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Interiores domés cos dos anos 50 em Portugal: a construção do fluxo

espacial segundo a Revista Arquitectura


Domes c interiors of 1950s in Portugal: the construc on of space flow according to Arquitectura

Neves, L. Pombo, F.

IPCB/ESART - Escola Superior de Artes Aplicadas do Ins tuto Politécnico de Castelo Branco
UA - Universidade de Aveiro

Re rado de: h p://convergencias.esart.ipcb.pt

RESUMO: Os anos 50 representam uma influência crescente do


modernismo no pensamento arquitetónico português. Este ar go,
par ndo do enquadramento desse contexto ideológico, pretende
analisar as repercussões no projeto de espaços interiores domés cos,
designadamente na interpretação do fluxo espacial da casa. Com efeito,
os espaços tornam-se mais amplos, instala-se o conceito de “living-
room” e suprimem-se algumas funções, consequência das mudanças de
representação de modelos de habitar. A Revista Arquitectura (1927-
1988) regista a chegada lenta, mas firme, do movimento moderno e é a
base documental deste texto. Através da interpretação de ar gos
selecionados de Arquitectura e do estudo de casos de projetos dos
arquitetos Victor Palla, Bento d’Almeida, Arménio Losa, Cassiano
Barbosa e Fernando Távora pretende-se contribuir para a análise de
interiores domés cos representa vos dos anos 50 em Portugal.
PALAVRAS-CHAVE: Anos 50; Revista Arquitectura; modernismo; espaços
domés cos; representação de modelos.
ABSTRACT: The 1950s represent a growing influence of modernism in
Portuguese architectural thought. This ar cle, star ng from the
framework of this ideological context, intends to analyze the
repercussions in the design of domes c interior space, namely in the
interpreta on of the spa al flow of the house. In fact, the space become
wider, associa ng with the concept of “living-room” and some func ons
are suppressed, as a result of the representa on’s changes of models of
dwelling. Arquitectura Magazine (1927-1988) records the slow but firm
arrival of modern movement and is the documentary basis of this text.
Through the interpreta on of selected ar cles from Arquitectura and the
case study of projects by the architects Victor Palla, Bento D’Almeida,
Arménio Losa, Cassiano Barbosa and Fernando Távora, it is aimed to
contribute to the analyses of representa ve domes c interiors of the
fi ies in Portugal.
KEYWORDS: 1950s; Arquitectura Magazine; modernism; domes c space;
representa on of models.

1. Introdução
No âmbito do tema deste ar go pretende-se destacar as repercussões que o movimento moderno dos anos 50 veram no projeto de espaços interiores
domés cos e a influência que teve o 1ª Congresso Nacional de Arquitectura, organizado em Lisboa, em 1948.
A sustentar esta reflexão dá-se destaque ao estudo de casos de projetos dos arquitetos Victor Palla e Bento D’Almeida, Cassiano Barbosa e Arménio Losa e
Fernando Távora, par ndo da publicação desses projetos na Revista Arquitectura durante a década de 50, em par cular no que diz respeito a projetos de
habitação unifamiliar.
Estes projetos, representa vos da interpretação dos ideais do movimento moderno português, contribuem para um esclarecimento da construção do fluxo
espacial nos espaços interiores domés cos.
O primeiro estudo de caso refere-se aos projetos dos arquitetos Victor Palla e Bento D’Almeida para uma casa de férias no Alto do Rodízio, publicado nos
números 23/24, da 2.ª série, em maio/junho de 1948. Seguidamente, alude-se ao projeto para uma moradia, em Vila Nova de Gaia, dos arquitetos Cassiano
Barbosa e Arménio Losa, publicado no número 44, da 2ª série, em setembro 1952. Por úl mo, apresenta-se o projeto da Casa de Ofir do arquiteto Fernando
Távora, publicado na 3ª série da revista no número 59, em julho de 1957, que marca também o início da nova série de publicações que refletem uma mudança
de orientação conceptual da Revista em relação ao modernismo.
A escolha da revista Arquitectura como base documental para este estudo deve-se à importância e pres gio desta publicação periódica para promover ideais e
projetos de vanguarda. A interpretação baseia-se na análise técnica da planta em ar culação com o conteúdo específico do respe vo ar go publicado em
Arquitectura e com outras fontes bibliográficas complementares devidamente assinaladas.
Com este texto pretende-se argumentar que a construção do fluxo espacial domés co assume em Portugal qualidades específicas quando esses ideais
modernos ganham maturidade e força crí ca, como se observa na casa de Ofir de Távora, exemplo da reflexão sobre a iden dade da casa portuguesa.

