Você está na página 1de 46

Aulas

Aula 1. 17/2 T
Apresentação da disciplina

Aula 2. 17/2 OT
Apresentação da disciplina

Aula 3. 18/2 T
O Direito na fase inicial de Portugal

Aula 4. 24/2 T feriado

Aula 5. 24/2 OT feriado

Aula 6. 25/2 T feriado

Aula 7. 02/3 T
O direito português entre 1140 e 1211. Fontes. Costume. Leis curiais anteriores à
nacionalidade. O código Visigótico (liber judicum). Direito judicial. Costume da Corte.
Façanhas. Direito local: cartas de povoação e forais.

Aula passada: aspectos gerais.


Distinção: independência x cocriação jurídica. Não estão necessariamente relacionadas.
Independência do país (1140-1211). Fatos novos na criação do país.
Há um espaço político que passa a depender de um poder político diferente.
1211. Data um pouco simbólica. Nesta data ocorre pela 1ª vez no espaço político que se
tornou Portugal, surgem as primeiras leis efetivamente criadas pelo novo poder político.
A maior parte do direito vigente era consuetudinário. E este é difícil importar uma
nacionalidade, porque os costumes advém da comunidade (resposta às necessidades) e
não se relacionam, em regra, com o poder político. Neste período, era difícil aferir as leis de
forma direta. Na época, havia uma mobilidade relevante. População muito baixa/escasso →
não era fácil promover o povoamento dessas terras. Houveram movimentos para forçar e
outros para atrair a população a se mudar. Isso era feito por meio de domínios entre uma
classe sobre outra (populações sujeitas à nobreza/alto clero). O que se passa não é o
mesmo em todo território (organizações não uniformes em Portugal). Época de grande atrito
militar (reinos vizinhos e muçulmanos). Objetivavam manter o poder sobre o território e
conquistar mais.
Ordens militares. Grupos de guerreiros que combatiam em nome de um ideal religioso (ex.
Templários). Não necessariamente ligados à nobreza. Se tornam ricas a ponto de entrarem
em choque com um dos principais poderes políticos da época (França) e esta elimina os
templários. Sexta-feira,13 vem dessa história.
O povoamento está muito ligado ao deslocamento de pessoas (atração ou por força do
clero/nobreza). E com as populações vinham seus costumes. A lei não existia, o poder
político não legislava, portanto, os reis não legislavam. Eles não estavam interessados na
criação do Direito. Tinha uma dimensão transcendente ao homem, acima dela. O Direito era
divino, Deus queria. Direito natural inicia antes dessa época (romanos) e prolonga-se a lei.
As normas advém ou do Direito natural (Deus) ou do costume da ordem natural das coisas.
Não era uma proibição, o rei só não estava motivado, nem tinha apoio intelectual para criar
normas. Não é uma tarefa fácil, precisa de círculos intelectuais (ou não estão próximas do
rei). Falta de capacidade estrutural. Costumes (i) gerais → áreas muito alargadas (+
artigos); (ii) locais, determinados sítios.
Outras manifestações jurídicas. Entre 1140 e 1248, só existem lei em 1211 (período
isolado), não há leis praticamente. Regras entre os costumes e as decisões judiciais.
Fontes herdadas para independência.
- Parte do texto dos Códigos Visigóticos - Codex Visigótico (último antes de Portugal).
Referências se mantém até 1211. São leis (apesar de muito antigas). Porém essa
referência (dos notários/juízes) não significava que tinham conhecido do texto em si
(não havia consciência da lei e sim do costume; misto entre costume e lei; não havia
muitos exemplares do livro) - apenas sabiam por tradição. Ex.: testemunhas no
contrato. Libertação do cativo/escravo.
- Leis que foram feitas antes da independência, mas já na era cristã. Muito raro. Não
são resultados de práticas legislativas e sim de determinados acontecimentos (ex.:
reuniões/assembleias com a nobreza - visava a publicitar o novo reinado, e o alto
clero quando o rei começava a reinar - ato político/social). Aproveitava-se essas
reuniões para acordarem e escreverem sobre determinadas questões/situações
(atas como se fossem leis). Em 1211, acontece algo desse tipo. Foi a primeira vez
após independência. Leis curiais.
- Decisões de tribunais. Sempre existiram. Nesta época, foi frequente que certas
decisões tomassem tanta relevância que eram repetidas. Chamadas de façanhas.
Notáveis decisões de juízes (normalmente de situações inéditas). Hoje em
determinados sistemas jurídicos são conhecidos como os precedentes. Existem
porque o Direito, é pouco e a decisão é notável de forma que os juízes concordam
em repetir.

Aula 8. 02/3 OT
Desenvolvimento de temas referidos na aula anterior. Resposta a dúvidas.
Livro principal: História do Direito Português, Mário Júlio de Almeida Costa, 4ª ed. 2008.
Façanha no sentido de decisão notável. Processo de integração de lacuna. Podia ver de
particulares notórios (muito raro).
Normas que por natureza só se aplicam a determinadas localidades. ​Direito dos
furais/furaleiros. Só onde existem pessoas/comunidade é onde produz riqueza e não há
comércio. E por isso, que certos grupos sociais tivessem território (nobreza/clero) se não
houvesse pessoas, não há riqueza. Por fim, queriam tanto o povoamento. O poder político
segue a mesma lógica. E por isso, o poder político também investe muito no crescimento
populacional. Muito desse território é entregue aos templários que construíram grandes
fortalezas, os quais atraem os pequenos núcleos para segurança e com isso criam-se
novas cidades. Investiam mais na atração do que na coação. O interesse de deslocamento
dependia das circunstâncias (garantias oferecidas → ex.: fator de maior liberdade
comparado ao local anterior; plano social, econômico - moeda existe porque concentrada no
poder político, baixa circulação, e das liberdades). Também não era fácil sair.
Logo, surgiam documentos com os atrativos/promessas por essa população. Latim como
linguagem utilizada. Esses primeiros documentos orientadores para os pequenos núcleos
eram chamados de ​capta populaciones/carta populacional (?). Concede um terreno
mediante acordo como por ex, trabalho na terra (colocá-lo em posição de ser cultivada).
Após 5 anos por ex., o espaço limpo era dividido ao meio (metade era para o nobre e o
resto para a família). E com o passar dos anos iam aumentando as famílias dentro desse
terreno criando novos centros, porém essa carta se mantém em rigor mesmo com o direito
consuetudinário trazido pelos sujeitos. Também começam a surgir documentos mais
sofisticados que não tratam apenas da exploração agrícola; os furais. Muito mais extensos
que a carta de população, contém as regras que regulam o relacionamento futuro entre a
entidade que exerce o poder de autoridade nessa localização/terra e os habitantes
envolvidos. Regulam a vida da comunidade e traz algumas obrigações para com a entidade
que exerce o poder (REI 90%). Quando faz o fural condece para a população algumas
responsabilidades - a troca de algumas vantagens, o que estiver contido no fural, ex.: dias
de trabalho de graça. Base da criação dos Conselhos.
A autonomia dessas relações antes e depois dos furais é completamente diferentes. O
Conselho escolhia os magistrados locais (juízes, por ex.). O fural contém uma série de
regras de direito penal e processual. Texto que já contém normas que vão muito além dos
aspectos econômicos. Os Conselhos nunca mais são desfeitos. Deixam de ser servos de
alguém. Apenas se submetem aos direitos e deveres do fural.
A vila torna-se a população de base do regulamento. A carta do fural garante liberdades
políticas, sociais e econômicas que é muito atrativo à época.

Aula 9. 03/3 T
O direito foraleiro: natureza; conteúdo; âmbito de aplicação.
Direito local. Forais.
Enquanto documentos regulam a relação entre os habitantes de um determinado local e a
entidade que tem poder político suficiente para conceber o próprio documento, no fundo
sobre concordar uma forma de funcionamento que quebra a lógica que existe nos locais
onde não existe o foral. Daí pode entender que esses textos constituem um aspecto de
“cartas de liberdade municipal”. Na realidade estamos perante um documento que dá
garantias a determinada sociedade sobre o funcionamento local. Não é propriamente um
ato de liberalidade total, mas é um ato que por trás dessa liberdade/autonomia, mostra a
consciência que sem ela as populações não têm hipótese de se transformar em centros
próximos.
Matéria dos forais
Se tratam de muitas matérias que vão muito das que estavam contidas nas Cartas de
Aprovação (teor principalmente agrícola).
Matérias administrativas → normas e regras que regulam o funcionamento administrativo da
população. Não há uma descrição minuciosa, mas está o suficiente para percebermos que
certos conselhos já tem um grau de sofiscado e outros menos. Nem todos que funcionam
igualmente. A tendência é permitir aos habitantes escolham durante um período
determinado uma pessoa para exercer uma função de interesse coletivo. Os municípios
mais sofistados possuem a figura do juiz, o qual se torna o símbolo do funcionamento dos
municípios. Podem ter também os policiais, vigilantes das áreas comuns, funcionários para
cobrança dos impostos.
Regras de natureza fiscal → quais eram os impostos a pagar. Acaba também a ser um dos
elementos mais importantes do foral. Porque nessas sociedades tinham o problema da
intervenção discricionária do poder (poderiam cobrar impostos absurdos). Não havia um
modelo que lhe davam garantia. Nesse ponto, o foral resolve esse problema, porque expõe
o que deve ser pago. Por esse motivo, correspondeu um avanço muito significativo na vida
das populações.
Regras de contributo material que os municípios deve dar para a realeza. Ex. obras no
castelo que cada habitante deve dar alguns dias por ano de trabalho gratuito.
Regras de direito penal e processual → definem os crimes e as penas e regulam alguns
aspectos processuais (ex. como configuram o litígio). A primeira vista não tem muito sentido
estarem no foral, porque só deveria regular os impostos e as questões administrativas As
questões contratuais são vista como exclusiva dos habitantes, relacionam-se com as
pessoas entre si. Nessa época não há sistemas de punição institucional que se destinam ao
cumprimento de pena de prisão, ex. prisões, elas tinham uma natureza econômica. Porque
o sistema prisional é muito caro, implica numa despesa/criação de uma estrutura física e
sustentá-lo. No mínimo deveriam ser obrigados a trabalhar a troco de sua existência, caso
contrário a sociedade sofreria 2x. Na época havia ou penas pecuniárias (coimas/multas),
que pode ser dividida parte para o Conselho, parte para o dono da terra. Logo, há um
interesse que não é entre as pessoas, permite uma receita ao ente público. Os primeiros
furais surgem antes da independência de Portugal (não é um fenômeno ligado à
independência e vão até mais ou menos o séc. XIV). Cada vez que se estabeleciam um
fural criava uma relação de solidariedade (relação recíproca de apoio) entre o Conselho e o
povo. Sendo que o Conselho era mais próximo ao rei, do que a nobreza e do clero,
normalmente rivalizam-se. O rei usa o Conselho como forma de manter o apoio do povo.
Nessa época a nobreza era muito forte, e depois de um tempo, o rei busca forma de
dominar a nobreza e depois a nobreza entram em declínio. Os furais servem de elemento
aglutinador do povo.
O direito em parte era elaborado especificamente para estar no fural, mas a maioria era
direito consuetudinário, já usado oralmente, e com isso, colocou-o no fural. Mas o direito
costumeiro não necessário era benéfico à população, ele era muito conturbado. O rei tenta
substituir essas leis (que algumas vezes não eram razoáveis) por outras, porém não havia
uma aceitação pela população (viam como um risco). Dificuldade em lutar contra os maus
costumes. Algumas das leis de 1211 surgem justamente para proibir algumas normas do
direito consuetudinário. Isso significa que o rei já olha como o direito (as leis) como um
centro de poder. As leis de 1211 é um primeiro fenômeno da centralização do poder.

Aula 10. 09/3 T


O direito local (continuação) Estatutos municipais.
Direito local. Aparecimento (séc. XIII) de novo tipo de documentação local. Estatuto
municipal.
Diferente de fural e carta de aprovação. Surge nos Conselhos Municipais. Peça jurídica
muito mais vasta que o foral (só direito público, relação privado e concedente). Aparece
matéria de direito privado (família, contratos, sucessões).
Trata-se, em geral, de iniciativa do próprio Conselho, o qual quer mostrar algum tipo de
resistência contra o Governo central (interferência do rei). Querem introduzir uma certa
ordem comum aos municípios (normalização) - isso mais adiante na normalização. A ordem
local motivava os habitantes a irem até onde quiserem (fural). Algumas vezes, a sociedade
já conseguia provocar/forçar os Conselhos a publicar esses furais e ditar o que querem
neste documento. Ex., em 1.111, em que ainda não tinha Portugal independente, mas já
tinha certa autonomia, em Coimbra, houve um fural que tinha uma cláusula com indicação
de que determinados sujeitos (cujos nomes são indicados; membros da nobreza próximos
ao Conde que regia o ordenamento) estavam proibidos de habitar a cidade. Percebe-se que
a população (Conselho) se opôs a ter pessoas próximas ao Conde capazes de interferir no
funcionamento do município. Logo, vê-se atuação do Conselhos nos textos furais.
Negociação política; exercício de força entre a população e quem exerce o poder
localmente.
Fural. Séx. XI e XII.
Ato político. Não há tanta influência do rei. Costumes escritos e em certos casos, há normas
que eram retiradas de textos já existentes (trabalho de juristas).
Séc. XIII. Época de estudos do Direito Romano (Justiniano). Apenas indícios. Já há juristas
formados na Itália, sul da França e Salamanca/Espanha - mais próximo/mais fácil de chegar
a PT (1230s). Começam a aparecer juristas que funcionam como conselheiros do rei (na
órbita deste). As estruturas de poder em volta do rei estavam começando a concentrar o
poder nele. Quantidade de furais maior que de estatutos municipais, porém este é mais
extenso (pequenos códigos).
Conjunto de leis. 1210-1211.
Novo reinado. Convocação da Cúria para grande Assembleia onde estava o poder político
mais importante. Ocasionalmente aproveitavam essa reunião para propor soluções a
determinadas questões. Não há propriamente textos que podem ser considerados lei.
Afonso II tem uma postura muito diferente dos reis anteriores (não estavam ligados às
criações de regras). Não há muita explicação do porquê.
*Contexto: pessoas morriam novas - aos 30 anos já estavam prontas para morrer. Sucessor
do rei era afastado da nobreza para educação dos 3 aos 13 anos. Quando uma população
tem uma expectativa de vida tão baixa, tudo acelera. Adultos a partir dos 15 anos, assim
como casamentos. Logo, quando vinham para a Corte já eram considerados adultos.
Afonso II reina entre 1211 e 1223 e no seu reinado faz por volta de 30 leis, a maioria
concentrada em 1211. Sendo essas, fora dos parâmetros anteriores, porque ele toma uma
série de medidas que em várias delas tem a ver com os interesse do povo em detrimento
dos da nobreza (revoga costumes que favoreciam o alto clero e a nobreza, por ex.: (i)
liberdade na celebração dos casamentos/proibição dos casamentos forçados; (ii) juízes
designados pelo rei para todo o país, criação de estrutura judicial). Curiosamente antes da
Magna Carta (1215) que se valoriza a nobreza. Primeira grande manifestação do direito
legal - influência do Direito romano, já tinha juristas na Corte.

Aula 11. 09/3 OT


Desenvolvimento de temas.
Aula gravada (tablet)
Associação o conjunto de leis de 1211 com o fenômeno da recessão do Direito Romano.
Substituição dos quadros consuetudinários pelos modelos romanos, recuperados pelos
códigos Iuris Civilis. Isso ocorre na Europa como um todo. Até a metade do século XII, não
se encontram testemunhos do Direito Romano, o primeiro inequívoco surge em 1182/1183
(final do século XII). Faculdade de Bolonha. Testamento de um bispo do Porto - Fernando
Martins deixa os livros que tem de direito romano e a primeira parte do código do direito
canónico. Isso faz ver que já ensinavam esse direito romano na faculdade. Não tinha motivo
para ter tais obras apenas para curiosidade, porque eram muito caras e por isso, tinha que
ter um interesse, por ex., sua formação jurídica. Mas isso não significava que eram
utilizados nos tribunais de forma comumente/usual.
Tribunal das Curias. Era o único mais organizado na época. Não havia a organização
judiciária que há hoje (surge no séc. XIX - criação do STJ). Na época tinha os tribunais
municipais em que os juízes eram eleitos, mas não tinham formação jurídica e um tribunal
que funcionava junto do rei (Cúria), este não era como entendemos um tribunal hoje. Não
havia tanta formalidade e tinha um funcionamento muito semelhante aos que haviam nos
sítios onde não haviam Conselhos. Os litígios eram levados ao indivíduo que representava
o rei nessa área e ele conduzia o julgamento de uma forma pouco rigorosa/precisa.
Mandava notificar que no dia marcado levasse consigo as testemunhas e os documentos
que tivesse para que houvesse o julgamento (normalmente nas igrejas ou no ar livre).
Provavelmente, os julgamentos atraíam pessoas (eram acontecimentos numa sociedade
que não tinham muitos). Haviam alguns advogados (vozeiros - pessoas habituadas a falar
em público, conseguiam explicar o caso melhor) e um “júri”, grupo de umas 4 pessoas, mas
poderia haver mais, com um certo conhecimento melhor e esse grupo que formam a
decisão sobre o caso. O processo é um pouco lento, mas aos poucos surgem juristas da
Cúria e formados em Bolonha. As próprias leis de 1211 já havia leis do direito romano
(Codex Iuris Civilis), ou seja, já haviam juristas estudados nisso. Por ex., lei que dizia que
quando havia uma sentença de morte, ela não podia ser executada antes de passado os 20
dias para que desse oportunidade ao rei de apreciasse a decisão (na verdade ao
condenado de ter uma pena mais leve).
Aula 12. 10/3 T
A época de Afonso II e o inicio da legislação portuguesa. A recepção do direito romano em
Portugal. Principais momentos.
Não fui à aula.

