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Luz No Caminho PDF
Luz No Caminho PDF
MABEL COLLINS
Bibliografia:
Luz no Caminho Mabel Collins
Curso Avançado de Filosofia Yogue Yogue Ramacharaca
Recomendo que adquiram os livros completos, neste trabalho apresento apenas pequeno resumo dos
livros acima indicados. Leiam os livros completos, vale a pena cada página lida.
www.teosofia-liberdade.org.br
osmir@uol.com.br
Exortação do Buda
IOGUE RAMACHÁRACA
Estas regras são para TODOS os que seguem o Caminho, para estes foram escritas e não há melhores.
Elas nos foram dadas por aqueles que SABEM.
Os sentidos de que se fala nestas quatro declarações são os sentidos astrais ou interiores.
Todas as obras realmente espirituais são veladas. Os Adeptos fazem isso sistematicamente e dando a
sua mais profunda sabedoria, ocultam o verdadeiro mistério nas próprias palavras que o constituem.
Há uma lei na natureza que exige que o homem decifre por si mesmo seus significados.
O homem que quer viver e agir na vida superior não pode ser alimentado tal qual uma criança, é preciso
alimentar-se por si mesmo.
As quatro verdades acima escritas referem-se à prova de iniciação do aspirante a ocultista. Enquanto
não as houver passado, não poderá nem sequer chegar ao guardião da Porta que dá entrada ao
conhecimento.
O mundo todo é animado e iluminado por um mundo interior. Este mundo interior é chamado Astral por
algumas pessoas. Esta qualidade é característica da vida que habita na matéria.
Toda a obra Luz no Caminho é escrita com uma chave astral, e só pode ser decifrada por aquele que lê
astralmente.
Enquanto não se tiver dado o primeiro passo neste desenvolvimento, a intuição é a única forma de
conhecimento que permite ao homem alcançar o seu verdadeiro estado superior.
A todos os que se interessarem seriamente pelo Ocultismo, digo primeiramente adquira o
conhecimento, digo àqueles que têm fome e sede de conhecimento, fiquem atentos a estas regras.
Estas regras não são obra nem invenção da autora. São a expressão verbal das leis da natureza
superior.
I - Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de lágrimas
Antes que os olhos possam ver com a clara visão do Espírito, hão de se tornar incapazes de verter as
lágrimas de orgulho ferido, críticas exageradas, desprezo, sarcasmo, insucessos e desenganos da
existência, etc.
Isto não quer dizer que deve fugir do mundo, pelo contrário, se alguém tenta fugir do mundo antes de
ter aprendido as suas lições, será forçado a voltar a ele repetidas vezes, até que cumpra a sua tarefa.
Ser incapaz de chorar é ter enfrentado e vencido a natureza humana. Isto não implica dureza de
coração nem indiferença. Não implica a destruição do sofrimento, não significa o frio da velhice.
Nenhum homem pode ver a luz que ilumina a Alma, enquanto a dor, o pesar e o desespero não o tenham
livrado da vida da humanidade comum. Primeiro vença o prazer, depois a dor, até que sejam incapazes
de verter lágrimas.
Nenhuma dessas condições é digna de um discípulo, e se alguma delas existe nele, deve ser dominada
antes que possa entrar no caminho. O primeiro passo é muito difícil, para tentar dá-lo, é preciso ser
um homem forte, cheio de vigor psíquico e físico.
O homem espiritualmente aperfeiçoado vê que tudo isto não é senão um jogo infantil, embora jogue
bem a sua parte, sabe que se trata somente de um jogo e não a realidade.
Ele começa a sorrir através das suas lágrimas, quando é batido no tumulto do jogo, então cessa o choro
e, aparece um sorriso, porque quem vê as coisas em suas verdadeiras relações.
Não pode deixar de sorrir, quando olha ao redor de si e observa os brinquedos à que os homens
consagram a sua vida, julgando que são coisas reais. E quando desperta para a realidade, o seu próprio
jogo evoca nele necessariamente um sorriso.
Estes homens jogam bem a sua partida, com energia e aparente ambição, porque compreendem que
tudo isso tem um fim, um significado e que eles são partes necessárias no mecanismo da evolução.
Quem quer entrar no Caminho tem que ser valente e adquirir domínio sobre a natureza emocional.
Devemos desejar realizar a consciência do EU SOU, que está acima dos sofrimentos da personalidade.
Devemos aprender que todas essas coisas não podem prejudicar o Eu Real.
A única possibilidade de escapar das conseqüências do jogo é se elevar acima do plano material e
morar nas regiões superiores da mente e do Espírito.
Durante longas idades do passado deixamos de usar nossos sentidos astrais, o homem lhe prestou tão
pouca atenção, que perdeu praticamente o uso desses sentidos.
Se o pesar, a decepção, o abatimento ou o prazer fizerem estremecer a alma de maneira a fazê-la
perder a sua firmeza ou o fluxo do Espírito que a inspira, então tudo se apaga, a luz é inútil
A alma é o elo entre o corpo exterior e o Espírito sideral. A Chispa divina mora no lugar silencioso, em
que nenhuma convulsão da natureza a pode estremecer. Porém, a alma pode perder seu conhecimento
dessa Chispa embora sejam partes de um todo.
A sensibilidade aumenta, quando o discípulo principia a sua educação, ele tem que sofrer, gozar ou
suportar mais sutilmente do que os outros homens, ele não pode permitir que o seu sofrimento o tire
de seu propósito.
O gozo mais sutil, a dor mais cruel, a angústia da perda e do desespero se acumulam sobre a alma
temerosa que ainda não encontrou a luz na obscuridade.
Enquanto a alma não puder sofrer estes choques sem perder o equilíbrio, seus sentidos astrais
permanecerão fechados.
O médium que entra no mundo psíquico sem preparação é um violador da lei e transgressor das leis da
natureza superior. Os que violam as leis da natureza perdem sua saúde física, os que violam as leis da
vida interna perdem sua saúde psíquica.
O discípulo é obrigado a ser seu próprio mestre antes de se aventurar nesta perigosa senda e colocar-
se em frente desses seres que vivem e trabalham no mundo astral, a quem chamamos Mestres, por
causa do seu grande conhecimento e de seus poderes.
A primeira de todas as experiências do neófito em Ocultismo é uma tristeza intolerável. Um
sentimento de solidão, que faz do mundo um deserto e da vida uma luta vã, se apodera dele.
Logo que contemplar o mistério da sua própria natureza superior, surge a prova inicial. A oscilação
entre o prazer e a dor cessa por um momento, porém, isto é bastante para fazê-lo desprender-se dos
fortes laços que o atavam ao mundo das sensações.
Experimentou, ainda que por um só instante, a vida maior, e continua sua vida oprimido por um
sentimento de irrealidade, de negação.
Os escravos do tempo vivem em meio das sensações e sofrem a mistura constante do prazer e da dor.
Não se atrevem a agarrar a serpente do Ser (eu inferior) e vencê-la, tornando-se divinos, mas
preferem continuar a sofrer as diversas experiências e a receber golpes das forças opostas.
Quando um desses escravos do tempo decide-se a entrar na senda do ocultismo, esta é a sua primeira
tarefa. Se a vida não o ensinou, se não é bastante forte para ensinar a si mesmo, e se não tem o poder
para pedir o auxílio de um mestre, então se lhe impõe essa prova.
Ele tem que sobreviver ao choque de afrontar o que lhe parece ser o abismo do nada. Enquanto não
tiver aprendido a olhar nesse abismo e não tiver encontrado a paz que lá existe, é impossível que seus
olhos cheguem a ser incapazes de verter lágrimas.
II - Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade
É necessário crescermos para podermos ouvir estas coisas com um sorriso nos lábios, confiando na
ciência da alma, seus poderes e seu destino.
Havemos de crescer para podermos ouvir a palavra desagradável, a crítica injusta, a observação
desdenhosa, sem que impressionem a nossa alma.
Temos que deixar tais coisas no plano material a que pertencem e nunca permitir à nossa alma descer
ao plano em que poderia ser impressionada.
Temos que aprender ouvir palavras pronunciadas com desprezo contra as verdades que nos são
sagradas por aqueles que não compreendem.
Deixem que as crianças brinquem. Um dia elas terão experimentado as dores do crescimento e
amadurecimento espiritual e também passarão pelo que estamos passando.
Você também foi (ou é) uma criança. Deixe essas coisas entrar por um ouvido e sair pelo outro. Não as
deixem chegar à sua alma.
O esforço para tornar-se discípulo, há de ser feito sem mestre algum. Enquanto não tiver aprendido as
quatro regras, nenhum mestre (da esquerda ou da direita) lhe poderá ser útil.
Nenhum verdadeiro mestre poderá influir sobre pessoa alguma, antes de vencer estas quatro regras.