2. O movimento moderno nos anos 50


“Uma inicia va necessária”, ar go publicado por Keil do Amaral, em 1947, na Revista Arquitectura, foi a peça fundamental para o desenvolvimento de um dos
momentos mais importantes do movimento moderno em Portugal – o Inquérito à Arquitectura Portuguesa.
Em maio de 1948, organizado pela Assembleia Geral do Sindicato Nacional dos Arquitetos, com a comissão execu va assumida por Co nelli Telmo, Por rio
Pardal Monteiro, Miguel Jacobe y, João Guilherme Faria da Costa e Paulo de Carvalho Cunha, organizou-se em Lisboa, o 1º Congresso Nacional de
Arquitectura, que contou com a presença de grande parte dos arquitetos portugueses, e nha como obje vo debater os problemas do setor e a crise na
habitação portuguesa [1]. Segundo Costa este foi o momento essencial para “esclarecer e definir” as condições de ação dos arquitetos portugueses para o
“florescimento de uma arquitectura progressiva, de elevada qualidade e expressão (…) [que] se poderá exercer de maneira mais ú l para o País”. (1948, p.4).
Durante o Congresso foram apresentadas diversas teses, que refle ram a discussão do estado da arte da arquitetura portuguesa. No relatório publicado pela
Revista Arquitectura, em 1949, pode ler-se as “Conclusões e Votos”, redigidas pela comissão, como reflexão no sen do de contribuir para o futuro da
arquitetura portuguesa. De entre elas destaca-se a indicação de “- Que o «portuguesismo» da obra de Arquitectura não con nue a impor-se através da
imitação de elementos do passado (…)”, sendo ainda “necessário corrigir os conceitos de tradição e regionalismo, fomentando a aplicação de novas técnicas e
acarinhando novos ideais esté cos, para que a obra contemporânea possa ser coerente e a ngir aquele grau de perfeição e beleza que alcançaram as dos
mais puros es los do passado” (Simões, 1949, p.4). Também associado a estas premissas, destaca-se a necessidade de criar um organismo para inves gação
da problemá ca da habitação Portuguesa – sob a forma de um Inquérito -, e, ainda, uma nota no sen do da u lização dos princípios dispostos na “Carta de
Atenas” [2] no estudo dos problemas das edificações, “não esquecendo nunca que a sua aplicação deve fazer-se em estreito contacto com as realidades
nacionais” (Simões, 1949, p.6).
Com o Congresso fica clara a urgência da u lização dos princípios do movimento moderno, com a u lização de materiais novos (como o betão e o betão
armado), estruturas complexas, uma construção mais próxima da industrialização “como filosofia e método projetual, independentemente da efe va
possibilidade de reprodu bilidade mecânica aplicada à edificação” (Tostões, 2004, p.148 ), e no que diz respeito às questões formais e funcionais do projeto a
“Carta de Atenas”, de 1932, passa a ser a linha condutora do ensino e da produção arquitetónica em Portugal. Ainda que, a pluralidade cultural Internacional
que os arquitetos presenciam, acabe por desencadear ligações a outras esté cas constru vas com caracterís cas mais organicistas e a u lização de vãos que
rasgam a construção promovendo a ligação entre o interior e o exterior. Segundo Ramos a divulgação da “produção de vanguarda” está presente em Portugal
logo nas primeiras décadas do século XX, pelos que muitos arquitetos estavam atualizados com a produção internacional.
Os anos 50 ficam assim marcados como anos de rutura, mas também de charneira, os arquitetos deixam de lado a ideologia projetual ligadas às tendências do
regime, do “Português Suave”, e da “Casa Portuguesa” e passam a preferir as ideologias do movimento moderno, ligadas a Le Corbusier e à Carta de Atenas,
refle ndo um maior conhecimento das técnicas e da cultura Internacional.
À semelhança do que se vive no estrangeiro o movimento moderno foi o símbolo de profundas mudanças na cultura e na sociedade. No que diz respeito ao
programa do espaço domés co, elas são reflexo das alterações que se vêm sen ndo desde o início do século XX, e estão relacionadas com os materiais, as
tecnologias de construção, alterações dos es los de vida, das condições de higiene e saúde e de uma forma geral, do controlo da vida privada e pública
(Ramos, 2004, p 72).
A casa passa a ser entendida como a “máquina de habitar”, como nha cunhado Le Corbusier em 1923 e esta perspe va não estava ligada só à questão de
todo o processo de construção ser mais industrial, da inclusão da eletricidade, da água canalizada, do aquecimento, mas pela procura do conforto sico e
emocional. Rybczynsky dá o exemplo de Chris ne Frederick, impulsionadora desta ideia de “máquina de habitar”, ao tentar replicar no espaço domés co o
modelo industrial de Frederick Winslow Taylor cujo obje vo era racionalizar os movimentos na cadeia de produção e diminuir os tempos de produção
industrial (Rybczynsky, 1987, p. 167). Chris ne Frederick, analisando os seus próprios movimentos no quo diano, tentou perceber de que forma poderia
tornar as tarefas domés cas mais rápidas e eficientes, alterando as disposições do seu mobiliário e de alguns equipamentos. Percebeu ainda que se acoplasse
algumas funcionalidades no mesmo espaço seria mais eficiente e económica. Par ndo desta ideia, verifica-se que existem alguns compar mentos que deixam
de fazer sen do e que uma reorganização espacial é essencial como resposta a uma vida quo diana mais leve, fácil e, ao mesmo tempo, mais privada.
Em Portugal e ao contrário do que se vive no estrangeiro as primeiras décadas do século XX são marcadas por dois modelos de conceção espacial um mais
“progressista” (ligado à cultura cosmopolita e urbana) com Ventura Terra, e outro mais “culturalista” e român co (ligado à relação entre o homem e a
natureza) com Raul Lino, numa oscilação entre a valorização da tradição e a procura pela modernização. O que inicialmente começa com Raul Lino adquire nos
anos 50 e, especialmente com Távora, uma nova dimensão, com a valorização da tradição popular na arquitetura do movimento moderno, exploração de
alterna vas à ortodoxia do modernismo, na relação entre forma e tradição (Ramos, 2004, p.240). Nesta altura surgem duas ideologias diferentes ligadas ao
modernismo. Os mais velhos, como Cassiano Barbosa (1911-1998) e Arménio Losa (1908-1988), estão mais próximos aos princípios da Carta de Atenas, numa
arquitetura formalmente modernista, enquanto que os recém-formados, como Nuno Teotónio Pereira (1922-2016) e Fernando Távora (1923-2005),
desenvolvem um pensamento mais organicista, enquadrado no local e no tempo, preocupados com a relação do habitante com a casa, passando a valorizar
outros pontos de vista sobre o espaço domés co, como o quo diano, a vida privada e a família.
Esta busca pela compreensão dos elementos vernaculares arquitetónicos portugueses, advém dos resultados ob dos do Inquérito [3] que irá, também,
contribuir para uma reinterpretação do movimento moderno internacional, reconhecendo uma especificidade adequada à realidade portuguesa. Com efeito,
os arquitetos interessam-se, para além da plas cidade do edi cio, com o habitante, a localização do edi cio, a cultura popular e as suas condições
socioeconómicas, tornando-se um manifesto ao procurar devolver o espaço domés co ao habitante.

