Você está na página 1de 8

A UA UL L AA

28
28 Alinhamento geométrico
e nivelamento de
máquinas e equipamentos

A indœstria mec nica Kybrob S.A. adquiriu


trŒs mÆquinas-ferramenta para ampliar seu setor de produ ªo: um torno CNC,
uma fresadora universal e uma mandriladora.

Elas foram colocadas em locais apropriados e o pessoal da manuten ªo


foi convocado para fazer o nivelamento e verificar o alinhamento geomØtrico
de cada uma das mÆquinas recØm-chegadas.

Como se faz o nivelamento de uma mÆquina? O que Ø alinhamento


geomØtrico?

Nesta aula vocŒ terÆ respostas para as duas perguntas.

Importância do alinhamento geométrico

As mÆquinas e os equipamentos em geral precisam estar alinhados geome-


tricamente e nivelados para poderem operar de forma adequada e com o mÆximo
de eficiŒncia.

O alinhamento geomØtrico pode ser compreendido como sendo a rela ªo


existente entre os planos geomØtricos de todos os elementos constituintes de
uma mÆquina.

A import ncia do alinhamento geomØtrico reside no fato de que deve haver


harmonia entre os diversos conjuntos mec nicos existentes nas mÆquinas, e que
executam movimentos relativos entre si, para que o todo funcione de modo
eficaz. Caso contrÆrio, ocorrerÆ comprometimento dos elementos em termos de
exatidªo e durabilidade.

As ilustra ıes a seguir mostram algumas mÆquinas alinhadas geometrica-


mente. Observe a harmonia entre os eixos de trabalho que os conjuntos mec ni-
cos executam.
A U L A

28

Peso dos componentes das máquinas e equipamentos

Quando uma mÆquina ou equipamento Ø projetado, dois fatores importan-


tes sªo levados em considera ªo: o centro de gravidade da mÆquina, ou centro
de massa, e o dimensionamento do seu curso de trabalho. O centro de gravidade
Ø o local onde estÆ o ponto de equil brio do peso de todo o conjunto.

Se uma mÆquina ou equipamento tiver algum problema com seu centro


de gravidade e erros no dimensionamento de seu curso, surgirªo desgastes de
conjuntos e estruturas, quebras, pe as mal executadas, resistŒncias indesejÆveis etc.

Na ilustra ªo abaixo, mostramos uma mÆquina cujo centro de gravidade


estÆ deslocado por causa da nªo simetria na distribui ªo de massa da mesa na
dire ªo x. A mesa do lado direito da figura possui mais massa e, conseq ente-
mente, mais peso desse lado. Nessas condi ıes, o alinhamento geomØtrico fica
prejudicado, pois a condi ªo de apoio do sistema nªo satisfaz as necessidades.

Hoje em dia, as mÆquinas modernas apresentam configura ıes arrojadas e


se deslocam sobre bases mais estÆveis e robustas, o que lhes garante maior
rigidez. O centro de gravidade dessas mÆquinas Ø mais estÆvel, garantindo
o alinhamento geomØtrico desejado.

Observe na figura abaixo que na dire ªo x a mesa se mantØm perfeitamente


alinhada, apesar do lado direito ser maior que o esquerdo. um projeto de
engenharia bem executado que garante o perfeito alinhamento da mÆquina.

Resumindo, os elementos relacionados entre si devem ser nivelados


e alinhados geometricamente nos planos horizontais e verticais, e esses
planos devem ser nivelados e alinhados entre si.
A U L A Instrumentos utilizados no alinhamento geométrico

28
HÆ vÆrios instrumentos que sªo utilizados no alinhamento geomØtrico
de mÆquinas e equipamentos. Esses instrumentos variam em complexidade
e exatidªo.
Exemplos:
· rel gio comparador;
· rel gio com apalpador de precisªo;
· rØgua padrªo calibrada;
· bases calibradas para suporte de instrumentos;
· acess rios de verifica ªo;
· n vel de bolha;
· n vel de bolha quadrangular;
· n vel eletr nico;
· teodolito;
· autocolimador ptico-visual;
· autocolimador fotoelØtrico;
· autocolimador a laser.

Aspectos técnicos do alinhamento geométrico


As partes estruturais das mÆquinas, como o barramento, por exemplo,
sempre foram um problema de dif cil solu ªo para os projetistas. A dificuldade
reside no comportamento que essas partes estruturais exibem quando estªo em
trabalho, fugindo de todas as condi ıes consideradas nos cÆlculos. Os fatores
que contribuem para esse comportamento aleat rio sªo os seguintes:
· surgimento de esfor os durante a usinagem de pe as;
· esfor os atuantes de outros componentes em trabalho;
· vibra ıes do corte;
· vibra ıes de componentes como Ærvores e rolamentos;
· efeitos de agentes externos como a temperatura que causa dilata ıes.

