimular um esforço da força de vendas acima
Anteriormente, já discutimos a remuneração como
do que seria normalmente esperado. Os prêmios podem
um motivador. A seguir, examinaremos as quotas de ven-
ser carros, férias, dinheiro ou reconhecimento. O con-
das e os motivadores complementares.
curso deve apresentar uma oportunidade razoável para
premiar vários vendedores. Na IBM, cerca de 70% da
QUOTAS DE VENDAS. Muitas empresas estabelecem quo- força de vendas se candidata ao 100% Club. O prêmio é
tas, especificando o que seus vendedores devem vender uma viagem de três dias que inclui um jantar de reco-
durante o ano. As quotas podem ser fixadas por valor nhecimento e um alfinete de ouro de cor azul. Se o prê-
monetário, volume em unidades, margem, esforço de mio estiver ao alcance de apenas alguns vendedores ou
venda ou atividade e por produto. Freqüentemente, a se todos puderem conquistá-lo, o incentivo falhará em
remuneração está vinculada ao grau de cumprimento termos do objetivo para estimular esforço adicional. O
das quotas estabelecidas. período do concurso de vendas não deve ser anunciado
As quotas de vendas são desenvolvidas a partir do antecipadamente porque alguns vendedores transferirão
plano anual de marketing. Primeiro, a empresa prepara algumas vendas para o início do período. Há também o
a previsão de vendas. Esta previsão torna-se a base do risco dos vendedores "inflarem" suas vendas com pedi-
25. WHAT motivates U.S. salespeople? American Salesman, p. 25, 30, Feb. 1994.
26. A GIFT for rewards. Sales and Marketing Management, p. 35-36, Mar. 1995.
ADMINISTRAÇÃO DA 611
FORÇA DE VENDAS
Tabela 22-2 Formulário para avaliação de desempenho dos vendedores.
duto A (linhas 1 e 2). Conforme suas quotas, para am- médio por cliente de John for inferior à média da em-
bos os produtos (linhas 4 e 5), seu maior êxito com rela- presa, ele pode estar concentrando seu trabalho em cli-
ção ao aumento das vendas do produto B ocorreu às entes errados ou pode não estar gastando o tempo ne-
custas do produto A. De acordo com os lucros brutos cessário com cada cliente. Analisando o número de visi-
(linhas 6 e 7), a empresa ganha mais com a venda do tas de Smith a seus clientes (linha 11), podemos verifi-
produto A do que com a venda do produto B. John pode car que ele tem feito um número de visitas inferior à
estar empenhando-se mais na venda do produto de mai- média da maioria dos vendedores de sua empresa. Se as
or volume e de menor margem de lucro em sacrifício do distâncias em seu território não forem muito diferentes
produto mais rentável. Embora tenha aumentado seu das distâncias médias dos demais vendedores, isto pode
total de vendas em $ 1.100 entre 1995 e 1996 (linha 3), significar que John não está utilizando todo seu tempo,
o lucro bruto sobre o total de vendas, realmente, dimi- está planejando mal seu roteiro ou está gastando muito
nuiu em $ 580 (linha 8). tempo com alguns clientes.
As despesas de vendas (linha 9) aumentaram con-
sideravelmente, embora a despesa total em porcenta- Avaliação da Satisfação do Cliente. John Smith
gem sobre o volume total de vendas (linha 10) pareça pode ser muito eficaz para vender, mas pode não ser
estar sobre controle. A tendência ascendente nas despe- bem avaliado por seus clientes. Talvez ele seja um pouco
sas totais de John não parece ser explicada em função melhor do que os vendedores dos concorrentes, seu pro-
de qualquer aumento no número de visitas (linha 11), duto seja melhor ou esteja trabalhando para conquistar
embora isso possa estar relacionado a seu sucesso na novos clientes em substituição a outros que não o apre-
conquista de novos clientes (linha 14). Há a possibilida- ciam. Crescente número de empresas está mensurando
de de que, na procura de novos clientes, ele esteja ne- a satisfação dos clientes, não apenas em relação a seus
gligenciando os clientes atuais, conforme indica a ten- produtos e serviços de apoio, mas também em relação a
dência ascendente no número anual de clientes perdi- seus vendedores. A opinião dos clientes sobre vendedo-
dos (linha 15). res, produtos e serviços pode ser mensurada por meio
As duas últimas linhas mostram o nível e a tendên- de questionários enviados pelo correio ou de entrevistas
cia das vendas e do lucro bruto por cliente. Tais núme- por telefone. Os vendedores que forem bem avaliados
ros tornam-se mais significativos quando comparados em termos de satisfação aos clientes podem receber re-
com as médias globais da empresa. Se o lucro bruto conhecimento especial, prêmios ou bônus.
27. Veja POSDAKOFF, Philip M, MACKENZIE, Scott B. Organizational citizenship behaviors and sales unit effectiveness. Journal of Marketing
Research, p. 351-363, Aug. 1994.
28. Para leitura complementar, veja COHEN, Dorothy. Legal issues in marketing decision making. Cincinnati, OH : South-Western, 1995.
29. Para um excelente resumo das habilidades necessárias dos vendedores e gerentes de vendas, veja ANDERSON, Ralph, ROSENBLOOOM,
Bert. The world class sales manager: adapting to global megatrends. Journal of Global Marketing, 5, n. 4, p. 11-22, 1992.
30. Algumas das discussões a seguir são baseadas em CRISSY, W. J. E., CUNNINGHAM, William H., CUNNINGHAM, Isabella C. M. Selling: the
personal force in marketing. New York : John Wiley, 1977. p. 119-129.
ADMINISTRAÇÃO DA 613
FORÇA DE VENDAS
Prospecção e Pré- Apresentação Superação de Acompanha-
Abordagem e Fechamento mento e
qualificação abordagem demonstração objeções manutenção
bora a empresa tente fornecer indicações, os vendedo- honestidade e simplicidade a maneira de fabricar os pro-
res devem ser capazes de desenvolver suas próprias in- dutos Deere. Uma vez que eles haviam causado boa im-
dicações. Elas podem ser desenvolvidas das seguintes pressão aos clientes potenciais com sua experiência em
maneiras: métodos de produção avançados e em programas de
qualidade total, a empresa ficou em condições de deci-
• Solicitar aos clientes atuais que indiquem nomes. dir como enviar seus vendedores mais habilitados em
• Cultivar outras fontes de referência, como fornece- tempo hábil para fazer apresentações ou fechar a ven-
dores, distribuidores, vendedores não concorrentes, da.31
gerentes de bancos e dirigentes de associações co-
merciais e industriais.
PRÉ-ABORDAGEM. O vendedor deve estudar o cliente
• Filiar-se a organizações freqüentadas por clientes po-
potencial o máximo possível (quais são suas necessida-
tenciais.
des, quem está envolvido na decisão de compra) e os
• Envolver-se em atividades de comunicação falada e compradores (suas características pessoais e estilos de
escrita que chamem a atenção. compra). Ele pode consultar fontes de informações, co-
• Examinar fontes de dados (jornais, anuários etc.) à nhecidos e outras pessoas para conhecer a empresa. Deve
procura de nomes. estabelecer objetivos de visitas, que podem consistir em
• Usar o telefone e o correio para obter indicações. qualificar o cliente potencial, reunir informações ou fe-
• Visitar empresas aleatoriamente. char uma venda imediata. Outra tarefa é decidir sobre a
melhor abordagem, que pode ser uma visita pessoal, li-
Os vendedores precisam de habilidade para des- gação telefônica ou uma correspondência. Deve ser tam-
cartar más indicações. Os clientes potenciais podem ser bém considerado qual o melhor momento para a abor-
qualificados por meio do exame de sua situação finan- dagem porque muitos clientes potenciais estão ocupa-
ceira, volume de negócios, exigências especiais e em ter- dos em certas ocasiões. Finalmente, o vendedor deve
mos de sua probabilidade de continuidade no mercado. planejar uma estratégia global de vendas para o cliente.
O vendedor pode telefonar ou escrever aos clientes po-
tenciais antes de decidir sobre se deve visitá-los. As indi-
cações podem ser classificadas como quentes, mornas e ABORDAGEM. O vendedor deve saber como saudar o
frias, com as quentes sendo contatadas em primeiro lu- comprador para obter um bom início de relacionamen-
gar. to. Ele pode considerar o uso de roupas similares às que
Às vezes, as empresas permitem que funcionários os compradores usam (por exemplo, no Estado do Texas,
não vendedores façam a prospecção. Uma das estratégi- os homens usam camisas-esporte, sem gravata), mos-
as de prospecção recente mais original foi adotada por trar cortesia e evitar distração, como, por exemplo, não
uma empresa manufatureira conservadora, a John Deere: interrompê-los e olhar diretamente em seus olhos. A
apresentação ao cliente deve ser agradável e positiva,
como, por exemplo: "Sr. Smith, meu nome é Alice Jones
JOHN DEERE Em 1993, a fraca demanda por da empresa ABC. Minha empresa e eu agradecemos sua
implementos agrícolas e as ações agressivas dos concor- disposição em receber-me. Farei o melhor para tornar
rentes levaram os gerentes da Deere a criar uma estraté- esta visita valiosa e que traga vantagens para ambas as
gia que envolveu seus operários da linha de montagem partes." Isto deve ser acompanhado por algumas per-
na identificação e abordagem de clientes potenciais. A guntas-chaves e atenção ativa para compreender o que
empresa enviou alguns de seus operários mais experien- o comprador mais necessita.
tes e preparados às feiras regionais espalhadas pela
América do Norte para apresentar seus equipamentos a
revendedores e agricultores. Os operários também fazi- APRESENTAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO. Nessa fase, o vende-
am visitas não programadas a agricultores locais para dor conta ao comprador a "história" do produto, seguin-
discutir seus problemas específicos. Os clientes percebe- do a fórmula AIDA para obter sua atenção, captar seu
ram que esses "novos vendedores" apresentavam com interesse, despertar seu desejo e levá-lo à ação. Pela apre-
31. PALEY, Norton. Cultivating customers. Sales and Marketing Management, p. 31-32, Sept. 1994.
ADMINISTRAÇÃO DA 615
FORÇA DE VENDAS
ação. Os vendedores precisam saber como identificar como prazo de encerramento do contrato, qualidade dos
ações físicas, declarações ou comentários e perguntas bens ou serviços oferecidos, volume comprado, respon-
dos compradores que sinalizem a hora do fechamento. sabilidade pelo financiamento, risco envolvido, promo-
Eles podem usar diversas técnicas de fechamento. Po- ção, propriedade e segurança do produto. O número de
dem solicitar o pedido, recapitular os pontos do enten- assuntos de negociação é virtualmente ilimitado.
dimento, oferecer para ajudar a secretária a preencher o Os profissionais de marketing que se encontram
pedido, perguntar se o comprador tem preferência por em situações de barganha precisam de determinados tra-
A ou B, induzir o cliente a fazer escolhas de menor rele- ços e habilidades para serem eficazes. Os traços mais
vância como cor ou tamanho ou indicar o que ele perde- importantes são a preparação e a habilidade de planeja-
rá se não fizer o pedido naquele momento. O vendedor mento, conhecimento do assunto sujeito a ser negocia-
pode oferecer incentivos específicos ao comprador para do, habilidade para pensar clara e rapidamente sob pres-
fechar a venda, como preço especial, quantidade extra são e incerteza, habilidade para expressar verbalmente
sem cobrar ou um brinde. idéias, habilidade de ouvir, habilidade de julgamento e
inteligência geral, integridade, habilidade para persua-
dir outros e paciência. Isto os ajudará a saber quando e
ACOMPANHAMENTO (FOLLOW UP) E MANUTENÇÃO. Esta como negociar.34
última etapa é necessária se o vendedor deseja assegu-
rar a satisfação do cliente e novos negócios. Imediata-
mente após o fechamento, o vendedor deve completar QUANDO NEGOCIAR. Lee e Dobler listaram as seguintes
os detalhes necessários sobre prazo de entrega, condi- circunstâncias em que a negociação é apropriada para
ções de compra e outros assuntos. Deve programar uma fechar uma venda:
visita de acompanhamento após a recepção do pedido,
para assegurar-se de que instalação, instruções e servi- 1. Quando muitos fatores estão envolvidos, além do
ços sejam adequados. Essa visita detectaria quaisquer preço, como qualidade e serviço.
problemas, assegurando ao comprador o interesse do 2. Quando os riscos envolvidos no negócio não podem
vendedor e reduziria qualquer dissonância cognitiva que ser predeterminados com precisão.
possa ter surgido. O vendedor deve desenvolver um pla- 3. Quando é exigido longo período de tempo para a
no de manutenção para garantir que o cliente não seja fabricação dos itens comprados.
esquecido ou perdido para um concorrente. 4. Quando a produção é interrompida freqüentemente
em função de numerosas alterações nos pedidos.35
34. Para leitura adicional, veja RAIFFA, Howard. The art and sdence ofnegodation. Cambridge, MA : Harvard University Press, 1982; BAZERMAN,
Max H., NEALE, Margaret A. Negodando racionalmente. São Paulo : Atlas, 1995; FREUND, James C. Smart negotiating. New York : Simon &
Schuster, 1992; e ACUFF, Frank L. How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York : American Management
Association, 1993.
35. Veja DOBLER, Donald W. Purchasing and materiais management. 5. ed. New York : McGraw-Hill, 1990.
36. Esta discussão sobre zona de acordo é amplamente desenvolvida em RAIFFA, Op. cit.
Há uma vantagem óbvia quando se conhece o pre- Fisher e Ury oferecem aconselhamento tático con-
ço de reserva da outra parte envolvida e em fazer com sistente com sua estratégia de negociação honrada; a
que ele se pareça mais alto (para um vendedor) ou mais primeira parte do aconselhamento refere-se a que atitu-
baixo (para um comprador) do que na realidade. Entre- de tomar caso o outro lado seja mais poderoso. Para isso,
tanto, a clareza com que compradores e vendedores re- a melhor tática é conhecer a melhor alternativa para um
velam seus preços de reserva depende de suas persona- acordo negociado. Com a identificação das alternativas,
lidades, das circunstâncias da negociação e da expecta- caso um acordo não seja atingido, encontra-se um pa-
tiva sobre relacionamentos futuros. drão de mensuração para qualquer oferta. Esse padrão
protege contra pressões para a aceitação de termos me-
nos favoráveis, impostos por um oponente mais podero-
FORMULAÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO. A ne-
so.
gociação envolve a preparação de um plano estratégico
Outro conjunto de táticas de barganha diz respeito
antes de seu início e a tomada de decisões táticas duran-
às táticas do oponente, preparadas para tentar enganar,
te sua decorrência.
distorcer ou influenciar de alguma forma a negociação
em benefício próprio. Qual tática deve ser usada quan-
ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO é um compromisso a do a outra parte utiliza alguma forma de ameaça ou uma
uma ampla abordagem, que tenha boa chance de tática do tipo "pegar ou largar" ou coloca o oponente do
atingir os objetivos do negociador. lado da mesa onde o sol bate diretamente em seus olhos?
Um negociador deve reconhecer a tática, levantar a ques-
Por exemplo, alguns negociadores adotam uma tão de forma explícita e questionar quanto à legitimida-
estratégia "dura" com seus oponentes, enquanto outros de e quanto à conveniência da mesma. Em outras pala-
consideram que uma estratégia "suave" traz resultados vras, ele deve negociar sobre isso. Se a negociação fa-
mais favoráveis. Fisher e Ury propõem outra estratégia, lhar, a empresa deve rever a alternativa adotada e
chamada "negociação honrada". (Para mais detalhes encerrá-la até que a outra parte desista das táticas em-
sobre este tópico, veja a seção Insight de Marketing pregadas. Procurar defender-se de tais táticas é mais
intitulada "A abordagem de negociação honrada no pro- produtivo do que o contra-ataque por meio do emprego
cesso de barganha".)37 de táticas igualmente inescrupulosas.
37. FISHER, Roger, URY, William. Getting to yes: negotiating agreement without giving in. ed. rev. Boston : Houghton Mifflin, 1992.
ADMINISTRAÇÃO DA 617
FORÇA DE VENDAS
INSIGHT DEA abordagem de negociação honrada no
MARKETING processo de barganha
Em um programa de pesquisa conhecido como Pro- alguém é algo decidido, enquanto seus interesses
jeto de Negociação de Harvard, Roger Fisher e William são o que o levou a adotar aquela posição. Assim,
Ury chegaram a quatro pontos para a condução de "ne- uma posição de barganha pode ser caracterizada
gociações honradas". quando um contrato deve incluir uma cláusula de
penalidade por atraso de entrega; assim, o interesse
1. Separe as pessoas do problema. Em razão de as pes- da parte é manter um fluxo contínuo de entrega de
soas estarem envolvidas no processo de barganha, é matérias-primas. A reconciliação de interesses fun-
fácil as emoções se misturarem com os méritos ob- ciona melhor porque para cada interesse há, geral-
jetivos do assunto a ser negociado. Estruturar os as- mente, várias posições possíveis que podem satisfazê-
suntos da negociação em termos das personalida- lo.
des envolvidas, em vez de nos interesses das partes, 3. Invente opções para benefício mútuo. Envolve a bus-
pode levar a uma negociação ineficaz. A negociação ca de um bolo maior, em vez de argumentos sobre o
deteriora quando se torna um teste de vontades, em tamanho de cada fatia. Procurar opções que ofere-
vez de uma atividade para solução de um problema çam ganhos mútuos ajuda a identificar os interesses
conjunto. comuns.