3. A revista Arquitectura (1927-1988)


Tal como refere Rybczynsky a mul plicidade de livros e publicações sobre os problemas e as soluções impostas pelas novas condições de vida, onde se analisa
a vida domés ca, e organização da casa, veram uma grande influência na criação de novos equipamentos, na modificação dos hábitos domés cos e,
contribuíram para o desenvolvimento de soluções espaciais, na criação de novos espaços, servindo de argumento para uma sociedade em mudança e para
uma nova arquitetura que procura responder aos requisitos da sociedade (1984, 162).
Desta forma, também a imprensa especializada na área da arquitetura e da construção, contribuiu e procurou divulgar a produção arquitetónica em Portugal,
relatando e registando as evoluções constru va, técnica, ar s ca, cultural, social e polí ca.
No úl mo século foram várias as revistas/periódicos a serem publicados, sendo a primeira a revista Construção Moderna (1900-1919), a que se seguiu
Annuario (1905-1910) e Arquitectura Portugueza (1908-1958) [4]. Com a entrada dos anos 30 surgem a Arquitectura (1927-1988) [5] e a Arquitectos (1938-
1942). Nas décadas seguintes aparecem a Binário (1958-1977), Átrium (1959-1960), A Propriedade (1970-1975) e Jornal de Arquitectos (1981-).
Numa breve análise, percebemos que a revista Arquitectura foi de todas, apesar de inconstante nas suas publicações, a que permaneceu a va durante mais
anos (61), abrangendo um mais longo período de transformação social, cultural e ar s ca.
É de notar que entre as décadas de 30 e 40, exis u uma grande instabilidade na imprensa, com o controle e censura aos meios de comunicação exercidos pelo
regime do Estado Novo. Segundo Pedro Ferreira (2001), a revista Arquitectura conseguiu manter-se à margem do manuseamento do regime, no entanto não
deixou de ser censurada [6], ao contrário da revista Arquitectura Portuguesa, que foi flexível aos ideais do Estado Novo. Entendemos, assim, que os conteúdos
apresentados pela Revista Arquitectura ao longo das várias décadas
terão sido os que mais se aproximavam dos ideais dos arquitetos modernistas e da vontade de progresso da produção arquitetónica portuguesa.
Para além de projetos portugueses, a revista publicava, também, projetos estrangeiros no sen do de promover o gosto e o conhecimento crí co internacional.

