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REVISTA
33
de ECONOMIA POLÍTICA
e HISTÓRIA ECONÔMICA
Ano 10 – Número 33 – Janeiro de 2015
Índice
05
Antecedentes Desenvolvimentistas na Formação Intelectual de Raúl
Prebisch
Luiz Eduardo Simões de Souza
18
A integração econômica numa perspectiva teórica e a tipologia
histórica dos processos na América Latina
Fábio Guedes Gomes
Thiago Cavalcanti do Nasscimento
63
Um estudo sobre a Divisão Internacional do Trabalho
272
Entre raios e trovoadas: o debate sobre o projeto da criação da
Eletrobrás no interior do governo Juscelino Kubitschek (1956-61)
Expediente
Número 33, Ano 10, Janeiro de 2015.
Uma publicação semestral do GEEPHE – Grupo de Estudos de Economia Política e História
Econômica.
http://rephe01.googlepages.com
e-mail: rephe01@hotmail.com
Conselho Editorial:
Fernando Almeida
Glaudionor Barbosa
Haruf Salmen Espíndola
Jean Luiz Neves Abreu
Júlio Gomes da Silva Neto
Lincoln Secco
Luiz Eduardo Simões de Souza
Marcos Cordeiro Pires
Marina Gusmão de Mendonça,
Osvaldo Luis Angel Coggiola,
Paulo Queiroz Marques,
Pedro Cezar Dutra Fonseca,
Romyr Conde Garcia,
Rubens Toledo Arakaki,
Vera Lucia do Amaral Ferlini,
Wilson do Nascimento Barbosa
Wilson Gomes de Almeida.
Edição:
Maria de Fátima Silva do Carmo Previdelli
Autor Corporativo:
GEEPHE – Grupo de Estudos em Economia Política e História Econômica.
A REPHE – Revista de Economia Política e História Econômica – constitui mais um periódico acadêmico
que visa promover a exposição, o debate e a circulação de ideias referentes às áreas de história
econômica e economia política. A periodicidade da REPHE é semestral.
3
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Editorial
A Editora
4
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Ficha Catalográfica
Revista de Economia Política e História Econômica / Maceió,
Grupo de Estudos em Economia Política e História Econômica -
Número 33, Ano 10, Janeiro de 2015 – Governador Valadares,
GEEPHE, 2007.
Semestral
Antecedentes Desenvolvimentistas na
Formação Intelectual de Raúl Prebisch1
RESUMO
ABSTRACT
1. Introdução
3 Veja-se para tanto o capítulo “O Grande Heresiarca”, da obra de Celso Furtado, A Fantasia Organizada.
9
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
4. Algumas Considerações
Referências Bibliográficas
RESUMO
ABSTRACT
This paper aims to analyze the major theories that inform the process of economic
integration. Despite being present in discussions on international trade in the
nineteenth century, even included in discussions about the formation of some
nation states, as was the case with Germany and Italy, is propelled in the wake of
capitalist development in the mid-twentieth century, that economic integration
began to present itself as an alternative to the economic development of various
countries and regions. Thus, this work makes a digression on the major theories that
guided the process of integration, and makes a discussion of those most important
in Latin America in historical perspective, until the present moment, which is
characterized by the growth of new regional blocs within the new phase of
internationalization of capital.
1. Introdução
4 De início, é importante esclarecermos que a palavra regional é utilizada aqui para caracterizar as tentativas de
liberação comercial (ou ampliação do mercado) entre países. Em outras palavras, regional, para nossos
objetivos, é aplicado num contexto onde existe uma integração econômica entre diversos países contíguos ou
não, que irão compor uma economia internacional.
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5É interessante observar que Mandel ao analisar a concentração e centralização internacional do capital, mais
especificamente a relação entre a centralização internacional do capital e o Estado no capitalismo tardio em
1972, já percebia que esse processo levaria a formação de superestruturas de comando supranacional. Para o
autor, a internacionalização do capital, ou seja, a verdadeira centralização do capital, implica numa transferência
de propriedade, seja de um país para outro, seja de um grupo nacional de proprietários para outros. Então, se
existe uma fusão internacional do capital sem a predominância de nenhum grupo específico de capitalistas
nacionais, a centralização do capital faz-se “acompanhar pelo desmantelamento do poder de vários Estados
nacionais burgueses e pelo surgimento de um novo poder estatal federal, um Estado burguês supranacional”
(MANDEL, 1982, pp. 228-231). Para exemplificar a tendência do surgimento de um estado supranacional, o
autor também cita o caso da CEE (Comunidade Econômica Européia).
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6 A noção de que o bem-estar é maximizado com a liberalização geral do comércio internacional e que as
uniões, ou as integrações têm efeito apenas limitado no aumento do bem-estar (second best), é desenvolvido
inicialmente, também, por Lipsey e Kelvin Lancaster (1956), os quais deram continuidade aos argumentos
desenvolvidos por Viner.
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7 Esses dois argumentos são contrários à idéia da capacidade das teorias de equilíbrio estáticas para enfrentar
os problemas de investimentos. Os modelos estáticos não podem lidar com problemas dinâmicos,
principalmente ligados aos efeitos dos mecanismos do mercado internacional. Alguns efeitos do comércio
internacional sobre os países subdesenvolvidos não são reconhecidos pelas teorias estáticas do livre comércio:
(a) deterioração dos termos de troca; (b) desemprego, como resultado do baixo crescimento da demanda
internacional por produtos primários e como determinante da deterioração dos termos de intercâmbio, quando
absorvido em atividades primárias; (c) desequilíbrio estrutural do balanço de pagamentos, como resultado das
especificidades dos países subdesenvolvidos em processo de rápida industrialização necessária; e (d)
vulnerabilidade a ciclos econômicos resultante da especialização em atividades de exportação
(BIELSCHOWSKY, 2000).
8 Isto não quer dizer que a proposta de desenvolvimento do setor industrial dos países do Terceiro Mundo,
principalmente os países da América Latina, tenha sido elaborada sob a influência dos argumentos listianos. Na
verdade o que se tinha em vista era modernizar a estrutura produtiva desses países, procurando romper com a
dualidade estrutural que permeava os sistemas produtivos, onde conviviam um setor produtivo moderno voltado
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para o comércio externo, e um outro setor atrasado, voltado para o abastecimento do mercado doméstico. O
que tornava esse sistema econômico extremamente vulnerável às vissitudes do comércio internacional no
quadro do modelo primário-exportador.
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10 A Cepal sustentava a tese que os centros dinâmicos da economia capitalista não transferiam seus aumentos
de produtividade para os países da periferia atrasada e, ainda por cima, aqueles estariam se apropriando dos
modestos incrementos de produtividade obtidos por esses (FURTADO, 1992). Nurske nos traz dados
reveladores sobre a perda de mercado dos produtos primários. Ele aponta que desde o final da década de
1920, “as exportações dos produtores primários para os Estados Unidos e Europa Ocidental”, por exemplo,
“caíram de cerca de 3,5% para menos de 3% do produto nacional bruto desta área industrializada”. Isto
incluindo o petróleo. Sem este produto, “a queda seria para provavelmente menos de 2,5%”. Isso significa dizer,
segundo o autor, que “no decurso das três últimas décadas, a maioria dos países de produção primária sofreu
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11 “Um dos paradoxos da economia subdesenvolvida está em que o seu sistema produtivo apresenta
segmentos que operam com níveis tecnológicos diferentes, como se nela coexistissem épocas distintas. Os
grupos sociais de alta renda requerem uma oferta baseada em tecnologia sofisticada, enquanto grandes
massas de população lutam para ter acesso a bens considerados obsoletos e mesmo produzidos com
tecnologia rudimentar” (FURTADO, 1992, p. 56).
