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Processo: 02001.001207/2001-14
1 – INTRODUÇÃO
Este parecer tem por objetivo apresentar o resultado da análise do EIA/RIMA, do PBA e
dos autos do processo administrativo referente ao Aproveitamento Hidrelétrico Peixe Angical,
empreendimento proposto para ser implantado, sob a responsabilidade da ENERPEIXE, no rio
Tocantins, incluindo terras pertencentes ao Estado de Tocantins, especificamente dos municípios
tocantinenses de Palmeirópolis, São Salvador, Peixe e Paranã.
O documento em tela foi encaminhado ao IBAMA após a decisão judicial proferida pela
Justiça Federal de 1ª Vara – Seção Judiciária do Estado do Tocantins, que decidiu por acatar a
Ação Civil impetrada pelo Ministério Público Federal, na qual requeria que o Ibama assumisse o
licenciamento ambiental que vinha, até aquele momento, sendo conduzido pelo órgão estadual de
meio ambiente, o Naturatins. O breve histórico apresentado a seguir relata fatos importantes.
II – HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO
O licenciamento ambiental para a UHE Peixe foi proposto ao Ibama em abril de 1999,
momento no qual Furnas Centrais Elétricas apresentou projeto técnico em que o empreendimento
possuiria potencial instalado de 1106 MW e área inundada de 940 km2, operando na cota 287
metros. O Ibama elaborou Termo de Referência para embasar EIA/RIMA, tendo encaminhado ao
empreendedor em agosto de 1999.
Em 10.12.1999, o IBAMA comunicou ao Naturantins, que de acordo com a área de
abrangência, apresentada no Memorial Descrito da UHE Peixe, o licenciamento desse
empreendimento é de competência Federal, conforme preconiza a Resolução CONAMA nº 237/97.
Em 02.02.2000, o Ibama solicitou a ANEEL, por meio do Ofício nº 01.124/2000-
IBAMA/Diretoria de Controle Ambiental, referente à área de influência do Aproveitamento
hidrelétrico de Peixes, reiterando solicitação, em 02.05.2000, tal por meio do Ofício nº 01.231/2000-
IBAMA/Diretoria de Controle Ambiental.
A apresentação do Ibama no Estado do Tocantins, em 19.02.01, encaminhou Memo nº
014/2001 – GR-IBAMA/TO, informando que a Naturantins havia realizado Audiência Publica, para a
construção de uma nova hidrelétrica no rio Tocantins, município de Peixes, e considerando que o
Ministério Público argumenta que a competência de licenciar é Federal, solicitou esclarecimento a
Diretoria de Controle Ambiental quanto à condução do licenciamento desse empreendimento.
Em 14.03.2001, o DEREL respondeu a Representação do Ibama no Estado do Tocantins e
encaminhou, no dia seguinte, os autos do processo para a Procuradoria Geral, para manifestação
acerca da competência, mediante despacho (folha 6). Como resposta, a PROGE manifestou que a
competência é do IBAMA.
Somente em 07/03/2001, que a ANEEL, respondeu ao Ibama, por meio do ofício nº
114/2001 – SPH/ANEEL, que conforme o Despacho ANEEL nº 503, de 21.12.2000, foi elaborado
um novo estudo de Inventário Hidrelétrico reavaliando a Divisão de Quedas no rio Tocantins, trecho
Cana Brava/Lajeado, sendo alterado o projeto inicial. Tal estudo culminou na partição de quedas
nos seguintes aproveitamentos: Ipueiras (cota 235,00m), Peixe Angical (cota 263,00m) e São
Salvador (cota 287,00m), os quais apresentariam potencia instalada de 520MW, 450MW e 280MW
e área inundada de 944km2, 294,1km2 e 104,5km 2, respectivamente Informa também que o
EIA/RIMA de Peixe Angical foi protocolado na Naturatins.
O Ibama, após manifestação da PROGE, encaminhou ao Naturatins o ofício nº 01.335/01 –
IBAMA/DCA, datado de 08.05.01, por meio do qual solicita cópia do EIA para análise do possível
sinergismo deste empreendimento com a UHE São Salvador. Tal solicitação foi atendida pelo oema
em 18.05.01, por meio do ofício/pres./Naturatins nº 392/2001.
A Gerência Executiva do Ibama em Tocantins encaminhou, em 13.11.01, memo nº
203/2001 – GAB/IBAMA/TO, solicitando informações acerca da competência do licenciamento
deste empreendimento.
O Ministério Público Federal impetrou Ação Civil Pública, em 26.11.2001 contra a UHE
Peixe Angical, tendo por base o argumento de que o órgão estadual de meio ambiente,
especificamente o Naturatins, não possuía competência para proceder tal licenciamento por
entender que estaria localizado em rio Federal (Tocantins).
A Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental recebeu, em 04.12.01, o Ofício nº
710/2001/GAB, da Gerência Executiva do IBAMA no Estado do Tocantins, solicitando informações
para cumprir a determinação sobre pedido de liminar formulado nos autos da Ação Civil Pública nº
2001.2955-1.
Após análise do EIA/RIMA de São Salvador (abril/2002), o Ibama constatou que ambos os
empreendimentos apresentam efeitos sinergéticos (Parecer técnico nº 188/02 –
IBAMA/DILIQ/CGLIC, datado de 13.08.2002), com os impactos relacionados ao remanso da UHE
Peixe devendo afetar a UHE São Salvador Inclusive, após entendimentos mantidos com o
empreendedor de São Salvador durante vistoria técnica, o Ibama foi informado que a casa de força
deste empreendimento seria afogada pelo remanso do reservatório de Peixe, podendo haver
problemas futuros (desapropriações de terras) caso a implantação dos empreendimentos não fosse
sincronizada.
Cumpre destacar que a Ação Civil impetrada pelo MPF/TO foi julgada, em 11.01.02, na
primeira instância favorável à paralização das obras, tendo sido concedida liminar que imputaria ao
Ibama a responsabilidade pela condução do processo de licenciamento. Entretanto, tal liminar foi
caçada, tendo a condução do licenciamento retornando ao Naturatins.
Em agosto de 2002 (15/08), a Secretaria de Infra-estrutura do Tocantins expediu ao IBAMA
o Of.GASEC/SEINF nº 2052/02, encaminhou cópia da Licença de Instalação, cópia do Decreto da
Presidência da República que outorga a concessão para exploração do potencial hidráulico de
Peixe Angical, além de mapa do local de implantação do empreendimento.
III – CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
A Usina Hidrelétrica de Peixe Angical é um empreendimento para geração de energia
elétrica concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em favor do Consorcio
ENERPEIXE, e que se encontra em implantação desde maio de 2002 no rio Tocantins.
O barramento está localizado no município de Peixe. Trata-se de uma barragem de
terra/concreto com 5.500 metros de extensão e altura máxima de 37 metros. O reservatório, que
apresenta regime de operação a fio d’água, possui área total no nível máximo de 294,1 km2. A cota
normal de operação é de 263,0 m e o volume total é de 2,7X10 8 m3 de água, atingindo terras de
um total de 04 municípios (Peixe, Paraná, São Salvador do Tocantins e Palmeirópolis). Além destes
municípios, serão também influenciados pelo empreendimento São Valério da Natividade e Gurupi,
todos no Estado do Tocantins.
O vertedouro, com 12 vãos de superfície e em concreto armado, comporta uma descarga
máxima de 42.500 m3/s. O conjunto tomada d’água/casa de força, em concreto armado, abriga 04
grupos geradores, totalizando uma potência instalada para o empreendimento de 450 MW, gerados
a partir de uma vazão máxima de engolimento das turbinas de 2.120m3/s.
A obra estava prevista para ser concluída em um prazo de 4 anos, conforme o EIA/RIMA.
