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Curso Agente e Escrivão Polícia Federal

Disciplina: Direito Administrativo


Prof. Fabrício Bolzan
Aula n.º 03

MATERIAL DE APOIO – MONITORIA

Índice

1. Artigos Correlatos
1.1 Duas questões referentes ao julgamento do processo administrativo disciplinar
1.2 O poder de polícia no estado democrático de direito. Discricionariedade e limites.
2. Leia!!!
2.3 O poder disciplinar admite delegação?
3. Simulados

1. ARTIGO CORRELATO

1.1 DUAS QUESTÕES REFERENTES AO JULGAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCI-


PLINAR

Autor: Antonio Carlos Alencar Carvalho. Procurador do Distrito Federal. Especialista em Direito Público e
Advocacia Pública pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Advogado em Brasília (DF).

Data: 02.2010.

Palavras-chave: Lei federal n. 8.112/1990. Art. 167, § 4º. Exegese. Processo administrativo disciplinar.
Julgamento condenatório de servidor não indiciado anteriormente. Impossibilidade. Apenação de servidor
outrora indiciado mas a cujo respeito o relatório da comissão processante propõe a absolvição. Possibili-
dade.

Resumo: O artigo discute as medidas cabíveis diante das duas hipóteses: quando a autoridade julgadora
entende pela condenação do acusado ainda não indiciado anteriormente ou contra quem foi lavrada indi-
ciação mas, no relatório, o colegiado processante pugna pela isenção de responsabilidade.

A Questão da possibilidade de punição de servidor acusado originariamente nos autos, não in-
diciado pela comissão processante ou considerado inocente pelo conselho disciplinar no relató-
rio, após cotejadas as razões de defesa oferecidas em resposta ao ato de indiciação

A Lei n. 8.112/1990 estabelece que o julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando este con-
trariar as provas dos autos (art. 168, caput), caso em que a autoridade julgadora poderá, motivadamen-
te, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade (art. 168, par.
único).

O regime jurídico do funcionalismo federal alberga o princípio da objetividade na decisão do processo ad-
ministrativo disciplinar: o ato decisório final deverá embasar-se no conjunto probatório coletado ao longo
de toda a instrução processual, como capitula a Lei Federal 9.784/99 (dispõe sobre o processo

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administrativo da União) ao dispor que os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação
do relatório e da decisão (art. 38, § 1º), a fim de que a autoridade ou órgão julgador não julgue segundo
critérios ou impressões pessoais, discricionários e inescrutáveis, de modo inteiramente alheio aos fatos
presentes nos autos.

Ao contrário, o escopo legal é que seja respeitado o acervo fático-probatório efetivamente comprovado no
feito quando do julgamento, com o escopo de evitar arbitrariedade no ato decisório acerca da absolvição
ou punição do acusado, máxime por força do princípio da motivação dos atos da Administração Pública
(art. 2º, caput, c.c. art. 50, II, da Lei Federal 9.784/99), haja vista a obrigatoriedade de indicação dos
pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão (art. 2º, par. único, VII, L. 9.784/99).

Por conseguinte, é certo que a autoridade julgadora poderá discordar do teor do relatório da comissão
processante quando esse, a despeito do elevado valor da opinião dos membros do conselho que colheram
as provas, receberam e apreciaram a defesa do acusado, colidir com o conjunto probatório, seja para de-
cidir pela absolvição, enquanto o colegiado disciplinar propõe a punição, ou vice-versa, inclusive para o
fim de aplicar penalidade mais branda ou mais severa do que aquela sugerida pelo conselho instrutor.

Pontificou o Superior Tribunal de Justiça:

O artigo 168 da Lei n. 8.112/1990 permite que a autoridade julgadora discorde, motivadamente, do rela-
tório apresentado, desde que a conclusão lançada não guarde sintonia com as provas angariadas aos au-
tos. Na hipótese dos autos, foi o que ocorreu. [01]

Duas hipóteses especiais merecem consideração: 1) quando a autoridade julgadora, segundo sua correta
apreciação do conjunto probatório e dos fatos apurados, pretende punir o funcionário processado, diver-
gindo da trinca disciplinar, a qual anteriormente considerou o servidor culpado, indiciando-o, mas, depois
de apreciar as razões e provas carreadas com a defesa escrita final, pugnou, no relatório, pela absolvição,
por considerar, a seu ver, supostamente evidenciada a inocência ou excusada a falta disciplinar.

Nesse caso, parece que reside uma certa incompletude na Lei n. 8.112/1990, a qual previu, sim, a possi-
bilidade de o relatório ser lavrado pela inocência do servidor processado (art, 165, § 1º) e de a autoridade
julgadora dever determinar o arquivamento do feito nessa hipótese, salvo quando contrariada a prova dos
autos (art. 167, § 4º, acrescentado pela Lei 9.527/97), mas aponta as seguintes medidas a cargo do ór-
gão ou autoridade julgadora: "Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autorida-
de julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
responsabilidade" (art. 168, par. único, Lei n. 8.112/1990), o que não compreende o caso de a autoridade
punir quando a comissão propôs a absolvição. Quid juris?

Afigura-se que o § 4º do art. 167 da Lei n. 8.112/1990, acrescentado pela Lei 9.527/97, quis solucionar a
lacuna deixada pela redação original do regime disciplinar dos servidores públicos federais, haja vista que
dispôs sobre a obrigatoriedade do arquivamento do feito pela autoridade julgadora, quando a comissão
tenha corretamente proposto a absolvição de acordo com a prova dos autos, de modo que, numa inter-
pretação a contrario sensu, o julgador poderá decidir pela punição do indiciado quando o colegiado disci-
plinar tenha opinado pela inocência do funcionário descabidamente, em afronta ao conjunto probatório
coletado.

Se não fosse assim, seria ineficaz a parte final do dispositivo legal em comento: "Reconhecida pela comis-
são a inocência do servidor, a autoridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento, sal-
vo se flagrantemente contrária à prova dos autos" (art. 167, § 4º, Lei n. 8.112/1990, incluído pela Lei n.
9.527, de 10.12.1997).

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Segundo a hermenêutica do direito, as normas jurídicas devem ser interpretadas de forma que sejam vá-
lidas, eficazes, preferindo-se a exegese que lhes dê eficácia à que lhas negue, ao mesmo tempo de modo
que seja alcançado o seu desiderato, viabilizado o seu propósito, e não negado.