12 “[...] para penetrar nos mercados internacionais, o caminho mais eficaz consiste em utilizar um ‘misto’ de
tecnologias: tirar partido da abundância de certos fatores primários e, ao mesmo tempo, apoiar-se em
tecnologias de vanguarda” (FURTADO, 1992, p. 56.).
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13 Uma das maiores investidas americanas na região, principalmente em países como a Argentina, o Brasil e o
México, situaram-se no setor da indústria de bens de consumo duráveis – automóveis e eletrodomésticos,
principalmente. Só no Brasil, por exemplo, após a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente nos anos
1950, o montante de capital estrangeiro investido foi da ordem de US$ 294 milhões. Isto reflete,
significativamente, uma poderosa corrente econômica e política de defesa de uma relação de interdependência
com os EUA. Essa corrente buscou atrair fundos externos e capitais de risco para empreender planos de
desenvolvimento. Essa estratégia alcançou seu êxito à medida que o montante de investimentos externos no
Brasil alcançou os US$ 2,5 bilhões, em 1960. Revista Retrato do Brasil, pp. 86-89, 1984.
14 A Aliança para o Progresso tratou-se de um programa de cooperação multilateral criado em 1961, pelos
signatários da Carta de Punta del Este. Esse programa foi lançado pelo então presidente norte-americano John
Kennedy, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento econômico-social na América Latina. Na verdade,
esse programa foi uma resposta aos movimentos revolucionários em Cuba e a pressões de setores políticos e
governamentais conservadores da América Latina, preocupados com a situação econômica e social da região.
Santos aponta que essa aliança foi um “passo no sentido de fortalecer os vínculos intercontinentais, apoiados
ao mesmo tempo numa ação militar cada vez mais intensiva em torno do princípio de luta contra a agressão
‘extracontinental’, ampliado com o conceito da ‘agressão interna’ representada pelas guerrilhas, e com as
técnicas da contra-insurreição dirigida à eliminação dessa ‘ameaça externa’ convertida em ‘agressão interna’”
(SANTOS, 1995, p. 114).
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15Outros movimentos políticos na região foram bastante expressivos nesse sentido. Entre eles destacam-se: a
experiência, de cunho marxista, da Frente Popular Chilena, que alcançou o poder com Salvador Allende e foi
esmagada em 1973, ao contrariar os interesses de grandes grupos econômicos internacionais, com o apoio dos
Estados Unidos, que desestabilizaram o governo chileno e depois o derrubaram, em luta sangrenta; o
Movimento Nacionalista Revolucionário boliviano na década de 1950, chefiado por Paz Estenssoro e, depois,
em 1952, por Siles Suazo, comandaram uma reforma agrária e a nacionalização das minas, levando, assim, o
país a sofrer uma pressão internacional muito forte e sujeito a vários golpes de Estado pelos militares
(SANTOS, 1995; ANDRADE, 1997; MONIZ BANDEIRA, 2008).
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16 Essa época foi bastante favorável para que outros tratados fossem assinados, dando origem a outras
tentativas de integração, como foi o caso da criação do Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), em 1960;
em 1968 foram criados a Associação de Livre Comércio do Caribe (CARIFTA) e o Mercado Comum do Caribe
(MCCO), posteriormente transformado na Comunidade do Caribe (CARICOM); e, em 1969, a criação do Pacto
Andino.
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17 De acordo com Montoya e Guilhoto (1987), as exportações regionais quase dobraram entre os anos de 1961
em 1964, passando de US$ 490 milhões para US$ 835 milhões. Contudo, a participação relativa do comércio
intra-regional sobre as exportações totais da ALALC, cresceu em torno de 8% entre 1960-64, 11,4% até 1971-
1972 e 13,8% em 1979-80. Porém, supõe-se um aumento proporcional do comércio intra-regional em relação
às exportações totais de 29,8% no período 1960-72 e de 17,4% no período 1972-80. Assim, tem-se que o
crescimento do comércio intra-regional dos primeiros anos da década de 1960, não pôde ser sustentado entre
1970-80.
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18 Esses acordos estão consoantes ao princípio da multiplicidade. Nos acordos de alcance regional participam
todos os países-membros e nos de alcance parcial, participam apenas alguns países-membros. Um exemplo de
acordo parcial é o MERCOSUL.
19 Os anos 1980 marcaram, nos países de menor desenvolvimento, uma insatisfação com tal processo. Os
resultados com a ALALC não foram tão positivos para esses países. Rosenthal afirma, que “os benefícios
recebidos da integração no passado se converteu em um fator retardatário do processo negociador, exacerbado
pelos custos da integração derivadas do desvio de comércio”. Entre outros fatores, o autor aponta dois
importantes que conspiraram para os insucessos da integração no âmbito da ALALC: “a escassa vinculação
comercial e infra-estrutura pré-existente” (ROSENTHAL, 1990, p. 86).
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20 “A questão da dívida externa [...] converteu-se num ponto central de articulação diplomática no
subcontinente”. Theotônio dos Santos aponta que essa articulação em torno do problema da dívida externa dos
países do terceiro mundo, foi uma iniciativa do presidente de Cuba, Fidel Castro. Após seis congressos sobre
esse tema, Fidel “conseguiu criar uma forte consciência sobre a dimensão da dívida, a impossibilidade do seu
pagamento e perspectiva de utilizá-la como um fator de unidade latino-americana, de colaboração Sul-Sul e de
pressão sobre as potências econômicas” (SANTOS, 1995, p. 126). Outros fatores são também importantes no
contexto dos interesses integracionistas nesse período, tais como: a) a reabilitação de normas de convivência
democrática em vários países da América Latina, b) os efeitos e conseqüências do segundo choque do petróleo
(1979) no balanço de pagamentos dos países da região; e, c) a nova tendência da economia internacional que
apresentou a integração econômica como uma condição necessária para o desenvolvimento de novas
tecnologias, captação de investimentos externos e proteção seletiva dos mercados internos.
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6. Notas Conclusivas
Referências Bibliográficas
Apoena C. Cosenza1
RESUMO
A existência ou não da divisão internacional do trabalho (DIT)
baseada na exploração econômica da periferia do sistema pelo
centro é um fator relevante a se considerar para a elaboração de
políticas econômicas de um país. Levando em conta a exploração
como fruto de (α) trocas desiguais; (β) extração de riquezas através
do envio de remessas por Firmas Multinacionais e por amortização e
pagamento de dívidas; e (τ) espoliação extraeconômica, a DIT
parece continuar a ser uma característica relevante na economia
internacional. Pretende-se, nesse artigo, apresentar um estudo sobre
as principais características da divisão internacional do trabalho e
refletir como ela poderia estar ativamente se reproduzindo no
cenário econômico contemporâneo.
ABSTRACT
2 AMIN, Samir. L’impérialisme et le Développement inégal. Paris: Les édition de minut, 1976.
66
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3 AMIN, Samir. Laccumulation à l’échelle mundiale. Paris: éditions anthropos, 1971. Pg 25. Tradução
própria.