A Alma deve ter perdido as emoções da humanidade, deve ter alcançado um equilíbrio que a desgraça
não possa lhe influenciar.
Só ouviremos a voz do mestre quando já não percebemos os sons que afetam a vida pessoal. O riso já
não alivia o coração, a cólera não o excita, as palavras doces não têm para ele um balsâmico afeto.
Os Grandes Seres que conquistaram a vida permanecem em paz, imperturbáveis no meio da vibração e
do movimento caleidoscópio da humanidade.
Possuem em si uma paz perfeita e, não se excitam, nem se emocionam por causa dos errôneos e
parciais fragmentos de informação que trazem aos seus ouvidos as vozes dos que os rodeiam.
As leis mais absolutas e universais da vida natural e física desaparecerão quando desaparecer a vida
deste universo e ficará só a sua alma em silêncio. Que valor tem o conhecimento de suas leis adquirido
pelo trabalho e pela observação.
Os dias da Literatura e da Arte, em que poetas e escultores viram a luz divina e a interpretaram com a
sua grande linguagem, jazem sepultados em remotos passados.
Os Mistérios já não governam o mundo do pensamento e da beleza, a vida humana é o poder que dirige
e não aquele que existe mais além dela.
O conhecimento intuitivo é muito diferente. Não se pode adquiri-lo, pois que é uma faculdade inerente
na alma, não da alma animal.
O aspirante ou discípulo tem de se elevar à consciência da alma por um resoluto esforço da vontade.
Com a fé tudo é possível.
A fé é um poder enorme, que pode realizar todas as coisas, pois é o compromisso entre a parte divina
do homem e o seu eu inferior. A fé é necessária para obter-se o conhecimento intuitivo.
Nossos conhecimentos parciais à luz do verdadeiro conhecimento se convertem em chama, então os
ouvidos principiam a ouvir, a princípio muito vagarosamente, que algumas vezes são considerados como
meras fantasias e imaginações.
Antes que eles se tornem mais do que fantasias, a pessoa tem que afrontar o abismo do nada. O
silêncio completo só pode vir fechando-se os ouvidos a todo ruído transitório, ele vem como um horror
espantoso.
Este silêncio constitui um grande terror para a maior parte das pessoas, e traz à mente a idéia da
aniquilação.
Uma vez que o discípulo encontrou seu caminho neste abismo, deve fechar as portas de sua Alma que
nela não possa penetrar nenhum consolador ou inimigo, perceberá que o fato de que a dor e o prazer
não são mais do que uma sensação.
Quando se alcança a solidão do silêncio, a Alma sente forte e apaixonado apetite de sensação em que
repousar, mesmo uma sensação dolorosa seria recebida com a mesma ânsia que uma de prazer.
Quando se chega este estado de consciência, o homem corajoso pode destruir de golpe a sua
sensibilidade. Quando o ouvido cessa de distinguir entre o aprazível e o doloroso, já não pode ser
afetado pela voz dos outros, e então está fora de perigo e pode abrir as portas da Alma.
Neste segundo passo não se permite nenhuma classe de auxílio material. Por auxílio material quero
significar a ação do cérebro ou as emoções da Alma Humana. (A noite escura da alma)
Ao obrigar os ouvidos a escutar solenemente o silêncio eterno, o homem se converte em algo que já
não é homem.
Para se obter o silêncio puro temos que deixar o coração e as emoções, e também o cérebro e suas
intelectualidades.
Se tiver poder suficiente para despertar essa parte não conhecida de si mesmo, a Essência Suprema,
então terá forças para abrir as Portas de Ouro.
Nesse ponto da experiência o Ocultista se separa de todos os outros homens e entra em uma vida
peculiarmente sua no caminho dos feitos individuais, em lugar da mera obediência aos gênios que
governam a nossa terra.
Neste ponto se encontra a única esperança de êxito no grande esforço do homem, de converter-se em
parte intrínseca do poder divino, assim como foi parte intrínseca do poder intelectual da grande
Natureza a que pertence.
Os homens que vencerem este passo são os Irmãos Maiores, os precursores. Todo homem tem que dar
por si mesmo esse grande salto, contudo, saber que outros passaram por esse caminho já é alguma
coisa que serve de apoio.
Quando o homem começa a entrar no estado do silêncio, perde o conhecimento de seus amigos, dos
seres queridos, de todos que amou, e também perde seus Instrutores e aqueles que o precederam no
caminho. É muito raro quem não se passe por este estado.
Se a mente tomasse em conta que o silêncio deve ser completo, certamente isso não surgiria como
obstáculo no caminho. O seu Mestre pode ter entre suas mãos as suas e oferecer-te a maior simpatia
de que é capaz o coração humano.
Mas quando vem o silêncio e a obscuridade, perde todo o conhecimento d’Ele, estais sós e Ele não te
pode auxiliar, não porque perdeu o seu poder, mas porque evocastes o seu grande inimigo.
Por seu grande inimigo refiro-me a ti mesmo. Se fores capaz de afrontar sua própria Alma na
obscuridade e no silêncio, tereis conquistado o ser animal ou físico o qual vive somente na sensação.
Quando o homem atinge sua maturidade, se pudesse exigir sua grande herança, sem dificuldade se
desembaraçaria da carga da vida animal. Mas não o faz. Recusa-se a ser sua natureza superior, não
resiste ao impulso de retrocesso que lhe vem do seu eu inferior ou material.
Os vencedores permanecem em segredo e no silêncio, porém é coisa certa que ele constitui um elo
entre o homem e a sua parte divina, entre o conhecido e o desconhecido.
Isto faz dele um Ser de uma ordem diferente do resto da humanidade. Ainda no princípio do caminho
para o conhecimento, quando deu somente o segundo passo, vê que o seu pé está mais seguro e tem
consciência de que é uma parte do todo.
Quando aprendeu a primeira lição, quando dominou a fome do coração e recusou viver no amor de
outros, acha-se capaz de inspirar amor.
Ao abandonar a vida, esta vem a ele em uma nova forma e com um novo significado. O homem quando se
torna discípulo, vê que a vida se descreve como numa série de paradoxos.
Isto é um fato na Natureza. A alma do homem “mora à parte como uma estrela”, mesmo a do mais vil
entre nós, enquanto que a sua consciência está sob a lei da vida vibratória de sensações.
Os seus motivos são quase sempre indecifráveis, e ele não pode saber nem dar a razão por que fez isto
ou aquilo. O esforço do discípulo é para despertar a consciência nesta estrela da parte de si mesmo, na
qual dormem o seu poder e a sua vontade.
Quando esta consciência se desperta, a contradição se nota mais do que nunca no mesmo homem, e
assim acontece com os paradoxos que mostra em sua vida.
A pressão sobre a parte divina do homem reage sobre a parte animal. Faz a vida quotidiana do homem
mais determinada, mais viva, mais real e responsável.
O ocultista que se retirou para dentro da sua própria fortaleza, encontrou a sua força e reconheceu
as exigências que o dever lhe impõe. Ele não obtém a sua força por seu próprio direito, mas, sim, por
ser ele uma parte do todo.
Logo que se acha livre da vibração da vida e pode permanecer inquebrantável, o mundo externo lhe
grita que venha e que trabalhe com ele. Quando já não deseja receber, se lhe pede que dê com
abundância.
Ter adquirido os sentidos astrais e do ouvido, ter alcançado a percepção e aberto as portas da Alma,
são tarefas gigantescas, que podem exigir o sacrifício de muitas encarnações sucessivas.
No entanto, quando a vontade alcançou a sua força, todo milagre pode operar-se em um segundo de
tempo. Então o discípulo deixa de ser servidor do tempo.
III - Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres...
As duas primeiras regras compreendem o esforço que necessita o uso do bisturi. Porém é de se
esperar que o discípulo lute com a serpente, seu eu inferior, sem auxílio de outros, reprimindo suas
paixões e emoções humanas com a força da sua própria vontade.
Só se pode pedir o auxilio de um mestre após esta fase, ou ao menos uma parte.
Durante este desenvolvimento, o discípulo encontra harmonia, conhecimento puro, verdades puras em
diferentes graus.
Encontra-se com seus iguais, homens que têm seu próprio caráter impessoal, a eles se associa de um
modo indissolúvel e permanente, e a eles se une por votos.
Se as primeiras regras são observadas, o discípulo já se encontra no vestíbulo. Então, se a sua vontade
é suficientemente resoluta, adquire o poder de falar.
Encontra em si mesmo o poder de falar em presença dos Mestres, tem o direito de pedir o contato
com elementos mais divinos desse estado de consciência em que entrou.
Se pedir para ser um neófito, torna-se um servidor. Porque os Mestres também são servidores.
Parte de seus serviços é dar alguma coisa deste conhecimento àqueles que ainda não estão em
condições de estar onde estão.