Aula 13. 16/3 T


Não há registro no sistema.

Aula 14. 16/3 OT


Não há registro no sistema.

Aula 15. 17/3 T


Aula dada por MSTeams. Compareceram alunos.

Aula 16. 23/3 T


A recepção do direito romano em Portugal. Continuação
A implementação da legislação enquanto instrumento da centralização do poder.
O direito canónico na sua relação como direito régio e romano

Aula 17. 23/3 OT


Continuação da matéria da aula TP
1211 a 1223.
Funcionou o propósito do rei, que queria começar a organizar o reino. Estado tem
instrumentos para concentrar o poder. Uma delas é a lei. Surgem juristas vindos de
Coimbra e de outros lugares. Legislar torna-se uma prática rotineira. Essas leis iam cópias
para a Câmaras. Há um processo de legislação, porém muito centralizado, difícil de chegar
aos sítios públicos.
Sentem certos problemas de forma mais intensa, ex. início da vigência da lei; conhecer a
lei. Vacatio legis diferente, porque a lei não era enviada para todos os sítios.
Sécs. XIII e XIV
Grande mobilidade do poder político. Rei e seus ministros são responsáveis pelos atos
legislativos que circulam pelo país.
Sistema de publicação da lei muito confuso. Cópias das leis são difíceis de obter. Com o
passar do tempo e as dificuldades (aumento das conflitos do desconhecimento da lei)
começam a pensar em métodos de divulgação e conhecimento da lei. O primeiro método
escolhido foi coletânea das leis (livros, em que colocaram cópias em diferentes municípios).
Isso ocupa o séc XIV. Reorganização/atualização das coletâneas. Em meados do séc. XV
surgem as ordenações.
Direito canônico/de Igreja
Igreja como instituição fundada a partir de Cristo e é organizada em torno do Papa em
Roma. Durante muito tempo foi apenas a interpretação da Bíblia, mas com o tempo, os
Conselheiros do Papa (Cúria) criavam ordenamentos que eram enviados aos Bispos.
Inicialmente, os bispos que criavam mais (não tão centralizado), mas com o tempo sentiram
essa necessidade e surge então o Direito Canônico, que passa a ser estudado nas
Universidades. Corpus Iuris Canonis. A sociedade eclesiástica não está vinculada ao Direito
Civil (soc). Juízo além da morte. Hoje não é assim.

Aula 18. 24/3 T


O início da sistematização do direito legal. As colecções particulares de legislação. Livro
das Leis e Posturas. Ordenações de Dom Duarte
Teste via moodle. Com consulta e adaptado para isso. Data ainda não está certa. Será
fixada após a Páscoa. Profº irá indicar as matérias com base no livro do Mário Júlio de
Almeida Costa.
Direito Canônico.
Séc. XIII e XIV. No que respeita a sociedade civil, fase em que o governo central está a
centralizar o direito, utiliza-se do direito romano, as setes partidas e outras obras por meio
de juristas já formados em universidades. Já na sociedade eclesiástica, constituída por
aqueles que tinha uma vinculação especial com a Igreja - clérigos, desde padres
(presbíteros), incluindo posições inferiores (monges e freiras). Em termos números eram
muito maior que há hoje. As sociedades eram consideradas distintas uma da outra, porque
a sociedade civil sujeita aos costumes gerais e Direito Romano, era aquela constituída por
indivíduos que prosseguiam interesses de natureza humana/terrenas, e àquelas da soc.
eclesiástica referia a relação direta com Deus, e não com o rei, serviam as
interpretações/leis/interesses de natureza supra humana. O Direito Canônico até o séc XII
era escasso, e a partir daí começou a se desenvolver. A maior parte da Igreja (no sentido
daqueles que professam a fé cristã) não faziam parte da sociedade eclesiástica. Havia
matérias/áreas que haviam contato entre essas sociedades/ordenamentos, ex.: impostos
sobre o Mosteiro - lei civil sobre a sociedade eclesiástica; casamento - apenas para os civis,
mas realizados pela Igreja - sacramento. Com frequência haviam litígios/situações de
conflito, ex. o rei entendia que determinadas terras deveriam pagar impostos, porém a Igreja
adquiriu tal terreno e queria usar seu benefício que não pagar impostos; querem
divorciar/anular o casamento composto por civis mas regido pelo direito canônico. Existiam
de Tribunais da Igreja (canônicos) e Tribunais do rei (municipais/conselhos) e seus
respectivos ordenamentos, e cada um tinha seus problemas, ex. competência para julgar
litígios de acordo com a pessoa - em regra, os clérigos eram para o tribunal de igreja e os
civis para o tribunal do rei. Mas em matéria de família/sucessões, por ex., quem julgava era
o tribunal canônico. E o resto eram para os Tribunais do reino/rei. Outra questão era que
direito era aplicável ao caso. Hoje, por ex., um Tribunal Português (inserido na estrutura
judicial de Portugal) em princípio só pode aplicar o direito português, mas em determinadas
situações o tribunal português pode ter que aplicar direito estrangeiro (ex.: espanhol).
Regras de Direito Internacional Privado ocorrem em circunstâncias especiais definidas na
lei. Naquela época, também poderia ocorrer isso, o Tribunal do Rei poderia aplicar o Direito
Canônico ocasionalmente e vice-versa. Relação entre tribunais e jurisdições.
Coletâneas de leis
Os sécs. XIII e XIV são momentos de grande produção jurídica. As leis eram feitas cópias
manuscritas, não havia como publicar. Surgia o problema do não conhecimento da lei
produzida, que cada vez aumentava. E por isso, durante o séc. XIV começaram a pensar
em formas de organizar as leis. Ainda não se podia contar com o sistema de imprensa, mas
começou a pensar em formas de minimizar esse problema. A primeira solução foi fazer
coleções das leis e cópias delas para enviar para as principais populações/conselhos para
que as zonas envolta de cada Conselho já tinha mais acesso às leis (não precisavam ir à
Lisboa). No final do séc. XIV começam surgir as tentativas dessas coleções não apenas em
Portugal. D. João I (1380-início dos 1400) pôs em marcha o plano de uma elaboração de
uma coleção oficial de leis, a qual no final foi chamada de ordenação. Ela começa a ser
preparada no início do séc. XV e termina em 1446. Mas mesmo antes disso, são
conhecidas algumas coleções de leis, o que fica a dúvida se elas são uma espécie de
trabalhos preparatórios para a ordenação ou foi algo autônomo. Na realidade, conhecemos
2 coleções imperfeitas (não oficiais) que mostra essa primeira fase de produção das
coletâneas de leis. A primeira delas foi chamada de Livro das leis e posturas - posturas
vistas num sentido mais amplo, normas em geral; autor desconhecido, pouco cuidada - não
organizada por matérias/ordens, parece um amontoado de leis. Algum tempo depois (nos
primeiros anos do séc. XV), que é mais organizada/perfeita, conhecida como Ordenações
de D. Duarte. Nome enganador, porque as ordenações costumam remeter às organizações
oficiais de leis, mas esta é uma exceção. D. Duarte é um nome do rei, reina após D. João I.
Mas a obra tem o nome do rei, porque fez parte do escritório/biblioteca do próprio rei, ele
escreveu a própria mão alguns comentários e não porque ele mandou fazer a obra. Tem
quase toda a matéria da obra anterior, mas mais organizada, com estrutura pensada. Nunca
teve valor oficial, servia para o rei e quem a fez, para consulta. São trabalhos que pode ser
vistos como preparatórios para as ordenações, ou também feitas por juristas para facilitar
seu trabalho.
Esses juristas responsáveis por organizar as leis começaram seu trabalho em 1402 (reinado
de D. João I) e só foi terminar cerca de 40 anos depois em 1446 (reinado de Afonso V -
momento de publicação). E é esse modelo que inicia o Direito Moderno em Portugal e
segue de exemplo para as que vem a seguir. Obra muito bem feita. Exemplo para a Europa
no seu tempo.

Aula 19. 30/3 T


As Ordenações Afonsinas e Manuelinas, a Colecão de Leis Extravagantes e as Ordenações
Filipinas.
Ordenações afonsinas
Coleções de leis de juristas (nomes desconhecidos). Já continham muitas das leis
portuguesas. Trabalhos preparatórios para a peça oficial (que se chamaria de ordenações
afonsinas).
1456. Ordenações afonsinas. Ainda é uma obra manuscrita. A imprensa surge na segunda
metade do século XV/início do séc. XVI. As primeiras obras impressas que surgem em PT
não são jurídicas, e sim religiosas e só surgem em 1470.
As ordenações afonsinas passaram por 3 reinados até serem finalizadas. Não chegaram à
atualidade nenhuma versão original das ordenações afonsinas, apenas cópias parcialmente
completas/dispersos pelo país. O conteúdo era idêntico, não houve alterações. 1456-1512.
Não se pretendeu fazer uma coleção de todas as leis, apenas a que se consideravam em
vigor. O estilo em que os livros estão redigidos não é o mesmo em todos eles, uma das
possibilidades por isso, foi porque foram 2 responsáveis pela elaboração. Porém, segundo o
prof. deve haver outra resolução, porque não se sabe ao certo como foi o processo de
elaboração.
Parte da leis respeitou a versão original das leis com leve alterações (apenas algum
ajustamento literário para adequar ao séc. XVI) e outra apenas resguardou o conteúdo
prescrito na lei (não tem os elementos identificadores da original). Leis se estendem desde
1211-1456. Ou seja, contém toda a legislação portuguesa que estava a ser utilizada
naquele momento. As que não estavam, deixaram de vigorar.
Estrutura da obra
Baseavam em áreas fundamentais do Direito, principalmente, com base na Faculdade de
Direito de Coimbra.
Em todas as ordenações foi essa organização, exceto a 4 (que não tem um nome
específico) que teve uma organização especial. Era assim que se via o Direito.
- Livro I. Direito administrativo (não com essa expressão). Funcionamento dos
notários, do fisco.
- Livro II. Não usado atualmente, não há correspondência com o direito atual. Direito
privilegiado. Direito dos privilégios. A ideia da palavra remete a diferente, e não
melhor ou mais favorável que o comum. Podia ser para melhor ou pior. Situação
jurídica diferente que existe em virtude da aplicação do direito. Na época, se
encontrava as sociedades de ordens (diferente das sociedades de classes atuais -
que em teoria são completamente mutáveis). Segmentos na sociedade que
cumprem uma função considerada de interesse geral. As ordens tradicionais no
ocidente da Europa eram o clero, nobreza e povo, porém dentro delas podiam haver
diferentes condições financeiras em cada uma dessa. Entretanto, independente
desse acesso à riqueza, dificilmente mudavam de ordem durante as gerações. Logo,
há direito específico do clero, do rei, dos estrangeiros, do povo, dos judeus e
mouros, etc. Todos esses grupos têm seus preceitos/regras que dizem respeito ao
seu estatuto.
- Livro III. Direito Civil.
- Livro IV. Direito processual. Não se fazia distinção entre processo civil e penal.
- Livro V. Direito penal. Normalmente, se aplicava a pena de morte. O direito penal
dessa época tinha característica muito violenta. Punição como forma de intimidação
da sociedade. Sistema prisional só existia para crimes muito leves.
Valia da obra
Primeira organização das leis. Lei que reflete muito bem a evolução do direito português
anterior. Têm vários textos do Direito Canônico (Concórdias - acordos internos como
matéria vigente entre o Estado e o clero e concordatas - acordos sobre matérias que
interessavam ao Rei e o Papa, verdadeiros Tratados Internacionais).
É provável que em alguns locais nunca foi conhecida, porém como foram encontrados
vários trechos em diversos locais, é possível imaginar que na maioria deles se aplicava as
Ordenações Afonsinas.
A única versão impressa foi feita pela Universidade de Coimbra, muitos anos após deixar de
vigorar (1700). Em 1900s também foi feita outra versão impressa.

Aula 20. 30/3 OT


Resposta a dúvidas. Continuação da aula anterior
Ordenações afonsinas. É a mais cuidada na altura em comparação que surgiram na Europa
neste tempo. Foi uma obra pioneira. O modelo dessas ordenações foi seguido em todas as
outras. Todas elas tiveram o mesmo objetivo → atualizar as leis disponíveis. Só está
atualizada quando entra em vigor. A atualização das diversas ordenações eram reformas
das ordenações afonsinas e eram feitas apenas pelos juristas dos Tribunais Superiores.
Leis extravagantes. Diploma que está fora da obra da coleção que contém a maior parte
sobre aquela matéria. Também se usa a expressão leis avulsas, mas que não tem o mesmo
sentido, porque neste caso a matéria nunca constou no Código civil, por ex. Já a
extravagante é aquela que em regra estaria no código, só não está por uma dificuldade de
alterá-lo. Na época era muito difícil alterar o código.
As ordenações afonsinas é uma coleção de diplomas. Não é um código. Coleção de leis.
Quase que não é publicada por uma questão política. D. João I morre e assume D. Duarte,
que quando morre deixa a esposa viúva e o filho muito criança. E havia um grupo político
que não via com bons olhos o casamento, porque sua origem era castelhana. E com o
tempo, iria favorecer na educação do filho uma posição favorável. O partido contra a rainha,
propunha o irmão do rei, D. Pedro para regente e assim foi. Porém aqueles favoráveis à
rainha, criam movimentos e com a aproximação da maioridade do rei, começam a
discussão sobre sua assunção ao poder, há grandes movimentos no sentido de criar
boatos. O rei já no seu fim do poder, promulga as ordenações e o outro partido não gostou,
porque deu muito prestígio. Após o filho - Afonso V, assumir o poder, o partido favorável a
rainha inconformado, começa a instigar o novo rei que o tio iria criar uma rebelião contra ele
e com isso cria um animosidade entre eles. O partido queria mesmo vingar o tio regente, o
que culminou em sua morte. Então se D. Pedro não tivesse posto elas em vigor, com
certeza, após sua morte - vista como traidor do rei, não seria publicada. D João II foi um rei
muito rígido, e com sua morte, assume D. Manuel (que não era seu filho). Com o reinado
anterior muito rígido e o objetivo de ofuscar esse governo, quer criar uma nova ordenação.
Põe em marcha a utilização da imprensa para publicação de leis.
As ​ordenações manuelinas​, apresenta várias edições. A última das versões é em 1521.
Seguem o mesmo modelo das anteriores, com a adaptação com as novas leis desde
Afonso V. Basicamente uma atualização das leis. São impressas (primeiras nesse caso).
Coleção de leis extravagantes de Duarte Nunes de Leão​. Obra especial feita por um jurista
da corte para si mesmo e que começa a ser utilizada pelos juristas em geral e com isso
adquire valor oficial. Tem algumas normas que não estão nas manuelinas, mas não a
substitui.
Reforma em 1589. Não é colocada em vigor. Fica guardada na gaveta. O motivo mais
plausível foi que Felipe I sabia que havia um partido em PT muito contrária à Espanha, e
com a publicação desta ordenação poderia gerar um movimento exaltado em função de
pensar ser uma coleção influenciada pelos castelhanos.
Ordenações filipinas. Revogaram as manuelinas e a coleção de leis extravagantes. Não
houve mais reforma das ordenações até o séc. XIX, apesar de 2 tentativas que não
vingaram. No séc XIX, foi sendo revogada livro a livro, parte a parte, a medida que o código
iam saindo. São as 3ª ordenações e deixa de vigorar em 1867, mas no Brasil se
mantiveram por mais tempo. Mantiveram os 5 livros e com a mesma organização interna,
apesar dos historiadores dizerem que elas são um pouco menos organizadas.