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4 FRÖBEL, Folker; HEINRICHS, Jürgen; KREYE, Otto. The New International Division of Labour. Cambridge:
Cambridge University Press, 2009. pg 11
5 FRÖBEL, Folker; HEINRICHS, Jürgen; KREYE, Otto. The New International Division of Labour. Cambridge:
Cambridge University Press, 2009. pg 45
6 POCHMAN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
o Brasil escolheu. São Paulo: Editora Boitempo, 2007 pg 27
7 POCHMAN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
o Brasil escolheu. São Paulo: Editora Boitempo, 2007 pg 27
8 POCHMAN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
o Brasil escolheu. São Paulo: Editora Boitempo, 2007 pg 28
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9 POCHMAN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
o Brasil escolheu. São Paulo: Editora Boitempo, 2007 pg 34
10 POCHMAN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
o Brasil escolheu. São Paulo: Editora Boitempo, 2007 pg 35
11 FRÖBEL, Folker; HEINRICHS, Jürgen; KREYE, Otto. The New International Division of Labour. Cambridge:
Cambridge University Press, 2009. pg 403
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15 EMMANUEL, Arghiri. El Intercambio desigual. Ensayo sobre los antagonismos em las relaciones
económicas internacionales. Madrid: Ed Siglo ventiuno, 1973 pg 98-100
73
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16 EMMANUEL, Arghiri. El Intercambio desigual. Ensayo sobre los antagonismos em las relaciones económicas
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País Capital total Capital Capital Mais- Valor da Custo de Taxa de Lucro Preço de
comprometido constante variável valia mercadoria produção lucro [g produção
(K) consumido (v) (p) [V (c+v+p)] [R (c+v)] [g’ (g’K)] [L
(c) (∑p/∑K)] (R+g)]
A 240 50 100 20 170 150 1/3 80 230
B 120 50 20 100 170 70 40 110
total 360 100 120 120 340 220 120 340
Capital total Capital Capital Mais- Valor da Custo de Taxa de Lucro Preço de
comprometido constante variável valia mercadoria produção lucro [g produção
País
(K) consumido (v) (p) [V (c+v+p)] [R (c+v)] [g’ (g’K)] [L
(c) (∑p/∑K)] (R+g)]
18 AMIN, Samir. L’accumulation à l’échelle mundiale. Paris: éditions anthropos, 1971. Pg 157-158; tradução
minha.
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22 Idem. Pg 235
23 Idem. Pg 211
24 O termo D aparece aqui em substituição ao termo A, obedecendo a tradução tradicional da análise marxista,
onde D é o capital dinheiro, em substituição do termo A (argent, que significa dinheiro em francês)
25 Christian Palloix. As firmas multinacionais e o processo de internacionalização. Lisboa: Editorial estampa,
1974. Pg 211-212
81
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26 Idem. Pg 235
27 GÉLÉDAN, Alain; BRÉMOND, Janine. Dicionário das teorias e mecanismos econômicos. Lisboa: Livros
Horizonte,1988 pg 154.
82
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
32 AMIN, Samir. Laccumulation à l’échelle mundiale. Paris: éditions anthropos, 1971. Pg 375
84
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
33 AMIN, Samir. Laccumulation à l’échelle mundiale. Paris: éditions anthropos, 1971. Pg 535-538
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
País Capital total Capital Capital Mais- Valor da Custo de Taxa de lucro Lucro Preço de
comprometido constante variável valia mercadoria produção [g’ [g produção
(K) consumido (v) (p) [V (c+v+p)] [R (c+v)] (∑p/∑K)] (g’K)] [L
(c) (R+g)]
1 240 50 100 20 170 150 25% 60 210
2 240 50 20 100 170 70 60 130
total 480 100 120 120 340 220 120 340
34 Exemplo original de: EMMANUEL, Arghiri. El Intercambio desigual. Ensayo sobre los antagonismos em las
relaciones económicas internacionales. Madrid: Ed Siglo ventiuno, 1973 pg 102
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Referências Bibliográficas
RESUMO
ABSTRACT
Introdução
3 Quid rides? De te fabula narratur! O trecho pode ser traduzido como “De que ri? De ti fala a fábula”, segundo
nota da edição alemã de O Capital foi retirado por Marx das sátiras de Horácio (Livro I, sátira 1.12).
4 Marx, em sua época, considerava que o mercado mundial ainda era dominado pelo chamado capital
comercial, principalmente devido ao que chamava de faux frais da circulação, os custos de transporte e
armazenamento das mercadorias etc, ou, em outras palavras, pelo nível de desenvolvimento técnico. A
formação de um mercado mundial controlado pela indústria corresponderia a um momento no qual ocorreria a
formação de uma taxa média de lucros entre os setores produtivos do ponto de vista internacional, e a partir daí
as movimentações de capitais passariam a ser explicadas pelas oscilações das taxas de lucros. A previsão da
formação de tal mercado mundial decorreria da tendência auto-expansiva do capital e, assim como a tendências
à concentração e à centralização do capital, seria uma de suas leis internas fundamentais (MARX, 1983, III-1, p.
200 e p. 250).
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5 A dominação britânica na Irlanda perdurou por vários séculos e sob diversas formas. Embora tenham ocorrido
invasões anglo-normandas na ilha desde o século XI, o marco inicial da dominação costuma ser datado em
1607, devido ao episódio conhecido como flight of the earls, quando os últimos nobres de origem gaélica que
até então não haviam se submetido à coroa britânica se retiraram para o continente, ao que se seguiu a
consolidação da dominação britânica. O período capitalista desta dominação corresponde, principalmente, à
época da “União”, entre 1801 e 1922. Após um conturbado período iniciado em 1922 (Irish Free State,
submetido à coroa britânica), que começa a ser superado com a constituição de 1937, com o Irish act de 1948,
e, finalmente, com a proclamação da república da Irlanda em 1949, cinco sextos da ilha se tornaram
formalmente independentes.
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6 Thomas Francis Meagher (1823-1867), participante do movimento de libertação irlandês e um dos fundadores
da Confederação Irlandesa de 1847. Preso pelas tropas coloniais em 1848, foge para os EUA em 1852 e ainda
lidera a brigada de voluntários irlandeses que luta ao lado do norte na guerra civil americana entre 1861-65
(MARX e ENGELS, 1972, p. 501).
7 Kevin Anderson, analisando este trecho em conexão com a correspondência de Marx do período, afirma o
seguinte: “Thus, the more capitalist form of English domination since the 1846 Great Famine, although less
overtly violent, had been more destructive than all previous forms of English rule over the past seven hundred
years” (ANDERSON, 2010, p. 131).
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8 Marx (1972, pp. 130-131) narra como os católicos (na verdade, os nativos irlandeses) no período anterior a
1776 foram massacrados, sendo proibidos até mesmo de votar para o “parlamento”, participar do exército, ter
propriedades etc. Até mesmo a produção de fertilizantes era toda exportada, gerando um progressivo
empobrecimento do solo, o que Marx chamaria de “Metabolical Rift”, e estaria na origem da potato blight e da
grande fome irlandesa de 1846 (MARX e ENGELS, 1972, p. 141). Esta abordagem da questão irlandesa
forneceria as bases de toda uma “ecologia” marxista nos últimos anos, principalmente em estudos como os de
Foster (2000).