Peça e te será dado, mas o discípulo não pode pedir enquanto não tiver adquirido o poder de ajudar os
outros.
Se ajudar e trabalhar então tem um direito efetivo, não o que se chama direito pessoal de pagamento,
mas o direito de natureza semelhante. Os divinos dão, eles querem que você dê, antes que possas
pertencer à sua família.
Esta lei aparece logo que o discípulo comece a falar, pois a linguagem é um dom que só vem ao discípulo
de poder e de conhecimento.
O homem que se propõe a entrar na vida do discipulado sem haver aprendido as primeiras e simples
lições, sempre terá de sofrer por sua ignorância.
Ao pretender o poder de falar, o neófito dirige-se ao Grande Ser, pedindo-lhe que o guie. Ao fazer
isto, a sua voz é repelida pelo Grande Ser. Nenhum discípulo pode cruzar o vestíbulo sem comunicar
esta notícia.
O discípulo detém-se horrorizado, e então vem o desejo de fazer o bem e, com o desejo de ajudar os
outros vêm o poder. Porque é um desejo puro o que sente, este poder não pode obter crédito, nem
glória, nem recompensa pessoal.
A história de todo o passado demonstra que não há crédito, nem glória, nem recompensa a ganhar
nesta primeira tarefa que se dá ao neófito.
Os místicos sempre foram desprezados e os videntes nunca foram acreditados. Aqueles que tiveram
também o poder da inteligência deixaram seus escritos, os quais parecem sem sentido e visionários.
O discípulo que espera secretamente a fama ou o êxito de aparecer como um mestre ou apóstolo
diante do mundo fracassa totalmente, e a sua oculta hipocrisia envenena a sua própria alma além das
almas dos que ensina.
O discípulo que tem poder para entrar e é bastante forte para saltar todas as barreiras, se esquecerá
completamente de si, quando a mensagem divina chegar a seu Espírito na nova consciência que o invade.
Se realmente este elevado contato pode despertá-lo, ele se torna um dos divinos em seu desejo de dar
mais do que recebe de ajudar mais do que ser ajudado, de alimentar ao faminto mais do que receber o
maná do céu. O egoísmo o abandona por completo.
IV - Antes que a voz possa falar na presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de
ferir
A voz que mente, abusa, queixa-se e fere, nunca pode atingir os planos mais altos.
Antes que possa falar para aqueles seres elevados na ordem da vida, deve ter esquecido como ferir
outros com palavras ásperas, desprezíveis e indignas.
O homem adiantado não hesita dizer a verdade, ainda que seja desagradável, quando acha que assim
deve fazer. Ele fala como um irmão amoroso que não critica, mas sente a dor do outro, vê o seu erro e
quer lhe ajudar.
Ele está longe do desejo de ofender, envergonhar, querer se impor ou humilhar o outro.
Os Adeptos não aparecem no mundo e não mostram o seu poder. Sabe-se que a corporação principal
destes Sábios mora além dos desertos do Himalaia.
Há certos lugares na terra em que não se sente o avanço da civilização, e onde não penetra a febre do
século XIX. Nesses favorecidos lugares sempre há tempo e oportunidade para as realidades da vida,
não estão cheios das ações de uma sociedade aglomerada, ansiosa de dinheiro e de prazeres.
A petição do neófito fica sem ser ouvida até que a voz em que é pronunciada tenha perdido toda
possibilidade de ferir. Assim é, porque a vida astral e divina é lugar onde reina a ordem.
Muito próximo do coração central da vida, em qualquer plano, existe o conhecimento, ali reina completa
ordem.
O Adepto tem no astral uma reclusão mais profunda em que morar. Este retiro está tão fora de perigo
que nenhum som discordante pode chegar a seus ouvidos. Ele serve a humanidade e se identifica como
o mundo todo.
Ele está pronto a sacrificar-se, vivendo e não morrendo. Sua vida não lhe pertence, mas sim às forças
que operam n ‘Ele.
Ele é a flor da humanidade que contém a Semente Divina. Ele é, em sua própria pessoa, um tesouro da
Natureza universal, o que se resguarda e defende para que a frutificação seja perfeita.
Só em certos períodos definidos da história do mundo Lhe é permitido andar entre os homens, como
seu Redentor. Mas Ele se acha sempre disposto para os que têm o poder de separar-se deste rebanho.
E para os que são bastante fortes para vencer os vícios da natureza pessoal, conforme se explicou
nestas quatro regras, Ele se acha vivamente disposto, facilmente reconhecível, pronto a responder.
Mas esta conquista do ser implica a destruição das qualidades que a maior parte dos homens considera
não só como indestrutíveis, mas também desejáveis. O poder de ferir é muito do que o homem aprecia
não só em si como em outros.
O instinto de defesa e conservação próprias é uma parte dele, assim como a idéia de que uma pessoa
tem direito ou direitos, seja como cidadão, como homem ou como indivíduo.
Em todos os tempos, os Sábios viveram apartados da massa. E ainda quando algum propósito ou objeto
temporal induza um deles a vir ao meio da vida humana, a sua reclusão e segurança são tão conservadas
como sempre.
Em todas as grandes cidades do mundo vive um Adepto por curto espaço de tempo, ou talvez somente
passe por ela, porém, todas são em tais ocasiões ajudadas pelo poder efetivo e a presença de um
desses Homens.
Porém, só os que têm o poder de conhecer os conhecem como místicos, poder este obtido pelo
vencimento e domínio do eu inferior.
A não ser que estejam protegidos e seguros, a sua obra seria prejudicada. O neófito pode encontrar
um Adepto encarnado, pode viver na mesma casa que ele, e, ainda assim, estar impossibilitado de
reconhecê-lo e de fazer-lhe ouvir a voz.
Nenhuma voz penetra no ouvido interno de um Adepto enquanto não chegar a ser uma voz divina, uma
voz que nada tenha de comum com os gritos do eu.
Qualquer chamado inferior seria tão inútil, um gasto de força e de poder tão supérfluo, como o de um
professor de filologia ensinar o alfabeto às crianças.
Enquanto o homem não chegar a ser um discípulo, ele não existirá para os que são Mestres de
discípulos. E chega-se a ser isto só por um meio, a renúncia à humanidade pessoal.
Quando um homem é capaz de considerar a sua própria vida como parte de um todo, não continuará a
lutar para obter qualquer coisa para si. Tal é a renúncia dos direitos pessoais.
A roda da vida dá volta incessantemente, e a ela estão atados os pobres e ricos, cada um tem seu
momento de boa sorte. Cada qual é esmagado à medida que a roda dá voltas.
O discípulo sabe que isto é assim, e ainda que o seu dever seja tirar o maior partido possível da vida
que é sua, não se queixa por isso, assim como não se queixa da melhor sorte dos outros.
Todos não fazem mais do que aprender uma lição, o discípulo sorri ante o socialista e o reformador que
tratam de reorganizar pela força as circunstâncias que surgem das forças da mesma natureza humana.
Isso é dar murro em ponta de faca, um gasto inútil de vida e de energia.
Ao compenetrar-se disto, o homem renuncia a seus imaginários direitos individuais, de qualquer tipo
que sejam.
Quando o discípulo reconhece que até o pensamento dos direitos individuais é apenas sibilar da
serpente do eu, se acha pronto a tomar parte numa cerimônia anual que está aberta a todos os
neófitos que estão preparados para ela.
Já não poderá considerar outro homem como pessoa a quem haja de criticar e condenar, já o neófito
não poderá levantar a sua voz para escusa e defesa próprias.
Após esta cerimônia volta ao mundo tão desamparado, tão indefeso como um recém-nascido. Em
verdade, é isto que ele é. Principiou a nascer de novo no plano superior da vida.
Depois de abandonar o sentido dos direitos individuais, o discípulo tem que desprender-se também do
sentido do respeito próprio e da virtude. Isto pode parecer uma doutrina terrível, mas uma realidade.
Aquele que se julga mais santo do que os outros, aquele que sente orgulho por estar isento de vícios,
aquele que se crê superior aos seus semelhantes, é incapaz de ser um bom discípulo. O homem tem de
transformar-se em criança, antes de entrar no reino dos céus.
A virtude e a sabedoria são coisas sublimes, porém pode criar na mente do homem orgulhoso a
consciência de separatividade do resto dos humanos, então, não são mais que a serpente do eu
reaparecendo em uma forma mais sutil.
Ser incapaz de ferir supõe que a serpente esteja morta. Quando a mente está apenas adormecida,
torna a se despertar. Então o discípulo emprega seu conhecimento e seu poder para fins pessoais, e é
apenas um discípulo dos muitos mestres de magia negra.
Que esse é o caminho para a destruição é evidente. O homem que se faz egoísta, isola-se, torna-se
menos interessante e menos agradável os outros. Os outros acabam fugindo de uma pessoa muito
egoísta, como de uma fera.