No primeiro ano, prevê-se a construção do canteiro de obras, as escavações dos canais de adoção
e da fuga, além das escavações dos canais de adoção e de fuga, além da escavação das
estruturas de concreto da tomada d’água e casa de força, barragem de ligação e muros de
transição, obras estas possibilitadas pela construção da ensecadeira de 1ª fase. No segundo ano,
prevê a conclusão das obras de escavação e continuidade na concretagem das estruturas. No
terceiro ano, após a conclusão da concretagem do vertedouro e da tomada d’água, ocorrerá o
desvio do rio e o fechamento do leito original a partir da construção das ensecadeiras de montante
e jusante de 2ª fase. Tal desvio possibilitará a execução do muro de concreto (compactado a rolo)
do leito do rio e seu amarramento com a barragem principal de terra, até o final das obras e da
montagem dos equipamentos, no quarto ano.
IV – ANÁLISE
O Estudo de Impactos Ambiental realizado para o empreendimento em tela levou em
consideração o diagnóstico dos meios físico, biótico e sócio-econômico, além da previsão de
impactos ambientais passíveis de ocorrerem em função da implantação do empreendimento e da
proposição de medidas mitigadoras a esses impactos. A seguir, será realizada discussão acerca
dos estudos apresentados, além do resultado das vistorias técnicas realizadas na área proposta
para a implantação do empreendimento.
Áreas de Influência
Foram consideradas para o EIA/RIMA apenas duas áreas de influência, definidas como
“Área Diretamente Afetada (ADA)” e “Área de Influência Indireta (AII)”.
No caso dos meios físico e biótico, a Área de Influência Indireta (AII) para o
empreendimento corresponde como sendo a bacia hidrográfica de contribuição direta do futuro
reservatório, considerando-se nela a área de jusante do reservatório até a cidade de Peixe.
Portanto, corresponde a trechos dos rios Tocantins, Paraná e Palma, considerando os efluentes
Santa Cruz e das Pedras, córregos Cruzeiros, Piabinha e Mutum (rio Tocantins) e rio das Lages e
os córregos Matrinxã e Taboca (rio Paraná).
A Área Diretamente Afetada (ADA), para o meio físico e biótico, considerou a área
necessária à implantação do empreendimento (barragem, canteiro de obras e instalação de apoio,
áreas de empréstimo e bota fora e áreas destinadas para implantação de Unidade de Conservação
e reassentamento) acrescida uma faixa de terreno delimitada pela cota 300m, referida como
“entorno da ADA”, compreendendo cerca de 30m acima de cota de inundação (263 m).
Para o Meio Sócio-Econômico foram considerados como AII os municípios que teriam
perda de território em decorrência da implantação do empreendimento e aqueles que, devido à
proximidade do canteiro de obras, sofreriam impactos de fluxos populacionais (Palmerópolis, Peixe,
Paranã, São Salvador de Tocantins e São Valério da Natividade). A cidade de Gurupi, considerada
pelo EIA como o centro polarizador da AII, foi analisada apenas sobre as atividades urbanas e de
dinâmica demográfica.
A Área Diretamente Afetada, para a análise sócio-econômica, foi considerada como aquela
necessária à implantação do empreendimento “constituída pela área destinada à formação do
reservatório, acrescida uma faixa no entorno, delimitada até a cota 270,00 m; pelas áreas para
implantação da barragem; canteiro de obras e instalações de apoio; áreas de empréstimo e bota-
fora; obras complementares e por aquelas áreas destinadas à implantação de alguns programas
tais como relocação de população”.
Meio Físico
O Estudo de Impacto Ambiental apresentado para o empreendimento denominado UHE
Peixe foi elaborado alicerçado em dados secundários colhidos na literatura específica afeta a cada
um dos temas abordados. Adicionalmente, foram realizadas visitas de campo para checagem dos
dados. A área de influência definida para os aspectos relacionados ao meio físico corresponde,
realmente, a uma porção da bacia hidrográfica que deverá suprir o reservatório, contrariando o que
informa o estudo, visto que apenas trechos dos rios Palmas e Paranã foram considerados. O
empreendimento influencia diretamente a área a ser alagada com a formação do reservatório, as
áreas de empréstimos, canteiro de obras e áreas de bota-foras.
Entre as características relacionadas ao clima, apresenta-se como correspondendo a
região de influência da oscilação da Zona de Convergência Intertropical, com clima quente e úmido.
O estudo traz a relação de estações meteorológicas utilizadas como fonte de dados pluviométricos,
assim como as climatológicas (Ceres, Uruaçu, Niquelândia, Peixe, Paranã, Gurupi, São João
D’Aliança, Alvorada do Norte, Nova Roma, Rio da Palma e Natividade). Apresenta dados
relacionados à precipitação média na bacia, que possui período chuvoso e seco bem definidos;
regime de ventos atuantes na área do empreendimento, os quais podem interferir na formação de
ondas no reservatório; evaporação anual; umidade relativa do ar. Destaca-se que os dados forma
descritos da forma sucinta. Entretanto, foram apresentados para os principais parâmetros
climáticos (isotermas, isolinhas de evaporação, direção dos ventos). Dados de precipitação indicam
que existiria um período de cheias no rio, caso não estivesse regularizado pelo barramento de
Serra da Mesa, fator este que diminui o risco potencial de ocorrência de trombas d’água, e os
impactos e elas associados. Cumpri destacar que esta abordagem não foi apresentada.
O reconhecimento geológico realizado no âmbito do EIA/RIMA relacionado ao
empreendimento em questão proporcionou detalhamento em escala 1:250.000 para área de
influência indireta e 1:100.000 para área diretamente afetada pela implantação da usina.
Regionalmente, a área está inserida no contexto geotectônico da Província Tocantins, nas
unidades do Complexo Goiano e rochas supracrustais (Grupo Araxá e Grupo Arai), Além de
sedimentos aluviais recentes. O estudo apresenta uma abordagem regional pouco detalhada dos
aspectos estruturais da área de inserção do empreendimento.
Especificamente na área diretamente afetada pelo empreendimento (reservatório),
descreve, de forma sucinta, os litotípos associados às unidades aflorantes, em termos
petrográficos, tendo-as demonstrado em um mapa, nas escalas 1:250.000 (AII) e 1:100.000 (ADA).
Destaca-se que o mapa é confuso, em termos de visualização, e apresenta-s elaborado sob uma
base cartográfica única, ou seja, o mapa 1:100.00 da ADA corresponde a uma ampliação do mapa
1:250.000 relacionado a AII, não agregando nenhuma informação adicional. Ponto negativo, neste
sentido a partir da análise do EIA é a ausência de abordagem acerca do detalhamento geotécnico
(incluindo avaliação microestrutural) da região do eixo da barragem, além das jazidas de
empréstimo de materiais. Não foi apresentado nenhum cadastramento de focos erosivos
atualmente em desenvolvimento na ADA, nem a caracterização detalhada das possíveis áreas
cársticas diagnosticadas.
Os eventos sísmicos relacionados na região de influência do empreendimento podem sem
caracterizados, em termos gerais, como de baixa a média magnitude, pertencendo a Zona
Sismogênica de Porangatu. A região está inserida em zona intraplaca, caracteristicamente estável.
Entretanto, os eventos associados a esta zona relacionam-se com reativações de antigas
estruturas lineares, além de sismos induzidos pelos reservatórios formados, especificamente o de
Serra da Mesa (de grande porte), Cana Brava e Lajeado. Destaca-se que o estudo abordou uma
lista listagem dos eventos ocorridos num raio de 200 km do centro do reservatório de Peixe.
Apresenta um mapa informando a localização do epicentro dos sismos.