O somat rio desses fatores, principalmente a temperatura, atuando nas


mÆquinas, pode provocar tor ıes no conjunto e causar deslocamentos de dif cil
controle.
As bases das mÆquinas foram e ainda sªo constru das, embora em menor
nœmero, em blocos compactos de ferro fundido. Muitas mÆquinas modernas
apresentam suas bases na forma de conjuntos soldados de a o em vez de ferro
fundido. Esse avan o tecnol gico permite um melhor dimensionamento do peso
dessas mÆquinas e uma localiza ªo mais racional para nervuras e refor os
estruturais.
As guias de deslizamento eram e ainda sªo, em muitos casos, usinadas
no pr prio corpo da base de muitas mÆquinas. Tais guias sªo retificadas para
que o alinhamento atenda s especifica ıes normalizadas.
Uma mÆquina com guias de deslizamento feitas no pr prio corpo da base
pode trazer problemas. Se ocorrerem desvios, a base da mÆquina deverÆ ser
retirada; as guias precisarªo sofrer uma nova usinagem para corrigir as imper-
fei ıes; os demais componentes da mÆquina deverªo ser ajustados de acordo
com as novas dimensıes das guias e toda a mÆquina deverÆ ser alinhada
segundo as novas condi ıes.
Na atualidade, com a evolu ªo das mÆquinas que desenvolvem elevadas A U L A
velocidades de corte, Ø cada vez mais freq ente a presen a de guias lineares
rolamentadas padronizadas e de fÆcil montagem, alinhamento, reposi ªo
e manuten ªo. As guias lineares rolamentadas permitem uma regulagem 28
da prØ-carga dos elementos rolantes.

Outra inova ªo no campo da fabrica ªo de mÆquinas Ø a utiliza ªo de resinas


como elemento de revestimento de superf cies. Essas resinas, em geral
diamantadas, possuem uma elevada dureza e reduzem grandemente o atrito
entre as superf cies em contato. As superf cies que recebem resinas passam
por uma prepara ªo prØvia para que a aderŒncia seja perfeita.

O ajuste dimensional e o alinhamento prØvio dos conjuntos envolvidos sªo


realizados com dispositivos e instrumentos adequados antes do preenchimento,
moldagem e cura das resinas. As corre ıes posteriores, quando necessÆrio,
sªo efetuadas por meio de rasqueteamento.

A inconveniência do calor em máquinas

Como jÆ foi discutido em aulas anteriores, as mÆquinas em opera ªo geram


uma certa quantidade de calor. Esse calor Ø proveniente das for as de atrito que
surgem entre elementos mec nicos que estªo em contato e realizam movimentos
relativos entre si.

Por exemplo, o calor pode ser gerado pelo atrito entre:


· ferramentas de corte e pe as em usinagem;
· engrenagens em movimento;
· eixos movimentando-se apoiados em mancais;
· polias e correias;
· pinhªo e cremalheira.

Uma poss vel adi ªo extra de calor na mÆquina poderÆ ter sua origem
no meio ambiente em que ela estÆ instalada.

Todo esse aumento de temperatura se transmite a todos os elementos da


mÆquina, e isso, inevitavelmente, influirÆ na geometria dos conjuntos mec ni-
cos.

MÆquinas e equipamentos com exatidªo dimensional sªo fabricados e


operam normalmente em condi ıes ambientais controladas. AlØm do controle
da temperatura, controla-se a umidade do ar. uma necessidade quando se
pensa em qualidade e eficiŒncia.

Elevação, movimentação e transporte


de máquinas e equipamentos

Quando uma mÆquina Ø fabricada conforme projeto espec fico, todos os


cuidados com ajustes e montagens sªo tomados. Aprovada, a mÆquina deverÆ
sair do setor de fabrica ªo e ser encaminhada para um dep sito ou diretamente
para o cliente que a comprou.
A U L A O encaminhamento da mÆquina para o dep sito ou para o cliente envolve
medidas de prote ªo contra a a ªo de agentes ambientais normais (chuva e

28 poeira) e contra quedas, uma vez que a mÆquina sofrerÆ movimenta ªo, tanto na
horizontal quanto na vertical.

Para se elevar uma mÆquina, devem-se observar os locais pr prios de


amarra ªo. Uma amarra ªo bem executada, considerando o centro de gravidade
da mÆquina, evitarÆ a ocorrŒncia de acidentes.

A figura abaixo mostra a amarra ªo de um torno que estÆ sendo elevado.

Os elementos de amarra ªo devem estar bem dimensionados para o peso da


mÆquina, e seus componentes m veis bem travados para nªo sofrerem movi-
mentos e choques com outros conjuntos durante seu transporte.

AlØm da eleva ªo da mÆquina por meio de amarras, outros cuidados


precisam ser observados em seu transporte. No caso de caminhıes, vagıes de
trens, navios e aviıes, a mÆquina deverÆ estar bem embalada, assentada e
amarrada para nªo se deslocar. Na hora do descarregamento, todo cuidado deve
ser tomado para que a mÆquina nªo caia.

Resumindo, o transporte de uma mÆquina exige tØcnica e habilidade


das pessoas envolvidas nessa importante opera ªo. Se todos os cuidados
forem tomados, garante-se a preserva ªo do alinhamento geomØtrico original
da mÆquina.

