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AUTOCONHECIMENTO

NA PRÁTICA
Um manual para transformar as áreas dos
relacionamentos, corpo e dinheiro/profissão
Esse e-book foi escrito por Paramita Sobre a autora 05
com a contribuição dos facilitadores
Como funciona este e-book 11
Marcus Rocha e Amelia Clark.
O início: por que preciso me conhecer melhor? 13

PARTE 1
ÍNDICE
1. Mudanças que quero fazer mas não consigo 15
2. Será que a solução vai cair do céu? 22
3. Estou tentando me proteger de algo? 27
4. Indo além das velhas desculpas de sempre 33
A racionalização 34
Será que a pressa ajuda? 38
PARTE 2
ÍNDICE
5. Olhando para a nossa história 42
Infância 43
As crenças e padrões inconscientes que se instalaram com a nossa história 52
6. A zona de conforto e a preguiça 58
Como funciona a preguiça 60
7. E como eu saio de tudo isso? 64
Vamos no passo a passo? 66
8. Nossos grandes desafios: dinheiro/profissão, relacionamentos e o corpo 69
Dinheiro/profissão 70
Relacionamentos 76
Corpo 79
Planos de ação 82

Conclusão 90
INTRODUÇÃO
SOBRE A
AUTORA
Olá! Meu nome é Paramita.
Eu sou mineira, nasci em Juiz de Fora e, desde muito pequena, a
vida me mostrou que eu não tinha vindo aqui neste mundo
apenas a passeio.
Nasci em uma família muito bem-sucedida financeiramente,
meus pais eram herdeiros de fazendeiros ricos mas, com o
tempo e a má administração da herança, o dinheiro ficou curto.
Minha mãe pensou que estava na menopausa, até que um dia
descobriu que, na verdade, a menopausa era eu. Ela estava
grávida de três meses e tinha mais cinco filhos, o mais velho
já com 20 anos!
Cheguei numa casa sempre cheia de gente, com muitas
festas e momentos felizes, mas também com muitas brigas
e desarmonia. A minha lembrança é de que aquilo tudo
era um pouco forte demais para mim.
6 Quando eu tinha nove anos de idade, minha mãe teve um aneurisma cere-
bral e ficou com limitações físicas muito sérias e, depois de um ano, faleceu.
Então, desde muito pequena eu passei a questionar a vida, pois já havia
convivido com a morte, com uma doença séria, com a violência entre meus
irmãos e as drogas que eles usavam na minha frente, o alcoolismo do meu
pai, a perda de dinheiro e, consequentemente, a perda da qualidade de vida.

Logo percebi que essa vida era bem mais


profunda do que parecia. Era tudo tão forte
para mim que fiz questão de “esquecer” e passei
muitos anos tentando provar para as pessoas
que eu tinha superado tudo aquilo.

Eu estava convencida de que não tinha sido atingida pelos traumas e hu-
milhações que havia passado por não ter tido uma mãe e nem uma vida ou
casa estruturadas como a maioria das minhas amigas tinham.
Então, segui em frente evitando entrar em contato com meu passado e
levantando a bandeira de quem deu a volta por cima.
“Eu sou uma vencedora!”
7 Ainda muito jovem, eu namorava um rapaz que era considerado um “bom
partido” pelos meus amigos, eu tinha um bom emprego, fazia muita ginásti-
ca e me orgulhava do meu corpo. Eu estava bem adequada perante a so-
ciedade, porém bastante infeliz e insatisfeita e não conseguia entender o
porquê. Eu tinha uma tensão dentro de mim que não relaxava nunca, mas
eu não mostrava isso para ninguém. E, se alguém não acreditava naquela
minha imagem de perfeição e me questionava, eu pensava: “Essa pessoa
não me entende! Ela deve ter inveja de mim!”
Até que no ano de 1994, minha irmã me convidou para ir a um centro de
terapias e autoconhecimento na Índia, e eu respondi: “- Me desculpa, essas
coisas de terapia são para pessoas problemáticas e eu não preciso disso!”
Mas ela insistiu: “- Vamos lá! É legal, tem um resort, lugares lindos para
passear e fazer boas compras.” Eu mordi a isca e pensei: “Ok! Esse lugar
é exótico e vou ter mais uma coisa para falar sobre mim: Nossa...eu fui pra
Índia!” Quando cheguei lá, pensei: “Já que estou aqui, vou fazer alguns
desses cursos e grupos de autoconhecimento, já que quero fazer psicologia
para ajudar as pessoas.”
E, se alguém não acreditava Quando ingressei nesses eventos, logo percebi que toda aquela imagem
naquela minha imagem de de perfeição que eu tinha montado sobre mim não fazia sucesso entre
perfeição e me questionava, aquelas pessoas. Elas percebiam que eu havia criado uma fachada para es-
eu pensava: “Essa pessoa conder as dores e humilhações da minha infância e me questionavam: “Mui-
não me entende! Ela deve to bonito tudo isso que você está dizendo, mas não há sentimento nas suas
ter inveja de mim!” palavras. Quem é você, afinal? O que você está querendo provar?”
8 Este foi o primeiro passo de um profundo trabalho de desconstrução de
todas aquelas paredes que eu havia erguido para não ter que tocar no meu
passado. Foi muito impactante, mas eu já podia sentir o gostinho que es-
tava por trás de me libertar desses padrões do inconsciente e relaxar um
pouco em mim mesma.
Eu descobri muita coisa. Fiz psicologia, me mudei para São Paulo, me
submeti a vários grupos de autoconhecimento e terapias, conheci mestres
e professores deste caminho que me ajudaram, fiz formações e especial-
izações e voltei à Índia mais de vinte vezes.
Comecei a estudar tudo isso com muita paixão. O livro principal deste
estudo foi a minha vida. Com ela, aprendi demais! Mas as vidas das outras
pessoas dos grupos de autoconhecimento que participei também me ensi-
naram profundamente.

fui percebendo como cada um de nós tem as


suas especificidades, e, ao mesmo tempo, como
todos somos iguais.

Essa percepção me aproximou dos outros e minhas barreiras foram dimi­


nuindo, até que tive o privilégio de começar a trabalhar com tudo isso.
9 Tive a oportunidade de facilitar grupos de autoconhecimento em vários
lugares do mundo com participantes de diversas culturas diferentes. Foi
muito rico ver os mais variados condicionamentos e, mais uma vez, ob-
servar tantas diferenças e tantas coisas em comum que nós seres humanos
vivemos e sentimos.
Essa transformação que vivi ao longo desses anos foi um enorme presente
que recebi na vida. É óbvio que não me transformei naquela pessoa perfei-
ta que meu ego queria tanto, mas sinto que posso me expressar bem mais
livremente, que trabalho com o que amo, que vivo um relacionamento que
gosto muito e vejo possibilidade de crescer, e que sinto menos essa neces-
sidade de provar para todos que sou forte e posso superar tudo. Admito
que ainda erro bastante e que tenho muito a aprender, mas já sinto que
tenho algo importante para compartilhar sobre tudo o que descobri ao
longo destes anos.
Essa bagagem me permitiu desenvolver uma metodologia de autoconheci-
mento que considero profunda e que proporciona grande satisfação a mim
e aos meus parceiros de trabalho. É gratificante ver tantas pessoas se trans-
formando por meio dos processos que oferecemos nessa escola que agora
está entrando em uma fase ainda mais madura com sua nova estrutura que
denominamos como Yeshe Escola de Autoconhecimento.
Tento colocar neste e-book, de uma maneira simples, coisas profundas que
aprendi. Ele é um passo importante que pode abrir várias portas para você
se conhecer. Mas gostaria de adiantar que pretendo compartilhar muito
10 mais coisas com vocês. Esse é um primeiro passo, mas quero trazer outras
possibilidades, que não devem ser apresentadas de uma só vez para não
ficar excessivo e confuso.

Espero que esse e-book possa


contribuir na sua caminhada
em direção a uma vida mais feliz.
11

COMO FUNCIONA Este e-book foi criado para que você possa iniciar ou dar continuidade ao
seu estudo de autoconhecimento. Ele pode ser lido e relido aos poucos ou
ESTE E-BOOK de uma vez, como você preferir.
A primeira parte é dedicada ao estudo e à compreensão de mecanismos
internos que muitas vezes nos atrapalham. Você vai ver que o texto é re-
cheado de exemplos destacados, que são histórias reais de pessoas que
estão vivendo um dia a dia que pode ser parecido com o seu e com o meu.
Por isso deixamos espaços para você também incluir os seus exemplos, se
juntando a nós. A intenção da Parte 1 é mostrar alguns caminhos possíveis
para você se conhecer.
Na segunda parte, eu te convido a entrar num estudo mais profundo e
específico. Sugiro vários exercícios e dou alguns direcionamentos com Pla-
nos de Ação para que você possa tirar um proveito prático e real de todo
o estudo apresentado. Lembrando que você não precisa ter pressa e que
pode ir aos poucos.
12 Nessa parte 2, me concentrei em três áreas da vida que acredito serem
muito importantes: dinheiro/profissão, relacionamentos e o corpo. Então,
alguns dos exercícios têm estes focos, mas podem, a todo momento,
serem aplicados em qualquer área da sua vida.
A minha intenção é que você tenha acesso a um passo a passo neste​
“Autoconhecimento na prática” para que possa ir consultando sempre
que desejar ou quando a vida te apresentar algo novo. Mas peço que
tenha em mente que não existe certo ou errado e muito menos rápido ou
devagar na forma de usufruir deste conhecimento. Cada um tem seu jeito,
sua história e necessidades, então eu sugiro que você vá desfrutando dos
exercícios no seu tempo, deixando espaço para os conteúdos internos
serem trabalhados.
Se você tiver dúvidas ou precisar de ajuda, não hesite em entrar em
contato com a gente.