No que se refere aos recursos minerais, o estudo indica as possibilidades de ocorrências
relacionadas às unidades litoestratigráficas presentes na área de influência do empreendimento,
além da listagem dos detentores de títulos minerários expedidos pelo DNPM. Aquelas interferentes
com o reservatório foram plotadas em mapa. Ressalta-se que existe a necessidade de o
empreendedor manter sempre atualizada tal listagem, de forma que no momento de se estabelecer
às negociações empreendedor e detentores de títulos minerários, não ocorram problemas. Por fim,
cumpre destacar que o rio Tocantins é um local tradicionalmente exportador de areia, não tendo
sido observado no EIA nenhuma referência as possíveis dragas que nele (nas áreas influenciada
pela UHE) operam assim como produtores de argila. Dever-se-á haver uma preocupação do
empreendedor em fases posteriores do licenciamento.
O diagnóstico apresentado para a geomorfologia indica que, a área de influência do
empreendimento está inserida no contexto do Planalto do Alto/Médio Tocantins. A porção central
predominada pelo relevo rebaixado conhecido como Depressão do Tocantins. Foram apresentados
perfis das linhas de relevo derivados de caminhamentos realizados nas unidades de relevo
diagósticadas, a saber; serras e morros, morrotes e morros residuais, colinas amplas e rampas,
colinas pequenas e morrotes, colinas pequenas e médias, terraços e planícies de inundação. Por
fim, apresentou uma breve discussão acerca da dinâmica superficial que atua nos terrenos. No que
tange aos mapas apresentados, podem ser citados os mesmos problemas anteriormente
relacionados com escala. Entretanto, tendo em vista o estágio de implantação do empreendimento,
tal consideração perde uma pouco do sentido de ser.
Não apresenta um mapeamento das encostas, indicando áreas que apresentam riscos de
deslizamentos apenas em função do potencial erosivo dos solos, não relacionando com o
rebaixamento do lençol freático, impacto que certamente será verificado nas áreas marginais ao
reservatório. Adicionalmente, é relevante destacar que o estudo não abordou sobre a declividade
das encostas marginais ao empreendimento. Apesar de esta localizado num pediplano esculpido
ao longo de muitos anos pelo rio, numa região onde as declividades são naturalmente menores, o
inter-relacionamento entre estes dados com o tipo/potencial erosivo dos solos marginais definirá
uma avaliação mais precisa acerca de possível desencadeamento de impactos erosivos pelo
empreendimento. Assim, sugere-se que o empreendedor adote tal metodologia nesta abordagem,
para uma melhor avaliação deste impacto, principalmente nas áreas próximas a Retiro e São
Salvador e no braço do reservatório localizado no rio Paranã, diagnosticado como áreas mais
problemáticas.
No estudo, não foi apresentada abordagem acerca do assoreamento do reservatório,
principalmente do remanso localizado no braço que engloba o rio Paranã, responsável pela maior
carga transportada. Não se apresentou dados de descarga, de forma que se pudesse avaliar a vida
útil do mesmo. O rio Tocantins apresenta-se barrado em duas localidades a montante do
reservatório de Peixe, o que diminui em muito o aporte de sedimentos. Assim, em função desses
barramentos de montante reterem o sedimento transportado pelo rio, é relevante citar que a
formação de praias marginais no rio Tocantins encontra-se comprometida a este novo reservatório
irá contribuir para redução do aporte de sedimentos nestas praias, o que pode ser considerado um
impacto significativo, tanto cênico, como para as comunidades bióticas que delas se utilizam.
Também não há discussão acerca do aumento da capacidade erosiva da corrente do rio a jusante
do empreendimento.
Quanto aos aspectos pedológicos, a área diretamente afetada pelo empreendimento foi
caracterizada, de acordo coma nova nomenclatura e sistema de classificação proposto pela
Embrapa, por acrescentar latosssolos, cambissolos, neossolos (flúvico, quartzarênico, litólico),
além de áreas de afloramentos de rochas. Cabe ressaltar que cada unidade pedológica foi
apresentada de forma sucinta, tendo sido apresentadas descrições acerca das formas de relevo a
que se associam, além de suas características texturais, físicas e químicas. Diagnóstica a aptidão
agrícola dos solos e o potencial erosivo dos mesmos, ainda que superficial. Por fim, apresenta
mapeamento dos solos, em escala 1:250.000 e 1:100.000, devendo-se destacar que estes mapas
são incongruentes (unidades distintas na mesma localização geográfica). Destaca-se que os solos
não foram caracterizados geotecnicamente, assim como não inter-relacionou tais características
com a declividade dos terrenos associados e com o diagnóstico de elevação do lençol freático.
Em termo hidrográficos, o trecho do rio Tocantins que contribui para o reservatório a ser
formado drena área de 7.600 km2, constituindo-se de uma rede de drenagem de densidade média.
Para determinação do estudo hidrográfico presente no EIA, utilizou três estações fluviométricas
(Peixe, Fazenda Angical, São Félix, São Salvador e Porto Nacional – rio Tocantins; Ponte Paranã,
Paranã e Monte B. do Palma – rio Paranã, Barra do Palma e rio da Palma – rio Palma), com
período de aquisição de dados desde janeiro de 1949 a dezembro de 1998. No que tange a
hidrologia relacionada ao empreendimento em tela, cumpre destacar que não foram apresentados
dados fluviométricos que indiquem a vazão média mensal (de longo termo), vazões mínimas para o
período de estiagem e máximas para o período de cheias, além da vazão permanente em 95% do
tempo. Adicionalmente, não foram apresentados os cálculos realizados para a avaliação do
remanso do reservatório em tempos de recorrência de 10, 25, 50 e 100 anos. Dados históricos não
estão presentes no documento, assim como dados de carga e transporte de sedimentos.
É de se destacar que o rio Tocantins possuía um regime hidrológico muito característico e
bem definido, fato que propiciava picos de hidrograma na época das chuvas, quando das cheias.
Entretanto, após a regularização do rio com a formação do reservatório de Serra da Mesa, o regime
fluvial encontra-se totalmente regularizado.
Em termos hidrogeológicos, apresenta discussão acerca do potencial das unidades
constituintes do sistema hidrogeológico, informando que a área em questão encontra-se inserida no
contexto do sistema de rochas cristalinas pré-Cambrianas (aqüíferos fissurados/manto de
intemperismo). O aquifero fissural possui baixo potencial hídrico, enquanto o das coberturas detrito-
lateríticas (sedimentos cenozóicos, coluvios e aluvios) são caracteristicamente pouco profundos,
com nível d’água bastante variável, ainda que possuam boa capacidade de infiltração. Destaca-se
que em função da baixa profundidade destes aqüíferos, são muito propensos a contaminação,
devendo-se tomar todos os cuidados para evitar a incidência deste impacto. No que tange ao
diagnóstico do nível do lençol freático, apresenta um cadastramento dos poços rasos executados
nas margens do rio Tocantins, informando adicionalmente que existem poços para abastecimento
nas sedes municipais de Peixe, São Salvador e São Valério da Natividade.
Cumpre destacar a necessidade de se propor ao empreendedor à execução de uma
modelamento, a partir dos dados disponíveis e daqueles a serem obtidos do monitoramento do
nível d’água, de forma a se prever a localização de áreas críticas onde o lençol deverá aflorar,
tornando-se alagadas e inutilizáveis, do ponto de vista da aptidão agrícola, ou ainda impróprias a
abrigar edificações, no caso das áreas urbanas. Assim, o modelamento deverá estar alicerçado em
dados provenientes do monitoramento que está sendo proposto, embora o mesmo deva ter sua
metodologia alterada para a implantação de um número maior de piezômetros e poços de inspeção
ao longo de todo o reservatório. Nas prováveis áreas cársticas, esta rede de monitoramento deve
ser mais intensificada, já que podem se constituir de áreas de escape de água, não possibilitando a
estanqueidade do reservatório.