Separar as pessoas do problema envolve, primeiro, 4. Insista em critérios objetivos. Quando um negocia-
fazer percepções precisas. Cada parte deve enten- dor oposto for intransigente e argumentar sobre sua
der enfaticamente o ponto de vista do oponente e posição, em vez de sobre seus interesses, uma boa
deve tentar sentir o nível de emoção expresso pelo estratégia é insistir que o acordo deve refletir crité-
mesmo. Segundo, as emoções que envolvem ou de- rios objetivos, justos, independentemente da posi-
correm da negociação deve ser colocadas de forma ção da outra parte. Ao discutir sobre critérios objeti-
explícita e consideradas como legítimas. A discus- vos, em vez de insistir em manter posições obstina-
são aberta das emoções de ambas as partes, desde das, nenhuma parte ganha da outra e ambas chega-
que controladas, ajudam a manter a negociação em rão a um acordo justo. Tais critérios objetivos po-
níveis produtivos. Terceiro, as comunicações entre dem ser valor de mercado, valor de depreciação,
as partes devem ser claras. Ouvir atentamente e sa- competitividade de preços, custos de reposição, ín-
ber o que está sendo dito, falar sobre problemas em dice de preço no atacado etc.
vez de falar sobre as fraquezas do oponente e de-
monstrar interesse em vez de querer falar apenas
para ser ouvido, são métodos para melhorar as
chances de se chegar a uma solução satisfatória.
2. Foque interesses e não posições. A diferença entre Fonte: Adaptado de FISHER, Roger, URY, William. Getting to yes:
negotiating agreement without giving in. ed. rev. Boston : Houghton
posições e interesses é que a posição assumida por Mifflin, 1992. p. 57.
venda: ela está interessada em conquistar um cliente presas podem usar a venda SPIN quando não estão pro-
específico para atendê-lo durante muito tempo. A em- curando apenas uma venda imediata, mas um compro-
presa gostaria de demonstrar ao cliente que ela possui misso a longo prazo, um relacionamento mutuamente
as condições necessárias para atender a suas necessida- benéfico. O compromisso de trabalho conjunto a longo
des de maneira superior, principalmente se as duas par- prazo exige o desenvolvimento de um conjunto comple-
tes puderem formar um compromisso de relacionamen- to de acordos. Assim, conforme Rackham, o processo de
to. O tipo de venda para estabelecer um relacionamento venda movimenta-se desde as investigações prelimina-
de colaboração a longo prazo é mais complexo do que res sobre os problemas e necessidades do cliente, pas-
aquele anteriormente descrito neste capítulo. Neil sando pela demonstração da capacidade do fornecedor
Rackham desenvolveu o método denominado Venda SPIN e, finalmente, chegando-se a um compromisso a longo
(Situação/Problema/Implicação/Necessidade). As em- prazo.38
Seja entusiasmado Demonstre visivelmente seu envolvimento emocional em relação a sua posição. Isto aumenta
sua credibilidade e pode proporcionar ao oponente uma justificativa para fechar o acordo com
base em seus termos.
Aposte alto Crie ampla margem para negociação. 'Aposte alto" desde o início. Feitas todas as concessões,
você ainda sairá ganhando.
Consiga um aliado de 0 aliado pode ser uma pessoa ou projeto que seja de prestígio. Você tentará influenciar seu
prestígio oponente a aceitar menos, em virtude de o negócio envolver tal pessoa ou projeto.
0 poço secou Encare o oponente de frente e diga-lhe que você não pode fazer mais concessões.
Autoridade limitada Você negocia de boa fé com o oponente e, na hora de assinar o acordo, simplesmente diz: "Vou
consultar meu chefe."
Negociação múltipla/ Você negocia simultaneamente com vários concorrentes que sabem da existência de várias par-
leilão tes envolvidas. Marque compromissos com eles ao mesmo tempo e deixe-os esperando para vê-
lo.
Dividir para conquistar Se você estiver negociando com uma equipe da organização oponente, venda suas propostas a
apenas um membro da equipe. Ele o ajudará a persuadir os outros membros da equipe.
Desapareça/ganhe tempo Abandone a negociação por um tempo. Retorne quando as coisas estiverem melhor e tente retomá-
la. 0 período de tempo pode ser longo (você pode sair da cidade) ou curto (vá ao banheiro para
pensar).
Seja impassível Não dê nenhuma resposta emocional ou verbal ao oponente. Não responda a seus ataques ou
pressões. Fique "frio" e mantenha a face de um jogador de pôquer.
Seja paciente Se você for capaz de superar seu oponente em paciência, provavelmente, terá sucesso.
Vamos repartir O primeiro a sugerir isso será o que menos perderá na negociação.
Balão de ensaio Antes de tomar a decisão, você a avalia por meio de uma fonte confiável. Isso possibilita-lhe
testar as reações a sua decisão.
Surpresa Deixe seu oponente desnorteado com guinadas repentinas, drásticas e dramáticas. Nunca seja
previsível. Evite que o oponente antecipe seus movimentos.
Fonte: Extraído de uma lista de 200 táticas preparadas pelo Professor Donald W. Hendon da University of North Alabama, apresentadas em
seu seminário "Como negociar e vencer".
Hoje, mais empresas estão enfatizando a mudança As empresas reconhecem que a equipe de vendas
da prática de marketing de transação para marketing de será cada vez mais a chave para conquistar e manter
relacionamento (veja Capítulo 2). A época do "vendedor clientes. Todavia, reconhecem que apenas pedir a cola-
solitário" que trabalhava em seu território e era orienta- boração de seus funcionários não resolve. Precisam re-
do apenas por uma quota de vendas e um plano salarial visar seus planos salariais para compensar o trabalho
ficou no passado. Os clientes de hoje são grandes e, despendido na atenção a vários clientes; devem fixar
freqüentemente, globais. Eles preferem fornecedores que melhores metas e formas de mensuração do rendimento
podem vender e entregar um conjunto coordenado de de suas forças de vendas; e devem enfatizar a importân-
produtos e serviços em muitos locais; e que possam tra- cia do trabalho em equipe em seus programas de treina-
balhar em conjunto com as equipes do cliente para me- mento e, ao mesmo tempo, recompensar a iniciativa in-
lhorar os produtos e os processos. Infelizmente, a maio- dividual.39
ria das empresas não está preparada para atender a es- Marketing de relacionamento é baseado na pre-
sas exigências. Seus produtos são vendidos por forças missa de que os clientes importantes precisam receber
de vendas separadas que não trabalham em conjunto. O atenção contínua. Os vendedores que trabalham com
pessoal técnico da empresa pode não estar disposto a clientes-chaves devem fazer mais do que visitas quando
despender tempo orientando um cliente. os procurarem para retirar pedidos. Eles devem ser visi-
39. Veja CESPEDES, Frank V, DOYLE, Stephen X., FREEDMAN, Robert J. Teamwork for today's selling. Harvard Business Review, p. 44-54, 58,
Mar./Apr. 1989. Veja também CESPEDES, Frank V Concurrent marketing: integrating product, sales, and service. Boston : Harvard Business
School Press, 1995.
ADMINISTRAÇÃO DA 619
FORÇA DE VENDAS
INSIGHT DEQuando e como usar marketing de
MARKETING relacionamento
Barbara Jackson argumenta que marketing de re- dor atual e o fornecedor potencial). A estratégia do for-
lacionamento não é eficaz em todas as situações, mas é necedor atual consiste em tomar a mudança difícil para
extremamente útil quando aplicado em situações ade- o cliente. Esse fornecedor desenvolve sistemas de pro-
quadas. Ela vê marketing de transação como mais apro- dutos que sejam incompatíveis com os produtos concor-
priado para trabalhar com clientes de vida curta, bem rentes, além de implantar sistemas de processamento
como baixos custos de transação, como os compradores de pedido que facilitem o controle de estoque e de en-
de produtos padronizados (commodities). Um cliente que trega. Por outro lado, o fornecedor potencial projeta sis-
compra aço pode adquiri-lo de um entre vários fornece- temas de produtos que sejam compatíveis com o sistema
dores, optando por aquele que lhe oferecer as melhores do cliente-alvo, de fácil instalação e treinamento, eco-
condições. 0 fato de um fornecedor ser especialmente nomizem dinheiro do cliente e ofereçam possibilidade
atencioso ou prestativo não lhe garante automaticamente de aperfeiçoamento no decorrer do tempo.
a próxima venda; suas condições têm que ser constante- Anderson e Narus acreditam que marketing de tran-
mente competitivas. sação versus marketing de relacionamento não é um as-
Em contraste, os investimentos em marketing de sunto que depende menos do tipo de setor industrial e
relacionamento apresentam retorno altamente mais dos desejos de um cliente específico. Alguns clien-
compensador junto a clientes de vida longa, que envol- tes valorizam um alto nível de serviço e ficarão com um
vem altos custos de transação, como ocorre com os com- fornecedor durante muito tempo. Outros clientes dese-
pradores de sistemas de automação de escritório. jam reduzir custos e não hesitarão em mudar de forne-
Presumivelmente, o comprador de um sistema pesquisa cedor para que isto ocorra. Nesse caso, a empresa pode
cuidadosamente os fornecedores concorrentes dos equi- ainda tentar manter o cliente que esteja disposto a rece-
pamentos que deseja adquirir, optando por aquele que ber nível inferior de serviço a preço mais baixo. Por exem-
lhe oferecer boa assistência técnica a longo prazo e que plo, o cliente pode dispensar a entrega gratuita, algum
domine "o estado da arte" em termos de tecnologia. Tanto treinamento etc. Esse cliente seria tratado com base em
o cliente quanto o vendedor investem muito dinheiro e transação, em vez de com base em relacionamento. À
tempo em relacionamento. 0 cliente acharia muito caro medida que a empresa reduz mais seus próprios custos
e arriscado mudar de fornecedor e este também acharia e reduz menos seus preços, o cliente orientado para a
que não valeria a pena perder esse cliente. Jackson cha- transação ainda será rentável.
ma esses tipos de clientes de "clientes perdidos para sem-
pre", e, nesse caso, a prática de marketing de relaciona- Fontes: JACKSON, Barbara Bund. Winning and keeping industrial
mento obtém maior resultado. customers. The dynamics of customer relationships. Lexington, MA :
Nas situações de "clientes perdidos para sempre", D. C. Heath, 1985; e ANDERSON, James C, NARUS, James A.
Partnering as a focused market strategy. Califórnia Management Review,
o desafio para dois fornecedores é diferente (o fornece- p. 95-113, Spring 1991.
tados em outras ocasiões, convidados a jantar, devem um cliente-chave deve receber treinamento em
receber sugestões sobre seus negócios, e assim por dian- marketing de relacionamento.
te. Os vendedores devem monitorar esses clientes, co- • Desenvolvimento de uma clara descrição das tarefas
nhecer seus problemas e estar prontos para servi-los de dos gerentes de marketing de relacionamento. Devem
inúmeras maneiras. ser descritos seus objetivos, responsabilidades e cri-
Aqui estão as principais etapas envolvidas no esta- térios de avaliação. O gerente de relacionamento é
belecimento de um programa de marketing de relacio- responsável pelo cliente e deve ser o ponto central
namento: de todas as informações sobre o mesmo e também o
mobilizador dos serviços da empresa para o cliente.
• Identificação de clientes-chaves que merecem atenção Cada gerente de relacionamento terá que adminis-
especial A empresa pode escolher os cinco ou dez trar apenas um ou alguns poucos clientes.
maiores clientes e designá-los para marketing de re- • Indicação de um gerente-geral para supervisionar os
lacionamento. Podem ser acrescentados outros cli- gerentes de relacionamento. Esta pessoa deverá de-
entes que mostrarem crescimento excepcional. senvolver descrições de tarefas, critérios de avalia-
• Designação de um gerente de relacionamento habili- ção e recursos de apoio para aumentar a eficácia
tado a cada cliente-chave. O vendedor que atende dos gerentes de relacionamento.
RESUMO
1. A venda pessoal funciona como um elo de ligação 3. Há cinco etapas envolvidas na administração da for-
entre a empresa e seus clientes. O vendedor é a ça de vendas: (1) recrutamento e seleção de vende-
empresa para muitos de seus clientes e é ele que dores, (2) treinamento em técnicas de vendas e nos
traz parte das informações de que a empresa neces- produtos, políticas e orientação para a satisfação do
sita. cliente; (3) supervisão, envolvendo o planejamento
2. O planejamento da força de vendas exige decisões eficiente do tempo; (4) motivação, balanceando
em relação a seus objetivos, estratégia, estrutura, quotas, recompensas financeiras e motivadores com-
tamanho e remuneração. Os objetivos da força de plementares e (5) avaliação individual e em grupo.
vendas podem incluir prospecção, definição de alvo, 4. Os vendedores eficazes são treinados nos métodos
comunicação, venda, serviço, coleta de informações de análise e administração de clientes, bem como
e alocação. A determinação de sua estratégia requer na arte do profissionalismo em vendas. Nenhuma
a escolha do composto de abordagens de vendas que abordagem de vendas funciona melhor em todas as
forem mais eficazes (venda individual, venda em circunstâncias, mas a maioria dos programas de trei-
equipe, reunião de vendas e seminário de vendas). namento de vendas afirma que a venda é um pro-
A escolha da estrutura da força de vendas envolve a cesso de sete etapas: prospecção e qualificação de
divisão de territórios por área geográfica, produto clientes; pré-abordagem, abordagem, apresentação
ou por mercado (ou alguma combinação dessas al- e demonstração, superação de objeções, fechamen-
ternativas). A definição do tamanho da força de ven- to e acompanhamento (follow up) e manutenção.
das envolve estimar a carga total de trabalho e o Outro aspecto da venda é a negociação, arte de con-
número necessário de horas de visitas e, conseqüen- duzir os termos da transação que satisfaçam a ambas
temente, o número de vendedores. A remuneração as partes. Um terceiro aspecto é marketing de rela-
da força de vendas exige a determinação do tipo de cionamento, que foca o desenvolvimento de relaci-
salário, comissão, bônus, despesas, benefícios e que onamentos mutuamente benéficos a longo prazo
peso será atribuído à satisfação do cliente em sua entre as duas partes.
composição.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Diz-se que há duas partes envolvidas em qualquer Pont, conseguem isso, em parte, porque têm boa ad-
venda - uma desempenhada pelo vendedor e outra ministração de vendas. Por exemplo:
desempenhada pela organização que ele represen- • A Dell Computer controla seus clientes por meio
ta. O que a empresa deve fornecer ao vendedor para do uso da tecnologia de computadores. Oferece
que ele aumente suas vendas? Como o trabalho do garantia, expansões (upgrades) e assistência téc-
gerente de vendas difere do trabalho do vendedor? nica permanente a seus usuários. Os computa-
2. As organizações que obtêm grandes vendas e lucros dores são entregues com um sistema operacional.
por anos consecutivos, como a Dell Computer, A empresa também oferece programas de trei-
Nordstrom, Merck, Four Seasons (cadeia de hotéis), namento intensivos para orientar seu pessoal de
Vanguard Group, Wal-Mart, Midwest Express, Hertz, vendas a vender computadores e tecnologia
Home Depot, UPS (entrega de encomendas) e Du avançada via telemarketing e mala direta.
ADMINISTRAÇÃO DA 621
FORÇA DE VENDAS
• A Nordstrom dedica atenção intensa e persona- petitivas de uma sociedade de livre mercado, não
lizada aos consumidores e mantém um banco teríamos muitos dos medicamentos agora disponí-
de dados atualizado que permite melhor orien- veis. Entretanto, as práticas de marketing e as técni-
tação em suas futuras compras. Eles permane- cas de vendas das empresas farmacêuticas afetam
cem muito leais. os hábitos de prescrição e, ultimamente, o custo dos
Escolha três entre as demais empresas citadas e pre- serviços de saúde. Seus investimentos em pesquisa
pare um breve relatório (três a cinco páginas), des- e desenvolvimento de novos produtos de qualidade
crevendo como a administração de vendas contri- vêm afetando o volume de lucro esperado pelos aci-
bui para seu sucesso global. onistas.