www.yeshe.com.br
13 Hoje em dia, posso dizer que a resposta a essa pergunta está bem mais
clara para mim. Eu diria até que é óbvio que se quero ter uma vida mais
plena e aumentar o meu bem-estar e autoestima, lidar melhor com o stress,
insônia, depressão e ansiedade, ou ter relacionamentos mais saudáveis e
um propósito na vida, é claro que preciso me conhecer melhor.
Mas, por muitos anos não foi assim, como vocês puderam ler na minha
apresentação. Eu achava que já estava “resolvida” e que me conhecia
mais do que o suficiente. A prova disso era o “sucesso” que eu fazia per-
ante todos. Mas, este sucesso estava vazio, ou melhor, estava recheado de
O INÍCIO: “POR QUE uma voz que não me deixava relaxar...era uma cobrança constante de que
eu não era boa o suficiente. Quando descobri que essa voz vinha lá do
PRECISO ME CONHECER centro de uma insegurança que eu ainda não conhecia e, pelo contrário, re-
MELHOR?” jeitava, foi se instalando em mim uma esperança e uma nova direção. Isso
me levou a dar passos além dessas vozes internas que me angustiavam,
amedrontavam e me faziam abrir mão de grandes possibilidades.
Eu pude vivenciar e me beneficiar muito de conhecimentos e ferramentas
adequadas e entrei nessa grande aventura que é o autoconhecimento.
Nela, eu percebi que viemos para esse mundo sem o nosso manual de
instruções. Ele precisava ser descoberto. Sabemos como funcionam sofisti-
cados computadores, eletrodomésticos, foguetes que viajam pelo espaço,
enfim, são muitos os manuais de instruções. Mas...onde estava o meu?
À medida que fui me aprofundando, passei a sentir gratidão a cada passo
que dava, a cada parte minha que eu conhecia melhor e entendia, mesmo
14 com todo os desafios. E o meu propósito passou a ser inspirar as pessoas
a se buscarem e se conhecerem melhor e criar meios e metodologias para
que isso possa acontecer.
São muitos os mitos e medos ao redor desse tema do autoconhecimento
e das terapias, mas aprendi que, se vamos além deles com o devido cui-
dado, podemos encontrar trabalhos e pessoas que podem realmente nos
ajudar. E respostas às perguntas mais difíceis que trazemos dentro de nós
começam a se revelar, e a vida vai fazendo muito mais sentido.
Esta é só a minha perspectiva e a minha experiência. Meu desejo é que
você possa experimentar o mesmo. Que possa colher frutos do ato de
conhecer as suas profundezas, seu inconsciente e padrões para, quem
sabe, ter chances de atingir aquilo que você veio buscar nessa vida. Desejo
que você seja feliz e realizado! Acredito que esse trabalho possa te ajudar
na busca de algumas peças-chave para entender a sua vida e o seu fun-
cionamento. Algumas pessoas ouvem falar sobre o autoconhecimento e
pensam que ele é para pessoas problemáticas ou desajustadas, mas este é
um grande engano! Eu gostaria de convidar você a entrar no seu mundo in-
terno: em seus pensamentos, sentimentos, emoções, memórias, e descobrir
por si mesmo as inúmeras possibilidades do caminho do autoconhecimento.
Respostas às perguntas mais E os que já estão nessa busca há algum tempo vão encontrar aqui uma
difíceis que trazemos dentro oportunidade de dar mais um passo. E àqueles que talvez pensem que o
de nós começam a se revelar, autoconhecimento não é o seu caminho, espero que esse registro possa
e a vida vai fazendo muito despertar para a imensa oportunidade que é se conhecer e se libertar de
mais sentido. padrões inconscientes que aprisionam a todos nós.
PARTE 1

1.
MUDANÇAS
QUE QUERO
FAZER MAS
NÃO CONSIGO
16 E se eu te disser que os nossos padrões inconscientes são o grande em-
pecilho para as mudanças que queremos fazer e não conseguimos?
Talvez você esteja pensando: “Que história é essa de padrões incons­
cientes”?
Não se preocupe, vou buscar explicar bem claramente. Podemos começar
nos perguntando:

“Por que acontecem coisas na minha vida que


me trazem insatisfações, mas eu simplesmente
não consigo fazer diferente? Eu me esforço,
me comprometo, tento aqui, tento acolá, mas
me vejo no mesmo lugar?”

Vamos pensar em um exemplo? Minha vida vai mudar nessa segunda-feira?


Imagine aquela desejada dieta que tanto quero começar a fazer. Quero
emagrecer, mudar o corpo, e aí decido que na segunda-feira vou começar.
Compro só coisas saudáveis e comunico para os amigos: “- Minha vida vai
mudar nessa segunda! Finalmente vou começar a minha dieta”!
Aviso as pessoas da minha casa, acordo bem animado na segunda, tomo
aquele café da manhã bem leve conforme havia planejado. No meio da
17 manhã, começo a sentir fome e alguns pensamentos passam pela minha
cabeça: “Será que estou exagerando? Será que eu não deveria começar
mais devagar?”. Vem aquele almocinho leve e o mau humor começa a
querer me pegar e penso: “Vamos lá, força!”
Mas, para completar, no fim da tarde começo a pensar: “Talvez eu deva ir
mais passo a passo, cortar o glúten ou a lactose, depois o açúcar, e ir aos
poucos”. E no início da noite, aquela minha promessa do final de semana
já não tem mais tanta força e começo a desistir.

Fazemos muito isso na nossa vida, não é


mesmo? Vou começar a meditar... Vou terminar
um trabalho... Vou me inscrever na academia...
São muitas as coisas que tentamos na vida,
mas nossa força de vontade consciente não
consegue concretizar: nós queremos, mas
acabamos por adiar ou desistir.

E olha que aqui estamos falando de coisas práticas , mas poderíamos ainda
olhar para nossas questões emocionais. “Não quero estar dependente de
alguém, mas estou... Não quero mais falar daquela forma bruta, mas falo...
Quero tratar uma pessoa de maneira diferente, mas não consigo... Estou
18 há muito tempo querendo ganhar dinheiro e vejo esta área travada... Que­
ro um relacionamento amoroso mais saudável e me vejo repetindo com­
portamentos que me colocam em situações negativas que não gostaria
mais de estar.”
Vamos estudar um exemplo?

“Forças internas” Vamos olhar para um caso verídico da relação de um pai com seu filho.
que são maiores O pai tinha o costume de sempre criticar o filho, o tempo todo apontando para os
do que a nossa seus defeitos e problemas. O filho já estava com uma obesidade mórbida e deprimi-
própria vontade! do e o pai estava muito chateado com isso, mas não conseguia fazer diferente, sem-
pre apontava para a parte negativa do filho.
Um dia ele disse: “- A partir de hoje, eu não o critico mais. Se for preciso, mordo
minha língua, mordo minha mão, mas não vou falar nada!”
Nesse momento pensei: “Se ele não conhece os motivos reais de estar fazendo
isso, provavelmente não vai dar certo. Mas é verdade que ele precisa tentar!”
Então no dia do aniversário do rapaz, o pai o convidou para caminhar no Parque do
Ibirapuera de São Paulo para ter uma conversa. Eles começaram a caminhar e o pai
disse: “Quero te dar um presente muito especial de aniversário. Eu não vou mais te
criticar! Quero fazer essa promessa aqui com você!”
19 O filho, que já estava entalado de tantas reclamações, começou a desabafar: “- Nos­
sa... finalmente! Eu não aguento mais! Você é isso e aquilo...” e começou a expres-
sar todas as suas insatisfações.
O pai, já irritado, pensou: “Nossa! Como esse menino anda devagar! Olha o jeito
que ele está falando comigo!” E uma grande raiva começou a brotar. Ou seja, aque-
le padrão de querer criticar o filho, de jogar o menino para baixo, começou a vir com
todas as forças.
Para resumir a história, na terceira volta pelo parque eles já começaram a brigar e o
pai percebeu e pensou: “Realmente, eu não tenho condições de dar isso.”

Pois é, amigos! Existe o que chamamos de forças inconscientes que são


maiores que a nossa própria vontade. Conscientemente nós queremos,
mas, inconscientemente, existe esta força contrária, que nós não conhece-
mos, e que está cheia de energia, não permitindo mudanças.
Quero lhe mostrar que muitos destes problemas que temos na vida são
reflexos e consequências de histórias guardadas e não integradas dentro
do nosso inconsciente, que acabam por nos aprisionar. São situações que
parecem grandes demais, e que já desistimos de olhar ou encontramos de-
sculpas para dizer que aquilo não depende de nós, que a culpa é do mari-
20 do, do vizinho ou do país! Fazemos isso porque realmente não sabemos o
que está por trás da nossa desistência e adiamento.
Calma! Eu não estou dizendo que as pessoas não têm nada a ver com
nossos problemas!

O que estou propondo é que você se


abra para conhecer um pouco mais
do seu mundo interno, que é aquele
que, conscientemente ou não, move a
sua vida. Você pode se surpreender e
encontrar muitas respostas que vem
procurando há bastante tempo.

Vamos olhar para o caso acima. Este pai que criticava seu filho também
recebeu muitas críticas de um pai autoritário e cético que só apontava e
reclamava sobre seus erros. Cresceu, então, um homem cheio de raiva
escondida, que passava todo o tempo reclamando do seu filho. E assim vai
a roda da vida.
Enquanto alguém não olhar para essa raiva, essas mágoas, essa tristeza de
não ter sido cuidado, essa família vai gerar homens que julgam e criticam,
pois não conhecem outro caminho.
21 EU QUERO MUITO,
MAS NÃO CONSIGO!
“Eu gostaria de ter um relacionamento amoroso saudável, mas nunca consigo.”
“Embora eu me ache competente, sempre tenho dificuldade de cobrar pelo meu
trabalho.”
“Quero muito me expressar, mas na hora de falar o que penso, eu travo.”
“Eu sempre perco o meu poder diante dos homens...ou das mulheres...ou das
autoridades.”
“Já tentei várias vezes criar o hábito de me alimentar saudavelmente, mas acabo
voltando a comer tranqueira.”
“Por mais que eu malhe e faça dieta, me sinto desconfortável com o meu corpo.”
“Já mudei várias vezes de trabalho, mas não encontro um propósito no que faço.”
“Eu tento ser diferente, mas não consigo mudar esse meu jeito agressivo de falar
com as pessoas.”
AQUI coloco alguns exemplos de
queixas que as pessoas trazem
sobre o que querem realizar, até
“----------------------------------------------------------------------------------------------“
tentam, mas não conseguem.
“----------------------------------------------------------------------------------------------“
deixei três linhas em branco para
você preencher com coisas da sua “----------------------------------------------------------------------------------------------“
vida que tem tentado mudar, mas
não tem obtido sucesso.
2.
SERÁ QUE A
SOLUÇÃO VAI
CAIR DO CÉU?
23

Essas forças inconscientes mencionadas no capítulo anterior estão nos


controlando assim porque simplesmente não as dominamos. Aquilo que eu
não domino, me domina! Dominar não significa reprimir, e sim conhecer, pois
elas estão agindo a partir de um lugar dentro de nós que está escondido,
que está fora do nosso campo de visão. Então não tem como trabalharmos
com elas.