Aula 21. 31/3 T


As Ordenações (continuação). O direito pátrio e o direito subsidiário
Ordenações afonsinas. Foram as que duraram mais tempo.
O papel das ordenações foi colocar a disposição do povo as leis aprovadas. Só houve um
ganho significativo quando a imprensa começou a ser utilizada. Logo, as afonsinas tinha
apenas uma versão para fim histórica. As manuelinas foram efetivamente impressas. Elas
produziram efeitos que permitiu que nos tribunais e nas diversas instituições começasse a
haver uma certa unificação do direito, uma certa tendência na uniformização da aplicação
do direito e menos se recorria ao costume. Está no processo de diminuição de importância.
As ordenações afonsinas e manuelinas continham material muito diferente.
Um aspecto muito importante no que diz respeito às ordenações é que pela primeira vez de
forma muito clara, há uma lei que regula e define qual era a lei aplicável em determinadas
situações mais controvertidas, por ex. direito civil e direito canónico. Direito subsidiário.
Essa expressão que é utilizada quando há potenciais conflitos entre normas, é um pouco
equívoca, porque há mais do que esse assunto.
Qual a utilidade do conceito de ​direito subsidiário​? é algo que se aplica quando não se pode
recorrer a outra qualquer matéria - algo secundário. No questão do direito, é aquele que se
aplica ocorre quando não for possível utilizar o direito principal/1º lugar. Hoje em dia
aplica-se a analogia.
Integração das lacunas. No fundo é uma questão de direito subsidiário, embora não use
essa terminologia. Mas só há uma lacuna, que se se puder admitir que há uma ausência de
regulamentação de uma matéria determinada por alguma razão (deveria haver uma solução
e não há). É completamente diferente de uma situação de que não há norma aplicável
porque o legislador não quis em plena consciência, porque entendeu que era possível
solucioná-la recorrendo a outra parte da regulamentação - não supõe a necessidade de
integrar/preencher. Hoje, há um mecanismo previsto no CC. O sistema que se utiliza antes
era outro, porque o problema das lacunas sempre existiu e o juiz se encontrava em uma
situação complicada - não conseguia achar uma solução ou teria que inventar uma (criação
do direito pelo juiz). Essa criação de direito pelo juiz não era visto com bons olhos pelo rei -
que queria o poder o mais centralizado possível e por isso havia um método de integrar
lacunas, que estava claramente expresso nas ordenações. Nos mostra como os juristas/o
poder viam essas situações. O sistema jurídico de múltiplas fontes estava inter relacionado
entre si. O ponto de partida é a existência de um ordenamento incompleto. E nessas falhas
é que se desenham o processo de integração. As ordenações definem o ordenamento que
constituía a base que poderia ou não existir uma lacuna. Para isso o juiz tinha que saber
como funciona o ordenamento de base. Na altura, não existiam códigos, e sim coleções de
leis. Não foram feitas para resolverem todos os problemas e sim de colocar a disposição de
todos as leis existentes.
Quando quiserem saber como resolver os problemas, basta ir ao ordenamento de base =
ordenamento pátrio/português​. Indicam como aquele que era constituído por 3
componentes: lei, estilo da corte e costume. Com isto,a lei queria dizer quando se procura a
solução para um caso concreto, o juiz/advogado deve procurar junto das leis, do costume e
do estilo da corte para encontrar algum tipo de solução. E em que constituía essas​ fontes​?
Leis → conjunto dos diplomas em vigor contidos nas Ordenações e aqueles
elaborados/publicados posteriormente. Após 1470, tinha as ordenações (leis até 1446) e as
leis extravagantes. O problema não era complicado.
Estilo da corte → Corte no sentido da oficina de funcionários públicos que funcionava em
torno do rei (conselheiros). Inicialmente a realeza era responsável/funcionava com Tribunal
Superior - juízes da corte. Com o tempo começou a ter juízes fora da corte, e surgiram 2
tribunais na Corte: (i) Casa da Suplicação → tinha mais incidência nos aspectos criminais e
(ii) Casa do Cível → foco nas questões civis. A nível das proximidades do rei funcionava
esses dois tribunais superiores. O estilo da corte tem a ver com esses tribunais, ou seja,
com as decisões proferidas nessas casas. Esses órgãos estavam subordinados ao poder
central e por isso não podiam criar direito, logo, não havia um ato intencional de criar direito,
e sim, com decisões de tribunais que se repetissem sempre de forma semelhante e que
constituíssem como que um costume desses tribunais superiores. Funcionavam como um
precedente/regra que continuavam a seguir de forma que os outros tribunais deveriam ter
em conta essas decisões tomadas de forma semelhante. Essas decisões (estilo da corte)
eram tomadas em matérias que não estavam reguladas em leis e em matérias que eram
importantes ou fundamentais terem uma decisão sob pena de não ser possível tomar uma
decisão/formar a sentença. Ex.: não havia disposição a respeito da quantidade de
testemunhas que poderiam dispor para comprar um fato - aí chegava um advogado com
200 testemunhas e como não havia uma regra que dizia quantas testemunhas eram
possíveis, o tribunal teria que aceitar ou não? Aí vinha então a Casa da Suplicação dizia
que só aceita 10 testemunhas e isso virava uma regra para aquele caso concreto e depois
quando surgia outro problema semelhante, utilizavam-se a mesma regra e os advogados já
sabiam. Se surgisse uma lei deixava de usarem isso e passavam a usar a lei (tinha mais
força). Estilo vem de hábito.
Costume → começa a ocupar menos espaço com o surgimento de leis, mas as ordenações
não permitia a invocação dele, a menos que mostrasse que era algo que se praticasse a
bastante tempo e com isso, faria sentido. Quando se punha um problema de lacuna, só
existia se não encontrasse solução nessas 3 fontes.
As ordenações não consideram os furais como direito pátrio e sim direito local, e caso
houvesse uma lacuna que não fosse preenchida pelas fontes acima, aplicava-se, mas
apenas no âmbito local.
E sobre o direito canónico? A medida que o poder central foi se desenvolvendo, o rei está
menos disponível para aplicação do direito canónico em matérias que não pertencesse a
igreja propriamente dita. Não é uma fonte considerada de direito pátrio.
Hoje, o ordenamento para todos os efeitos é entendimento como um único ordenamento,
naquela época, quando se olhe para o direito pátrio que tende se aproximar um direito único
nacional, ainda estamos diante de segmentos jurídicos diferentes. Não se olham para o
próprio sistema entendia como ordenamentos diferentes do pátrio, que não caíssem dentro
do grupo da lei/estilo da corte/costume. Eram eles: o direito castelhano, sete partidas, direito
francês/inglês - perda de soberania. O que se faz é indicar por ordem sucessiva os vários
ordenamentos é que se podiam pedir ajuda.
1º) Direito romano. Corpus Iuris Civilis - direito secundário.
2º) Direito canónico. Corpus Iuris Canonici.
3º) Glosa da Azo. Enciclopédia de Glosas em Bolonha. Existia por toda a Europa e iam para
ver se existia alguma interpretação que se pudesse aplicar.
4º) Livros que foi escrita pelo juiz de maior qualidade da escola dos comentadores. Bártolo
de Sassoferrato.
5º) Rei → elabora uma decisão concreta ao caso ou emitisse uma lei para definir o
problema de forma geral.
Há muitas exceções, em muitas vezes, saltavam-se alguns casos.
Esse modelo se mantém nas filipinas, mas nas manuelinas tinha uma diferença: antes de se
recorrer à glosa (3º), deveria recorrer ao chamado a comum opinião dos doutores - juristas
com obras publicadas, professores de direito ligados as universidades. E deviam procurar
nessas obras se lá havia uma solução. Os juristas deveriam publicar obras depois de
Bártolo, porque acreditavam que já haviam estudado esse juiz.

Aula 22. 14/4 T


Outras reformas jurídicas nos séculos XV a XVII. A reforma dos forais. A reorganização dos
tribunais superiores. A criação da Relação.
Não tem aula gravada.

Aula 23. 20/4 T


Época das ordenações
Quando havia situações em que os Tribunais decidiam de forma muito divergente sobre
casos semelhantes, a questão ia para o rei fixar uma interpretação - chamada interpretação
autêntica. Quando surgem as Casas nos Tribunais Superiores, eles se tornam responsáveis
por essas interpretações, e o rei - já nas ordenações manuelinas, abre mão desta atividade.
Antes disso, o rei passava para os conselheiros responsáveis por criar as leis. E essas
interpretações eram anotadas pela Casa da Suplicação num livro próprio, Livro dos
Assentos. A novidade desse fato, era que essa interpretação autêntica já não era feita pelo
poder legislativo e sim, pelo judicial. Previsão do Código civil de 1966 ainda estava prevista,
com a Constituição de 76, foram clarificadas muitas dessas questões. Depois do séc. XIX
deixa de ser Casa da Suplicação e passa a ser Supremo Tribunal de Justiça.
Entendimento que os assentos eram inconstitucionais, porque eram leis gerais e passaram
a ser apenas critérios interpretativos para os Tribunais e não para as pessoas em geral - ver
quando isso aconteceu.
Há uma proximidade entre esse conceito da Casa da Suplicação e o estilo da Corte -
jurisprudência constante e uniforme, mas não era um assento, porque não foi registrado
com força obrigatória geral. O estilo da corte era também um critério utilizado, mas não
surgia num contexto intencional do Direito. No Iluminismo, Marquês de Pombal, surgem
várias leis (2ª metade do séc. XVIII) voltam essas questões que são ainda mais
aproximadas. No séc XVIII há tanta lei fora das Ordenações Filipinas, que pode dizer que
ela está fora. Houveram tentativas de atualizá-la, porém sem sucesso.
Comum opinião dos doutores. Surge pela 1ª vez nas ordenações manuelinas. Opinião
dominante/majoritária junto a comunidade dos juristas - aqueles com obras publicadas.
Obras dos grandes nomes do Direito. E era dentro dessa obra que deveria pesquisar o
modo de pensar dominante. Contavam a opinião da maioria. Se havia alguma questão de
integração de lacunas/direito subsidiário, nas ordenações manuelinas, deveriam utilizar
essa opinião comum/dominante.
É verdade que as ordenações manuelinas já o fazem de uma forma um pouco diferente que
anteriormente se utilizava. O critério que permite encontrar a comum opinião dos doutores
era quantitativa, já com as O.M. aplicava-se o conceito de que as obras importantes eram
aquelas surgidas depois de Bartolo - jurista mais prestigiado da escola dos Comentadores,
escreveu praticamente sobre tudo o que era direito com um grau de dissernimento e
qualidade que ultrapassava o padrão do seu tempo. Quando as manuelinas falam das
opiniões comuns dos doutores apenas pode ter de base as obras após as de Bartolo,
porque esses juristas já tiveram a oportunidade de refletir o pensamento de Bartolo. E os
próprios juristas já tendem a entender que a procura da comum opinião dos doutores não
deviam ter em conta, a quantidade e sim a qualidade, daqueles juristas com prestígio, digna
de reconhecimento, e também devia ser feito um trabalho prévio, mesmo sobre estes, se
eles tinham debatido efetivamente o assunto, demonstrado uma opinião realmente refletida
ou apenas invocaram outro autor. Essas opiniões não deveria ser consideradas.
A relevância além de fonte secundária, e hoje não tenha qualquer valor legal, na realidade é
um valor lógico, que os juristas continuam a utilizar informalmente e também tem um
sentido - um jurista/advogado procura o que a doutrina diz sobre um determinado assunto,
não faz porque se sente obrigado, mas sim porque vale a pena ver o que eles disseram e
acaba por se influenciar pela opinião deles.
Esta visão mais seletiva da opinião dos doutores é uma forma fortemente influenciada pelo
humanismo jurídico - fase da vida cultural da Europa que se refletiu em muitos aspectos,
que não produziu resultados muito relevantes, porque os juristas estavam pesquisando
Direito Romano ainda não descoberto. O humanismo deixou alguns contributos, como o
racionalismo e por isso, processo mentais que envolviam uma apreciação crítica já tinham
maior adesão. O séc. XV e XVI são os sécs do humanismo jurídico, mesmo que o resultado
do ponto de vista jurídico não foi extraordinário, mas teve alguns pontos marcantes. Sendo
o humanismo uma corrente de caráter cultural, que mudou o pensamento das pessoas e
dos juristas, vai experimentalismo, da situação concreta ao mundo, encontramos seus
reflexos em áreas do pensamento cujo o Direito tinha um papel a representar. Por isso,
vamos encontrar manifestações muito claras na reforma da Universidade (não apenas do
campo do Direito) e o aparecimento de correntes de pensamento, chamada escola
peninsular do Direito natural/escola da segunda escolástica.
Aula 24. 20/4 OT
Humanismo/Renascimento. Movimento de características culturais, valoriza a experiência e
o reconhecimento de expressões artísticas da época Romana/Clássica Greco-Latina.
Portugal não foi imune a esse tipo de movimentos, na época de D. Manuel, houve algumas
mudanças no Direito - ordenações manuelinas, reformas dos furais, dos pesos e das
medidas. Acontecimentos que garantiam certo prestígio ao seu país - chegada às Índias e
ao Brasil. Torre de Belém, os Mosteiros dos Jerônimos integraram nesse plano de prestígio.
Criação de uma moeda pelo seu valor intrínseco, conferia prestígio ao país que emitia -
moedas de ouro essencialmente de entesouramento. D. Manuel queria ser reconhecido
como um governante numa época áurea. Outra iniciativa, que vai dentro dessa linha, teve a
ver com uma reforma muito profunda na administração do país, na qual um dos elementos
principais foi a criação de um novo tipo de documento e de letra que escreviam os
documentos, para criar um modelo esteticamente bonito para os documentos essenciais,
copiam-se milhares de documentos antigos dos séculos antigos para livros todos iguais do
mesmo tamanho e letra que até hoje se consegue ler perfeitamente. Uma série de aspectos
que na visão do rei visavam dar prestígio à sua época. Ora, ele não intervém diretamente
na Universidade (de Lisboa → Coimbra), mas cria um conjunto de fatos que depois D. João
III, apesar de já não tem o mesmo prestígio, começa a preocupar com o prestígio das
Universidades - que não acompanhavam os outros setores. Ele ambicionava a Universidade
Portuguesa num centro de conhecimento que atraísse também os estrangeiros. Para isso
acreditava que precisava reorganizar toda a universidade e criar uma espécie de
universidade. A ideia dele não era simplesmente mudar de lugar de Lisboa para Coimbra (o
que já tinha acontecido outras vezes), não renova os contratos com quase todos os
professores - extinção da Universidade e criação de uma nova. Para dar as aulas, D. João
III propõe atrair novos talentos para dar as aulas - alguns professores portugueses que
ensinam em Universidades estrangeiras, principalmente em Salamanca e alguns
estrangeiros de outras universidades, por ex. espanhol Martinho Navarro. A Universidade
de Coimbra em 1536 é reorganizada completamente com as influências humanistas.
Segunda Escolástica. Esta corrente do pensamento é constituída essencialmente por
homens ligados à Igreja (clérigos) e ligados aos jesuítas - ordem fundada em Espanha no
início de 1500 e através de um clérigo espanhol, que depois viria a ter uma grande adesão
em PT e ES, e acabou por ir para todos os territórios integrados ao país, de tal forma que a
maior parte dos missionários dessa altura pertence a essa ordem. Por um lado, tinha uma
função de serem missionários e também é constituída por homens que se exigiam um grau
de cultura elevado, diferentemente das outras ordens, não tinha integrada dentro deles,
uma multidão de indivíduos com menor capacidade intelectual. Daí que eles ocupavam
funções de destaque. Muitos deles, foram ativistas das inquisições do Santo Ofício contra
todas as manifestações de alguma forma punham em causa essa ortodoxia. Essa corrente
é especialmente conhecida aos problemas,como do direito natural, porque, por ex.
Francisco Soares é um precursor do Hugo Grócio que desenvolveu seu pensamento do
direito natural. E também sobre o direito dos povos indígenas em relação aos povos
europeus que tendiam a menorizá-los - concepções eurocentristas.
O Direito natural tinha raízes na Grécia e em Roma, mas não era escrito. Condicionava o
direito positivo, o Direito Romano considerava o direito da gente - valia para todos mesmo
que não fosse cidadão romano. Ligado ao que era comum ao ser humano - natureza de ser
vivo, pensante e racional. Mais tarde, vem a ser fortemente incorporado no pensamento
cristão, quando o cristianismo se torna a religião dominante, como S. Tomáz de Aquino.
Este fundamenta o conjunto de preceitos limitantes dos governos humanos criadas por
Deus. Na prática significava que os reis não eram detentores de um poder absoluto. Na era
medieval, a função do direito natural era limitar o exercício do poder. Com o decorrer do
tempo e a medida que o Renascimento foi avançando e a sociedade começou a valorizar a
identidade humana, o ser humano como sede de conhecimentos e curiosidade legítima
sobre o mundo que o rodeava, a Igreja por meio dos jesuítas são pressionados a
equacionar o direito natural. Entende-se que não é apenas do Igreja a fonte das leis de toda
a humanidade, também a razão humana. Esse comportamento decorre da
inteligência/capacidade de pensar ser comum a todos os seres humanos. O direito natural
existiria mesmo que por um absurdo admitisse que Deus não existisse, porque há
imperativos da razão humana que determina certos comportamentos. A razão humana, ao
entender deles, tenha também uma componente divina (imagem do homem à semelhança
de Deus, Capela Sistina). Esta visão do Direito natural como algo distante criado por Deus,
que os juristas podem perscrutar, aparece muito mais humanizado na perspectiva desses
jesuítas, que vê como algo que pode ser percebido usando apenas os atributos humanos. É
nos direitos naturais que antes não estavam nas Constituições(...)