3. Uma empresa de bens embalados está oferecendo Individualmente ou em pequenos grupos, dê algu-
um programa de treinamento para seus vendedo- mas sugestões para os vendedores atenderem aos
res. Ela definiu o planejamento e os objetivos do pro- objetivos financeiros estabelecidos pela administra-
grama e está atualmente desenvolvendo a fase de ção, mantendo, ao mesmo tempo, padrões éticos ele-
avaliação. A equipe está consciente de que pelo me- vados. Que promoções de vendas éticas os vende-
nos dois erros podem afetar as avaliações: dores devem usar nesse setor industrial? O que o
• Efeito halo. Ocorre quando os treinandos ou ava- setor pode fazer para manter o sistema de marketing
liadores ficam muito impressionados por um ou e vendas atual, à medida que aumenta a regulamen-
dois fatores importantes da sessão e perdem a tação e o controle governamental?
objetividade crítica sobre outros fatores. 9. Freqüentemente, o sucesso de um gerente de ven-
• Efeito bumerangue. Às vezes, ocorre quando os das depende da qualidade de sua equipe de vende-
treinandos demonstram o oposto do que real- dores. Imagine que você é um gerente de vendas e
mente sentem, apenas para influenciar ou sabo- redija três perguntas com respostas "sim" ou "não"
tar o processo de avaliação. que faria a si próprio sobre a pessoa que acabou de
De que outros tipos de erros a equipe deve estar cons- entrevistar para ocupar o cargo de vendedor business
ciente? Como ela pode desenvolver o programa de to business. Assegure-se de que suas perguntas estão
avaliação para evitá-los? focadas nas qualidades que espera encontrar em sua
4. Suponhamos que um vendedor faz 1.600 visitas de força de vendas. Após formular suas três perguntas,
vendas por ano. Se ele estiver vendendo $ 420.000 organize-se em equipes de cinco alunos e faça uma
por ano, quantas visitas ele pode fazer a um cliente lista de 10 perguntas que o ajudarão a identificar os
que compra $ 10.000 por ano sem prejudicar seu bons candidatos ao cargo.
volume total de vendas? 10. Para cada situação, indique se a força de vendas deve
5. Um gerente de território de vendas fez a seguinte ser remunerada mais com salário fixo ou mais com
colocação em uma convenção de vendas: "O vende- comissão.
dor médio custa a nossa empresa $ 40.000 em re- a. Trabalho em que as atividades não diretamente
muneração e despesas. Por que não reduzir o núme- envolvidas no fechamento da venda são mais
ro de anúncios de página inteira na revista Time, importantes (por exemplo, serviços técnicos,
custando cada um quase o mesmo, e usar o dinheiro relações púbicas, colocação de displays em pon-
para contratar mais vendedores? Certamente, um tos de venda).
vendedor trabalhando um ano inteiro pode vender b. A tarefa de vendas é complexa e envolve traba-
mais produtos do que um anúncio de página inteira lho em equipe, como na venda de equipamento
nessa revista. Avalie esta argumentação. de processamento de dados ou de maquinário
6. Os vendedores devem participar da fase de fixação pesado.
de quotas de vendas para seus territórios? Quais as c. O principal objetivo é a geração de maior volu-
vantagens e desvantagens dessa participação? me de vendas por meio da conquista de novos
7. Recentemente, uma empresa fabricante de bens in- clientes.
dustriais modificou a estrutura de sua força de ven- d. A empresa deseja vendedores empreendedores
das. Anteriormente, usava representantes de fabri- que não necessitam de muita supervisão.
cantes; agora, contratou e está desenvolvendo sua e. As vendas são sazonais, altas em alguns perío-
própria força de vendas. Em grupo de cinco alunos, dos e baixas em outros.
desenvolva um plano de remuneração para a força f. A principal meta da empresa é aumentar as ven-
de vendas. das por meio de transações não repetitivas.
8. As empresas farmacêuticas fornecem um serviço g. A empresa busca ativamente relacionamentos a
valioso aos médicos e à comunidade de assistência longo prazo com seus clientes e excelência em
médica. Elas fornecem o capital usado para a desco- serviços.
berta de novos medicamentos avançados para au- h. A tarefa de vendas é rotineira como no atacado
mentar a qualidade de vida e dos serviços de saúde. e na venda de produtos de consumo diário.
Sem os recursos do setor privado e das forças com-
Marketing de massa está obsoleto. Isso decorre da mudança de hábitos dos consumi-
dores, dos produtos complexos baseados em tecnologia, das novas formas de comprar e
pagar, da competição intensa, dos novos canais de venda e do declínio da eficácia da
propaganda. Marketing pessoal é o que os consumidores desejam.
JEFF SNEDDEN, MCCAW CELLULAR
Muitas das ferramentas promocionais examinadas os nomes dos consumidores e vendiam diretamente es-
nos Capítulos 21 e 22 foram desenvolvidas no contexto tavam as de venda por catálogo, mala direta e telefone.
de marketing de massa: as empresas procuravam atingir Suas ferramentas de venda eram principalmente o cor-
milhares ou até milhões de compradores com um único reio e o telefone. Hoje, as novas mídias como os compu-
produto e uma mensagem padronizada. Assim, a Procter tadores, modems, fax, correio eletrônico (e-mail), Internet
& Gamble, originalmente, lançou o creme dental Crest e serviços on-line permitem marketing direto mais sofis-
em uma versão com uma única mensagem de propagan- ticado. Sua adoção e custos razoáveis têm ampliado subs-
da (Crest combate a cárie), esperando que 250 milhões tancialmente as oportunidades de marketing direto. As
de norte-americanos lessem a mensagem e comprassem empresas podem falar diretamente com os consumido-
a marca. A P&G não precisava saber o nome de seus res e adaptar seus produtos para atenderem às necessi-
consumidores ou de algo mais sobre eles, apenas que dades desses clientes.
eles desejavam cuidar de seus dentes. Neste capítulo, examinamos a natureza, o papel e
Sem dúvida, o Crest concorria com outras marcas as aplicações crescentes de marketing direto e marketing
no mercado, mas cada uma delas usava a mesma estra- on-line. Levantaremos as seguintes questões:
tégia de marketing de massa, com marcas e mensagens
únicas. Após alguns anos, a concorrência forçou essas • Quais os benefícios do marketing direto?
empresas a acrescentar extensões a suas linhas de mar- • Como os bancos de dados de consumido-
cas (creme dental para combater o tártaro, branquear res apoiam o marketing direto?
os dentes, refrescar o hálito e assim por diante) e dife- • Que canais as empresas de marketing dire-
rentes anúncios para vários grupos etários e de estilos to usam para atingir clientes potenciais e
de vida. Alguns concorrentes encontraram oportunida- compradores?
des de ocupar nichos de mercado, criando marcas espe- • Que oportunidades de marketing os canais
cíficas para os mesmos. Ainda, a maioria das empresas on-line fornecem?
não conhecia o nome de seus consumidores. Suas co- • Como as empresas podem usar marketing
municações de marketing consistiam de monólogo e não direto integrado para obter vantagem com-
em diálogo com os consumidores. petitiva?
Todavia, nem todas as empresas praticavam • Que problemas públicos e éticos marketing
marketing de massa. Entre as empresas que coletavam direto e marketing on-line apresentam?
Tabela 23.1 Custo por contato para atingir mercados industriais por meio de diferentes mídias.
1. As expressões marketing de resposta direta e marketing de relacionamento direto foram sugeridos como subconjuntos de marketing direto por
RAPP, Stan, COLLINS, Tom. The great marketing turnaround. Englewood Cliffs, NJ : Prentice Hall, 1990.
2. Veja FISHMAN, Arnold. 1994-guide to maü ordersales. Highland Park, IL: Market Logistics. Tel. [708] 831-1575; e 1994 mail order overview.
Direct Marketing, p. 26-28, Aug. 1994.
3. Veja a interessante discussão apresentada em RANGASWAMY, Arvind, WIND, Jerry. Don't walk in, just log in! Electronic markets and what
they mean for marketing. Wharton School. University of Pennsylvania, Oct. 1994.
4. RANGASWAMY e WIND. Op. cit.
5. PASSAVANT, Pierre. Where is direct marketing headed in the 1990s? Palestra em Filadélfia, 4 May 1989.
6. Veja PEPPERS, Don, ROGERS, Martha. The one-to-one future. New York : Doubleday/Currency, 1993.
Fonte: Adaptado de PEPPERS, Don, ROGERS, Martha. The one-to-one future. New York : Doubleday/Currency, 1993.
tas e comunicações de marketing aperfeiçoadas. Por pode melhorar sua precisão de alvo no decorrer do
exemplo, a Lands'End usa uma técnica conhecida como tempo. Para acompanhar uma venda, pode estabe-
"lapidação de dados" para identificar vários grupos de lecer uma seqüência automática de atividades: após
compradores de roupas por meio de seus catálogos; ela uma semana, enviar uma nota de agradecimento;
chegou a identificar 5.200 segmentos diferentes! Con- após cinco semanas, enviar uma nova oferta; após
forme o levantamento anual de práticas promocionais dez semanas (se o cliente não respondeu), telefonar
realizado pela empresa Donnelley Marketing Inc., 56% oferecendo um desconto especial.
dos fabricantes e varejistas, atualmente, possuem ou es- 3. Aprofundamento da lealdade do cliente. As empresas
tão construindo um banco de dados, 10% planejam cons- podem desenvolver o interesse e o entusiasmo dos
truí-lo e 85% acreditam que precisarão praticar clientes lembrando suas preferências, enviando brin-
marketing de banco de dados para serem competitivas des, cupons de descontos e material de leitura inte-
após o ano 2000.7 ressante etc. Eis alguns exemplos:
As empresas usam seus bancos de dados de quatro
maneiras: INTER-CONTINENTAL HOTELS O Inter-Con
tinental Hotels criou um programa de freqüência
1. Identificação de clientes potenciais. Muitas empresas para seus hóspedes que viajam a negócios. Seu ban-
geram indicações de vendas para divulgar seus pro- co de dados inclui as preferências de apartamento
dutos e ofertas. Geralmente, o anúncio tem algum (fumante, não-fumante), de cama (larga, estreita,
tipo de dispositivo de resposta, como um cartão-res- casal, solteiro), de localização (andar alto ou bai-
posta comercial ou um número de telefone de dis- xo), bem como outros detalhes, como tipo específi-
cagem gratuita. O banco de dados é construído com co de sabão ou desejo de travesseiros extras. As re-
base nessas respostas. (Para mais informações sobre servas são feitas de acordo com suas preferências.
este tópico, veja a seção Insight de Marketing
intitulada "De onde vêm os dados de um banco de A Mars é líder de mercado, não apenas em
dados?") A empresa identifica os melhores clientes doces, mas também em comida para animais de es-
potenciais em seu banco de dados que, depois, são timação. Na Alemanha, a Mars compila os nomes de
contatados pelo correio, telefone ou visita pessoal, quase todas as famílias que possuem gatos. Os no-
na tentativa de convertê-los em clientes reais. mes são obtidos por meio de contatos com veteriná-
2. Decisão sobre que clientes devem receber uma oferta rios e pelo livreto distribuído gratuitamente
específica. As empresas definem critérios para des- intitulado "Como cuidar de seu gato". Os interessa-
crever o cliente-alvo ideal para determinada oferta. dos em recebê-lo preenchem um questionário . Como
Depois, procuram em seus bancos de dados de cli- resultado, a Mars conhece (entre outras coisas) os
entes aqueles que mais se ajustam ao tipo ideal. Ao nomes, idades e datas de aniversário dos gatos que
anotar as taxas de resposta dos contatos, a empresa compõem seu banco de dados. Ela envia-lhes um
7. BERRY, Jonathan. A potent new tool for selling: database marketing. Business Week, p. 56-62, 5 Sept. 1994; ALONZO, Vincent. Til death do
us part. Incentive, p. 37-41, Apr. 1994.
cartão de aniversário, acompanhado de uma amos- minar os que estariam interessados em um novo
tra grátis de uma nova comida e/ou cupons de des- videocassete GE, baseados em seus históricos de
contos para a compra de suas marcas. Você acha que compra de produtos eletrônicos. Podem identificar
os donos de gatos não apreciam isso? Pode apostar os grandes usuários de seus produtos e enviar-lhes
que sim! cupons de descontos para serem descontados na
aquisição de um eletrodoméstico maior.
4. Reativação das compras dos clientes. As empresas
podem instalar programas de mailing (marketing Como outras ferramentas de marketing, marketing
automático) para enviar cartões de aniversário, su- de banco de dados exige investimento especial. As em-
gestões de compras de natal ou promoções fora de presas devem investir em hardware, software de banco
estação aos clientes de seus bancos de dados. Os de dados, programas analíticos, links de comunicação e
bancos de dados podem ajudar a empresa a fazer pessoal habilitado. O sistema de banco de dados deve
ofertas mais atraentes, ofertas de substituição ou ser amigável e estar disponível a vários grupos de
melhoria de produtos apenas quando os clientes es- marketing, como administração de marcas e produtos,
tiverem preparados para agir. Consideremos o se- desenvolvimento de novos produtos, propaganda e pro-
guinte exemplo: moção, mala direta, telemarketing, vendas de campo,
atendimento de pedidos e serviços ao clientes. Um ban-
GENERAL ELECTRIC Um banco de dados da Ge- co de dados bem administrado deve levar a ganhos de
neral Electric contém informações geodemográficas, vendas para cobrir os custos e gerar lucro. A empresa de
psicográficas, hábitos de mídia, histórico de compra cruzeiros marítimos Royal Caribbean baseada em Miami
de eletrodomésticos etc. de cada um de seus clien- vem obtendo sucesso nessa área. Marketing de banco de
tes. Os especialistas em marketing direto da empre- dados permite que ela ofereça "pacotes" de viagem para
sa podem determinar a época ideal de os clientes lotar todas as cabines de seus navios. Menor número de
substituírem suas máquinas de lavar roupa; por cabines vazias significa maior rentabilidade das viagens.
exemplo, aqueles que compraram o equipamento há Apesar dos exemplos apresentados, muitas coisas
seis anos e possuem grandes famílias. Podem deter- podem dar errado se marketing de banco de dados não
Fonte: Adaptado de JUTKINS, Ray. Six mistakes to avoid When building a database. Direct Marketing, p. 40-48, Feb.
1994.
for feito com cuidado e com estratégia bem definida. tras mídias de resposta direta, marketing por terminais
Por exemplo, na CNA Insurance, cinco programadores de compra e canais on-line.
trabalharam durante nove meses para "carregar" cinco
anos de dados de reclamações em um computador, para
depois descobrirem haver cometido erros de codificação. Venda face a face
A seção Memorando de Marketing intitulada "Seis erros
cometidos por profissionais de bancos de dados" apre- A forma original e mais antiga de marketing direto
senta uma lista de erros que devem ser evitados na cria- é a visita de vendas, examinada no capítulo anterior. Hoje,
ção e no uso de banco de dados. a maioria das empresas industriais confia fortemente em
À medida que mais empresas passarem a praticar uma força de vendas profissional para localizar clientes
marketing de banco de dados, o paradigma de marketing potenciais, transformá-los em clientes reais e aumentar
mudará. Marketing de massa e varejo de massa conti- os negócios. Podem também contratar representantes e
nuarão, mas sua prevalência e poder diminuirão à me- agentes de fabricantes para cuidarem da tarefa de ven-
dida que mais compradores não optarem pela compra da direta. Além disso, muitas empresas de bens de con-
em loja. Mais consumidores usarão a compra eletrônica sumo usam uma força de venda direta: corretores de
para obter as informações sobre os méritos comparati- seguros, corretores de ações e representantes que traba-
vos de marcas diferentes. As empresas precisarão procu- lham em tempo total ou parcial para organizações de
rar novas maneiras de criar mensagens on-line eficazes, vendas diretas, como Avon, Amway, Mary Kay e
bem como novos canais para entregar produtos e pres- Tupperware.
tar serviços com maior eficiência.
8. STONE, Bob. Succesful direct marketing methods. 5. ed. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1994.
9. NASH, Edward. Direct marketing: strategy, planning, execution. 3. ed. New York : McGraw-Hill, 1995.
* No Brasil, os Correios exigem medidas padronizadas para a distribuição de materiais postados como impressos. (N.T.)
10. Veja também COURTHEOUX, Richard J. Calculating the lifetime value of a customer. In: ROMAN, Ernan. Org. Integrated direct marketing:
the cutting-edge strategy for synchronizing advertising, direct mail, telemarketing, and field sales. Lincolnwood, IL : NTC Business Book,
1995. p. 198-202. Veja também JACKSON, Rob, WANG, Paul. Strategic database marketing. Lincolnwood, IL : NTC Business Book, 1994. p.
188-201.
11. Para leitura complementar, veja STEINBERG, Janice. Cacophony of catalogs fill ali niches. Advertising Age, p. Sl-2, 26 Oct. 1987.
12. JAPAN is dialing 1 800 BuyAmerica: U.S. catalogers offer bargains shoppers can't find at nome. Business Week, 12 June 1995.
13. Veja JANAL, Daniel S. On-line marketing handbook. New York : Van Nostrand Reinhold, 1995.
Canais de marketing on-line • A empresa pode abrir sua própria loja na Internet.
Há várias maneiras de fazer isto. Um servidor World
As empresas podem desenvolver marketing on-line Wide Web (WWW) é o preferido, desde que permite
de quatro maneiras: criando uma vitrine eletrônica; par- o uso de recursos gráficos, sons, vídeo e texto. A
ticipando de fóruns, newsgroups (grupos que reúnem locação de um servidor Web pode custar além de
interessados em assuntos especializados); colocando $ 250 por mês, dependendo da velocidade deseja-
anúncios on-line; e usando correio eletrônico. da, número de páginas etc. O maior custo inicial é
desenhar a página central da loja, gráficos e o siste-
ma de navegação. A maioria das empresas contrata
CRIAÇÃO DE UMA VITRINE ELETRÔNICA. Milhares de em- os serviços de uma empresa on-line para a etapa ini-
presas vêm criando uma home page na Internet (tela que cial.
oferece um menu com opções de busca de informações). • A empresa pode comprar ou alugar "espaço" em um
Essas home pages servem como vitrines eletrônicas que provedor comercial e desenvolver sua própria home
oferecem aos usuários ampla variedade de informações: page. Pode também estabelecer um link entre seu
computador e o provedor ou outros serviços de com-
1. Descrição da empresa e de seus produtos, em for- pra eletrônica. Por exemplo, a J. C. Penney possui
mato de texto e pictórico. Simplesmente, clica-se o links com a CompuServe e Prodigy, que lhe possibi-
ponteiro do mouse sobre qualquer texto ou ícone para lita acessar milhões de assinantes desses serviços
se obter mais detalhes sobre um produto específico. comerciais on-line. É comum os serviços on-line de-
2. Uma empresa que vende por catálogo descreve as senharem a vitrine eletrônica para a empresa e anun-
características, disponibilidade e preços de seus pro- ciarem a "novidade" por período limitado de tem-
dutos. po. Por esses serviços, a empresa precisa pagar uma
3. Relatórios sobre os resultados financeiros, eventos taxa anual de $ 20.000 mais 2% sobre as vendas ao
atuais, novos produtos, atualizações, datas de semi- provedor de serviços escolhido. Representa muito
nários de treinamento da empresa etc. dinheiro, considerando que apenas cerca de 4% dos
4. Informações técnicas e especificações de produtos. "visitantes" das páginas da CompuServe compram
5. Informações sobre oportunidades de emprego ofe- algo.
recidas pela empresa.