Não podemos transformar


o que não conhecemos!

Não vou dizer que essa é uma tarefa fácil. Para nos formarmos em uma
universidade, por exemplo, estudamos muitos anos para receber aquele
diploma. Para construir uma casa, precisamos trabalhar muito e economizar
dinheiro. Na construção é necessário colocar um tijolo em cima do outro
até finalmente ver a casa pronta.
O mesmo ocorre com relação ao nosso mundo emocional, ao nosso auto-
conhecimento. Não podemos simplesmente querer um milagre, querer que
a solução caia no nosso colo. Não estou dizendo que milagres não aconte-
cem, mas precisamos fazer a nossa parte.
24

Não dá para Certa vez, assisti à entrevista de uma pedagoga. Me lembro que ela contou que
resolver a vida toda semana ia em um determinado lugar em São Paulo onde ficavam crianças de
toda em 1 dia! rua, e ali abria sua mesinha de ferro e as ensinava a ler, escrever e fazer contas.
As crianças mais novas aceitavam e queriam aprender. Os adolescentes não, eles só
olhavam de longe. As crianças começaram a ficar mais espertas, e aí ela contou que
um dia um dos adolescentes disse: “- Eu quero aprender também isso aí que você
está ensinando!”
“- Claro! Pode se sentar aqui”, ela respondeu.
“- Mas eu sou diferente desses meninos” ele disse, e então tirou uma arma do bol-
so, colocou em cima da mesa e afirmou: “- Você vai ter que me ensinar tudo hoje!”
Você consegue imaginar como é possível aprender tudo de uma vez?

Assim é o autoconhecimento. Não dá para resolver tudo hoje. Conhecer


a si mesmo é um desafio, uma jornada. E de algum lugar preci­samos
começar. Mas, muitas vezes, não queremos colocar a mão na massa!
Vamos usar uma analogia? Imagine que na vida nós nos especializamos
em secar o chão da nossa sala. Desenvolvemos máquinas, ficamos compe-
tentes, fazemos treinamentos, damos até aulas sobre isso: “Como secar o
25 chão da maneira mais eficaz.”
Mas a proposta aqui é: ao invés de ficarmos eternamente secando o chão
dessa forma tão eficiente, será que em algum momento não vamos ter que
pôr a mão na massa e quebrar alguma parede para encontrar o cano queb-
rado e consertar? Até mesmo porque, muitas vezes, falhamos e escorrega-
mos, caímos, molhamos nossa casa e as coisas apodrecem, não é mesmo?
No fundo, uma parte nossa não quer ir nas raízes das questões, pois
dá trabalho e pode ser dolorido. Mas você já parou para pensar o tra-
balho que dá todo esse processo de adiamento de olhar a verdadeira
questão?

Será que já não estamos cansados de algumas coisas na


vida? Será que não chegou a hora de pararmos de dizer que
a culpa é do outro e buscarmos fazer diferente naquelas
áreas e situações da vida que nos incomodam tanto?

Já pensou no enorme alívio que seria não precisarmos mais secar o chão
molhado e ter esse cano consertado? Eu não acho, digo ou proponho que
façamos tudo corrido ou que iremos resolver tudo de uma vez. Não quero
lhe enganar! Mas precisamos começar!
26 Conhecer a si
mesmo é um
desafio, uma
jornada.
3.
ESTOU
TENTANDO
ME PROTEGER
DE ALGO?
28

Para entendermos as raízes das nossas questões, precisamos viajar no tempo.


Tudo começou quando éramos bem pequenos. Muito da memória deste
tempo pode estar apagada ou enterrada no nosso inconsciente. Algumas
vezes lembramos da situação, mas não temos os sentimentos. Outras ve­
zes, temos sentimentos guardados e não sabemos de onde vieram.
Quando crianças estávamos muito abertos. Éramos como uma antena,
captando tudo que acontecia no ambiente. Estávamos bem mais sensíveis
e frágeis do que hoje, e o impacto dos acontecimentos sobre nós era muito
grande. Dizemos isso para esclarecer que todos nós passamos por traumas
e machucados na infância, não tivemos como evitar.
29 A criança exige algo dos pais e do ambiente que ninguém pode dar. Ela
quer um tipo de atenção, amor e exclusividade que não são humanamente
possíveis. Demanda que tudo seja atendido de imediato, requer a presença
dos pais 100% do tempo, e que tudo seja do jeito dela.
Com isso, com certeza nos frustramos na nossa infância, pois na prática não é
possível um mundo assim.
Mas além disso, muitos de nós sofremos traumas que chamamos de
alopáticos, como uma morte, uma separação, um ambiente de violência,
ou seja, acontecimentos grandes que possuem marcas claras de identificar.
Outros viveram traumas homeopáticos, como uma frieza na casa, com-
paração entre pessoas, chantagens emocionais, cobranças de perfeição, ou
seja, situações que vão acontecendo aos poucos e que nem sempre pos-
suem marcas claras de identificar.
Alguns também viveram a superproteção e isso pode dar a entender à
criança que ela não é capaz. Na página seguinte coloquei alguns exemplos
reais de frases que ilustram os choques vividos por pessoas que passaram
pelo meu consultório ou por nossos grupos de autoconhecimento.
No fim das listas, tem um espaço para você poder acrescentar o que lem-
bra que foi impactante na sua infância. Assim, você pode dar continuidade
ao seu estudo.
30
Exemplos de traumas alopáticos Exemplos de traumas homeopáticos
“Naquele dia, eu tomei uma surra tão forte que deixou minha perna roxa.” “Minha mãe dava todo o apoio material, fazia comida, me vestia direito, me levava no mé­
dico e ia nas reuniões da escola, mas nunca me deu um colo ou perguntou o que eu estava
“Nunca me esqueço de quando meu pai bateu na minha mãe daquele jeito.”
sentindo”.
“Era horrível ver meu pai chegando bêbado em casa. Ele quebrava a sala inteira.”
“Eu me sentia muito controlado pela minha mãe. Ela não me dava chance de experimentar e
“O pior pra mim foi ter sido abusada pelo meu tio.” errar. Era um saco!”
“Tinha um grupinho na escola que fazia questão de me humilhar na frente das “Toda noite eu ficava esperando meu pai pra brincar, mas ele sempre chegava cansado de
outras crianças.” tanto trabalhar e nunca tinha energia pra mim.”
“Doeu demais minha mãe morrer quando eu era tão pequeno.” “Meu pai sempre repetia duas frases que nunca saíram da minha cabeça: “Tudo que você
“Ver meu irmão apanhar daquele jeito doía mais do que quando eu apanhava.” encosta, estraga”, e, ”Esse aí nasceu problemático.”

“Nunca me esqueço das vezes que passei fome.” “Minha mãe nunca deixava eu dormir na casa das minhas amigas e nem ir nas viagens da escola.”

“Meu professor me mandou ficar em pé e me ridicularizou na frente de todos “Meu irmão tinha crises de asma muito fortes e era todo frágil. Depois que ele nasceu, eu
os meus colegas.” passei a não dar mais trabalho para os meus pais para não sobrecarregá-los.”

“Meu pai nunca elogiou nada que eu fiz, só me criticava. Quando eu tirava 10, ele dizia: “Não
“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“
fez mais do que a obrigação.”
“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“
“Eu não levava jeito para os esportes e era sempre o último a ser escolhido para os times da
“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“ escola. A aula de educação física era uma tensão semanal durante toda a minha infância.”

“Eu tinha vergonha das apresentações da escola porque meus pais nunca iam me assistir.”

“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“

“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“

“-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------“
31 São muitas as possibilidades de choques, eles fazem parte da vida. E mui-
tos de nós vivemos tanto os alopáticos quanto os homeopáticos. Como
a criança não podia e nem queria ir embora porque, obviamente, amava
muito essas pessoas, ela precisou se defender.

Para se defender, a criança utiliza uma


estratégia: ela cria camadas protetoras
para não olhar seus sentimentos e cria
comportamentos para esconder algumas
de suas características, tentando ser mais
aceita ou vista naquele ambiente em que vive e
podendo então se sentir mais segura.

Em um outro momento aqui eu vou me aprofundar no conhecimento des-


tas estratégias. Minha sugestão agora é concentrarmos em compreender
que na nossa infância começamos a esconder partes de nós e da nossa
história dentro do nosso mundo interno, como uma forma de proteção.
Não queríamos aceitar aquela realidade. Por exemplo, uma raiva que
sentíamos por algo que estava acontecendo entre os nossos pais, ou um
sentimento de humilhação por causa do bullying na escola, ou a inferiori-
dade diante de um amigo que viajava todo ano e ganhava mais presentes.
32 Então colocamos essas memórias e sentimentos no inconsciente e
tiramos do nosso campo de visão como uma tentativa de não ter mais
que lidar com isso.

Com o tempo, simplesmente esquecemos e não


conhecemos mais essas partes nossas, como a raiva,
humilhação e inferioridade. Mas tudo continua
lá dentro, fora do campo de visão, e por isso sem
controle. Ficamos com isso presos a elas.

