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Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Câmpus Ponta Grossa – Paraná – Brasil


Eletrônica Digital II
Ponta Grossa / 2019

MÁQUINA DE DOCES

Ernesto Nadal Neto


netonadal95@gmail.com
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Ponta Grossa – Paraná

Resumo

Este trabalho tem como intuito planejar, construir e pôr em funcionamento um projeto eletrônico lúdico, aplicando os
conhecimentos adquiridos acerca dos principais tópicos da disciplina de Eletrônica Digital II, principalmente no que
diz respeito ao conteúdo apresentado no segundo bimestre. Neste artigo, serão apresentadas as metodologias
utilizadas para projetar e construir o dispositivo, assim como as simulações realizadas em softwares e o decorrer da
construção propriamente dita . Também será detalhado cada estágio e as conclusões obtidas com a finalização do
projeto.

Palavras-chave: maquina; estados; ADC; memória.

1. Introdução são conhecidos como zona morta, onde os estados de


entrada são indefinidos.
O projeto aqui apresentado e discutido, tem como Saída Digital: entre 0 e 0,5V para estado baixo ou zero
objetivo principal aplicar os conhecimentos adquiridos em e de 2,7 a 5 V para estado alto.
sala de aula, contemplando principalmente os quatro • CMOS
tópicos tratados no segundo bimestre da disciplina de
Eletrônica Digital II, a saber: Entrada Digital: Estado baixo para valores menores que
1,5 V e estado alto para tensões maiores que 3,5 V.
− Máquinas de Estados;
No CMOS, a zona morta é entre o intervalo da tensão de
− Memórias;
entrada de 1,5 a 3,5 V.
− Conversor Analógico-Digital (ADC);
− Conversor Digital-Analógico (DAC). Saída Digital: entre 0 e 0,05V para estado baixo ou zero
e entre 4,95 V e 5 V para estado alto.
No decorrer das aulas práticas da disciplina, pôde-se
entender o funcionamento dos assuntos listados, adquirindo
a competência necessária para a construção do projeto
“Máquina de Doces”. A proposta do projeto consiste em
permitir ao usuário a compra de três tamanhos de doces,
sendo o doce pequeno no valor de R$0,50, o médio a
R$1,00 e o grande por R$1,50. A seguir serão apresentadas,
sequencialmente, as funções de cada tópico no projeto.

2. Revisão Bibliográfica

As maiores tecnologias para a implementação de portas


lógicas, através de circuito integrado, se divide basicamente
entre CMOS e TTL. A tecnologia CMOS (Semicondutor de
Óxido Metálico Complementar) é implementada com um Figura 1 – Estados TTL e CMOS
tipo de transistor de efeito de campo, ao passo que a
tecnologia TTL (Lógica Transistor-Transistor) consiste em 3. Conversor ADC
transistores de junção bipolar (TBJ).
• TTL A primeira interação do usuário com o projeto se dá pela
Entrada Digital: Estado zero (0) ou baixo (L) para inserção da moeda através do conversor analógico – digital,
valores menores que 0,8 V e estado um (1) ou alto (H) para em que o consumidor manipula o potenciômetro até que
tensões maiores que 2 V. encontre o correspondente em binário do valor que se deseja
inserir, indicado através de LEDs. Para isso, é usado um
Entre as tensões 0,8 e 2,0 V, ambos os estados lógicos conversor ADC do tipo flash.
O conversor do tipo flash é o ADC disponível de maior 𝑅$ 0,00
velocidade, em que utiliza comparadores que comparam 𝑅$ 0,25
tensões de referência com a tensão de entrada analógica, 𝑅$ 0,50
como no caso, o potenciômetro. A partir do momento em − 7 Estados 𝑅$ 0,75
que a tensão de entrada torna-se maior que a tensão de 𝑅$ 1,00
referência para um dado comparador, é gerado um nível alto 𝑅$ 1,25
na saída. { 𝑅$ 1,50
Assim, juntamente com a combinação de uma porta
NOT na saída de um dos comparadores, é possível Estabelecidos os parâmetros da máquina, pode-se agora
disponibilizar todas as opções de moedas para a compra dos montar o diagrama de estados, a fim de entender o seu
doces, em que essa saída torna-se a entrada da Máquina de funcionamento em torno dos dados definidos. A Figura 3
Estados. A Figura 2 ilustra o conversor ADC projetado para ilustra a relação entre os itens.
este fim.

