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Gayeté
{Montaigne, Des livres)
Ex Libris
José M indlin
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— 4. —
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villioso do genero h u m an o e da philosophia,
a m ulher foi sempre considerada como um
instru m en to do prazer material do h o m em ,
ou como sua mais submissa escrava : assim,
os seus povos, mesmo aqueIJes que a t t i n g i-
ram ao mais alto gráo de gloria, taes como os
Babylonios, ostentando aos olhos das antigas
gerações suas admiráveis m uralhas, seus sus
pensos e soberbos jardins, suas columnatas
de porphyro, seus templos de jaspe, com zim-
horios de pedras preciosas elevando-se ás n u
vens, obras que até hoje nao tem podido ser
imitadas; esses povos tão poderosos, dizemos,
perm aneceram sempre em profunda igno
rância dessa civilisação, que só podia ser
transmittida ao m undo pela emancipação da
m u lh e r, nâo conforme o philosophismo dos
socialistas, mas como a cornprehendeu a sa
bedoria Divina, elevando até a si a m ulher,
quando encarnou em seu seio o R ed em p to r
do m u n d o .
As Déboras, as Semiramis, as J u d ith s se
mostraram em balde, attestando aquella a
graça de que a tocára Deos, p erm ittin d o -lh e
revelar aos homens alguns de seus mysteriös;
estas, uma razão esclarecida, um a coragem
rara, q u e provavam ja então não ser a m u
lh er somente destinada a g u ardar os rebanhos,
a preparar a comida, e a dar á luz a sua pos
teridade.
'. X \
II.
III.
IV.
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f!»?í
As mulheres Romanasassignalaram-se por
heróicas virtudes, de que as mulheres m oder
nas nuo tem dado ainda como ellas exemplos;
porém déspotas taes como os R om anos nâo
podiam com prehender, e ministrar á m u lh er
a educação, que lhe convém. Os déspotas
querem escravos, que sesubrnettam humilde
e cegamente á execução de suas vontades, e
não inteiligencias, que se opponham á ellas,
e ensinem aos povos a sacudir o seu jugo.
Facil lhes foi pois deixarem na ignorância
10 —
-■iimwe-isr>»rTrf5T
— 11
V.
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VI.
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I
sem pre itifallivel da ignorancia e educação f
estacionarias das suas !
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Deixemol-os expiar suas crenças a respeito
da m u lh e r, e sem contestarmos a opinião da
illustre escriptora franceza, cujo coração mais
; de urna vez contrahio-se sob a influencia dos
principios dos hom ens de sua patria, tâo dia-
m etra lm e n te oppostos aos q u e e l l a censurava,
co n tin u arem o s a dem onstrar a influencia q u e
tem a educação das m ulheres sobre a m orali
dade e civilisação dos povos.
vir.
«ÍíÂr
ii
V IIÍ.
J\
classes baixas da Escossia.
E Mrs. Ha^inah More, q u e continua a
classe notável de moralistas femininos. Aos
17 annos era ella jà autora, e sua principal
ol)ra — Ceelebs em busca de uma esposa— mos
tra as disposições, os costumes, os princi-
3
pios, que podem assegurar a felicidade do
mestica.
uV*» •
X.
— 28 —
55^m -
sexo ; a nossa tarefa é ou tra, e cremos que
mais conveniente será ás sociedades modernas
— a educação da m ulher.
XI.
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X II.
X III.
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X IV .
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A celebre autora d a — Cabana do pai Tho-
maz— digna descendente desta raça, guiada
pelo nobre e grandioso sentim ento de h u
l e * •••• manidade, tentou resgatar sua patria da
nodoa que a deslustra, na marcha do es
pantoso progresso, em que ella se mostra
aos povos.