Isto é mais terrível quando ocorre em um plano mais elevado da vida, com o acúmulo dos poderes do
conhecimento e ao longo das voltas de sucessivas encarnações.
Portanto, pare no vestíbulo e pense bem. Porque se a petição do neófito é feita sem a purificação
completa, não penetrará no retiro do Adepto divino, mas invocará as terríveis forças que o espreitam
no lado negro da natureza humana.
V - Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é preciso que seus pés tenham
sido lavados no sangue do coração
É um preceito muito duro. Muitos interpretam mal o seu sentido verdadeiro, porque julgam que, com a
palavra coração, se designa a faculdade de amar. O ocultismo não ensina que se deve matar o
verdadeiro amor.
O coração mencionado é a nossa natureza emocional e os instintos da mente inferior. Estas coisas
parecem tanto fazer parte de nós, que nos separar delas nos parece como tirar o nosso coração.
Ao nos desapegarmos gradualmente da nossa velha natureza animal, com dor e sofrimento, os nossos
pés espirituais são como que lavados no sangue do coração.
Apetites, desejo da parte animal em nós, velhos costumes, convencionalismos, ilusões de raça tem que
ser arrancadas até que percebamos o que tudo isso significa.
Temos que nos separar de muitas coisas que nos parecem caras e sagradas, porém que, na pura luz que
começa a emanar da nossa Mente Espiritual, aparecem como coisas infantis.
Tudo isso nos causa dor, pela necessidade de nos separarmos delas, e choramos em alta voz e o nosso
coração verte sangue.
Depois seremos obrigados a abandonar pessoas que nos são caras, deixando-as seguir a estrada que
escolheram, enquanto que nós nos dirigimos a um novo caminho de ideias, que ainda não conhecíamos.
Depois vem o horror da solidão mental e espiritual, inerente a primeira iniciação, pela qual passam as
almas de muitos dos que lêem estas palavras, aquele sentimento espantoso de estar só, sem haver
ninguém perto de vós.
Enquanto que os outros continuam indo pelo seu caminho, dançando, lutando e mostrando todos os
sinais de cegueira espiritual, tudo isso nos impele a ficar só e nos deixa triste.
A sua consciência das dores do mundo, a falta de compreensão dos outros para tudo isso e o seu
sentimento de fraqueza quando se esforça por achar um remédio para sanar esses males, tudo isto
sangra o seu coração.
Tudo isso vem do seu despertar espiritual, o homem materialista não sente nada disso, e nada disso
percebe.
Finalmente, quando os pés da alma forem lavados no sangue do coração, o olho começa a ver as
verdades espirituais, o ouvido começa a ouvi-las, a língua começa a ser capaz de transmiti-las aos
outros.
A alma começou a compreender os mistérios da vida, e algumas coisas do grande plano, tornou-se
capaz de sentir a consciência de sua própria existência e passa a dizer, EU SOU, conscientemente.
Achou-se a Si mesma, venceu as dores. Leve estes pensamentos ao Silêncio, para que cresçam,
floresçam e dêem frutos.
Ser capaz de elevar-se é ter confiança, e ter confiança significa que o discípulo está seguro de si
mesmo, que renunciou à suas emoções a seu próprio eu e até a sua humanidade, que é incapaz ter
temores, que toda a sua consciência está concentrada na Vida Divina.
Então tomou posse de sua herança e pode reclamar o seu posto entre os Instrutores dos homens, ele
está ereto, levantou a cabeça e respira o mesmo ar que Eles.
Porém, antes que lhe seja possível fazer isso, os pés da Alma devem ser lavados no sangue do coração.
O sacrifício ou renúncia do coração do homem e das suas emoções é a primeira regra.
Da mesma forma que as lágrimas exprimem a alma emotiva, assim o sangue exprime o princípio vital
criador da natureza do homem, que o arrasta à vida humana, a fim de experimentar a dor e o prazer, a
alegria e o pesar.
Quando deixou correr o sangue de seu coração, acha-se em presença do Mestre como um Espírito
puro, que já não deseja encarnar-se para as emoções e experiências.
Por muitos séculos, talvez, o aguardem muitas encarnações sucessivas, mas ele não as deseja, o desejo
de viver o abandonou. Quando assumir a forma carnal de homem, o fará com um objetivo divino, levar a
efeito a obra dos Mestres e sem nenhum outro fim.
Não procura o prazer nem a dor, não pede céu algum, nem teme o inferno, entretanto, entrou na posse
de uma grande herança, que não é tanto uma compensação pelas coisas que renunciou, como um estado
que simplesmente as risca em absoluto da memória.
Ele não vive no mundo, mas com ele, o seu horizonte se estendeu à amplidão de todo o universo.
Com isso encerramos as quatro regras básicas. Iniciaremos a seguir, as 21 regras para os que
entraram no caminho, ou seja se tornaram discípulos.
Muitas verdades ocultas são escritas em forma de paradoxos. Há sempre dois lados, ambos são bons,
dependendo do ponto de vista.
Cada aspecto da verdade é só a metade da verdade, busque e descobrirás a metade oposta. Cada coisa
"é e não é", porque o nosso ponto de vista, sendo finito, nos permite ver só um lado do observado. Do
ponto de vista do infinito, vêem-se todos os lados ao mesmo tempo.
A chave para compreender todas as verdades está na capacidade de distinguir entre o ponto de vista
relativo ou inferior, e absoluto ou superior.
Como já disse, estas regras foram escritas para todos os discípulos e para ninguém mais, não
interessam a nenhuma outra pessoa.
1. Mata a ambição.
2. Mata o desejo de viver
3. Mata o desejo de conforto
4. Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. Respeite a vida como fazem os que a
desejam. Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.
1. Mata a ambição.
O homem ordinário acha que tal conduta faria do homem uma criatura sem espírito e sem dignidade,
porque lhe parece que a ambição é o fundamento de toda a atividade humana.
A ambição a ser morta, é aquela emoção que incita o homem a agir por motivos de vaidade e egoísmo,
impele-o a esmagar tudo que encontra no seu caminho.
O homem ambicioso torna-se insano pelo sucesso, porque o instinto original foi pervertido e fez-se
anormal. Ele imagina que as coisas pelas quais luta lhe trarão felicidade, mas se engana, elas se
convertem em cinzas. Ele se torna escravo delas.
Ele não considera o dinheiro como um meio de assegurar necessidades e alimentação para ele e os
outros, tem o espírito de um avaro.
Procura alcançar o poder para fins egoístas, para satisfazer a sua vaidade, para mostrar ao mundo que
é mais poderoso do que seus semelhantes.
Tudo isso são ambições pobres, miseráveis, infantis, indignas do homem verdadeiro, e hão de
desaparecer para que o homem possa progredir.
Em poucas palavras, o homem de ambição anormal age para obter recompensa para a sua pessoa, e há
de sofrer desengano, porque constrói as suas esperanças sobre coisas que lhe faltarão, quando delas
necessitar.
Parece ridículo dizer que devemos desejar alguma coisa que está em ti, e, todavia fora do seu alcance,
e que é inatingível. Para quem tem a chave, estes ensinos são claros e belos.
Eles se referem ao desenvolvimento da Consciência Espiritual, à Iluminação. Esta é a primeira grande
aquisição que devemos fazer no Caminho.
Em comparação com a verdadeira consciência espiritual, nada vale qualquer outra experiência. Esta
consciência espiritual coloca-nos face a face com Eu Real e com a Grande Realidade.
Este estado de consciência é o grande prêmio que é destinado a coroar os esforços que faz a
Humanidade para se libertar, e é uma recompensa cuja aquisição precisa muitas vidas de
desenvolvimento.
20. Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece
a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera
contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo,
nem pela estudiosa observação da vida.
Nenhuma destas coisas por si só faz adiantar ao discípulo mais que um passo. Todos os degraus são
necessários para subir a escada. Os vícios dos homens se convertem em degraus da escada, um a um, à
proporção que vão sendo dominados.
As virtudes do homem são degraus necessários, dos quais se não pode prescindir de modo algum.
Entretanto, ainda que criem uma bela atmosfera e futuro feliz, são inúteis, se são isoladas. A natureza
toda do homem deve ser sabiamente empregada por aquele que deseja entrar no caminho.
Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a verdade e a vida.
Mas só o é, quando domina firmemente toda a sua individualidade, e quando, pela energia de sua
acordada espiritualidade, reconhece que esta individualidade não é ele mesmo, mas uma coisa que ele
criou para seu uso e por cujo meio se propõe alcançar a vida além da individualidade.
Busca-o, submergindo-te nas misteriosas e esplêndidas profundidades do mais íntimo do teu ser.
Busca-o, provando toda a experiência, utilizando os sentidos, a fim de compreender o desenvolvimento
e a significação da individualidade.