É de Carlos Maximiliano a lição: "Prefira-se a inteligência dos textos que torne viável o seu objetivo, ao
invés da que os reduza à inutilidade" [02]. O mesmo jurista ajunta: "Não se presumem, na lei, palavras
inúteis. Literalmente, devem-se compreender as palavras como tendo alguma eficácia [...] interpretem-se
as disposições de modo que não pareça haver palavras supérfluas e sem força operativa." [03]

Se a autoridade administrativa não está obrigada a arquivar o processo disciplinar quando o relatório da
comissão, exarado pela inocência do acusado, contrariar a prova dos autos, como dita o art. 167, § 4º,
fine, da Lei n. 8.112/1990, conclui-se que o preceito legislativo defere ao julgador, nessa hipótese, o po-
der de decidir o feito no sentido da responsabilidade do indiciado, aplicando-lhe a penalidade cabível, de-
vidamente motivada.

Uma vez concedido um fim, compreendem-se autorizados os meios necessários para sua consecução,
como anota o imortal Carlos Maximiliano: "Quando a lei faculta, ou prescreve um fim, presumem-se auto-
rizados os meios necessários para o conseguir, contanto que sejam justos e honestos." [04]

Se é possível que o servidor venha a ser punido ainda que a comissão processante tenha pugnado, no
relatório, pela inocência do acusado, como deflui da exegese do texto da Lei n. 8.112/1990, o questiona-
mento decorrente é se a medida merece alguma outra censura, como implicar-se algum cerceamento de
defesa.

A resposta negativa parece impor-se. Com efeito, se regularmente consumada a indiciação na forma de
lei, com a descrição pormenorizada da falta disciplinar e dos fatos e provas que lhe davam suporte, citado
o acusado e a ele deferido o prazo legal para defesa contra o libelo indiciatório, o fato de o trio disciplinar
ter recomendado, no relatório, a absolvição não pode ter o condão de obstar o julgamento da autoridade
competente, motivado na prova dos autos, no sentido da devida apenação.

Se o acusado já teve a oportunidade de conhecer o teor das imputações pelas quais veio a ser condenado,
além de tomar parte ou requerer a produção das provas pertinentes ao direito de agir ou contra-agir pro-
cessualmente em torno dos consentâneos fatos, se foram articuladas as acusações na indiciação e indica-
do suficientemente o seu lastro probatório, também oferecida defesa escrita pelo funcionário, seu procu-
rador eleito ou pelo defensor dativo designado pela Administração Pública, não se revela afronta à garan-
tia do contraditório e da ampla defesa o exercício do livre convencimento da autoridade julgadora, com
respaldo na prova coletada nos autos, em decidir pela culpabilidade do servidor, contrariando o parecer
absolutório expresso no relatório do colegiado processante.

A ressalva seria, porém, se a autoridade julgadora embasasse seu julgamento em provas colhidas de for-
ma unilateral, sem respeito à garantia de presença e participação do acusado, com cerceamento de defe-
sa patente nesse caso. Também ocorre vício se o ato decisório invoca fatos desconhecidos dos autos ou
acerca dos quais o indiciado não tomou conhecimento outrora, nem foram objeto de qualquer acusação
anterior, que é a hipótese segunda, tratada a seguir.

E o que fazer, então, no caso de o servidor não ter sido sequer indiciado nos autos, por ser considerado
inocente pela comissão processante, enquanto outros acusados foram julgados culpados e devidamente
indiciados, mas a autoridade julgadora, discordando da trinca instrutora, considera que o primeiro acusa-
do, precocemente tido como inculpável pelo conselho disciplinar, deveria ter sido alvo de indiciação, por-
que as provas colhidas nos autos indicariam sua responsabilidade pelo cometimento de transgressão fun-

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cional?

Em suma, servidor não indiciado pode ser sumariamente punido quando a autoridade administrativa com
competência para o julgamento reputa que o trio processante deixou de acusar e indiciar o funcionário de
forma indevida, afrontando o conjunto probatório reunido no feito?

Sobre a matéria elaboramos duas súmulas em nosso Manual de Processo Administrativo Disciplinar e Sin-
dicância [05]:
36) "Na hipótese de proposta, por parte da comissão processante, no sentido da absolvição
sumária de servidor que não foi anteriormente indiciado nos autos do processo administrativo
disciplinar, configura cerceamento de defesa o julgamento condenatório, se a autoridade ad-
ministrativa pune o servidor por fatos e acusações sobre os quais não houve ciência nem opor-
tunidade de resposta pelo acusado."
Precedente da Procuradoria-Geral do Distrito Federal. Entendimento nosso, sufragado nos originais do
livro Manual de processo administrativo disciplinar e sindicância: à luz da jurisprudência dos tribunais e da
casuística da Administração Pública, em edição na Editora Brasília Jurídica para 2007.
37) "Deve ser nomeada nova comissão para exercer a competência acusatória na hipótese de a
autoridade julgadora discordar da proposta de absolvição de acusado não indiciado anterior-
mente nos autos do processo administrativo disciplinar, por ser incompatível o exercício cumu-
lativo das funções de acusar e julgar pelo órgão decisor, em face do pressuposto da imparciali-
dade."
Precedentes da Procuradoria-Geral do Distrito Federal (Processo/DF nº 080.029.647/2003). Trata-se de
analogia com o disposto no art. 28, do Código de Processo Penal.

Não resta dúvida de que a comissão processante pode recomendar a absolvição do único acusado ou de
apenas um ou alguns dos diversos acusados, por considerar a inocência do servidor, a ponto mesmo de
deixar de elaborar a indiciação de um dos funcionários processados, mas acusando outros e pugnando
pela respectiva punição destes no relatório final.

Pode a autoridade julgadora, entendendo que o conselho incorreu em error in procedendo quando deixou
de indiciar um ou alguns dos acusados, aplicar, de forma motivada, punição ao servidor considerado cul-
pado à luz do conjunto probatório coletado, apesar de nem sequer indiciado pelo trio disciplinar?

Parece que medida dessa natureza implicaria inequívoco cerceamento de defesa, haja vista que o sistema
da Lei n. 8.112/1990 exige que sejam arroladas, de forma articulada, minuciosa e com alusão às provas e
fatos dos autos que lhes dão amparo, as acusações contra o servidor, como é expresso no caput do seu
art. 161: "Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a especificação
dos fatos a ele imputados e das respectivas provas." A mesma regra se aplica ao relatório final da comis-
são.

Ora, o evidente escopo legal é de proporcionar ao processado o claro conhecimento do suporte fático e
probatório das infrações que lhe são atribuídas para que possa, eficazmente, exercer seu direito de defe-
sa, contrapondo argumentos e razões ou propondo, se necessárias, contraprovas, quando não lhe conve-
nha suscitar uma nova ou diversa interpretação do mesmo conjunto probatório.

A Lei n. 8.112/1990 não anteviu uma hipótese como tal, visto que admite que a autoridade decida em
caráter diverso do proposto no relatório final da comissão, quando este contrariar as provas dos autos,
todavia para o fim de agravamento da penalidade proposta, abrandamento ou absolvição do servidor (art.
168, par. único). Mas não cogitou do caso de a comissão nem sequer indiciar o acusado, for-

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mulando relatório pela isenção de responsabilidade, ao passo que a autoridade julgadora decida aplicar
penalidade.