6. Oportunidades de comunicação a todos os funcio- Possuir um site na Internet é uma coisa; fazer com
nários da empresa. que as pessoas o visitem é outra. As empresas que pos-
7. Condições de fazer um pedido on-line. suem sites procuram atrair clientes potenciais por meio
de e-mails, mailing lists, anúncios em jornais e revistas,
Por exemplo, quando uma pessoa acessa o site da propaganda on-line, cartazes e newsgroups (descritos a
Sun Microsystems (http://www.sun.com/, sua home page seguir). Várias empresas usam loterias, enviam questio-
aparece em cores, mostrando várias opções. O usuário nários, promovem competições e adotam outras técni-
14. LEVINSON, Jay Conrad, RUBIN, Charles. Guerrilla marketing on-line: the entrepreneur's guide to earning profits on the Internet. Boston :
Houghton Mifflin, 1995. Cap. 5.
integrado, Roman, de marketing direto integrado e Rapp Por exemplo, a Compaq pode lançar um novo com-
e Collins, de maximarketing.15 putador laptop, divulgando, primeiro, notícias para atrair
Como ferramentas de comunicação diferentes po- o interesse do público-alvo. A seguir, pode colocar anún-
dem ser integradas em um planejamento de campanha? cios de página inteira em revistas oferecendo um livreto
Imagine uma empresa usando uma única ferramenta de gratuito sobre "Como comprar um computador". Depois,
comunicação em um esforço de "tiro único" para atingir os interessados receberiam o livreto oferecendo um des-
e vender a um cliente potencial. Um exemplo de veículo conto especial para a aquisição do equipamento antes
único e campanha de estágio único envolveria enviar uma de o mesmo estar disponível nas lojas. Suponhamos que
mala direta oferecendo um item de cozinha. Uma cam- 4% das pessoas que receberem o livreto façam o pedido.
panha de veículo único e estágios múltiplos envolveria a Posteriormente, a equipe de telemarketing da empresa
remessa de malas diretas sucessivas ao mesmo cliente telefona para os 96% que não fizeram a compra, lem-
potencial. Por exemplo, as editoras de revistas enviam brando-os da oferta. Suponhamos que outros 6% com-
quatro avisos de renovação a um assinante antes de can- prem o computador. Os não compradores são convida-
celar a assinatura. dos a receber a visita de um vendedor ou a ir a uma loja
Uma abordagem mais poderosa é a campanha de próxima para ver uma demonstração do equipamento.
veículos e estágios múltiplos. Consideremos a seguinte Mesmo se o cliente potencial não estiver disposto a com-
seqüência: prar, há, depois, uma comunicação ativa.
Roman afirma que o uso da resposta sob pressão,
Campanha de notícias sobre um novo produto -> Anúncio em que mídias múltiplas são empregadas em uma pro-
pago com mecanismo de resposta -> Mala direta -> gramação de tempo rigidamente definida, aumenta a
Telemarketing ativo -> Visita de vendedor -> cobertura e o impacto da mensagem. A idéia básica é
Comunicação ativa empregar uma seqüência de mensagens em mídias múl-
15. SCHULTZ, Don E., TANNEMBAUM, Stanley I., LAUTERBORN, Robert F. Integrated marketing Communications. Lincolnwood, IL : NTC Business
Books, 1993; ROMAN, Ernan. Integrated direct marketing: the cutting edge strategy for synchronizing advertising, direct mail, telemarketing,
and field sales. Lincolnwood, IL : NTC Business Books, 1995; RAPR Stan, COLLINS, Thomas L. Maximarketing. New York : McGraw-Hill,
1987; e Beyond maximarketing: the new power of caring and daring. New York : McGraw-Hill, 1994.
tiplas, com intervalos de tempo precisos, na esperança ra a segunda campanha tenha custado mais, resultou
de gerar vendas e lucros incrementais que excedam os em um aumento de 15% no número de novos clientes,
custos envolvidos. Como exemplo, Roman cita uma cam- em comparação com a primeira campanha. Roman con-
panha do Citicorp oferecendo financiamento para aqui- cluiu:
sição de casa própria. Em vez de usar apenas "mala dire-
ta mais um número de telefone 0800", usou "mala dire- Quando uma peça de mala direta que gera uma
ta, cupom de resposta, número de telefone 0800, taxa de resposta de 2% é complementada por um
telemarketing ativo mais propaganda impressa". Embo- número 0800 para receber pedidos, observamos, re-
RESUMO
1. Marketing direto é um sistema de marketing cisamente a seus mercados e clientes potenciais, pla-
interativo que usa uma ou mais mídias de propa- nejar os elementos da oferta, testá-los e definir téc-
ganda para obter resposta mensurável e/ou transa- nicas de mensuração para determinar o sucesso da
ção de qualquer localidade. Agora, está sendo am- campanha.
plamente usado em mercados consumidores, mer- 3. Há dois tipos de canais de marketing on-line: os ser-
cados business to business e mercados de instituições viços comerciais on-line e a Internet. A propaganda
de caridade. Uma das ferramentas mais valiosas do on-line oferece conveniência aos compradores e cus-
marketing direto é o banco de dados de clientes, con- tos menores aos vendedores. As empresas podem
junto organizado de dados abrangentes sobre clien- praticar marketing on-line, criando vitrines eletrô-
tes potenciais e clientes atuais. As empresas usam nicas; participando de fóruns, newsgroups e bulletin
seus bancos de dados para identificar clientes po- boards; veiculando anúncios on-line; e usando e-mail.
tenciais, decidir que clientes devem receber uma Entretanto, nem todas as empresas devem praticar
oferta específica, aprofundar seu grau de lealdade e marketing on-line; cada empresa deve determinar
reativar suas compras. se a receita obtida excederá os custos de sua im-
2. As empresas de marketing direto usam grande vari- plantação e manutenção.
edade de canais para atingir clientes potenciais e 4. Embora algumas empresas ainda releguem marke-
clientes atuais. A forma mais antiga de marketing ting direto e marketing on-line a um papel secundá-
direto é a visita de vendas. Marketing de mala dire- rio em seu composto de comunicações/marketing,
ta envolve enviar uma oferta, anúncio, lembrete ou muitas começaram a praticar comunicações de
outro item a uma pessoa em determinado endereço. marketing integrado, também denominado marketing
Marketing de catálogo e telemarketing são formas direto integrado (MDI). Os programas de MDI, que
muito populares de marketing direto. Crescente em envolvem várias mídias de propaganda, são, geral-
importância estão o marketing de resposta direta por mente, muito mais eficazes do que os programas de
televisão e os infocomerciais, além dos canais de comunicações isolados.
venda a domicílio e o marketing por TV interativa/ 5. Geralmente, as empresas de marketing direto e seus
videotexto. Outras formas de mídia, como revistas, clientes desfrutam de relacionamentos mútuos
jornais e rádio, são também usadas em marketing recompensadores. Entretanto, as empresas de
direto, além dos terminais eletrônicos de compra e marketing direto devem ser cuidadosas, evitando
os serviços on-line. campanhas que irritam os clientes, são percebidas
Para serem bem sucedidas, as empresas de marketing como enganosas, fraudulentas e/ou invadem sua
direto devem planejar cuidadosamente suas campa- privacidade.
nhas. Devem decidir sobre seus objetivos, visar pre-
1. À medida que a revolução de marketing eletrônico uma delas deve receber de um serviço de compra
ganha força, as empresas estão descobrindo que não on-line?
é suficiente simplesmente empregar profissionais de a. Sears (varejo de produtos de consumo em mas-
marketing com alto nível de competência técnica. sa)
Esses profissionais devem também estar em condi- b. Saks Fifth Avenue (roupas especiais)
ções de antecipar as mudanças tecnológicas e c. Ticket Restaurante
transformá-las em vantagem competitiva para suas d. Hallmark (cartões comemorativos)
empresas. É comum as empresas menores, que po- e. Merrill Lynch (corretora de investimentos)
dem não estar preparadas para suportar uma folha f. ComputerLand (varejo de produtos de Informá-
de pagamento onerosa, fazerem parcerias com gran- tica)
des empresas para entrar na supervia da informa- g. TWA (linha aérea)
ção. Por exemplo, a AT&T, recentemente, entrou em 5. A venda por catálogo foi uma das primeiras formas
acordo para vender os serviços de acesso à Internet de marketing direto como conhecemos hoje. Agora,
da empresa Bolt Beranek e Newman (BBN), dando, algumas lojas de varejo estão usando catálogos (dis-
assim, a essa pequena empresa de tecnologia im- tribuídos por correio ou inseridos em jornais para
portante projeção na rede global de computadores. aumentar as vendas em suas lojas). Por que as lojas
Comentando sobre essa parceria, um analista do de varejo começaram a editar catálogos? Por que
setor afirmou: "Foi um grande negócio para a BBN uma loja bem estabelecida decide entrar no negócio
porque ela nunca soube como vender sua tecnologia de venda pelo correio e editar um catálogo?
e, agora, tem 12.000 vendedores nas ruas que po- 6. Você está desenvolvendo um negócio para vender
dem recomendá-la." Por que a AT&T fez esta parce- microcomputadores. Em função dos recursos limi-
ria com uma pequena organização? tados, você foi aconselhado a empregar marketing
2. Embora a Internet não seja um negócio, seu cresci- direto. Usando as cinco etapas descritas neste capí-
mento tem permitido o surgimento de grande nú- tulo (objetivos, mercados-alvos e clientes potenci-
mero de serviços e empresas relacionados a ela. ais, elementos da oferta, teste dos elementos e
Agora, há empresas especializadas no desenvolvi- mensuração do sucesso da campanha), descreva as
mento de home pages e outras que vendem espaço principais decisões que você precisa tomar em cada
de propaganda na Net. Além disso, uma variedade uma delas. Que mídia de marketing direto você acha
de organizações está oferecendo seminários e que será mais bem-sucedida para atingir seus obje-
workshops sobre a Internet para empresas, consu- tivos?
midores e instituições educacionais. Que benefícios 7. Suponhamos que uma cidade possui duas floricul-
as empresas podem receber ao participar da Internet? turas. A Floricultura A utiliza um enfoque tradicio-
O que as organizações devem conhecer antes de se nal de marketing de massa para atrair clientes, en-
envolver com a Internet? Como os recursos da quanto a Floricultura B adota o enfoque "um a um".
Internet afetam os planos de marketing de uma or- Provavelmente, que floricultura usará as campanhas
ganização? de marketing descritas a seguir?
3. Don E. Shcultz, especialista em marketing integra- a. Comemorações do dia das mães e dia dos na-
do da Northwestern University, afirma que recebe morados, apoiadas por comerciais de rádio com
ligações telefônicas de praticantes de marketing que uma semana de antecedência.
dizem: "Ouvimos sua palestra (ou li seu livro, con- b. Lembretes aos filhos lembrando-os da data de
versei com alguns de seus clientes etc.) e estamos aniversário de suas mães.
preparados para implantar comunicações de c. Envio de catálogos coloridos de flores especiais
marketing integrado em nossas empresas. Sabemos às mulheres que integram as listas de casamen-
que um banco de dados é fundamental para o de- tos de uma grande loja de presentes (a loja for-
senvolvimento de um processo de comunicação." nece essas listas à floricultura).
Informam também sobre seus produtos e pergun- d. Veiculação de um anúncio nas Páginas Amare-
tam: "Qual deve ser a capacidade do computador e las na seção "Flores para todas as ocasiões".
que tipo de software deveremos comprar?" Por que e. Envio de um pequeno buquê de flores aos no-
essas perguntas estão erradas para as pessoas que vos noivos no primeiro aniversário de noivado.
estão começando a usar marketing de banco de da- f. Colocação de um outdoor com o seguinte título:
dos? Quais seriam as primeiras perguntas que elas "Você enviou flores hoje a alguém que ama?"
deveriam fazer? Que precauções a empresa deve 8. À medida que maior número de funcionários acessa
tomar ao começar a operar seu banco de dados? a Internet e começa a abandonar os canais de comu-
4. Descreva os objetivos de marketing e os mercados- nicação tradicionais, as empresas podem enfrentar
alvos das seguintes empresas. Que benefícios cada novos desafios. Identifique alguns problemas que
ADMINISTRAÇÃO DOS
ESFORÇOS DE
MARKETING
1. Veja PRAHALAD, C. K., HAMEL, Gary. The core competence of the Corporation. Harvard Business Review, p. 79-91, May/June 1990.
2. Veja JACOB, Rahul. The struggle to create na organization for the 21st century. Fortune, p. 90-99, 3 Apr. 1995.
3. CRAVENS, David W, SHIPP Shannon H., CRAVENS, Karen S. Reforming the traditional organization: the mandate for developing networks.
Business Horizons, p. 19-26, July/Aug. 1994.
cias ao diretor de vendas. Este pode recomendar a trabalhar em conjunto, seu relacionamento é, freqüen-
contratação de mais vendedores, melhorar a remunera- temente, caracterizado por rivalidade e desconfiança. O
ção, instituir um concurso de vendas, aumentar o trei- diretor de vendas resiste a qualquer iniciativa que ve-
namento ou reduzir o preço para facilitar a venda do nha tornar seu departamento menos importante no com-
produto. O diretor de marketing desejará analisar as for- posto de marketing da empresa, e o diretor de marketing
ças que estão afetando o mercado. A empresa está pro- procura aumentar o orçamento destinado às atividades
curando atingir os segmentos de mercado e clientes cor- que não são de vendas.
retos? Como os clientes-alvo vêem a empresa e seus pro-
dutos em relação aos concorrentes? Justificam-se mu- A tarefa do diretor de marketing é identificar opor-
danças nas características do produto, estilo, embala- tunidades e preparar estratégias e programas de
gem, serviço, distribuição ou em outras formas de pro- marketing. Os vendedores são responsáveis pela
moção? implementação desses programas. Os profissionais de
marketing confiam em pesquisa de marketing, tentam
identificar e conhecer os segmentos de mercado, dedi-
ESTÁGIO 4: MODERNO DEPARTAMENTO DE MAREKTING. cam tempo para planejamento, pensam a longo prazo e
Embora os diretores de vendas e de marketing devam visam obter lucros e ganhos de participação de merca-
4. Veja WEBSTER JR., Frederick E. The changing role of marketing in the Corporation. Journal of Marketing, p. 1-17, Oct. 1992.
5. MITCHELL, Alan. Top brass fali for false economies. Marketing Week, p. 28-291, 9 Sept. 1994.
6. Veja CESPEDES, Frank V Concurrent marketing: integrating product, sales, and service. Boston : Harvard Business School Press, 1995; e
Managing marketing linkages: text, cases, and readings. Upper Saddle River, NJ : Prentice-Hall, 1996.
ORGANIZAÇÃO POR ÁREA GEOGRÁFICA. Freqüentemente, • A região sul ofereceu quase 20 milhões de empre-
uma empresa que vende em um mercado nacional orga- gos na última década, enquanto outras áreas do país,
niza sua força de vendas (e, às vezes, outras funções) as regiões nordeste e meio-oeste, que concentram a
adotando o critério de divisão geográfica. O gerente na- indústria pesada, perderam postos de trabalho.
cional de vendas pode supervisionar quatro gerentes • A população da cidade de Portland, Maine, é quase
regionais. Abaixo a cada gerente regional há seis geren- totalmente composta de brancos, enquanto a capi-
tes distritais. Cada gerente distrital coordena oito ge- tal federal, Washington, DC, é predominantemente
rentes territoriais e cada gerente territorial supervisiona negra.
dez vendedores.
Várias empresas estão agora acrescentando especi- Segundo, o desenvolvimento das tecnologias de
alistas em mercados (regionais ou locais) para apoiarem informação e de pesquisa de marketing tem também
os esforços de venda em mercados de grande volume. contribuído para a regionalização. Por exemplo, os
Um desses mercados pode ser a cidade de Miami, que scanners localizados nas lojas de varejo permitem o
possui uma população latina de 56%, em comparação a rastreamento instantâneo de dados sobre as vendas de
vizinha cidade de Fort Lauderdale, com apenas 4% de produtos em qualquer ponto, permitindo às empresas a
latinos. Por exemplo, o especialista de mercado para identificação de problemas e oportunidades que podem
Miami conheceria detalhadamente os consumidores e a exigir ações de marketing localizadas. Um terceiro fator
composição do comércio local. Ele ajudaria os gerentes importante é o crescente poder dos varejistas. Esta
de marketing da matriz a ajustar o composto de tecnologia proporciona a eles informações de mercado,
marketing para a cidade, a preparar planos anuais e a aumentando seu poder sobre os fabricantes. Freqüen-
longo prazo para a venda de todos os produtos da em- temente, os varejistas não se entusiasmam com grandes
presa e a incentivar a equipe de vendas na adoção de campanhas de marketing de cobertura nacional, visan-
novos programas de marketing. do massas de consumidores. Preferem mais programas
Vários fatores têm estimulado a regionalização e a locais, vinculados a seus próprios esforços promocionais,
localização. Primeiro, o mercado de massa dos Estados destinados a consumidores de suas próprias cidades e
Unidos para a maioria dos produtos está, lentamente, vizinhanças. Assim, para mantê-los satisfeitos e obter
sendo subdividido em muitos minimercados: nascidos espaço nas prateleiras de suas lojas, os fabricantes de-
no pós-guerra (baby boomers), terceira idade, afro-ame- vem alocar maior parte de seus orçamentos de marketing
ricanos, mães solteiras - a lista é extensa. Hoje, as em- às promoções locais, loja a loja.
presas encontram dificuldade em criar um produto ou A Campbell's Soup partiu para a regionalização com
programa único que atraia a todos esses diversos gru- força total:
pos. Considere apenas os fatores demográficos abaixo e
você verá por que as empresas não podem ver os Esta-
dos Unidos como um país homogêneo:7 CAMPBELES SOUP A Campbell's foi bem-sucedida
no lançamento de marcas regionais. Vende a sopa de
feijão apimentado Ranchero no sudoeste, a sopa Creole
• O mesmo número de pessoas vive na cidade de New
no sul e a sopa de feijão vermelho nas áreas latinas. Para
England e na região das montanhas rochosas. Toda-
os habitantes da região noroeste, que gostam de picles
via, a taxa de crescimento da população das monta-
mais ácido, criou a marca Zesty. Estas e outras marcas
nhas rochosas é maior e a idade média é mais baixa.