Busca-o estudando as leis do ser, as leis da natureza e as leis do sobrenatural: e busca-o prosternando
a tua alma ante a pequena estrela que arde no interior.
Então poderás reconhecer que encontraste o começo do caminho. E quando chegares ao fim, a sua luz
se converterá subitamente em luz infinita.
Busca-o provando toda a experiência, ao dizer isto eu não estou dizendo ceda as seduções dos
sentidos a fim de conhecê-las. Antes de converter-te em ocultista, podes fazê-lo, porém não depois.
Uma vez que tenhas escolhido o caminho e nele penetrado, já não podes ceder a tais seduções.
Podes experimentá-las sem horror, podes observá-las, medi-las e analisá-las e esperar, com paciência
e confiança, mas somente na hora em que nenhuma impressão lhe cause.
Mas, não condenes o homem que cede, estenda-lhe a mão como a um teu irmão peregrino, cujos pés se
tornaram pesados de lama.
Por grande que seja o abismo que existe entre o homem virtuoso e o pecador, é ainda maior entre o
homem virtuoso e aquele que obteve o conhecimento, e que é incomensurável entre o homem virtuoso e
aquele que se acha nos umbrais da divindade.
Quando houveres encontrado o começo do caminho, a estrela da tua alma deixará ver sua luz e, com
sua claridade, perceberás quão grande é a escuridão no meio da qual brilha.
A mente, o coração, o cérebro, tudo está escuro e em trevas, até que se tenha ganho a primeira
batalha. Mas não deixes, por isso, que o espanto e o temor te dominem, mantém teus olhos fixos na
pequena luz e esta irá crescendo.
Porém, faça com que a escuridão interior te ajude a compreender a desolação daqueles que não viram
luz alguma e cujas almas estão em profundas trevas.
Não os censures nem te apartes deles, procura aliviar parte do pesado Karma que ao mundo oprime,
presta tua ajuda aos poucos braços vigorosos que impedem as potências das trevas de obter uma
completa vitória.
Sua vida não deve ser unilateral. Tire proveito das vantagens da vida interna, mas não fujas do mundo,
porque dele hão de aprender. Você é necessário para outros neste mundo, e os outros para você, faça
o que lhes cabe.
Não podes fugir nem se quiser, aceite a sua tarefa e empregue o seu presente estado como uma coisa
por meio da qual podes subir a coisas maiores. Você é uma peça no grande mecanismo da vida e deve
fazer o seu trabalho.
Esta vida deve ser levada em seu negócio, sua profissão ou seu ofício. Não podes aguardar até que o
mundo compreenda o seu conceito de vida.
Não podes impor os seus conceitos ao mundo que ainda para eles não é maduro. A maior parte das
pessoas que te circundam, são espiritualmente crianças.
Não tenhas medo de rir ou sorrir. Bom humor é um dos melhores dons que Deus dá aos homens, e
preserva-os de cometer muitas loucuras. Um sorriso é tão bom como uma prece. Não leves as coisas
demasiado sério.
Busca-o, prosternando a tua alma ante a pequena estrela que arde no interior. Enquanto vigias e adoras
com perseverança, a sua luz irá sendo mais e mais brilhante.
Então poderás saber que encontraste o começo do caminho, E quando chegares ao fim, a sua luz se
converterá subitamente em luz infinita.
O vigésimo preceito deve ser lido, relido e estudado por todo estudante que deseja viver a vida do
Espírito, e que deseja adiantar-se no Caminho.
Contêm muitas coisas que não se compreenderá com a primeira leitura, nem com a centésima. O seu
significado se alargará à proporção que as experiências te tornem preparados a recebê-lo.
21. Busca a flor que desabrocha durante o silêncio que segue à tormenta, e não antes.A planta
crescerá e se desenvolverá, lançará ramos e folhas, e formará botões enquanto prossegue a
tempestade e perdura a batalha.
Mas enquanto a personalidade toda do homem não tiver sido dissolvida e fundida, enquanto o divino
fragmento que a criou não a manejar como mero instrumento de experimentação e experiências,
enquanto a natureza toda não tiver sido vencida e se tornado submissa ao Eu Superior, a flor não
poderá se abrir.
Então, surgirá uma calma como a que sucede após uma chuva torrencial. Uma calma semelhante se
difundirá sobre o espírito fatigado. E no silêncio profundo ocorrerá o misterioso sucesso, o qual
provará que se encontrou o caminho.
É uma voz que fala onde não há ninguém que fale. Mas pode-se pressentir, procurar e desejar, mesmo
no meio da fúria da tempestade. O silêncio pode durar apenas um momento, ou pode prolongar-se por
milhares de anos, porém terá fim.
Contudo, reterás contigo a sua força. Uma e outra vez terá que ganhar mais uma batalha. O repouso da
Natureza só pode ser um intervalo.
O desabrochar da flor é o glorioso momento em que a percepção se desperta, com ela nascem
confiança, o conhecimento e a certeza. A pausa da alma é o momento de assombro, e o seguinte
momento de satisfação é o silêncio.
Aqueles que passaram pelo silêncio, sentiram a sua paz e mantiveram a sua força, e anseiam que passes
tu também por ele. Quando o discípulo for capaz de entrar no Templo do Saber, encontrará sempre o
seu Mestre.
Estas regras expostas são as primeiras que foram escritas nos muros do Templo do Saber. Os que
pedem, obterão. Os que desejam ler lerão. Os que desejam aprender aprenderão.
Os que pedem, obterão. Porém, ainda que o homem vulgar peça continuamente, a sua voz não será
ouvida, porque só pede com a mente, e a voz da mente não é ouvida. Portanto, enquanto não houverem
sido aprovados nas 21 regras, não digo que os que pedem obterão.
Ler no sentido oculto é ler com os olhos do espírito. Pedir é sentir a fome interna, o desejo da
aspiração espiritual. Ser capaz de ler significa ter obtido, em grau mínimo, o poder de satisfazer esta
fome.
Quando o discípulo se preparou para aprender, então é aceito, reconhecido e admitido. Assim deve ser,
pois acendeu a sua lâmpada e esta não pode estar oculta. Porém, é impossível aprender, enquanto não
tiver ganho a primeira grande batalha.
Uma vez que passou pela tormenta e que chegou à paz, então é sempre possível ao discípulo aprender,
conquanto ainda possa duvidar vacilar e se desviar.
A voz do silêncio mora nele, e ainda que abandonasse por completo o caminho, virá um dia em que ela
ressoará e dividi-lo-á em dois, separando as suas paixões das suas possibilidades divinas. Então, no
meio do sofrimento e dos gritos desesperados do abandonado eu inferior, ele voltará ao caminho.
A paz seja contigo. “A minha paz vos dou”, só o Mestre o pode dizer aos seus amados discípulos, que
são Ele mesmo.
A PAZ SEJA CONTIGO.
A flor que desabrocha no Silêncio após a tormenta é a flor da Consciência Espiritual.
Foi ela que causou o brotar da semente, a formação das raízes, o crescimento da planta, o lançamento
das folhas e dos ramos, até que, enfim, apareceu o pequeno botão do Espírito e o verdadeiro
desenvolvimento começou.
Este aparecimento do botão da Consciência Espiritual, os primeiros raios de Iluminação, assinala o
período mais crítico na evolução da alma.
A flor se abre somente depois da tormenta, só quando o silêncio tomou o lugar do ruído dos ventos, do
rugido e estalido do trovão, dos incidentes tremendos da tempestade. Na calma, no período de
descanso que segue a tormenta aguardam a alma grandes coisas.
Lembra-te disso quando te achares no meio da grande tormenta de inquietação espiritual, que destrói
tudo em que te apoiavas, e quando te parecer que tudo te foi tirado, e que ficaste só, sem conforto e
sem arrimo.
Nesse momento de aflição espiritual vem aquela paz que excede a todo o entendimento, que nunca mais
se afastará. O tempo de mera crença cega passou para ti e o tempo do saber chegou.
Vejamos como ocorre a "tormenta", que precede o desabrochar da flor.
Dos degraus superiores da Mente Instintiva passa o homem ao plano do Intelecto. O homem no plano
instintivo não se ocupa com os problemas da vida, com os enigmas da existência, nem reconhece que
haja tal problema ou enigma e passa a vida.
Seus cuidados pertencem em maior parte ao plano físico e quando satisfaz as necessidades físicas,
pouco se interessa pelo resto. O estado em que se acha é a infância da Humanidade.
Depois de algum tempo, começa a experimentar inquietação. O seu Intelecto desperta, recusa-se a
deixá-lo continuar a aceitar coisas como certas. Novas questões continuamente se impõem e exigem
resposta.
O homem começa a ser perseguido pelo eterno "Por quê?" da sua alma. Abrem-se novos mundos e os
desejos se multiplicam aos milhares. A mente põe-se primeiro a cultivar e depois a satisfazer esses
desejos, pensando que nisto encontrará a felicidade.
