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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1741693 - SP (2018/0115706-0)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : GILMAR SANTANA
ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863
AGRAVADO : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS
LTDA
ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO -
SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM -
SP118685
MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES -
SP237733

EMENTA

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE
DO NCPC. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA
COM RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO. CONSÓRCIO DE BEM
IMÓVEL. DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES
PAGOS PELO PARTICIPANTE. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS
O ENCERRAMENTO DO GRUPO. ENTENDIMENTO
FIRMANDO NO RESP Nº 1.119.300/RS. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado
Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.
2. É devida a restituição de valores vertidos por consorciado
desistente ao grupo de consórcio, mas não de imediato, e sim em
até trinta dias a contar do prazo previsto contratualmente para o
encerramento do plano. Precedente firmado em recurso
representativo da controvérsia.
3. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de
evidenciar a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão
agravada, o presente agravo não se revela apto a alterar o
conteúdo do julgado impugnado, devendo ele ser integralmente
mantido em seus próprios termos.
4. Agravo interno não provido.

ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo
Villas Bôas Cueva e Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.

Brasília, 17 de fevereiro de 2020 (Data do Julgamento)

Ministro Moura Ribeiro


Relator
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.741.693 - SP (2018/0115706-0)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : GILMAR SANTANA
ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863
AGRAVADO : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA
ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO - SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM - SP118685
ADVOGADOS : MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES - SP237733

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MOURA RIBEIRO (Relator):


GILMAR SANTANA (GILMAR) ajuizou ação de rescisão contratual
cumulada com restituição de crédito contra REALIZA ADMINISTRADORA DE
CONSÓRCIOS LTDA. (ADMINISTRADORA) pretendendo a restituição dos valores
pagos em virtude do cancelamento da rescisão do contrato.
Em primeiro grau, a ação foi julgada improcedente (e-STJ, fls. 87/92).
Irresignado, GILMAR interpôs recurso de apelação que foi parcialmente
provido pelo TJSP em acórdão, assim ementado:

APELAÇÃO – CONSÓRCIO DE BEM MÓVEL – VEÍCULO –


RESCISÃO E DEVOLUÇÃO DE VALORES PAGOS PELO
CONSORCIADO – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
1. RESTITUIÇÃO DE VALORES VERTIDOS AO CONSÓRCIO
Desistência Cuidando-se de consórcio a imposição de espera de anos
para que haja a devolução dos valores vertidos ao grupo constitui
desvantagem exagerada, sendo, portanto nula de pleno direito, nos
termos do artigo 51, IV, do CDC Devolução imediata que é de rigor.
2. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO Recurso do autor que, no tema, não
convence. Abusividade não verificada no caso concreto.
3. IMPOSIÇÃO DE MULTA Correta a sentença ao afastar a
incidência da cláusula penal, no caso concreto Administradora, que já
reterá o considerável importe de 28% para a administração do grupo
(taxa de administração), não comprovou efetivamente a existência de
prejuízos a justificar a incidência da cláusula penal Abusividade
caracterizada Contrato, ademais, firmado após o advento da Lei
11.795/08, não havendo, portanto falar em ofensa ao entendimento
adotado por ocasião do julgamento do REsp 1.119.300/RS, julgado na
forma do art. 543-C, do CPC, consoante já reconheceu o próprio c.
Superior Tribunal de Justiça Precedentes deste e. Tribunal de Justiça.
SENTENÇA REFORMADA RECURSO PROVIDO EM PARTE.
(e-STJ, fl. 126).

MR42
REsp 1741693 Petição : 326607/2018 C5425605150650=4230494@ C5841:0908740 32524704@
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Superior Tribunal de Justiça
Irresignada, ADMINISTRADORA interpôs recurso especial com
fundamento no art. 105, III, a, da CF apontando violação dos arts. 22, § 2º, e 30 da Lei
nº 11.795/08, por reputar que o pleito de restituição de valores pagos em plano de
consórcio em razão da desistência do participante só poderia ser atendido no prazo de
trinta dias após o encerramento do grupo (e-STJ, fls. 141/152).
Em juízo de admissibilidade, a Presidência da Seção de Direito
Privado do TJSP admitiu o referido apelo nobre (e-STJ, fls. 159/161).
O recurso especial foi provido em decisão monocrática de minha
relatoria, assim ementada:

CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A


ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL
CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO. CONSÓRCIO
DE BEM IMÓVEL. DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES
PAGOS PELO PARTICIPANTE. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS O
ENCERRAMENTO DO GRUPO. ENTENDIMENTO FIRMANDO
NO BOJO DO RESP Nº 1.119.300/RS. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO (e-STJ, fl. 185).

Nas razões deste agravo interno, GILMAR afirmou que (1) não poderia
ter sido realizada a análise das cláusulas contratuais em recurso especial em virtude
do óbice da Súmula nº 7 do STJ; e (2) o TJSP já havia considerado a cláusula abusiva
por prever vantagem exagerada, determinando a devolução imediata do valor pago
(e-STJ, fls. 192/202).
Foi apresentada a impugnação (e-STJ, fls. 206/216).
É o relatório.

