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Segunda-feira, 17 de Setembro de 2007

Há trinta e seis anos atrás, no dia de hoje...


... morria Carlos Lamarca em seu confronto com agentes do CODI, no interior da Bahia.
A incrível história do capitão, principalmente durante o cerco no Vale do Ribeira, é um
dos arcos centrais em torno do qual desenrola-se a ação em Não És Tu, Brasil, lançado
em 1996.

Já viram que eu faço uma propaganda danada do Não És Tu Brasil, né? Faço sim.
Recomendo sempre. O enredo é delicado, envolvente, e se entrelaça belamente a um dos
momentos mais duros, mais difíceis da história brasileira contemporânea. Sem contar a
pesquisa histórica, que é colossal. Não é sempre que se vê um livro dessa qualidade,
fluindo tão bem entre a ficção e a realidade (qualquer que seja a linha divisória entre as
duas). Fantástico, do início até o final.

17/09/1971
- Lamarca morre em choque no interior da Bahia

O Serviço de Relações Públicas da 6ª. Região Militar,


sediado em Salvador, anunciou à imprensa a morte do ex-capitão Carlos Lamarca
durante um tiroteio com agentes do CODI, no interior da Bahia, na zona do rio São
Francisco. O chefe de Relações Públicas da 6ª RM, major Garcia Neves, relatou os
detalhes da Operação – Pajussara, que culminou com a morte de Lamarca e Zequinha –
amigo que o acompanhou até os últimos instantes.

Larmaca foi o último remanescente da trilogia de líderes subversivos brasileiros. Seus


antecessores na liderança, Carlos Marighela e Joaquim Camara Ferreira, morreram em
1969 e 1970, respectivamente. O ex-capitão Carlos Lamarca estava condenado a 58
anos de prisão – 24 por furto de armas, 30 por ter seqüestrado uma viatura militar e 4
por atividades diversas da VAR-Palmares.
Lamarca havia ingressado no Partido Comunista Brasileiro em 1964. Em 1968 passa a
ser membro VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), formada por Carlos Marighela.

Oficial formado na turma de 1960 da Academia Militar das Agulhas Negras, sendo lá
que começa a ler o jornal A Voz Operária, do PCB (o jornal era colocado debaixo dos
travesseiros dos cadetes escondido). Começa seu interesse e simpatia com as idéias
comunistas. Lamarca foi promovido a capitão em agosto de 1967, considerado um
oficial de comportamento discreto que se destacava nos exercícios de tiro ao alvo, sendo
hábil no manejo de qualquer tipo de arma.

Sua presença nos anais da subversão é registrada a partir de 27 de janeiro de 1969,


quando o II Exército publicou um edital intimando-o a comparecer ao 4º Regimento de
Infantaria. A Polícia do Exército, a Polícia Federal e a Polícia Estadual havia
identificado elementos comprometidos com assaltos a bancos, roubos de dinamite e
assassinatos. Entre os criminosos capturados, alguns tinham ligações com o capitão
Carlos Lamarca. No dia anterior a nota, ele havia fugido da unidade, levando um
caminhão carregado de armas e munição.

Em 1969 Lamarca é nomeado dirigente do VPR. Comprou um sítio no vale do Ribeira,


usado para treinar militares para guerrilha até a prisão de Mário Japa, um dos dirigentes
do VPR, quando o campo de treinamento é desmobilizado. Para salvá-lo, seqüestraram
o cônsul do Japão. O cerco foi aumentando e Lamarca decide, junto com a ALN,
seqüestrar o embaixador da Alemanha Ocidental em troca da publicação de um
manifesto dos militantes de nome 'Ao povo brasileiro'. Artigo publicado no dia 12 de
junho. Em dezembro ainda comanda o seqüestro do embaixador suíço no Rio de Janeiro
em troca de 70 presos políticos.

O cerco a Lamarca começou em março de 1971, com a prisão de uma subversiva no


Rio, que interrogada, revelou a transferência das ações da VPR para o Nordeste e o
Estado da Bahia para a sede. Em agosto, as autoridades estouraram um aparelho em
Salvador e encontraram a amante de Lamarca, Iara Iavelberg, que suicidou-se com um
tiro no coração.

Lamarca foi perseguido pelos órgãos de segurança por quase três anos. No dia 17 de
setembro, Zequinha e Lamarca estava descansando embaixo de uma árvore quando
foram cercados por 20 agentes do CODI, na localidade de Pintada, Município de
Ipupira. Morreram fuzilados."

Fonte: JB Online

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