Mas não se encontra felicidade permanente neste estado, alguma coisa enche a alma com uma
inquietação sempre crescente, incitando-a a vôos mais altos.
O Intelecto resiste a estes impulsos como indignos, como restos de antigas superstições e
credulidades. E assim anda em círculos, esforçando-se por resolver os grandes problemas, lutando por
aquela paz e pelo descanso que em alguma parte o aguardam.
Não lhe vem a ideia de que a única solução possível consiste no desenvolvimento de alguma coisa mais
alta do que ele mesmo, que o tornará apto a ser usado como um instrumento mais fino.
Muitos reconhecerão esse estado de terrível inquietação mental, esse labor espiritual, quando o nosso
Intelecto confessa que não é capaz de resolver as grandes questões que dele exigem respostas.
Estamos no meio da tormenta mental. A tempestade ruge enfurecida ao redor de nós. Vemos como
tudo é arrancado e varrido, tudo que parecia tão firme e durável.
Ficamos sem paz e consolo, os ventos nos impelem cá e lá, e não sabemos qual será o fim. A nossa única
esperança está naquela confiança na Mão Invisível.
Em tempo apropriado, vem um pequeno raio de luz, penetrando as nuvens e clareando os pés do
peregrino perseguido pela tormenta, faz um passo, e acha um novo caminho onde pode dar mais alguns
passos. Em breve se verá num país novo.
A luz da Consciência Espiritual guia o peregrino no caminho da Aquisição, se tiver a coragem de segui-
la. A luz do Espírito é sempre um guia seguro, mas poucos de nós têm confiança e fé necessárias para
recebê-la.
Os raios podem ser percebidos por todos os que estão prontos a recebê-los e esperam com fé e
confiança o dia em que a sua vista poderá suportá-los.
Quando começar a sentir que você mesmo é a sua alma, em vez de pensar que possui uma alma, então
estás se aproximando dos primeiros degraus da Consciência Espiritual.
Podem-se distinguir dois períodos gerais deste florescimento da flor. O primeiro é a plena percepção
da consciência do "Eu Sou", o segundo é o Conhecimento Cósmico.
Muitos que ainda não experimentaram esta consciência do "Eu Sou", pensam talvez que ela seja a
simples concepção intelectual do Eu.
Entretanto, ela é mais do que a mera concepção intelectual, é mais do que a mera crença ou fé cega
nas palavras de autoridade de outro, é mais do que mesmo a crença na Divina promessa de
imortalidade.
É uma consciência, um conhecimento de que o homem é a alma, uma certeza que sente que é ser
espiritual e imortal. Faltam palavras adequadas para descrever este estado mental. Há coisas que é
preciso sentir, e não pensar.
A consciência do "Eu Sou" vem à alma que se desenvolveu suficientemente para admitir os raios de
saber, emanados pela Mente Espiritual, e então a alma simplesmente SABE.
Ela tem o atual conhecimento espiritual que é uma entidade imortal, mas não pode explicá-lo a outros e
geralmente nem pode explicá-lo intelectualmente a si mesma. Ela simplesmente SABE.
E este saber ou conhecimento não tem nada a ver com opinião ou raciocínio, fé ou esperança, ou fé
cega. É uma consciência, é dificílimo explicá-lo a quem nunca a experimentou. Como se poderia explicar
o que é a luz para um homem cego desde a nascença?
Esta consciência do "Eu Sou" veio a muitas outras pessoas mais do que se pensa, mas aqueles que têm
esta consciência, não costumam falar dela, porque receiam que os seus amigos e parentes os tomem
por loucos.
Não é prudente relatar estas experiências a outros, porque os que ainda não atingiram o mesmo
degrau não podem compreender, são capazes de considerá-lo irracional.
Este botão da flor da consciência cresce lentamente. Quando começa, o homem nunca mais é o mesmo
de antes. Pode até perder a sua plena consciência da verdade, porém ela sempre volta a ele outra vez,
e sempre faz mudanças graduais na natureza desse homem.
A sua nova atitude mental manifesta-se em suas ações. Ele se torna mais alegre e feliz. Coisas que
inquietam outras pessoas têm pouco efeito sobre ele.
Muitas vezes parece não ter sentimento nem coração, e apesar disso está cheio de amor e afabilidade.
A sua atitude mental mudou, ele passa a ter outro ponto de vista, cessa de ter medo.
O tempo tem para ele menos importância, porque possui a ideia de eternidade. É melhor ficar quieto,
ou o povo o considera como um excêntrico ou diz que não está bem equilibrado.
Outro sinal desta fase da Consciência Espiritual é que quando abre um livro, ali onde outros vêem
apenas beleza de linguagem, ele descobre palavras de seu irmão em pensamento, que vêm do coração e
dirigem-se ao coração.
O resultado é que o sentido espiritual do que leu é prontamente compreendido, mesmo que o autor não
tenha pleno conhecimento do significado do que escreveu. Quando o Espírito fala, o Espírito ouve.
O seu pensamento passa a atrair os pensamentos semelhantes de outros da mesma consciência. Em
livros, escritos, pinturas, encontrarás palavras que foram escritas para você e os da sua natureza. Leia
de novo os livros velhos, e notarás como parecem diferentes agora.
Não alimente ideia alguma a respeito do seu próprio desenvolvimento. Estás apenas no limiar, e diante
de ti está o grande vestíbulo do Oculto, e ali há muitos degraus, e antes que possas avançar, tens que
passar por uma iniciação.
A seguir damos um dos mais racionais exercícios yogue para auxiliar o desenvolvimento:
Deixe o seu corpo em posição relaxada. Respire ritmicamente e medite sobre o Eu Real, pensando em
si mesmo como uma entidade independente do corpo, que lhe serve de morada e de que pode sair
quando quiser. Pense que você não é o corpo, e sim a alma, que o seu corpo é apenas uma casca útil e
boa para o uso da alma, um instrumento para a conveniência do seu Eu Real. Tenha a ideia de que você é
um ser independente, que usa o corpo livremente, e que o dirige e domina. Durante a meditação, relaxe
o corpo completamente a ponto de que muitas vezes estarás quase inconsciente dele. Podes até
experimentar a sensação de estar fora do corpo e voltar a ele quando concluir o exercício.
Junto com o exercício acima, pode o estudante usar o seguinte mantra e meditação:
"EU SOU”. Eu afirmo a realidade da minha existência, não só a minha existência física, que é somente
temporal e relativa, mas a minha real existência no Espírito, que é eterna e absoluta.
Eu afirmo a realidade do Ego, da minha Alma, do meu Eu. O "Eu" real é o princípio espiritual, que está
se manifestando no corpo e na mente, e a expressão mais alta de que sou consciente é a minha Alma,
sou Eu mesmo.
Este "Eu" não pode morrer nem ser aniquilado. Pode mudar a forma de sua expressão ou o veículo de
sua manifestação, mas é sempre o mesmo "Eu", uma parte do Espírito Universal, uma gota do grande
oceano do Espírito, um átomo espiritual manifestando-se em minha presente consciência e trabalhando
para seu perfeito desenvolvimento.
Eu sou a minha Alma, a minha Alma sou Eu, tudo mais é transitório e mutável. Eu Sou, Eu Sou, Eu Sou.
O estudante deverá consagrar diariamente alguns minutos à meditação silenciosa, escolhendo para isso
um lugar quieto, para não ser perturbado, e deitando ou sentando-se numa posição cômoda e relaxando
todos os músculos do corpo e acalmando a mente.
Estas meditações e esses exercícios auxiliam a desenvolver a consciência da realidade da alma. O
sentimento de imortalidade virá gradualmente, à medida que a alma se desenvolver.
Mas o estudante não deve passar a sua vida quase exclusivamente nas regiões superiores, não deve
desprezar o seu corpo, nem as pessoas que o rodeiam. Isto é orgulho espiritual, e tem sua queda.
Você está no mundo para um fim e tens que fazer as experiências necessárias para se aperfeiçoar.
Você está na melhor posição para as experiências de que precisas e não serás retido aqui nem um
instante mais do que é necessário para o seu bem final.
A consciência do "Eu Sou", apesar de estar muito acima da consciência comum, é apenas uma preliminar
do Conhecimento Cósmico, que aguarda a alma que se desenvolve.
O Conhecimento Cósmico é a flor perfeita que se abrirá durante o silêncio que segue a tormenta. É
aquilo que vem como o resultado da "Iluminação".
Esse Conhecimento Cósmico vem gradualmente a alguns e depois desaparece. Para outros vem
repentinamente como se fossem submergidos numa luz brilhante, que depois igualmente passa.
Os ocultistas muito adiantados são capazes de produzir este estado à vontade e sabe-se que certas
almas encarnadas muito adiantadas, que não aparecem perante o público, conservam-se nesta
consciência quase continuamente.
