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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA


NÚCLEO DE TECNOLOGIA PARA EDUCAÇÃO – UEMANET
CURSO DE PEDAGOGIA

ATIVIDADE: Atividade 2 - O Papel do Gestor Escolar na Construção de uma Escola


mais Democrática

Disciplina: Organização do Trabalho Escolar

ALUNO (A): Patricia da Conceição Bernardo da Silva

Polo de Timbiras – MA
2013
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Enunciado: Assista ao filme "Meu mestre, minha vida" e reflita sobre a


situação atual das escolas públicas e qual o papel de fato do gestor escolar na construção
de uma escola mais democrática (participativa) e justa.

O Brasil apresenta um quadro complexo na educação pública. Enquanto ainda


persiste um analfabetismo residual, que se mostra muito difícil de ser erradicado, muito por
conta da forma de apresentação da escola, bem como a estrutura familiar e econômica que
influenciam diretamente na evasão escolar, pode-se também acompanhar uma recuperação no
investimento público e ainda a construção e aplicação de novos conceitos e valores dentro das
escolas, principalmente em relação a gestão escolar.
É fato conhecido pelos pesquisadores brasileiros e reconhecido pelo próprio
Ministério da Educação que existe uma grande disparidade entre as regiões brasileiras no que
tange a infraestrutura das escolas, bem como sobre a qualidade do ensino ofertado. Estados do
Norte e Nordeste apontam as escolas com piores índices educacionais, baixos salários dos
docentes, dificuldades de acesso e permanência na escola, maior evasão escolar, estudantes
com menor tempo de permanência na escola. Entretanto, com as novas políticas públicas de
inclusão social e melhoria da renda da população dessas regiões esse quadro está sendo
modificado, infelizmente de maneira muito lenta.
Mesmo nas regiões mais ricas do país também existe situações diferenciadas,
muitas vezes dentro de uma mesma cidade. Isso fica evidente quando citamos os casos dos
grandes centros urbanos brasileiros, onde persistem a favelização e a pouca infraestrutura
oferecida pelo estado. Isso inclui a educação, onde os professores se afastam das escolas,
principalmente por causa da violência encontrada. Nesse caso, nota-se certa semelhança entre
essas escolas e a escola mostrada no filme em questão. A violência e a marginalização dos
jovens são mais comuns do que se pode imaginar. DE SOUSA (2012) argumenta que o
aumento significativo do número de alunos em cenários onde há poucos investimentos na área
educacional e o índice de pobreza da população é elevado são fatores que influenciam no
crescimento de diversos tipos de violência na escola.
SPOSITO (2002) entende que o avanço do uso da tecnologia e a consequente
exposição nos meios de comunicação da violência dentro das escolas, mostrando desde brigas
entre estudantes até crimes cometidos contra gestores e professores, levaram o poder público
a se manifestar sobre o problema. É importante frisar que o fenômeno da violência nas escolas
já é estudado desde a década de 80, o que mostra não ser algo novo, mas que se agravou. O
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próprio filme, datado de 1989, já retratava uma situação parecida nos Estados Unidos, que
também retrata uma desigualdade em relação aos jovens de bairros de periferia, normalmente
habitados pela população negra americana.
É importante salientar que o Brasil adotou metas para o desenvolvimento do
ensino no Brasil, porém a maioria das metas não foi cumprida. Entre elas cita-se a evasão
escolar, que se manteve no mesmo índice de 11% da década anterior, mesmo a meta sendo
diminuir em 5% ao ano. O analfabetismo diminuiu, mas se mantém em todas as regiões do
Brasil. O tempo de permanência dos alunos na escola ainda mantém um número alarmante,
cerca de metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos está fora da escola.
O filme traz um professor autoritário, que utiliza da força para tentar recuperar
a escola, que para ele está fora das normas e valores aceitáveis. Mesmo conseguindo alguns
bons resultados ao final do filme, a atuação do diretor foge da nova concepção de gestão
democrática e participativa da legislação brasileira. O primeiro ponto que deve ser relatado é a
forma da escolha do diretor, que de forma alguma se mostra democrática. Mesmo
apresentando méritos, a comunidade escolar não participou da escolha do novo gestor.
O gestor desempenha papel fundamental na prevenção e controle da violência
na escola, pois deve, juntamente com a comunidade escolar, desenvolver ações preventivas ao
aparecimento de qualquer tipo de violência. Orientação e apoio aos professores são essenciais,
incluindo projetos e ações conjuntas de convivência e respeito com os alunos. Uma gestão
democrática e participativa, que envolve principalmente os pais dos alunos, é a forma
escolhida pela legislação brasileira e pela maioria dos pesquisadores para evitar que a
violência se instale e se espalhe na escola.
BRANDÃO (2012) ressalta que gestão democrática não é apenas a distribuição
de tarefas, mas integrar a comunidade em que a escola está inserida no cotidiano da escola,
fazendo com que a família dos alunos valorize a escola e o conhecimento produzido e
transmitido na escola. Valorizando e participando da vida da escola, a comunidade escolar
minimiza os conflitos e acelera o desempenho dos estudantes, fazendo uma escola mais justa
e soberana. MENDOÇA (2000) defende que o gestor, como coordenador do processo de
gestão escolar, pode dificultar ou facilitar a implantação dos procedimentos participativos,
inclusive com normas que corrijam as distorções que podem privilegiar os segmentos docente
e administrativo e as restrições que podem existir sobre a participação de pais e responsáveis.
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A legislação brasileira evoluiu quanto a gestão escolar e a participação da


comunidade escolar, cabe então aos gestores assumirem o compromisso de valorizar essa
participação da comunidade, facilitar o processo e o acesso da comunidade à escola.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, C. F. A situação atual do ensino médio brasileiro e as propostas para a


próxima década: infraestrutura, gestão e formação do profissional que atua no ensino médio.
Ensino em Re-Vista, v. 19, n. 1, jan./jun. 2012
DE SOUZA, Liliane Pereira; QUEIRÓS, Edinelson Vilalba. Violência escolar: um
desafio aos professores e gestores. Itabaiana: GEPIADDE, Ano 6, Volume 12 | jul-dez de
2012.
MENDONÇA, Erasto Fortes. A Gestão democrática nos sistemas de ensino
brasileiros: a intenção e o gesto. Reuniáo Anual Da Anped, 2000, 23.
SPOSITO, Marília Pontes. Percepções sobre jovens nas políticas públicas de redução
da violência em meio escolar. Revista Pró-posições, 2002, 13.3.

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