7. LINEMAN, Robert E., STANTON JR., John L. A game plan for regional marketing. Journal of Business Strategy, p. 19-25, Nov./Dec. 1992.
8. Veja HUME, Scott. Execs favor regional approach. Advertising Age, p. 36, 2 Nov. 1987; NATIONAL firms find that selling to local tastes is
costly, complex. The Wall Street Journal, 9 Feb. 1987, BI; e McKENNA, Shwan. The complete guide to regional marketing. Homewood, I11. :
Business One Irwin, 1992.
9. "... AND other ways to feel the onion. The Economist, p. 52-53, 7 Jan. 1995.
10. PEARSON, Andrall E., WILSON JR., Thomas W. Makingyour organization work. New York : Association of National Advertising, 1967. p.
13.
• Estabeleça um sistema para mensuração de resulta- vo. O assistente de produto faz a maioria do traba-
dos que seja consistente com as responsabilidades do lho administrativo e as análises rotineiras.
gerente de produto. Se os gerentes de produtos fo- • Equipe triangular de produto. Consiste em um ge-
rem responsáveis pelo lucro, deve ser dado a eles rente de produto e dois assistentes especializados,
maior controle sobre os fatores que afetam a renta- um encarregado pela pesquisa de marketing e outro
bilidade. responsável pelas comunicações de marketing (Fi-
gura 24.4 [b]). Esta estrutura é usada na Estrada de
Uma segunda alternativa é mudar de uma aborda- Ferro Central de Illinois, onde equipes formadas por
gem de gerente de produto para uma abordagem de três pessoas administram várias operações. A
equipe de produto. De fato, há três tipos de estruturas Hallmark Company também usa uma "equipe de
de equipes de produto na administração do produto (Fi- marketing" consistindo em um gerente de mercado
gura 24.4): (o líder), um gerente de marketing e um gerente de
distribuição.
• Equipe vertical de produto. Consiste em um gerente • Equipe horizontal de produto. Consiste em um ge-
de produto, um assistente de gerente de produto e rente de produto e vários especialistas em marketing
um assistente de produto (Figura 24.4[a]). O ge- e em outras funções (Figura 24.4[c]). A 3M possui
rente de produto é o líder e trabalha principalmente equipes formadas por um líder de equipe e repre-
com outros executivos para obter cooperação. O as- sentantes das áreas de vendas, marketing, laborató-
sistente de gerente de produto colabora nessas tare- rio, engenharia, contabilidade e pesquisa de
fas e executa também algum trabalho administrati- marketing. A Dow Corning estabelece uma equipe
formada por cinco a oito pessoas; cada equipe ad- categoria de produtos. A Kraft General Foods está intro-
ministra um produto, mercado ou processo. Por duzindo este tipo de administração de produtos.
exemplo, uma equipe administra o processo de pro-
dução e venda da silicone às empresas fabricantes
de xampu e outra administra a matéria-prima em- A Kraft mudou sua es-
pregada na cobertura e proteção de circuitos impres- trutura clássica de administração de marca, em que cada
sos vendida às fábricas de computadores. marca competia por recursos organizacionais e partici-
pação de mercado, para uma estrutura baseada em ca-
tegoria de produtos, em que diretores de negócios (ou
Uma terceira alternativa é eliminar os cargos de
"integradores de produtos") lideram equipes interfun-
gerentes de produtos para os produtos de menor impor-
cionais compostas de representantes dos departamen-
tância e distribuir dois ou mais produtos para cada ge-
tos de marketing, pesquisa e desenvolvimento, promo-
rente de produto que permanecer. Isto é viável, especial-
ção junto aos consumidores e finanças. Esses diretores
mente onde dois ou mais produtos atendem a grupos de
possuem responsabilidade ampla por produtos e por re-
necessidades similares. Assim, uma empresa de cosmé-
sultados. No início vistos apenas como especialistas de
ticos não precisa de gerentes de produtos separados por-
marketing, são agora responsáveis em identificar opor-
que os cosméticos atendem a uma principal necessida-
tunidades para melhorar a eficiência da rede de supri-
de, a beleza, enquanto as empresas de produtos de uso
mentos, além de assumirem o desenvolvimento de cam-
pessoal precisam de gerentes diferentes para remédios
panhas de propaganda. As equipes trabalham em con-
contra dor de cabeça, creme dental, sabão e xampu por-
junto com as equipes de processos dedicadas a cada ca-
que estes produtos diferem em termos de uso e apelo.
tegoria de produtos e com as equipes dedicadas aos gran-
Uma quarta alternativa é introduzir a administra- des clientes (Figura 24.5). Após anos de declínio das
ção de categoria de produtos no gerenciamento de mar- vendas, de aumento dos gastos de promoção junto aos
cas. Por exemplo, a P&G constatou haver muita compe- intermediários e da crescente exigência dos consumido-
tição interna entre suas marcas em cada categoria. As res, a nova estrutura de equipe da Kraft está obtendo
marcas Puritan e Crisco estavam competindo por aumen- grande resultado em termos de faturamento.11
to de orçamento e o gerente da marca Cheer começou a
utilizar o mesmo apelo de propaganda usado para a
marca Tide, diluindo seu posicionamento de mercado. A administração de categoria não é uma pana-
A resposta da P&G: agora, os gerentes de marcas estão céia, por uma simples razão. É ainda um sistema orien-
subordinados a novos gerentes de categoria de produ- tado para o produto, e não para o cliente. A Colgate
tos, que resolvem conflitos, protegem posicionamentos, substituiu a administração de marca (creme dental
alocam orçamentos e desenvolvem novas marcas para a Colgate) pela administração por categoria (categoria
categoria. A administração de categoria de produtos é creme dental) e, mais recentemente, passou para um
também uma resposta ao fato dos supermercados esta- novo estágio denominado "administração da necessida-
rem reorganizando seus departamentos de compras por de do consumidor" (cuidado bucal). Esta última etapa
11. GEORGE, Michael, FREELING, Anthony, COURT, David. Reinventing the marketing organization. The McKinsey Quarterly, n. 4, p. 43-62,
1994.
foca a organização baseada nas necessidades do consu- lidade do mercado. Este sistema oferece muitas das mes-
midor.12 mas vantagens e desvantagens do sistema de organiza-
ção por produto. Sua vantagem mais forte é que a ativi-
dade de marketing é organizada para atender às neces-
ORGANIZAÇÃO POR MERCADO. Muitas empresas vendem
sidades de grupos de consumidores distintos, em vez de
seus produtos a diversos mercados. Por exemplo, a Canon focar sobre as funções de marketing, regiões ou produ-
vende seu aparelho de fax a consumidores, empresas e tos per si.
órgãos governamentais. A U.S. Steel vende aço para fer-
Muitas empresas estão reorganizando-se por mer-
rovias, construtoras e empresas de utilidade pública.
cado. Hanan chama-as de organizações centradas no
Quando os consumidores são classificados em diferen-
mercado e argumenta que "o único meio de garantir que
tes grupos de usuários, com preferências e práticas de
a empresa seja orientada para o mercado é agrupar sua
compra distintas, uma organização por mercado é dese-
estrutura organizacional de forma que seus principais
jável. Um gerente geral de mercados supervisiona vários
mercados se tornem os centros em torno dos quais suas
gerentes de mercado (também chamados gerentes de de-
divisões são construídas".13 A Xerox transformou seu sis-
senvolvimento de mercado, especialistas de mercado ou
tema de venda por área geográfica pela venda por setor
especialistas por setor). Os gerentes de mercado assumem
industrial, assim como a IBM, que recentemente reorga-
os serviços funcionais à medida que forem necessários.
nizou seus 235.000 funcionários em 14 divisões focadas
Aqueles responsáveis por mercados importantes pos-
no cliente. A Hewlett Packard também abandonou a abor-
suem especialistas funcionais subordinados a eles.
dagem de venda por região e estabeleceu uma estrutura
Os gerentes de mercado são profissionais de asses- em que os vendedores concentram-se no atendimento
soria, não de linha, com atribuições similares àquelas de empresas classificadas por setor industrial. Entretan-
dos gerentes de produto. Eles desenvolvem planos anu- to, a reorganização centrada no mercado não está confi-
ais e a longo prazo para seus mercados. Devem analisar nada a empresas manufatureiras ou de bens embalados.
onde seu mercado está indo e qual novo produto sua Recentemente, o Chemical Bank reorganizou sua fun-
empresa deve oferecer ao mercado. Seu desempenho é ção de marketing de varejo em torno de segmentos de
julgado por sua contribuição para o crescimento de par- clientes baseados em renda, na tentativa de substituir a
ticipação de mercado, em vez de em função da rentabi- orientação por produto, que durante muito tempo im-
12. Para leitura complementar, veja DEWAR, Robert, SCHULTZ, Don. The product manager, an idea whose time has gone. Marketing
Communications, p. 28-35, May 1989; The marketing revolution at Procter & Gamble. Business Week, p. 72-76, 25 July 1988; e HIGGINS,
Kevin T. Categoria management: new tools changing life for manufacturers, retailers. Marketing News, p. 2, 19, 25 Sept. 1989.
13. HANAN, Mack. Reorganize your company around its markets. Harvard Business Review, p. 63-74, Nov./Dec. 1974.
Raiom
Acetato
Gerentes de Nailon
produtos
Orlom
Dácron
pediu a venda cruzada de produtos que atraiam aos der às necessidades de seus mercados, em vez de "em-
mesmos mercados. purrar" determinada fibra. Ao preparar seus planos de
Vários estudos confirmaram o valor de uma orga- mercado, pedem a cada gerente de produto os preços e
nização orientada para o mercado. Narver e Slater cria- as disponibilidades das várias fibras. As previsões de
ram uma medida de orientação de mercado e, depois, vendas finais fornecidas pelos gerentes de mercados e
analisaram seu efeito na rentabilidade dos negócios. de produtos devem ser iguais.
Utilizando uma amostra de 140 unidades de negócios Empresas como a Du Pont podem dar um passo a
(commodities e não-commodities), identificaram um efeito frente e verem seus gerentes de mercados como com-
positivo substancial da orientação de mercado em am- pradores e seus gerentes de produtos como fornecedo-
bos os tipos de negócios.14 res. Por exemplo, o gerente de mercado de roupas mas-
culinas ficaria encarregado de comprar fibras têxteis dos
gerentes de produtos. Se o preço da Du Pont fosse muito
ORGANIZAÇÃO POR PRODUTO/MERCADO. AS empresas que
elevado, a compra seria feita de fornecedores externos.
fabricam muitos produtos e que vendem em muitos
Este sistema forçaria os gerentes de produtos da Du Pont
mercados enfrentam um dilema. Podem usar um siste-
a se tornarem mais eficientes. Se qualquer gerente de
ma de organização por produto, que exige gerentes de
produto não oferecer um preço competitivo em relação
produtos familiarizados com mercados altamente diver-
aos fornecedores externos, a empresa passa a questio-
gentes. Ou podem adotar um sistema de organização
nar se deve continuar fabricando essa fibra.
por mercado, que requer gerentes de mercados famili-
arizados com produtos altamente divergentes. Elas têm Uma organização matricial seria desejável em uma
também a opção de adotar uma organização por produ- empresa de multiprodutos e de multimercados. O pro-
to e por mercado, isto é, uma organização matricial. blema é que este sistema custa caro e gera conflitos. Há
o custo de manter-se todos os gerentes. Há também dú-
A Du Pont foi pioneira no desenvolvimento da es-
vidas sobre onde a autoridade e a responsabilidade de-
trutura matricial (Figura 24.6). Seu departamento de
vem situar-se. Aqui estão dois dos muitos dilemas:
fibras têxteis possui gerentes de produtos para raiom,
acetato, náilon, orlom e dácron. Tem também vários ge-
• Como a força de vendas deve ser organizada? Deve
rentes de mercados para roupas masculinas, roupas fe-
mininas, móveis residenciais e mercados industriais. Os haver forças de vendas separadas para raiom, nái-
gerentes de produtos planejam as vendas e os lucros de lon e para outras fibras? As forças de vendas devem
suas respectivas fibras. Seu propósito é expandir o uso ser organizadas em mercados de roupas masculinas,
de suas fibras. Eles solicitam a seus gerentes de merca- femininas e outros? Ou a força de vendas não deve
dos que estimem o volume de fibras que podem vender ser especializada? (O conceito de marketing favore-
em cada mercado, conforme o preço proposto. Por ou- ce a organização da força de vendas por mercados,
tro lado, esses gerentes estão mais interessados em aten- não por produto.)
14. SLATER, Stanley E, NARVER, John C. Market orientation, customer value, and superior performance. Business Horizons, p. 22-28, Mar./Apr.
1994. Veja também WEBSTER, Frederick E. Market-driven management: using the new marketing concept to create a customer-oriented
company. New York : John Wiley, 1994; e NARVER, John C, SLATER, Stanley F. The effect of a market orientation on business profitability.
Journal of Marketing, p. 20-35, Oct. 1990.
15. ANDERSON, Richard. Matriz redux. Business Horizons, p. 6-10, Nov./Dec. 1994.
16. Para leitura complementar sobre organização de marketing, veja PIERCY, Nigel. Marketing organization: na analysis of information processing,
power and politics. Londres : George Allen & Unwin, 1985; RUEKERT, Robert W, WALKER, Orville C, ROERING, Kenneth J. The organization
of marketing activities: a contingency theory of structure and performance. Journal of Marketing, p. 13-25, Winter 1985; e TYEBJEE, Tyzoon
T, BRUNO, Albert jV, McINTYRE, Shelby H. Growing ventures can anticipate marketing stages. Harvard Business Review, p. 2-4, Jan./Feb.
1983.
17. FRANKWICK, Gary L., WALKER, Beth A., WARD, James C. Belief structures in conflict: mapping a strategic marketing decision. Journal of
Business Research, p. 183-195, Oct./Nov. 1994.
18. GUPTA, Askok K., RAJ, S. E, WILEMON, David. A model for studying R&D-marketing interface in the product innovation process. Journal of
Marketing, p. 7-17, Apr. 1986.
19. Veja SOUDER, William E. Managing new product innovations. Lexington, MA : D. C. Heath, 1987. Cap. 10 e 11; e SHANKLIN, William L.,
RYANS, JR., John K. Organizing for high-tech marketing. Harvard Business Review, p. 164-171, Nov./Dec. 1984.
ras, realizando pesquisas junto aos consumidores e temente com características que atendam às exigências
até mesmo fazendo alguma venda. dos consumidores, desconsiderando os componentes
• Envolvimento da alta administração na adoção de padronizados. Os engenheiros vêem o pessoal de
procedimentos claros para a solução de conflitos. marketing como pessoas que querem nos produtos qua-
Em uma empresa, recomenda-se que P&D e lidades efêmeras, em vez de qualidades intrínsecas.
marketing subordinem-se ao mesmo vice-presiden- Freqüentemente, consideram o pessoal de marketing
te ou diretor. tecnicamente despreparado, à medida que as priorida-
des estão em mudanças constantes, e não totalmente
confiável. Esses problemas são menos acentuados em
ENGENHARIA. A engenharia é responsável por descobrir
empresas em que os executivos de marketing possuem
maneiras práticas para desenvolver novos produtos e
formação em engenharia e podem comunicar-se eficaz-
novos processos de produção. Os engenheiros estão in-
mente com engenheiros.
teressados em alcançar qualidade técnica, redução de
custos e simplicidade de produção. Entram em conflito
com os executivos de marketing quando estes últimos COMPRAS. OS executivos de compras são responsáveis
desejam que vários modelos sejam fabricados, freqüen- pela obtenção de materiais e componentes nas quanti-
20. Veja SHAPIRO, Benson. Can marketing and manufacturing coexist? Harvard Business Review, p. 104-114, Sept./Oct. 1977. Veja também
RUEKERT, Robert W, WALKER, JR., Orville C. Marketing's interaction with other functional units: a conceptual framework and empirical
evidence. Journal of Marketing, p. 1-19, Jan. 1987.
CEO (Chief Executive Officer) - Indica o executivo principal da empresa. No Brasil, é comum o uso do termo "presidente" para indicar a
pessoa que coordena todas as áreas funcionais da empresa.
Relações públicas Dissemina notícias favoráveis sobre a empresa e controla o poder de destruição das notí-
cias desfavoráveis.