Como disse anteriormente, isso traz consequências graves para nossas


vidas. E lidamos com essas consequências todos os dias, achando que a
vida não faz sentido ou que está nos castigando. Desejamos algo, fazemos
tudo o que podemos, nos frustramos e algumas vezes até desistimos.
Para isso existe o trabalho de autoconhecimento, para ficarmos con-
scientes dessas partes escondidas que nos impedem de realizarmos
nossos sonhos e, com isso, retomarmos as rédeas da nossa vida.
4.
INDO ALÉM
DAS VELHAS
DESCULPAS
DE SEMPRE
34 Algo dentro de nós segue não querendo olhar para a nossa história, pois
isso significa entrar em contato com coisas que doeram. Uma maneira
poderosa que normalmente usamos para negar todo este processo é
a racionalização.

A RACIONALIZAÇÃO

A racionalização é uma tentativa da mente de explicar algo que ela ainda


não conhece e, através da lógica, evitar a verdadeira explicação. Ela não
conhece esses sentimentos e partes guardadas, mas explica para evitá-los.
Aqui estão alguns exemplos de racionalização:

As desculpas Imagine o caso de uma mulher que teve um pai alcoólatra e diz: “- Olha, o meu pai
verdadeiras que bebia! Mas, coitado! Ele não podia fazer diferente! O pai dele também bebia. Ele
adoramos dar teve uma infância muito difícil e, por isso, eu o compreendo. Eu já perdoei meu pai!”
É verdade! Ele teve motivos para beber! E até fez o melhor que pôde, mas isso não
muda o fato de que doeu para aquela menina conviver com o pai alcoólatra. E talvez
35 hoje ela seja uma adulta que tenha problemas no relacionamento com os homens,
mas não sabe explicar o porquê. E segue afirmando que já compreendeu e per-
doou o pai.
Você percebe que essa conta não fecha? Percebe que há coisas guardadas e escon-
didas atrás dessa explicação? Isso é o que chamamos de racionalização. Raciona­
lização é uma desculpa verdadeira.
Uma outra maneira de racionalizar é se comparar: “Olha, eu não preciso de auto­
conhecimento! Tem tanta gente com tantos problemas sérios na vida. O meu é tão
“normal”! E minha infância foi feliz.”
Quero te chamar a atenção para essa racionalização. Ela é bem sutil. É verdade que
existem pessoas que tiveram uma infância pior que a nossa, mas seria o mesmo que
dizer: “Nossa! Tem pessoas em estados terminais! Por que vou olhar esse tumor
pequeno no meu corpo?”
Aí mora uma armadilha, um truque da mente.

Podemos acabar por nos acostumar com a racionalização, esse


processo de autoengano que fecha as portas para a transformação, e
passarmos a aplicá-la em inúmeras situações negativas de nossas vidas.
36 E vamos acabar por esconder vários sentimentos atrás dessas desculpas
verdadeiras. Tudo isso por medo: medo do novo, do desconhecido, medo
da transformação.
Devido ao registro dos traumas e experiências passadas que estão no
inconsciente, podemos achar ameaçador o processo de olhar mais profun-
damente para tudo isso.

É desafiador conhecer partes nossas esquecidas,


mas acredito que pior é não as desvendar e ficar
à mercê de algo que não conhecemos. Parece
estranho, mas algumas vezes preferimos nos
agarrar a sofrimentos habituais a arregaçar
as mangas e lidar com o desconhecido para
caminharmos em direção à liberação de tudo isso.

Aí então eu digo:
“- Sim, é possível dar esses passos e, concordo, precisamos fazê-lo
com cuidado.”
37

alguns exemplos comuns


de racionalizações

“Esse negócio de autoconhecimento é para quem tem problema, minha vida é


ótima, normal.”
“Bola pra frente, não preciso ficar chorando mágoas do passado, a vida é
aqui e agora.”
“Não tenho tempo pra isso.”
“Tenho preguiça!”
“Já me conheço muito bem!”
“Eu estou muito bem sozinha, não preciso de ninguém.”
“A vida é assim mesmo, não está fácil pra ninguém.”

Se você conseguir “----------------------------------------------------------------------------------------------“


perceber alguma
“----------------------------------------------------------------------------------------------“
racionalização sua,
pode escrever aqui. “----------------------------------------------------------------------------------------------“
38 SERÁ QUE A PRESSA AJUDA?

Você sabia que os “músculos emocionais”, assim como a musculatura do


corpo físico, também se atrofiam?
Eles são a nossa capacidade de lidar com os sentimentos. Como temos
evitado entrar em contato com partes nossas com as quais não queremos
lidar, esses “músculos” se atrofiaram. E a saída não é levantar um peso de
cem quilos de uma vez.

Músculos Vamos imaginar o exemplo de uma pessoa que teve pais muito severos, que não
emocionais permitiam que ela se expressasse quando criança e exigiam que fosse perfeita. A
atrofiados criança estava frágil (lembra?) e não podia enfrentar a força dos adultos. Ela passou
a se calar e agradar a todos, tentando ser perfeita naquilo que os pais consideravam
importante. Essa pessoa foi moldada neste comportamento.
Ela esqueceu sua própria expressão e, sem perceber, tem medo de ser espontânea:
o músculo da espontaneidade atrofiou. Ela não sabe como é se expressar de ver-
dade e talvez tenha aplicado uma racionalização: “Eu entendo meus pais. Foi bom
39 para mim eles serem severos, eu dei certo na vida. Eles fizeram o melhor
que puderam.”
Posso afirmar e concordo que eles fizeram o melhor que puderam, mas ex-
istem sentimentos que essa pessoa está evitando olhar, existem limites da
sua própria história que cercam a vida sem que ela saiba. Há espaços para
ela se expandir muito mais e, com isso, se comunicar melhor nos relaciona-
mentos, engolir menos sapos, controlar menos as coisas, cuidar mais de si
e de suas vontades, ou seja, ter uma vida bem mais saudável e verdadeira.
Mas, como o “músculo” dessas expressões está atrofiado, não será de uma
hora para outra que ela conseguirá alcançar essa transformação. Como
disse, a saída talvez não seja levantar um peso de cem quilos de uma vez,
exigindo-se estar em um lugar que ainda não está, pois pode acabar se
machucando e afirmando: “Está vendo? Isso não é pra mim!”
Então, não precisa se forçar a ser uma mulher cheia de expressão e se tor-
nar uma pessoa agressiva ou sinceríssima. Pode ir entendendo melhor a
própria história e os limites que a biografia lhe impôs, se aproximando dos
sentimentos que teve que esconder e ir, aos poucos, levantando pesos para
sua musculação emocional. Um peso de um quilo pode significar correr o
risco de falar de alguns sentimentos. Dois quilos, talvez, falar das suas von-
tades e percepções na vida. Três quilos, lidar com os medos e sentimentos
que estão por trás de tudo isso e, a partir daí, muita coisa pode acontecer,
abrindo espaço para o novo poder entrar.
40

Quais são os esforços que


você esta fazendo na sua SEM EXPRESSÃO
-------------------------------
vida mas que seus músculos
ainda estÃo atrofiados

SUCESSO
------------------
DINHEIRO
--------------------

e você?

INTIMIDADE -------------------------
-----------------------
41

O simples fato de conhecermos nossos


padrões negativos que estavam
inconscientes, já promove algumas
mudanças de sentimentos e
comportamentos.

Chegamos ao fim da Parte 1 deste e-book. Espero que você tenha


desfrutado e aproveitado o texto.
Na Parte 2, eu te incentivo a dedicar um tempo para olhar sua história
pessoal e se conhecer mais um pouco. Como já disse, você vai encontrar
exercícios e planos de ação que podem te ajudar de uma maneira
prática. Aproveite!
PARTE 2

5.
OLHANDO
PARA A
NOSSA
HISTÓRIA
43

Agora, vamos aprofundar um pouco mais na compreensão de como os


nossos padrões, que vimos na Parte 1, se instalam? Não tem como fazer-
mos isso sem olharmos para a nossa história.

INFÂNCIA

A criança, quando chega aqui neste mundo, não sabe nada a respeito da
vida. Nada! Ela não sabe que existem outros países e culturas, outras pes-
soas, maneiras de pensar diferentes dos pais, não sabe mesmo como essa
vida funciona. Ela é um livro totalmente em branco, muito aberta e sensível.
Então, à medida que vai tendo experiências e convivendo com as pessoas
que estão à sua volta, vai assimilando o que é e como funciona a vida, vai
absorvendo o exemplo de como essas pessoas estão vivendo.
Aquele livro que estava em branco vai sendo escrito em seu inconsciente,
determinando como ela vai ser e viver. E existe um ponto muito importante
sobre o funcionamento da criança que precisamos entender: toda criança
tem a tendência a generalizar. Ela ainda não sabe discernir e generaliza
qualquer evento que aconteça como se essa fosse a única realidade.
Vou dar um exemplo simples.
44

Um livro Imagine uma criança ainda na fase em que é um livro em branco, que não sabe
em branco como é trabalhar e ganhar dinheiro mas está ali, aberta, captando tudo que
acontece no ambiente. Seu pai chega todo dia insatisfeito do trabalho, reclamando,
cansado, dizendo que rala muito para ganhar pouco e que não gosta do que
está fazendo.
A criança não consegue discernir da seguinte forma: “O meu pai não gosta do tra­
balho dele e não está satisfeito com o que faz.” Como o funcionamento natural dela
é generalizar, vai pensar: “Trabalho é sofrimento! Precisa-se trabalhar muito para
poder ganhar dinheiro!”