O EIA/RIMA não aborda aspectos relacionados a possíveis fontes de contaminação de
água subterrânea, principalmente aquelas localizadas proximamente às sedes municipais e à vila
do Retiro. Haveria a necessidade de que o empreendedor cadastrasse todas estas fontes, a fim de
intervir nas mesmas anteriormente ao enchimento do reservatório. Outro fator a destacar é que,
tendo em vista que a usina irá operar a fio d’água, deverá haver uma flutuação diária no nível do
reservatório, quando este estiver gerando energia em ponta. Trata-se de um impacto ambiental não
avaliado e que pode influir sensivelmente no ambiente afetado pelo empreendimento. Tendo em
vista que existe população urbana e rural utilizando poços para captação de água e que estes estão
essencialmente localizados em zonas aluvionares/coluvionares que em muitos casos serão
inundadas com a formação do reservatório e em outros casos, estão propensas à contaminação,
existe a necessidade que o empreendedor comprometa-se, de antemão, a adotar providências no
sentido de relocar estas captações (poços), caso os mesmos venham a ser impactados.
No ante-projeto, foram descritos 4 trechos que serão relocados e foi empregado como
critério de projeto o temo de recorrência de cheias de 100 anos, levando-se em consideração o
remanso e a navegação de barcos de pequeno porte.
Os principais trechos a sofrer adaptação são:
trecho 1 – ribeirão das Pedras, tem extensão de 6,6 km passará para 7,7 km;
trecho 2 – Vila do Retiro, com extensão de 800 m será relocado para evitar aterros
elevados e pontes extensas;
trecho 3 – Córrego do Mato, com extensão aproximada de 7,0 km, se desenvolvendo nas
várzeas do córrego e outros afluentes; será quase todo inundado, terá 8,0 km de extensão;
trecho 4 – Córrego Piabanha, com extensão de 600 m será elevado o greide da estrada
existente pois como o contorno de reservatório é extenso seria necessário transpor vários
afluentes.
Faz-se necessário a apresentação do convênio estabelecido entre as
ENERPEIXE/DERTINS. Com relação às atividades desenvolvidas, o IBAMA deverá ser informado
acerca do andamento das mesmas, sendo necessário apresentar planta e descrição das obras e
cronograma. Estas atividades deverão estar prontas antes do enchimento do futuro lago.
Nas ações previstas de recomposição dos acessos das fazendas, este programa deverá
ser complementado com informações acerca do número de propriedades que serão afetadas,
apresentando sua localização em mapa e descrevendo a metodologia de negociação com os
proprietários. Deverá existir um documento assinado pelas partes (proprietário e empresa) selando
o acordo para execução do novo traçado.
Meio Biótico
O Estudo de Impacto Ambiental para avaliação dos impactos sobre o meio biótico na Área
de Influência Indireta (AII) do empreendimento foi feita com base nos dados secundários, obtidos
dos estudos realizados em outras localidades, situadas a montante como estudo de UHE Serra da
Mesa e de Cana Brava. A elaboração do diagnóstico da vegetação coligiu, numa primeira etapa, os
dados secundários de Referência Bibliográficas da tipologias ocorrentes no Cerrado.
A cobertura vegetal foi amostrada utilizando-se do Projeto RADAMBRASIL (1982), mapas
do Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Tocantins (Seplan, 1977) e interpretação de
imagens de satélite TM Landsat, de agosto de 1999.
Os dados de fauna foram obtidos por meio de consultas aos relatórios do Projeto Básico
Ambiental da UHE Lajeado (THEMAG/INVESTCO, 1998), e o Relatório Final da UHE Serra da
Mesa (NATURE, 1996), o que levou a inferência da fauna provável na região de inserção do
empreendimento.
Pautado na análise desses dados bibliográficos foram realizados os estudos de campo na
Área Diretamente Afetada (ADA) e seu entorno imediato, visando complementar as informações
existentes e obter dados da flora e da fauna local. A metodologia utilizada para os estudos está
descrita na apresentação das caracterizações.
Vegetação
Foi realizada a caracterização da Área Diretamente afetada (ADA) e de Influência Indireta
(AII) utilizando-se imagens de satélite, caminhadas, fotografias, por sobrevôo da área e
reconhecimento em campo, realizado no período de 26 a 31/05/00, para a definição das fisionomias
vegetais, e o estabelecimento das áreas e os critérios de amostragens.
No levantamento dos dados fitofisionômicos procedeu-se a coletas para a elaboração da
listagem florística, as quais consistiram em coletas botânicas realizadas em percursos através das
direferentes fitofisionomias: Campos, Cerrados, “strictu senso”, Cerradões, Florestas de Galeria e
Florestas Paludosas. O material botânico foi encaminhado ao Herbário do Instituto de Botânica de
São Paulo, para identificação e incorporação do material fértil.
A metodologia adotada para o estudo quantitativo na ADA e entorno foi a de Pontos
Quadrantes, cujos pontos foram lançados a cada 10 m, seguindo uma linha de caminhamento. Os
critérios de inclusão para as áreas de cerrado foram indivíduos com circunferências de base (20 cm
acima do solo) de 15 cm e, para as áreas de matas com circunferência acima de 30 cm na altura
de peito. Aplicou-se o programa FITOPAC para determinar: densidade, freqüência, similaridade, IVI
e IVC. Foram selecionadas 15 unidades amostrais (blocos) distribuindo-se três unidades para cada
uma das cinco fitofisionomias, sendo que nas áreas de cerrado eram lançados 20 pontos por
blocos e nas áreas de floresta 30 pontos. A descrição da estrutura vegetacional foi realizada para
cada área através dos parâmetros fitossociológico definidos por MUELLER-DOMBOIS &
ELLENBERG (1974) e os índices de diversidade especifica de Shannon-Wiener e equabilidade de
MAGURRAN (1988).
A vegetação predominante da AII é o cerrado “latu sensu”, entremeado por florestas de
galeria típicas em áreas próximas aos cursos d’água, e florestas paludosas nas planícies de
inundação.
As áreas de Lagoas ocorrem em intersítios nos meambros do rio na área de inundação das
cheias. Possui uma flora rica e particular com macrófitas aquáticas submersas (Myriophyllum e
Elodea) e semisubmersas (Nimphacea, Ludwigia aquática e L. setosa) e flutuantes (Eichhomea).
Comentários
Com relação à AII não foram contemplados as sub-bacias do Paranã e Palma com seus
tributários. Não foi apresentada uma justificativa técnica quanto à delimitação da cota 300 m como
ADA mais seu entorno. Assim sendo, deverão ser realizados estudos sobre a influência direta e
indireta dos impactos advindos da implantação da UHE Peixe Angical sobre a biota aquática e
terrestre no ecossistema como um todo. Não foi apresentado um mapa contendo a locação das
áreas onde foram realizadas amostragens de flora.
Fauna
Para a áreas do empreendimento, o estudo apresenta uma riqueza de 479 espécies, sendo
171 peixes, 32 anfíbios, 39 répteis, 185 aves e 52 mamíferos.
Nos itens seguintes, foi abordado cada um dos grupos de vertebrados levantados e foram
descritas considerações referentes às análises apresentadas no escopo do EIA/RIMA apresentado
pelo empreendedor.
Todas as campanhas de campo foram desenvolvidas em época de seca, bem definida para
a região, Não são apresentados dados sobre a fauna de vertebrados ocorrentes na área de
interesse no período chuvoso. Portanto, de imediato, há necessidade de complementação das
informações, exigindo-se a caracterização quali-quantitativa da fauna no período chuvoso.
Foi citada a coleta de um indivíduo utilizando-se arma de fogo (pág. 5.32), entretanto não
foram apresentadas justificativas para o emprego de tal metodologia, bem como descrição do
espécime coletado. Considerando que a metodologia não é usual para a coleta de fauna, além de
não ser um procedimento amparado pela lei. O IBAMA deverá oficializar ao empreendedor a
apresentação de justificativa quanto ao uso de metodologia de captura e exemplares da fauna com
arma de fogo.
