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Vício de linguagem

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Vícios de linguagem são desvios das normas gramaticais, [1] ou seja, segundo
Napoleão Mendes de Almeida, são palavras ou construções que deturpam, desvirtuam
ou dificultam a manifestação do pensamento. Costumam ocorrer por desconhecimento
das normas cultas ou por descuido por parte do emissor.

1 Lista de vícios de linguagem


1.1 Ambiguidade ou anfibologia
1.3 Gerundismo
1.4 Vulgarismo
1.4.1 Fonético
1.6 Sínquise
1.7 Queísmo
1.9 Plebeísmo
1.11 Arcaísmo
1.12 Oxímoro
1.13 Preciosismo
1.14 Chavão ou clichê (frases-feitas)
1.15 Pleonasmo vicioso ou redundância
1.16 Obscuridade
2 Ver também
3 Referências

Consiste na polissemia especial de palavras e expressões tornando incerto o significado


da frase. Ou seja, uso de palavras que causam duplo sentido na interpretação,[2] salvo
quando ocorre propositalmente em textos literários.

- Exemplos:

"Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado."

"O chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia."

Análise: nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente.

Barbarismo
É o uso incorreto de palavras quanto à grafia, pronúncia ou flexão. [1] Assim, divide-se
em:

Prosódico

Erro quanto a pronúncia.

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Exemplo: Solicitou a rúbrica do aluno no contrato. (correto seria rubrica)

Grafia

Erro quanto a ortografia.

Exemplo: Seguimentos (correto seria segmentos); Advinhar. (correto seria adivinhar)

Morfológico

Erro quanto a flexão.

Exemplo: Quando eu pôr o vestido. (correto seria puser)

Mórfico

Erro quanto a forma.

Exemplo: Esse tipo de cálculo deve ser com um objeto monolinear. (correto seria
unilinear)

Semântico

Erro quanto a significação.

Exemplo: Eu sofri no tráfico intenso. (correto seria tráfego)

Estrangeirismo

Uso desnecessário de palavras estrangeiras, devido a já existir palavras análogas no


idioma.

Exemplos: show (apresentação); menu (cardápio).

Gerundismo
É o uso errado e desnecessário da locução verbal no gerúndio.[3]

Exemplo: Vou estar entrando em contato.

Revisão: Vou entrar em contato.

Vulgarismo
É o uso linguístico popular em contraposição às normas cultas da linguagem. [4] O
vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.

Fonético

- A queda dos Rs no fim dos verbos.

Exemplo: "andá" (andar), "comê" (comer).


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- A vocalização do "L" final nas sílabas.

Exemplo: "méu" (mel), "sau" (sal), "Brasiu" (Brasil), "cauça" (calça).

- A monotongação dos ditongos.

Exemplo: "estóra" (estoura), "robar" (roubar), "afróxo" (afrouxo).

- A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.

Exemplo: "adevogado" (= advogado), "rítimo" (= ritmo), "pissicologia" (= psicologia),


impuguinar (= impugnar), adimirável (= admirável), adimissão (= admissão),
adiministrar (= administrar), adijetivo (= adjetivo)

Ocorre a simplificação das flexões nominais e verbais.

Exemplo: "Os home brigô."

- Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.

Exemplo: "Vi ela", "olha eu" etc."

Solecismo
Inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa. Ou seja,
é um desvio em relação à sintaxe.[1] Há três tipos de solecismo: de concordância, de
regência e de colocação.

De regência

- Exemplos:

"Ontem assistimos o filme." → O correto é: Ontem assistimos ao filme.

"Cheguei no Brasil em 1923."→ O correto é: Cheguei ao Brasil em 1923.

''Custei a resolver esse problema.'' → O correto é: Custou-me resolver esse problema.

''Respondi o questionário da prova.'' → O correto é: Respondi ao questionário da prova.

''Ele é deputado da Bahia, mas não de Goiás.'' → O correto é: Ele é deputado pela
Bahia, mas não por Goiás.

''Instalei um programa, mas ele não é compatível do sistema.'' → O correto é: Instalei


um programa, mas ele não é compatível com o sistema

De concordância

- Exemplos:

"Haviam muitas pessoas na festa." → O correto é: Havia muitas pessoas na festa.