Não se poderia admitir que o funcionário viesse a ser punido sem ter anteriormente tido a possibilidade de
rebater as acusações e respectivos fatos e provas que as apóiam, o que ocorreria se ele, que nem sequer
foi indiciado, fosse penalizado quando do julgamento do processo pela autoridade julgadora. Sem dúvida
que haveria aí cerceamento de defesa.

Calha, no particular, a lição de Romeu Felipe Bacellar Filho, o qual adverte que o julgamento do processo
administrativo disciplinar não poderá exceder os limites da acusação e das questões efetivamente debati-
das pelas partes, levando em conta as provas produzidas, num procedimento em que o acusado tenha
tido real oportunidade de participar. [06]

Não somente isso, mas todo o sistema estabelecido no estatuto disciplinar do funcionalismo federal resta-
ria violado, pois que a Lei n. 8.112/1990 reparte a competência para coleta de provas e para acusar ao
colegiado disciplinar (arts. 161 a 166), enquanto a de julgar é deferida a uma autoridade ou órgão impar-
cial, que aprecia, motivadamente, a responsabilidade disciplinar segundo apontado pela instrução proces-
sual (arts. 167, § 4º, e 168, caput e par. único).

Se a autoridade julgadora, sem se valer para tanto da designação formal do competente trio processante
instrutor e acusador, usurpasse a competência e fizesse as vezes de órgão de acusação, formulando dire-
tamente um articulado rol de infrações, com a exposição dos fatos e das provas que as fundamentam (in-
diciação), para posterior defesa do acusado, vindo depois a mesma autoridade a decidir o feito como se
fosse órgão isento, haveria confusão inaceitável, que feriria a idéia de imparcialidade e isenção do órgão
julgador, o qual estaria em uma situação sui generis de impedimento (lembre-se de que as hipóteses de
suspeição e impedimento previstas na Lei n. 8.112/1990 e 9.784/99 não têm caráter exaustivo, porquan-
to podem ocorrer outras situações imprevistas no texto legal, como a presentemente abordada).

Como destaca Romeu Felipe Bacellar Filho: "O relatório constitui as alegações finais do órgão instrutor e
acusador (Comissão de Inquérito)" [07], de maneira que descabe ao julgador imparcial assumir o papel de
parte acusadora.

Nem se poderia deixar de aventar a ofensa ao princípio do juiz natural ou do administrador competente,
na medida em que a autoridade julgadora exerceria competência que a lei não lhe confiou, qual seja, de
oficiar como órgão de acusação, pior ainda quando, ao mesmo tempo, pretende exercitar suas atribuições
de julgar o acusado.

A Constituição Federal de 1988 assegura que "ninguém será processado nem sentenciado senão pela au-
toridade competente" (art. 5º, LIII). Quem julga, não deve acusar; quem acusa, não deve julgar. Do con-
trário, restaria fulminada de morte a idéia de julgamento efetivamente imparcial e independente, haja
vista que o órgão julgador estaria atuando, simultaneamente, como parte acusadora no feito.

A jurista portuguesa Maria Teresa de Melo Ribeiro escreve sobre a importância da distinção das atividades
de processar e julgar como reflexo do princípio da imparcialidade da Administração Pública:
Outra das vias adequadas para prevenir a violação do princípio da imparcialidade e promover a imparcia-
lidade administrativa consiste em distinguir os órgãos administrativos instrutórios dos órgãos decisórios e
separar a fase instrutória da fase decisória [...] a imparcialidade da Administração Pública exige a cisão
entre o órgão que propõe ou toma a iniciativa da instrução de um determinado procedimento administra-
tivo – o órgão inquirente – e o órgão que avalia os resultados dessa fase instrutória e, em conformidade
com eles, toma a decisão final – o órgão decisório. Por outras palavras, diríamos que a imparcialidade

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administrativa só é cabalmente garantida se existir separação institucional e procedimental entre o órgão
que conduz a fase instrutória de um procedimento administrativo, ou seja, o órgão competente para pro-
ceder à recolhida e ao tratamento da informação juridicamente relevante no caso concreto, e o órgão en-
carregado de avaliar e ponderar os elementos informativos recolhidos, isto é, o órgão com competência
para praticar o ato administrativo final. Por um lado, pretende-se diminuir os riscos de uma sonegação ou
manipulação da informação disponível por parte do órgão instrutório competente, através de um controle
a posteriori efectuado pelo órgão decisório; por outro lado, pretende-se evitar uma instrumentalização da
decisão final, através de uma dupla apreciação dos factos e, conseqüentemente, uma eventual revisão
dos resultados apresentados. A fragmentação do poder administrativo – entre poder instrutório e poder
decisório – tende, assim, a prevenir situações de abuso ou desvio de poder, o que se traduz, na prática,
em prevenir a violação do princípio da imparcialidade administrativa [...] a actividade instrutória deve ser
entregue aos órgãos administrativos com maior independência em relação ao poder político e que benefi-
ciem de especiais garantias de imunidade, enquanto que a actividade decisória deve ser reservada aos
órgãos máximos da hierarquia administrativa, cuja legitimidade democrática seja reconhecida, como é o
caso dos membros do Governo. [08] (sic).
Não se antevê, portanto, medida outra senão que a autoridade julgadora, quando considerar que a comis-
são processante deixou indevidamente de indiciar o acusado, apesar de assim o requererem as provas
dos autos, designar outra comissão processante para formular o libelo, caso o novel conselho assim en-
tenda, depois de apreciar o conjunto probatório.

Ademais, não se esqueça de que o novel colegiado disciplinar deverá formular indiciação regular e minu-
ciosa do servidor, com a formulação de acusações respaldadas nas provas e fatos comprovados, deferindo
prazo legal para oferecimento de defesa, além de ofertar o relatório final, na forma legal.

Some-se que, se o novo trio nomeado formular indiciação, faculta-se ao servidor o requerimento de pro-
dução de provas para refutar as teses acusatórias, com fulcro no art. 161, § 3º, da Lei n. 8.112/1990.

A medida é imperiosa não apenas em face do sistema de competências instrutória/acusatória e julgadora,


distintamente repartidas no regime da Lei n. 8.112/1990, mas ainda em face dos consectários das garan-
tias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, além do princípio do juiz natural.