1.1. Herpetofauna
Todas as estações de armadilhas, nas três campanhas, foram dispostas dentro ou próxima
da área diretamente afetada (ADA) pelo empreendimento. Portanto, verifica-se que não houve um
delineamento amostral que permitisse uma caracterização representativa da herbetofauna na área
de influência indireta (AII).
Outro fator verificado no presente estudo diz a respeito da quantificação dos dados. NO
escorpo do EIA-RIMA, são apresentados apenas os valores totais de indivíduos coletados nas
campanhas em Peixe e Paranã, não sendo, no entanto, informados os valores específicos para
cada espécie. Já para a terceira campanha (São Salvador), realizada com o intuito de
complementar as informações do EIA-RIMA, a quantidade de indivíduos coletados de cada
espécies é fornecida . A quantificação se faz necessária, pois é considerada de grande importância
para a mensuração dos impactos sobre as populações.
1.2. Avifauna
A avifauna foi caracterizada por meio de contatos visuais, auditivos e captura/coleta com o
uso de redes de neblina (mist nets). Para as duas primeiras campanhas (Paranã e Peixe) foram
listadas 185 espécies de aves. A campanha realizada em São Salvador contribui para o acréscimo
de 24 espécies a lista anterior, totalizando portanto, para a área do empreendimento, uma riqueza
de 209 espécies. O estudo fornece informações referentes à sensibilidade em relação às
interferências no ambiente de ocorrência, bem como à abundância relativa de cada espécie. No
entanto, não são apresentados os valores reais de indivíduos observados/capturados/ coletados ou
contatos obtidos de cada espécie levantada, impossibilitando uma análise mais detalhada da atual
situação da comunidade existente na área. Assim, não houve o emprego de uma metodologia
quantitativa no estudo ou no caso, de ter sido empregada, os resultados não são apresentados.
1.3. Mastofauna
A mastofauna foi caracterizada por meio de abordagem direta, utilizando-se para tanto,
aramadilhas do tipo (live-trap, pit-falls), redes de neblina, arma de fogo e captura/coleta manual.
A fauna de quirópteros, como também indicam os estudos, não foi caracterizada. Sabe-se
que os morcegos são tidos como grandes dispersores de essências nativas, contribuindo para a
regeneração de ambientes florestais ou para recuperação de áreas degradadas. Além disso, os
morcegos atuam como vetores de raiva e desencadeadores de milíase, podendo provocar prejuízo
e pecuária e à saúde humana. Portanto, a caracterização da comunidade de morcegos ocorrentes
na área do empreendimento é de grande importância.
2. Ictiofauna
A ictiofauna é caracterizada para a área diretamente afetada (ADA) tendo domo base
informações quali-quantitativas primárias obtidas em campo e secundárias referentes ao
monitoramento realizado pela Universidade de Tocantins em parcerio com FURNAS. Para a área
de influência indireta (AII), correspondente à bacia hidrográfica diretamente contribuinte, os dados
apresentados referem-se aos estudos realizados para o aproveitamento hidrelétrico de Serra da
Mesa, situado à montante do empreendimento em questão, no rio Tocantins, coletados no período
entre dezembro de 1995 e outubro de 1996.
A diferença entre os esforços de amostragens dos períodos seco e chuvoso não permite a
comparação das diversidades, equitabilidades e riquezas entre esses períodos.
Quanto ao período reprodutivo, foi observada uma maior intensidade no período de cheia,
quando ocorreu a maior freqüência de indivíduos em reprodução ou que já se reproduziram.
Entretanto, ao longo do EIA/RIMA são citadas evidência de várias espécies que apresentam
reprodução na época de estiagem, incluindo algumas espécies migratórias. Assim, são necessários
estudos a respeito dos locais de reprodução ao longo de todo o ano e não somento de outubro a
abril como foi proposto no PBA 12, além do monitoramento contínuo da escada para peixes de
barragem e da ictiofauna dos tributários nas fases de enchimento e operação.
O esforço amostral realizado foi pequena em relação aos impactos que o meio sofrerá.
Devem-se fazer amostragens padronizadas entre os períodos de seca e chuva, com um estudo
mais detalhado nos principais afluentes, visando atender a sazonalidade. Os estudos sobre as
comunidades de peixes e identificação de áreas de desova e criadouros naturais deverão ser
iniciados no primeiro bimestre de 2003.
3. Limnologia
Para o AHE Peixe Angical foram realizadas coletas limonológicas na ADA nos períodos de
estiagem (julho/00) e de chuva (fevereiro/00). A caracterização da AII foi feita através de
informações de localidades situadas apenas a montante do empreendimento, mas especificamente
dados do Rio Tocantins provenientes dos aproveitamentos hidrelétricos de Serra da Mesa e Cana
Brava. Essas amostragens foram realizadas entre maio/95 e outubro/96.
Na avaliação desses impactos não foi mencionada a passagem de ambiente Iótico para
lêntico no lago. Esse evento implicará significativas mudanças nas características físicas e
químicas da água, além da substituição das espécies fitoplanctônicas, perifíticas, zooplanctônicas e
bentônicas por populações melhor adaptadas às novas condições. Também ocorrerá o aumento da
produção primária no sistema. Para os ecossistemas aquáticos os impactos devem ser
considerados de grande magnitude e importância, pois as alterações são responsáveis por
drásticas mudanças em todas as comunidades aquáticas do local.
Além das modificações na composição da ictiofauna, vai ocorrer ainda o isolamento das
populações devido a intransponibilidade da barragem. Devem-se adotas sistemas de transposição
de peixes para mitigar os impactos na reprodução e na migração.
Quanto às variações no nível de água a jusante, sabe-se que estas causam efeitos
negativos na ictiofauna, pois interferem na sincronização entre o fenômeno reprodutivo e o nível do
rio, além de danificar os ovos aderidos na vegetação marginal. No caso específico da AHE de
Peixe, essas variações serão diárias e da ordem de um metro, sendo mais pronunciadas na época
da estiagem.
Comentários
Monitoramento Limnológico
Unidades de Conservação
Convém ressaltar que esse programa deverá ser desenvolvido concomitantemente com os
levantamentos adicionais para complementar a caracterização da vegetação ocorrente na AII.
Deverá contemplar os demais substratos herbáceos, arbóreos e arbustivo, bem como plantas
epífitas.
Deverá ser apresentado previamente ao IBAMA a seleção das áreas para levantamento
complementar da flora, visando a avaliação de sua representatividade. Tais áreas deverão estar
plotadas em mapas topográficos, para melhor detalhamento da cobertura vegetal.
O programa apresenta objetivos que visam reduzir a eutrofização cultural e/ou acidificação
do futuro reservatório em decorrência da decomposição da vegetação submersa, processos estes
que podem levar ao desequilíbrio e colapso na rede alimentar, além da diminuição da vida útil da
turbinas de geração de energia.
Propõe que a limpeza e primordial para eliminar potenciais focos de contaminação das
águas por organismos patogênicos.
As ações de desmatamento devem ser realizadas no sentido das margens do rio para fora,
ou seja, das cotas mais baixas em direção às mais elevadas, como propostos nesse programa.
Esse procedimento possibilita a indução do deslocamento do maior número possível de animais,
reduzindo as densidades populacionais na área a ser alagada e adensamento gradualmente os
remanescentes do entorno do futuro lago ou áreas de soltura.
Durante toda a 1ª fase (construção), deverão ser realizadas coletas quinzenais de todos os
parâmetros de rotina apresentados nesse programa, incluindo análise das comunidades de
fitoplâncton, zooplâncton e bentos, bem como análise de metais pesados. Essa medições
quinzenais são necessárias apenas nos pontos rio Tocantins acima da barragem, rio Tocantins
abaixo da barragem e um ponto extra situado exatamente no rio ao lado do local das obras.
