Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MASCULINA
Resumo
1
Acadêmico do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail:
renato.twit@gmail.com.
2
Doutor em: Sociologia e Economia pela Carl von Ossietzky Universität Oldenburg (UNI/Oldenburg),
Alemanha. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail:
mariosm51@ig.com.br.
18959
Introdução
masculino, tornado este gerador de um reflexo inverso que se acaba por vezes adotando como
feminino.
Masculino e hegemonia
casais (homens e mulheres) adolescentes, também é comum o coito anal como preservação da
virgindade e método contraceptivo.
Não é tarefa fácil para os homens terem garantido sua posição de poder,
tradicionalmente concebido. Para Centa (2006), sentir-se fraco, ficar doente, ser traído pela
mulher, perder o emprego, ser estéril ou impotente, não são simplesmente coisas
desagradáveis, mas sinais que podem ameaçar o referencial de virilidade. É justamente
tentando ser forte que ele se torna vulnerável e passa a sofrer consequências do papel que ele
se propõe a representar na sociedade. A noção de gênero é entendida aqui como relações
estabelecidas a partir da percepção social das diferenças biológicas entre os sexos. Essa
percepção, por sua vez, está fundada em esquemas classificatórios que opõem
masculino/feminino, sendo esta oposição homóloga e relacionada a outras: forte/fraco;
grande/pequeno; acima/abaixo; dominante/dominado. (BOURDIEU, 1999).
A divisão entre os sexos parece estar na ordem das coisas (...) ela está presente, ao
mesmo tempo, em estado objetivado (...) em todo o mundo social, e em estado
incorporado, nos corpos e nos habitus dos agentes, funcionando como sistemas de
esquemas de percepção, de pensamento e de ação (BOURDIEU, 1999, p. 17).
Embora não se aceitem muitas das ideias expostas por Bourdieu, admite-se o uso de
seu conceito de dominação simbólica. A força da ordem masculina pode ser aferida pelo fato
de que ela não precisa de justificação: a visão androcêntrica se impõe como neutra e não tem
necessidade de se enunciar, visando sua legitimação. A ordem social funciona como uma
imensa máquina simbólica, tendendo a ratificar a dominação masculina na qual se funda: é a
divisão social do trabalho, distribuição muito restrita das atividades atribuídas a cada um dos
dois sexos, de seu lugar, seu momento, seus instrumentos (SAFFIOTI, 2001).
O que a teoria do esquema de gênero propõe, então, segundo Saffioti (2001), é que o
fenômeno de modelagem sexual deriva, em parte, do processamento do esquema de gênero,
de uma prontidão generalizada de um indivíduo para processar informação na base de
associações vinculadas ao sexo, que constitui o esquema de gênero. Especificamente, a teoria
propõe que a modelagem sexual resulta, parcialmente, da assimilação do próprio conceito de
self do esquema de gênero.
Gênero aciona informações sobre os homens, apesar de os estudos sobre essa categoria
darem atenção especial ao lugar da mulher na sociedade, e Mota (1998), afirma a posição de
que as relações entre os sexos são sociais e culturalmente construídas, e que há diferenças nas
articulações de poder. Ou seja, os estudos de gênero incluem temas que são, em geral,
18967
Para Ariès apud Salles (1998) na antiguidade não havia uma concepção que definisse
o período do amadurecimento humano que conhecemos como adolescência. Até meados do
século XVII a adolescência foi interpretada comumente como infância, no que diz respeito de
a ideia de infância estar ligada com o sentido de dependência, portanto a infância por sua vez
tinha uma duração longa até a independência total do indivíduo, o que caracterizava a visão
conhecida como adulto em miniatura.
18968
Ainda de acordo com Ariès, somente no século XIX e início do século XX, com a
percepção de certa distinção entre a criança e o adulto a adolescência passa a ser vista como
parte do desenvolvimento humano.
Por sua vez Salles (1998) defende que hoje a adolescência tem atributos específicos,
de acordo com a classe social onde o indivíduo está inserido acabando assim por existirem
formas distintas de ser adolescente.
A adolescência passa a ser, como afirma Calligaris (2000) uma das formações
culturais mais complexas e poderosas de nossa época. Para o autor é possível definir certas
características que definem a adolescência contemporânea:
Adolescência como tempo de espera ao indivíduo desejoso de se tornar adulto e
corporalmente maturo.