Temos assim as duas grandes reformas do humanismo em Portugal: reformulação da


Universidade com D. João III e a escola escolástica com Grócio/Soares.
*Companhia das Índias Orientais. Império marítimo. Perda do poderio da Espanha.

Aula 25 - 21/4 T
No séc XVIII e final de XVII, por volta de 1700, a quantidade de direito nacional é tão
grande que as ordenações filipinas corresponde uma parte muito pequena do conjunto
normativo. Nos finais do séc. XVII, pouco depois da restauração, o ambiente jurídico do país
estavam a alterar-se e embora as ordenações ainda estivessem em vigor, a postura da
sociedade e dos juristas já permeavam novas ideias. Começou a ser dominante na Europa,
as ideias que serão chamadas de iluminismo. Ele entrou com o chamado despotismo
iluminado e sobre essas ideias surgem na Europa diversas correntes focadas no campo do
Direito. Isso se refletiu em Portugal, não normalmente com atraso significativo. Lisboa era
um porto por onde passavam muitos dos navios que faziam carreiras para outros
continentes.
Em Portugal, desde D. João III (reforma da universidade) existia um controle muito
intenso das manifestações culturais pelo Santo Ofício - para vigiar a entrada no pensamento
luterano (Reforma) e esse Tribunal depois continuou seu trabalho, uma vez que tendo
consolidado em outras partes da Europa o pensamento luterano (Alemanha, França),
nesses países a liberdade de formular e escrever obras era ampla (não total, porque não
poderiam ir contra o rei, mas tinha uma liberdade religiosa), não queria essa comunicação
muito forte para não influenciar. Mas de toda forma, elas apareciam, havia troca de ideias. A
própria Universidade tinha avançado para modelos de ensino em muitas matérias sob a
autoridade de homens de culturais/universitários ligados à ordem dos jesuítas. Inquisição
não deixaria seguir outra linha de pensamento,. Não vigorou com o mesmo ímpeto que em
outras países da Europa.
Em Portugal, houve o Iluminismo com matriz cristã. Manteve alguma conexão com o
pensamento cristão. A expressão iluminismo surge na Alemanha, que será em seguida
traduzida para as línguas europeias com o mesmo sentido - luz para fora. Ideia de
cultivando de muito perto o pensamento e as regras da racionalidade escrita se conseguiam
encontrar ideias válidas, estritamente racionais. Enquanto no humanismo, havia uma
valorização do indivíduo como pensamento em si e não apenas como um todo na
comunidade, o iluminismo fortifica ainda mais essa ideia, com a deificação da razão. O
Iluminismo também se manifestou em todas as áreas do conhecimento.
Os juristas, nessa fase tiveram mais sorte do que no humanismo, porque nesse
estavam a procura de um perfeito direito romano. Mas os juristas do iluminismo apenas
exigiam que olhassem para o direito de uma forma estritamente racional, ou seja, apenas as
regras do Direito Romano e avaliar se ainda podiam ser utilizados ou deveriam passar por
um crivo da razão distinto entre o válido e inválido, útil/inútil. O iluminismo também se
refletiu em outras áreas da ciência, como os fortes avanços nas ciências exatas, por ex. na
matemática aplicada - visão mais próximo do experimentalismo, Newton. Leis da física que
continuam a reger hoje. Em Portugal, houve o Pedro Nunes - como calcular a longitude.
No séc. XVIII é o século do experimentalismo. Pai intelectual da química - Lavoisier.
Percepção dos elementos químicos provando e demonstrando por meio de experimentos.
Os políticos também foram influenciados pelos pensamentos iluministas e os mesmo
pressupostos - racionalidade, poderia ser aplicada na política para governar os povos.
Conseguiriam distinguir as boas e más decisões políticas (com base na existência ou não
de explicação racional).
Surge então o despotismo iluminado, no sentido daquele que governa
autoritariamente e impõe sua vontade, mas com o adjetivo “iluminado” torna-se um
despotismo bom - segue em nome e em princípio da razão, o qual ninguém sabia mesmo,
funcionava num quadro de reflexão, mas para haver alguma segurança no governante, ele
associa o governo os indivíduos das elites culturais, que nos diversos momentos
funcionassem como conselheiros para ajudar a determinar as boas e as más soluções para
depois ele pôr em prática. Era iluminado porque as decisões estavam baseadas em
fundamentos da razão com base nesses homens de cultura que o ajudariam nos pontos
que tivessem dúvidas. Seriam boas decisões necessariamente as racionais e com isso, os
políticos acreditavam/por meio desse suporte de racionalidade, que com isso prosseguiram
“a felicidade dos povos”, ou seja, governar bem. Não deixa de ser um autoritarismo
absoluto, mas a justificação não é a vontade do rei (porque quero), mas sim porque ao fazer
isso estou a propiciar atos do bom governo - espécie de paternalismo levado ao extremo.
Aula 26. 27/4 T
Forma de pensar no racionalismo iluminista. Despotismo iluminado. Forma de
pensar do direito com as três vertentes: i) humanitarismo, ii) uso moderno do direito romano
e o iii) jusnaturalismo voltado para o direito penal.
Todas essas vertentes foram disseminadas pela Europa, mas não influenciaram os
países de forma igual, dependia do poder político, por ex. Dependia muito dos propósitos de
servir ou não ao poder, em função das utilidades em que o poder central via em cada
vertente. Embora todas conhecidas em Portugal, o humanitarismo era a mais problemática.
Voltada para o direito penal defendia uma função regeneradora e condicionar algumas
componentes do poder político, perda de um instrumento de poder, que na época era, D.
José/Marquês de Pombal tem uma liderança muito forte na sociedade. Por isso, não poder
dispor do direito penal, com uma certa atenção aos juízes conforme tipo de crime, mandar
pessoas à força para ir às colônias como cumprimento de pena. Essa manipulação do
direito penal ficaria em causa se o humanitarismo fosse levado a sério.
As obras do principal autor, Beccaria, Sobre os delitos e as penas, e com isso, não
poderia dizer que os juristas desconhecessem, mas de qualquer forma, o poder político não
achava interesse. Já em relação às outras duas correntes (uso moderno e jusracionalismo)
eram mais simpáticas ao poder, a primeira porque introduziu uma visão crítica ao direito
romano e com isso, enfraquecia a posição do direito romano, permitindo espaço para
reformas que visavam substituir partes do direito romano pela legislação nacional (advinda
do poder). Não esquecendo que as faculdades continuam a ensinar apenas direito romano
e não direito nacional.
O jusracionalismo desligava a órbita do pensamento teleológico/da igreja e
favorecendo a ideia da razão, fazia com que o poder não fosse muito limitado pelos
pensamentos religiosos e a própria Igreja. Permitia a utilização dos conceitos do direito
natural, mas com o enfraquecimento da Igreja. Ainda que MdP não fosse contrário à Igreja,
era em geral contra qualquer limitação de seu poder, ex. expulsão dos jesuítas. Estes, eram
um conjunto de pessoas que discutiam o desejo do poder de aproximar o direito natural da
sociedade civil e afastando da Igreja. MdP acreditava que com a expulsão, afastaria-os do
ensino e com isso, não havia posição contrária.
O que mais deixa marca é o usus modernus pandectarum. Uso moderno do direito
romano. Essa corrente surge na Alemanha em 1200 e tal, defendia a urgente necessidade
de fazer uma avaliação crítica de todo o direito romano para separar o que era útil e poderia
ser aplicável aos tribunais e outros apenas como estudo histórico. O que ainda era útil foi
chamado de uso moderno. Não tinha o objetivo de expulsar seu uso, mas queria restringir
sua aplicação a determinadas matérias em que ainda tinham direito romano vigente. ​Foi a
partir daí que se definiram as matérias e assuntos que se tornaram os códigos.
Essa forma de pensar foi extremamente atrativa a Marquês de Pombal e ele irá fazer
uma série de reformas, que serão a marca da passagem do direito antigo para o direito
moderno em Portugal. 1) Entrada em vigor, de uma lei muito importante, feita na segunda
metade do séc XVIII, 1769, ​Lei da Boa Razão, publicada em 18 de agosto de 1769. Tem
todos os ingredientes para entender a doutrina iniciada na Alemanha e como foi
interpretada e utilizada pelo poder político para centralizar ainda o sistema jurídico. Passa
em revista, essencialmente, a matéria que falamos que estava contida nas Ordenações a
propósito do direito subsidiário.
Quando falamos disso, distinguimos o direito do reino e o subsidiário, como
integrador de lacunas. As ordenações definiram sempre o direito oficial, em função deste ou
das suas lacunas, que poderiam recorrer ao direito subsidiário (romano, canônico, etc).
Com base nisso, percebemos como fizeram a estrutura oficial do Direito no país (direito
oficial como lei, estilo da corte e costume, já queria privilegiá-los). Embora, os forais
continuassem a ser utilizados, já ocupavam uma posição de pouca importância, nem sequer
são referidos como direito do reino, embora de fato fossem. A lei (ordenações) era sem
dúvida a componente mais importante.
Ao olharmos essas 3 fontes percebemos que em torno delas que o poder político via
a organização do direito e com isso, do Estado. Todavia, ao indicar as fontes de direito
subsidiário, o poder central vinha dizer qual a posição e importância relativa que ocupam.
Dessa forma, já poderíamos perceber que o direito romano e canónico, já não eram tão
importantes, pois eram fontes de direito subsidiário. Há autores que dizem que apesar
desse fato escrito, na prática os juízes preferiam usar o direito romano em vez do nacional,
em função da formação ocorrida na universidade. Havia uma tendência natural ao que
estudou mais. Se faziam, isso não tinha cobertura legal.
Com a Lei da Boa Razão, o poder político aproveitou para reorganizar o direito
subsidiário, de que quando não for aplicável o direito nacional/do reino, aplica-se outros. A
primeira vista, não há grandes mudanças, porque continuam a ser utilizadas as mesmas
terminações que estavam nas ordenações. O direito do reino é constituído pela lei, estilo da
corte e costume. Na realidade, as limitações que introduziu ao estilo da corte e ao costume
foram muito significativas que passaram dentro do conjunto, que nas ordenações que essa
tríade parecia equilibrada, é a lei que absorve a maior parte do direito, diminuindo o estilo
da corte e reduzindo o costume a nada.
A lei do reino continua as disposições contidas nas Ordenações, apesar de que
nessa altura, já tinha passado mais de 150 anos das Ordenações Filipinas, e na prática a
maior parte das leis do reino já não estavam contidas nelas e estavam avulsas (muito mais
do que as que estavam contidas nas Ordenações, embora todas tivessem a mesma
dignidade). Continuava a ser o acervo principal. As exigências colocadas às outras duas
fontes eram tão grandes que o costume deixa de ter valor e o estilo da corte tem apenas um
pouco.
O estilo da corte era visto da mesma maneira, decisões da Casa da Suplicação. Já
tinha ocorrido a reforma e surgia o Tribunal da Relação da casa do Porto e surgiram outras
nas colônias (Índia e Brasil). Foram acontecendo para facilitar decisões dos tribunais
nesses países e não ser tão afastados. Continua a ser as decisões dos juízes dos tribunais
superiores. Discutiam-se muito se as Relações poderiam fazer o estilo da corte também. Os
assentos eram interpretações autênticas, em caso de contradições entre as leis ou dúvida
da aplicação (iniciam-se nas Ordenações Manuelinas). Agora, com o surgimento de mais
Relações, os juízes da Relação do Porto entenderam que também podiam fazer assentos.
Em determinada época, começou a surgir assentos contraditórios.
Nesta altura, a Lei da Boa Razão acaba com essa discussão a dizer que apenas a
Casa da Suplicação que faz os assentos e determina o estilo da corte, que só poderia ser
formado após a criação dos assentos. Há aqui uma cobertura do estilo da corte através dos
assentos da Casa da Suplicação o que na prática embora continuasse a constituir direito do
reino, estava muito mais limitada, uma vez que os juízes deveriam se reunir e elaborar
esses assentos. Além disso, os juízes estavam ligados ao poder, não iriam introduzir
assentos contrários ao poder para não ficarem mal vistos.
O grande golpe foi no costume. MdP não extingue como fonte de direito, mas
introduz 3 requisitos, tão difíceis de cumprir, que apenas raramente seriam invocados em
tribunal. São elas: 1) o costume devia ter mais de 100 anos. Provar em tribunal tinha que
demonstrar que há mais de 100 anos já tinha sido utilizado, só podia ser feito por meio de
documentos (outras sentenças), porque já ninguém existia para testemunhar. Além disso,
essa prova documental era muito difícil.
2) o costume para ser invocado e aplicado em tribunal, o juiz também tinha de
concluir que o costume não era contra legem, ou seja, contra a lei. Em geral, como o
costume é mais antigo, tende a aparecer uma lei contrária. Está a subordinar a única das
variantes importantes ao costume, às leis. O único costume que poderia ser utilizado era
aquele que além de não contrariar a lei, ia além dela (preter leger). 3) só poderia ser usado
se além dos elementos acima, ainda tinha que demonstrar que estava perante um costume
conforme a boa razão. Termo muito vago para permitir que o juiz ainda assim não aceitasse
o costume. Esse termo foi usado muitas vezes durante a lei, mas sem definição. Ex.: contra
a vontade do poder político. Discricionariedade do juiz através desse argumento.