Referendou o Superior Tribunal de Justiça:


2 O art. 168, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 8.112/90, possibilita, tão-somente, à autoridade pú-
blica discordar, de maneira motivada, da pena sugerida pela comissão, mas, nunca, alterar a indiciação
do servidor. 3 Embora a autoridade administrativa não tenha que acatar a capitulação da infração realiza-
da pelos órgãos e agentes auxiliares, no processo disciplinar, encontra-se vinculada aos fatos apurados e
indiciados pela comissão processante, durante a fase de julgamento. [09]
Romeu Felipe Bacellar Filho expõe: "O contraditório exige que as alegações finais do Estado-acusador se-
jam devidamente motivadas, a fim de possibilitar a resposta da defesa." [10] O emérito professor lança,
com total razão, censura ao rito da Lei n. 8.112/1990 ao capitular a fase de alegações finais da acusação,
com o relatório, sem prever a garantia de razões finais para a defesa, o que fere o contraditório constitu-
cional nesse particular. [11]

Imagine-se quão maior reprovação reclamaria o fato de a autoridade julgadora (sem a presença de acu-
sação formulada pela comissão processante, a qual antes opinara pela absolvição e nem sequer chegou a
indiciar o servidor) decidir punir imediatamente, sem que itens acusatórios tenham sido previamente arti-
culados contra o funcionário, não indiciado previamente nos autos.

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A despeito de ausência de previsão legal expressa, pode-se entender como fundamentação o disposto no
art. 169, da Lei n. 8.112/1990:

Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou ou-
tra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a consti-
tuição de outra comissão para instauração de novo processo (redação dada pela L. n. 9.527, de
10.12.1997).

O fato de o colegiado disciplinar, contrariando as provas dos autos, ter deixado de elaborar a indiciação do
servidor culpado, pode acarretar nulidade parcial dos trabalhos processuais, a partir da omissão do órgão
instrutor, ante o que cabível que a autoridade julgadora designe novo trio disciplinar para ultimar a medi-
da e atos posteriores, inclusive concessão de prazo para oferecimento de defesa e relatório final.
REFERÊNCIAS

BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Princípios constitucionais do processo administrativo disciplinar.


São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 258.
CARVALHO, Antonio Carlos Alencar. Manual de processo administrativo disciplinar e sindicância: à
luz da jurisprudência dos tribunais e da casuística da administração pública. Brasília: Fortium,
2008, p. 1.056.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 16ª. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1996,
p. 249.
RIBEIRO, Maria Teresa de Melo. O princípio da imparcialidade da administração pública. Coimbra:
Almedina, 1996, p. 310-311.

Notas
1.
Brasil. Superior Tribunal de Justiça. MS 7071/DF, DJ de 31.03.2003, p. 144, relator o Min. gilson
dipp, decisão de 12.03.2003, 3ª Seção.
2.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 16ª. ed., Rio de Janeiro: Forense,
1996, p. 249.
3.
Idem, op. cit., p. 250-251.
4.
Idem, obra citada, p. 262.
5.
CARVALHO, Antonio Carlos Alencar. Manual de processo administrativo disciplinar e sindi-
cância: à luz da jurisprudência dos tribunais e da casuística da administração pública. Brasília:
Fortium, 2008, p. 1.056.
6.
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Princípios constitucionais do processo administrativo dis-
ciplinar. São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 258.
7.
Idem, obra citada, p. 256.
8.
RIBEIRO, Maria Teresa de Melo. O princípio da imparcialidade da administração pública. Co-
imbra: Almedina, 1996, p. 310-311.
9.
Brasil. Superior Tribunal de Justiça. REsp 617103/PR, 2003/0205673-1, relator o Ministro paulo
medina, 6ª Turma, julgamento de 07.02.2006, DJ de 22.05.2006, p. 255.
10.
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Princípios constitucionais do processo administrativo dis-
ciplinar. São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 255.
11.
Obra citada, ibidem.

Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14319

1.2 O PODER DE POLÍCIA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. DISCRICIONARIEDADE E


LIMITES.

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Autor: Antônio Carlos Barros de Andrade Filho. Bacharelando em Direito pela Universidade Estadual de
Feira de Santana (BA).

Data: 03.2009.

Resumo: O presente trabalho cuidou da abordagem do poder de polícia no âmbito do Estado Democrático
de Direito, situando sua discricionariedade relativa e seus limites nos princípios que informam o ordena-
mento jurídico brasileiro. Recorrendo aos ensinos clássicos acerca do poder e da polícia, da polícia admi-
nistrativa e da natureza do poder exercido pela administração, buscou orientar o poder de polícia como
instrumento a serviço da satisfação do interesse público.

Palavras-chave: Poder de Polícia; Polícia Administrativa; Discricionariedade; Proporcionalidade

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO . 2 PODER E POLÍCIA: BREVES ESCLARECIMENTOS . 3 A ATIVIDADE ADMI-


NISTRATIVA E SUAS PRERROGATIVAS: A NATUREZA DO PODER . 4 PODER DE POLÍCIA . 4.1 POLÍCIA
ADMINISTRATIVA . 4.2 A DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DI-
REITO: LIMITES DO PODER DE POLÍCIA . 5 CONCLUSÃO . REFERÊNCIAS .

1 INTRODUÇÃO

Entender o poder, que a sociedade organizada exerce na restrição dos direitos que ela mesma atribui aos
particulares, é tarefa um pouco árdua. Sua complexidade cresce à proporção que tal poder vem sendo
admitido no meio social com percepções equivocadas.

Hodiernamente, é corrente observar a propagação, pelos veículos de comunicação principalmente, de um


sentido comum do poder adjetivado de policial. O pensamento que normalmente tem se alastrado é o que
restringe o poder policial ao poder "da lei e da ordem", exercido por agentes estatais, que se revela dis-
tante e onipotente e contrapõe a autoridade pública ao administrado.

Objetivando justamente denegar esta concepção, e visando à exposição correta do poder de polícia na
órbita científica do Direito Administrativo, este artigo discorrerá sobre o poder – como categoria geral – e
o poder de polícia – inclusive consubstanciado na atividade administrativa.

Desta maneira, principiando pela apresentação ontológica do poder – subsidiada por pensadores como
Norberto Bobbio e Max Weber – e da polícia – patrocinada por doutrinadores como José Cretella Júnior e
Celso Bandeira de Mello - buscar-se-á construir uma idéia geral do poder que se materializa na Adminis-
tração Pública, intentando-se, em segundo momento, encarecer sua natureza instrumental.

Num terceiro instante, o presente artigo lançará mão da especificação do poder de polícia, discorrendo em
torno da polícia administrativa e da discricionariedade do poder de polícia no Estado Democrático de Direi-
to, enunciando, então, suas limitações.

Em todo caso, e a todo momento, será sustentada a idéia de que tal poder não passa de uma atividade
finalística, que o traduz como um prerrogativa a serviço do dever de se alcançar os interesses da coletivi-
dade; desmentindo-se, em conclusão, por meio de uma explanação técnico-conceitual sobre este poder,
qualquer possibilidade de tê-lo como irrestrito.