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"O pessoal já saíram?" → O correto é: O pessoal já saiu?

''Fiz bastante tarefas.'' → O correto é: Fiz bastantes tarefas.

''Segue anexo as faturas.'' → O correto é: Seguem anexas as faturas.

''Vossa Alteza participais do encontro?'' → O correto é: Vossa Alteza participa do


encontro?

De colocação

- Exemplos:

"Foi João quem avisou-me."→ O correto é: Foi João quem me avisou).

"Luís, me empresta o lápis."→ O correto é: Luís, empresta-me o lápis).

"Compraremos-te um carro."→ O correto é: Comprar-te-emos um carro).

Sínquise
Vício de linguagem que consiste em um hipérbato excessivo; é a inversão violenta na
ordem dos termos da oração, tornando o sentido da oração embaralhado e de difícil
compreensão. [5]

- Exemplo:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/De um povo heroico o brado retumbante.”


(Hino Nacional Brasileiro).

Adequação: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo


heroico.”

Queísmo
Consiste na repetição excessiva e indiscriminada da partícula "que" em uma oração. [6]

- Exemplo:

"Quando chegaram, pediram-me que devolvesse o livro que me fora emprestado por
ocasião dos exames que se realizaram no fim do ano que passou."

Correção: "Quando chegaram, pediram-me a devolução do livro que me fora


emprestado por ocasião dos exames no fim do ano passado."

Neologismo
Consiste na criação desnecessária de novas palavras quando já existem termos análogos
no idioma.[4] Costumam-se classificar os neologismos em:

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Extrínsecos

Abrange todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras


em nosso idioma, recebendo a denominação de estrangeirismo. Classificam-se em:
anglicismo (inglês), eslavismo (russo, polaço, etc.), arabismo, tupinismo (tupi-guarani),
americanismo (línguas da América), etc.[carece de fontes?]

O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.

Estrangeirismos morfológicos

Exemplos:

- Francesismos: abajur, chefe, carnê, matinê etc.

- Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc.

- Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc.

- Anglicismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche, breque.

- Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc.

- Eslavismos: gravata, estepe etc.

- Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc.

- Hebraísmos: amém, sábado, maná, aleluia etc.

- Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc.

- Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc.

- Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc.

- Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc.

- Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc.

- Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc.

Estrangeirismos sintáticos

- Exemplos:

"Saltar aos olhos" (francesismo)

"Pedro é mais velho de mim" (italianismo)

"O jogo resultou admirável" (espanholismo)

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"Percentagem" por porcentagem, ''Automação'' por automatização (anglicismo)

Intrínsecos ou vernáculos

São aqueles formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou
popular.

Origem culta

- Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi),


fonemática, televisão (redução: TV), comunista etc.

- Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante,


prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc.

Origem popular

São criados no âmbito da linguagem popular, muitas vezes mediante a atribuição de


novos sentidos a palavras já existentes. [carece de fontes?]

Exemplos:

'manjar' (conhecer, entender ou saber de algo ou alguém), 'à pampa' ou 'às pampas' (em
grande quantidade ou intensidade), legal (bem, bom, certo), 'zica' (má sorte,
provavelmente por redução de 'ziquizira'), biruta (indivíduo instável ou amalucado,
sentido literal: instrumento que indica a direção do vento) etc.

Plebeísmo
É qualquer vocábulo, locução ou expressão típicos da fala popular ou dos registros
distensos da fala culta que, embora tidos como grosseiros, não chegam a ser
tabuísmos.[4]
Exemplos:

"Ficou o dia inteiro aporrinhando a mãe, até que ela desistiu." (atormentando)

"Esculhambou o garçom só porque o bife estava frio." (Insultou)

"Já estou de saco cheio de tanta reclamação!" (irritado com)

"Aquele funcionário é o maior puxa-saco do chefe!" (bajulador)

"Cacete! Acho que perdi minha carteira."

Cacofonia ou cacófato
Caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que produzem um som
desagradável.[2] Constituem cacofonias:

"Olha o que tem na boca dela."


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"Vi ela saindo da vez passada."

"Ao som do nosso hino." (suíno)

"Nunca gaste seu dinheiro à toa."

"Paguei cinco reais por cada pacote."