Aula 27. 27/4 OT


Características do direito pátrio. Lei da boa razão. O poder político já não abria mão
de nada, e queria ter controle do direito. É talvez na área do direito subsidiário que se vê
bem a postura aderente da escola do uso moderno. Há mudanças drásticas em relação ao
direito subsidiário. Encerra um capítulo sobre o direito subsidiário. O direito romano é
estudado nas universidades, mas a LBR vem dizer que o direito romano só pode ser usado
para integrar lacunas se estiver de acordo com a boa razão. O preceito do direito romano
está subordinado, não tem mais independência em sua aplicação - já não é um conjunto de
normas que vagam por si mesmas. Conforme já falamos, esse conceito de boa razão é
muito vago, difícil de apurar em concreto.
O direito canônico é retirado do elenco das fontes do direito subsidiário. Mesmo de
acordo com as Ordenações havia sido pouco empregado, por ex., nas Ordenações
Afonsinas havia um caso de aplicação de sobrepor o direito em situações de pecado. É
claro que a Igreja não vai gostar muito disso. Todas as demais fontes são retiradas do
direito subsidiário com justificação de que não são conforme a boa razão - argumento para
justificar tudo que não queriam usar. O conjunto de opinião de jurista não parecia racional
ao legislador.
Ainda não se proíbe totalmente o direito romano. Mas se nenhuma dessas fontes
funcionassem, recorriam ao rei. O rei podia elaborar uma lei com valor geral ou decidir
apenas aquele caso, sempre a primeira opção a melhor. A lei da boa razão criou uma fonte
do direito subsidiário inédita, conforme a época (séc XVIII): em matérias mercantis,
marítimas, políticas poderiam utilizar para integrar lacunas se podia recorrer das nações
polidas e civilizadas da Europa. Polidas no sentido que brilha - iluminismo. Ficava a critério
do julgador quem era essa nação de acordo com o caso. Países onde existissem fortes
correntes iluministas, poderiam excluir por ex., a Turquia e outros países mais bárbaros,
mas nada definidos.
No direito pátrio afunilou as fontes para favorecer a lei, no direitos subsidiário,
revogou tudo que vinha atrás deixando apenas um espaço pequeno ao direito romano e o
direito nações polidas e civilizadas da Europa. De toda forma, a lei não era tão concreta,
porque os juízes não se sentiam confortáveis (autoritarismo do MdP) para determinar quais
preceitos do direito romano eram conforme a boa razão ou não. Logo, havia uma relutância
ao aplicá-lo. Essa dúvida foi resolvida 3 anos depois com a Reforma Pombalina da
Universidade de Coimbra.
Neste texto, há uma passagem que em caso de dúvida se aplicava ou não
determinado preceito do direito romano conforme a boa razão poderiam utilizar de base
pareceres dos juristas com obra publicada na Europa de acordo com o direito
moderno/apreciação do conteúdo conforme o entendimento moderno. Mais uma vez se
remete para o pensamento político.
A lei da boa razão como um dos grandes momentos para a reorganização da vida
jurídica do país. Ela veio quebrar uma série de pilares introduzidos nas Ordenações.
Está´na linha do pensamento da época, que queriam transpor para a sociedade. MdP
queria modernizar o direito com base no que acontecia na Europa. Só fez no que lhe foi
interessante, ex. ignorou o humanitarismo, porque implicava perda de poder (não havia
proporcionalidade entre a pena e o delito) e ele geria o país na base da violência. Episódio
dos Távoras - família importante, Duque de Rameiro, MdP não via com bons olhos essa
família, que a animosidade entre a nobreza e sua forma de governar era organizada por um
líder, que seria esse Duque. Num determinado momento, há uma tentativa de matar o rei
(pode ser um processo fingido) e aproveitando-se dessa situação e da investigação que é
feita, é acusado de estar por trás desse episódio junto com os jesuítas - já tinham sido
expulsos, mas ainda conservavam algum poder. O julgamento foi uma farsa, não havia
prova nenhuma contra ele. Essa família é praticamente toda morta, num espetáculo em
público para que nem a nobreza estava a salvo do que o MdP queria. E assim se criou o
mito absoluto do poder de MdP.
Quanto ao jusracionalismo, é debatido e faz parte do pensamento dessa época,
embora aconteça no contexto estranho, pois na Europa esteve na origem das constituições
da Europa, mas em Portugal não havia a consciência/percepção do poder político de que o
debate sobre essas ideias pelo povo poderia pôr em causa as monarquias no futuro.
Estavam a permitir debates que iriam acabar com as monarquias, na época o poder político
via como interessante esse debate para manter a imagem de que estava interessado nas
evoluções técnicas.
A reforma nas Universidades foi muito profunda e feita, embora com certos exageros
de MdP, voltada para o progresso, produziu bons resultados e o próprio ensino do Direito
até hoje é voltado para essa época. Pela primeira vez - primeira grande mudança, desde a
criação da Universidade Bolonha, é alterada profundamente as universidades de forma
organizada.
Aula 28. 28/4 T
A visão jusracionalista foi também importante porque teve repercussão na reforma da
Universidade. Essa fase já ocorre no final do reinado de D. José. A razão de ser dessa
reforma, porque Marquês de Pombal estava totalmente favorável/motivado às ideias
iluministas na parte que não colidia com a sua postura autoritarista, para colocar o país na
rota dos países civilizados, queria colocá-lo na linha da frente em relação aos países
evoluídos. Há um grande desejo de ser um bom aluno face à Europa, mesmo que não
conseguisse ter consequências práticas. MdP queria que Portugal tivesse um nível
intelectual consiste face a outros países e usou os recursos que tinham, entre eles, o ouro
trazido de Portugal a título de imposto da Coroa, ainda se vivia uma certa euforia de
riqueza. MdP viveu certa parte da vida na Áustria, o qual era muito influenciado pelo
iluminismo. Inspirado queria fazer Portugal brilha, mas ele tinha limitações, por ex.,
estradas. Para isso, escolheu marcas para mudar o país.O episódio dos Távoras inseriu
neste contexto, porque acreditava que a nobreza atrapalhava um pouco do crescimento.
Marquês de Pombal queria fortalecer a burguesia, porque dela vem a riqueza. Também
queria na nobreza, surgisse um segmento que deixassem de ser apenas aquilo que ele
achasse que eles eram - festas e passassem a exercer uma função econômica com seu
prestígio e capacidade de atuação relevante. Um pouco da ideia do governo inglês. E que a
burguesia tivesse acesso às mesmas possibilidades da nobreza.
Estado não existe para dificultar a criação da riqueza, mas não pode deixar abusos - coisas
absolutamente ilícitas. Neste aspecto, Marquês de Pombal não pode ser criticado. Cria as
grandes companhias comerciais, inclusive no Brasil. Um dos grandes erros dele, é pensar
que se fazia com a nobreza e com a alta burguesia, mas não incluía o povo. Erro de casting
- da escolha de personagens.
Cria duas instituições, em que os filhos dos nobres poderia gerar uma nova geração dos
vícios das anteriores, porém não foi muito sucedido porque não estavam interessados.
Ordem dos Jesuítas. Criada por Inácio de Loiola, cria a ordem com o um conjunto de 14/15
companheiros. Elite intelectual que começam a ocupar lugares nas universidades, por ex.,
em Évora. Marquês tem um ódio político sobre eles, culpa a ausência de
progresso/desenvolvimento científico. Como a universidade estava muito na mão dos
jesuítas, desaparecendo essa ordem, MP precisa elaborar uma nova elite intelectual.
Livro branco. Ainda hoje se faz isso. Surge na época de autor anônimo que se pensa ter
sido controlado em MP que corresponde a ideia da análise do ensino da faculdade de
Coimbra. Chama-se “Compendio historico do estado da Universidade ao tempo da invasão
dos denominados jesuítas”. Na perspectiva desse livro, os jesuítas dominaram o ensino
universitário ao tempo do D. João III e o moldou conforme queria. Já enuncia que eles eram
as raízes de todos os maus. Alexandre Herculano diz que esse livro só falta atribuir os
jesuítas as tempestades e os tremores de terra.
Propõe então uma grande reforma da Universidade - Estatutos Pombalinos. Revolução total
do ensino do Direito. Tudo mudou na universidade, por um lado que os postos dos jesuítas
não eram uma força de bloqueio e o que está é fruto do iluminismo/jusnaturalista. Com a
expulsão dos jesuítas de Portugal, houve uma consequência não prevista que foi a perda de
rede de escolas básicas que ensinam o ler/escrever/contar (rudimentos da cultura) para o
povo (elite do povo, que tinha mais aptidões e meios) que eles que criaram. O país talvez
perdeu 100 anos de evolução cultural. Era através dessas escolas que as pessoas
conseguiam ascender a escala social a nível mais elevado.

Aula 29. 04/5 T


Reformas pombalinas (continuação)
- Reforma do Ensino do Direito
Revisão completa do modo de ensinar o direito de forma a adaptar o ensino ao
pensamento da época - visão iluminista do direito. Visão que vimos refletida em aspectos da
lei da boa razão. O ensino do Direito embora tenha tido uma reforma muito relevante na
época de D. João III, com a mudança definitiva para Coimbra e atração de professores que
olhassem o direito sob a perspectiva do humanismo e isso significou que trouxe alguns
professores importantes, mas o método de ensino se manteve o mesmo de Bolonha.
Apesar dessa mudança de 1527, o meio se manteve. Só estudada direito romano e
canônico, não estudava direito nacional. A técnica de ensino era um método de feição
analítica - observação minuciosa das normas e sua discussão levando o aprofundamento
da norma o máximo possível, as interpretações cabíveis, era hábito que os profºs
propunham sua própria interpretação após analisar cada uma delas. Com base nisso, não
era possível uma visão geral em cada área, porque não havia tempo suficiente. Muito
versado em temas específicos de forma exaustiva, mas não conseguiam ver nem todo o
Corpus Iuris Civilis, quanto mais o direito nacional.
Colocar o ensino de direito na linha de pensamento iluminista exigia uma mudança
profunda. E nesta época, é publicada uma obra “Compêndio Histórico do Estado da
Universidade” que acredita-se ter sido escrito por Marquês de Pombal ou seu gabinete. Na
qual se critica o método e computa a culpa desse erro aos jesuítas, usava a má vontade
para justificar a reforma, pontuar os vícios e culpa aos jesuítas - o que não é verdade, o
método analítico é mais antigo.
Vertentes:
(i) Alteração do método.
Sintético, porque impunha aos profºs fazer uma síntese da matéria para expor a visão geral
e completa que tudo o direito dizia sobre aquela matéria.
Demonstrativo - operação lógica que se justifica por argumentos claros porque determinada
solução é correta em cada caso, passos justificados. Depois de fazer a exposição sintética,
deveria apresentar suas conclusões de demonstrar porque pensa assim. Justificar sua
conclusão.
Compendiário. Aquilo que se pode dizer de um manual, coleção de textos para
compreender determinada matéria. Súmula/Compêndio para guiar os estudantes.
(ii) programas de estudos
Novas matérias. Pela 1ª vez surge a ideia que deveriam criar novas disciplinas para
espelhar as ideias iluministas e prestar atenção no direito nacional. E não incidindo apenas
no direito romano e canônico. Em relação ao iluminismo, destaca-se ao direito natural
(jusracionalismo) - grande linha de batalha do pensamento dos juristas iluministas, direito
natural descoberto pela razão e não por Deus. Tentaram delimitar as ideias de pessoas com
direitos naturais próprios que poderiam ser transformados em leis, início dos direitos
fundamentais. Ao final de um tempo, queriam escrever códigos para contê-los, o qual gera
as constituições. Se debatiam pontos de vista sobre essas regras de convivência humana
no ponto de vista dos direitos naturais. Não se permitia discutir o direito do rei de governar,
Marquês de Pombal como déspota iluminado. Sobre o direito nacional, deveria ter atenção
ao direito pátrio, uma matéria de vertente histórica e outra institucional - estudo das
instituições do campo civil e penal. São criadas as disciplinas História do Direito Pátrio e
Instituições do Direito Civil e Criminal Português. Não deixou de se estudar as matérias
tradicionais, mas se deu os primeiros passos para privilegiar o direito nacional que com o
passar do tempo tomaria praticamente todo o curso.
(iii) publicação de obras de estudos
Marquês de Pombal procurou um jurista com renovado, Melo Freire/Pascoal de
Melo, que lecionava em Coimbra, adepto do despotismo iluminado e é ele que MP
encomenda a condução da reforma. Elaboração dos manuais para servir de matéria de
estudos - compêndios. Publica 2 obras sobre História do Direito Pátrio e Instituições do
Direito Civil e Criminal Português.
Essa reforma completou o ciclo de reformas que MP entendia necessária nesse
momento e pouco tempo depois da reforma pombalina. Quando D. José morre, e a rainha
que o sucede, não o vê com bom grado em sua continuação a frente do governo, somado
com a elite reprimida gera pressão para o afastamento dele. Não permite o julgamento, mas
apenas retira o poder e sem voltar a corte. Era muito difícil distinguir onde começava as
ações de MP e as do rei. Logo, levantava a questão de D. José ter sido conivente com as
ações ou não, poderia afetar a competência do rei.
Uma das questões levantadas no início do seu reinado, foi a necessidade de
atualização das Ordenações Filipinas. São efetivamente desenhado um modelo delas, que
passava por uma reforma do Direito Penal e do Direito Administrativo/Organização Política,
porque o pensamento iluminista estavam abertos a novas espécies de normas ligadas ao
direito natural dos povos. O MP nunca mexeu nessas matérias, porque implicava perder
poder no sistema penalístico. Porém, PT não havia como não adaptar ao pensamento
humanista do séc. XVIII. A matéria não andava na velocidade que a rainha queria e com
isso, pede a Melo Freire para elaborar um projeto de reforma do primeiro livro das
ordenações. Ele redige esses dois livros e depois de apresentar o projeto, este livro é
colocado a uma comissão de juristas para fazer uma crítica e o poder central depois decidir
qual a melhor opção. Nesse time, havia Antonio Ribeiro dos Santos, que tinha uma postura
mais liberal e discordava da opinião de Melo Freire. Critica ferozmente a obra, de forma que
não estavam de acordo e entram num debate que há muitos textos de defesa da sua
posição. No meio desse tempo, entra em 1789 com a Revolução Francesa de a Queda da
Bastilha e o iluminismo e o debate político com o fim da monarquia na França e embora
nessa altura, a Revolução Francesa torna-se imparável e a rainha decide parar todas as
reformas para que as ameaças da RF não chegassem em PT. E o projeto não passou de
uma tentativa de mudança das ordenações e não produziu resultado nenhum, além desse
debate importante.