Q u an d o um tal modelo de perfeições m o
fer??' raes se patenteia nos Estados-Unidos ju lg a
mos ocioso tudo o q u e podessemos accrescen-
lar, para provar o desenvolvimento pro g res
sivo da educação da m ulher nessa E u ro p a da
America, que excederá bem cedo a todas as
nações.üo m undo, pelo genio ernprehendedor
de seus habitantes, e pelo espirito de associa-
fis:*
Vjla* *.
41 —
XV!.
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lher no Brasil, esperando excitar, com o nos
'/?tSiV so exemplo, pennas mais babeis que a nossa, ti
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a escreverem sobre um assumpto q u e infeliz
m ente tão despresado tem sido en tre nós.
Aquelles que escrevem tão sóm ente pelo if:
bem da hu m an id ad e, q u e não por o rg u lh o ,
ou pela triste vaidade de fazerem-se um n o -
ine, ainda mesmo nos paizes onde um nome
litterario tem patria e gloria, não cogitam do I
juizo parcial dos que limitam os interesses da
h u m an id ad e no mesquinho circulo de seus
interesses pessoaes.
ÉÜ Não nos embala a vã pretençáo de operar
u m a reforma no espirito de nosso paiz ; por
I
Jem ais sabemos, q u e muitos annos, séculos
talvez ! serào precisos para ilesarraigar bor
dados preconceitos, afim de que uma tal me-
tamorphose se opere. Esperamos som ente,
q u e os zelosos operários do grande edifício da
civilisação, em nossa terra, attentern para os
exemplos que a historia apresenta, do quanto
é essencial aos povos, para firmarem a sua
verdadeira felicidade, o associarem a m ulher •à.*2
X IX .
.T XX.
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48
X X I.
Ij
0 sexo, a quem era vedado transpor o por
tico de q u a lq u e r estabelecimento scientifico
1^« j ou litterario, forneceu tam bém , posto q u e
em pequeno n u m ero , alguns espíritos s u p c -
rioies. Citaremos Publia Hortencia de Cas
tro, que sob os trages masculinos, (req u en to u
com seu irmão a Universidade do Coimbra,
onde obteve os grandes conhecimentos, q u e
excitaraííi a admiração dos homens de sua
época, inclusive Philippe II.
Esta escriptora superior, pelas diíBciilda-
des que teve a vencer para p en etrar no sati-
ctuario da sciencia, às C atharina, Lacerda,
Balsemão, Alorna, etc,, provou q u e, se as
m ulheres portuguezas não puderam colher
os louros litterarios, que ornam as m ulheres
do N orte, não é porque lhes falte capacidade .iií*
50
I
As ideas estacionaram na linda terra dos
Affonsos. Os cantos de seus altos feitos, re
tu m b a n d o pelas m ontanhas alcatifadas de flo
res, sob 0 poético céo de Portugal, iam m o r
rer no seio de outras terras e de outros povos
eternisando o nome Portuguez, sern que apoz
esses feitos o pharol da philosophia illum inas
se 0 espirito dessa naçào, e a guiasse á unica
verdadeira gloria.
. it Baldo de tão sabio e poderoso guia, q u e
) póde só conduzir os povos á felicidade, esse
formidável collosso de armas caliio, como cae
0 panno de uííí tlieatro depois da representa
■3
A ção admiravel de um grande draina, cujas
scenas extraordinárias haviam prendido a at-
tenção e extasiado a alma dos espectadores.
Os prejuizos de Portugal eslenderam -se
sobre as vastas plagas do Brasil, debaixo de
u m aspecto mais desfavorável, pois que tive
ram de envolver nossa límpida atm osphera
no tenebroso manto da escravidão, que Por
tugal repellia de seu seio, e que seus filhos
traziam a infestar a nossa sociedade, m a n -
chando-a perante as sociedades da E uropa
— 52 —
XXIIL
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55 —
X X IV
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— 87 —
XXV. ií ' •• ••
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f“ As escolas de ensino primário tinham a n
tes 0 aspecto de casas penilenciarias do que
de casas de educação. O methoclo da p alm a
tória e da vara era geral/íiente adoptadocom o
0 melhor incentivo para o desenvolvimento
da intelligencia I
Não era raro ver-so nessas escolas o bar-
baro uso de estender o menino, que não ha-
"|via bem cumprido os seus deveres escolares,
'’j em um banco, e applicarenr ihe o vergonho-
4so^castigo do açoite ! !
