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Fux diz em discurso de posse que

não admitirá agressão ao STF e


recuo no combate à corrupção
Ministro assumiu presidência do STF no lugar de
Toffoli. Fux também disse que Judiciário 'não hesitará'
em tomar decisões a favor da democracia, das minorias
e da liberdade.
Por Rosanne D'Agostino e Gustavo Garcia, G1 — Brasília
10/09/2020 17h49 Atualizado há uma hora

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Luiz Fux toma posse como presidente do Supremo Tribunal Federal

O ministro Luiz Fux afirmou nesta quinta-feira (10) que não admitirá
agressão ao Supremo Tribunal Federal (STF) nem qualquer tipo de
recuo no combate à corrupção no país.
Fux discursou nesta quinta-feira na cerimônia em que tomou posse
como novo presidente do STF. O ministro substituirá Dias Toffoli no
comando do tribunal pelos próximos dois anos e também presidirá o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A ministra Rosa Weber é a nova
vice-presidente do STF.
Nascido no Rio de Janeiro, Fux é formado em direito pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e atuou como
advogado e promotor e ingressou para a magistratura na década de
1980 (leia detalhes mais abaixo).
"Aos meus colegas Ministros do Supremo Tribunal Federal, de ontem,
de hoje e de sempre, presto a profissão de fé de que não
economizarei esforços para manter a autoridade e a dignidade desta
Corte, conjurando as agressões lançadas pelos descompromissados
com a pátria e com o povo do nosso país", afirmou Fux no discurso de
posse.
"Esses corruptos de ontem e de hoje é que são os verdadeiros
responsáveis pela ausência de leitos nos hospitais, de 24 saneamento
e de saúde para a população carente, pela falta de merenda escolar
para as crianças brasileiras e por impor ao pobre trabalhador brasileiro
uma vida lindeira à sobrevivência biológica", acrescentou o novo
presidente do STF.
Fux disse ainda que o Poder Judiciário "não hesitará" em tomar
decisões que protejam minorias, liberdade de expressão e liberdade
imprensa e preservem a democracia e o sistema republicano de
governo.

Ministro Luiz Fux discursa como novo presidente do STF — Foto:


Reprodução

Combate à corrupção
Segundo o ministro, existe uma "intolerância nutrida pela sociedade
brasileira em relação à corrupção", e o STF assumiu posição
importante na garantia das liberdades individuais e na promoção da
igualdade material. "Igualdade traz dignidade", frisou.
"Como no mito da caverna de Platão, a sociedade brasileira não aceita
mais o retrocesso à escuridão e, nessa 14 perspectiva, não
admitiremos qualquer recuo no enfrentamento da criminalidade
organizada, da lavagem de dinheiro e da corrupção. Aqueles que
apostam na desonestidade como meio de vida não encontrarão em
mim qualquer condescendência, tolerância ou mesmo uma criativa
exegese do Direito", declarou o novo presidente do STF.
Para Fux, a "deferência aos demais poderes" é necessária, e o
"mandamento da harmonia entre os Poderes não se confunde com
contemplação e subserviência".
O novo presidente do STF disse ainda que o Poder Judiciário deve
prestar contas à sociedade.
"A interpretação da Constituição deve refletir e justapor, sem paixões,
os valores que formam a cultura política e a identidade do povo
brasileiro. Judicatura requer a consciência de que a autoridade de nós
juízes repousa na crença de cada cidadão brasileiro de que as
decisões judiciais decorrem de um exercício imparcial e despolitizado
de alteridade", afirmou.
Fux criticou ainda grupos que, segundo o ministro, "não desejam arcar
com as consequências de suas próprias decisões" e permitem a
"transferência voluntária e prematura de conflitos" para o Poder
Judiciário.
"Essa prática tem exposto o Poder Judiciário, em especial o Supremo
Tribunal Federal, a um protagonismo deletério, corroendo a
credibilidade dos tribunais. Essa disfuncionalidade desconhece que o
Supremo Tribunal Federal não detém o monopólio das respostas –
nem é o legítimo oráculo – para todos os dilemas morais, políticos e
econômicos de uma nação", declarou.
Eixos da nova gestão
O novo presidente do Supremo disse que irá centrar a gestão em
temas como proteção dos direitos humanos; proteção do meio
ambiente; combate à corrupção; incentivo ao acesso à justiça digital.
"Nenhuma nação cresce em um ambiente permeado por excesso de
burocracia e por incertezas quanto às consequências das condutas
humanas. Os investidores no Brasil clamam por previsibilidade e
segurança jurídica, na medida em que surpresa e desenvolvimento
econômico não combinam", disse Fux.
O ministro também disse que a união deve fortalecer o tribunal e que
os ministros do STF devem apresentar "coesão de força" capaz de
repudiar, "em uma só voz", eventuais atentados à democracia.
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Marco Aurélio diz a Bolsonaro que ele é 'presidente de todos'

Discurso de Marco Aurélio


Durante a cerimônia de posse de Fux, o ministro Marco Aurélio
Mello discursou em nome do STF.
No discurso, Marco Aurélio se dirigiu ao presidente Jair Bolsonaro, que
acompanhou a cerimônia no plenário do STF, e disse que o
presidente, eleito com 57 milhões de votos, governa para todos e deve
corrigir as desigualdades "que tanto nos envergonham".
"Vossa excelência foi eleito com 57 milhões de votos. Mas é
presidente de todos os brasileiros. Continue na trajetória vivida,
busque corrigir as desigualdades sociais que tanto nos envergonham,
cuide especialmente dos menos afortunados, seja sempre feliz na
cadeira de mandatário maior do país", afirmou Marco Aurélio.
Fux toma posse como presidente do STF — Foto: Reprodução/TV Justiça

Perfil
Nascido no Rio de Janeiro, em 1953, Luiz Fux completou 67 anos em
abril deste ano.
Formado em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) em 1976, exerceu a advocacia por dois anos, foi promotor de
Justiça por mais três anos, até ingressar na magistratura em 1983,
como juiz estadual.
Em 2011, foi nomeado ministro do Supremo pela então presidente
Dilma Rousseff, na vaga decorrente da aposentadoria do ministro Eros
Grau. Tomou posse em março daquele ano. Desde então, seu
gabinete emitiu cerca de 77 mil despachos e decisões, sendo 52 mil
finais.
O volume de processos sob relatoria de Fux é, hoje, 57% menor que
quando o ministro ingressou no Supremo.
Antes de entrar para o STF, Fux passou 10 anos no Superior Tribunal
de Justiça (STJ), onde se notabilizou pela especialização na área cível
– o ministro é professor livre docente da área e coordenou grupo de
trabalho do Congresso que formulou o novo Código de Processo Civil,
sancionado em 2015.
Na área eleitoral, Fux se projetou no STF como defensor da aplicação
rígida da Lei da Ficha Limpa, lei aprovada em 2010 que impede a
candidatura de políticos condenados por crimes por tribunais
colegiados.
Em 2018, tomou posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
substituindo o ministro Gilmar Mendes.
Vídeos
Assista abaixo aos vídeos da posse de Fux como novo presidente do
STF:

9 vídeos

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