9 Em nota a 2ª edição de O Capital, Marx cita números que dão conta de que em 1870 94,6% do solo irlandês
constituía arrendamentos com até 100 acres. É importante notar que, apesar de autores como Larrain (1999)
interpretarem a “revolução agrária” defendida por Marx para a Irlanda como o estabelecimento de relações
capitalistas no campo, o texto da seção 5, item f do cap. XXIII do vol. I de O Capital (MARX, 1983, I-1, pp. 248-
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259) é claro em apontar o estabelecimento das relações capitalistas no campo como a principal causa do
aprofundamento do “subdesenvolvimento” irlandês. Neste sentido também vai o entendimento de outros autores
que estudaram estes textos, como Mathur e Dix (2009, p. 106) e Anderson (2010, p. 131). Além disso, é
interessante notar que já em 1850 Marx havia redigido um programa para o campo na Alemanha no qual
defende descreve a revolução agrária como um processo no qual “a propriedade feudal confiscada fique
propriedade do Estado e seja transformada em colônias operárias, que o proletariado rural associado explore
com todas as vantagens da grande exploração agrícola” (MARX e ENGELS, 1850, p. 90). Ainda que se entenda
que a “revolução agrária” irlandesa da década de 1860 não poderia seguir o mesmo caminho da alemã de 1850
pela diferença nos níveis de desenvolvimento, parece justo supor que no mínimo ela signifique algo diferente de
uma grande propriedade capitalista, uma vez que de pouco adiantaria substituir uma classe de proprietários
exportadores por outros indivíduos com os mesmos interesses.
10 “Não estamos falando agora de condições em que a renda fundiária, a maneira de expressar na propriedade
fundiária o modo de produção capitalista, existe formalmente sem a existência do modo capitalista de produção
em si, ou seja, sem que o arrendatário seja um capitalista industrial, nem o seu modo de cultivar seja capitalista.
Tal é o caso, por exemplo, na Irlanda. O arrendatário é, geralmente, um pequeno agricultor. O que ele paga ao
proprietário na forma de renda freqüentemente absorve não apenas uma parte do seu lucro, isto é, o seu
próprio mais-trabalho (a que tem direito como possuidor de seus próprios instrumentos de trabalho), mas
também uma parte de seu salário normal, que de outra forma receberia pela mesma quantidade de trabalho”.
(MARX, 1983, III-2, p. 131).
11 A população irlandesa tem uma redução de mais de 8 milhões para cerca de 5 milhões de pessoas entre
1840 e o final da década de 1860 (MARX, 1983, I-2, p. 248). Entre os que sobreviveram, Marx enumera um
crescimento assombroso de do número de doentes (MARX e ENGELS, 1972, pp. 136-137). Curiosamente a
população atual da ilha, considerando a soma da República da Irlanda e da região dos “seis condados”, no
norte da Irlanda, ainda controlada pela Inglaterra, mantém-se em torno aos 5 milhões de habitantes, após ter
chegado a ter apenas 3 milhões entre as décadas de 1930 e 1960. Nada comparável aos 20 milhões de
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membros das “tribos perdidas” da diáspora irlandesa, poeticamente calculados por um dos personagens de J.
Joyce em seu Ulysses.
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12 Vale ressaltar que o tratamento dado por Marx em relação à questão salarial em sua teoria não aponta
necessariamente para um empobrecimento absoluto da classe trabalhadora na medida em que avança o modo
capitalista da produção, mas um empobrecimento relativo (ver a evolução do pensamento de Marx sobre o
assunto bem como as polêmicas em torno a isso em Mandel, 1968, pp. 143-157). O mecanismo da mais-valia
relativa, característico principalmente dos países capitalistas industriais, dá conta de um processo no qual o
trabalhador ganha menos em termos de valor, ainda que com isso compre mais valores-de-uso. Tanto esta
passagem, como a vista acima sobre a extração de uma parcela maior que a produção excedente do camponês
arrendatário pelo proprietário de terras, revelam um processo de acumulação orientado para a maior exploração
do trabalho e não para o aumento de produtividade. É interessante notar a semelhança com o que Marini (1973)
chamaria de superexploração, referindo-se à América Latina.
13 Marx também narra um período da dominação britânica no qual houve uma tentativa de construir “cidades
inglesas” na Irlanda, projeto que teria fracassado porque estas cidades sempre acabavam “se tornando
irlandesas” (MARX e ENGELS, 1972, p. 141).
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14Corn Laws foi o nome pelo qual ficaram conhecidas a legislações que estabeleciam tarifas protecionistas para
a agricultura inglesa de grãos em geral entre 1815 e 1846. Durante os anos que precederam sua derrubada a
política inglesa foi dominada por uma intensa disputa. De um lado os capitalistas industriais “livre-cambistas”
defendiam sua derrubada, que objetivavam utilizar como um mecanismo para viabilizar a troca entre seus
produtos industrializados e produtos agrícolas no exterior, e também como arma de negociação para a
derrubada de barreiras alfandegárias aos seus produtos industriais. Do outro os proprietários rurais defensores
da manutenção das tarifas protecionistas afirmavam que sua derrubada levaria a economia rural inglesa à
bancarrota. Marx analisou esta questão em diversas passagens de O Capital, e utilizou como ilustração de seus
argumentos em diversas outras (MARX, 1983, I-1, pp. 17, 223, 224, 230; I-2, pp. 67, 69-70, 232-236).
101
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16República cossaca, ao mesmo tempo burguesa e autoritária, que se afasta progressivamente dos ideais
democráticos da revolução francesa.
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17Nos Grundrisse, nas “Formações econômicas pré-capitalistas”, Marx é ainda mais claro ao afirmar que neste
sentido, o da subordinação à lógica do capital e da regulação pela lei do valor, estes proprietários escravocratas
exportadores vinculados ao mercado mundial poderiam ser considerados capitalistas, ainda que não o
pudessem do ponto de vista das relações de produção estabelecidas:
A produção de capitalistas e trabalhadores assalariados é, portanto, um produto fundamental
do processo pelo qual o capital se transforma em valores. [...] O conceito de capital implica que
as condições objetivas do trabalho – que são o próprio produto do capital – adquirem uma
personalidade contra o trabalho, ou, o que vem a ser o mesmo, o que passem a constituir
propriedade alheia, não do trabalhador. [...] Isto é [a afirmativa de que haveria capitalistas entre
romanos e gregos], apenas, outro modo de dizer que em Roma e na Grécia o trabalho era livre,
afirmação que estes cavalheiros dificilmente fariam. Se falarmos, agora, dos proprietários das
plantations da América como capitalistas, e que sejam capitalistas, isto se baseará no fato
deles existirem como anomalias em um mercado mundial baseado no trabalho livre. (MARX,
1986, p. 110).
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18 Sobre isto, ver Anderson (2010, pp. 90-92), e Marx (2005, vol 19, pp. 18-20).
19 Ver Anderson (2010, pp. 134-137). Aqui é interessante notar que esta relação na qual um país se integra ao
mercado mundial na condição de fornecedor de matérias primas e alimentos para uma potência industrial
também tem conseqüências para o país industrial, em geral positivas, mas em alguns casos indesejáveis.
20 Marx chega a enviar uma correspondência para o presidente americano Abraham Lincoln, onde em nome da
Internacional Marx pressiona pela abolição da escravatura e manifesta apoio ao presidente neste sentido. A
mensagem da AIT foi respondida por Lincoln através do embaixador na Inglaterra Charles Francis Adams, na
qual Lincoln agradece o apoio “de tantos amigos da humanidade e do progresso ao redor do mundo”. (MARX,
2005, vol. 20, pp. 18-20 e 1972, pp. 239-240).
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21 O movimento nacionalista irlandês, cujos ativistas também eram conhecidos na época de Marx como
Fenians, recebeu amplo apoio político e também financeiro da AIT, em muitos casos por propostas de Marx. Um
caso emblemático é a campanha em torno à libertação de Jeremiah O’Donovam Rossa (1831-1915). Este líder
do movimento Fenian foi preso e condenado à prisão perpétua em 1865, após sua participação em uma
tentativa de insurreição contra a dominação britânica. Em 1869, mesmo na prisão foi eleito com uma massiva
votação para a house of commons do parlamento britânico, expressando o rechaço popular à dominação. Neste
período, Marx e Engels alimentam esperanças que o mesmo movimento que levou a eleição de Rossa, poderia
ter condições de avançar no sentido da independência nacional irlandesa. Em 30 de novembro de 1869, por
iniciativa de Marx, o conselho geral da AIT vota pela primeira vez uma resolução em defesa da independência
da Irlanda e pela anistia aos presos políticos do movimento Fenian. A ampla campanha que se seguiu resultou
na libertação de Rossa pelos ingleses em 1870 e no seu exílio nos EUA, onde seguiu atuando pela causa da
independência da Irlanda. Ver Marx e Engels (1972, p. 505) e Anderson (2010, pp. 135-138).