Se as meninas, que em muitos desses r e -
— 58
rs»s*
pugnantes estabelecimeiritos eram jidmiUidas
(Je commurn com o oulro sexo, ficavam isen • 41« i
ÎSè/
~ 59 —
X X V I.
••1
Procurando-se sem pre prender-lhe a intel-
ligeiicia, enfraquecpr-lhe os sentidos, inha-
bililatn-a para oecupar-se, como devia, antes
de tudo do cuidado de purificar o seu cora
ção; o cjue nunca poderá <‘lla vantajosamente
ÍÍ5 conseguir se a sua intelligencia perm anecer
fi sem cu ltu ra.
>à Bem diversas desta d o u trin a são as de
Rousseau e Gregory, quan d o lhe aconselham
cultivar o gosto pelos adornos, (que am bo-
•!?' pretendem ser natural ás mulheres) e embels
:’’V
lecer os dotes do corpo, tirando da belleza
f(í|:
physica e do artificio os meios para subjugar
i
os hofiienSu
n Todos os que têem escripto sobre a educa
ção da mullier, prégando tão errôneas dou-
«I tri nas e considerando-a debaixo do ponto de
el vista purameiUe m aterial,não têem feito mais
'II do q u e tirar-lh e Ioda a dignidade de sua n a
tureza.
$ M ulheres assim educadas seriam próprias
para fazer as delicias de q u a lq u e r epicurista
em um harem ; mas cremos, que n e n h u m a
de nóssas Brasileiras amará sem elhante exis
tência, a não ser a, que é indigna de o u tra
m elhor. Qual é ahi o hom em rasoavel e h o
nesto, que se contente de um a esposa, q u e
prefere passar no seio dos prazeres do m u n d o
e n tre g u e ás futilidades de u m a vida de dissi
pação e indolência, antes que no em penho
6
. ..
— 69. —
X X V II.
tlí
X X V III. f
tVíSí
Repeilindo com profunda indignação o
principio daquelles,que apresentam a m u lh er )i
^3 n atu ralm en le inclinada a fixar a atlenção do D!
hom em pelas graças exteriores, incapaz de
*♦.
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— 65 —
Ui
reflexão e apta sómente para offerecer-lhe
agradaveis passatempos, fazemos justiça â
maioria dos nossos conterrâneos para pensar,
n q u e não elles mas sómente os libertinos po
dem assitn aggredir os dominios da razão, e
M
profanar a dignidade da virtude. Destes te
ã
mos piedade, porque passam por esta transi
tória vida envolvidos na densa atrnospbera I
X X IX .
N
E u ro p a , descendo a Portugal estendeo essa
influencia até ás hospitaleiras praias do Bia-
sil, o qual abriu generosamente seus braços
e seus Ibesouros à Familia real, q u e viuba
procurar um asylo em seu seio.
Um a corôa europea brilhou sob o f u l g u
ran te sol a m e r i c a n o ; o apparaloso fasto de
u m a côrle desdobrou-se na capita o rasi 5
seus portos, fechados até então ao estrangei
ro, lhe foram para logo franqueados, e o no
m e de reino substituio depois o de colonia,
tão indevidamente conservado á vasta terra
de Santa C ru /. Alguns m elhoram entos se
operaram cm diversos pontos, crearam -se tri-
bunaes, escolas, acadeoiias etc. etc. so ) a
digna adminislração do illustrado D. Ito d ii-
go de Sousa C outinbo, mas a educaçao ua
m u lh e r permaoeceo como nos ferreos tempos
coloniaes, isto é ; entregue aos cuidados de
ineptos pedagogos femininos, ou a direcção
das mais no seio da familia, onde a m enina
aprendia tudo, menos o que podesse tornal-a
digna mais tarde de ser colocada na ordem
de m ulher civilisada. ^
O Brasil linba ja fornecido grande copia
- - 68 —
rs»ÍI'
de homens illustrados pelos conhecimentos
adquiridos em differentes universidades da
t u r o p a e a mór parte das Brasileiras (tnes
mo as das primeiras cidades) não logravam •,
vantagem de aprender a ler !