2 PODER E POLÍCIA: BREVES ESCLARECIMENTOS

Para que se faça possível qualquer entendimento acerca do tema poder de polícia, impende, ainda que de
modo sintético, o esclarecimento introdutório de categorias que alicerçam sua configuração. De início, não
se poderia alcançar o significado dessa classe de poder sem se proceder à análise de seus elementos ex-

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plícitos: poder e polícia.

O poder, conforme ensina Norberto Bobbio, em sentido vago, é a "capacidade ou a possibilidade de agir,
de produzir efeitos" (BOBBIO, 2000, p. 933), ou mais especificamente, em se tratando da esfera social, a
capacidade que um homem tem de determinar o comportamento de outro.

Um pouco mais utilitarista, a concepção de Thomas Hobbes, na afirmação de que "o poder de um homem
consiste nos meios de que presentemente dispõe para obter qualquer visível bem futuro" (Hobbes, 2006,
p. 70), revela que não se busca com o manejo do Poder a mera subordinação – ou determinação – de
comportamentos, senão uma satisfação de interesses.

De perceber-se então que o homem, visando a uma maior satisfação de seus interesses, inclusive o de
manter sua segurança e bens já conquistados, reúne-se com seus semelhantes e forma, através de um
acordo racional, o que se costuma denominar de sociedade.

A constituição da dimensão social da existência humana só se torna viável mediante a instituição de um


ente composto de leis e recursos que, retirando das mãos do particular o poder de defender privativamen-
te seus interesses, monopoliza legitimamente o uso da coerção física, expressão última do poder.

Este ente, ao qual se acaba de referir, é o Estado. Max Weber o define como
"[...] uma associação de dominação institucional, que dentro de determinado território pretendeu com
êxito monopolizar a coação física legítima como meio da denominação e reuniu para este fim, nas mãos
de seus dirigentes, os meios materiais de organização." (WEBER, 2004, p. 529)
Antes de concluir essa clássica definição do Estado, Weber lembra que, sendo o Estado uma criação mo-
derna, legitima-se por forma racional inspirada na Lei. Neste ponto seus conhecimentos tocam, ainda que
superficialmente, a visão sustentada por Kelsen de que o poder estatal "ao qual o povo está sujeito nada
mais é que a validade e a eficácia da ordem jurídica" (KELSEN, 1998, p.364).

É na proteção e na realização dos interesses de um corpo social que se encontram o fim e o motivo de
existir do Estado. Para conformar-se a eles, o ente estatal deve instituir leis e zelar pela sua concretização
por intermédio de um plexo de deveres-poderes, de prerrogativas. O poder de polícia insere-se nessas
prerrogativas, materializando-se, em ato, através da polícia.

Segundo José Cretella Júnior, a palavra polícia está "ligada, etimologicamente, ao vocábulo política, pois
ambas vêm do grego polis (polis, cidade, Estado) (...)" (CRETELLA JÚNIOR, 1999, p. 25). Prossegue este
doutrinador destacando que, durante a Idade Média, o sentido de polícia altera-se para significar a boa
ordem da sociedade civil debaixo da autoridade do Estado, contrapondo-se à boa ordem moral do Direito
Canônico.

Atualmente, o vocábulo polícia vem sendo empregado em três sentidos diferentes: o de regras impostas
pela autoridade pública aos cidadãos; o de conjunto dos atos de execução destas regras e de regulamen-
tos nelas baseados; e o de força pública encarregada da execução da lei e de regulamentos, os agentes
públicos.

Todavia, ao se tratar do exercício da atividade policial, e ao se adentrar o âmbito do poder de que o Esta-
do, e mais especificamente a Administração Pública, dispõe para alcançar seus fins, algumas considera-
ções precisam ser feitas acerca da natureza das prerrogativas de Direito Público atribuídas ao administra-
dor – prerrogativas comumente chamadas de poderes.

3 A ATIVIDADE ADMINISTRATIVA E SUAS PRERROGATIVAS: A NATUREZA DO PODER

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O Estado, como se acabou de ver, tem no interesse público – ou interesse do corpo social – a sua maior
preocupação. Qualquer papel que desempenhe perante a sociedade deverá levar em conta o cumprimento
do dever de alcançar este interesse, que nada mais é senão a dimensão pública dos interesses individuais,
isto é, dimensão do interesse dos particulares enquanto integrantes da sociedade.

Em função do que se acaba de dizer, salienta Celso Antônio Bandeira de Mello que o poder, no Direito
Público contemporâneo, só pode auferir um lócus legítimo se for tomado como algo instrumental e indis-
pensável para tornar viável o cumprimento do dever de atingir a finalidade que a Lei lhe prescreve.

No ordenamento jurídico brasileiro, entende-se essa finalidade do Estado deve ser realizada através da
função legislativa, jurisdicional e executiva. Por conseguinte, através das Leis os cidadãos recebem direi-
tos e, por meio da atividade jurisdicional, podem defendê-los quando violados. Pela função administrativa,
determinada faceta do ente estatal atua de maneira infralegal e dinâmica na persecução do interesse pú-
blico – que também corresponde ao grau máximo de satisfação dos direitos individuais.

A atuação infralegal, caracterizadora da atividade administrativa, deve ser desenvolvida na intimidade de


uma estrutura e regime hierárquicos que torne viável, através da posição de supremacia sobre os indiví-
duos em que se encontra a Administração Pública, a conjugação do gozo dos direitos individuais com o
zelo pelo interesse coletivo.

Trocado em minúcias, o exercício garantido dos direitos fundamentais, como se percebe facilmente, já é
em si mesmo a satisfação dos fins a que o Estado se propõe realizar. Contudo, deve ser compatibilizado
com o bem-estar social. E a maior prova de que estes interesses individualmente exercidos não são abso-
lutos encontra-se na possibilidade de o Estado, através de sua atividade administrativa, vir a restringi-los
conforme as disposições legais que estatuiu.

O fato de o Estado, atualmente configurado como Estado Democrático de Direito, não poder dar um passo
sequer sem que esteja fundamentado na Lei é a regra sobreposta a esse atuar constritivo. Não se pode
esquecer também o ente estatal, dito soberano, obtém o seu poder por meio do povo, da população que o
institui.

Sendo assim, cabe reprovar a intenção de retroceder aos ideais estatais de soberania da autoridade go-
vernante "toda-poderosa". Toda e qualquer ação do Estado atual não passa de uma ação autorizada pelo
povo que o compõe; pelo povo que, por meio de seus representantes diretamente constituídos, determina
qual a feição jurídica condicionante da busca do Estado pela satisfação do interesse público.

Diga-se, em arremate, qualquer que seja a classificação ou denominação do poder de que dispõe o Esta-
do, não passará de um poder instrumental, um poder que "deve" ser usado – e, portanto, um dever-
poder – para a concreção dos objetivos tão caros à sociedade como um todo.