108
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22 Parece também ir neste sentido a seguinte passagem da carta enviada por Marx a Kugelmann de 29 de
novembro de 1869: “The primary condition of emancipation here—the overthrow of the English landed
oligarchy—remains unattainable, since its positions cannot be stormed here as long as it holds its strongly
entrenched outposts in Ireland. But over there, once affairs have been laid in the hands of the Irish people
themselves, [...] it will be infinitely easier there than here to abolish the landed aristocracy (to a large extent the
same persons as the English landlords) since in Ireland it is not merely an economic question, but also a national
one, as the landlords there are not, as they are in England, traditional dignitaries and representatives, but the
mortally-hated oppressors of the nationality”. (MARX, 2005, vol. 43, pp. 390–391). O que fica claro também
neste trecho é a perspectiva internacionalista de Marx, que via na independência da Irlanda um passo decisivo
para as possibilidades da vitória de uma revolução socialista na Inglaterra. No entanto, reduzir a isto a
importância da análise da Irlanda feita por Marx, como faz Larrain (1999), só poderia ocorrer caso ignorássemos
completamente todos os trechos de O Capital e dos demais trabalhos de Marx do período que tratam da
evolução da economia irlandesa, ou se as considerássemos meramente instrumentais a suas posições
políticas, o que equivaleria a negar à obra econômica de Marx qualquer caráter científico.
23 Nos casos analisados por Marx é interessante notar a progressiva força política dos proprietários rurais como
24Henry John Temple, conhecido como Lord Palmerston, foi primeiro-ministro do Reino Unido por dois
mandatos no período entre 1855 e 1865.
110
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26 “Quaisquer que tenham sido sua velocidade e os seus ziguezagueantes caminhos, a direção geral do
movimento histórico parece ter sido a mesma, tanto nos escalões atrasados como nos vanguardeiros” (BARAN,
1977, p. 210). É muito importante ressaltar, entretanto, que embora nesta citação da sua Economia Política do
Desenvolvimento, publicada inicialmente em 1957, Baran aderisse de forma clara à interpretação que
chamamos de difusionista da obra de Marx, e embora esta passagem tenha sido exaustivamente utilizada para
ressaltar a opinião de Baran sobre o tema, em obra posterior, mais precisamente no clássico Capitalismo
monopolista, escrito em parceria com Paul Sweezy (publicado em 1966), pode-se ver a seguinte passagem:
Em retrospecto, não podemos deixar de lamentar que Marx não tenha ressaltado, de forma
enfática, desde o início, que o capitalismo desenvolvido da Grã-Bretanha (e de um punhado de
outros países da Europa e América do Norte) tinha, como contrapartida, a exploração e
conseqüente subdesenvolvimento de grande parte do resto do mundo. Ele tinha plena
consciência dessa relação [...]. Além disso, o tratamento dado por Marx à acumulação primitiva
ressaltou o papel crucial desempenhado pelo saque às colônias no aparecimento do
capitalismo avançado na Europa. Podemos ver agora, porém, que a omissão de Marx, não
ampliando seu modelo teórico para incluir tanto os segmentos desenvolvidos do mundo
capitalista como os subdesenvolvidos – uma omissão que ele poderia ter reparado, se tivesse
tido tempo bastante para concluir seu trabalho – teve o efeito infeliz de focalizar a atenção,
demasiado exclusivamente, sobre os países capitalistas desenvolvidos. Somente nos últimos
anos a importância decisiva da inter-relação dialética do desenvolvimento e
subdesenvolvimento começou a ser plenamente apreciada” (BARAN e SWEEZY, 1978, p. 16).
27 “Para Marx a modernidade se identificava com a revolução democrático-burguesa. Tratava-se de uma visão
classista e histórica de um modelo cujas pretensões universais derivavam de sua origem de classe, isto é, a
ideologia burguesa. [...]. Mas para Marx, essa formação social representava apenas um estágio do
desenvolvimento global da humanidade. Ao confrontar-se com a especificidade da formação social russa, Marx
teve simpatias pela tese populista de que a Rússia teria um caminho próprio – via comunidades rurais – o Mir
russo – Contudo, nem ele nem Engels puderam elaborar em detalhe esta idéia geral” (DOS SANTOS, 2000, pp.
18-19).
28 “[…] it is quite clear that for most of the time Marx believed that capitalism would industrialize the world”
accounts for his mistaken notion about the future development of the ‘colonial problem’. [...] colonial rule would
lead the East in the direction of full capitalist development” (AMIN, 1974, pp. 147-148).
30 “[…] it is clear that he supposed that: [...] The general direction of the historical movement seems to be the
same for the backward as for the forward contingents” (BROWN, 1974, p. 70).
31 “Within the classic Marxist tradition, capitalism was necessary to establish the material, social and cultural
32 “‘Marx and underdevelopment’ is a curious theme in many ways, since Marx did not really know the concept of
underdevelopment. It is a concept alien to his work as he usually expounded it. It is a concept which in many
ways challenges Marx's ideas every bit as much as it challenges traditional bourgeois liberalism. For we must
never forget that liberalism and Marxism are joint heirs to Enlightenment thought and its deep faith in inevitable
progress” (WALLERSTEIN, 1985, pp. 379).
33 They share [as teorias do subdesenvolvimento – PGP] the rejection of the classical marxist approach [...]. His
[Marx – PGP] comments on the progressive nature of Britain’s role in India are in the same vein: Only on his
remarks on Ireland’s having been stunted in it’s development by the English does he come close to the idea that
colonial capitalism might result different from those obtained in western Europe” (MCLELLAN, 1998, pp. 275-
277).
34 “[...] mas, a não ser estas referências raras e localizadas, tem razão Paul Baran quando afirma que a linha
central do argumento de Marx aponta para o reconhecimento de que ‘a direção geral do movimento histórico
parece ter sido a mesma tanto para os estratos inferiores quanto para os contingentes mais avançados’” (FIORI,
2000, pp. 15-19).
35 Sobre isto R. Chilcolte afirmaria que um dos principais problemas dos marxistas de sua época que estudavam
o desenvolvimento seria sua “indisposição de buscar suas descobertas no pensamento de Marx, ou talvez sua
desatenção com os escritos do século XIX” (CHILCOTE, 1983, p. 105).
113
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36 A referência de Mohri nesta frase é a uma carta de Marx a N. Danielson de 1879 (MARX, 1879).
114
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37 Esta variação da interpretação difusionista pode ser vista em maior detalhe em De Paula (2014, pp. 35-48).
116
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Conclusões
Referências Bibliográfias:
SHANIN, T. (1984). Late Marx and the Russian Road. Ed. por Teodor
Shanin. Londres: Routledge and Kegan.