Fig. 1 – Capas das 5 série de publicação da Revista: n. º1 da série 1, 1927; n. º1 da série 2, 1946; n. º59 da série 3, 1957, n. º 132 da série 4, 1979 e n. º1 da
série 5, 1985
A Arquitectura desenvolveu-se em 5 séries, num total de 208 números impressos. A figura 1 apresenta as capas rela vas ao primeiro número de cada série e
demostram, também, as alterações gráficas que ocorreram.
A 1.ª série iniciou-se em 1927 até 1939 (43 números), após a 2ª Guerra Mundial retoma com a 2.ª série de 1946 a 1957 (58 números), a 3.ª série de 1957 a
1974 (73 números) [7], ainda publica um número após a Revolução de 25 de abril, mas já só retoma com a 4ª série em 1979. Os problemas financeiros da
revista agravam-se e decidem encerrar a publicação em 1984. Em 1985, um novo grupo liderado por José Lamas, decide retomar as pisadas da Arquitectura,
surge a 5ª serie, mas adquire o nome de Arquitectura Portuguesa e publicam 12 números. A úl ma publicação da revista foi em 1988.
Por ela passaram vários diretores, segundo Ana Tostões (1997) o seu melhor desempenho aconteceu em 1947 com a renovação da revista pelo grupo ICAT-
Inicia vas Culturais Arte e Técnica, com a preciosa colaboração de Keil do Amaral. Segundo a autora, a revista era o espaço das ideias da nova geração de
arquitetos, mas também o espaço de debate da prá ca da arquitetura portuguesa e de divulgação do movimento modernista.

2.1. Os ambientes domés cos


Numa análise me culosa das publicações da revista Arquitectura, verificamos que desde o início da sua a vidade (1927) até ao final da década de 50 (1959)
foram publicados pouco mais de 100 ar gos relacionados com a habitação/espaço domés co Português sendo 85 relacionados com projetos de habitações
unifamiliares, 15 de habitação cole va, e apenas 5 estão diretamente relacionados com um compar mento interior domés co, de que se destaca a publicação
“Arranjo de um sótão” de Conceição Silva (ver Fig. 2) onde se apresenta esse projeto com detalhe.