Experiências e emoções como essas vão sendo captadas e registradas no


inconsciente, que vai sendo moldado por tudo que está acontecendo à sua
volta, como uma argila molhada. Até que um dia essa argila seca e deter-
mina como a pessoa vai ver a vida e agir no mundo.
O que foi dito e vivido ao redor da criança, através dos exemplos
que ela presenciou, fica esculpido no inconsciente, dando origem a
uma crença.
45 Essas crenças e seus sentimentos tendem a ser enterrados e esquecidos.
Aquela criança vira um adulto, e toda vez que tenta trabalhar e ganhar
dinheiro, é sofrido. Ela não sabe que isso está conectado com o passado,
e passa a ter certeza de que a vida é assim e não consegue se abrir para
outras possibilidades.

Era uma vez Gostaria de descrever uma experiência que vi acontecer com uma criança em uma
uma crença festa de aniversário. Eu estava conversando com um amigo, quando seu filho che-
gou muito assustado, e perguntou: “- Pai, minha mãe fuma”? E o pai respondeu:
“- Claro que não, menino! De onde você tirou isso? Não tem sentido isso que você
está falando! Sua mãe não fuma!” O filho retrucou: “- Fuma, pai! Eu vi ela fuman­
do”. E o pai encerrou o assunto: “- Você está confundindo! Você não viu isso!” E
mandou a criança voltar a brincar.
Meu amigo, então, olhou para mim e disse: “- Será que ele viu?” Me assustei muito
na hora e perguntei: “- Por quê? Ela fuma?” Ele respondeu: “Fuma, mas não quer
que o menino descubra.”
Gostaria de usar este exemplo para poder chamar sua atenção para uma reflexão:
Aquele momento estava carregado de emoção para o menino. Dava para ver que a
confiança dele estava sendo abalada.
46 Que conclusões ele pode ter tirado? Vamos imaginar algumas hipóteses?
“Eu não sou capaz de ver a realidade”, “meu pai está mentindo pra mim” ou
“minha mãe está mentindo pro meu pai”, dentre muitas outras possibilidades.
Mas você lembra que a criança não sabe discernir? Ela vai generalizar e talvez
registre: “Mulheres mentem para os homens. Não se pode confiar nas mulheres.”
E assim nasce o que chamamos de crença.
A crença é justamente a conclusão generalizada na qual a criança chega diante
de uma experiência que está carregada de emoções fortes.
Neste caso, a tendência é enterrar a situação e crescer com a constante desconfi-
ança de que, a qualquer momento, a mulher vai trair ou mentir. Para complicar ainda
mais, quando este menino for se relacionar com mulheres, vai ter a tendência a se
sentir atraído por uma que de fato mente, porque a crença é como um imã que vai
fazer com que a coisa aconteça de novo. Se ela não tem o perfil de mentirosa, o
rapaz tende a continuar desconfiado por causa da sua própria crença, e pode sufo-
cá-la e controlar os seus passos a ponto de induzi-la a mentir.
Então podemos ver as repetições que criamos na nossa vida. Elas estão cheias de
emoções, crenças e padrões, e nos prendem naquilo que mais queremos evitar sem
que percebamos.
47

Quem comeu Posso dar mais um exemplo de uma pessoa que veio procurar ajuda nos nossos
essa bolacha? trabalhos em grupo. Ela mentia o tempo todo e isso a prejudicava muito. Quando
chegamos no ponto de trabalho das crenças, criamos as condições para que tudo
ficasse mais claro e ela entendesse o porquê da necessidade de mentir.
Ela se lembrou que quando era criança e fazia alguma coisa errada, a mãe pergun-
tava: “- Quem comeu essa bolacha de chocolate que não era pra comer?” Ela re-
spondia: “- Eu!” E a mãe batia na menina. Numa outra situação, a mãe questionava:
“- Por que você chegou atrasada da escola?” E a menina: “- Porque eu fiquei brin-
cando.” E acabava tomando uma surra da mãe.
Um dia a mãe perguntou de novo: “- Quem comeu essa bolacha?” E a menina desta
vez respondeu: “- Não sei.” Nesse dia, não levou nem mesmo uma chinelada. “-
Por que você chegou atrasada da escola?” “- Porque eu fiquei estudando.”
E, dessa vez, não apanhou.
Ali ela começou a associar verdade com punição: “Se eu falar a verdade vou ser
punida. Preciso mentir.” Ela cresceu repetindo isso inconscientemente.
48 A situação carregada de emoção, vivida por uma criança que não sabe
o que é este mundo, vai determinar sua existência. Hoje em dia esta-
mos lidando com a vida influenciados pelas experiências da nossa infân-
cia. Não somos capazes de ver o mundo como ele realmente é em sua
totalidade.
Olhamos os nossos relacionamentos, o dinheiro, a sexualidade e tudo mais
que seja importante, através das lentes do nosso passado.

É muito importante descobrirmos essas crenças


que carregamos. E uma maneira boa de fazê-lo
é por meio da investigação das insatisfações
que temos hoje, olhando de frente para aquilo
que não está funcionando.
49
O QUE NÃO
ESTÁ FUNCIONANDO?
“- Não consigo ganhar dinheiro suficiente para não passar sufoco no fim do mês.“
“- Estou insatisfeito com as minhas relações dentro do ambiente profissional.“
“- Não estou satisfeito com o meu corpo.“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

“----------------------------------------------------------------------------------------------“

O que você acha “----------------------------------------------------------------------------------------------“


que hoje não está
funcionando na
sua vida como
você gostaria?
50 Essas insatisfações são sintomas de portas fechadas dentro de nós. “Se a
vida não está fluindo livremente nessa área ou no meu comportamento,
estou preso ao passado”.
Agora, vou mostrar alguns exemplos de crenças que fui conhecendo ao
longo dos anos:

Sou incompetente.
Os homens não
Sucesso não é para mim. são confiáveis.
Se eu me expor em
um relacionamento Trabalho é sofrimento.
vou ser abandonado.
Casamento
As mulheres mentem e traem. é prisão.

Meu corpo nunca será bom o suficiente.


Vamos imaginar que este livro em branco é
Dinheiro só vem com --------------------------------------------------------------------- você quando era criança.
Só posso ser feliz se ---------------------------------------------------------------------- Tente completar as seguintes frases de acor-
Emagrecer é ---------------------------------------------------------------------------------
do com o que você está percebendo sobre
você mesmo. Quais foram as conclusões
Eu não sou suficientemente ------------------------------------------------------------
generalizadas, ou seja, as crenças que você
Eu não mereço ----------------------------------------------------------------------------- foi escrevendo no seu livro em branco,
O casamento é ----------------------------------------------------------------------------- através das experiências que viu e viveu.
Se eu me expressar verdadeiramente, ---------------------------------------------
Se eu abrir meu coração para alguém, ---------------------------------------------
Eu não nasci para --------------------------------------------------------------------------
A felicidade é -------------------------------------------------------------------------------
Eu não posso -------------------------------- porque ------------------------------------
Se eu não tenho um parceiro, ---------------------------------------------------------
52 AS CRENÇAS E PADRÕES
INCONSCIENTES QUE SE
INSTALARAM COM A
NOSSA HISTÓRIA

E como é que podemos descobrir mais sobre estes padrões inconscientes


e crenças instaladas?
Primeiro vamos olhar situações ou bloqueios tão profundamente arraiga-
dos em nossas vidas que chegamos a ponto de querer desistir daquilo ou
nem mesmo tentamos.
Por exemplo:
“Eu nunca vou conseguir ganhar muito dinheiro!”
“Relacionamento amoroso não é pra mim!”
“Trabalho não pode ser associado com prazer. Trabalho é sofrimento!”
“A Sexualidade é suja!”

São situações que parecem que nunca vão mudar ou que vão se repetin-
do e repetindo... “Eu mudo de relacionamento e daqui a pouco me vejo
naquele mesmo padrão de me relacionar... Eu troco de emprego e contin-
uo insatisfeito e sem reconhecimento. Eu transformo meu estilo de vida e
sigo sentindo a mesma ansiedade”.
53

Meu inconsciente, Me lembro de uma moça que veio fazer um dos nossos grupos terapêuticos. Seu pai
meu destino! nunca estava disponível, era realmente um homem muito distante. Pois adivi­nhe?
Esta mulher acabava sempre se relacionando com homens de outras cidades ou
países, que de alguma forma não estavam disponíveis. A crença que ela tinha sobre
o que é se relacionar com um homem estava determinando sua vida sem que ela
percebesse.
Um dia, essa mulher começou a namorar um rapaz de sua cidade. O homem tinha
um emprego fixo, era funcionário público. Ela pensou: “Realmente, agora vou fazer
diferente! Vou experimentar como é ficar com este homem. Por mais que eu não
esteja completamente envolvida, preciso ter essa experiência. Estou cansada de
relacionamentos à distância!” Começaram a se relacionar, foram se aprofundando e
decidiram: “Vamos morar juntos!”
Após pouco tempo construindo uma vida juntos, acreditem ou não, ele foi transferi-
do para trabalhar em outra cidade! E mais uma vez a moça se viu em um relaciona-
mento à distância.
54 Por que algo assim acontece?
Conscientemente, queremos muito uma coisa, mas há algo dentro de nós
que está bloqueando essa realização. Há uma crença que, por estar incon-
sciente, fora do nosso campo de visão, determina o rumo dos aconteci-
mentos, apesar das nossas vontades.
No caso do nosso exemplo acima, a crença que acompanha esta mulher é
“Todos os homens são distantes e indisponíveis.”
Sem que ela saiba nem como nem porquê, sentia-se atraída por homens
que reforçavam sua crença. Por mais que aquele companheiro morasse na
mesma cidade, ele tinha um emprego com possibilidades de transferência.
Sem que percebesse, sua atração era direcionada para alguém assim, pois
estava presa à sua crença.
Como dizia Carl Jung: “Enquanto você não se tornar consciente, o incon­
sciente irá controlar sua vida e você chamará isso de destino.”
“Enquanto você não se Muitas vezes não temos a noção da profundidade deste processo. E talvez
tornar consciente, o possamos encontrar aí as respostas de muitas das perguntas que temos
inconsciente irá controlar feito ao longo da vida.
sua vida e você chamará “Talvez eu esteja há vidas lidando com problemas financeiros, ou sem con-
isso de destino.” seguir me relacionar sexualmente de uma forma saudável, ou sendo inca-
Carl Jung paz de conectar o prazer com o trabalho”.
55

Temos uma tendência de colocar os problemas


de lado e não olhar com firmeza para essas
situações da vida. Se queremos dar mais um
passo em direção a essa transformação, temos
que olhar de frente para o que nos incomoda.