gcralm enle, q u e e n s in a r-lh e s a
Jer e escrever era proporcionar-lhes os meios
de en reterem correspondências amorosas
e repetia.se sem pre, q u e a costura e tra b a '
Ihos domésticos eram" as únicas o c c u S ;
faUoN® prejuízo estSvS de
passados q u e q u a lq u e r pai, q u e ousava ven- i
cei 0 e proporcionar ás suas filhas lições que
surado d e ^ ^ q t e T e r í í a T a ' ' ' ' '
d e ig n o r a n lq u ^ ^ r c r v - r r ^ ^ ^ ^ ^ '“
homens*do1"‘" <^^"s»ras q u e fazemos aos
mens do piisscido sem receio de desagradar
“ e L rrr
obstame :, ?'’®
’ i “'
«'"da. na-o
eomnl I. • terem trocado o papel de
filhas ^peífõ^unl^ suas
__ , t. . . " '" 3 lostrucçao sunerfieial »
XXX.
XXXI
i-J
— 73
V.’
75 —
XXAII.
l-
hâvia indicado ao Principe o cam inho da
gloria, e guiado o Brasil à sua emancipação,
descrevia a sua orbita entre opacos planetas
os quaes interceptaram a sua luz, q u a n
do délia mais precisão tinha o nosso corpo
.:í:i politico. E osabio, a que.m D. P ed ro con
fiando a guarda de seu imperial Filho, nos
dolorosos momentos de sua separação, havia
feito esquecer o desterro a que o m a n d a ra ,
foi peles seus proprios conterrâneos a rra n c a
do de seu digno posto, e exilado para aquel-
la ilha, que gosarà de justa celebridade
quando os Brasileiros souberem celebrar t u
do o que díz respeito a seus grandes h o
mens.
Por agora consolamo-nos do revoltante
esquecimento, em que parece e n tre nós s u b
mergido o grande nome de José Bonifácio de
Andrada, lem brando-nos dos elogios, que t i
vemos o prazer de ouvir tecerem-lhe alguns
sábios da Europa. O grande estadista, o pro
edu fundo philosopho, o suave poeta septuage
rin nário teu» o seu nome escripto pela severa
mão da historia nas paginas immortaes da
posteridade : os homens do porvir o vingarão
do indifferentismo an ti-nacional dos homens
do presente.
i- ■J' 78
X X X III.
X X X IV .
XXXV,
m
Na provincia de Minas, onde a instrucção
se acha mais geralmenle diffundida, en tre
209 escolas de primeiras letras, só 2 4 p er
:3|]' tencem ao sexo feminino 1 1 Considerando-s©
esta tão desproporcional differença, o sexo
parece perm anecer ali debaixo da influencia
do anathema, que fulm inara sobre elle um
,1
dos mais notáveis presidentes daquella pro-
■1i vinciu. T ratando das cadeiras publicas de e n
sino primário dizia elle que : Deve-se ensinar
— 86 —
XXXVII.
-H
,À XXXVIII.
x’j .
>.'fí
do nossas capilaes, entre as quaes tanto so-
bresaem as desta Côrte, fóco da civilisação r.
XXXIX.
O*
Vi
IK
93
melhoramento moral.