Além disso, foram propostas análises de plâncton, bentos, agrotóxicos e metais pesados
em um número reduzido de pontos de coletas e com menor freqüências em relação às variáveis
físicas e químicas, tanto na fase de construção quanto de enchimento e operação da usina. Não
foram apresentadas as justificativas para a realização desse número reduzido de amostragens.
Nesse programa foram citados 9 pontos de coleta para o monitoramento durante as obras
e após o enchimento. No entanto, não há justificativas para a escolha desses pontos. Uma
alternativa seria a realização de amostragens nos pontos onde serão realizadas as amostragens
limnológicas. Deve-se ainda acrescentar pontos de coleta em tributários dos rios Paranã e
Tocantins.
Quanto ao período reprodutivos, foi observada uma maior intensidade no período de cheia,
quando ocorreu a maior freqüência de indivíduos em reprodução ou que já se reproduziram.
Entretanto, ao longo do EIA/RIMA foram citadas evidências de várias espécies que apresentam
reprodução na época de estiagem, incluindo algumas espécies migratórias. Assim, são necessários
estudos a respeito dos locais de reprodução ao longo de todo o ano e não somente de outubro a
abril como foi proposto no programa ambiental, além do monitoramento contínuo da escada para
peixes na barragem e da ictiofauna dos tributários nas fases de enchimento e operação.
Esse Programa trata de um instrumento de planejamento e gestão dos múltiplos usos das
águas e do solo nessa região, tendo características de um documento técnico, de natureza
multidisciplinar, orientado para uma abordagem ampla de todas as questões pertinente. Estabelece
diretrizes e proposições de ações que assegurem a preservação dos recursos naturais, bem como
articulação das políticas de desenvolvimento sustentável e de gestão descentralizada e participativa
dos recursos hídricos.
Convém destacar que o desenvolvimento desse programa visa, necessariamente, atender
às determinações do CONAMA, respeitando-se a Resolução 302/02, que dispõe sobre os
parâmetros, definições de limites das Áreas de Preservação Permanente e regimes de uso e
ocupação do entorno de reservatórios artificiais.
Meio Sócio-Econômico
Os mapas apresentados localizado estas áreas não permitem visualizar com clareza a ADA
com relação a cota indicada. Conseqüentemente não é possível identificar a área estudada para a
elaboração do diagnóstico.
Também não foram definidos os critérios utilizados para a delimitação desta áreas,
principalmente da ADA. A Vila do Retiro, destrito do município de São Salvador e a área urbana
deste município não são consideradas em sua totalidade áreas diretamente afetadas, mesmo
sofrendo todo o processo de mudança social e cultural com a formação do reservatório. Infere-se
para esta foram consideradas tão somente as áreas desapropriadas, canteiro de obras e
reservatório (conforme definições no item II-análise-AI, pág deste parecer).
É importante observar que as sedes municipais de Peixe e São Valério também deveriam
estar consideradas na ADA, pois receberão impactos diretos decorrentes da implantação do
empreendimento, tais como aumento populacional com pressão nos serviços sociais e
equipamentos de infra-estrutura.
No que concerne a AII os estudos foram feitos com base em dados secundários,
complementados com levantamentos de campo. Não foram apresentados descrições destes
levantamentos ou informações sobre a metodologia empregada.
Quanto ao uso e ocupação do solo, o estudo verificou que a principal ocupação na AII é
agropecuária, notadamente a criação extensivas de bovinos. As áreas dedicadas à agricultura
correspondem a menos de 1% da área destinada à agropecuária. O predomínio na região é de
grandes propriedades (latifúndios). A maior parte da área de lavoura refere-se a culturas
temporárias com destaque para a produção comercial de arroz e milho, além de culturas de
subsistência.
Para os municípios que terão perda significativa de território, verifica-se uma predominância
de pequenos imóveis rurais no município de São Salvador, enquanto no município de Paranã existe
um maior número de grandes imóveis (EIA pág 2-12). Praticamente inexiste atividade industrial na
região afetada, executando-se Gurupi.
No que tange ao potencial turístico da região, verificou-se que os núcleos urbanos e Peixe
e Paranã contam com testemunhos do período colonial. Em Peixe existe a proximidade de praia
fluvial, privatizada, com 3 km2 de areia branca onde se pratica pesca, canoagem e campismo.
Ainda em Peixe, voltado para o ecoturismo, existe uma praia, local de desova de
tartarugas, distante 15 minutos de barco, bem como o arquipélogo do Tropeço, formado por 366
ilhas no rio Tocantins.
No município de Paranã existem praias naturais no rio Paranã, bem como fontes terminais
na encosta da Serra da Caldas (de difícil acesso e distante 42 km. da sede municipal.). As praias
mencionadas contam com infra-estrutura temporária na estação turística enquanto que em São
Salvador do Tocantins a Praia da Liberdade praticamente não consta com estrutura, servindo
basicamente ao lazer dos moradores locais.
O estudo considera que as condições da infra-estrutura turística são bastante precárias em
toda região da AII, devido à falta de acessos viários de qualidade, alternativas de hospedagem,
mão-de-obra treinada e condições sanitárias.
Em nenhum dos municípios da AII existe sistema de esgotos em operação, sendo que
Peixe dispõe de um sistema instalado, o qual não está operando por falta de estação de tratamento
cuja implantação não tem data prevista.
Em São Salvador e São Valério, a captação também é feita em poços e sem tratamento,
atendendo, respectivamente, a 300 e 630 ligações. Em Paranã, a água para abastecimento público
é feita no rio Palma, com estação de tratamento tradicional e aproximadamente 860 ligações.
Entretanto, estes fatores negativos podem ser reduzidos com o aumento verificado no
número de crianças freqüentando escolas dos municípios em questão.
Quanto aos estudos relativos à ADA, foram realizados com base em pesquisas efetuadas
diretamente no campo objetivando a caracterização da população afetada, os estabelecimentos
existentes e as atividades neles desenvolvidas. Esta pesquisa foi realizada com a aplicação de
questionários junto às populações afetadas, entretanto não foi descrita em termo que possibilitem
uma avaliação da metodologia e da representatividade de amostragem, seja quanto às atividades
econômicas ou quanto às características sociais ou educacionais dos entrevistados. Também não
foram apresentadas cópias dos questionários aplicados.
A formação do reservatório afetará parte das áreas urbanas de Paranã e São Salvador,
utilizadas basicamente para fins residenciais, afetando 131 propriedades e 56 famílias residentes.
Serão afetadas ainda 18 edificações institucionais nas áreas rurais e 2 nas áreas urbanas,
incluindo-se 13 cemitérios simples, 2 escolas municipais, 1 igreja católica e 1 estação pluviométrica
de Furnas. Cabe observar que estes dados conflitam com os apresentados no PBA 28 que trata de
Recomposição dos Serviços Sociais.
Não foram mencionados no diagnóstico atividades de pesca nem na ADA nem na AII,
sendo entretanto regular o uso do Rio Tocantins pela população urbana para coleta de água,
lavagem de roupa e lazer.
Um projeto do porto da UHE de Peixe em uma região com baixos índices de densidade
demográfica e reduzido desenvolvimento econômico apresenta relevantes impactos sócio-
econômicos que transcendem o período de sua implantação. A região estudada (AII), trata-se de
uma das mais pobres do país, sendo que a população rural da área de influência constitui-se a
partir de grupos étnicos diferenciados e que tiveram em comum uma situação sócio-econômica
extremamente desfavorável. As atividades predominantes de trabalho rural estão relacionadas à
agricultura de subsistência, especialmente milho e feijão e pequenos serviços prestados, assim
como à pecuária extensiva.
Neste aspecto, o diagnóstico foi bastante superficial, não apenas deixando de indicar as
metodologias utilizadas como também não apresentados os questionários, tabelas e resultados dos
entrevistas realizadas.