Fig. 2 – Revista Arquitectura, n. º 42 de maio de 1952. Publicação do ar go “Arranjo de um sótão” do arquiteto Conceição Silva
Claramente existe uma supremacia pela publicação de habitação unifamiliar, Rui Ramos defende que o grupo social da burguesia é aquele que reúne as
condições económicas para “promover o projeto e a construção da nova casa, que desta forma se disponibiliza para a inovação” (2004, p. 57). Assim, os
exemplos de projetos publicados que nos chegam são, maioritariamente, de “abastados capitalistas ou de profissionais reconhecidos” (Ramos, 2004, p.70) que
reconhecem na habitação uma forma de afirmação e estatuto social.
As transformações do espaço domés co da casa burguesa, desde as primeiras décadas do século XX até aos anos 50, desenvolvem-se no sen do de afirmar os
valores da cultura moderna, procurando uma con nuidade espacial e organização funcional, redução e simplificação do programa domés co (diminuição do
número de compar mentos), inovação nos elementos de circulação, novos equipamentos e materiais, ligação do interior com o exterior e adoção de novos
critérios de higiene e de isolamento familiar (Ramos, 2004, p. 336).
Esta reorganização espacial está diretamente ligada com a organização da vida privada e com o papel que a privacidade ocupa no interior domés co, que irá
sofrer progressivas transformações com o reconhecimento do papel da mulher, do pudor, da in midade e das relações entre adultos e crianças, patrões e
empregados de casa. Como refere Ma oso “a casa moderna encurta distâncias” (2011, p.27) nos relacionamentos familiares e profissionais.
Segundo Rui Ramos a possibilidade de separação do espaço do trabalho do espaço da vida domés ca é a chave para “a consagração do privado e da
in midade familiar, até aí pra camente inexistente” (2004, p. 88). O espaço urbano foi preponderante nesta transformação ao possibilitar que a casa es vesse
mais disponível para a família e para a vida domés ca, contribuindo para a conquista do espaço da casa moderna.
Se por um lado a segregação dos espaços será um dos princípios do movimento moderno, por outro lado a con nuidade espacial será outro. Procuram-se uma
libertação dos valores domés cos clássicos e dos elementos formais do quo diano, com a u lização do central living-room e de uma planta em forma de
“grelha” ou da sua conjunção com o layout em “árvore”, em que os espaços e os elementos de circulação ganham relevância na organização e no fluxo
espacial domés co. Também o conceito de promenade architecturale será interpretado como elemento projetual do estudo do movimento espacial
domés co.
O central living-room ou espaço central define-se pela criação num espaço único e flexível das funções e usos que pertenciam a espaços até então dis ntos e
separados.
A sua importância no projeto domés co é ambivalente e complexo, valorizando os elementos socioeconómicos, apostando na representação cenográfica do
espaço de entrada e circulação (por exemplo na conceção formal das escadas), e na con nuidade espacial entre as zonas sociais, construindo uma dinâmica de
interligações domés cas que libertam espaço para a criação de novas formas de habitar. Associado à conceção do central living-room, releva-se a u lização da
promenade architecturale como conceito projetual. A promenade architecturale tem como conceito o estudo do movimento associado ao fluxo domés co,
regendo-se pela “redução, concentração e simplificação do tratamento espacial da casa, e a abertura para o exterior” (Ramos, 2004, p.371).
O estudo de movimento do fluxo domés co está diretamente ligado com o conforto do habitante no espaço da casa que se traduz pela relação entre os
compar mentos interiores. A conceção de uma nova domes cidade é segundo Ramos (2004, p.419) reflexo de vários fatores, de ordem técnica, social,
higienista, funcional e esté ca. Segundo o autor, estes fatores iram determinar dois padrões de organização domés ca, que se traduzem diretamente no
layout/planta: relações espaciais em “grelha” ou em “árvore”. O movimento moderno prefere a u lização do modelo de movimento em “árvore”, ao contrário
do modelo em “grelha” do princípio do século XX, embora posteriormente os arquitetos optem pela u lização de ambos os esquemas de forma a melhorar a
eficácia do interior.
O movimento ou relação espacial em “grelha” tem como caracterís ca formal a organização espacial de uma planta em forma de células autónomas, em que a
circulação das pessoas se faz de compar mento em compar mento. Esta caracterís ca permi a uma mudança mais fácil das funções e dos usos. A planta em
“árvore”, está diretamente ligada à criação de espaços de circulação que permitem que os movimentos sejam estruturados: para chegar a um determinado
espaço da casa não é necessário atravessar outros. Ao valorizar-se uma circulação independente cul va-se a ideologia de privacidade ín ma e familiar tão
importante para o movimento moderno. Por outro lado, a promenade architecturale ques ona a funcionalidade dos espaços de circulação, afirmando que se
forem mal projetados criam desperdício de espaço. Por conseguinte, o estudo do fluxo espacial coloca em relevo a importância de uma boa circulação como
sinal de eficiência espacial, organização, racionalidade, economia de espaço e tempo, símbolo de mais tempo livre para usufruir do espaço e da família.
Como resposta a esta nova conceção espacial, conceptualizada através do central living-room, de um pensamento projetual fundado na promenade
architecturale e numa melhor organização do movimento e do fluxo domés co, recorre-se a uma nova liberdade projetual que ar cula espaços abertos com
pontos de vista estudados e controlados, através de divisórias e armários, alterações de teto e de pé-direito, que conseguem manter a privacidade quando
aparentemente ela não existe. Neste sen do a escada adquire um valor significa vo na organização espacial, não só como elemento de ligação (circulação
ver cal), mas também, como elemento central do espaço e da construção.
O espaço interior domés co não é só marcado pela sua arquitetura ou pela sua organização espacial, dele fazem parte todos os pertences dos habitantes:
mobiliário, decoração, fotografias, desenhos, equipamentos. Com os anos 50 denota-se, como refere Ana Tostões a preferência pela criação do “ambiente
global”, onde o arquiteto dá atenção não só à estrutura, mas a muitos elementos que compõem o espaço domés co (2000, p. 59).

2.2 Análise aos casos de estudo:


Os seguintes casos de estudo são representa vos da influência do movimento moderno no projecto da casa, designadamente no que se refere ao fluxo
espacial domés co. Os dois primeiros casos de estudo foram projetados antes da década de 50, contudo, refletem já as vontades modernistas dos arquitetos
portugueses, ainda que de forma menos crí ca, quase como reflexo de uma urgência internacional. O úl mo caso de estudo apresenta uma ideologia mais
madura e centrada no habitante, no local e na tradição vernacular, sendo exemplo simbólico do modernismo português.
1 – Concurso para casa de férias no Alto do Rodizio – projetos de Bento D’Almeida e Victor Palla, 1948
Estes projetos surgem no seguimento de um concurso promovido por Antero Ferreira, in tulado Concurso para uma Casa de Férias no Alto do Rodízio, nos
quais os resultados foram apresentados no n.23-24 da Arquitectura (Fig.3).