A leviandade commutri a quasi todos os
povos, de julgarem as cousas pela apparencia
tem grande elasterio entre nós. Apezar de Rí.
nos l e r a cxpericncia im unneras vezes mos
s*': trado, quanto ha de perigoso nesta levianda
î de, n e n h u m a precaução tomamos para trium -
phar delia, ao menos naqnillo que tanta i n >•••
fluencia pode ter no porvir de nossos fi
lhos.
w,
}>•.
O geral dos pais avalia quasi sempre da
excellencia do estabelecimento, onde manda
educar suas filbas, pelo grande num ero de
alumnas que contôm. Ouvimos por vezes di
zer-se : 0 collegio em que está minha filha é
>
excellente, tem muitas meninas : sem impor- rí
.• ■
— 94
L%
— 95 —
XL.
•••#•••
XLL
1/
Um prejuizo muita vcz fatal á infancia,
u m crime, diremos nós altamcnte, i n t r o d u -
iii
zio-so no I5rasil, porque nâo é elle de origem
brasileira ; é o que leva as mais a negarem
por miseráveis considerações m u n d an as seu
seio aos seus recem-nascidos. Nada nos p a
rece tào revoltante como vêr u/na mâi, sem
causa justificada pela natureza, consentir
q u e seu filho se alimente em seio estra
nho I
f4' Se Rousseau, com o seu Emilio fez córar m
as mais francezas pelo esqueciínento, em
q u e estavam desse primeiro dever da m a t e r
nidade, em França, onde as amas têetn mais
ou menos alguma educação, e se distinguem
pelo aceio; o que sentiriam as mais Brasilei
ras, que hem comprehendessem aquelle livro
á vista de seus filhos pendentes do seio de
miseras africanas, que passam, muita vez do
açoite, na casa de Correcçào ou nas dos pró
prios senhores, ao berço do innocente para
offerecer-lhe seu leite? 1 " íí*:51
E n tre ta n to é esta a primeira lição p r e p a
rada ao menino Brasileiro, lição que bebe
— 100 —
i
XLII.
•»*
X IJII.
•••.■sa
— 108
XLIV.
XLV.
XLVI.
%
;f;
Não ha muito tempo, teve lugar em u m
Rr-fs: collegio desta corte, em presença de oitenta
— 115 —
e funestos excessos ! SW
;
XLVII.
X L IX .
— 127 —
L.
lidades da fortuna.
Q u a n d o esses colossos de vaidade desabam
da altura a que os tdevara a pura m atéria,
confundem -se no m u n d o das intclligencias
com 0 pó levantado pelo tufão que passa,
pondo em evidencia toda a sua nullidade, e
todo 0 horror de sua situação.
Prescindindo de outros muitos, a historia
da F rança moderna apresenta innum eros
exemplos da n e n h u m a estabilidade dessa
opulência, que ensoberbece e desvaira m u i
tas famílias, quando só deveríam ver nelia
.• *
— 130
LI. • <.«4
I
— 136 —
rs»!
OCIOSOS e c o r r o m p id o s , d is s ip a r os bens de
seus maridos em loucas despezas, eis a q u e
se reduzem os talentos de grande parte das
m u lh eres nas nações mais civilisadas. As
c o n s e q u ê n c ia s de s e m e lh a n t e s y s te m a sã o
taes q u a e sse pódem esperar de um a fonte tão
vicia a . a miséria particular, e a servidão
publica.
« A educação de Selena foi calculada so
b re outras bases, e dirigida por princípios
mais severos, se todavia pode-se c h am a r se-
veri a e o, q u e abre a alma aos sentim entos
dos deveres moraes e religiosos, e a prepara
para resistir aos males inevitáveis da vida. »
Q u ão longe se esta em nossa terra, não
diremos som ente da pratica, mas da razão
esclarecida que dictou essas linhas !