Aula 30. 04/5 OT


Reforma pombalina das Universidades.
Revisão completa do ensino do Direito de forma a adaptar o pensamento iluminista
do Direito. Embora tivesse uma reforma relevante em D. João III, voltada para atrair
professores que seguiam a lógica iluminista. A ma´teria e o método de ensino do direito
eram os mesmos desde sempre, baseados naqueles utilizados em Bolonha. O modelo
tradicional era baseado em 4 pilares: i) só estudava direito romano e canônico, apesar de já
haver muito direito nacional;
ii) método de feição analítica - observação minuciosa do que são as normas e a sua
discussão levando ao aprofundamento do sentido da norma o mais longe possível, tentando
identificar todos os sentidos da interpretação e as consequências de cada um, depois de
explicar detalhadamente, o profº propunha sua própria interpretação, para um método de
minúcia levada ao extremo não havia tempo suficiente para abranger também o direito
nacional ou mesmo uma visão geral do Corpus Iuris Civilis. Na verdade, o estudo do direito
era voltado para temas específicos que variavam de acordo com o profº; Esse estudo não
era compatível com a ideia do uso moderno do Direito Romano.
Logo, exigia uma mudança radical do método e conjugado com o contexto da época,
exigia-se uma reforma. Essa reforma foi baseada com base na publicação de uma obra
chamada Compêndio Histórico do Estado da Universidade, de autor desconhecido mas
pressupõe que advinha do gabinete do Marquês de Pombal. Na qual se levanta todos os
inconvenientes do método de estudos do direito e imputam esses problemas aos jesuítas,
que MdP já tinha expulsado do país. Obviamente não tinha a ver com os jesuítas, e sim
porque sempre foi assim.
A reforma tem 3 vertentes: i) alteração do método, ii) alteração do plano de ensino e
iii) criação de manuais de estudo. i) método sintético, demonstrativo e compendiário.
Sintético, porque impunha que os professores fizessem uma síntese de toda a matéria
contida na área/disciplina, de forma que tivesse uma visão geral sobre o assunto.
Demonstrativo, porque depois da exposição sintética da matéria, o profº deveria explicar o
que entende e justificar porque escolhia tal ponto de vista. Compendiário, em função de
complicações sobre a matéria - manual, escrita de conjunto de textos para guia de estudos.
ii) novas matérias. Pela primeira vez, é concretizada a ideia de que deve criar novas
disciplinas além do direito canônico e romano. Elas deveriam ser de acordo com o
pensamento iluminista e valorizar o direito nacional. Em relação ao iluminista, destaca-se a
matéria ligada ao direito natural (jusracionalismo), entender que o direito natural poderia ser
descoberto por meio da razão e não de Deus, estudavam quais matérias poderiam ser
entendidas como direito natural. Ex. pessoas têm direitos naturais próprios que poderiam
ser transformadas em leis. Começaram a escrever códigos que continham essas regras,
que a passar de um tempo foram chamados de Constituição. A Universidade deveria
estudar o direito das gentes/natural, na qual se debatiam pontos de vista do iluminismo
sobre essas matérias. Obviamente, MdP não permitiria discutir questões sobre contrariar a
monarquia.
Em segundo lugar, entendia que poderia estudar o direito nacional, que já tinha uma
quantidade relevante. Sobre isso, deveria ter uma matéria de natureza histórica - evolução
do direito português (História do Direito Pátrio) e outra sobre o estudo das instituições, que
poderiam envolver o campo penal e civil (Instituições do Direito Civil e Criminal Português).
Essas 3 novas áreas foram as grandes novidades. Não deixou de estudar o direito romano,
mas foi o marco que fez prevalecer com o tempo o direito nacional. Foi a grande
modificação.
Para servir de condutor para essa reforma, foi escolhido um jurista de Coimbra, Melo
Freire/Paschoal de Melo. É um jurista do iluminismo português adepto do despotismo
iluminado - bem inserido na lógica aceita por MdP, e é ele que MdP nomeia para condutor
da reforma. A condução dessa reforma seria a elaboração dos manuais (Compêndios), que
se destinaram a servir de matéria de estudo. Escreve Direito Pátrio Português e Instituições
do Direito Civil e Criminal Português. Outros autores também escrevem obras, mas são
aquelas que marcam o momento/decisivas para a mudança do panorama jurídico.
Esta reforma feita como foi, completou o ciclo das reformas determinantes para
época segundo MdP. Podemos entender que a obra desejada por ele ficou completa.
Quando D. José III vem a morrer, e a D. Maria que vem assumir o poder, que não o vê com
bons olhos devido a seus atos de violência/repressão, acaba por afastar MdP do poder.
Inclusive ela sofre pressões daqueles que foram reprimidos na época, que queriam também
um julgamento e condenação a penas semelhantes àquele que tinha condenado as
pessoas, mas isso não ocorre, há apenas um afastamento dele da Corte. A razão de seu
não julgamento, é que era muito difícil distinguir a atuação de D. José e MdP, e seria
constrangedor tanto culpar o D. José por ser tão cruel quanto MdP ou que ignorava as
atrocidades que o mesmo cometeu.
D. Maria ainda era uma rainha da época iluminista, o fato de ter afastado MdP como
1º ministro e nomeado outro, não significa que não seguia essa corrente. Uma das primeiras
exigências do seu reinado, foi a reforma das Ordenações Filipinas e é efetivamente
desenhado um modelo para reforma, focado na parte do direito penal e na parte da
estrutura administrativa do país, voltado para a organização política. A justificação também
se baseia no iluminismo, o direito penal nunca foi alterado por MdP, em função da perda de
poder de punição, e agora Portugal não poderia fugir de adaptar sua legislação com base
no humanitarismo - pensamento penal do séc. XVIII, uma vez que houve uma evolução na
discussão sobre toda a europa.
No primeiro momento, foi tomado iniciativas para reforma, mas não andava na forma
que a D. Maria queria, e com isso pede a Melo Freire para elaborar um projeto de reforma.
Este com a saída de MdP do poder, deixa de ser um indivíduo próximo ao poder, mas
mantém-se como jurista em Coimbra. Logo, D. Maria acreditava que ele tinha capacidade
para elaborar o projeto, com base no sucesso das suas obras anteriores. Esse projeto seria
apresentado e levado a uma Comissão para crítica e análise, para escolher as melhores
opções. Nessa comissão destaca-se Ribeiro dos Santos, canonista, tinha postura muito
mais liberal do que Melo Freire e discordava totalmente dele, defendendo direitos dos
indivíduos mais do que Melo Freire. Não era propriamente um liberal, mas mais aberto às
ideias.
Com isso, corria esse debate entre os dois quando se entra no ano de 1789, e
ocorre a Revolução Francesa com a queda da Bastilha, e com isso, corre as notícias na
Europa que arriscassem o poder da monarquia. As cortes europeias se apercebem disso, e
D. Maria decide parar todas as reformas, para evitar que as ameaças externas chegassem
no país. Logo, o projeto não passou de um projeto, não teve qualquer aplicação prática.
Não produziu resultado nenhum a não ser essa importância histórica dos debates
produzidos.
Aula 31. 05/5 T
Prova terá 3 questões para escolher 2. Duração de 1 hr e 15 min.
Perspectiva evolutiva dos temas. Não é feito por grandes temas. Evolução no tempo.
Relativamente concretas sobre aspectos enunciados. Por ex., quais as fontes do direito
islâmico. Diga o que entende sobre o assunto.
Natureza tal xxx e as fontes são x, y e z. Depois se quiser pode dizer mais, mas depende de
cada um. Contributo que cada um dirá de acordo com sua vontade.
Ler muito bem o enunciado e depois responde de forma sucinta e clara (20-30 linhas).
Depende do que cada um souber e quiser dizer. Não há grandes opiniões sobre cada
assunto e sim, o que sabe sobre o tema que lá está. Colocar num sentido de evolução do
mundo de forma geral.
O que se passou nessa altura. Qual o conceito disso.
Matéria da aula
Elementos de ligação que na evolução dos povos que estabelecem as linhas de contato
entre antes e depois. 1808 com um dos generais em entrar em Lisboa, os últimos navios
que iam a corte/princípe regente D. joão VI, os bens fundamentais e muitos armados para o
Brasil, aportando na Bahia. Cujo mundo que Napoleão teria imaginado - uma Europa toda
controlada pelo seu exército vê-se frustrado, porque ao mudar de capital, o país manteve,
porque o rei é o cabeça do poder, e ele não foi morto ou derrubado. Essa mudança desafiou
completamente o projeto de Napoleão. Essa mudança de sede não foi inédita, ocorreu
também no séc. XVI. Criou uma ideia/sensação de unidade entre Brasil e Portugal, que
dificultou o processo de divisão conforme ocorreu em toda a América do Sul como as
colônias da Espanha que se transformou em vários países diferentes.
Nesses 20 anos de capital no Brasil, houve 3 tentativas má sucedidas de Napoleão, e
também há uma grande parte das elites - grupo mais erudito, que veem com muito bons
olhos a presença de Napoleão, porque ele representa o ideal de libertação do monaquismo,
regimes dominados por reis que governam de forma despótica. Alguns não têm nem
consciência do que querem.
***pegar final da aula a partir de uns 35 min.

Aula 32. 11/5 T


Não cai no teste 1.
Contexto histórico da ida da Corte para o Brasil.
Invasões francesas. Recusa do governo português em aceitar fechar os portos e
consequentemente o comércio com a Inglaterra. Preparo do país para a invasão de
Napoleão. O pensamento subjacente dessa época traduzido por Napoleão e todo o
parlamento francês usava como critério básico, a ideia de parlamentarismo, ou seja, eleição
de deputados eleitos conforme a Constituição e exerciam seus poderes conforme ela, mas
na prática quem governava era Napoleão, na qualidade de chefe único na qualidade de
chefe último do Império Romano. Do ponto de vista administrativo, o governo foi
extremamente centralizador em França, e isso está de acordo também com a filosofia do
liberalismo a partir da Revolução Francesa. A Rev. Francesa, embora associamos a ideia
de liberalismo a uma certa liberdade e portanto desconcentração no exercício do poder, na
verdade era apenas formal. Ou seja, direitos, liberdades e garantias que existiam
formalmente na Constituição, que poderiam ser exercidos desde que não em ruptura com
aquilo que o próprio parlamento determinava, sendo que este poderia determinar regras
rígidas ou limitativas a muito desses direitos. Até hoje temos alguns desses direitos, ex.
direito à habitação e direito ao trabalho.
O modelo napoleônico era um modelo centralizado, usava muito um critério de
autoridade, embora dentro dos quadros dos parlamentos estabelecidos na Constituição. A
situação foi se arrastando, a presença das tropas francesas em Portugal acabaram por não
vingar apesar das 3 tentativas que foram feitas. Num determinado momento (em 1820) há a
Revolução Liberal em Portugal. Ela se inicia no Porto e vem por adiante, ocorre num
momento que o rei ainda está no Brasil. E ao fim de algum tempo (a constituição é de 22, foi
aprovada e colocada em vigor e pedida ao rei que a ratificada ao mesmo tempo que deveria
regressar ao país para exercer suas funções descritas na constituição). Ele hesitava,
porque já estava há 15 anos no Brasil e muito ambientado e a situação da Europa ainda
estava instável. Então de duas uma, ou abria mão e não vinha e passa a ser um ato de
incumprimento de regras ou vinha. Ele regressa e deixa no Brasil seu filho mais velho,
Pedro IV (futuro imperador Pedro I no Brasil). Vem efetivamente e a situação é muito
complicada em Portugal, porque embora não houvesse o risco de Napoleão, porque estava
exilado e não tinha qualquer poder na Europa, mas dentro do país no modelo liberal
digladiavam tendências muito variadas, há alguns que defendem o despotismo iluminado,
alguns sem monarquia e alguns apoiantes do modelo liberal, que haviam partidos. Tudo
isso criava um ambiente muito complicado.
Divergência entre as posições políticas/partidos divergentes em Portugal,
representados nas Cortes. Tudo isso criava um ambiente muito complicado. Quando o rei
volta para Portugal, vem com o filho D. Miguel, entendido como futuro rei de Portugal, não
se imaginava que D. Pedro I voltasse do Brasil, o qual inclusive apoiou a independência do
Brasil, e cria uma clivagem em PT, pois seu ato foi visto como um ato de traição ao país e
com isso a posição do outro filho legitima-se como herdeiro/futuro. D. Miguel tem uma
postura pouco liberal.
A Constituição de 1822 acaba por ser suspensa e criam-se situações de dúvida
entre quem efetivamente mandava e com base de que, porque d Miguel tendia ao
conservadorismo. D. Pedro IV no Brasil tendia ao autoritarismo/autocracia que fazia dentro
da postura do profundo amor ao liberalismo, enquanto D Miguel fazia numa tendência de
retorno ao centralismo. Atuavam na prática com modelos e abstrações diferentes, e o povo
de Portugal, conscientes ou não desse dualismo, preferiam a retomada de D. Pedro IV do
que a manutenção do D. Miguel. No Brasil, D.Pedro passa a ser contestado no excesso de
intervencionismo perante o modelo liberal e este resolve abdicar do trono em função de seu
filho, D. Pedro II, e regressar a Portugal.
Uma das justificações apresentadas para esse retorno, era de que ele seria o
legítimo sucessor - poder da lei sucessória, tinha enviado um pouco antes um texto
constitucional - Carta Constitucional, muito semelhante à que foi publicada no Brasil, e
também sua filha. Esta destinava-se a manter presente no país a ideia de que sua
legitimidade, mesmo que posta em causa deveria ter sido transmitida para a filha e não para
o irmão e também como justificação para manter uma proximidade com a política
portuguesa. Houve um acordo entre o imperador do Brasil e o irmão, no sentido de que ele
viria no futuro logo que ela ficasse maior a casar com ela, de forma que ela fosse a rainha e
ele tivesse no poder por ela. Provavelmente, não havia uma intenção de concretizar,
apenas para manter pacífica a presença dela em Portugal.
Ao deixar sua substituição ao filho e se aproximar daqueles que estão mais
próximos dos pensamento liberais do que absolutistas e fazer-se reconhecer como rei de
Portugal. As coisas avançam nesse sentido, e vem com o fim de depor o irmão, que
assumiu o trono abusadamente. Numa base de certa forma revolucionária - campeão do
liberalismo, para restituir esse sistema que estava sendo posto em causa pelo rei D. Miguel.
Ao usar esse argumento estava no fundo a fazer-se esquecer que colocou-se numa posição
contra PT ao instituir a independência do Brasil.
D Miguel estrutura o poder no país e muitos dos que apoiavam D Pedro deixam de
arriscar politicamente e saem do país e passam a se concentrar em Londres. Quando
chega na Europa, não tem hipótese de ir para Portugal, porque seus apoiantes estavam
exilados. Mas em função de algum auxílio, desembarca-se na Ilha da Terceira (Açores), a
qual considerava fiel à D. Pedro I e começa a organizar o futuro desembarque de um
exército em PT para tomar o poder. Contava com seus apoiantes na Inglaterra e de
estruturas econômicas (ex. bancos) importantes de Londres que sentiam a política futura
de D. Pedro lhe seria favorável se viesse a governar o país. Forma um exército com
mercenários (financiados por Londres), apoiantes da ilha e alguns outros que formam uma
expedição em Porto, o qual forma a força de entrada de D. Pedro V iniciando nessa altura
uma guerra civil entre essas forças de D. Pedro e aquelas que se defende ele e as forças
do país controlado por D. Miguel.
Essa guerra se arrasta por muito tempo, com características muito complexas, na
mesma família poderiam ter posições diferentes e que eventualmente se matavam. Há um
colapso das forças de D. Miguel, quando D. Pedro consegue abrir uma frente de batalha do
sul do país e faz as tropas de D. Miguel dispersarem e com isso a Inglaterra apoia D. Pedro
e ao fim de algum tempo (2 ou 3 anos), a vitória é de D. Pedro. D. Miguel exila-se na Áustria
e D. Pedro passa a governar em PT como D. Pedro IV.
Começa uma nova Constituição em 78, com mais poderes do que a Carta
Constitucional. 4 poderes. Incluía o poder moderador. Enquanto na tríade L-E-J, o rei
apenas representava a nação, mas com o moderador tinha poder própria para tomar
decisões, intervir/escolher os governantes, os quais eram subordinados ao rei e não ao
povo. E esse sistema cria raízes e dura até mais ou menos 1910 (República).
Impacto do ponto de vista jurídico. Enquadramento do funcionamento da sociedade
e concretiza a intervenção do poder através de leis. O liberalismo é totalmente a favor de
leis, como instrumento da governação.
Corrente jurídico-política positivista → lei como única forma válida de criar normas.
Passou por várias etapas, e a mais característica dessa época, é o positivismo legal. A lei
como emanação do povo, reprodução da razão do povo, esta vista como poder absoluto. O
povo transfere seu poder para a Assembleia (não chamada assim na época).
Fatos importantes da passagem do rei (modelo absolutismo) para o liberalismo: -
escolha dos juízes, que antes cabia ao rei, para uma descentralização do poder, com uma
autonomia teórica, sistema de divisão de poderes, que significa a criação de dificuldades de
tomada de poder por um desses.
As primeiras medidas jurídicas relevantes, são tomadas ainda com D. Pedro na Ilha
Terceira. Que elabora diplomas, que não vigoravam porque não havia território, mas ficam
ali de conserva a espera do primeiro momento que pudessem ser aplicadas, ou seja,
quando ganhasse de D. Miguel e assumisse o poder. Como isso aconteceu, esses diplomas
serão aplicados - no todo ou em parte, em Portugal.

Aula 33. 11/5 OT


Não teve aula.

Aula 34. 12/5 T


Teste 1.