4 PODER DE POLÍCIA

De modo incipiente, e precário, sublinhe-se o Poder de Polícia é uma forma de conformar os direitos que
possuem os indivíduos de um corpo social organizado no Estado.

Na presente abordagem, não cabe longa discussão referente à sua positivação. É oportuno, porém, assi-
nalar que, por não serem exercidos de forma absoluta ou ilimitada, são delimitados também pela ativida-
de administrativa do Estado. É o que acontece precipualmente com direito à liberdade e com o de propri-
edade.

Consoante Bandeira de Mello,

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"(...) por vezes, a efetiva e concreta aplicação da limitação, prevista em lei – modeladora da esfera jurídi-
ca da liberdade e da propriedade –, é remetida à apreciação da administração pública, que a determina
segundo as circunstâncias, cabendo-lhe uma avaliação discricionária." (MELLO, 2008, pp. 806 e 807)
Sabendo-se que a função administrativa – função que, como fora dito, o Estado exerce numa relação de
regime hierárquico, mediante comportamento infralegal – é discricionária na medida em que a Lei haja
deixado o dever-poder de verificar, in concreto, a maneira mais adequada de atender ao dispositivo legal,
infere-se que pode o Estado agir restringindo a liberdade ou o objeto do direito real à propriedade sem
exorbitar dos parâmetros legais.

A constrição estatal da liberdade ou da propriedade pode ser feita pelo Legislativo, pelo Judiciário ou pela
Administração, demonstrando-se com isso a amplitude conceitual do poder de polícia. Quando tomada em
seu sentido restrito, tal ação constritiva será remetida às intervenções gerais (regulamentos) ou concretas
(autorizações, licenças, injunções) do Poder Executivo, destinadas a alcançar a mesma finalidade de pre-
venir danos ao interesse público. Neste aspecto, tem-se a idéia de polícia administrativa, a qual nada
mais faz além de descortinar os limites que a mens legis prescreve para os direitos positivados.

Costuma-se caracterizar o Poder de Polícia como um poder negativo, ao revés da prestação de serviços
públicos consistente numa ação positiva para a obtenção de resultados igualmente positivos. Para Celso
Antônio, essa forma de conceituar o Poder de Polícia é simplista. Realmente, em grande maioria de situa-
ções, este poder requer uma abstenção do particular, do administrado (sentido negativo do Poder). Casos
há, no entanto, que o fim colimado por tal prerrogativa pode ser alcançado indiretamente por meio de
uma atuação direta de serviço público.

Um exemplo contundente, que nega a exclusividade do caráter negativo deste poder toca o "condiciona-
mento do uso da propriedade imobiliária a fim de que se conforme ao atendimento de sua função social"
(MELLO, 2008, p. 818). É o que se nota nas leis de polícia que imponham a determinado proprietário de
bem imóvel uma atuação a fim de conformar o uso de sua propriedade à função social que ela deve de-
sempenhar.

Por vezes, confunde-se a natureza negativa de um ato policial com uma aparente forma positiva. É o que
apreende dos casos em que se exige instalação de janelas de emergência em transporte coletivo. Decer-
to, cogitar-se-ia da atuação positiva através da indigitada imposição, entretanto o que pretende a Admi-
nistração nada mais é senão evitar que os meios de transporte coletivo transitem debaixo do risco de,
acontecendo um sinistro, obstar-se a saída de seus passageiros.

O decorrer de uma abordagem que explicita a natureza do Poder de Polícia, além do sobredito, não pode
olvidar a distinção que existe entre as situações dele decorrentes e as que advêm das servidões adminis-
trativas. Esclarece Celso Antônio:
"nas servidões administrativas o Poder público coloca determinado bem em uma especial sujeição ao inte-
resse público, o que não ocorre com as limitações administrativas à propriedade privada, (...) nas quais
pela simples delimitação do âmbito do exercício do direito de propriedade obtém uma genérica e indiscri-
minada utilidade social (...)" (MELLO, 2008, p. 819)
Por outras palavras, é correto afirmar o dano social é evitado pelo poder de polícia, enquanto o bem parti-
cular é colocado à disposição da coletividade nas servidões administrativas. Nestas, prevalece o intento de
angariar um valor positivo da coisa.

Por último, resta lembrar, em muitas ocasiões, os particulares, uma vez atendendo os requisitos legais
exigidos pelas normas de polícia, poderão solicitar as permissões ou licenças que a lei lhes atribui para
usufruir de determinada situação. Trata-se de atuação vinculada do poder de polícia. De outra

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banda, hipóteses existem em que a administração examinará a conveniência e a oportunidade de consen-
tir com a realização de ato que pode ser vedado ao particular caso não obtenha a autorização. Eis um
caso de discricionariedade. Sobre este assunto será dedicado um tópico adiante.

4.1 POLÍCIA ADMINISTRATIVA

Em princípio, é idôneo retornar ao conceito de poder, em sua faceta filosófica, para asseverar a maior
amplitude do poder de polícia comparado ao conceito de polícia administrativa.

Evocando-se novamente as lições de Bobbio, percebe-se que o poder pode ser "simples possibilidade (Po-
der potencial)", como pode ser "o poder efetivamente exercido (Poder em ato ou atual). O Poder em ato
(atual) é uma relação entre comportamentos" (BOBBIO, 2000, p. 934). De maneira semelhante, o Poder
de Polícia pode ser visto como abstrato e informante da atividade policial, e esta, significando a atualidade
do poder, sua materialização. Eis as palavras de Cretella Júnior, segundo as quais o poder de polícia
"é o pressuposto ou antecedente lógico da polícia, sendo o primeiro algo in potentia e o segundo algo in
actu. Abstrato, o poder de polícia concretiza-se na polícia, força organizada visível, cuja ação se faz sentir
no mundo e no mundo jurídico" (CRETELLA JÚNIOR, 1999, p. 3)
O que se termina de dizer não afasta a manifestação da polícia em dispositivos abstratos, disposições
normativas, ou numa atuação concreta, em que se instaura uma relação de comportamentos entre auto-
ridade pública e indivíduo.

Além disso, há de se distinguir o exercício deste poder por parte da Administração daquele que se dá por
parte do Judiciário. Na primeira hipótese, tem-se uma atuação preventiva. Na segunda, um agir repressi-
vo desenvolvido por um organismo que cumula as funções preventiva (da Administração) e repressiva. O
exercício essencialmente preventivo do poder de polícia caracteriza a polícia administrativa. O exercício
repressivo, a judiciária.