Colisão

Consiste na aliteração (repetição de fonemas idênticos ou parecidos no início de várias


palavras na mesma frase) de efeito acústico desagradável.[7] - Exemplo:

"Pede o Papa paz ao povo."

"Cá comi coalhada comum."

"É o quesito que queria que caísse."

Parequema

Constrói-se a partir do encontro de sílabas idênticas ou semelhantes entre o final de


uma palavra e o início da subsequente.

- Exemplo: “vaca cara”, “cone negro”, “teto torto”, “pouco caso”, “uma mala”, “grife
feminina”, “31 de dezembro”, ''Ano Novo'', ''regra gramatical''

Eco

Sucessão de palavras com terminação igual (rimas na prosa).

- Exemplo:

“Houve aflição e tensão durante a recepção.”

“É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.”

Hiato: aproximação de vogais idênticas.

- Exemplo: "Ou eu ou outra pessoa ouvirá a outra canção."

Cacófato: formação de uma nova palavra a partir de silabas de palavras


diferentes e sucessivas.

- Exemplo: "Nosso hino é muito elegante."(Semelhante a "suíno").

Cacoépia: pronúncia viciosa de fonemas

- Exemplo: "Estou com poblema para resolver." (= problema)

Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.


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- Exemplo: "Eu advinhei quem ganharia o concurso." (= adivinhei)

Arcaísmo
É o uso de palavras e expressões antigas que estão em desuso e já ultrapassadas.

"Vosmecê precisa de ajuda com as malas?" (você)

"Fui hoje ao nosocômio." (hospital)

"Faria-te um favor neste momento se fosse possível" (no futuro do presente e futuro do
pretérito, jamais ocorre a ênclise)

Oxímoro
Consiste numa antítese extremamente desnecessária em uma sentença. É o absoluto
oposto do pleonasmo.

- Exemplo:

"Ele vai ser o protagonista terminal da peça" (ser protagonista implica obrigatoriamente
em ser principal).

"Meninos, entrem já para fora!" (não há como entrar para fora)

Preciosismo
É o uso de uma linguagem exacerbada, para referir ideias normais, tornando o texto as
vezes cansativo.[4] Ou seja, é o uso excessivo de palavras para exprimir ideias simples.
Ao texto prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e cansa o
leitor. É chamado de "falar difícil".

- Exemplo: Seu gesto altruísta e empreendedor ensombrece e, decerto, oblitera a


existência dos demais mortais que o configuram como a figura exponencial de nossa
organização empresarial, baluarte de nossas vitórias.

É o emprego de expressões ou frases muito usadas e repetidas durante anos, que


empobrece o discurso.[4] Os clichês aparentam ser produto do consenso, entretanto
muitas vezes sustentam-se em ideias preconceituosas ou óbvias, demonstrando
dificuldade do emissor em superar o senso comum e pensar de forma autônoma e
crítica.

- Exemplos:

“As crianças são o futuro da nação.”

“É importante que cada um faça a sua parte.”

"Lugar de mulher é na cozinha"'


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"Ele é um preto de alma branca"

"Todo político é ladrão"

"Mulher no volante - perigo constante"

"O Mundo é dos espertos"

“As drogas são um caminho sem volta.”

“A bebida é um poço sem fundo.”

“A união faz a força.”

"A Nação não fugirá a seu destino histórico."

Consiste numa repetição desnecessária de um significado ou expressão em uma


sentença.[1]

- "Ele vai ser o protagonista principal da peça" (o protagonista é, necessariamente, a


personagem principal).

- "Meninos, entrem já para dentro " o verbo "entrar" já exprime ideia de ir para
dentro).

Obscuridade
Trata-se da construção de frases de tal modo que o sentido se torne obscuro,
embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o
abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a
sínquise, parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as
circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções
intrincadas e a má pontuação.

- Ex.: "No porto de Santos, o navio grego entrava o navio inglês".

Análise: Obscuridade causada pela flexão homonímia "entrava". Desta maneira, se


"entrava" for considerado pretérito imperfeito do verbo "entrar", a frase tornar-se-á
obscura. Todavia, a forma verbal assinalada deve ser considerada flexão do presente do
indicativo do verbo "entravar"

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