RESUMO
ABSTRACT
The purpose of this article is to answer the following question: Can local
clusters be considered a form of spatiality in public policies? Therefore, the
theoretical-academic view that underpin the Local Productive
Arrangements is succinctly addressed, the geography of APLs are
presented, and the third generation of policies and the alignment between
the federal and federal entities are brought into this context. With the
development of this work, it was possible to recognize an identity between
the APLs characteristics and the theoretical and governmental conceptions
about the spatial dimension, and realize an overlap between the
conception of Local Productive Arrangements (APLs), the third generation
of development policies, and the Brazilian federalism, which possibly reflects
a favorable condition for conceiving APLs as a new spatiality of public
policies.
Introdução
7 CONSAD - arranjo territorial institucionalmente formalizado envolvendo um número definido de Municípios que
se agrupam para desenvolver ações, diagnósticos e projetos de segurança alimentar e nutricional e
desenvolvimento local, gerando trabalho e renda. Também chamado de territórios de segurança alimentar. Ver
http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/desenvolvimentoterritorial/consad. Acesso em dezembro/2011.
8 O espaço nacional foi dividido num primeiro nível de macrodivisão hidrográfica, nas chamadas Regiões
Hidrográficas Brasileiras (2003). Essas regiões têm sua divisão justificada pelas diferenças existentes no país,
tanto no que se refere aos ecossistemas como também diferenças de caráter econômico, social e cultural. Ver:
CNRH-MMA, resolução n. 32, de 15 de outubro de 2003.
132
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
PANORAMA TEÓRICO-ACADÊMICO
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/plano_plurianual/avaliacao_PPA/relatorio_2008/
08_PPA_Aval_cad01.pdf, acessado em dezembro/2011.
11 Ver a versão completa do plano no endereço: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0021/21439.pdf acessado em
dezembro/2011.
134
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
12 Ver Termo de Referência para Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais
(MDIC/MCTI (histórico), 2004, e Relatório Final sobre o mapeamento e políticas de APLs – BNDES (2008)
http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1292257884.pdf, acessado em novembro/2011.
135
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
13 Essa teoria endogeniza o processo de inovação. A dinâmica econômica é baseada na inovação de produtos,
processos e nas formas de organização da produção. As firmas assumem centralidade no mercado competitivo
e suas ações inovativas ganham destaque.
14 Processo de mutação industrial que revoluciona incessantemente a estrutura econômica a partir de si
20 Ver
http://www.foromundialadel.org/experiencias/doc/Lastres%20politicas%20para%20APLs%20no%20Br.pdf
145
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
24 Ver entrevista com o economista Bresser Pereira no jornal Folha de São Paulo, em 26/09/2011 e de Pedro S.
Malan no jornal Estado de São Paulo, em 14/08/2011, no Espaço Aberto.
25 Ver entrevista com o economista Pedro S. Malan no jornal Estado de São Paulo, em 14/08/2011, no Espaço
Aberto.
148
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Descentralização Administrativa
O processo de descentralização é traduzido por Abrúcio
(2006) como sendo um processo de conquista ou de
transferência de poder.
definimos a descentralização como um processo
nitidamente político, circunscrito a um Estado
nacional, que resulta da conquista ou transferência
158
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Desconcentração de Investimentos
Uma das tendências para a definição do federalismo
cooperativo na Constituição de 1988 está associada ao
161
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Conclusão
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170
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Resumo
A teoria marxista do imperialismo é fundamental para a análise da história econômica
mundial, desde a década de 1870. Ela pode ser compreendida, por um lado, como a
teoria das relações internacionais no âmbito do marxismo, por outro lado, como
esforço sistemático de análise do processo de internacionalização da economia
capitalista (a mundialização do capital). Isso pode ser evidenciado pelos seguintes
aspectos: (1) pela análise das relações existentes entre a política e a economia, a
partir da centralidade conferida aos Estados nacionais no estudo da dinâmica da
acumulação capitalista em escala mundial; (2) as teorias do imperialismo têm como
pressuposto o reconhecimento de que há uma hierarquia entre os países no sistema
internacional da divisão do trabalho, com base em relações de cooperação e
conflito; (3) pela importância atribuída ao capital financeiro na expansão e
aprofundamento das relações de produção capitalistas em todo o mundo, através da
exportação de capitais.
Abstract
The Marxist theory of imperialism is crucial for the analysis of world economic history
since the 1870s. It can be understood, on the one hand, as the theory of international
relations in the context of Marxism, on the other hand, as a systematic effort to analyze
the internationalization process of the capitalist economy (globalization of capital). This
can be evidenced by the following aspects: (1) the analysis of the relationship between
politics and economics, from the centrality given to the nation - states in the study of
the dynamics of capitalist accumulation on a world scale, (2) theories of imperialism
have as presupposing of the recognition that there is a hierarchy among the countries
in the international division of labor, based on cooperation and conflict, and (3) the
importance attributed to financial capital in the expansion and deepening of capitalist
relations of production throughout the world through the export of capital.
3 A composição orgânica do capital diz respeito à proporção em que se reparte em capital constante e capital variável o valor do
produto.
4 Essa circunstância não constitui uma violação da lei do intercâmbio de mercadorias.
177
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
5 O lucro médio é calculado, de acordo com a taxa geral média de lucro. Seu exame minucioso ultrapassa os limites desse artigo.
Ele pode ou não coincidir com a mais-valia efetivamente criada na esfera particular de negócios do capitalista individual. Isso
dependerá da composição orgânica de cada capital individual, ou seja, se ela é igual, maior ou inferior a composição média.
6 O outro método estudado por Karl Marx em O Capital é a produção da mais-valia absoluta. Nesse método, amplia-se o tempo
total da jornada de trabalho prolongando assim a parte da jornada destinada ao trabalho não pago mantendo-se inalterada a
parte da jornada de trabalho em que o trabalhador trabalha para si mesmo, ou seja, em que reproduz o valor de sua própria força
de trabalho.
178
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
7 Entre eles, podemos destacar Vladimir Ilitch Lenine, Rudolf Hilferding, Nikolai Ivanovitch Bukharin, entre outros.
181
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
8 Nessa função, o dinheiro age como um intermediário no processo de circulação social das mercadorias. A fórmula M-D-M
exprime a essência do processo.
182
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
9 Mais precisamente, o conceito de capital financeiro em Rudolf Hilferding diz respeito ao capital bancário que é empregado na
indústria capitalista. Esse capital monetário ocioso se encontra à disposição dos capitalistas industriais somente através da
mediação dos bancos. Por outro lado, esse capital em mãos dos bancos é empregado crescentemente na esfera industrial. A
interpenetração resultante entre o capital bancário e o capital industrial dá origem ao capital financeiro.
191
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
10 Em O Capital Financeiro, Rudolf Hilferding utiliza o exemplo de uma empresa industrial com um capital de 1 milhão de marcos
e que produz um lucro médio de 15%, ou seja, de 150 mil marcos em valores absolutos. Ele supõe que desses 150 mil marcos,
20 mil são gastos com despesas de administração, participação nos lucros, etc., o que é bastante comum nas sociedades
acionárias. Os 130 mil marcos restantes são capitalizados à taxa de juros de 7% (taxa de juros vigente de 5% mais um prêmio de
risco de 2%). A capitalização resultante dá um valor de 1.875.142 (1 milhão, 875 mil e 142 marcos), que o autor aproxima para
1.900.000 (1 milhão e 900 mil marcos). Ou seja, a diferença resultante (1.900.000 – 1.000.000 = 900 mil marcos) é o que autor
chama de lucro de fundador.
193
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Sua análise distingue três fases nesse processo, quais sejam: a luta
contra a economia natural; a introdução da economia monetária; a
luta contra a economia camponesa. À medida que se desenvolve a
produção capitalista se expande as relações de produção capitalistas
197
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
11Esse fator já foi discutido quando realizou-se a análise das diferenças entre Vladimir Ilitch Lenine e John Atkinson Hobson
sobre as causas da exportação de capitais.