Importante ressalvar a possível atuação repressiva por parte da Administração, denotando-se com isto a
flexibilidade de tal caracterização, quando se tratar de dano instaurado por conduta que deve ser reprimi-
da. No célebre magistério de Celso Antônio, evidencia-se:
"O que efetivamente aparta polícia administrativa de polícia judiciária é que a primeira se predispõe uni-
camente a impedir ou paralizar atividades antisociais enquanto a segunda se preordena à responsabiliza-
ção dos violadores da ordem jurídica." (MELLO, 2008, p. 822)
A Administração, através da polícia administrativa, sem embargo a exposição de seu caráter mais subs-
tancial (concreto) em relação à atuação legislativa, também se manifesta por meio de os atos normativos,
de alcance geral – como regulamentos e portarias. Mas o seu maior grau de especificidade está nas injun-
ções concretas como, por exemplo, as ordens de dissolução de reuniões.

Além dos atos gerais ou específicos, a atuação do poder de polícia comporta atos de fiscalização, através
dos quais a Administração previne-se contra possíveis danos oriundos das ações individuais.

Levando-se em apreço a definição da polícia administrativa como conjunto de intervenções que a Admi-
nistração tende a impor à livre ação dos particulares, deduz-se que, independente de autorização judicial,
pode aquela, em muitos casos permitidos pela lei, realizar a execução de suas medidas de polícia, amol-
dando a conduta dos indivíduos, sem necessidade de recorrer ao juízo de cognição ou de execução.

Assim, atribui-se aos atos da polícia administrativa a autoexecutoriedade. Caberá a autoexecução quando
houver também a urgência da medida adotada, ou quando inexistir outra via de satisfação do interesse
público. Nestes casos é freqüente o recurso à coação administrativa, pois, como já se disse, o Estado de-

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tém legitimamente o monopólio da coerção física.

Por fim, releva lembrar que, de acordo com os valores a que a polícia administrativa deseja salvaguardar,
ter-se-á a sua divisão em setores. De qualquer maneira, cada ente jurídico de Direito Público interno de-
sempenha atividade de polícia administrativa. O que se deve saber é a regra geral norteadora da solução
do problema da atuação competente: a competência para determinada medida de polícia administrativa
estará com quem tiver a competência para legislar sobre a matéria, excetuando-se a hipótese de atuação
concorrente nos casos em que haja a justaposição de interesses.

4.2 A DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: LIMI-


TES DO PODER DE POLÍCIA

Se por discricionária compreende-se a prerrogativa que determinada autoridade tem de exercer o juízo de
oportunidade e conveniência sobre a positivação de determinado ato, e se no âmbito do conceito de poder
de polícia a atividade legislativa está presente, então pode-se aceitar o caráter discricionário deste poder.
Porém, tornar-se-ia, destarte, muito vaga a idéia da atuação discricionária.

Precisamente falando, não há de se tolerar a discricionariedade pura na atividade administrativa que se


perfaz no Estado Democrático de Direito. Em verdade, existe para a Administração a discricionariedade
facultada em casos delimitados por Lei (relativa discricionariedade) e a vinculação de outros atos. Portan-
to, não cabe atribuir ao poder de polícia um caráter eminentemente discricionário: repita-se, existe, sim,
esferas de discricionariedade e esferas de vinculação.

Nada obstante acolherem-se hipóteses de discricionariedade no poder de polícia, ou no Direito Administra-


tivo como um todo (hipóteses em que o administrador poderá escolher qual entre as medidas aceitáveis
deve ser adotada), seja sempre resguardada a idéia de que a discricionariedade se subsume aos ditames
legais e se conforma aos princípios que regem a atividade administrativa, dando ensejo, nos caso de des-
vio ou abuso de poder, ao reexame ou interferência jurisdicional provocada pela parte que possua a pre-
tensão de tutelar seus interesses violados.

Da exposição ora realizada sobre a discricionariedade no poder de polícia, deduz-se claramente que tal
poder, como qualquer outro que o povo atribua ao Estado, está sujeito a limitações que condicionam a
sua atividade.

Inicialmente, avulta importância elencar os princípios da legalidade e do controle jurisdicional como limi-
tes ao exercício do poder de polícia, isto é, da atuação da polícia. A Administração, até mesmo quando
age de forma discricionária está adstrita aos ditames normativos, à configuração assegurada pelo orde-
namento jurídico aos direito individuais que positivou. Logo, toda medida administrativa deve estar con-
formada à Lei.

Se, em ocasião qualquer, o exercício do poder de polícia vem a exorbitar dos limites estatuídos ou dos
parâmetros essenciais da composição dos direitos, configura-se o desvio, abuso ou excesso de poder.
Nestes casos, entra em cena o princípio do controle jurisdicional, materializado na tutela auferida dos juí-
zes e tribunais.

Igualmente aplicáveis como limite à atuação do poder polícia devem ser vistos os princípios da razoabili-
dade e seu corolário, o princípio da proporcionalidade. Consoante preceitua o primeiro, para que uma me-
dida policial seja legítima é imprescindível que se paute em motivos racionais e evite todo um conjunto de
ações descabidas ou ineficazes.

Em segundo momento, mas ainda sobre a influência da razoabilidade, aplica-se o juízo de proporcionali-

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dade aos atos de polícia. Sendo assim, qualquer medida administrativa – que vise a uma abstenção, ou
restrição da liberdade ou da propriedade de um particular – tida como desnecessária, pois se poderia al-
cançar o fim colimado por outros meios menos gravosos, ou como inadequada, porquanto não serve para
alcançar efetivamente a satisfação do interesse público, ou como pouco vantajosa, ao se avaliar o a gran-
deza do prejuízo que ela pode causar frente ao insignificância do benefício para a coletividade (proporcio-
nalidade stricto sensu), deve ser sanada por tutela jurisdicional.

No que tange ao seu aspecto estrito, a proporcionalidade se assemelha muito à concepção de eficiência na
atuação da polícia administrativa. Uma limitação por excelência, que, de acordo com Gilmar Ferreira Men-
des, assume "o papel de um controle de sintonia fina (Stimmigkeitskontrolle), indicando a justeza da so-
lução encontrada ou a necessidade de sua revisão" (MENDES, COELHO, BRANCO, 2008, p. 333)

Enfim, é descabida toda e qualquer limitação inspirada no poder de polícia que ultrapasse os parâmetros
da legalidade, da finalidade ou da razoabilidade. Ainda que o poder de polícia venha a se manifestar na
função legislativa do Estado, tais parâmetros coadunar-se-ão para limitá-lo através do princípio da prote-
ção do núcleo essencial dos direitos assegurados pela Lei Ápice. Por intermédio deste princípio, logra-se
evitar o esvaziamento dos direitos fundamentais à liberdade e à propriedade através do exercício do po-
der de polícia pelo Estado.

5 CONCLUSÃO

Ainda que, em companhia de José dos Santos Carvalho filho, se possa afirmar que a polícia administrati-
va, no exercício da coerção, "não pode curvar-se ao interesse dos administrados de prestar ou não obedi-
ência às imposições" (CARVALHO FILHO, 2008, p. 83) que ela mesma estabelece, e ainda que se reto-
massem todos os traços do exercício do poder de polícia já expostos anteriormente, nada fundamentaria o
sentido pueril que ultimamente vem sendo atribuído ao poder de polícia e à polícia propriamente dita.