Aula 34. 18/5 T


Época pós guerra civil
No momento em que D Pedro ainda estava na ilha (governo exílio), criou algumas
leis por parte do então 1º ministro escolhido pelo futuro rei, mas que não tinha aplicação
uma vez que dominava apenas uma parte da ilha. Ficaram como esforço de preparação do
que mais tarde seria o governo e como expectativa do que viria acontecer.
A guerra civil foi muito dura e violenta, na qual a ideia de que em Portugal tudo é
bem suave, a violência nunca é levada a níveis elevados é um mito urbano, porque levou a
uma clivagem muito grande das elites e da população, sendo mais forte naquela. Na
população tendia a dar apoio a quem tinha intervenção no poder em cada zona. Era a elite
que estava ligada na estrutura governativa do país, dividindo-se entre elas, inclusive dentro
das próprias famílias. Essa cisão era até mesmo programada, de forma, que a parte que
apoiasse o vencedor ajudasse posterior a outra que perdeu.
Quando o novo governo se instituiu, naturalmente, que o trabalho feito na Ilha
Terceira foi aplicado. Mouzinho da Silveira (?) ficou encarregado de organizar e pôr em
prática se não todos, alguns dos projetos de leis que foram elaborados anteriormente.Era
um conjunto muito grande de diplomas, mas nem todos foram aplicados. Há alguns com
mais relevâncias que outras, que marcaram a evolução jurídica do país. Outros foram muito
criticados por serem muito ideológicos com os desígnios liberais.
O conjunto principal foi aquele que teve por objeto a reorganização do país em
termos administrativos e econômicos. O sistema liberal é aquele favorável é aquele
disponível à iniciativa privada. Houve também a extinção dos forais, desde muito tempo já
não havia muita necessidade deles e o contexto era diferente do momento do seu
surgimento - atrair população e fixar as limitações com as entidades concedentes
(Rei/nobreza/clero), bem como estabelecer liberdades à ela, ao pouco foi degradando
porque com a evolução dos tempos deixou de ter conteúdo. D. Manuel reformou os forais,
praticamente tornando-os vazios, mas manteve para garantir a identidade do povo (a
reforma foi exigida por eles), viam no foral como uma carta que diziam que tinham uma
identidade própria e uma certa capacidade de intervenção, quase como a uns pertencem a
um clube x e isso dá um status diferente.
Mouzinho da Silveira entendeu que chegou na altura de extinguir os forais. O
contexto é: estamos num momento de caráter ideológico, embora tenham apresentados
justificações económicas e sociais, que não tinham essa relevância para efetivamente
extingui-los. O objetivo real era que sabiam que o governo liberal precisava se sentir muito a
vontade para introduzir as reformas que eliminavam o modelo do despotismo iluminado e
não focos de conflito. As populações do interior eram na sua maioria conservadoras, e a
ideia de que os Concelhos eram ilhas dotadas de autonomia, apesar de que na prática
ainda não ocorria, podia gerar uma colisão entre o poder central e os locais para
controlarem a adaptação do novo processo com a ideia dessa falsa legitimidade própria dos
cidadãos.
Na prática o governo fazia o mesmo do despotismo iluminado, mas sob uma capa
diferente. Nessa época distribui uma série de títulos de nobreza (títulos liberais) aos Amigos
de D. Pedro, àqueles que apoiaram de alguma forma a guerra civil. Surge a nova elite que
como a anterior queriam controlar o país. Há a proibição do enterramento dentro das Igrejas
- não era uma prática feita desde o início do Cristianismo, mas em algum momento surge
essa tradição de enterrar do lado ou dentro da própria Igreja (no chão dela). Com o advento
da ciência viu como prática não higiênica, mas a população ainda via como algo acolhedor.
Quando houve a proibição e criou os cemitérios fora da zona de moradia, não houve uma
aceitação da população - Revolta da Maria da Fonte, inclusive com repressão da população
com violência.
A argumentação para cancelar os forais, eram que esses eram documentos
medievais e para dominação/exploração dos povos menos favoráveis. Não é obviamente a
justificação verdadeira, mas não deixa de ser verdade que isso ocorria, uma vez que eram
documentos feitos por privados que deixavam claramente a sucessão/consignação de que o
concedente tinha por ex, colher primeiro as oliveiras para fazer o azeite e só depois que o
restante da população poderia fazer, é irrelevante a matéria-prima, o importante é saber que
há prerrogativas especiais para o concedente da terra. O rei também havia, mas não tantos.
Extinção do morgadios. Expressão morgado - filho mais velho. Concessão de terras
para esse morgado. Embora já existisse regras sucessórias para divisão do bens após a
morte, era uma prática corrente/consuetudinária que o autor da herança tomasse medidas
que criasse exceções para a distribuição do patrimônio aos herdeiros. Essas exceções
remetiam que houvesse uma identificação de um conjunto de bens próprios, ex. terrenos,
quintas, casas e através de um ato formal, indicavam esses bens, institui uma espécie de
uma universalidade de bens que seriam sempre herdados por uma pessoa específica, por
ex. o filho mais velho. Os demais poderiam ser divididos conforme as normas sucessórias.
A ideia era representar o nome da família, uma espécie de linha familiar para suportar as
despesas inerentes ao estatuto da família, que com base na receita gerada por esse
patrimônio poderia sustentá-lo.
Esse ato era perpétuo, ou seja não podia ser dissolvido nas gerações anteriores,
nem os outros herdeiros poderiam destruir o vínculo, inclusive o próprio morgado. Só se
extinguia se não houvesse herdeiros,e nesse caso, passavam a ser bens do Estado.
Também numa situação de crime de oposição ao rei, esse morgadio poderia ser retirado.
Em compensação, esse conjunto de bens poderia ser aumentado com as gerações. Essas
terras, na maior parte dos casos estavam improdutivas, porque não poderiam ser vendidas,
só podiam ser exploradas por meio do arrendamento, e portanto, havia uma grande
quantidade de terras vinculativas à hipoteca ou ao morgadio. Mouzinho da Silva extingue
esses morgadios e há quase uma reforma agrária. Temos aqui uma medida econômica
ligada a agricultura, muito importante.
Outra medida também importante refere-se às terras da Coroa. O rei podia atribuir
terras da Coroa a determinado detentor, para exercer os direitos de exploração/usufruto
(não havia transferência de propriedade), de forma perpétua. Mouzinho da Silveira também
intervém nisso, e com isso, coloca no mercado uma série de terras que passam a poder ser
vendidas, ou passam para aqueles que exploravam a terra por algum tempo e com isso,
reorganiza a agricultura do país.

Aula 35. 18/5 OT


Há aquelas duas medidas relevantes do ponto de vista jurídico: i) extinção dos forais
e ii) extinção dos vínculos e as chamadas terras da Coroa (quase como uma reforma
agrária). Todo o modelo de funcionamento liberal mostra o pouco apreço que o governo
tinha pelo modelo autonómico dos concelhos, começam a surgir os modelos de
funcionamento do país, mas não com os concelhos como ilhas de liberdade. o modelo
liberal foi baseado no modelo napoleônico, o qual era extremamente interventivo, com
pouco espaço para a população se manifestar. O que é paradoxo frente ao liberalismo. Isso
é apenas uma forma muito simplista de ver.
O liberalismo é a instituição dos direitos, liberdades e garantias formais, e já começa
com o direito de voto que era baseado no sistema censitário. Ou seja, essa lógica referia
que em teoria todos são iguais e tem direitos políticos, todavia na prática muitos não
preenchem os requisitos para decidir o que é bom ou mau, por ex., se a pessoa não pode
escrever, como vão voltar? Se as pessoas que não são senhores de si (trabalhadores por
conta de outrem), as mulheres, os militares, etc. Isso significa que pouquíssimas pessoas
votavam, mas não estão preocupados com isso. Estão interessados no que é conveniente
para a camada de burguesia próxima ao rei.
Acabaram com o sistema de ordem, e começaram o de classe. Logo, permitiu que a
burguesia ascendesse ao topo e conseguisse acessar o poder, o que antes não era
possível. Há uma diferença muito grande, entre o que estava na mente dos revolucionários
da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e o que ocorreu em sentido. O
que vence é a versão individualista da liberdade, o Estado não se preocupa com as
pessoas para propiciar condições para ela melhorar sua vida, isso é problema dela. As
vertentes sociais e igualitárias ficam apenas em teoria, o Estado ainda não se assume como
transformador da sociedade para ascender aquelas pessoas que estão em situação pior.
O liberalismo mudou muita coisa na aparência, mas pouca na substância. Os
grandes amigos de D. Pedro receberam títulos de nobreza. Ex. Cais de Sodré, Sodré era
um indivíduo da nobreza ligado aos descobrimentos. Seu nome real é Praça Duque da III, o
que é um amigo de D. Pedro, bem como Duque de Saldanha. Foram militares que lutaram
pelos direitos de D. Pedro, não eram populares. Alguns não vinham da nobreza
propriamente, mas da burguesia que recebiam títulos. Criou-se um ponto de partida, houve
mudanças nas elites, mas não há uma passagem de uma sociedade autoritária para
democrática. O que pensam da lei é a mesma coisa, apenas com uma Constituição agora.
As Ordenações Filipinas continuavam em vigor, porque o debate não deu certo. O
Código Civil de Napoleão era o que estava na moda na época. Esse CC foi feito numa
edição pequena, versão de bolso, e esse livro era usado pelos soldados, porque onde
estivessem os exércitos de Napoleão, espalhavam o Código Civil. A Inglaterra sempre
ajudou Portugal, quando era vantajoso para ela, quando o Junot entra em 1808, ao mesmo
tempo que a Coroa se preparava para sair , vai uma delegação para saudar a entrada de
Napoleão para dar as boas vindas das ideias de liberdade, com um futuro melhor mas que
variava muito com cada indivíduo. Mas essa liberdade era muito formal, porque o Estado
não impedia, mas também não ajudava.
O Código Civil de Napoleão era conhecido por toda a Europa. Os soldados traziam o
CC como livro de bolso. Começam a pensar na codificação, transposição para um texto
único das leis de toda a matéria. Era o que os franceses fizeram. Na maior parte dos países
da Europa começam a utilizar o CC, em Portugal não. Junot tentou sua aplicação, inclusive
mandou traduzir para PT. As elites dominavam o francês, de qualquer forma. Começa a
codificação em Portugal que viria a revogar parte das Ordenações Filipinas e as leis avulsas
posteriores.
O primeiro esforço é a Constituição de 1822, mas que não é chamada de Código,
logo inicia-se o período com o Código Comercial (1833). Um pouco incipiente, primeira vez
que tem uma obra única as leis do comércio.Não havia muita legislação portuguesa, a Lei
da Boa Razão permitia usar as leis dos outros países, mas em geral era consuetudinário.
Não queriam aplicar o CC francês, em função da sua relação com a frança.
Surge o Código Penal em 1852, que já tinha o humanitarismo. Códigos
Administrativos há muitos, porque dependiam do governo e cada nova nomeação mudava.
Os Códigos de Processo foram a mesma coisa. Por muito tempo não se distinguia matéria
penal de civil, e demora um tempo, apenas no final do séc XIX que se separa. Chamavam
Reformas Judiciárias (Reforma, Nova Reforma, Novíssima Reforma). Só na metade do séc
XIX que aparece um Código de Processo Civil.
Finalmente, surge o Código Civil, também conhecido como Código de Seabra, que
foi um projeto proposto à Corte - não foi o único, porém este que foi aprovado em 1967.
Naturalmente que esse Código tem uma influência francesa, mas nem de perto é uma cópia
ou adaptação de Napoleão. A estrutura geral é completamente diferente, e inclusive parte
ainda está em vigor na Índia. O CC é que valoriza a propriedade, a liberdade enquanto vetor
econômico, de cada um possuir bens e enriquecer. É o tal liberalismo individualista. O CC
entra em vigor e no mesmo dia, é aprovado um diploma que aboliu a pena de morte em
Portugal, ficou apenas para os crimes de guerra, mas quanto pena civil é em 1 de junho de
1967. Mas não tem nada a ver um com outro.
No séc XIX há um segundo Código Comercial, de Veiga Beirão, algumas partes
ainda continuam em vigor. Em geral, os Códigos começam a ter outras versões, sendo o 2º
CC influenciado pelo BGB na Alemanha.
Aula 36. 19/5 T
O Código Civil de Seabra está dividido em quatro partes. Não segue o modelo
alemão, que é uma novidade nessa altura - reuniu na parte geral, independente da matéria
que se trata, o que é comum a todas elas.
Já o CC de PT, foi dividida com base na linha romana, Parte I Capacidade Civil,
depois na segunda parte, tem a ver com aquisição de direitos - atos entre vivos, ou mortis
causa, todo um conjunto de institutos que envolve processo de aquisição, bens, garantias,
contratos, obrigações, testamentos, direitos sucessórios, casamentos. Parte III O direito de
propriedade, hoje está com a parte dos direitos reais, mas essa parte é uma novidade.
Parte IV - Ofensa de direitos e sua reparação. A parte mais importante é a do direito de
propriedade.
Está tratada de uma forma autónoma. Isso só pode significar que era atribuída uma
grande importância a tal direito. E tendo como base o contexto do liberalismo, faz total
sentido. Tendo como base a proteção dos direitos dos indivíduos.Diferente dos direitos
sociais, ex. direito de habitação, que está voltado às famílias, perspectiva numa convivência
das pessoas na base de igualdade. O socialismo começou com vários autores discutindo
justamente essas questões, o que culminou no surgimento da União Soviética em 1917.
Mas essa divisão liberal, o direito propriedade era a essência do próprio liberalismo, no
sentido de que a propriedade garante sua forma de exprimir mais forte perante o Estado na
época.
A lógica do Código de Seabra está dentro da linha do Código Napoleônico. O
sistema mais socialista, e geralmente diz que reflete num direito civil diferente, mas na
verdade tende a restringir as circunstâncias de aplicação do direito e não a existência dele.
Definir áreas da economia para o Estado e aqueles para o direito privado, o que se aplica o
direito civil. Durante o séc XIX vão surgindo os outros Códigos, por ex., o código penal em
1962, com a lógica humanitarista, o Código do Processo e o Código Comercial - que
baseava muito no comércio marítimo, que estava muito no costume, e em função da
necessidade é a primeira surgir, e em 1900 e pouco surge o 2º.
Hoje temos muito código com mais matérias abrangidas.

Aula 37. 25/5 T


Profº abriu para dúvidas antes da prova.

Aula 38. 25/5 OT


Teste 2.

Aula 39. 26/5 T


Fim do regime monárquico. Desde de 1815, tem um regime monárquico constitucional, com
um viés democrático. De qualquer forma, era um regime liberal com eleições com
deputados que saía o Parlamento, com o nome de Corte. Em 1910, através de um golpe
militar, o partido republicano consegue falar seu ponto de vista. Ele existia na monarquia,
estava representado no Parlamento.
O partido republicano não era com grande representação parlamentar, não tinha um
peso muito elevado, embora na época existisse uma instabilidade grande a nível das
próprias Cortes, tinha ocorrido um governo alterando entre as Cortes com um sistema
alternativo que com isso havia um equilíbrio que desapareceu e foi aproveitado por certos
segmentos da sociedade para fortalecer seu modelo anarquista. Realizam manifestações
violentas, sem estrutura centralizada, com a ideia de que o Estado não deve existir, deve
ser combatido. Tinham muita capacidade de produzir instabilização, estava organizado em
pequenas células.
A revolução não foi feita pelos anarquistas, porque eles eram simplesmente contra o
Estado, mas esse grupo pequeno republicado era contra a monarquia. Acabou por ter
sucesso, foi quase por acaso que acabou por vingar. A instabilidade gerada pelos
anarquistas desestabilizava e desacreditava o governo, criando uma hostilidade ao sistema
monárquico. Junto com isso, os reis da época eram fracos.
Na fase final, D. Carlos, ainda tenta reorganizar o país, criando uma série de
governos de iniciativa régia, a qual era permitida em determinadas situações e de certa
forma limitada o governo presidido por ele. Em 1908, em meio ao contexto apresentado,
havia um ambiente de tensão e isso vem culmina no assassínio do rei e do príncipe
herdeiro. O filho, D. Manuel e a mãe sobrevivem, mas o caos estava instalado, e o filho era
muito novo e apesar de não ter legitimidade para tal, assume o poder. Ocorre 2 anos, a
revolução republicana e eles se exilam na Inglaterra.
Inicia-se o sistema republicano em Portugal. Ocorre uma mudança relevante na
forma de organizar o poder, rapidamente o partido republicano passa a ser um grande
partido. Inicia-se um governo de Afonso Costa, 1º ministro e chefe do governo republicano.
Governa até 1926, com um período ditatorial no meio. Se introduzem modificações com a
forma que se relaciona com a sociedade civil e com a Igreja.
A partir de 1920, apesar das relações entre o Estado e a Igreja tivessem já se
distanciando, mas Afonso Costa começa uma ruptura total com a Igreja, defendendo a
liberdade religiosa, que apesar de já existir formalmente, na prática havia certa perseguição.
Quer deixar a Igreja de forma residual apenas no plano espiritual com seus crentes, sem ter
espírito público. O país ainda era dominado pela Igreja, e começa a criar um divórcio entre a
população e o governo, que não desistia dessa separação. Trata-se de uma postura atéia e
dominada por peso de lojas maçônicas vindas da França, ligadas à Revolução Francesa.
Após a revolução ainda se mantém a instabilidade com base nessa ruptura com a
Igreja, e sua postura de intolerância total perante a Igreja. Temos as leis de separação da
Igreja e do Estado. Há também algumas medidas para a laicização para questões públicas,
ex. registro civil (óbitos, nascimentos e casamentos) que era responsável era a Igreja,
criado com o Concílio de Trento na contra reforma ao Luteranismo. O pároco que registrava
o nascimento, o casamento e o óbito de cada pessoa. Mesmo em nível civil se requeria ao
sistema da Igreja. Mas isso era absolutamente contra o regime republicano, e por isso, cria
um registro civil em 1910-1911. É uma iniciativa importante. Não há um processo de criação
de lei ou codificação inovador na época.
Esse sistema republicano, com altos e baixos subsiste até 1926, sendo que em 1918
há um golpe militar chefiado por Sidónio Pais, dura muito pouco tempo, porque ele é
assassinado e regressa o modelo anterior, porque os militares não encontraram ninguém
para continuar a ditadura. Em 1926, há a Revolução de Maio de 1926, há um
pronunciamento militar e até 1928, há um período transitório até a assunção do governo por
Salazar. A Revolução já tem um pendor autoritário, mas a ditadura só vem a surgir quando
Salazar vem assumir a presidência de conselho de ministros, e governa até 1969, que seria
substituído por Marcelo Caetano.
No ponto de vista organizativo, houve reformas relevantes. É criada a 5ª
Constituição de Portugal em 1933, que ficou em vigor até 1976 (atual). Tinha características
diferentes da republicana.