Age como cliente interno e defende publicamente melhores políticas e práticas da empre-
sa
Outras pessoas São competentes, corteses, alegres, confiáveis e sensíveis aos problemas dos clientes,
que mantêm
contato com
clientes
4. Mudar a estrutura de recompensa da empresa. A em- planejamento orientado para o mercado. O formato
presa terá que mudar essa estrutura se espera mu- do planejamento exigirá que os gerentes conside-
danças no comportamento departamental. A medi- rem o ambiente de mercado, oportunidades de
da que os departamentos de compras e de produção marketing, tendências competitivas e outras forças
forem recompensados por manter os custos baixos, externas. Depois, os gerentes devem preparar estra-
eles rejeitarão em aceitar qualquer aumento de cus- tégias de marketing e previsão de vendas e de lucro
to exigido para melhor atendimento dos consumi- para produtos e segmentos específicos e serem
dores. O mesmo ocorre com o departamento finan- responsabilizados pelo desempenho.
ceiro que está focado no desempenho financeiro a 8. Estabelecer um programa anual de reconhecimento da
curto prazo. Certamente, seus executivos não acei- excelência em marketing. A empresa deve encorajar
tarão grandes investimentos em marketing destina- as unidades de negócios que acreditam ter desen-
dos a tornar os consumidores mais satisfeitos e leais volvido um grande plano de marketing apresenta-
à empresa. rem uma descrição do plano e dos resultados pre-
5. Contratar especialista de marketing talentoso. A em- vistos. Um comitê especial deve analisar esses pla-
presa deve considerar a contratação de um profis- nos, selecionar os melhores e recompensar as equi-
sional de alto nível, preferivelmente que já tenha pes vencedoras em uma cerimônia especial. Os pla-
trabalhado em empresas líderes de marketing. Quan- nos vencedores seriam disseminados junto a outras
do o Citibank entrou seriamente em marketing há unidades de negócios como "modelos de pensamento
alguns anos, contratou vários gerentes de marketing de marketing". Tais programas são implantados pela
da General Foods. A empresa necessitará de um di- Arthur Andersen, Becton-Dickinson e Du Pont.
retor de marketing poderoso que não apenas admi- 9. Considerar a reorganização de uma empresa centrada
nistre o departamento de marketing, mas que seja no produto para outra centrada no mercado. Muitas
respeitado e influencie os outros diretores. Uma empresas são formadas por divisões de produtos,
empresa multidivisional seria beneficiada com a cada uma delas vendendo em vários mercados. Tor-
criação de um departamento de marketing cor- nar-se centrada no mercado significa estabelecer uma
porativo para assessorar e fortalecer os programas organização focada nas necessidades de mercados
divisionais de marketing. específicos e coordenar o planejamento para forne-
6. Desenvolver programas internos de treinamento em cer os produtos necessários em cada segmento.
marketing. A empresa deve preparar programas de 10. Transformar o foco departamental em foco no proces-
treinamento em marketing para a alta administra- so/resultado. A empresa deve definir os processos
ção, diretores de divisão, profissionais de marketing fundamentais do negócio que determinam seu su-
e vendas, de produção, de pesquisa e desenvolvi- cesso. Deve designar líderes de processo e equipes
mento e assim por diante. Estes programas devem interdisciplinares para reorganizar e implementar
desenvolver conhecimento, habilidades e atitudes de esses processos, assegurando-se de que o tempo do
marketing junto aos diretores, gerentes e funcioná- pessoal de marketing está mais alocado às equipes
rios da empresa. do que a seu próprio departamento.
7. Instalar um moderno sistema de planejamento de
marketing. Uma excelente maneira de treinar geren- A Du Pont é exemplo de empresa que fez uma trans-
tes em marketing é instalar um moderno sistema de formação bem-sucedida de "visão interna" para "visão
21. MESSIKOMER, Edward E. Du Ponfs 'marketing community'. Business Marketing, p. 90-94, Oct. 1987.
22. Para mais informações sobre desenvolvimento e implementação de planos de marketing, veja GOETSCH, H. W. Developing, implementing
and managing an effective marketing plan. Chicago : American Marketing Association; Lincolnwood, 111. : NTC Business Books, 1993.
23. BONOMA, Thomas V The marketing edge: making strategies work. New York : Free Press, 1985. Grande parte desta seção é baseada no
trabalho de Bonoma.
ANÁLISE DE VENDAS. Consiste em mensurar a relação Quase dois terços da variação de vendas são devi-
entre as vendas reais e as metas de vendas. Há duas fer- dos ao não alcance da meta de volume. A empresa deve
ramentas específicas de análise. examinar por que o volume de vendas não foi atingido.
A análise da variação de vendas mensura a contri- A análise de microvendas pode fornecer a resposta.
buição relativa de diferentes fatores em relação a um Ela analisa produtos, territórios específicos etc. que não
hiato no desempenho de vendas. Suponhamos que o pla- atingiram a venda esperada. Suponhamos que a empre-
no anual previa a venda de 4.000 itens no primeiro tri- sa venda em três territórios e as vendas esperadas sejam
mestre a $ 1 por item, ou seja, $ 4.000. No final do tri- 1.500, 500 e 2.000 unidades, respectivamente. O volu-
mestre, apenas 3.000 unidades foram vendidas a $ 0,80, me real de vendas foi de 1.400, 525 e 1.075 itens, res-
no valor de $ 2.400. A variação do desempenho de ven- pectivamente. Assim, o território 1 apresentou uma re-
das foi de $ 1.600, 40% das vendas previstas. Surge a dução de 7%, o território 2 um acréscimo de 5% e o
pergunta: quanto deste fraco desempenho é devido à território 3 uma redução de 46%! Este último território
redução do preço e quanto à redução do volume? O cál- está causando a maior parte do problema. O diretor de
culo seguinte responde a esta pergunta: vendas pode checar este território para verificar que hi-
Participação sobre o Expressa as vendas da empresa como porcentagem da venda total. Para usar esta mensuração,
mercado total duas decisões são necessárias. A primeira é se vamos usar as vendas por unidade ou por valor
para expressar a participação de mercado. A segunda decisão é definir o mercado total. Por
exemplo, a participação da Harley Davidson no mercado norte-americano de motocicletas
depende da decisão de incluir ou não as mobiletes e as bicicletas motorizadas. Caso afirmati-
vo, sua participação de mercado será menor.
Participação de mercado Expressa as vendas da empresa como porcentagem da venda total a seu mercado atendido. 0
atendido mercado atendido é composto de todos os compradores que estariam dispostos e em condi-
ções de adquirir seu produto. Se a Harley Davidson fabrica e vende apenas motos de preço
elevado na costa leste, sua participação de mercado atendido seria suas vendas como porcen-
tagem do total de vendas de motos caras nesta região. A participação de mercado atendido de
uma empresa é sempre maior do que sua participação sobre o mercado total. Uma empresa
pode conquistar 100% de seu mercado atendido e, entretanto, ter uma participação relativa-
mente pequena do mercado total. A primeira tarefa de uma empresa é ganhar a "fatia do
leão" de seu mercado atendido. À medida que ela adota este objetivo, deve acrescentar novos
mercados atendidos.
Participação relativa de Expressa as vendas da empresa como porcentagem sobre as vendas conjuntas dos três princi-
mercado (para os três pais concorrentes. Se a empresa possui 30% do mercado e seus dois maiores concorrentes
principais concorrentes) possuem 20% e 10%, sua participação relativa de mercado é de 50% (30/60). Participações
relativas de mercado superiores a 33% são consideradas muito fortes.
Participação relativa de Algumas empresas expressam suas vendas como porcentagem em relação às vendas do con-
mercado (em relação ao corrente líder. Uma participação relativa de mercado superior a 100% indica um líder de
concorrente líder) mercado. Uma participação de mercado de exatamente 100% significa que a empresa está
empatada com a líder. Um aumento de participação de mercado de uma empresa significa
que ela está ganhando da concorrente líder.
póteses explicam o baixo desempenho: o vendedor do • O pressuposto de que o desempenho de uma empresa
território 3 pode estar vadiando ou com problemas pes- deve ser julgado em relação ao desempenho médio de
soais, entrou um grande concorrente no território ou o todas as empresas nem sempre é válido. O desempe-
PNB territorial diminuiu. nho de uma empresa deve ser julgado em relação a
seus concorrentes mais próximos.
• Se uma nova empresa entrar no mercado, a participa-
ANÁLISE DE PARTICIPAÇÃO DE MERCADO. AS vendas da ção de mercado de todas as empresas pode diminuir.
empresa não revelam seu nível de desempenho em rela- O declínio de participação de mercado de uma em-
ção aos concorrentes. Por esta razão, ela precisa acom- presa pode não significar que seu desempenho este-
panhar de perto sua participação de mercado. A Tabela ja abaixo dos concorrentes. A perda de participação
24.3 resume quatro formas de mensuração da participa- de mercado dependerá do grau pelo qual a nova
ção de mercado. Se a participação de mercado estiver empresa afeta os segmentos específicos de um con-
crescendo, ela estará ganhando de seus concorrentes. corrente específico.
Caso contrário, estará perdendo. • Às vezes, um declínio de participação de mercado é
Entretanto, estas conclusões da análise de partici- delíberadamente causado por uma empresa que obje-
pação de mercado estão sujeitas a certas restrições: tiva melhorar seu lucro. Por exemplo, a empresa pode
eliminar clientes ou produtos não rentáveis para
• O pressuposto de que forças externas afetam todas as melhorar seu lucro.
empresas da mesma forma nem sempre é verdadeira. • A participação de mercado pode flutuar por muitas
A advertência do Ministério da Saúde sobre os efei- razões. Por exemplo, a participação de mercado pode
tos prejudiciais do cigarro à saúde reduziu a venda ser afetada por uma grande venda no último dia do
de cigarros, mas a queda não foi igual para todas as mês ou no início do mês seguinte. Nem todas as
empresas. Aquelas que usavam melhores filtros fo- mudanças de participação de mercado são significa-
ram menos afetadas. tivas em termos de marketing.24
24. Veja OXENFELDT, Alfred R. How to use market-share measurement. Harvard Business Review, p. 59-68, Jan./Feb. 1969.
25. Há 50% de chance de uma observação sucessiva ser maior ou menor. Conseqüentemente, a probabilidade de encontrar-se seis valores
sucessivamente maiores é dada por (Vi) 6 = 1/64.
26. Alternativamente, as empresas precisam focar os fatores que afetam o valor da ação. A meta do planejamento de marketing é adotar medidas
que aumentem esse valor, que é o valor presente da receita futura gerada pelas ações atuais da empresa. Normalmente, a análise da taxa de
retorno foca apenas os resultados de um ano. Veja RAPPORT, Alfred. Creating shareholder value. New York : Free Press, 1986. p. 125-130.
sa e sua alavancagem financeira. Para melhorar o retor- de lucro na Figura 24.9 parece baixa, ao passo que o
no sobre o patrimônio líquido, a empresa deve aumen- giro do ativo é normal para o varejo. A empresa pode
tar sua taxa de retorno sobre o ativo ou aumentar seu tentar melhorar o desempenho de duas maneiras: (1)
ativo em relação ao patrimônio líquido. A empresa deve aumentar a margem de lucro através do aumento das
analisar a composição de seu ativo (por exemplo, caixa, vendas ou redução dos custos e (2) aumentar o giro do
contas a receber, estoque, instalações e equipamentos) e ativo via aumento de vendas ou redução do ativo (por
verificar se pode melhorar a administração de seu ativo. exemplo, estoque e contas a receber) que são mantidos
O retorno sobre o ativo é resultado de dois índices, em relação a determinado nível de vendas.27
ou seja, a margem de lucro e o giro do ativo. A margem
Margem de lu cro
1,5%
Retorno Alavancagem Retorno sobre
27. Para leitura adicional sobre análise financeira, veja MULLINS, Peter L. Measuring customer and product line profitability. Washington, DC :
Distribution Research and Education Foundation, 1984.
Vendas $ 60.000
Custo das mercadorias vendidas 39.000
Margem bruta $ 21.000
Despesas
Salários $ 9.300
Aluguel 3.000
Suprimentos 3.500
Total das despesas $ 15.800
Lucro líquido $ 5.200
* A palavra scorecard vem sendo regularmente usada nas áreas de administração e contabilidade para indicar resultados não definitivos que
se modificam constantemente, como o placar de uma disputa esportiva. (N.T.)
28. Veja KAPLAN, Robert, NORTON, David P Putting the balanced scorecard to work. Harvard Business Review, p. 134-142, Sept./Oct. 1993.
29. THE MAC GROUP Distribution: a competitive weapon. Cambridge, MA : MAC Group, 1985. p. 20.
Tabela 24.6 Bases para alocação das despesas funcionais por tipo de canal de varejo.
A despesa de propaganda pode ser alocada de acor- metade do custo dos produtos vendidos ($ 19.500 em
do com o número de anúncios preparados para os dife- $ 39.000). Isto deixa uma margem bruta para as lojas
rentes canais. Como foram produzidos 100 anúncios, o de ferramentas de cerca de $ 10.500. Deste valor, de-
custo médio por anúncio foi de $ 31. vem ser reduzidas as despesas funcionais proporcionais
A despesa com embalagem e expedição pode ser às lojas de ferramentas. Conforme a Tabela 24.6, as lo-
alocada conforme o número de pedidos realizados por jas de ferramentas são responsáveis por 200 das 275 vi-
tipo de canal de varejo. Esta mesma base foi usada para sitas de vendas. A um custo de $ 20 por visita, elas arca-
alocar os gastos com faturamento e cobrança. rão com uma despesa de vendas de $ 4.000. A mesma
tabela mostra também que essas lojas foram alvo de 50
Etapa 3 - Demonstração de Resultado para anúncios a um custo de $ 31 por anúncio. Essas lojas
Cada Tipo de Canal. Agora, uma demonstração de terão uma despesa de $ 1.550 em propaganda. O mes-
resultado pode ser preparada para cada tipo de canal. mo raciocínio aplica-se ao computar a participação de
Os resultados são mostrados na Tabela 24.7. Como as outras despesas funcionais para alocá-las às lojas de fer-
lojas de ferramentas respondem por metade das vendas ramentas. O resultado é que essas lojas receberam uma
($ 30.000 em $ 60.000), este canal é responsável por carga de $ 10.050 da despesa total. Subtraindo-se este
valor da margem bruta, o lucro decorrente da venda atra- • Reduzir o número de visitas e a propaganda destina-
vés deste canal é de apenas $ 450. das às lojas de equipamentos de jardinagem e de fer-
Esta análise é repetida para os outros canais. A ramentas. Parte-se do pressuposto de que alguns
empresa está tendo prejuízo ao vender através de lojas custos podem ser poupados sem prejudicar seria-
de equipamentos de jardinagem, e seu lucro é, basica- mente as vendas nesses canais.
mente, proveniente das lojas de departamentos. Perce- • Não fazer nada. Isto indica que os esforços atuais de
be-se que as vendas através de cada canal não são um marketing estão otimizados e/ou as tendências de
indicador confiável do lucro obtido em cada tipo de ca- marketing apontam para uma recuperação do lucro
nal. nos canais mais fracos ou que a eliminação de qual-
quer canal reduziria o lucro em função das reper-
cussões nos custos de produção ou na demanda.
DETERMINAÇÃO DA MELHOR AÇÃO CORRETIVA. Seria in-
• Não abandonar nenhum canal por completo, mas ape-
genuidade concluir que as lojas de equipamentos de jar-
nas as lojas mais fracas em cada tipo de canal. Esta
dinagem e, possivelmente, as lojas de ferramentas deve-
estratégia pressupõe que um estudo detalhado de
riam ser eliminadas para a empresa concentrar-se ape-
custo revelaria a existência de muitas lojas de equi-
nas nas lojas de departamentos. Primeiro, seria necessá-
pamentos de jardinagem e de ferramentas rentáveis,
rio responder às seguintes perguntas:
cujos lucros são cancelados pelo fraco desempenho
de outras lojas destas categorias.
• Em que extensão os consumidores compram em de-
terminado tipo de canal sem se preocupar com a
Em geral, a análise da rentabilidade de marketing
marca? Eles procurariam a marca naqueles canais
indica a rentabilidade relativa de canais, produtos, ter-
que não fossem eliminados?
ritórios ou de outras diferentes entidades de marketing.
• Quais as tendências a respeito da importância des-
Ela não prova que o melhor curso de ação é eliminar
tes três canais?
entidades de marketing não rentáveis nem indica o pro-
• As estratégias de marketing da empresa dirigidas aos
vável aumento de rentabilidade, caso elas sejam elimi-
três canais foram otimizadas?
nadas.
Com base nas respostas, a administração de
marketing pode avaliar algumas ações alternativas? CUSTO DIRETO VERSUS CUSTO TOTAL. Como todas as fer-
ramentas de informações, a análise de rentabilidade pode
• Cobrar preço maior por pedidos menores para esti- orientar ou não os executivos de marketing, dependen-
mular pedidos maiores. Neste caso, supõe-se que os do de seu grau de compreensão desses métodos e de
pedidos menores são a causa da não-rentabilidade suas limitações. O exemplo supra mostrou alguma arbi-
das lojas de equipamentos de jardinagem e de ferra- trariedade na escolha das bases para alocar as despesas
mentas. funcionais nas atividades de marketing que foram avali-
• Dar maior apoio promocional às lojas de equipamen- adas. Assim, o "número de visitas de vendas" foi usado
tos de jardinagem e de ferramentas. Isto pressupõe para alocar as despesas de vendas, quando, em princí-
que os gerentes dessas lojas podem aumentar as pio, o "número de horas de trabalho em vendas" seria
vendas com mais treinamento e materiais promocio- um indicador de custo mais preciso. A base anterior foi
nais. usada por envolver menos registros e cálculos. Essas
30. Veja COOPER, Robin, KAPLAN, Robert S. Profit priorities from activity-based costing. Harvard Business Review, p. 130-135, May/June 1991.