Deveras, entre tudo o que se falou sobre o poder de polícia no presente artigo, deve ser grifado o seu
caráter vinculado aos valores e fins perseguidos pelo Estado Democrático de Direito. É impossível conce-
ber um poder limitado a uma série de princípios, a exemplo da legalidade e da razoabilidade, como um
poder que contrapõe a autoridade pública ao administrado. Ao revés, é este poder que os aproxima, haja
vista colocar a primeira numa posição de servidora dos interesses universais do segundo.

Em último lugar, importa não esquecer que o poder instrumental, o dever-poder que é exercido pela ad-
ministração, pela polícia administrativa, opera restrições na esfera privada com o objetivo de zelar pelo
bem-estar de toda a sociedade. A segurança pública, muito mais que a repressão das condutas indesejá-
veis e que a restrição da liberdade, consiste na distribuição isonômica do usufruto dos direitos à liberdade
e à propriedade em um grau máximo a todos os indivíduos da coletividade.

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Giafranco. Dicionário de política. 5. ed Brasília, DF:
Ed. Universidade de Brasília, 2000.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 20. ed. rev., ampl. e atualizada
até 15.07.2008. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
CRETELLA JUNIOR, Jose. Do poder de polícia. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
HOBBES, Thomas. Leviatã, ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. Tradução:
Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2006.
KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do estado. 3. ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 1998.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 25. ed. rev. atual ate a Emenda
Constitucional 5 São Paulo: Malheiros, 2008.
MENDES, Gilmar Ferreira. "Curso de Direito Constitucional"/ Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Márti-
res Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. São Paulo: Saraiva, 2008

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WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed Brasilia, DF:
São Paulo: UnB. Universidade de Brasília, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.

Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12771

2. LEIA!!!

2.1 O poder disciplinar admite delegação?

A resposta é, inicialmente, negativa, tendo em vista que o Poder Disciplinar não se revela como poder
autônomo, a exemplo do Poder de Polícia, que admite delegação.

Desta forma, o Poder Disciplinar entendido como a faculdade ou poder-dever que possui a Administração
de punir internamente as infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina
dos órgãos e serviços da Administração, é correlato do Poder Hierárquico.

E, sendo corolário do Poder Hierárquico, caso esse admita a delegação a inferiores hierárquicos, ou não, o
Poder Disciplinar também será delegado, mas não autonomamente, e sim, em função da delegação de
outro Poder, do qual depende.

Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090105115103893

3. SIMULADOS

3.1 No exercício do poder de polícia,


(A) a Administração pode ditar e executar medidas restritivas do direito individual em benefício do bem
estar da coletividade e da preservação do próprio Estado.
(B) os atos praticados pela Administração, por serem discricionários, não podem ser objeto de contesta-
ção no Poder Judiciário.
(C) a Administração não pode demolir construção ilegal nem pode inutilizar gêneros alimentícios.
(D) o ato praticado pelo agente da Administração não se sujeita às condições de validade dos demais atos
administrativos.
(E) quando se tratar de ação preventiva, a aplicação da sanção dispensa o devido processo e a ampla de-
fesa do autuado.

RESPOSTA: A

3.2 Sobre os órgãos e os agentes públicos é correto afirmar:


(A) Os órgãos públicos são centros de competência, dotados de personalidade jurídica, instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a
que pertencem.
(B) Os órgãos integram a estrutura do Estado e das demais pessoas jurídicas como partes integrantes dos
mesmos e são dotados de vontade e capazes de exercer direitos e contrair obrigações para a consecução
de seus fins institucionais.
(C) A distribuição de funções entre os vários órgãos da mesma Administração denomina-se descentraliza-
ção.
(D) Os agentes públicos são pessoas físicas que executam função pública como prepostos do Estado, não
integrando os órgãos públicos.
(E) Os agentes políticos, dada a sua importância, não se incluem entre os agentes públicos, não constitu-
indo uma categoria destes.

RESPOSTA: B

3.3 Quanto aos Atos Administrativos, é INCORRETO afirmar:

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(A) Dentre os seus atributos, destaca-se o da auto-executoriedade pelo qual pode ser posto em execu-
ção pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.
(B) Permissão é o ato administrativo bilateral, vinculado e oneroso, pelo qual é facultado ao particular
a contratação de bem ou serviço público.
(C) Complexo é o ato administrativo que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, sejam eles
singulares ou colegiados, cuja vontade se funde para formar um único ato.
(D) Alvará é o instrumento pelo qual a Administração Pública confere licença ou autorização para a
prática de ato ou exercício de atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado.
(E) Sendo o motivo pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo, a
sua ausência ou a indicação de motivo falso invalidam o ato.

RESPOSTA: E

3.4 Quanto à concessão e à permissão de serviço público, é correto afirmar:


(A) O objeto da permissão é a transferência da titularidade e a execução de serviço público ao particu-
lar, a título oneroso, mas por conta e risco do poder concedente e do permissionário.
(B) Encampação é o nome que se dá à rescisão bilateral da concessão, quando se justificar de interes-
se público, fazendo o concessionário jus ao ressarcimento de eventuais prejuízos.
(C) A concessão decorre de ato unilateral discricionário e a permissão de acordo de vontades vincula-
do, dispensada, nesta última hipótese, a licitação.
(D) Em qualquer caso de extinção da concessão, é cabível a incorporação ao poder concedente dos
bens do concessionário necessários ao serviço público, mediante indenização.
(E) É vedada por lei a concessão de serviço público quando se tratar de serviço próprio do Estado ou
que vise a prestação de atividade de essencial interesse público.

RESPOSTA: C

3.5 Com relação à administração pública indireta e suas entidades, considere:


I. A descentralização administrativa ocorre quando as atribuições que os entes descentralizados e-
xercem só têm o valor jurídico que lhes empresta o ente central.
II. A fundação é pessoa jurídica de direito privado com capital inteiramente público e organização sob
qualquer das formas admitidas em direito.
III. As autarquias, dentre outras características, são instituídas por seus fundadores, possuem perso-
nalidade jurídica própria e não se sujeitam a controle ou tutela, salvo se previsto em seus estatutos.
IV. A posição da fundação governamental privada perante o poder público é a mesma das sociedades
de economia mista e empresas públicas.
V. O desempenho de atividade de natureza econômica e a personalidade jurídica de direito privado
são, além de outros, traços comuns entre empresa pública e sociedade de economia mista.
É correto o que consta APENAS em
(A) II e V.
(B) II, III e IV.
(C) I, III e V.
(D) II e III.
(E) I, IV e V.

RESPOSTA: A

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