A obra que estes seres altamente desenvolvidos fazem para o mundo é executada por meio de outros
(menos desenvolvidos), a quem eles inspiram com fragmentos de sua grande sabedoria.
Pode-se definir esse Conhecimento Cósmico como um verdadeiro conhecimento da Unidade de tudo e
da conexão própria com esse Um.
O átomo de luz que compõe o raio realiza por um instante a sua conexão com o Sol Central, a gota no
oceano realiza por um momento a sua relação com o Oceano do Espírito.
A emoção que prevalece na experiência do conhecimento cósmico é de alegria absoluta. E a lembrança
desta Alegria persiste na alma para sempre.
Quem experimenta isto, fica sempre mais alegre e feliz, parecendo possuir uma fonte oculta e secreta
de alegria da qual pode beber quando tem sede.
O prazer intenso some gradualmente, mas algo permanece, para conforto e alegria, este sentimento de
Alegria é tão forte que se pode depois pensar Nele com a mais viva delícia.
Também se experimenta uma iluminação intelectual que é impossível descrever, A alma torna-se
consciente de que possui em si mesma o saber absoluto.
Tudo parece tornar-se claro, mas não há sentimento de aumento do raciocínio ou dedução, a alma
simplesmente sabe.
O sentimento deste saber pode durar apenas uma fração de segundo, o único consolo que a mente tem
é a certeza que a experiência se repetirá.
Uma das principais coisas que são gravadas na alma por este raio da consciência superior é o saber que
a Vida penetra tudo, que o Universo está cheio de vida e que nada é uma coisa morta. Sente-se a Vida
Eterna. Compreende-se o infinito.
Outra sensação é a de Amor perfeito por toda a Vida, esta sensação transcende a todo o sentimento
de amor que se tem experimentado antes, A alma sente intrepidez ou talvez seja melhor dizer que não
é consciente de medo.
Não se sente medo durante a experiência, o sentimento de saber, certeza, fé e confiança não deixam
espaço para o medo.
Desaparece do homem que experimenta a Consciência Cósmica, a sensação que denominamos
"consciência do pecado". A concepção da "Bondade absoluta" do Universo inteiro tomou o seu lugar.
Quando esta experiência vem à alma, deixa o homem como transformado em outro ser, o homem nunca
mais será o mesmo que era antes, A viva recordação vai enfraquecendo, gradualmente, mas permanece
certa lembrança.
Que esta grande Alegria da Iluminação seja sua querido estudante. E sua será no tempo oportuno.
Quando ela vier não se alarme, e quando ela te abandonar, não lamente sua perda, ela voltará outra
vez.
Vivas elevando-se e tendendo sempre para o seu Eu Real. Esteja sempre pronto a escutar a voz do
Silêncio.
A flor não pode se abrir, enquanto a personalidade toda do homem (parte inferior da alma) não se
tenha dissolvido e dissipado, enquanto o divino Ser que a criou não a tenha como mero instrumento de
experiência, enquanto a natureza toda não esteja vencida e subjugada pelo seu Eu superior.
Enquanto a parte inferior da natureza do homem governá-lo e dominá-lo, ele não tem acesso à luz
divina. Só quando o homem afirma o seu "Eu" real, torna-se apto para maior desenvolvimento.
O tempo em que a Consciência Espiritual se tornar permanente ainda está longe de nós, aqueles que
gozam agora esse estado estão muito mais alto do que nós na escala espiritual. Porém, foram uma vez
como nós, e nós seremos, um dia, como eles.
Aqui concluímos as considerações da primeira parte da Luz no Caminho, para passarmos à segunda
parte.
Esta segunda parte se refere à experiência do estudante que já passou pelo Silêncio que segue a
tempestade e não é destinada para o estudante que ainda não alcançou este grau.
Porém, sentimos que devemos continuar e estamos convencidos de que o estudante, mesmo em degraus
mais baixos, nele encontrará proveito e saber.
Muitos estudantes desejaram obter alguns exercícios yogues para desenvolver a Iluminação Espiritual.
Em resposta dizemos que as melhores autoridades yogues não aconselham muitas das práticas
seguidas por seus irmãos menos iluminados.
Julgam que essas práticas são mais ou menos anormais e que, em vez de produzir a desejada
Iluminação verdadeira, só dão uma condição psíquica que é apenas um reflexo do estado desejado, lua
em vez de sol.
Tais estados psíquicos não auxiliam no desenvolvimento espiritual, ainda que possam produzir uma
condição de êxtase, que agrada por instantes, mas é uma intoxicação psíquica.
Meditar sobre as ideias expostas nesta lição é proveitoso e muitos estudantes yogues acompanham a
meditação com respiração rítmica, o que tem efeito tranquilizador.
Porém estas coisas só prepararam o solo para o crescimento da planta que dá a flor. A planta mesma
vem, quando chega o tempo, e não pode ser acelerada por força. Preparemos as melhores condições
para seu crescimento e bom desenvolvimento.
O fato que você é atraído a estes assuntos, é um sinal que vos estais desenvolvendo espiritualmente.
Se estas palavras acham uma resposta em sua alma, fique certo que o que é seu lhes virá às mãos e que
estais caminhando bem na Vereda. Procure a luz, e ela virá, seja digno de sua vinda.
Não deixes a chama se extinguir. Cuide dela. Nutre-a.
Há Três Verdades que são absolutas e não podem ficar perdidas, mas podem permanecer em silêncio
por falta de quem as proclame:
1. A alma do homem é imortal e o seu futuro é o de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites.
2. O principio que dá a vida mora em nós e fora de nós, é imortal e eternamente benéfico, não é ouvido,
nem visto, nem apreendido pelo olfato, mas pode ser percebido pelo homem desejoso de percebê-lo.
3. Cada homem é o seu absoluto legislador, o dispensador da glória ou das trevas para si próprio, é o
decretador de sua vida, recompensa e punição.
Estas Verdades, grandes como a própria vida, são simples como a mente do mais simples dos homens.
Alimentai com elas os famintos.
8. Tu podes então manter-te firme como uma rocha no meio do tumulto, obedecendo ao
guerreiro que é tu mesmo e teu rei. Indiferente ao combate e sem preocupar-te com o
resultado da batalha, porque uma coisa única é importante, que o guerreiro vença.
E tu sabes que não pode ser der rotado, permanece sereno e vigilante, usa a faculdade de ouvir, que
adquiriste por meio do sofrimento e da destruição do sofrimento. Enquanto não fores mais do que
homem, apenas fragmentos do grande canto chegarão aos teus ouvidos.
Porque, quando tiveres atingido o estado em que podereis escutar inteiro o canto divino, não sereis
mais homem, mas algo mais alto na escala da evolução e da vida espiritual.
Mas se o ouvires registre-o em tua memória, e dele procura aprender o significado do mistério que te
rodeia. Com o tempo não terás necessidade de instrutor algum. Porque assim como o indivíduo possui
uma voz, Aquele em que o indivíduo existe a possui também.
A própria vida tem a sua linguagem e nunca permanece silenciosa. E esta linguagem não é um grito,
como poderias supor tu que és surdo, mas um canto. Aprende dele que tu és uma parte da Harmonia,
aprende dele a obedecer às leis da Harmonia.
Tu podes então manter-te firme como uma rocha no meio do tumulto, obedecendo ao guerreiro, que é
tu mesmo e teu rei.
A alma guiada pelo Espírito é indiferente ao combate, e não se preocupa com o resultado da batalha
(com o resultado aparente, com derrotas e dores temporárias), porque somente uma coisa é
importante, a vitória do Espírito.
É necessário que aprendamos lições que o sofrimento dá, muitas lições só podem ser aprendidas por
esta via, quando aprendemos a conhecer a verdadeira natureza do sofrimento, então o sofrimento
deixa de ser sofrimento.
Com o tempo, não terás necessidade de instrutor algum. Porque assim como o indivíduo possui uma voz,
aquilo em que o indivíduo existe a possui também.
12. Porque através do teu próprio coração vem a única luz que pode iluminar a vida e torná-la
clara a teus olhos.
Estuda o coração dos homens, a fim de poderes conhecer o que é o mundo em que vives e do qual
queres ser parte.
Observa a vida que te rodeia em transformação incessante, pois é formada pelos corações dos
homens, e, à proporção que forem aprendendo a conhecer a sua significação, irás sendo capaz de ler a
palavra maior da vida.
Em sua própria natureza encontrarás tudo que está na natureza dos outros homens, o que é puro e
imundo, tudo está aqui, o imundo pertence talvez à vida passada, e o puro ao futuro, mas tudo está
aqui.
E se queres compreender os homens, seus motivos, suas ações e seus pensamentos, olhe no seu
interior e compreenderás melhor os outros. Mas não se identifique com todos os pensamentos no seu
coração.
