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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0000.20.079128-3/001 Númeração 5020923-


Relator: Des.(a) Evangelina Castilho Duarte
Relator do Acordão: Des.(a) Evangelina Castilho Duarte
Data do Julgamento: 06/08/0020
Data da Publicação: 06/08/2020

EMENTA: APELAÇÃO - INDENIZAÇÃO - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ -


MANUTENÇÃO. Estando evidenciado que a parte alterou a verdade dos
fatos, litigando de má-fé, devem ser aplicadas as penalidades legais
cabíveis.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.20.079128-3/001 - COMARCA DE BETIM -


APELANTE(S): RAFAEL VIANA DE JESUS - APELADO(A)(S): BANCO
BRADESCO S.A

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE

RELATORA.

DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE (RELATORA)

VOTO

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Tratam os autos de indenização por danos morais, ao argumento de ter o


Apelado inserido o nome do Apelante nos cadastros de maus pagadores, de
forma indevida, por dívida de R$1.024,05.

O Apelante alegou que desconhece a dívida que originou a negativação


do seu nome.

Acrescentou que a atitude do Apelado causou-lhe vergonha e


constrangimento.

Requereu a declaração de inexistência do débito e a condenação do


Apelado ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de
R$39.000,00.

Citado, o Apelado apresentou contestação, informando que a dívida se


refere à contratação de conta corrente com limite de crédito no valor de
R$630,00, que foi devidamente utilizado pelo Apelante.

Sustentou que agiu no exercício regular do seu direito, não restando


caracterizados os requisitos da obrigação de indenizar.

Asseverou não ser responsável pela notificação do autor sobre a


negativação.

Pugnou pela improcedência do pedido, com a condenação do autor ao


pagamento de multa por litigância de má-fé.

A r. sentença recorrida, doc. 44, julgou improcedente o pedido,


condenando o Apelante ao pagamento de custas e honorários de
sucumbência, fixados em 15% sobre o valor da causa, suspensa a
exigibilidade, por estar amparado pelos benefícios da justiça gratuita, e ao
pagamento de multa por litigância de má-fé no importe de 5% sobre o valor
atualizado causa, bem como a indenizar o réu por prejuízos eventualmente
causados pela sua conduta.

O Apelante pretende a reforma da decisão recorrida, alegando que, para


condenação em litigância de má-fé, é imprescindível que a

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parte tenha agido com dolo ou culpa.

Sustenta que visou tão somente a defesa dos seus interesses, dada a
ilegalidade da inscrição do seu nome nos órgão de proteção ao crédito.

Pleiteia o provimento do recurso.

O Apelado apresentou contrarrazões, doc. 51, pela manutenção da


sentença.

O Apelante teve ciência da sentença recorrida em 02 de dezembro de


2019, quando já havia sido interposto o recurso, sem comprovação de
preparo, por ser beneficiário da justiça gratuita.

Estão presentes, portanto, os requisitos para conhecimento do recurso,


que recebo em ambos os efeitos.

A controvérsia reside apenas em apurar a configuração da litigância de


má-fé, uma vez que o Apelante se conformou com os demais termos da
sentença.

O Apelante pugna pelo afastamento da condenação ao pagamento de


multa por litigância de má-fé.

Para que ocorra a condenação por litigância de má-fé, é necessário que


se faça prova da instauração de litígio infundado ou temerário, bem como da
ocorrência de dano processual em desfavor da parte contrária.

No caso, o Apelante alterou a verdade dos fatos, ao alegar que não


reconhece a dívida que ensejou a negativação do seu nome, enquadrando-
se, assim, na hipótese de litigância de má-fé prevista no art. 80, II,
CPC/2015, pois instaurou litígio infundado, por ser existente a contratação e
a dívida.

Ressalte-se que o Apelante concordou com a improcedência do

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pedido, já que não se insurge contra os demais termos da sentença, o que


demonstra que tinha ciência da contratação e concorda com a existência da
dívida.

Logo, resta demonstrada sua intenção de induzir o julgador a erro.

Deve, pois, ser mantida a sentença recorrida.

DIANTE DO EXPOSTO, nego provimento ao recurso apresentado por


RAFAEL VIANA DE JESUS.

Condeno o Apelante ao pagamento de custas recursais e majoro os


honorários de sucumbência para 17% sobre o valor atualizado da causa, em
observância ao art. 85, §11, do NCPC, suspensa a exigibilidade por ser
beneficiário da justiça gratuita.

DESA. CLÁUDIA MAIA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ESTEVÃO LUCCHESI - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"

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