Nivelamento de máquinas e equipamentos

O bom nivelamento das mÆquinas e equipamentos Ø outro importante fator


a ser considerado em termos de alinhamento geomØtrico e de trabalho eficiente,
e qualidade de produto.

De fato, uma mÆquina ou equipamento bem nivelados trabalham sem


esfor os adicionais, e operam segundo o previsto.
Os instrumentos mais comuns para se efetuar o nivelamento de mÆquinas e A U L A
equipamentos sªo os seguintes: n vel de bolha de base plana; n vel de bolha
quadrangular e n vel eletr nico.
28
As figuras a seguir mostram como sªo esses instrumentos.

Como nivelar?

O nivelamento de uma mÆquina ou equipamento segue procedimentos


e par metros normalizados e deve ser feito inicialmente no sentido longitu-
dinal e, posteriormente, no sentido transversal.

Havendo necessidade de efetuar acertos, o que Ø muito comum, trabalha-se


acionando os niveladores da base.

Estando o equipamento nivelado, deve-se efetuar o aperto dos parafusos


de fixa ªo. Ap s essa opera ªo, volta-se a conferir o nivelamento para checar
se ocorreu altera ªo do nivelamento anterior.

Constatadas altera ıes, volta-se a nivelar; porØm, sem desapertar totalmen-


te os parafusos. Ao se atingir novamente as condi ıes desejadas, confere-se o
aperto final. Esse procedimento deverÆ ser repetido atØ que se atinja o nivelamento
correto com o aperto final dos parafusos de fixa ªo.
A U L A Ap s o nivelamento da mÆquina, Ø conveniente colocÆ-la para funcionar em
vazio durante um certo per odo. Ap s esse per odo, o nivelamento deverÆ ser

28 conferido novamente para novos ajustes, se necessÆrio.

Pode ocorrer que uma determinada mÆquina nªo permita que se obtenha
um nivelamento de acordo com as especifica ıes. Nesse caso, uma anÆlise
dos fatores interferentes deverÆ ser realizada. Esses fatores interferentes
poderªo ser:
· uma tor ªo da pr pria estrutura da mÆquina causada por transporte inade-
quado;
· tensıes internas do pr prio material utilizado na fabrica ªo da mÆquina;
· instabilidade da funda ªo onde a mÆquina encontra-se assentada;
· presen a de for as desbalanceadas provocadas pelo assentamento irregular
dos elementos de fixa ªo.

Eliminando-se esses fatores interferentes, o nivelamento adequado poderÆ


ser obtido.

Exercícios Exerc cio 1


Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) A harmonia de funcionamento dos diversos conjuntos mec nicos de
uma mÆquina estÆ relacionada com o seu alinhamento geomØtrico.
b) ( ) O centro de massa de uma mÆquina Ø um fator irrelevante para o seu
alinhamento geomØtrico.
c) ( ) O alinhamento geomØtrico de mÆquinas Ø efetuado somente
com for a muscular e sem aux lio de nenhum instrumento. Basta
o operador ter boa visªo.
d) ( ) Vibra ıes sªo fatores que interferem no comportamento aleat rio de
uma mÆquina causando problemas para o seu perfeito alinhamento
geomØtrico.
e) ( ) A base de muitas mÆquinas modernas podem ser constru das por
conjuntos de a o soldados.

Assinale X na alternativa correta.

Exerc cio 2
As guias de deslizamento de mÆquinas estªo sendo substitu das por guias:
a) ( ) lineares rolamentadas;
b) ( ) angulares rolamentadas;
c) ( ) verticais rolamentadas;
d) ( ) trapezoidais rolamentadas;
e) ( ) filamentados deslizantes.

Exerc cio 3
As resinas de enchimento de superf cies de mÆquinas sªo:
a) ( ) cimentadas;
b) ( ) diamantadas;
c) ( ) asfaltadas;
d) ( ) tijoladas;
e) ( ) ladrilhadas.
Exerc cio 4 A U L A
No transporte de uma mÆquina Ø importante executar uma boa:
a) ( ) elimina ªo do centro de massa;
b) ( ) pintura na lona de cobertura; 28
c) ( ) retifica ªo em todos os parafusos;
d) ( ) amarra ªo para evitar acidentes e danos;
e) ( ) tor ªo nos elementos de amarra.

Exerc cio 5
Os instrumentos mais comuns utilizados no nivelamento de mÆquinas sªo:
a) ( ) oscilosc pio, analisador de vibra ıes, autocolimador a laser;
b) ( ) analisador de vibra ıes, mult metro e oscilosc pio;
c) ( ) n vel de bolha e n vel eletr nico;
d) ( ) n vel eletr nico e autocolimador fotoelØtrico;
e) ( ) teodolito, rel gio comparador, paqu metro digital.

Exerc cio 6
Quando se vai nivelar uma mÆquina, o nivelamento deverÆ ser iniciado
no sentido:
a) ( ) transversal;
b) ( ) longitudinal;
c) ( ) radial;
d) ( ) axial;
e) ( ) de cima para baixo.

Você também pode gostar