Não só a especie de inslrucção, q u e distin
gue algumas de nossas jovens é. com peque-
nas excepções, provada por aquelle respeitá
vel pai, rnas lam bem se en tretem nelias
em vez de p ro cu rar-se b an ir a indolência’
LU.
■J’
. '. í
— 140 —
LIII.
L IV .
ramos.
E' a religião, que fortifica e realça as q u a &
lidades f e m i n i s ; e e lia ainda que sustenta e
consola todo o individuo nas circurnstancias
mais diiliceis da vida, a bússola invariável
q u e lhe indica os seus deveres, e o conduz
ao exacto cum prim ento delles.
E n tre ta n to nada ha em nossa terra mais »
desprezado pelos pais e pelos parochos do
que 0 ensino da religião !
O n d e no Brasil o assiduo cuidado de u n s
e de outros de inspirarem à mocidade os sa
lutares princípios da f é d e C h r i s t o ?
Qual a freguezia cujo pastor observe p on
tu a lm e n te os deveres que lhe impõe a sua
santa missão ?
Não ha espirito religioso em nossa terra,
q u e não lastinie o desregramento e a igno
rância da mor parte do nosso clero. E ’ aín-
•%’*
'•ií.
I
150
L V I.
franchit
eritrP7
e n t r e , dnrxc
W .l V p .'1 TA" ® ' " ‘’í*“ " uiesiiienne,
brésilienne,
R io de^I • n o m b reu x temples de
rèliffieiisp p^ ! '•' ^ une ceremonie
pieuse, et déjà vous aurez saisi un des
originaux de celte popu/ation,
0 A .
^ 153 —
L V II.
í
— 156
,*S\
157 —
zar vosso.
E aconteceria isto se a maioria dos nossos
padres imitasse os dignos exemplos daquelles,
q u e entre nós honram o seu ministério por
suas virtudes e saber, fazendo tão altam ente
sobresair o nome Brasileiro na gloria q u e
difundem sobre a patria, a igreja e a h u m a
nidade ? I
Por certo que não.
O clero Francez, o mais instruído do m u n
do catholico, deveria ser para a desvairada
4A
'í
I
parte do nosso o typo pelo quai ella modelas
se a s u a c o n d u c ta . NOo nos era preciso as
I)riIhantGS conferencias do eloquente L aco r—
daire, as do persuasivo e piedoso Ravignan^
e de tanios outros q u e extasiam a aima do
christào, q u an d o lhe fazem ouvir as ed ifi
cantes verdades do Evangelho. Bastar-nos-hia
q u e todos os nossos padres dessern-nos o es
pectáculo da piedade e verdadeira dedicação
com que aquelles dignos prelados procuram
edificar o povo e inocular na mocidade os
princípios solides e fecundos de nossa san
ta fé
Mas temos já assaz indicado as causas pri
marias, que retardam o conveniente desen
volvimento da educação e dos progressos in -
tellectucies de nossas m ulheres civilisadas i
cum pram os agora u m a santa missão consa
grando algumas paginas áquellas, q u e tendo
innegavel direito ás graças dos usurpadores íf
fl.
L V IIl.
•.V.îiîJ
I
162
L IX .
Ü/
ziam, com inaudita atrocidade sob o mesmo Em
céo onde Decs as havia feito nascer com seus
irmãos no pleno gozo da liberdade !
Fallando-se-lhes de Christo, e dos saluta
res bens de sua sancta religião, desrnentia-se
em geral pela pratica havida con» ellas e com
í)S seus, as maxirnas q u e as tinham chamado f-.-A-í.?*
ao grêmio da igreja 1
Não obstante porôm essa conducta e a falta
absoluta de educação moral, as indígenas
fornecem exemplos de virtudes e de h erois-
sno, que poderíam ser collocados a par dos
que tem apresentado as m ulheres civilisadas
de todos os tempos e nações, com o duplo
m erecimento de serem taes exemplos promo
vidos pela espontaneidade, que não pelo cal
culo, que preside de ordinário ás grandes
ções dos povos civilisados.