Adolescência como percepção do conflito entre ideal autônomo e dependência.
Adolescência idealizada no que se refere às influencias midiáticas que a criam como
sendo uma fase feliz, e assim o adolescente deseja viver esta felicidade como obrigação de
sua idade.
Tais características incisivas sobre a adolescência levam o individuo a se questionar
sobre o ideal que os adultos tem sobre eles. Sendo assim Calligaris (2000, p.33) afirma:
Ao que diz respeito aos grupos adolescentes Calligaris(2000), argumenta que jovens
desejam se tornar parte de grupos sociais onde possam ser reconhecidos como pares, grupos
dos quais a participação de adultos é excluída. Já para os adultos, esses comportamentos
agregativos podem ser vistos como anormais e perigosos, sendo a fonte que gera tanto um
grupo de amigos como uma gangue, sendo assim para o adulto uma forma de transgressão
adolescente.
Ainda para o autor outro ponto destacável é a condição de estética adolescente no qual
o indivíduo se acomete do sentimento de feiura:
Alguns valores para Suplicy (1991), não podem simplesmente deixar de serem
transmitidos aos jovens apesar do momento transitivo instalado, tais como: O respeito próprio
e pela dignidade de pessoa; O respeito por outrem e a negação da visão do outro como objeto
e ou meio de satisfação das necessidades fisiológicas sexuais; O acesso à informação,
respondendo questões sexuais de forma honesta e livre de preconceitos; e incentivar o
desenvolvimento crítico e a capacidade de reflexão para escolhas convenientes desde a
infância até a adolescência.
Outro aspecto referente à sexualidade elencado por Suplicy (1991), é que os pais
necessitam de um enfrentamento com a própria sexualidade para trabalhar a educação sexual
dos filhos, situação que pode desencadear por vezes o sentimento de angústia, trazendo à tona
alguns aspectos reprimidos para muitos pais.
Knobel (1992) afirma, que somente no momento em que o individuo se integra de sua
genitalidade que sua conduta passa a ser representativa a ela, dominando suas aspirações,
muito embora desde o nascimento meninas e meninos recebam mensagens sobre seu papel
sexual na sociedade assim iniciando uma construção social de suas identidades.
Da infância à adolescência as mudanças ocorrem gradativamente e dizem respeito a
alterações corporais e psicológicas. No campo das alterações psicológicas é necessário ao
adolescente passar pelas fases de luto e de perda de sua condição de infância e identidade
infantil. O concluir este processo o adolescente se inclui no mundo com uma caracterização
de um corpo maduro, uma imagem sobre si mesmo e esse corpo construída, mudando sua
identidade, sendo esta a grande função de transformação que a etapa da adolescência propicia
ao ser humano, destinando grande energia psíquica a esta construção de uma nova identidade.
Conclusão
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. 1.ed. Rio de Janeiro: J. Zahar Ed., 2001.
BOURDIEU, Pierre. Observações sobre a história das mulheres. In: PERROT, Michele;
DUBYS, Georges. As mulheres e a história. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
CHAUÍ, M., Participando do debate sobre mulher e violência. In: FRANCHETTO, Bruna;
CAVALCANTI, Maria Laura V.C.; HEIBORN, Maria Luiza. (Org.). Perspectivas
Antropológicas da Mulher 4, pp. 23-62, Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
CONCEIÇÃO, Ismeri Seixas Cheque. Educação Sexual. In: VITIELLO, Nelson. et AL.
Adolescência hoje. São Paulo: Roca, 1988. P. 71-76.
GAUDERER, Christian. A vida sem receitas. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1994.
18974
GIFFIN, Karen. Violência de Gênero, Sexualidade e Saúde. Cad. Saúde Públ., Rio de
Janeiro, 10 (suplemento 1): 146-155, 1994. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/csp/v10s1/v10supl1a10.pdf>. Acesso em 25-fev-2013.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Adolescente hoje. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
OUTEIRAL, José Ottoni. Adolescer: Estudos sobre a adolescência. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1994.
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. 2. ed. São Paulo: Summus, 1994a. (trabalho
original publicado em 1932).
SOUZA, João Francisco. Atualidade de Paulo Freire. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
SUPLICY, Marta. Conversando sobre sexo. 17. ed. Petrópolis: Edição da Autora, 1991.