Um outro ponto importante para compreendermos o que estou abordan-


do aqui é que muitos de nós estamos limitados por essas crenças, mas
acreditamos estar livres delas, pois agimos ao contrário do que ditam, in-
vestindo muita energia para fugir do passado.
Todo esse esforço gera ansiedade, medo e cansaço.

Fugindo do Vejam o exemplo de um rapaz que, quando criança, tinha muita vergonha que os
passado amigos fossem em sua casa, pois seu pai era um homem enfraquecido e dominado
pela esposa. Segundo sua percepção de menino, o que seus amigos encontrariam lá
seria um pai que era “a dona da casa” e uma mãe que saía para trabalhar e susten-
tar a família. Independente dos papéis, o pai não conseguia se impor e se expressar.
56 Convivendo com essa falta de presença masculina, o rapaz criou uma crença de que
“homem é fraco” e resolveu lutar contra isso com todas as forças. Ele se tornou um
workaholic que sustenta toda a família, não tem tempo para nada, está ansioso e
com problemas de saúde. Sem perceber, está preso na sua crença, tentando provar
para o mundo que não é um homem fraco.

Uma vez fui chamada para trabalhar em uma empresa com o time de um
executivo que era bastante agressivo. Ele tratava os funcionários com
pressão e todos estavam muito cansados. Tinha escrito um livro de como
ser bem-sucedido e, realmente, ele era um exemplo de sucesso na carrei-
ra. Ao estudar sua biografia, foi interessante perceber que, quando ele era
muito novo, seu pai faliu no auge do sucesso. Durante sua infância foi difícil
lidar com essa falência e o impacto que ela teve. Ele passou muita ver­
gonha e medo.
Ao longo do processo, eu pude perceber que os funcionários estavam
sentindo a pressão daquela pessoa que estava, sem saber, fugindo do
passado. Ele não era um homem que estava somente trabalhando ou ex-
pressando sua força, ele estava fugindo de algo. Por isso, tinha temores,
ansiedade e sentia muita pressão. Era uma fuga de uma lógica equivocada:
“Eu sou bem-sucedido, portanto posso falir a qualquer momento e passar
vergonha e medo.”
57
Como você deve estar percebendo, são muitas as variáveis e armadi­
lhas que essas crenças podem trazer, e talvez esteja pensando: “Nos­
sa...que preguiça! Melhor não mexer com essas coisas!”
Se isso veio à sua mente, faço a seguinte sugestão:

Se anime, respire fundo. Olhar para dentro


traz desafios. Mas vivermos aprisionados a
partes nossas que não conhecemos, girando
em círculos e permanecendo em nossa zona
de conforto, é muito pior!
6.
A ZONA DE
CONFORTO
EA
PREGUIÇA
59 Muitos de nós se colocam em uma zona de conforto na vida para não ter
que lidar nem com as situações do passado, que nos trouxeram dores e
sentimentos ruins, nem com o presente que não nos preenche ou não nos
realiza.
Ficar neste lugar é se acostumar com uma forma de agir ou pensar que evi-
ta o medo, o conflito ou a ameaça. A zona de conforto, aparentemente, ga-
rante segurança: mas, é uma segurança falsa, que não permite mudanças.
Às vezes, pensamos que quem está nesse aparente “conforto” são aqueles
que se encontram presos a alguma rotina. Pode até ser, mas vou dizer que
conheço pessoas que estão presas, porém têm uma vida bem diferente e
alternativa, como o exemplo de uma mulher em que a zona de conforto
dela era estar sempre viajando, pois tinha medo de qualquer tipo de com-
promisso.
Sair daí e penetrar no nosso mundo interno possivelmente vai trazer mu-
danças em nossas vidas e quebrar padrões, mas é necessário saber que
vamos encontrar algumas armadilhas.

Há guardiões que vivem no nosso inconsciente,


que nos impedem de sair dessa zona de
conforto. Eles existem para garantir que
nada mude, que tudo fique seguro, igual e
controlado.
60 Um dos principais guardiões é a preguiça.

COMO FUNCIONA A PREGUIÇA

A preguiça, que parece ser algo tão inofensivo, às vezes tem o poder de
paralisar as nossas vidas mais do que podemos imaginar. Ela ama trabalhar
com aquelas desculpas verdadeiras que mencionamos no capítulo da ra-
cionalização, para usar a sua arma preferida que é o adiamento.
Ela diz frases do tipo:
“Eu vou fazer mais um curso ou workshop para começar a montar o meu
currículo e procurar aquele emprego.” A pessoa termina o curso e a mente
continua dizendo: “Agora já é fim de maio. Vou esperar as férias de julho e
vou atrás disso.”
Ou
“Semana que vem começo minha dieta.” A semana que vem chega e:
“Acho que vou aos poucos. Essa semana vou tentar reduzir o açúcar e
depois eu entro realmente na dieta.”
Ou
“As crianças estão muito novas. Eu estou completamente infeliz, mas ainda
61 não vou terminar meu relacionamento”. As crianças crescem e a preguiça
continua dizendo: “Meu parceiro não está preparado. Ele está muito inse­
guro com a saída dos nossos filhos de casa.”
E a roda vai girando, a vida vai passando e a mente continua com estes
tipos de afirmações. Só que lá no fundo, ela está dizendo:
“Não sou boa o suficiente; não vai dar certo; não posso sobreviver sem um
parceiro.”
Quando a preguiça está atuando, não fazemos o que é necessário para
evoluirmos além das nossas crenças. Ficamos prostrados ou nos ocupamos
de tantas outras coisas que não achamos tempo para fazer o que é preciso.
Sempre adiamos!
Não queremos lidar com o desconforto que essa movimentação pode tra­
zer e a preguiça age como um mecanismo de defesa para não termos que
mexer ali.

Daqui a pouco Me lembro de uma moça que vendia roupas como sacoleira, mas ela adiava mais do
eu faço! que vendia. Em algumas tardes passava as roupas e fazia listas de quem ia procu-
rar para vender (preguiça ativa) e em outras ficava assistindo séries e perdia a hora.
Eram muitas as desculpas para não agir e para não sair de casa e vender.
62 À medida que foi se trabalhando, ela percebeu que estava evitando a possibilidade
de receber alguns “nãos” e se sentir humilhada. Tinha vergonha de se ver em uma
posição de inferioridade e demonstrar que dependia que as pessoas comprassem
os seus produtos para ela sobreviver. Para não assumir esses medos, ficava tardes
inteiras fechada em casa (zona de conforto) adiando tomar uma atitude.
Conforme o processo foi andando, ela pôde fazer as conexões e ver que o senti-
mento de humilhação que estava com medo de sentir era bem mais antigo do que
aparentava. Ela havia passado por isso quando criança na escola onde, no geral, os
amigos tinham uma condição financeira melhor que a dela.

A crença ameaça: “Se você enfrentar a preguiça, vai viver novamente um


desconforto.” Como no caso do exemplo acima, creio estar claro que per-
manecer nessa situação pode trazer bem mais frustração e dor do que se
mover e aumentar as chances de viver novas possibilidades e surpresas.
Neste caso, ao aumentar a consciência sobre a questão, a moça pôde se
mover e finalmente se sustentar vendendo roupas.
63

Uma forma de entendermos esse processo seria


compararmos a vida com uma escola. Quando não
compreendemos bem uma matéria e evitamos estudá-la,
acreditamos que estamos aliviados por não entrarmos
em contato com a nossa incapacidade de aprender.
Com isso, repetimos a matéria e ficamos em recuperação
também na chamada escola da vida, andando em
círculos na mesma situação até aprendermos.
7.
64

E COMO
EU SAIO DE
TUDO ISSO?
65

Talvez você esteja pensando: “Ok! Muito bonita toda essa explicação, mas
tem uma pergunta que não quer calar: Como eu saio disso?“
Calma! Sugiro aqui um passo a passo que vai te auxiliar, mas é importante
deixar claro que não tem como sabermos quanto tempo você terá que se
dedicar a cada um deles. O fator tempo, nesse processo de autodesen-
volvimento, é muito relativo. Muita paciência nessa hora!
Outra coisa importante! Não há uma ordem exata para realizar o que estou
sugerindo. Você pode começar em um passo, seguir para o outro, e depois
voltar para o passo anterior, caso seja necessário.

A compreensão de nossa história, quando


passa pela consciência, já começa a trabalhar
na transformação do nosso padrão de
comportamento.

Para facilitar essa compreensão, mostro aqui um passo a passo que vai te
ajudar no seu estudo. Lembre-se que esse processo pode levar tempo e
requer empenho e, às vezes, uma ajuda profissional é necessária para po-
dermos ver e entender tudo que está sendo proposto aqui.
PASSO 2
66 Identificar os meus
PASSO 1 padrões repetitivos
Reconhecer o que não
está bom na minha Perceber que existe
um padrão instalado
vida hoje em mim e que venho
Olhar para minha vida repetindo situações e
de uma forma madura e comportamentos que me
sincera e admitir onde prejudicam.
estou insatisfeito.

PASSO 4
Mudar as atitudes
PASSO 3 À medida que evoluímos nos
Acessar minhas memórias passos anteriores, começamos,
e sentimentos aos poucos, e de forma
consciente, a agir diferente.
Este passo é imprescindível! Lembrando que não adianta
Buscar a origem dos meus levantar um peso de 100 kg
padrões e comportamentos de uma vez com o músculo
observados no passo anterior e atrofiado.
Vamos no passo comparar com o que vivenciei
a passo? na infância. (Te daremos sugestões a seguir).
67 Para que esses passos fiquem ainda mais claros, vamos a um exemplo.