Observa-os como faria alguém que estivesse de fora, olhe-os como olharia objetos num museu, são
úteis para serem estudados, mas não para fazerem uma parte da sua vida.
13. A palavra só vem com o conhecimento.
Alcança o conhecimento e alcançarás a palavra. É impossível que ajude os outros enquanto não tiveres
adquirido a certeza de ti mesmo.
Quando tiveres aprendido as primeiras 21 regras e penetrado no Templo do Saber poderás descobrir
que dentro de ti existe um manancial de onde brotará a palavra.
Não se aflija se for chamado para dar palavras de conforto e sabedoria a outros. Não é necessário que
se prepare. Aquele ao qual te dirigir receberá de ti (por meio da direção do Espírito) exatamente
aquilo que para ele ou ela é o melhor. Não temas, tenha fé.
Não pense que compreendeu todos os preceitos deste livro. Leia-o de novo algum tempo depois, e
verás nele novas belezas.
Os seus preceitos podem ser interpretados de modos muito diferentes, porque retrata as
experiências da alma que viaja pelo caminho. Lembre-se que a subida neste caminho é em espiral, e que
a alma caminha ao redor, porém sempre para cima.
Pode alguém pensar que compreendeu o sentido dos primeiros preceitos do livrinho, porém, quando
chega outra vez a certo ponto, exatamente uma volta mais, encontrará neles novo sentido, adequado às
necessidades recém-descobertas.
Parece que a alma que não achou a entrada no caminho anda em redor de um círculo, viajando sempre
no mesmo lugar e não fazendo progresso real.
Quando, porém, descobre o pequeno caminho que comunica com o círculo num de seus pontos e para lá
dirige seus passos, acha que realmente está caminhando na espiral e que está subindo um degrau mais
alto com cada volta que dá.
Não conhecemos outro livrinho que seja tão útil nessa viagem, como o pequeno manual Luz no Caminho.
Depois da regra 13 não posso acrescentar palavra alguma ao que já foi escrito. A minha paz vos dou.
Os preceitos a seguir, foram escritas unicamente para aqueles a quem eu dou a minha paz, para
aqueles que podem ler o que eu escrevi tanto com os sentidos internos como com os externos.
14. Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo dominado os desejos dos sentidos
externos, havendo subjugado os desejos da alma individual e tendo obtido o conhecimento,
prepara-te para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado, apressa-te para
percorrê-lo.
15. Peça a terra, ao ar e à água, os segredos que guardam para ti. O desenvolvimento dos teus
sentidos internos te permitirá fazê-lo.
16. Pede aos santos da terra os segredos que guardam para ti. O domínio dos desejos de teus
sentidos externos te dará direito a fazê-lo.
17. Indaga do mais íntimo, do Uno, o segredo final que Ele guarda para ti, no decorrer das
idades.
A grande e difícil vitória, o domínio dos desejos da alma individual, é obra de idades, por tanto, não
esperes receber a recompensa antes que idades e idades de experiências se hajam acumulado.
Quando tiver soado a hora de aprender esta regra 17, o homem estará próximo de se tornar mais que
um homem.
18. O conhecimento que agora possuis, só é teu porque a tua alma se tornou una com todas as
almas puras e com o mais íntimo. É um depósito que o Altíssimo te confiou. Abusa dele, emprega
mal o teu conhecimento ou descuida-o, e ainda é possível que caias do estado elevado a que
chegaste.
Há almas grandes que retrocedem, achando-se já nos umbrais, por não poderem suster o peso da sua
responsabilidade, por serem incapazes de seguir adiante. Portanto, considera sempre esse momento do
futuro com temeroso respeito, e prepara-te para a batalha.
19. Está escrito que, para aquele que se acha nos umbrais da divindade, não se pode idear lei
alguma, nem tampouco pode existir guia.
Contudo, para que o discípulo compreenda a luta final, pode-se expressá-la nestes termos:
Aferra-te ao que não tem substância nem existência.
21. Não olhes senão o que é invisível, tanto ao sentido interno como ao externo.
A existência individual é um cordão que se estende do finito ao infinito, que não tem princípio nem fim,
e não se pode romper.
Este cordão é formado por inumeráveis e tênues fios que, estreitamente unidos uns aos outros,
constituem sua espessura, incolores, perfeitamente retos, sólidos e lisos.
O cordão ao passar por todos os lugares sofre estranhos acidentes. Engancha-se num destes fios e
fica preso, ou talvez é apenas desviado violentamente de sua direção normal. Então, durante muito
tempo, fica torcido e põe em desordem os outros fios.
Algumas vezes um deles se mancha de impurezas ou colorações, e a mancha também impregna outros
fios. Os fios são vivos, são como nervos vibrantes.
Acontece eventualmente que os longos fios viventes passam da sombra para a luz. Então os fios já não
são incolores, são dourados, uma vez mais estão unidos, lisos. Uma vez mais se estabelece a harmonia
entre eles, e a partir desta harmonia interna percebe-se a harmonia maior.
Este exemplo não representa mais que uma parte mínima, um único aspecto da verdade: é menos que
um fragmento. Todavia, detém-te nele, com a sua ajuda podes chegar a perceber alguma coisa mais.
O que em primeiro lugar se deve compreender é que o futuro não é formado arbitrariamente por atos
isolados do presente, mas é uma continuação ininterrupta do presente, assim como o presente o é do
passado.
Um pouco de atenção prestada ao ocultismo produz grandes resultados kármicos, porque é impossível
prestar alguma atenção ao ocultismo, sem fazer uma seleção definida, entre o que vulgarmente se
chama bem e mal.
O primeiro passo no Ocultismo conduz o estudante à árvore do conhecimento. Ele deve atirar-se a ela
e comer, mas tem que escolher. Já não pode ficar na indecisão da ignorância. Tem que avançar no
caminho do bem ou do mal, o que produz grandes resultados kármicos.
A massa humana marcha vacilante a respeito da meta a que aspira, sua meta de vida é confusa,
portanto o seu Karma age de um modo confuso.
Uma vez que se chegou ao vestíbulo do conheci mento, a confusão diminui e os resultados kármicos
aumentam enormemente, porque todos atuam na mesma direção, em todos os diversos planos, pois o
ocultista não pode retroceder, desde que passou o vestíbulo.
Isto é tão impossível quanto um homem voltar a ser criança. O indivíduo aproximou-se do estado de
responsabilidade, por causa do crescimento, e já não pode retroceder.
Aquele que quiser livrar-se dos laços do Karma tem que elevar sua individualidade da sombra à luz, tem
que elevar tanto a sua existência, que estes fios não se ponham em contato com as matérias que
mancham, nem possam ser presos até o ponto de se distorcerem.
Eleva-se simplesmente acima da região em que o Karma opera. Não abandona a existência que lhe serve
de experiência por causa disso.
Aquele que deseja estar livre de todo Karma deve buscar a sua mansão no ar e depois no éter. Aquele
que deseja formar o bom Karma, terá muitas confusões, e, no esforço de semear excelente semente
para sua própria colheita, pode plantar mil ervas daninha e, entre elas, a árvore gigantesca.
Não desejes semear coisa alguma para a tua própria colheita, trata de semear aquela semente cujo
fruto alimentará o mundo. Você é uma parte do mundo, ao lhe dares alimento, tu o darás a ti mesmo.
Um homem pode negar-se a pensar na recompensa, porém nessa mesma negação se percebe que a
recompensa é desejada. Mas enquanto ele não estiver fixo naquele estado onde não existe recompensa
nem castigo, bem nem mal, em vão será o esforço.
Chegará o dia em que se verá em frente de sua alma e reconhecerá que, quando se aproximou da
árvore do conhecimento, colheu o fruto amargo em vez do doce, e então o véu cairá por completo e ele
abandonará sua liberdade para se tornar escravo do desejo.
Portanto, está de sobreaviso, aprende desde já que não há cura para o desejo, que não há cura para o
afã de recompensa, que não há cura para o anelo grosseiro, senão fixando a vista e o ouvido naquilo que
é invisível e inaudível. Principia desde já a praticá-lo. Viva no eterno.
A operação efetiva das leis do Karma não deve ser estudada enquanto o discípulo não tiver alcançado o
ponto em que já elas não mais o afetem.
O Iniciado tem o direito de pedir os segredos da Natureza e de conhecer as regras que regem a vida
humana. Obteve esse direito por haver transposto os limites da Natureza, por haver-se libertado dos
limites das normas que governam a vida humana.
Ele já se transformou em uma parte reconhecida do elemento divino, e o que é temporário já não o
afeta. Obtém então o conhecimento das leis que regem as condições temporárias.
Portanto, se desejas compreender a operação das leis do Karma, tente primeiro libertar-se destas
leis, e isto só poderás fazer, fixando sua atenção naquilo que não é afetado por essas leis.