MR42
REsp 1741693 Petição : 326607/2018 C5425605150650=4230494@ C5841:0908740 32524704@
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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.741.693 - SP (2018/0115706-0)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : GILMAR SANTANA
ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863
AGRAVADO : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA
ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO - SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM - SP118685
ADVOGADOS : MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES - SP237733
EMENTA

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.
AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM
RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO. CONSÓRCIO DE BEM IMÓVEL.
DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS PELO
PARTICIPANTE. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS O
ENCERRAMENTO DO GRUPO. ENTENDIMENTO FIRMANDO NO
RESP Nº 1.119.300/RS. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado
Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do
novo CPC.
2. É devida a restituição de valores vertidos por consorciado
desistente ao grupo de consórcio, mas não de imediato, e sim em até
trinta dias a contar do prazo previsto contratualmente para o
encerramento do plano. Precedente firmado em recurso
representativo da controvérsia.
3. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de
evidenciar a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão
agravada, o presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo
do julgado impugnado, devendo ele ser integralmente mantido em
seus próprios termos.
4. Agravo interno não provido

MR42
REsp 1741693 Petição : 326607/2018 C5425605150650=4230494@ C5841:0908740 32524704@
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.741.693 - SP (2018/0115706-0)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : GILMAR SANTANA
ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863
AGRAVADO : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA
ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO - SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM - SP118685
ADVOGADOS : MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES - SP237733

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MOURA RIBEIRO (Relator):


De plano, vale pontuar que as disposições do NCPC, no que se refere
aos requisitos de admissibilidade dos recursos, são aplicáveis ao caso concreto ante
os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão
de 9/3/2016:

Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a


decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos
os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.

O inconformismo agora manejado não merece provimento por não ter


trazido nenhum elemento apto a infirmar as suas conclusões.

(1) e (2) Da decisão agravada


GILMAR afirmou que não poderia ter sido realizada a análise das
cláusulas contratuais em recurso especial em virtude do óbice da Súmula nº 7 do STJ.
Aduziu que o TJSP já havia considerado a cláusula abusiva por prever vantagem
exagerada, determinando a devolução imediata do valor pago.
Contudo, sem razão.
Como constou na decisão agravada, o acórdão proferido pelo TJSP
encontra-se em dissonância com a jurisprudência desta Corte, que se orienta no
sentido de que o pleito de restituição de valores pagos em plano de consórcio em razão
da desistência do participante deve ser atendido no prazo de trinta dias após o
encerramento do grupo.
A referida tese foi firmada no julgamento do recurso representativo da
controvérsia, REsp nº 1.119.300/RS, de relatoria do Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
no julgamento realizado na Segunda Seção do STJ, que recebeu a seguinte ementa:

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REsp 1741693 Petição : 326607/2018 C5425605150650=4230494@ C5841:0908740 32524704@
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. JULGAMENTO NOS
MOLDES DO ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
CONSÓRCIO. DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS
PAGAS PELO CONSORCIADO. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS O
ENCERRAMENTO DO GRUPO.
1. Para efeitos do art. 543-C do Código de Processo Civil: é
devida a restituição de valores vertidos por consorciado
desistente ao grupo de consórcio, mas não de imediato, e sim
em até trinta dias a contar do prazo previsto contratualmente
para o encerramento do plano.
2. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 1.119.300/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
Segunda Seção, j. 14/4/2010, DJe 27/8/2010 - sem destaque no
original)

Cumpre esclarecer que não houve análise das cláusulas contratuais,


mas incidência da tese firmada no precedente acima indicado.
Ademais os precedentes indicados nas razões do agravo interno já
foram superados pela atual jurisprudência desta Corte, assim não há se falar em
existência de dissídio jurisprudencial sobre o tema recorrido.
Dessa forma, não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de
evidenciar a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão agravada, o
presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo do julgado impugnado,
devendo ele ser integralmente mantido em seus próprios termos.
Nessas condições, pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao agravo
interno.

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REsp 1741693 Petição : 326607/2018 C5425605150650=4230494@ C5841:0908740 32524704@
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TERMO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AgInt no REsp 1.741.693 / SP
Número Registro: 2018/0115706-0 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
10156752020168260068 20170000733312

Sessão Virtual de 11/02/2020 a 17/02/2020

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA


ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO - SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM - SP118685
MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES - SP237733
RECORRIDO : GILMAR SANTANA
ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863

ASSUNTO : DIREITO DO CONSUMIDOR - CONTRATOS DE CONSUMO - CONSÓRCIO

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : GILMAR SANTANA


ADVOGADO : CÉSAR GOMES CALILLE - SP115863
AGRAVADO : REALIZA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA
ADVOGADOS : JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO - SP012363
EDUARDO PELLEGRINI DE ARRUDA ALVIM - SP118685
MELINA LEMOS VILELA - SP243283
LEANDRO ANDRADE COELHO RODRIGUES - SP237733

TERMO

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento
ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e
Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.

Brasília, 17 de fevereiro de 2020

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