Também não foram apresentadas estudos relativos aos aspectos culturais da intensa
relação da população local com rio. Em todo o diagnóstico, esta relação e apenas mencionada em
um parágrafo. Não obstante, de um modo geral, o rio Tocantins vem sendo tradicionalmente
utilizado pela população local para abastecimento, lavagem de roupas, pesca, bem como atividade
de lazer e dessedentação de animais domésticos. Estudos recentes indicam que a pesca artesanal
no rio Tocantins é importante fonte de complementação alimentar.
Além disso, não foram consideradas as expectativas da comunidade com relação à
mudança do uso do rio em relação, aos seus modos de vida tradicionais. Assim, de alguma forma a
avaliação dos impactos ficou prejudicada.
É importante observar que foram citadas como áreas urbanas diretamente afetadas apenas
parte da vila do Retiro, parte da sede do município de São Salvador e a orla de Paranã. No entanto,
durante sobrevôo de vistoria, foi identificada uma vila, ou povoado, na margem esquerda do rio
Paranã (do lado oposto à cidade de Paranã, próxima a esta). Este local não é mencionado no
diagnóstico, mesmo estando provavelmente dentro da cota 270 m.
Cabe reforçar que os mapas apresentados, com as áreas urbanas afetadas, não
identificaram a cota 270 m limite para os estudos da ADA, fato que prejudica o entendimento da
sua abrangência, principalmente no que se refere a esta vila próxima a Paranã.
Por meio destes mapas também foi possível identificar a existência de uma lagoa na vila do
Retiro, próxima ao rio Tocantins, a qual não é mencionada no diagnóstico. Devido a proximidade da
vila,é possível haver a sua utilização pela população local para pesca e outros usos.
esperada urbana
Natividade
Também foi superficial o diagnóstico das condições sanitárias da região, não mencionadas
a existência prévia de epidemias de malária, febre amarela e doença de Chagas, e a possibilidade
de usa propagação, por se tratar de região endêmica e onde ocorrerão fluxos populacionais aliados
à transformação drástica do meio ambiente.
Interferência com atividades econômicas rurais e urbanas com perdas de terras pela
formação de reservatório (-)
Redução do número de empregos e da massa salarial após a conclusão das obras (-)
É sabido que os empregados diretos serão ocupados por operários treinados e com
experiência em barragens, profissionais estes que virão de fora. A avaliação considera como
empregos disponíveis para a população local apenas os indiretos.
Ainda quanto às alterações nos “Modos de Vida”, não foi mencionado ou avaliado o
impacto cultural da perda do contato cotidiano com o rio das populações rurais e urbanas,no que
concerne aos seus hábitos de higiene, lazer, abastecimento e alimentação.
Quanto aos impactos positivos, são listados apenas quatro, dentre os vinte, sendo três
relacionados ao aumento de arrecadação pública. Todavia o estudo não quantifica este possível
aumento.
Este programa tem como objetivo indicar aos empreendedor as ações a serem realizadas
para a aquisição de 30.370 há afetados pela formação do reservatório e 4.134 há necessários à
instalação do canteiro. As ações mencionadas são: Esclarecimento aos Proprietários; Demarcação
Topográfica; Avaliação de terras e Benfeitorias e Aquisição de Imóveis.
Deve-se considerar que a ação de Esclarecimento aos Proprietários não esta contemplada
no Programa de Educação Ambiental. Este PBA apenas menciona o Programa de Comunicação
Social como meio de esclarecimento. Dessa forma este item deverá ser reformulado para que
cumpra o seu objetivo.
2. Programa de Adequação da Infra-estrutura Social
Este programa tem por fim adequar a infra-estrutura existente às pressões decorrentes do
dimensionamento da demanda de serviços e seus impactos, o que torna os planos de ação não
indiretos da obra não permite prever com clareza a totalidade dos impactos. Como exemplo,
podemos citar a previsão de aumento das vagas necessárias em escola, prevista neste PBA em
um total de 660 no pico das obras em toda a AII. Neste momento, a prefeitura de Peixe já acusa
um aumento 700 alunos somente naquele município, ocasionando sérios problemas estruturais e
a. Abastecimento de Água:
b. Lixo:
c. Habilitação
d. Segurança Pública
e. Educação
população urbana afetada dos municípios de Paranã (7), São Salvador do Tocantins (14) e do
distrito de São Salvador, a vila do Retiro (34); adequar de forma visual e funcional as áreas urbanas
Tratamento para atenderem às 55 famílias distribuídas nos 130 lotes afetados (população 227)
pessoas).
O Grupo dos Proprietários não Residentes, o programa estabeleceu como única opção a
compra do imóvel pelo valor de mercado. São 79 imóveis nesta condição sendo 51 em Paranã, 13
famílias poderão ser remanejadas para lotes vagos ou loteamento novo na área urbana. A
dimenção dos lotes obedecerá ao padrão da prefeitura e caso o anterior tenha dimensões maiores,
o proprietário receberá a diferença. A casa a ser construída deverá ser em alvenaria, com telha de
barro e piso de cimento queimado com 54m2 para famílias de 4 e 5 pessoas, quando os filhos são
do mesmo sexo. Para famílias mais numerosas, deverá seguir a proporção de 3 filhos por quarto.
E finalmente o Grupo dos Moradores não proprietários. Este foi dividido em dois, sendo o
primeiro o dos locatários (5 famílias) que receberão uma indenização equivalente a três meses de
aluguel tendo como referencia o imóvel que residia. O segundo, o dos parentes, agregados e
empregados serão relocados para residências de padrão similares às utilizadas nos programas
sociais existentes no município em que residem. Também podem receber uma carta de crédito no
Identificação dos grupos por trabalhamento; Seleção e Aquisição das Áreas; Elaboração e
De acordo com o relatório de andamento dos PBA´s, foram realizados contatos com a
população a ser relocada e considerar a necessária melhoria dessa condição, caso ela seja
precária. Deverá ser apresentado o projeto arquitetônico das residências dos programas sociais.
adequar de forma visual e funcional as áreas urbanas afetadas pelo reservatório, mantendo as
condições de acesso e interesse público, criando condições físicas de proteção aos lotes
física das áreas afetadas (levantamento topográfico e da infra-estrutura); Elaboração dos projetos
paisagístico e urbanístico.
Vila. Para tanto, a articulação com a SANEATINS e a prefeitura de São Salvador é a primeira ação.
Apesar de informar no escopo do subprograma que a SANEATINS possui um projeto de
saneamento para esta área, sem levar em consideração do empreendimento e que um poço
agosto de 2002, não consta nenhuma ação realizada ou emergencial com relação a este problema.
a serem dados aos grupos de atingidos. Serão afetadas 204 estabelecimentos rurais, sendo que
destes 78 possuem famílias residentes. Nos 126 restantes abrigam-se 224 famílias.
economicamente viáveis. Dessa forma os proprietários de terras com mais de 80 hectares (39
remanescente, caso este seja economicamente viável. Os proprietários de áreas menores que 80
hectares (19 famílias) poderão optar por reassentamento coletivo ou individual, indenização total,
próximo a área urbana) ou perirurais (próximo a assentamentos rurais) em lotes de 04 há, carta de
coletivo deve estender-se para este grupo de atingidos por estarem perdendo a moradia e muitos o
emprego, alterando assim o modo de vida já estabelecido. Dessa forma, devem ter o devido
tratamento para que possam se estabilizar e não criar mais um problema social para esta região.
Também o tamanho dos lotes (15 e 04 hectares) não parece adequado, por se tratarem de terras
pouco produtivas (solos com baixa fertilidade e pedregosos) onde a pecuária predomina.
Estabelece ainda como ações: Delimitação da área afetada; Atualização do cadastro;
dos grupos de tratamento; Elaboração dos projetos e mudanças das famílias; Apoio social e
atingida, bem como a necessidade de estabelecer programa de Educação Ambiental que seja
esclarecedor dos impactos decorrentes do empreendimento assim como dos direitos dos atingidos.