Figu. 3 – Capa da Revista Arquitectura, n. º 23/24 de maio/junho de 1948.

Victor Palla e Bento D’Almeida foram ambos alunos das Escolas de Lisboa e do Porto, e já com o atelier em funcionamento Palla apresentou o seu CODA
(Concurso para a obtenção do Diploma de Arquiteto), em fevereiro de 1948, no Porto e Bento D’Almeida, em agosto de 1951, em Lisboa.
Os projetos publicados foram já realizados no atelier em conjunto, apesar de a sua par cipação ter sido feita individualmente. As condições do concurso eram
muito especificas, “além da planta do terreno, sua orientação e confrontações, fornecia-se o programa das dependências a considerar e condicionava-se o
par do [escolha] a preferências por determinados materiais de construção, que o mesmo é dizer, embora a tulo de sugestão, que estava à vista uma
determinada expressão esté ca” (Ramos, 1948, p. 3). Segundo Patrícia Bento D’Almeida as soluções apresentadas revelam as doutrinas nacionais defendidas
por Raul Lino, referindo-se à u lização da pedra do local, em paredes e pavimentos e à u lização de vigamentos em madeira (2017, 74).
Os projetos são semelhantes, Palla (Fig. 4) opta por separar o volume correspondente à garagem, enquanto que Bento D’Almeida (Fig. 5) aproveita esse
volume para colocar os compar mentos dedicados à área de serviços. Ambas as propostas apresentam um central living-room, sala comum que se estendem
para o exterior com a ajuda de palas e pérgulas. Apesar da linguagem esté ca imposta, os arquitetos conseguem transpor as suas intenções modernas para o
projeto arquitetónico, através da u lização de coberturas planas, jogos volumétricos e janelas que rasgam a fachada e transportam o habitante para o exterior.
Fig. 4 – Projeto de Victor Palla em Revista Arquitectura, n. º 23/24 de maio/junho de 1948, na qual obteve o 2.º Prémio (ex aequo), e página da publicação do
projeto de Bento D’Almeida

Fig. 5 – Projeto de Bento D’Almeida em Revista Arquitectura, n. º 23/24 de maio/junho de 1948


Ambos possuem um átrio/hall que serve de distribuidor para cada um dos espaços, mantendo-se uma planta em “árvore”. Outra proposta espacial u lizada
por ambos, a u lização de uma pequena escada que dá acesso à zona dos quartos (mais elevada), elemento estrutural que reforça a privacidade desse espaço,
mesmo sem que haja uma barreira sica.
Rela vamente ao fluxo interior o projeto de Bento D’Almeida é mais organizado com uma planta tripar da (caracterís ca do movimento moderno), sendo que
cada ala corresponde a uma área (serviço, social e privada). O projeto de Victor Palla, é mais con do, no que diz respeito à volumetria geral do edi cio, com os
compar mentos interiores mais modestos, tal como as soluções do mobiliário que propõe.
Solução diferenciadora é a u lizada por Bento D’Almeida, quando propõem uma parede divisória, na con nuação da lareira (que vai só até à cota da porta), e
permite isolar a sala de estar, e obter maior privacidade rela vamente à sua u lização em conjunto com a cozinha, quebrando a visibilidade para a porta de
entrada e para a zona de estar.

2 – Moradia em Vila Nova de Gaia, arquitetos Arménio Losa e Cassiano Barbosa, 1952
A relevância do projeto merece o seu destaque na capa da revista (Fig. 6) com uma fotografia (exterior) em tons de sépia, no centro da capa, e sobre a mesma
são colocadas as plantas, rela vas ao 2 piso (em baixo) e 3 piso (em cima).

Fig. 6 – Capa Revista Arquitectura, n. º 44 de setembro de 1952.


O projeto apresentado é uma das três casas desenvolvidas pelos dois arquitetos em conjunto para o mesmo cliente, António Oliveira Neves, sendo esta a sua
moradia oficial. Na época Arménio Losa e Cassiano Barbosa mostravam-se opostos às ideologias do regime, e procuravam divulgar e expandir a arquitetura
moderna. Consequentemente, no início da sua carreira os seus maiores clientes eram privados, sendo constantemente afastados que concursos públicos. Os
arquitetos ficaram conhecidos pela sua audácia na adaptação dos elementos modernos à arquitetura portuguesa e pela sua inovação a nível espacial.
Apesar da publicação ter sido feita em 1952, este projeto é de 1948 e destaca-se pela ousadia dos arquitetos ao romperem com os cânones da habitação
tradicionais, no que diz respeito à organização espacial e à evidência que os elementos de circulação ver cal (escadas interior e exterior) ocupam no desenho
arquitetónico.
Segundo Ramos pode considerar-se que esta é uma casa moderna, contudo, com muito indícios de um diálogo com a tradição, não só por u lizar uma
cobertura com telhado e beiral tradicional, mas porque a sua planta apresenta compar mentos reduzidos, apesar da sua organização moderna, em que cada
um possui a sua função específica (2004, p. 501).
A casa possui dois volumes que compõem uma planta em “L” e desenvolve-se em três pisos. Dado o acentuado declive do terreno, a proposta dos arquitetos
vai ao encontro da conformação do projeto ao terreno, sendo necessário inovar nas estratégias espaciais, já que o acesso ao lote é feito pela cota de maior
al metria, ver Fig. 7.