198
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12 Nesse artigo, nos limitaremos a análise da obra de Joseph Alois Schumpeter porque seu estudo é uma crítica dirigida
diretamente a interpretação do imperialismo de Rudolf Hilferding.
13 Os grifos são nossos.
203
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CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOBSBAWM, Eric J. A Era dos Impérios 1875-1914. 11.ed. São Paulo: Paz e Terra,
2007.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Nova
Cultural, 1985. v. 1, tomo 1, livro primeiro. Coleção Os Economistas.
______. O Capital: crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Nova Cultural,
1985. v. 2, tomo 2, livro primeiro. Coleção Os Economistas.
______. O Capital: crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Nova Cultural,
1985. v. 3, livro segundo. Coleção Os Economistas.
______. O Capital: crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Nova Cultural,
1986. v. 4, tomo 1, livro terceiro. Coleção Os Economistas.
______. O Capital: crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Nova Cultural,
1986. v. 5, tomo 2, livro terceiro. Coleção Os Economistas.
RESUMO
ABSTRACT
The paper aims at revealing the origins of the systematic construction of the
input-output tables for the Brazilian economy by recovering the historical
development that culminated in the IBGE tables from 1975 onwards. It is argued
that the Brazilian matrices do not appear suddenly at some point in time, but
that they are born gradually in a long historical process of data accumulation
and organization which started during the preparatory moments for the Plano
de Metas in the 1950s, when the techniques for economic analysis and for
identifying bottlenecks in the industry entered in the country.
Goiás, GO (UFG)
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1 Introdução
4 No original: “The statistical study presented in the following pages may be best defined as an attempt to construct, on the basis
of available statistical materials, a Tableau Economique of the United States for the year 1919” (Leontief (1936), p.105). Todas as
citações em português são traduções nossas.
5 Para uma interessante análise de como apenas formalmente a teoria desenvolvida por Leontief era similar à de Walras e ao
esquema neoclássico, tendo conteúdo muito mais próximo aos clássicos, ver Kurz e Salvadori (2000).
216
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
6 Ladislaus von Bortkiewicz trabalhou com estatística, economia matemática e foi um crítico-interlocutor de Marx. Sua proposta
de solução para o famoso problema da transformação dos valores em preços de produção teve enorme repercussão e inaugurou
o debate sobre o problema da transformação tradicional. Sobre isso ver Camarinha Lopes (2012). Werner Sombart foi um dos
principais representantes da escola historicista na Alemanha da virada para o século XX que teve influência sobre a formação do
ramo de histórica econômica fora da tradição marxista.
7 Ver Leontief e Spulber ([1923/24] 1964).
8 Ver Leontief (1928).
9 Sua última entrevista com sua esposa Estelle antes de morrer confirma a influência da economia política clássica sobre seu
pensamento. Ao ser perguntado qual autor lembrava mais de seu período de intensa leitura na Universidade de São Petesburgo,
respondeu: “Eu não poderia dizer. Minha memória é muito ruim. Mas, é claro, Karl Marx. Penso que ele é possivelmente o melhor
economista clássico. Ele realmente entendia como o sistema capitalista funciona (...). Alguém que vem totalmente de fora do
planeta aprenderia algo sobre a presente economia capitalista de mercado de Marx por que ele é tão amplo. O Capital é muito
melhor que livros-texto típicos. É realmente rico.” (DeBresson, 1997, apud Leontief, et al. (2004)). O ensino de economia política
na União Soviética da época de Leontief ainda não era completamente desenvolvido, mas a direção para um programa de teoria
econômica marxista já estava sendo posto em marcha. A primeira edição do Manual de Economia Política oficial da URSS foi
publicada em 1954 em Moscou por um grupo de economistas sob direção do Partido Comunista. Ver Academia de Ciências da
URSS ([1954] 1961).
217
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
10 Foram separadas importações competitivas de não competitivas, e aquelas subtraídas da demanda final. A partir desta
separação teórica e de medição, Leontief estudou posteriormente nos anos 1950 a composição fatorial do comércio exterior
estadounidense, concluindo no famoso paradoxo com seu nome. O paradoxo de Leontief é a constatação de que economias
intensivas em capital exportam mercadorias intensas em mão de obra e importam mercadorias intensas em capital. O estudo
original que testava o teorema Heckscher-Ohlin é Leontief (1953).
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
11 Como a falta de índices de preço do produtor detalhados, que permitiam comparação temporal, além de posteriormente
cálculos de produtividade detalhada.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
que ações políticas específicas são tomadas para que o Brasil atinja
crescimento e desenvolvimento por via principalmente da
industrialização.13 Com isso, fica claro que a realização dessa meta, no
contexto econômico global de fim de liberalismo clássico, só podia
ocorrer com o planejamento econômico.
Mas como efetuar o planejamento em um ambiente em que não
existem dados acurados sobre a economia? Esse é o primeiro problema
que foi enfrentado com uma série de missões conjuntas com os norte-
americanos visando esboçar um quadro razoável sobre a situação
brasileira. Especificamente, a partir de 1939 houve um levantamento de
informações e elaboração de relatórios que nunca havia sido feito e
que permitiu a primeira estimação do estado geral de desenvolvimento
da economia nacional. Esse processo culminou no conjunto de dados
utilizados para a formulação do Plano de Metas pelo Grupo Misto
CEPAL-BNDE, que consistia basicamente no apontamento daqueles
setores-chave que deveriam receber incentivos pontuais para que o
sistema total pudesse se expandir sem interrupções.
Como se pode facilmente depreender, a técnica de extração,
acumulação e organização dos dados econômicos nacionais não era
conhecida no Brasil, visto que a política econômica se restringia até o
fim da Primeira República em 1930 às disputas em torno do câmbio e
política tributária com foco restrito. No entanto, devido às
transformações profundas da crise de 1929, os países centrais começam
a desenvolver procedimentos que levaram à coordenação da
economia nacional enquanto unidade. Em termos teóricos, esse ímpeto
pela necessidade de controlar e contornar os problemas dos anos 1930
gerou a abordagem macroeconômica de Keynes, que se popularizou
rapidamente no ocidente e que fundamentou a organização das
contas nacionais, como descrevem Nunes (1998) e Marinho Mathias
(2011).
14 Por uma coincidência interessante, Corwin Edwards, responsável econômico da missão Cooke, também trabalhou como
consultor do NBER (National Bureau on Economic Research), pelo qual Leontief esteve em 1931. Seria interessante trabalho
historiográfico adicional para verificar se isso se traduziu em algum tipo de influência sobre o primeiro da elaboração do autor
russo.
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15 De acordo com Olveira(2011) um dos fatores que conduziu à fundação da FGV em fins de 1944 foram as próprias missões.
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5 Considerações Finais
Referências
Resumo
Abstract
The present study intends to do a comparative study among Caio Prado Junior
and Fernando Henrique Cardoso works. Comprehending both writers as parts
of different political and social Brazilian tradition of thought, understanding
commonalities aspects on the work of this writers can show important aspects
that consolidate this Brazilian thought tradition, either in its present Liberal,
represented here by Fernando Henrique Cardoso, or in the Marxist, represented
by Caio Prado Junior.
Keywords: History; Development; Dependency; Imperialism.