31. GOODMAN, Sam R. Increasing corporate profitability. New York: Ronald Press, 1982. Cap. 1. Veja também JAWORSKI, Bernard J.,
STATHAKOPOULOS, H. Shanker. Control combinations in marketing, conceptual framework and empirical evidence. Journal of Marketing,
p. 57-69, Jan. 1993.
32. Veja SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. São Paulo : Best Seller, 1992. Cap. 7.
os incentivos à força de vendas para obter maior núme- visões são fortes, médias e fracas em marketing. De-
ro de pedidos. A força de vendas é bem-sucedida em seu sejo um escore de marketing para cada divisão. Que-
esforço, mas, novamente, a empresa não consegue aten- ro saber se elas entendem e estão praticando
der aos prazos de entrega. A administração precisa per- marketing orientado para o cliente. Para cada divi-
ceber a existência de gargalos e investir mais na amplia- são deficiente, desejo um plano para melhorar sua
ção da capacidade de produção. A situação está mapeada eficácia de marketing nos próximos anos. No próxi-
na Figura 24.10. O círculo à esquerda mostra como o mo ano, quero uma evidência de que cada divisão
movimento das vendas é transformado em declínio de- deficiente está tendo progresso em termos de
vido aos atrasos de entrega. O círculo à direita mostra o marketing.
problema fundamental, que é a falha da administração
em não investir em produção adicional e em capacidade O vice-presidente de marketing concordou, reco-
de distribuição para atender aos aumentos substanciais nhecendo que se tratava de uma árdua tarefa. Sua pri-
de vendas. meira idéia foi avaliar a eficácia de marketing de cada
divisão tomando como base o crescimento de vendas, a
participação de mercado e a rentabilidade. Sua idéia era
a de que as divisões de alto desempenho possuíam boa
Controle estratégico
liderança em marketing, o que não ocorria com as de
baixo desempenho.
Periodicamente, as empresas precisam fazer uma
revisão crítica de suas metas globais e da eficácia de Entretanto, a eficácia de marketing não é necessa-
marketing. Marketing é uma área em que a rápida riamente revelada pelas vendas e pelo desempenho cor-
obsolescência de objetivos, políticas, estratégias e pro- rentes de marketing. Bons resultados podem ser obtidos
gramas representa uma possibilidade constante. Perio- pelo fato de uma divisão estar no local certo e no tempo
dicamente, cada empresa deve reavaliar sua abordagem certo, e não devido a uma administração eficaz de
estratégica de mercado. Duas ferramentas estão dispo- marketing. Melhorar marketing nessa divisão pode trans-
níveis, a saber, a avaliação da eficácia de marketing e a formar os resultados de bom para excelente. Outra divi-
auditoria de marketing. são pode ter resultados fracos, apesar de excelente pla-
nejamento de marketing. Substituir os atuais gerentes
de marketing poderia piorar a situação.
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE MARKETING. A seguir, apre- A eficácia de marketing de uma empresa ou divi-
sentamos uma situação real. são é refletida pelo grau em que ela exibe cinco impor-
O presidente de uma importante empresa de equi- tantes atributos de uma orientação para marketing: filo-
pamentos industriais fez uma revisão dos planos anuais sofia do cliente, organização de marketing integrado, in-
de negócio de várias divisões e encontrou planos formações de marketing adequadas, orientação estratégi-
divisionais com falhas em marketing. Convocou o vice- ca e eficiência operacional. Cada atributo pode ser
presidente de marketing corporativo e disse: mensurado. A seção Memorando de Marketing apresen-
ta um instrumento de avaliação da eficácia de marketing,
Não estou satisfeito com a qualidade de baseado nestes cinco atributos. Este instrumento é pre-
marketing de nossas divisões. Ela está muito desi- enchido pelo gerente de marketing e por outros geren-
gual. Quero que você identifique quais de nossas di- tes da divisão. Depois, os escores obtidos são resumidos.
Fonte: KOTLER, Philip. From sales obsession to marketing effectiveness. Harvard Business Review, p. 67-75, Nov./Dec. 1977.
O instrumento vem sendo testado em várias em- AUDITORIA DE MARKETING é um exame abrangente,
presas e poucas alcançam escores superiores entre 26 e sistemático, independente e periódico do ambiente,
30 pontos. Entre elas incluem-se empresas bem conhe- objetivos, estratégias e atividades de marketing de
cidas pelo domínio de marketing como Procter & Gamble, uma empresa ou unidade de negócio, visando en-
McDonald's, Rubbermaid e Nike. A maioria das empre- contrar ameaças e oportunidades e recomendar um
sas e divisões recebe escores entre regular e bom, que plano de ação para melhorar o desempenho de
indicam que os próprios gerentes acham que podem
marketing da empresa.
melhorar o desempenho de marketing. Os resultados de
cada atributo indicam que fatores precisam receber maior
atenção de marketing. Assim, a administração de cada Vamos examinar as quatro características da audi-
divisão pode estabelecer um plano para corrigir suas toria de marketing:
principais fraquezas de marketing.33
• Abrangência. A auditoria de marketing cobre todas
as principais atividades de marketing de um negó-
AUDITORIA DE MARKETING. Aquelas empresas que des- cio e não apenas alguns problemas imediatos. Seria
cobrem deficiências através da avaliação da eficácia de denominada de auditoria funcional caso cobrisse ape-
marketing devem empreender uma análise mais profun- nas a força de vendas, preço ou alguma outra ativi-
da, conhecida como auditoria de marketing.34 dade de marketing. Embora as auditorias funcionais
33. Para maiores discussões sobre este instrumento, veja KOTLER, Philip. From sales obsession to marketing effectiveness. Harvard Business
Review, p. 67-75, Nov./Dec. 1977.
34. Veja KOTLER, Philip, GREGOR, William, RODGERS, William. The marketing audit comes of age. Sloan Management Review, p. 49-62, Winter
1989.
MACROAMBIENTE
A. Demográfico Quais os principais desenvolvimentos demográficos e tendências que apresentam oportunidades ou ameaças à empre-
sa? Que providências a empresa tomou em relação a essas oportunidades e ameaças?
B. Econômico Quais os principais desenvolvimentos em relação à renda, preços, poupança e crédito que afetarão a empresa? Que
providências a empresa tomou em resposta a esses desenvolvimentos e tendências?
C. Ecológico Qual a perspectiva de custo e de disponibilidade de recursos naturais e energéticos necessários à empresa? Que preocu-
pações a empresa vem expressando sobre seu papel em termos de poluição e preservação ambiental e que providências
ela vem adotando?
D. Tecnológico Quais as principais mudanças que estão ocorrendo na tecnologia do processo produtivo e do produto? Qual a posição da
empresa em relação a essas tecnologias? Quais os principais substitutos genéricos que podem substituir este produto?
E. Político Que mudanças de leis e regulamentos podem afetar a estratégia e as táticas de marketing? 0 que está ocorrendo nas
áreas de controle da poluição, oportunidades iguais de emprego, segurança de produto, propaganda, controle de preço
etc, que afeta a estratégia de marketing?
F. Cultural Qual a atitude do público em relação aos negócios e produtos da empresa? Que mudanças no estilo de vida e nos valores
dos consumidores podem afetar a empresa?
AMBIENTE-TAREFA DA EMPRESA
A. Mercados 0 que está ocorrendo com o tamanho, o crescimento e o lucro do mercado? Quais os principais segmentos desse merca-
do?
B, Consumidores Quais as necessidades e processos de compra dos consumidores? Como os consumidores atuais e potenciais avaliam a
empresa e seus concorrentes em termos de reputação, qualidade do produto, serviços, força de vendas e preço? Como os
diferentes segmentos de consumidores tomam suas decisões de compra?
C. Concorrentes Quem são os principais concorrentes? Quais seus objetivos, estratégias, forças, fraquezas, tamanhos e participações de
mercado? Quais as tendências que afetarão a concorrência futura e os substitutos para este produto?
D. Distribuição e Quais os principais canais de distribuição para levar os produtos aos consumidores? Quais os níveis de eficiência e
revendedores potenciais de crescimento dos diferentes canais de distribuição?
E. Fornecedores Qual a perspectiva de disponibilidade de recursos-chaves usados na produção? Que tendências estão ocorrendo entre os
fornecedores?
F. Empresas de Qual o custo e a perspectiva de disponibilidade de serviços de transporte, de armazenagem e de recursos financeiros?
serviços de Qual a eficácia das agências de propaganda e das empresas de pesquisa de marketing?
marketing
G. Públicos Que públicos representam oportunidades ou ameaças para a empresa? Que etapas a empresa desenvolveu para lidar
eficientemente com cada público?
A. Missão do negócio A missão do negócio está claramente definida em termos de orientação de mercado? Ela é viável?
B. Objetivos e metas Os objetivos da empresa e de marketing foram claramente estabelecidos para orientar o planejamento de marketing e a
de marketing mensuração do desempenho? Os objetivos de marketing são apropriados, dada a posição competitiva da empresa, seus
recursos e oportunidades?
C. Estratégia A empresa articulou uma estratégia de marketing clara para atingir seus objetivos de marketing? A estratégia é convin-
cente? Ela é apropriada ao estágio do ciclo de vida do produto, às estratégias dos concorrentes e à situação econômica?
A empresa está usando a melhor base para segmentar o mercado? Ela adota critérios claros para avaliar os segmentos e
escolher os melhores? Ela desenvolveu um posicionamento eficaz e um composto de marketing para cada segmento-
alvo? Os recursos de marketing estão otímamente alocados em relação aos principais elementos do composto de marketing?
Os recursos são suficientes ou muitos para a empresa atingir os objetivos de marketing?
A. Estrutura formal 0 vice-presidente ou diretor de marketing tem autoridade e responsabilidade suficientes nas atividades da empresa que
afetam a satisfação dos consumidores? As atividades de marketing estão bem estruturadas em termos funcionais, de
produtos, segmentos, usuários finais e territórios?
A. Sistema de 0 sistema de inteligência de marketing está fornecendo informações seguras, em volume suficiente e oportunas sobre
informações de desenvolvimentos no mercado a respeito de consumidores atuais, consumidores potenciais, distribuidores e revendedores,
marketing concorrentes, fornecedores e vários outros públicos? Os tomadores de decisões da empresa estão solicitando pesquisa de
marketing suficiente e estão utilizando os resultados? A empresa está empregando os melhores métodos para mensuração
do mercado e previsão de vendas?
B. Sistema de 0 sistema de planejamento de marketing é bem elaborado e está sendo usado com eficiência? Os profissionais de
planejamento de marketing têm sistemas de apoio à decisão à disposição? 0 sistema de planejamento estabelece metas e quotas de
marketing vendas estáveis?
C. Sistema de controle Os procedimentos de controle são adequados para assegurar que os objetivos do plano anual sejam atingidos? A empre
de marketing sa analisa periodicamente a rentabilidade dos produtos, mercados, territórios e canais de distribuição? Os custos e a
produtividade de marketing são periodicamente examinados?
D. Sistema de A empresa está bem organizada para reunir, gerar e selecionar idéias de novos produtos? A empresa faz pesquisa
desenvolvimento de adequada de conceitos e análise comercial antes de investir em novas idéias? A empresa realiza testes adequados de
novos produtos produto e de mercado antes de lançar novos produtos?
A. Análise de Qual a rentabilidade de diferentes produtos, mercados, territórios e canais de distribuição da empresa? A empresa deve
rentabilidade entrar, expandir, reduzir ou retirar-se de alguns segmentos de negócio?
B. Análise de Algumas atividades de marketing parecem ter custos excessivos? Que medidas para redução de custos podem ser toma-
custo-benefício das?
A. Produtos Quais os objetivos da linha de produtos? Estão bem definidos? A atual linha de produtos está atingindo seus objetivos?
A linha de produtos deve ser expandida ou reduzida? Para cima, para baixo ou em ambas as direções? Que produtos
devem ser eliminados? Que produtos devem ser acrescentados? Qual o conhecimento e as atitudes dos compradores em
relação à qualidade, características, estilos, marcas etc. dos produtos da empresa e dos concorrentes? Que áreas da
estratégia de produto necessitam de melhorias?
B. Preço Quais os objetivos, políticas, estratégias e procedimentos de preço? Em que extensão a fixação de preço se baseia em
critérios de custo, demanda e concorrência? Os consumidores vêem os preços da empresa alinhados ao valor de suas
ofertas? 0 que a administração conhece sobre a elasticidade-preço da demanda, efeitos da curva de experiência e
políticas de preço dos concorrentes? Em que extensão as políticas de preço são compatíveis com as necessidades dos
distribuidores, revendedores, fornecedores e com a legislação governamental?
C. Distribuição Quais os objetivos e estratégias de distribuição? Há cobertura adequada de mercados e de serviços? Qual a eficiência dos
distribuidores, revendedores, representantes da empresa, corretores, agentes e outros? A empresa deve pensar em ado-
tar mudanças em seus canais de distribuição?
D. Propaganda, Quais os objetivos de propaganda da empresa? São bem definidos? 0 gasto com propaganda está sendo adequado? Os
promoção de temas e mensagens dos anúncios são adequados? O que os clientes e o público pensam sobre a propaganda? As mídias
vendas, relações de propaganda são bem escolhidas? A equipe interna de propaganda é adequada? AS mídias de propaganda são bem
públicas e escolhidas? A equipe interna de propaganda é adequada? O orçamento de promoção de vendas é adequado? Há sufici-
marketing direto ente uso de ferramentas de promoção de vendas, como amostras grátis, cupons, displays e concursos de vendas? A
equipe de relações públicas é competente e criativa? A empresa faz uso suficiente de marketing direto, marketing on-line
e marketing de banco de dados?
E. Força de vendas Quais os objetivos da força de vendas da empresa? A força de vendas é grande o suficiente para executar os objetivos da
empresa? A força de vendas está organizada de acordo com princípios apropriados de especialização (território, merca-
do, produto)? Há gerentes de vendas suficientes (ou em excesso) para orientar os vendedores de campo? 0 nível e a
estrutura salarial dos vendedores fornece incentivos e recompensas apropriados? A força de vendas demonstra moral
elevado, habilidade e esforço? Os procedimentos para estabelecimento de quotas e avaliação de desempenho são apro-
priados? Como a força de vendas da empresa é comparada com as forças de vendas dos concorrentes?
35. Entretanto, checklists úteis para uma auto-auditoria de marketing podem ser encontrados em WILSON, Aubrey. Aubrey Wilson's marketing
audit checklists. London: McGraw-Hill, 1982 e WILSON Mike. The management of marketing. Westmead, England: Gower Publishing, 1980.
Também, um software de auditoria de marketing é descrito em ENIS, Bem, GARFEIN, Stephen J. Journal of Management Inquiry, p. 306-318,
Dec. 1992.
36. KOTLER, GREGOR e RODGERS. Op. cit.
37. BOWEN, Howard R. Social responsabilities ofthe businessman. New York : Harper & Row, 1953. p. 215.
Outros problemas éticos, muitos analisados em o mais claro possível, aquelas práticas que sejam ilegais,
capítulos anteriores são mostrados na Figura 24.11. Cla- anti-sociais ou anticompetitivas. Segundo, as empresas
ramente, o resultado financeiro não pode ser a única devem adotar e disseminar um código ético, desenvol-
medida de desempenho da empresa. ver tradição na prática desse código e tornar seus fun-
Para se elevar o nível de marketing socialmente cionários altamente responsáveis pela observação às ori-
responsável, é necessário um ataque encadeado por três entações éticas e legais. (A Figura 24.12 reproduz o có-
ações. Primeiro, a sociedade deve usar a lei para definir, digo de ética da American Marketing Association.) Ter-
Figura 2 4 . 1 1 Principais áreas de decisões de marketing que enfrentam problemas éticos e legais.
RESUMO
1. O departamento de marketing moderno vem pas- 4. Um plano estratégico de marketing brilhante tem
sando por seis estágios, e podem-se encontrar em- pouca contribuição se não for apropriadamente
presas hoje em cada um dos estágios mencionados. implementado. A implementação dos planos de
No primeiro estágio, elas, simplesmente, começam marketing exige habilidade em reconhecer e diag-
com o departamento de vendas. No segundo está- nosticar um problema, avaliar onde o problema exis-
gio, acrescentam funções de marketing auxiliares, te, implementá-los e avaliar os resultados obtidos.
como propaganda e pesquisa de marketing. No ter- 5. Devido às muitas surpresas que ocorrem durante a
ceiro estágio, um departamento de marketing sepa- implementação dos planos de marketing, o departa-
rado é criado para lidar com o crescente número de mento de marketing precisa monitorar e controlar
funções de marketing auxiliares. No quarto, os de- continuamente suas atividades. O propósito do con-
partamentos de vendas e de marketing reportam-se trole do plano anual é assegurar que a empresa al-
a um diretor ou vice-presidente de marketing e ven- cança as vendas, lucros e outras metas estabelecidas.
das. No quinto, todos os funcionários da empresa As principais ferramentas do controle do plano anu-
são centrados no mercado e no cliente. No sexto, o al são a análise de vendas, análise de participação
pessoal de marketing trabalha principalmente em de mercado, análise das despesas de marketing em
equipes interdepartamentais. relação às vendas, análise financeira e análise de
2. Os departamentos de marketing modernos podem scorecard baseada no mercado. O controle de renta-
ser organizados de diversas maneiras. Algumas em- bilidade procura mensurar e acompanhar a rentabi-
presas são organizadas por especialização funcional, lidade de vários produtos, territórios, grupos de con-
enquanto outras focam áreas geográficas ou regi- sumidores, segmentos, canais de distribuição e ta-
ões. Ainda outras enfatizam a administração de pro- manhos de pedidos. Parte importante do controle
duto e marca ou a administração de segmento de da rentabilidade é alocar custos e gerar demonstra-
mercado. Algumas empresas estabelecem uma or- tivos de resultados. O controle de eficiência foca as
ganização matricial que consiste em gerentes de pro- maneiras de aumentar a eficiência da força de ven-
duto e de mercado. Finalmente, algumas outras têm das, propaganda, promoção de vendas e distribui-
forte orientação para marketing corporativo, ção. O controle estratégico envolve reavaliação peri-
marketing corporativo limitado ou praticam ódica da empresa e de sua abordagem estratégica
marketing apenas nas divisões. em relação ao mercado, usando as ferramentas da
3. As modernas organizações eficazes de marketing são revisão da eficácia de marketing e da auditoria de
identificadas por forte cooperação e foco no consu- marketing. As empresas devem também fazer revi-
midor entre seus departamentos: marketing, P&D, sões da excelência de marketing e revisões de sua
engenharia, compras, produção, operações, finan- responsabilidade ética e social.