•••••
É
164
/ i
— 166
LX.
Lxr.
• • • ♦
« Acfualm ente o encontro dos homens dá
espingarda com os selvagens prova o te rro r
r>vv do q u e estão estes possuidos, e é uma confis
são s o le m n e d o s a tle n ta d o s eommctlidos o u -
tr ora por aquelles,
« Q u an d o uma tribii bravia encontra nos
matos um hom em de espingarda, o movi
mento instantâneo dos selvagens é correrem
e einbrenharem -se. E o unico meio de d e-
tel-os e obrigal-os a chegarem á falia 6 b r a -
d a r-lh e s repetidas vezes estas palavras sa-
cramentaes Jac-jemenuck, Jac-jemenuck,nüo
querem dizer— Já estamos mansos, já não so
mos matadores.
« Ouvindo esta exclamação, em q u e os cri
mes antigos são confessados pelos cathechisa-
dores, o selvagem cessa de fugir,depõe o arco
e ord in ariam en te responde : Sincorana, Sin~
coranal q u e q u e r dizer — T en h o fome,
ten h o fome I
*9^
E m outra parte, fallando ainda das perse
guições q u e tornaram infructiferas suas m e
didas conciliadoras para attrahir os selvagens
elle accrescenta. ° "
« íra h id o s e decimadosos infelizes se co n
centraram pelas brenbas para fugirem á es
cravidão, ao bacamarte e ao veneno, porque
para vergonha da civilisação, o veneno tem
:*Sv
— 173 —
LX II.
r
ella a maior influencia nas acções dos hom ens,
e por conseguinte nos destinos dos povos?
Desde o ultim o subalterno até o mais alto
dos funccionarios, são todos mais ou menos,
não diremos somente inspirados mas dirigidos
por seu am or, senão por seus caprichos, que
lêem mais de uma vez desviado da senda de
seus deveres os maiores gênios, os caracte«
res mais abalisados.
Passamos em silencio o vergonhoso pre~
dominio da m u lh er sem m érito, na vida
privada do hom em , para ap o n tar somente
aquelle que influe em sua vida publica.
Q u a n ta vez a penna do circumspecto m a
gistrado tem -lhe trem ido na mão, firmando
um a sentença contra sua consciência, para sa
tisfazer o pedido de um a esposa, que llie im
plora pelo réo de justiça ! Quantas outras, o
guerreiro impávido á frente do inimigo da pa-
tria, no campo de batalha, curva o joelho e
depõe a espada aos pés de u m a m ulher am a
da, se esta exige delle o sacrificio de sua glo
ria e mais ainda, o de sua honra ! E os mo-
narchas ! não tem alguns fechado os ouvidos
ás reclamações de seus súbditos para segui
rem os diclarnes do coração, que lhes falia por Sn
u m desses seres destinados a abaterem o o r
gulho do homem curvando-o á sua vontade?
Se pois, apezar do quanto se tem dito, e
se continuará a dizer, da fragilidade da inU”
— 176
FIM.
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PAG. UNU. EM VEZ T)E LEIA-SK
45 19 e colher-lhes e de colher-llio
53 22 compenetrado penetrado
61 10 ambo- ambos
)) 11 embels em bel'
74 26 uma e outra umas e outro
» 27 lhe Q llies
81 12 apparancia ^ apparencla
97 2 apropriadas. l*ara apropriadas; para
« 4 para preencherem afim de preencherem
122 5 Norte, ondé Norte, aqui onde
136 20 provada * reprovada
156 5 ella marche a igreja marche
24 révélantes relevantes
161
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admiravel natureza, ríão se pócie limitar ao
papel que tem até hoje representado ?
-B3P Não sentis que a sua missão nesta parte da
I.VO' America civilisada, tào balda ainda de insti-
tuições caridosas, não deve ser a de recolher
-1
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FIM.
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