Fig. 7 – Revista Arquitectura, n. º 44 de setembro de 1952. Publicação do projeto “Moradia em Vila Nova de Gaia” dos arquitetos Arménio Losa e Cassiano
Barbosa, p.2-3

O piso 3 não é o principal, mas é através dele que se faz o acesso à habitação. Neste piso encontramos a garagem, com coberta em pala de forma curvilíneas,
ao lado da garagem existe a entrada pedonal, que permite ao u lizador ir em frente e entrar na habitação ou u lizar as escadas exterior para acesso ao piso
intermédio. O piso 3 corresponde, também, ao piso dos quartos (zona privada), como se pode ver na Fig. 8.
Fig. 8 – Revista Arquitectura, n. º 44 de setembro de 1952. Publicação do projeto “Moradia em Vila Nova de Gaia” dos arquitetos Arménio Losa e Cassiano
Barbosa, p.4-5

O acesso ao piso 2, piso intermédio e principal, é feito pelo exterior (numa escada curvilínea que termina num espelho de água) ou pelo interior através de
uma escada em caracol que percorre todos os pisos da habitação, e surge no seguimento do desenho da pala da garagem, que se acentua depois no teto do
hall de acesso através de um rebaixamento desta zona de circulação.
Neste projeto, o espaço de circulação ver cal, adquire um tratamento diferenciador, ambas as escadas, para além da inovação estrutural que apresentam (na
u lização de betão armado), também plas camente obtêm um tratamento dis nto. Para a escada interior os arquitetos convidam o ar sta Augusto Tavares,
para a criação de uma pintural mural que acompanha o espaço das escadas.
A liberdade projetual, conseguida pelos arquitetos só é possível graças à u lização de materiais modernos (betão) que conferem à habitação um carácter
único. Outros elementos modernos foram ainda u lizados, como lajetas de betão para o pavimento exterior, guardas em perfis de rede metálica e o teto falso
com sancas, os vãos, janelas e portas rasgam as fachadas, dando a ilusão do interior como uma galeria/montra, e ainda a sala comum no piso 1 que parece
não exis r limite entre interior e exterior, promovendo a con nuidade espacial.

3 – Casa de Ofir, arquiteto Fernando Távora, 1957-1958


A publicação deste projeto surge no primeiro número da 3ª serie da revista Arquitecura. Este dado é relevante na medida em que a 3ª série passa a ser
editada por uma nova geração de arquitetos (Carlos Duarte, Nuno Portas, Frederico Santana) que procuram fazer uma reflexão sobre a realidade portuguesa
informada sobre o movimento moderno e numa revisão do Es lo internacional. Era importante rever o movimento moderno e interpretar a complexidade da
realidade contemporânea portuguesa (Correia, 2012).
A casa de Ofir da qual o Dr. Ribeiro da Silva é proprietário é considerado uma das obras de consolidação da crí ca ao movimento moderno (Ramos, 2004,
p.321). É importante relembrar que Távora, tendo par cipado no “Inquérito à Arquitetura Portuguesa” conseguiu observar e assimilar as materialidades e
formas que a arquitetura portuguesa nha vindo a tomar, como ato de sobrevivência (Ramos, 2004, p.325). Esta foi a sua primeira obra após o “Inquérito”, e
nela o arquiteto procura fazer uma síntese entre o modernismo e o tradicional.
Quanto à organização espacial o projeto apresenta uma separação funcional tripar da: área social, privada e de serviços. Criando com estas funcionalidades
três módulos pra camente independentes uns dos outros, mas interligados pela mesma antecâmara.
A organização espacial do desenho arquitetónico permite que o corpo da área privada e da área social formem um “pá o” côncavo, aberto a sudoeste,
dilatando as possibilidades do habitar também para o exterior, ver Fig. 9. O conceito de central living-room, explorado na zona social, demonstra as influências
da modernidade nos hábitos domés cos dos portugueses. Assim, as zonas de comer, estar e o recanto da lareira encontram-se todas numa sala comum
transmi ndo um ambiente aberto e diversificado, ao mesmo tempo, e de forma a conferir privacidade ao espaço o arquiteto desenha panos de paredes
soltos, ortogonais aos exteriores, e que não vão até ao teto, servindo de divisória dentro do espaço, um deles situa-se à entrada da casa e outro junto a zona
da lareira.