Figura 2 – Conversor ADC Tipo Flash

4. Máquina de Estados
A definição de “Máquina de estados” para Floyd, assim
exposto no livro “Sistemas Digitais – Fundamentos e
Aplicações”, consiste em um sistema lógico que exibe uma
seqüência de estados condicionados pela lógica interna e as
entradas externas, ou também qualquer circuito sequencial
que exibe uma seqüência específica de estados. Para o
projeto, é válida a primeira definição, tendo em vista que a Figura 3 – Diagrama de Estados
aquisição dos produtos disponíveis dependem da
quantidade e do valor da moeda inserida, nossas entradas
externas. Através da Figura 3, assim como da tabela de transição
do Flip-Flop JK, é possível construir a tabela de estados do
Para projetar a máquina de estados finita (FSM), foi
circuito, para que por fim possa realizar a simplificação por
necessário planejar o seu funcionamento com base nas
Mapa de Karnaugh. Dessa forma, encontram-se as seguinte
entradas e saídas pretendidas, assim como os estados de
relações:
transição, definidas e quantizadas do seguinte modo:
𝐽𝐴 = 𝐸0 𝐵 + 𝐸1 𝐵𝐶
𝑅$ 0,00 − 00 𝐾𝐴 = 0
− 3 Entradas {𝑅$ 0,25 − 01 𝐽𝐵 = 𝐸1 𝐶 + 𝐸0
𝑅$ 0,50 − 10
𝐾𝐵 = 𝐸1 𝐶 + 𝐸0 𝐴′
𝑁𝑒𝑛ℎ𝑢𝑚 𝐷𝑜𝑐𝑒 − 00 𝐽𝐶 = 𝐸1 𝐴′ + 𝐸1 𝐵′
𝐷𝑜𝑐𝑒 𝑃𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑜 − 01
− 3 Saídas { 𝐾𝐶 = 𝐸0 𝐴 + 𝐸1
𝐷𝑜𝑐𝑒 𝑀é𝑑𝑖𝑜 − 10
𝐷𝑜𝑐𝑒 𝐺𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒 − 11 Com a simplificação realizada corretamente, finalmente
segue-se para a montagem do circuito em sofwatre, a fim de
nortear a montagem física e também de encontrar possíveis
erros que tenham passados despercebidos. A Figura 4
ilustra a montagem completa da máquina de estados,
realizada no software Proteus.

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Os dias, por sua vez, não são contados de forma
automatizada, haja visto que a quantidade vendida do maior
doce é incerta, não sendo possível realizar uma correlação
entre produtos e tempo. Dessa forma, deve-se representar
um endereço manualmente para cada novo dia de vendas.
Acompanhando a Tabela 1 de funções, a Tabela 2 serve de
instrução para a correta utilização da memória, a fim de não
ocorrerem problemas com a contabilidade dos valiosos
doces.

Figura 4 – Máquina de Estados Completa Figura 6 – Contador de Doces Grandes Vendidos

5. Memória
A memória se apresenta como o último item na
sequência do projeto, mas representa a parte mais
interessante para o dono da Máquina: os lucros. Aqui, o
item de maior rentabilidade para o comerciante é o doce
grande, de R$ 1,50, e a meta de venda para este tamanho é
de 15 doces por dia. Dessa forma, torna-se fácil prever que
a quantidade de doces vendidos serão os dados,
armazenados em endereços que representam os dias da
semana.
Tabela 1 – Funções do Controle da Memória
Para a construção dessa estapa, é utilizada uma shield da
Exsto, um kit didático contendo um CI SRAM WS62256,
de 32Kx8bits. A sigla SRAM diz que se trata de uma MODE WE CE OE
memória RAM estática, que se caracteriza geralmente por Not selected X H X
usar latches como elementos de armazenamento e, portanto, Output H L H
podem armazenar dados indefinidamente enquanto a tensão Read H L L
de alimentação estiver presente. Dessa forma, essa memória Write L L X
é também caracterizada como volátil. A Figura 5 ilustra o
kit em questão. Tabela 2 – Controle da Memória

A Figura 7 ilustra a pinagem desse CI, para que em


posse das Tabelas 1 e 2, seja possível efetuar corretamente
a conexão entre máquina de estados e memória.

Figura 5 – Shield de Memória

A interação da memória com sua etapa antecessora se


faz pelas saídas da máquina de estados. No momento em
que se adquire o doce grande, sua representação em binário Figura 7 – Pinagem WS62256
(11) entra em uma porta lógica AND, que por sua vez dá o
sinal de clock para um contador assíncrono MOD16, com Assim, com o conversor analógico – digital
as saídas conectadas às entradas de dados do kit didático. O disponibilizando as opções de moedas válidas, máquina de
esquemático é apresentado na Figura 6 estados processando os valores e retornando as saídas, e

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memória armazenando as vendas dos doces mais rentáveis,
conclui-se a construção da Máquina de Doces, projetada e
simulada conforme ilustra a Figura 8.

Figura 8 – Máquina de Doces Completa

6. Conclusão
O projeto construído, explanado e executado, serviu ao
seu propósito de colocar em prática, em forma de projeto
lúdico, os principais pontos aprendidos na segunda metade
da disciplina de Eletrônica Digital II, contemplando três dos
quatro tópicos propostos: Conversor ADC, Máquina de
Estados e Memória. A ausência do conversor DAC se fez
apenas no projeto, pois seu entendimento se consolidou
através de aulas teóricas e práticas.
Do incício do projeto ao satisfatório fim, foram
enfrentadas algumas complicações para que se pudesse
conclui-lo corretamente, como erros de montagem não
identificados e imprevistos relacionados a materiais
disponíveis. No entanto, o circuito pôde ser projetado e
executado corretamente, firmando e comprovando os
últimos assuntos da matéria.

7. Referências

CAPUANO, Francisco G.; IDOETA, Ivan


Valeije. Elementos de Eletrônica Digital. 40ª ed. São
Paulo: Érica. 544 p.

TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S.; MOSS, Gregory


L..Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações. 10ª ed.
São Paulo: Pearson, 2007. 830 p.

FLOYD, Thomas. Sistemas Digitais: Fundamentos e


Aplicações. 9ª ed. São Paulo: Artmed, 2007. 888 p.

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