Um passo Imagine uma mulher que tem o padrão de sempre atrair homens fechados e está em
a passo na um casamento com uma pessoa assim. Eles trabalham muito e ela está sempre ocu-
prática pada. Ela sabe que o marido tem este comportamento e que isso a machuca, mas
nunca tem tempo para pensar sobre isso ou conversar com ele. O adiamento (lem-
bra da preguiça?) está presente.
Até que chega um ponto em que ela fica incomodada e começa a entrar no primeiro
passo: reconhecer que está insatisfeita com a situação do relacionamento.
Ela poderá então reconhecer a repetição e o padrão, entrando assim no segundo
passo: “Afinal, não é o meu primeiro parceiro que se comporta desta maneira comi­
go - já tive outros namorados assim. Isso é algo que se repete. Inclusive já tive um
parceiro que não agia desta forma e ele não me atraía tanto. Será que a solução é
trocar de marido ou olhar melhor para este meu padrão?”
Quando ela investiga mais profundamente, que é o que propomos no terceiro
passo, ela se lembra de muitas situações em que se sentiu assim em relação ao pai,
que era um homem muito frio e distante. Percebe que este sentimento que é des-
pertado em seu casamento a acompanha praticamente desde sempre. Essa carência
da presença de um homem é algo que começou na infância e está tão instalada que
ela acredita que intimidade em um relacionamento é algo que não existe.
68 Ao se tornar mais consciente de tudo isso, ela entra no quarto passo onde, aos pou-
cos, muda alguns comportamentos. Passa, por exemplo, a acusar menos o marido
ou fazer convites para que eles possam ter mais tempo juntos.
E se, no terceiro passo, ela tiver tido a oportunidade de lidar um pouco mais com
esse sentimento de rejeição que teve na infância, e que agora sabe que sempre
a acompanhou, talvez pressione menos o marido e ele sinta mais vontade de se
aproximar.
8.
69

NOSSOS
GRANDES DESAFIOS:
DINHEIRO/PROFISSÃO,
RELACIONAMENTOS
E O CORPO
70

Sugiro agora focarmos em três áreas importantes da vida para a


investigação das nossas crenças limitantes.

DINHEIRO / PROFISSÃO

Se prestarmos atenção, iremos perceber que são muitos os julgamentos e


crenças ao redor do dinheiro. Ao mesmo tempo que queremos tê-lo, pode-
mos observar alguns sentimentos como medos e até preconceitos quando
o conseguimos ou quando vemos pessoas que já o têm.

Muitas vezes a mente se vê confusa e bloqueada com relação a este tema


em virtude de traumas passados e experiências coletivas conectadas a jo­
gos de poder.
71 Confundimos as distorções humanas causadas
pelo poder que o di­nheiro traz com o próprio
dinheiro em si, que é uma energia neutra que
pode ser usada tanto para a construção
quanto para a destruição.

Quando falamos de dinheiro e profissão, estamos falando do prazer que é


podermos trabalhar naquilo que gostamos, expressando nossos talentos
e sendo remunerados de uma maneira satisfatória. Com isso, poderemos
viver uma vida próspera e relaxada nesta área.
Sabemos que muitas vezes pode haver um desencontro nestes três fatores
que estamos citando aqui: Gostar do que se faz, ser bem remunerado e
poder ter uma vida próspera e relaxada.
Pode acontecer de trabalharmos com o que gostamos, mas não sermos
bem remunerados. Ou ainda, podemos ter prosperidade financeira mas
não gostarmos do que fazemos.
Já acompanhei casos de pessoas que trabalhavam no que amavam e rece-
biam muito bem, porém não conseguiam manter esse dinheiro, gastando
de maneira desequilibrada ou não conseguindo aproveitar, com medo de
gastar e voltar para uma escassez do passado.
Uma outra maneira que já pude observar foi a de pessoas que conseguem
72 preencher todos esses fatores, trabalhando no que gostam, sendo bem
remunerados por isso e tendo uma vida próspera. Porém, sentem um cons­
tante desconforto no trabalho, se veem competindo, sempre com necessi-
dade de provar algo para os demais e, consequentemente, não conseguin-
do relaxar.
Você deve estar se perguntando, mas será que existe esta satisfação per-
feita e completa? É claro que estamos conscientes que a vida é recheada
de desafios e que é muito raro mesmo termos tudo, mas também sabemos
que estamos aqui para nos transformar, que podemos sempre evoluir.
E, também, muitas si­tuações que achamos que são coisas da vida são, na
verdade, consequência de nossas crenças limitantes que estudamos nos
capítulos anteriores.

Ao que parece, a vida é pura abundância e


prosperidade, mas a maneira como “aprendemos
e fomos condicionados” vai determinar o
quanto estaremos desfrutando dela.

Vamos a alguns exemplos de crenças com relação a este tema para nos
ajudar a chegar mais próximos das nossas próprias crenças.
73

CRENÇAS SOBRE
DINHEIRO E PROFISSÃO

“Todo rico é desonesto.” “Trabalho e prazer não se encontram.”


“Dinheiro só vem com muito esforço.” “Tenho que atropelar os outros para ser bem-
“Eu nunca consigo me organizar.” sucedido.”

“O que eu gosto de fazer no meu trabalho nunca “Dinheiro é uma coisa podre que só traz problema.”
vai me trazer dinheiro.” “Eu tenho, mas esse dinheiro pode acabar a qualquer
“Eu não sou capaz de atingir meus objetivos.” momento.”

“Alguém tem que pagar para mim.” “Eu tenho, mas preciso de mais.”

“Eu não posso gastar o meu dinheiro.” “Eu não tenho a possibilidade...e nem nunca vou ter.
A vida é assim mesmo!”
74
Neste e-book estou buscando formas e alternativas para que você possa
trazer para o consciente essas barreiras que te separam do fluxo da vida.
No exercício abaixo vou trazer essas afirmações negativas que, como
aprendemos, são frutos de uma experiência vivida que se tornou uma
generalização. A mente entendeu equivocadamente que a vida é assim e
na verdade ela não é.
Este exercício pode ser aplicado em qualquer área da sua vida. Ele é uma
oportunidade de trazer luz para essas partes guardadas no escuro.

Na próxima página você verá um desenho que simboliza uma selfie. Você
6

2
4 5

está tirando uma fotografia desta área do dinheiro/profissão em sua vida.


6 6

Preencha dentro da sua selfie, no número correspondente, cada uma das


6

questões abaixo. No final, você terá uma fotografia mais clara de como este
tema está na sua vida hoje.
Em seguida, haverá um plano de ação para que você possa iniciar uma
transformação prática.
DINHEIRO/
75 PROFISSÃO 6
Preencha na selfie ao lado
as questões dos números 2
correspondentes:
4 5

1. Como está esta área da sua vida


hoje? Como você se sente? Quais
são as suas satisfações e conquistas?
Quais as insatisfações e desafios? 1
2. Como na sua infância seu pai
lidava com a profissão dele? E com o
dinheiro? Quais as frases e afirmações
que você ouvia ele falar sobre estes
temas?

3. Como na sua infância sua mãe


lidava com a profissão dela? E com o 6 6
dinheiro? Quais as frases e afirmações
que você ouvia ela falar sobre estes
temas?

4. O que seus pais diziam sobre você


na sua infância no que diz respeito
às suas capacidades e incapacidades.
Eles diziam o que desejavam para sua
profissão no futuro?

5. Após responder às perguntas 2,


3 e 4 escreva aqui o que você sente
que assimilou dessas situações e que
gera influência na sua forma de se 3
relacionar com sua profissão e com o
dinheiro.

6. Escreva ao redor da selfie as


crenças limitantes que você percebe
ter nessa área.

6
76

RELACIONAMENTOS

Sabemos a riqueza que é estar em um relacionamento amoroso. Ali, temos


a oportunidade de conhecer muito sobre nós, se pudermos estar con-
scientes de tudo que é ativado quando estamos envolvidos amorosamente.
Podemos acessar o nosso amor, nosso bem-querer, nossa vontade de nos
fundirmos no outro e também nos deparar com nossas carências, ciúmes,
medo de nos expormos, necessidade de controlar, medo da solidão, sub-
missão, medo de nos aprisionarmos, etc.
Este tema pode render um vasto estudo e pretendemos fazê-lo em um
próximo livro onde veremos que estamos tentando consertar o nosso pas-
sado ou fugindo dele por meio de nossos relacionamentos amorosos.
Aqui, vamos focar em nossas crenças limitantes, e assim poderemos dar
importantes passos em direção a uma maturidade maior na conexão com o
outro.
Essas crenças nos separam das pessoas e moldam a maneira como vivemos
nossas relações. Vamos ver alguns exemplos na área dos relacionamentos
para nos ajudar a chegar mais perto das nossas próprias crenças.
77

CRENÇAS SOBRE
RELACIONAMENTOS

“Se eu me entrego, o outro vai me machucar.” “Ninguém se interessa por mim”.


“Preciso me fazer de difícil para ter poder.” “Sexo e amor não se encontram: amo minha
“Se eu não for perfeita, não vou ser amada.” parceira, mas não me sinto atraído. Sinto atração
por outras mulheres, mas não consigo amá-las.”
“Relacionamentos não são pra mim. É muito
complicado! Prefiro ficar sozinho.” “Se eu não estou em um relacionamento, me sinto
pior que as outras pessoas.”
“Mulheres são controladoras.”
“Não dou conta da minha vida sozinha.”
“Homens traem!”
“Se eu não me casar e não tiver família, nunca vou
“Não é possível ser livre e estar em um ser feliz.”
relacionamento ao mesmo tempo.”
78 RELACIONAMENTOS
6
Preencha ao lado as
questões dos números 2
correspondentes:
4 5

1. Como você se sente nesta área


da sua vida hoje? Quais são as suas
satisfações e conquistas? Quais as
insatisfações e desafios? 1
2. O que seu pai dizia na sua infância
sobre casamento e relacionamentos?
O que ele dizia sobre os homens nas
relações? E sobre as mulheres?