Fig. 9 – Revista Arquitectura, n. º 59 de julho de 1957, da publicaçãodo projeto “Casa de Ofir” do Arquiteto Fernando Távora

Destaca-se a u lização de pedra à vista no interior presente na chaminé e no pavimento exterior, que se estende para o interior e que contrapõe com o
pavimento em joleira de barro, e do telhado, elementos resultantes da interpretação das origens populares. O telhado é, também ele, elemento essencial no
interior pois as suas asnas de madeira são visíveis, tal como se poder verificar na Fig. 10.

Fig. 10 – projeto “Casa de Ofir” do Arquiteto Fernando Távora, imagens do interior (fonte: Luiz Trigueiros)
Este projeto é símbolo de mudança e de con nuidade no que diz respeito à conceção espacial e à definição dos espaços. Se por um lado estamos perante um
espaço que acolhe as mudanças da vida moderna, com todos os elementos a conferir o conforto do habitante, por outro lado, denota-se o cuidado do
arquiteto em acoplar elementos contextualizadores do local, principalmente através da u lização dos materiais de construção e dos acabamentos interiores.

3. Conclusões
Os projetos de habitação unifamiliar analisados neste ar go através da sua referência na revista Arquitectura são um contributo para o esclarecimento da
interpretação crí ca do modernismo na arquitetura portuguesa dos anos 50.
A síntese entre uma certa urgência modernista de inegável novidade material, funcional e esté ca, e a retoma de elementos e caracterís cas da Casa
Portuguesa, dis nguem a resposta de compromisso entre o moderno e o vernacular, entre o novo e a tradição. A interpretação dos projetos apresentados dos
arquitetos Victor Palla e Bento D’Almeida, Cassiano Barbosa e Arménio Losa e Fernando Távora, centra-se sobre as soluções escolhidas para o desenho dos
espaços interiores domés cos e a sua influência na qualidade da vivência desses espaços pelos diferentes habitantes da casa. Sendo projetos que revelam a
autoria dos seus arquitetos, contribuem para o esclarecimento da representação arquitetónica do modo de habitar a casa, da flexibilização do espaço
domés co e da simbologia da casa como referência para conhecer e discu r a relação da arquitetura com o humano.

Notas
[1] A organização lançou dois temas de forma a convergir todas as teses. Os temas escolhidos pela organização foram “A Arquitectura no Plano Nacional” e “O
Problema Português de Habitação”.
[2] Em 1948, no n. º20 da Revista Arquitectura, os editores já conscientes da mudança que se adivinha com a “Carta de Atenas” (1932) iniciam a publicação da
“Carta” de forma repar da até agosto/setembro de 1949 (n. º 32 da revista).
[3] O Inquérito Arquitectura Portuguesa, decorre entre 1955 e 1960. Apesar da sua publicação só acontecer em 1961, irá tornar incontestável a importância da
tradição popular como argumento à ortodoxia do movimento moderno, e muito dos envolvidos no projeto acabam por antever as suas conclusões e colocar
em prá ca os seus conhecimentos, mesmo antes deste ser publicado.
[4 Em 1935 a revista Arquitectura Portugueza funde-se com a revista Cerâmica e Edificações, passando a chamar-se Arquitectura Portuguesa e Cerâmica e
Edificações (Reunidas), passando a ter um contexto editorial mais amplo, não só ligado à arquitetura, mas também à industria cerâmica e às técnicas de
edificação. Nos anos 20 foi a única revista no a vo.
[5] Apesar da úl ma série publicada (5ª) ter adotado o nome de Arquitectura Portuguesa.
[6] Numa nota escrita por Carlos Duarte no editorial do n.ª.130 de Maio de 1974, pode ler-se «”Arquitectura” foi sempre sujeita à censura prévia e que
frequentes foram os cortes introduzidos em textos publicados, nomeadamente nalguns que tratavam de problemas da habitação social, do ensino da
arquitectura e na série de entrevistas que temos vindo a publicar».
[7] Até ao momento a Revista possuía como sub tulo: “Revista de Arte e Construção”, na 3ª série a par r do n.º 113, em 1969, passa a designar-se
“Arquitectura: arquitectura - planeamento - design - artes plás cas”, reforçando a especificidade dos conteúdos apresentados.

Acknowledgments
This paper was presented at 6th EIMAD – Mee ng of Research in Music, Art and Design, and published exclusively at Convergences.

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Reference According to APA Style, 5th edi on:


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