INTRODUÇÃO
1 Vieira Pinto e Hélio Jaguaribe discordavam sobre o caminho para transformar a realidade brasilera: o primerio
via a necessidade de “desalienar as massas”, fazendo-a perceber o valor do seu trabalho; o segundo acreditava
ser necessário que a burguesia industrial se encarregasse de realizar uma educação para o desenvolvimento,
debate bem descrito por Caio Navarro de Toledo (1997, pp. 40-50).
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2Sobre o tema, sugere-se a leitura de CORREA, Carolina Pimentel. As teorias do desenvolvimento de Celso
Furtado e Fernando Henrique Cardoso frente ao ideário Cepalino. Porto Alegre, 2013.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
Resumo
Abstract
This paper reflects on the debate on the creation of Eletrobras project within
government Juscelino Kubitschek (1956-61). In the alternative, it also reflects on
the debate about the legality or otherwise of the Water Code, (laws that
regulate the operation of water resources in Brazil). In such discussions it is clear
the position of many members of the government Kubitschek against the
effective implementation of Eletrobras and how those worked against the
installation of state. If talks-even on complaints made to various nationalist
personalities on the adverse consequences that the decision to halt the
Eletrobras would mean for the country.
Introdução
3 Extraídos das: Revista Conjuntura Econômica, Revista Brasiliense,Revista Anhembi, Revista Engenharia e
Revista do Clube de Engenharia. Além das fontes primárias acima arroladas, extraímos também informações
relevantes das obras de autores que, já na época, ou trouxeram a público suas reflexões teóricas sobre a
questão ou tiveram a preocupação de publicar suas memórias, ou ainda que, no início da década de 90 e,
portanto, já em idade avançada, prestaram depoimentos ao Centro de Memória da Eletricidade, em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
4 Entende-se por ideologia, aproximando-se das proposições de István Mészáros, “uma forma específica de
consciência social, materialmente ancorada e sustentada. Como tal é insuperável nas sociedades de classe.
Sua persistência obstinada se deve ao fato de ela se constituir objetivamente (e reconstituir-se constantemente)
como consciência prática inevitável das sociedades de classe, relacionada com a articulação de conjuntos de
valores e estratégias rivais que visam ao controle do metabolismo social sob todos os seus principais aspectos”.
Sobre o tema, ver: István MÉSZÁROS, O poder da ideologia, pp. 13-27.
5 Dado que num texto para um artigo não haveria condições para resgatar todos os aspectos que as questões
aqui aventadas contêm, concentrar-se-á este estudo no embate havido entre os que foram então denominados
privatistas e nacionalistas, sobretudo nas manifestações de desamor ante o projeto de criação da Eletrobrás e o
Plano Nacional de Eletrificação, dentro e fora do governo Juscelino Kubitschek.
6 Os privatistas assim eram designados por entenderem que o setor elétrico deveria continuar sob o controle
das concessionárias privadas estrangeiras, pelo que eram denominados por seus adversários de entreguistas.
Outro aspecto sobre o qual manifestavam divergências era quanto ao grau de centralização e intervenção do
governo federal nos Estados e, neste sentido, embatiam-se sobre o modelo de intervenção do Estado na
ampliação da capacidade do setor de energia elétrica no Brasil. Os nacionalistas ou tupiniquins defendiam uma
forte participação do Estado nos setores de infra-estrutura – como energia elétrica – e no setor produtivo. Além
disso, identificavam os grupos estrangeiros e seus aliados no Brasil como os grandes inimigos da
industrialização. Os privatistas, por sua vez, alegavam que somente a participação do capital estrangeiro
poderia impulsionar o processo industrial, e com isso, superar o estágio de subdesenvolvimento em que o país
se encontrava.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
enquanto sujeitos.
7 O padrão de acumulação dos chamados “50 anos em 5” apresentava um problema capital: uma grave
desproporcionalidade entre o Departamento I (Bens de Produção) e o Departamento III. O primeiro constituído
ainda de forma parcial e o segundo cujas proporções superavam a envergadura de produção interior do
primeiro. A solução encontrada para a desproporcionalidade entre os Departamentos I e III foi a busca de
capital estrangeiro, por meio de investimentos diretos, viabilizados pelo arcabouço jurídico consubstanciado na
Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC). No plano interno, o governo JK recorreu
ao financiamento inflacionário para suprir as necessidades de infraestrutura, como por exemplo, energia.
(OLIVEIRA, 1980: 85-6)
8Capital atrófico é a designação específica dada por J. Chasin ao capital que aqui se configurou, caracterizado
por sua debilidade e timidez objetivas, próprias a um capital induzido externamente, incapaz de perspectivar sua
autonomia, incompleto e incompletável, assentado na super-exploração da força de trabalho, impossibilitando a
incorporação das classes subalternas e a criação de um mercado consumidor de massas. A este tipo de capital
corresponde uma burguesia débil e tímida, autocrática e subordinada ao imperialismo, enquanto internamente
oprime econômica e politicamente a classe trabalhadora. Sobre o tema, ver: J. CHASIN, A miséria brasileira,
passim e O integralismo de Plínio Salgado.
9 A meta energia representava 43,4% dos investimentos totais. A meta energia elétrica representava parte mais
11Catullo Branco era paulistano. Nasceu em 30 de maio de 1900. Formou-se como engenheiro pela Escola
Politécnica em 1924, trabalhou na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo de 1929 a
1959 tendo se ausentado de 1946 a 47 quando foi eleito deputado estadual sob a legenda do Partido
Comunista do Brasil (então PCB). Militante comunista, apontou constantemente o papel do imperialismo na
manutenção do atraso social e econômico do Brasil, em particular a influência das empresas estrangeiras de
energia elétrica.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
13 Nos anos 70 estas empresas deixarão definitivamente de ter a responsabilidade de investir na geração e
transmissão de energia.
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14 O Código de Águas assinado pelo presidente Vargas em 1934 estabelecia, resumidamente: a separação da
propriedade das quedas d’água das terras onde estas se encontravam e incorporação ao patrimônio da União
Hidráulica de tais quedas d’água e outras fontes de energia de forma inalienável e imprescritível; atribuição à
União da outorga e concessão de aproveitamento (por no mínimo 30, no máximo 50 anos) da energia hidráulica
para uso privativo em serviço público, bem como a reversão das instalações ao final do prazo de concessão;
instituição do princípio do custo histórico ou serviço pelo custo para o estabelecimento de tarifas e avaliação do
capital das empresas; e nacionalização dos serviços, que passaram a ser conferidos exclusivamente a
brasileiros ou a empresas organizadas no Brasil.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
15Luís Antônio da Gama e Silva viria a ser um personagem destacado na conspiração que levou ao Golpe de
Estado de 1964 que derrubou o presidente João Goulart. No governo Costa e Silva era o ministro da Justiça
responsável pela edição do Ato Institucional nº 5.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Considerações Finais
Os representantes dos altos escalões do governo
Kubitschek manifestavam abertamente seu desamor em
relação à proposta de organização da Eletrobrás, porém
diante da emergência de se produzir energia elétrica para
suprir as necessidades de crescimento dentro do novo padrão
de acumulação não apresentavam alternativas concretas no
âmbito da iniciativa privada. Isto porque, de um lado as
concessionárias estrangeiras de energia elétrica não se
interessavam em fazer novos investimentos remunerados nos
parâmetros definidos pelo Código de Águas – lucratividade
de 10% do capital sobre o capital investido. De outro a
iniciativa privada nacional – verdadeira expressão do que é
capital atrófico não manifestavam a menor disposição em
fazer inversões no setor de energia elétrica.
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
Referências Bibliográficas
Normas de Publicação:
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Econômica e Economia Política. Os textos podem ser:
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316
Revista de Economia Política e História Econômica, número 33, ,Janeiro de 2015.
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