Este programa tem por finalidade verificar se a qualidade de vida da população atingida foi
melhorada ou, pelo menos, manteve-se em condição igual àquela anterior ao empreendimento.
relocada devido ao empreendimento, excluindo as famílias que optarem por indenização pecuniária
ou auto-reassentamento.
No entanto, deverá ser feito também o monitoramento da população residente na AII, para
Este programa descreve as ações para a recomposição das praias de São Salvador do
Tocantins e Paranã, as quais deverão ter dimensões semelhantes as atuais e “deverão na medida
lazer”. As novas praias deverão estar localizadas dentro ou próximas do perímetro urbano.
sobre a praia de Peixe, a serem negociadas com a Prefeitura de Peixe. Entretanto as ações
propostas de monitoramento e sinalização do nível de água e acessos de embarcações foram
peixe solicita como medida mitigadora à flutuação dos níveis da água a implantação de uma praia
artificial.
mão de obra. A implementação desta ação poderá mitigar os impactos econômicos e culturais
negativos do empreendimento.
Ações deste PBA deverão ser negociadas com as três prefeituras envolvidas.
De acordo como projeto apresentado esse Programa deverá garantir o atendimento aos
vigilância e controle da saúde pública. Para tanto foi sub-dividido em quatro sub-programas: 1-
(incorporado ao PBA – 27); 2- Atendimento à população dos municípios de Peixe e São Valério; 3 –
Esse projeto deverá ser readequado considerando que as estimativas sobre a população
atraída foi subestimada e os impactos já são hoje maiores que os previstos. A manifestação
como ações: entendimentos com a secretaria Estadual e as municipais de saúde, auxílio financeiro
epidemiológica.
influência do AHE. Peixe Angical este deverá ser aprovado pela FUNASA de acordo co o
deverão ser adequados e reforçados. Deverá ser encaminhado um relatório das ações de
desmatamentos e alterações nos corpos hídricos vem ocorrendo desde maio do corrente ano.
Este PBA 22 Também não prevê como ação, em nenhum dos seus sub-programas, a
nas AII e ADA sobre cuidados contra contaminação e como evitar proliferação de doenças e
vetores. Os PBA’s de Educação Ambiental e Comunicação Social que poderiam esta fazendo este
e acompanhadas pelo IPHAN que emitiu portaria em 18/10/2001. Os trabalhos de resgate vem
sendo realizados na área do canteiro de obras e na ilha da Paz. O empreendedor deverá
Quanto ao Resgate do Patrimônio Histórico, este também deverá ser aprovado pelo IPHAN
Este programa define como objetivo propiciar, por meio de ações pedalógicas, a
propostas para mitigar estes impactos. Diz ainda que deverá contribuir para outros programas que
desmatamentos.
não está de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Coordenação Geral de Educação
necessários à participação nas decisões que afetem sua qualidade de vida. Tais elementos seriam
necessários para, entre outros, que a população possa participar de maneira mais consciente na
Este Programa foi submetido à análise da Coordenação Geral e Educação Ambiental que
emitindo o Parecer Nº16/2002-CGEAM/DIGET, concluiu pela sua reformulação que deverá ocorrer
Ambiental.
empreendimento.
Para atingir estes objetivos, o programa pretende utilizar recursos “mediáticos” como rádio,
televisão e jornais, além de material impresso de divulgação. O público alvo seriam a população
local, entidades civis que poderiam intervir no processo (sindicatos, movimento dos atingidos por
Tal como se apresenta, este programa constitui-se apenas como um plano de Relações
O projeto foi elaborado a partir de entrevistas de campo em número muito pequeno (100
questionários, sendo 55 em área rural e 45 em área urbana) e sem definir quais os critérios de
amostragem.
O programa não aborda questões relevantes como os impactos sociais dos fluxos
migracionais, tais como o aumento da violência, prostituição e problemas sanitários. Também não
aborda a questão das doenças infecto contagiosas que poderão ser propagar na região (tais como
AIDS, malária e doença de Chagas), seja em decorrência do aumento populacional como advindo
das alterações causadas nos meios físico e biológicos como o enchimento do reservatório.
Este PBA tem por objetivos recompor a infra-estrutura social a ser afetada pelo
serviço.
responsáveis pelos serviços para que leis, diretrizes e orientações sejam obtidas e assim o projeto
IV – CONCLUSÃO
resultados da vistoria técnica, o empreendimento denominado UHE Peixe Angical pode ter a
continuidade de sua implantação autorizada desde que seja conduzida respeitando preceitos
negativos.
Assim, tendo em vista o fato de que não mais de discute a viabilidade ambiental da
longo deste parecer, entende-se serem necessárias reformulações dos Programas Ambientais
em 20 de setembro do corrente ano, destaca-se que a equipe responsável por sua confecção não
Cabe ressaltar ainda a necessidade de que a ENERPEIXE protocole uma cópia dos
Dessa forma, considera-se necessário que a Licença de Instalação a ser concedida pelo
ambientais:
3. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, detalhamento geológico geotécnico dos materiais
aflorantes da área de implantação das obras civis (barragem, túneis de adução, casa de força,
Encostas Marginais, onde deverá propor ainda, ações/soluções técnicas e corretivas para
ao longo de todo o reservatório, em especial nas áreas cársticas, além daqueles propostos
areia e argila que operam na área do reservatório, mantendo sempre atualizada a listagem dos
dias, indicando as metas, plantas, pontos de monitoramento a jusante e montante dos efluentes
10. Apresentar, em um prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, caderno resumo detalhado do projeto
obras.ç
11. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, a seleção dos locais para os levantamentos
12. Realizar estudos de caracterização da flora e fauna existente nas áreas de possível soltura.
13. Indicar e quantificar as espécies bioindicadoras, bem como os critérios utilizados para a sua
determinação;
14. Apresentar Inventário Florestal, para subsidiar a análise da respectiva Autorização Supressão
da Vegetação.
15. Atualizar, num prazo de 60 (sessenta) dias, a caracterização da vegetação de acordo com
16. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, listagens dos levantamentos de flora, fauna e
material biológico.
17. Licenciar-se, junto ao Ibama, para proceder resgate de fauna e coleta de material biológico
(flora e germoplasma).
seguintes aspectos:
ameaçadas de extinção, para espécies novas, ou ainda não descritas, e em especial para
incluir pontos de amostragens nos principais afluentes dos rios Tocantins e Paranã para os
rotina, incluindo análise das comunidades de fitoplânton, zooplâncton, bentos e análise dos
pontos rio Tocantins acima e abaixo da barragem e um ponto extra situado nas
proximidades de obras;
de amostragem citados no programa ambiental, além dos novos pontos que serão
aspectos:
limnológicos, além dos principais tributários dos rios Tocantins e Paranã e em todas as
22. Detalhar, num prazo máximo de 90 (noventa) dias, Programa de Compensação Ambiental, de
23. Apresentar o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório, num prazo
24. Reformular o Programa de Relocação Rural referente às famílias de não proprietários atingidos
25. Apresentar estudos complementares sobre a vila Espírito Santo, localizada próxima a cidade de
medidas mitigadoras.
sanitária.
27. Apresentar complementação ao Programa de Relocação Urbana, detalhando as condições de
29. Relocação o Programa de Educação Ambiental, que deverá basear-se no Termo de Referência
esclarecimentos sobre saúde, pública, comportamento social e outros temas que possam
31. Encaminhar ao IBAMA, no prazo máximo de 15 dias, cópia da Portaria do IPHAN que autoriza
33. Reformular o Programa de Recomposição das áreas de Turismo e Lazer, notadamente para a
34. Apresentar programa de mitigação dos impactos a serem gerados pelo desaquecimento da
atingida.
À consideração superior,