3. O que sua mãe dizia na sua infância


sobre casamento e relacionamentos?
O que ela dizia sobre os homens nas 6 6
relações? E sobre as mulheres?

4. Como era o casamento dos seus


pais?

5. Após responder às perguntas 2, 3


e 4, escreva aqui o que você percebe
ter assimilado daquelas situações e
que pode estar influenciando a sua
forma de estar em um relacionamento
ou de estar sozinho?

6. Escreva ao redor da selfie as


crenças limitantes que você percebe 3
ter nessa área.

6
79

CORPO

Vamos olhar agora nossa relação com o corpo físico. Ele nos foi empresta-
do para vivermos essa experiência aqui na Terra e um dia teremos que
devolvê-lo.
Será que estamos fazendo bom uso dessa ferramenta que é o nosso corpo?
Como temos cuidado dele? O quanto o aceitamos e o respeitamos?
Temos ultrapassado os seus limites? Dormindo pouco, ingerindo alimentos
e substâncias que fazem mal, fazendo atividades em excesso?
Criamos tempo para cuidar dele de uma forma adequada?
Será que brigamos com o nosso corpo ou não o aceitamos por não atingir
os padrões de beleza impostos?
As crenças impressas em nosso inconsciente com relação ao corpo físico
impactam diretamente em nossa saúde, bem-estar, tensão, autoestima e
muito mais. Algumas dessas crenças talvez possam ser:
80

CRENÇAS SOBRE
O CORPO FÍSICO

“Eu nunca vou gostar do meu corpo.”


“Se eu não tiver um corpo perfeito não vou ser aceita.”
“Não tenho tempo para cuidar de mim”
“Minha mãe sempre esteve doente. Um dia também vou ficar.”
“Eu nunca vou ter força para emagrecer.”
“Preciso comer sem parar.”
“Posso seguir trabalhando muito, meu corpo vai dar conta.”
“Posso fazer exercícios que, mesmo assim, meu corpo continuará
horrível.”
“Meu corpo é uma vergonha. Quem tem corpo bonito é mais feliz.”
81 CORPO
6
Preencha ao lado as
questões dos números 2
correspondentes:
4 5

1. Como você se sente em relação


ao seu corpo hoje? Você gosta dele?
Como cuida dele? Está saudável?
Quais são as satisfações, insatisfações 1
e vergonhas com relação ao seu
corpo?

2. Como seu pai cuidava do corpo


dele quando você era criança? Ele era
saudável? O que ele dizia sobre você
com relação à sua aparência?

3. Como sua mãe cuidava do corpo 6 6


dela quando você era criança? Ela era
saudável? O que ela dizia sobre você
com relação à sua aparência?

4. Seu corpo já sofreu algum tipo de


violência física, sexual ou verbal ao
longo da vida, como bullying, debo-
ches ou surras?

5. Após responder às perguntas 1, 2


e 3 escreva aqui o que você percebe
ter assimilado dessas situações e
que pode estar influenciando na sua
relação com o seu corpo hoje. 3
6. Escreva ao redor da selfie as cren-
ças limitantes que você percebe que
tem nessa área.

6
82

PLANO DE AÇÃO

Como disse ao longo do e-book, estamos com alguns “músculos emocio­


nais” atrofiados e, para começarmos a movê-los, não seria inteligente le-
vantarmos um peso de 100kg de uma vez.
Colocarmos metas muito altas pode ser uma forma de sabotarmos nos-
so movimento para além do padrão.
Se assim fizermos, a tendência vai ser nos sentirmos desanimados rapida-
mente. A intenção aqui é justamente o contrário. Se anime, vamos para a
ação! Agora você tem muito mais chances de atingir seus objetivos, pois
seu maior empecilho era não estar consciente do que estava impedindo
suas mudanças.
O plano é simples e você pode usar quantas vezes achar necessário!
Comece e não desanime quando a preguiça tentar te seduzir. Boa sorte!
Comece com uma meta simples e, ao atingi-la, estabeleça uma próxima um
pouco mais desafiadora, e assim por diante.
Para te ajudar, teremos um exemplo dentro de cada área.
4
83 MODELO
PLANO DE Descreva as
situações que
Quais os comportamentos
que você precisa ter para
AÇÃO 3 você gostaria de
experimentar com
aumentar as chances de
atingir sua meta?
essa meta. 5
1

Quais são suas


crenças limitantes Quais as pessoas que
2 nesta área da vida? Meta que você
podem te ajudar a atingir
estes resultados?
gostaria de atingir com
relação a este tema.

Quais as ações a
Qual o primeiro 6
serem feitas no
passo a ser dado?
próximo mês?
Quais as ações a
serem feitas na
segunda semana?
8
7
plano de ação

DINHEIRO/ 4
84 PROFISSÃO

Preencha ao lado
conforme o modelo da
página 91. 3
5
1

8
7
EXEMPLO
plano de ação

DINHEIRO/ 4
85 PROFISSÃO
Não ficar no sufoco para pagar Na hora que a preguiça bater para
as contas no início do mês. promover o meu trabalho, me levantar e agir.
Começar a mostrar meu trabalho nas mídias
3 Poder viajar nas férias da minha
filha sem esforço financeiro. sociais e vencer a minha timidez.

Ter a sensação de segurança ao Melhorar a minha organização do tempo


ver a agenda mais cheia. (agenda) para cumprir este plano de ação. 5
1
“Fazer dinheiro é desgastante e
difícil.” Jorge: entende tudo
de Facebook para fins
2 “Só preciso o necessário para
sobreviver.” Aumentar em 20% o movimento
profissionais/divulgação.
Paulinha: tem ideias ótimas
de clientes em meu consultório para o Instagram.
em um prazo de 4 meses.

Dedicar uma hora por dia para criar


materiais de divulgação: textos,
fotos e vídeos.
Organizar minha agenda
em horas de atendimentos
6
e horas dedicadas a fazer o
Postar a divulgação com constância plano de ação acontecer.
e dentro do planejado. Reunião com Jorge para planejar
divulgação no Facebook.
Reunião de criação com Paulinha
sobre materiais para o Instagram.
8 Começar a reunir textos e fotografias
de divulgação. 7
plano de ação

RELACIONAMENTOS
4
86

Preencha ao lado
conforme o modelo da
página 91. 3
5
1

8
7
EXEMPLO
plano de ação

RELACIONAMENTOS
4
87
Não ficar enciumada quando ele Não esperar que ele decida quando e o que
quer sair com os amigos. vamos fazer no final de semana.
Estar atenta aos programas que as minhas
3 Reencontrar minhas amigas que
não vejo há muito tempo. amigas vão fazer para sair com elas.

Fazer o curso de moda de um final Me matricular no curso de moda.


de semana por mês. Mostrar para ele quais são as coisas 5
que eu gosto de fazer.

1
“Eu só sou feliz quando estou
acompanhada.”
A Aninha e a Clara, minhas
“Se eu não fizer tudo que ele melhores amigas que adoram sair
2 gosta, ele vai me largar.”
Não viver somente a vida do
para bater papo.
“Nada que eu gosto é A Fátima, que já fez o curso de
importante.” meu namorado, viver também moda e sabe como tudo funciona.
as minhas coisas pessoais.

Me matricular no grupo de dança


que sempre quis fazer.
Ligar para a Aninha e para a
Clara e combinarmos de sair
6
nesse final de semana.

Me matricular no curso de moda.


Propor programas do meu gosto na
8 sexta-feira para o meu namorado.
7
plano de ação

CORPO
4
88

Preencha ao lado
conforme o modelo da
página 91. 3
5
1

8
7
EXEMPLO
plano de ação

CORPO
4Parar de comprar e estocar
89
Poder comer sem me sentir chocolates e doces.
constantemente com culpa. Comer fora de casa somente quando necessário.
Estar satisfeita com o meu corpo e Diminuir o tempo na Internet que consome minha
3 me sentir atraente. energia e alimenta a preguiça de me mexer.
Sentir que eu tenho força de Parar de dar tantas desculpas dizendo que
vontade e atinjo os meus objetivos. começo na segunda ou depois das férias. 5

“Eu nunca vou estar satisfeita com


1
o meu corpo.”
“Na idade que estou é quase
impossível perder peso.” A Vanessa, que é uma ótima personal
trainer e tem um preço bom.
2 “Eu não tenho força para atingir os
meus objetivos.” A minha vizinha, que vai aceitar
Perder de 3 a 4 kg nos caminhar comigo todos os dias.
“A vida está tão difícil! Eu já faço
tantos sacrifícios que, pelo menos, próximos 2 meses.
mereço comer tudo o que quero.”

Fazer exercícios (musculação ou Agendar uma consulta com


caminhada) pelo menos quatro
vezes por semana.
um nutricionista que me
instrua a fazer uma dieta 6
de uma forma organizada e
Continuar com a dieta prescrita. que me acompanhe nesse
processo.
Checar o meu peso uma vez por
semana. Caminhar por uma hora pelo
menos três dias na semana.
Fazer os exames da academia
8 que eu tenho adiado.
Começar a dieta. 7
90 Espero que, de alguma forma, este e-book tenha ajudado você a perceber
que existe muito mais recursos nesta vida e dentro de nós do que podem-
os imaginar.
Eu procurei dar o meu melhor para trazer de forma simples e clara um
pouco do que aprendi e me beneficiei ao longo dos meus estudos e práti-
cas. Desejo que você possa se mover em direção a uma vida repleta de
bem-estar, tranquilidade e felicidade, e que siga vendo a importância de
continuar a se conhecer e a riqueza que isto traz para você e as pessoas ao
seu redor.
CONCLUSÃO A Yeshe - Escola de Autoconhecimento foi desenvolvida para tornar esse
processo de conhecimento de si mesmo ao seu alcance. Criamos com
bastante cuidado e dedicação Programas, Retiros e Terapias para abrir os
caminhos, criando a possibilidade de uma nova consciência. Se fizermos a
nossa parte, que é nossa evolução pessoal, acredito que todos podemos
contribuir para um mundo melhor.
Com todo carinho,
www.yeshe.com.br

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