ças, contabilidade e crédito.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS
1. Dê nova redação aos Componentes de uma audito- tanto específico quanto detalhado quando redigir as
ria de marketing (Tabela 24.8) de tal maneira que questões. Se não estiver atualmente empregado,
eles reflitam problemas individuais e a terminologia baseie-se em uma empresa onde tenha trabalhado
associados ao setor industrial em que você atua. Seja ou que gostaria de trabalhar no futuro.
L=R-C (Al-1)
EQUAÇÃO DE VENDAS
A receita (R) é igual ao preço líquido do produto
(P1) vezes a quantidade de unidades vendidas (Q): Para usar a equação do lucro com o propósito de
planejamento, o gerente de produto precisa desenvol-
R = P'Q (Al-2) ver um modelo com as variáveis que afetam o volume
de vendas (Q). A relação do volume de vendas com es-
O preço líquido do produto (P') é igual a seu preço sas variáveis é especificada em uma equação de vendas:
de lista (P) menos qualquer abatimento por unidade (k),
representando pagamento de frete, comissões e descon- Q = f(X1X2..., Xn, Y1 Y2..., Ym) (Al-6)
tos:
Onde:
P'=P-k (Al-3)
(X1 X2, ..., Xn) = variáveis de vendas controladas pela
Os custos do produto podem ser convenientemen- empresa
te classificados em custos variáveis unitários de marketing (Y1 Y2, ..., Ym) = variáveis de vendas não controladas
por unidade (c), custos fixos (F) e custos de marketing pela empresa
(M):
As variáveis Y incluem o tamanho do mercado-alvo,
C-cQ+F = M (Al-4) sua renda, preços dos concorrentes etc. Estas variáveis
estão sujeitas à alteração, ocorrendo o mesmo com a
Substituindo as equações (Al-2), (Al-3) e (Al-4) taxa de compra do mercado. O gerente não tem influên-
na (Al-1) e simplificando, temos: cia sobre as variáveis Y, embora precise estimá-las para
preparar a previsão de vendas. Partimos do pressuposto
L = [(P-k)-c]Q-F-M (Al-5) de que ele estimou as variáveis Y e seus efeitos sobre o
volume de vendas, representado por:
Onde:
Q=f{X1X2...Xn/Y1Y2...Ym) (Al-7)
L = lucro total
684 APÊNDICE 1
Esta equação mostra que o volume de vendas é específico, associado a possíveis níveis diferentes de
função das variáveis X, para determinados níveis de va- um elemento do composto de marketing, permane-
riáveis Y.
cendo constantes os demais elementos.
As variáveis X são aquelas que o gerente pode es-
tabelecer para influenciar o nível de vendas. Entre elas Isto não deve ser considerado uma descrição do
incluem-se o preço de lista (P), concessões ao comércio relacionamento no tempo entre duas variáveis. A medi-
(k), custo variável (c) (onde custos variáveis altos repre- da que os gerentes tenham boa intuição para as funções
sentam melhorias na qualidade do produto, tempo de de resposta de vendas relevantes, eles estão em posição
entrega e serviços ao consumidor) e despesas de de formular planos de marketing mais eficazes.
marketing (M). Assim, vendas, como uma função das
Quais as possíveis formas das funções resposta de
variáveis controláveis pela gerente, são descritas por:
vendas? A Figura Al-1 mostra várias possibilidades. A
Figura Al-1 (a) mostra o relacionamento entre preço e
Q=f(p,k,c,M) (Al-8) volume de vendas, conhecido como lei da demanda. O
relacionamento mostra que maior volume de vendas
Podemos fazer mais um aperfeiçoamento. O orça- ocorrerá com a diminuição do preço, as demais variá-
mento de despesas de marketing (M) pode ser gasto de veis permanecendo constantes. A ilustração mostra um
diversas maneiras: propaganda (A), promoção de ven- relacionamento curvilíneo, embora seja também possí-
das (S), força de vendas (V) e pesquisa de marketing vel um relacionamento linear.
(R). A equação de vendas é agora:
A Figura Al-l(b) mostra quatro relacionamentos
funcionais possíveis entre o volume de vendas e as des-
Q=f(P,k,c,A,S,V,R) (Al-9) pesas de marketing. A função despesas de marketing (A)
é a menos plausível: mostra que o volume de vendas
Onde os elementos entre parênteses representam não é afetado pelo nível de despesas de marketing. Sig-
o composto de marketing. nifica que o número de consumidores e suas taxas de
compra não são afetados pelas visitas de vendedores,
propaganda, promoção de vendas ou pesquisa de
FUNÇÕES RESPOSTA DE VENDAS marketing. A função despesas de marketing (B) mostra
que o volume de vendas cresce linearmente com as des-
Suponhamos que o gerente deseja encontrar um pesas de marketing. Na ilustração, não existe inter-
composto de marketing que maximize o lucro no ano ceptação, mas isto seria incorreto se algumas vendas
seguinte. Isto exige uma idéia de como cada elemento ocorressem, mesmo na ausência de despesas de
do composto afeta as vendas. A expressão função respos- marketing.
ta de vendas é usada para descrever o relacionamento A função despesas de marketing (C) é côncava,
entre o volume de vendas e um elemento específico do mostrando o volume de vendas crescendo à taxa decres-
composto de marketing. Especificamente: cente. Trata-se de uma descrição de resposta de vendas
plausível para o crescimento do tamanho da força de
A FUNÇÃO RESPOSTA DE VENDAS prevê o volume vendas. Seria racional o seguinte: se a força de vendas
provável de vendas durante um período de tempo for limitada a apenas um vendedor, ele visitaria os me-
1. Para referências a estudos empíricos que usam funções-resposta de vendas ajustadas, veja HANSSENS, Dominique M., PARSONS, Leonard
J., SCHULTZ, Randall L. Market response models: econometric and time series analysis. Boston : Kluwer, 1990. Cap. 6.
2. Veja ACKOFF, Russell, EMSHOFF, James R. Advertising research at Anheuser-Busch. Sloan Management Review, p. 1-25, Winter 1975.
3. Veja LILIEN, Gary L, KOTLER, Philip, MOORTHY, K. Sridhar. Marketing models. Englewood Cliffs, NJ : Prentice-Hall 1992.
686 APÊNDICE 1
Tabela A l - 1 Compostos de marketing e estimativas de vendas
de marketing, elaborando-se, depois, todas as combina- mentos de especialistas sobre a equação de vendas Q =
ções (23 = 8). f(P,A,S). Uma fórmula matemática possível para a equa-
Sua próxima etapa é estimar as vendas prováveis ção de vendas é a exponencial múltipla:
que seriam atingidas com cada composto de marketing.
Sente que as estimativas necessárias são improváveis de Q = bPpAaSs (Al-11)
ser encontradas por meio de ajuste de dados históricos
ou da execução de experimentações. Decide pedir a esti- Onde:
mativa do gerente de vendas, uma vez que este tem
mostrado uma habilidade extraordinária em atingir o b = um fator de escala
alvo. Ele fornece as estimativas mostradas na coluna p,a,s = elasticidades de preço, propaganda e promoção,
Vendas da Tabela Al-1. respectivamente.
A etapa final é determinar qual composto de
marketing maximiza o lucro, assumindo-se que as esti- Usando a estimativa de regressão dos mínimos
mativas de vendas são confiáveis. Isto exige a introdu- quadrados (não mostrada), a gerente constata que a
ção de uma equação do lucro e a inserção de compostos equação de vendas ajustada é:
de marketing diferentes para encontrar aquele que
maximiza o lucro. Q = 100.000P-2A1/8S1/4
Suponhamos que os custos fixos (F) somam
$ 38.000, o custo variável unitário (c), $ 10,00, e as con- Esta equação ajusta muito bem as estimativas da
cessões sobre o preço de lista (k), $ 0. Aqui, os dois com- Tabela Al-1. O preço possui uma elasticidade de -2, isto
ponentes do composto de marketing (M) são propagan- é, reduzindo-se o preço em 1%, permanecendo constan-
da (A) e promoção (S). Substituindo-se esses valores na tes as demais variáveis, tem-se um aumento de 2% nas
equação do lucro (Al-5), temos: unidades vendidas. Propaganda tem uma elasticidade
de 1/8 e promoção, de 1/4. O coeficiente 100.000 é um
L = [(P-k)-c]Q-F-M fator de escala que transforma os valores em dólares em
unidades vendidas.
L = [P-0-10]Q -38.000 -A- S (Al-10) Agora, o gerente de produto substitui esta equa-
ção pelo Q da equação do lucro (Al-10). Após a simpli-
Assim, o lucro (L) é uma função do preço escolhi- ficação, tem-se:
do (P) e das despesas de propaganda (A) e de promoção
de vendas (S). O composto de marketing n. 5, com pre- L = 100.000A 1 / 8 S 1 / 4 -l
- 10P~2] - 38.000 - A - S (Al-13)
ço de $ 24, despesas de propaganda de $ 10.000 e des-
pesas de promoção de $ 10.000 obtém a maior expecta- O lucro mostrado é uma função estrita do compos-
tiva de lucro ($ 19.000). to de marketing escolhido. O gerente pode inserir qual-
A gerente pode ir mais além. Algum composto de quer composto de marketing (inclusive aqueles não
marketing não mostrado pode obter um lucro ainda mais mostrados na Tabela Al-1) e derivar uma estimativa do
alto. Para checar essa possibilidade, ela pode ajustar a lucro. Para encontrar o composto de marketing que
equação de vendas aos dados mostrados na Tabela Al- maximiza o lucro, ele aplica cálculos padrões. O com-
1. As estimativas de vendas podem ser vistas como amos- posto de marketing ótimo (_P,A,S) é ($ 20, $ 12.947,
tras de um universo mais amplo constituído de julga- $ 25.894). Gasta-se em promoção o dobro da propagan-
688 APÊNDICE 1
Figura A l - 2 Funções resposta de vendas de dois mercados-alvos (MA).
jamento denominada orçamento base zero.4 É solicitado suas estimativas do volume de vendas. Assim, a alta ad-
a cada gerente de MA que formule um plano de ministração analisa esta função-resposta em compara-
marketing e estime a venda esperada para, digamos, três ção com aquelas dos outros gerentes de produtos, consi-
níveis de despesas de marketing: 30% abaixo do nor- derando as transferências de fundos dos MA com res-
mal, normal e 30% acima do normal. Um exemplo é postas marginais baixas para os MA com maiores res-
mostrado na Tabela Al-2, que apresenta o que o gerente postas marginais.
de produto faria em cada nível de despesa, conforme
4. Veja STONICH, Paul. Zero-base planning and budgeting: improved cost Control and resource allocation. Homewood : Dow Jones-Irwin, 1977.
5. Veja CARDWELL, John J. Marketing and management science - a marriage on the rocks? Califórnia Management Review, p. 3-12, Summer
1968.
690 APÊNDICE 1
APÊNDICE 2
Métodos Estatísticos para Projeção da
Demanda Futura
1. Veja MAKRIDAKIS, S., WHELLWRIGHT, S. C. Forecasting methodsfor management. 5. ed. New York : John Wiley, 1989. Veja também KRESS,
George, SNYDER, John. Forecasting and market analysis techniques: i practical approach. Westport, CT : Quorum Books, 1994.
2. JAIN, Dipak C, VILCASSIM, Naufel J. Testing functional forms of market share models using the Box-Cox transformation and the Lagrange
multiplier approach. International Journal of Research in Marketing, n. 6, p. 95-107 (aqui p. 101-102), 1989.
692 APÊNDICE 2
MS1 = participação de mercado semanal da marca 1 como a participação de mercado de uma marca será afe-
P1 = preço semanal da marca 1 tada por seus próprios anúncios ou anúncios de marcas
A1 = variável dummy (0 ou 1), dependendo de a marca concorrentes.
1 ter sido anunciada em jornais naquela semana Os computadores têm tornado o cálculo da análise
estatística da demanda cada vez mais fácil. Entretanto,
Note que a participação de mercado da marca 1 o usuário deve estar consciente das várias dificuldades
será negativamente afetada se seu preço aumentar, e que podem diminuir a validade ou tornar inútil uma
positivamente afetada se for anunciada naquela sema- equação estatística da demanda: poucas observações,
na. Ademais, a participação de mercado da marca 1 au- muita correlação entre as variáveis independentes, alte-
mentará se as marcas 2 e 3 sofrerem aumento de preço. ração da curva normal de hipóteses, causas em sentidos
Finalmente, a participação de mercado da marca 1 cairá contrários e o surgimento de novas variáveis ainda não
se a marca 2 e/ou 3 for anunciada naquela semana. To- representadas.
das essas conclusões são consistentes com a teoria de
3M Company, 151, 278, 349, 405, 428, 651 Administração de qualidade total, 64
9-Lives Cat Food, 590 Administração de serviços de apoio ao produto, 427
A. C. Nielsen Company, 114, 137, 503 Administração de um programa de propaganda, 554
A. T. Cross, 352, 430 Administração de vendas, 603
AB Astra, 91 Administração do conflito de canal, 489
Abacaxis, 80 Administração do esforço de marketing, 98
ABB, 377 Administração do instrumento de pesquisa em uma amostra de
ABC, 487, 671 entrevistados, 530
Abordagem, 614 Administração do processo de desenvolvimento de novos produtos,
Abordagem de custo total, 671 278
Abordagem de mercado de massa, 301 Administração do rendimento, 453
Abordagem de negociação honrada, 618 Administração por objetivos, 663
Abordagem de portfólio, 509 Administração superior de peças de reposição, 344
Abordagem de satisfação de necessidades, 615 Adoção, 300, 301
Abordagem de série histórica, 575 Adoção rápida da administração de marketing, 45
Abordagem de um comprador, 599 Adotantes - classificação, 302
Abordagem de um grupo de compradores, 599 Adotantes de novos produtos, 301
Abordagem de uma equipe de vendas, 599 Afluência dos consumidores, 406
Abordagem enlatada, 615 África, 24, 370
Abordagem planejada, 615 Afro-americanos, 164
Abordagens de pesquisa, 119 Agências de propaganda, 560
Abrangência, 675 Agente exportador do próprio país, 363
Abrangência do composto de produtos, 387 Agentes, 514, 515
Absolut, 561 Agentes comissionados, 515
Access Rússia, 219 Agentes de compra, 515
Aceleração do passo da mudança tecnológica, 152 Agentes de fabricantes, 515
Ações pós-compra, 184 Agentes de venda, 515
Acompanhamento (follow up), 6 1 6 Agrado, 615
Aconselhamento, 587 Agregação de valor business-to-business, 253
Acordo de compensação, 450 AIDA, 533, 614
Acordo de transação com produtos, 450 AIDS, 152, 565
Acordos de countertrade, 450 Airborne Express, 416, 624
Acréscimo de benefícios financeiros, 60 Ajuda externa, 659
Acréscimo de benefícios sociais, 61 Akio Morita, 77
Acréscimo de vínculos estruturais, 62 Al Ries, 263
Acréscimos às linhas de produtos já existentes, 275 Alberto Culver, 265
Adam Smith, 51 Alemanha, 196, 358, 372, 535
Adaptação, 351, 368 Alemanha Oriental, 151
Adaptação do preço, 450 Alex Osborn, 282
Adaptação do produto, 370 Alianças de marketing, 92
Adaptação versus padronização, 368 Alianças de produto e/ou serviço, 92
Alianças estratégicas, 90, 91, 92, 146
Adaptações rápidas às condições de mercado, 634
Adcad, 128 Alianças estratégicas com grandes corporações internacionais, 501
ADI Technology, 204 Alianças logísticas, 92
Administração, 607 Alianças promocionais, 92
Administração através de equipes, 653 Alka-Seltzer, 558
Administração da cadeia de suprimentos, 513 Allen-Bradley, 277
Administração da diferenciação, 419 AlliedSignal, 57, 195, 360
Administração da força de vendas, 604 Alocação das despesas funcionais, 669
Administração da produtividade, 426 Alocação das despesas funcionais nos canais de varejo, 669
Administração da qualidade do serviço, 421 Alocação de marketing - otimização, 688
Administração da qualidade total, 66 Alocação de produtos, 597
Administração das comunicações de marketing integrado, 548 Alocação de recursos a cada UEN, 78
Administração de canal - decisões, 476 Alpha-Graphics, 500
Alternativas - avaliação, 181
Administração de categoria de produtos, 652
Alternativas principais de canal, 473, 476
Administração de grandes contas, 602
AMA, 680
Administração de marketing, 32
Ambiente de mercado, 76
Administração de marketing - processo, 95
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