Aula 40. 01/6 T


última aula. Passagem da 1ª república para a 2ª. Entrada com o presidente do Conselho de
Ministros. António de Oliveira Salazar, e com isso ficaria até 1969. Em seguida, entra
Marcelo Caetano.
Mudança inicia-se por golpe militar, cujos oficiais se manifestam contra o descontrole
ocorrido durante praticamente todos os anos da 1ª república, que se concretizaram em
clivagens muito fortes nos segmentos da sociedade. Criam uma nova constituição, a qual
torna-se bicameral. Existência de duas câmaras, atualmente tem apenas a Assembleia dos
Deputados. O processo legislativo passa por 2 assembleias.
Esse sistema tem suas especificidades. As duas câmaras têm funções bastante
diferentes, uma é a Câmara dos Deputados, em que formalmente são eleitos. Embora,
exista a presença de partidos, há um controle muito grande da liberdade política. Os
partidos só podem ser criados com autorização. Estilo autoritário que estava em alta na
Alemanha (2ª guerra mundial). Líderes populistas e só podem ser classificados de direita,
porque são anti-comunistas, todavia, são extremamente intervencionistas. Constituição
muito controlada. O regime em PT foi fortemente autoritário, mas longe do que se passou
na Alemanha e na Espanha.
Na Espanha, houve uma tentativa de criar uma república semelhante a Rússia, o
que poderia ter ocorrido em Portugal, mas com a Revolução de 1927, Salazar barrou todas
as influências comunistas. A segunda Câmara era chamada de Corporativa, no sentido de
Corporações. Nome não é inédito no país. Anteriormente, tinha ideia de espécie de ordens
profissionais e controlavam o bom funcionamento da profissional/área, também tinha as
GUILDAS do comércio marítimo. A sua função era dar parecer das leis, os participantes
eram parte de corporações (ex. faculdades, agricultura, indústria, investigação, as grandes
áreas da atividade que tinham órgãos próprios que tinham funções nessas áreas, que
indicavam pessoas para essa área).
Sendo os deputados vindos do único partido da época, as ideias não poderiam
surgir por livre e espontânea vontade. Na prática, funcionava através de um sistema de
controle do exercício do poder a nível local que exerciam a função de procuradores, como
também as estruturas dos Distritos e Concelhos eram emanações do poder central. Não
havia possibilidade de eleição dos órgãos intermédios. Inspiração do modelo napoleônico
que Mouzinho da Silveira quis introduzir. Portanto, temos um sistema de controle de poder
no país e sistemas de informações muito desenvolvidos semelhante à Alemanha nazista e
URSS. Polícia nacional de defesa do Estado → polícia política que reunia informações
sobre aqueles que tinham atuação política contrária ao Estado.
Este modelo, portanto, fortemente intervencionista vai manter o poder relativamente
bem controlado durante um bom tempo e só deixa a existir em 1964.
Que tipo de relacionamento o Estado faz com a Igreja e a economia?
Igreja. O Estado quer eliminá-la como manifestação pública, reduzindo-a a uma plano
particular. Durante os sécs. XVIII e XIX é que ocorre o fenómeno de Fátima (1ª república), e
reúne multidões e o governo vê naquilo como uma montagem política pelas forças
anti-republicanas, para criar um polo de oposição ao governo. Nos primeiros tempos do
fenómeno de Fátima, é complicado. Com o tempo, passam a tolerá-lo. No governo de
Salazar há uma postura contrária, no sentido de respeito e distinguir a Igreja e o Estado
com algum distanciamento. Concordata em 1940. Santa Sé e Salazar. Acordo que visava
facilitar determinados efeitos em relação aos casamentos, o reconhecimento por parte do
Estado da validade civil dos casamentos celebrados pela Igreja. Essa medida significava
que quem quisesse celebrar seu casamento através da Igreja, o casamento celebrado na
igreja valia perante a sociedade civil, logo, não teriam que se casar 2x. Basta enviar uma
certidão para o registro civil (criada na 1ª república em 1811). Exigiam os mesmos
requisitos do casamento civil. Ainda hoje está em vigor.
Outros aspectos que já foram revogados: (i) questão do divórcio, segundo o Direito
Canónico, define a Igreja o casamento celebrado por ela como indissolúvel, todavia, podia
ser declarado nulo e com isso cessa seus efeitos, se demonstrado que não se verificava
certos pressupostos essenciais (se as pessoas não conheciam os pressupostos, por ex), e
com isso deixava de existir também no âmbito civil. Após 1967, passou a permitir o divórcio
na esfera civil. (ii) elaboração de lei-quadro de organização do condicionamento industrial,
exclusiva aos governos totalitários, colocava a disposição do governo a criação de
indústrias. A ideia era que os projetos industriais fossem limitados no tempo e no espaço,
no fundo lembra os Planos Quinquenais da União Soviética.
Nessa altura, Portugal era um país pouco industrializado, e com 3 pólos industriais
(sul do Tejo/margem sul, petroquímica em volta do Porto e a siderurgia nacional, estaleiros
de aveiro, enfim, meia dúzia de coisas que surgiram). A tentativa era não acumula a
indústria no mesmo sítio. Na prática, essa lei criou entraves grandes na industrialização do
país.

Aula 41. 01/6 OT


Aula passada: Concordata. Constituição. Lei Industrial.Código Civil.
Desde que a codificação se iniciou no séc XIX, as atualizações foram surgindo a
medida da necessidade. O grande código do séc XIX foi o CC e no Estado novo também
teve a mesma relevância. Porque se elaborou um novo código civil? Porque o primeiro foi
feito com base no código francês, e com a chegada do séc XX começou a entrar em
desuso, e o modelo alemão, feito na 2ª metade do séc. XIX, feito com muito estudo dos
juristas alemães - pandectas, tinha uma parte geral que tinha a essência que se aplica a
todas as áreas do código civil. Não é propriamente uma novidade, não é algo inventado
pelos alemães. Por ex. Teixeira de Freitas,em 1900 e pouco, Brasil já propunha a criação
dessa parte geral.
A partir daí, os países que não tinham um código, preferiram usar o modelo alemão
como base e no momento do estado novo, houve uma pressão para atualizar o CC com
base neste modelo, o que efetivamente ocorreu em 1966. Esse CC era a grande inovação
na esfera civil. Além disso, no contexto externo havia um conjunto de províncias
ultramarinas até 1964, que Portugal exercia um poder. Índia não era uma província e sim
um Estado, porque tinha um vice rei. O Código Civil de Seabra foi aplicado em todos os
territórios.
Com a independência dos países, entre eles, o Estado da Índia (1961), a vigência do
CC não foi revogado na totalidade, porque a maior parte da população estava ligada à
Portugal desde 1506 e por isso, não haviam muitas ligações com a cultura/jurisdição
indiana, a tradição local estava mais habituada ao sistema civil de portugal, e ainda se
mantém em vigor para uma parcela da população.
O Código Civil já teve várias reformas, ainda mais com a Constituição de 1976, entre
eles, na questão do casamento em função da igualdade entre os cônjuges e também nos
direitos reais. Houve também algumas saídas de matérias, por ex. enfiteuse, distinguia
quem trabalhava na terra e quem era proprietário. Distinção entre quem podia usar e quem
era proprietário, mais garantias de quem era arrendatário. Tinha uma carga negativa muito
forte, e acabou por ser substituída pelo arrendamento. Grande reforma de 1977.
O que foi percebendo é que a medida de tempo foi aumentando os segmentos que
transformaram em códigos pequenos, por ex., Código das Sociedades Comerciais, Código
dos Valores Mobiliários. Além disso, houve a entrada de Portugal na União Europeia, o que
implicou a perda da soberania e um aumento no conjunto das normas, incluindo um direito
supranacional. Há também os soft laws, não tem forma de lei, mas por questão política
acaba por afetar com a mesma força de lei, ex. as recomendações das instituições, por ex.
da Comissão Europeia.

Aula 42. 02/6 T


Aula apenas para dúvidas.
Resumos
Livro base: História do Direito
Português. Nuno J. Espinosa Gomes
da Silva. 4ª ed.
Fontes de Direito.
I. Período de Direito Consuetudinário e foraleiro
(1140-1248)
1. Fundação do Reino de Portugal em 1112
Por D. Teresa até 1128. Depois Afonso Henriques. Ele passa por um processo de
ser reconhecido por rei (rex) internamente, o que nos anos de 1140 já possui. Seu
foco então é no plano externo e para isso, presta juramento de vassalagem ao papa
Inocêncio II para obter dignidade régia, bem como proteção da Santa Sé. Isso só
ocorre em 1179. Igreja tem que reconhecer a autoridade soberana que Deus criou
na terra.

2. Características do direito nesse período: predomínio do direito


consuetudinário
Uma vez que o poder político estava concentrado a prossecução de uma guerra de
Reconquista (invasão muçulmana), abalos sociais, nobreza focada no militarismo e
o rei era visto apenas como observador e não criador do direito, há o florescimento
do direito consuetudinário. Este é formado com várias influências, entre as quais:
- Influência germânica. Código Visigótico.
- Experiências jurídicas pré-romanas.
- Influência muçulmana. Ex.: vocabulário técnico jurídico.
- Elemento franco.
Além disso, surgem novas instituições (aspectos inéditos). Concelho → novas
populações em que seus habitantes, longe da autoridade régia, se reúnem para
prosseguirem os interesses comuns, ou povoações em que existe autoridade que,
encontrando-se ocupada com os aspectos militares, abandona os problemas correntes de
administrativa a uma assembleia deliberativa.

3. Código Visigótico
Utilizado de forma vulgata, ou seja, como costume. Será aplicado em julgamentos e
em documentos como citações para demonstrar a legalidade de tal negócio jurídico. Pode
ser uma citação genérica, específica ou apenas que o notário tem a posse do livro.
Presença forte no séc XII e finda no XIII, em detrimento da força do direito costumeiro e do
aparecimento de leis da monarquia.

4. Costume. Foros ou estatutos municipais


Provinham da (1) prática repetida de certa conduta por um determinado aglomerado
populacional; (2) regras e posturas, originadas em reuniões de vizinhos ou magistrados
locais; (3) sentenças da Cúria Régia (costumes da Corte), de juízes municipais e arbitrais
que passavam a constituir precedente vinculativo e talvez até, de pareceres de
jurisconsultos. Casos notáveis = façanhas.
Era reconhecido pelo poder central e difícil de ser modificado por eles. Inclusive era
citado na concessão de forais.
Podiam ser costumes gerais aplicáveis em todo o reino (ex. costumes da Corte),
mas em geral eram locais - cada população tinha seus costumes (foros).
São pequenos códigos que se propõem abarcar a vida local, quer de caráter
jurídico-público, quer privado.

5. Cartas de privilégios
6. Leis da Cúria de Leão e dos Concílios de Coiança e Oviedo. Leis
gerais dos monarcas portugueses
7. Concórdias
8. Direito canônico
II. Período de influência do Direito Comum
(1248-1750)
A. Época da recepção do direito comum (1248-1446)
1. O afastamento de Sancho II. Sacerdotium, Imperium e Regna no
pensamento medieval.
2. O Renascimento do século XII.
Surgimento da cidade. Fortalecimento da economia com os comerciantes/burgueses que
também eram guerreiros. Cidade como um indivíduo político e pessoa moral. Mudança no
conceito geral de vida, com mais independência e otimismo. Crescimento da população. O
universo urbano não acabou com a aristocracia feudal nem a Igreja. Foram na cidade, que
surgiram quantidade de dinheiro e riqueza imediatamente disponíveis até então
desconhecidos.
“É a cidade, o comércio e o mercado que vão fazer explodir a economia e que vão
requerer o aparecimento de um Direito que tenha potencialidades para acompanhar
a vida económica e social.(...) É na cidade que podem existir e subsistir juristas.”
Com isso há o renascimento bolonhês do Direito Romano.
3. Renascimento do direito romano. Escola dos Glosadores: formas
literárias utilizadas. A sistematização medieval do Corpus Iuris
Civilis.
4. Outras formas literárias
5. Acúrsio e a Magna Glosa. Pós-acursianos e Comentadores
B. Época das ordenações (1446-1750)
1. A dinastia de Aviz e as primeiras tentativas de sistematização das
fontes do direito.
2. Ordenações afonsinas
3. Direito subsidiário nas Ordenações Afonsinas. Pluralismo de
fontes e sua hierarquização.
4. Ordenações Manuelinas
III. Período de influência iluminista (1750-1820)
IV. Período de influência liberal e individualista
(1820-1926)
V. Breve consideração sobre as fontes no
Código Civil de 1966

Questões de prova
1.Quais os fatores que contribuíram para a
difusão, em Portugal, do Direito Romano no
final da Idade Média.
A Idade Média não foi sempre a mesma ao longo do período denominado por
este nome. Um exemplo disso é justamente que, com o aumento populacional e
consequentemente do comércio, dos centros urbanos e do capital disponível, a
exigência de normas regulamentadoras para esse novo contexto foi aumentando.
Junto com isso, o surgimento das universidades, principalmente a de Bolonha,
possibilita um estudo do Direito, o qual é feito com base no Direito Romano, os
textos de Justiniano e no Direito Canónico.
Surge então a escola dos Glosadores e dos Comentadores. A primeira,
responsável por traduz com pequenos comentários nas laterais dos textos - glosas,
daí o nome, e a segunda, a qual com base nas obras da primeira escola, discutem e
analisam criticamente os textos justinianos atualizando-os para o contexto da época.

2.Costume e costume judicial no quadro do


pluralismo medieval.
O costume, ou o direito consuetudinário, foi a fonte mais importante no início do
Direito Português. Neste período, compreendido entre a Independência de Portugal e a
conquista de Ceuta, houve uma falta de atenção do poder central à criação do Direito, de
forma que incentivou o povo a criar suas próprias regras. O conceito desta fonte pode ser
entendido como o direito que advém da prática continuada no tempo, mas pode-se
diferenciar o bom do mau costume, por ex. a justiça feita pelas próprias mãos. Ressalta que
as normas abstraídas dele eram consideradas leis.
Para ser considerado um bom costume deve ser constante por um longo período,
por ex. 10 ou 20 anos, devem estar de acordo com o direito natural - o qual nessa época
advinha de Deus/Igreja, considerado como aquele para a salvação da alma e ter o
consenso de toda a comunidade inserida. Além disso, poderia ser geral para todo o país ou
apenas local.
O costume judiciário, também como mencionado acima, advém da prática, porém
neste caso, da prática dos tribunais. No período medieval, haviam juízes nos Conselhos
(municipais), na Corte (Cúrias) e aqueles chamados alvedrios, que eram os juízes arbitrais.
É justamente com base nessa divisão que temos as façanhas, o estilo e os alvidros. As
decisões mais proferidas que passam a vincular os próximos julgados aquele entendimento.
Quando havia uma decisão notável, normalmente dos tribunais municipais, eram chamadas
de façanhas. O estilo refere-se às decisões repetitivas no Tribunal da Curia Regia e por fim,
os alvedrios às decisões dos tribunais arbitrais, normalmente relacionadas às atividades
marítimas e comerciais.

3.A lei no primeiro período da História do Direito


Português.
O primeiro período da História do Direito Português coincide do início do Estado
Português e por isso e também em detrimento da guerra da Reconquista com o povo
muçulmano, as fontes do Direito são diversas. Conhecido como período pluralista,
compreendido entre 1145 (há uma divergência entre a data da independência de Portugal)
e 1415 (conquista de Ceuta), a principal fonte é o costume, tendo a lei e as demais, como
direito canónico, muçulmano, romano, visigótico, caráter subsidiário.
A maior referência de trabalho legislativo vindo do poder central são as leis
elaboradas em 1211 no momento de posse ao trono de Afonso II, o qual aproveita a reunião
tradicional em momentos como esse, para resolver algumas questões pendentes e assim,
surge um trabalho conhecido como Cúria de Coimbra. A maior parte das leis deste reinado
estão concentradas nesse momento, e curiosidade, algumas privilegiavam o povo em
detrimento da nobreza, como por ex. a proibição dos casamentos forçados.
Como outros exemplos, podemos considerar os direitos outorgados pelo rei, por
exemplo, as cartas de privilégios quando emitidas por ele. Ademais, há nos séculos XIII e
XIV, o Livro das Leis e Posturas. Posturas consideradas no sentido de território de
aplicação, com o sentido mais local comparado às leis. Esta obra era basicamente um
amontoado de leis desorganizado. Em seguida, vem as ordenações de D. Duarte, mais
completa e dividida por reinados e matérias.

4.A família no Direito antigo português.


Tópicos para os Testes
Teste 1

1. O direito português nos primórdios Fontes.Costume. Leis


curiais anteriores à nacionalidade. O código Visigótico
(liberjudicum). Direito judicial. Costume da Corte.
Façanhas. Direito local e foraleiro: cartas de povoação e
forais. (MJAC, HDP, 5ª ed. ns. 28 e 29)

2. Direito local e foraleiro: natureza; conteúdo;âmbito de


aplicação Estatutos municipais. (MJAC, HDP, 5ª ed. ns.
28 29, 43)

3. A época de Afonso II e o início da legislação portuguesa.


A recepção do direito romano em Portugal. Principais
momentos. (MJAC, HDP,5ª ed. ns. 29 e 43)
4. A recepção do direito romano em Portugal.Continuação. A
implementação da legislação enquanto instrumento da
centralização do poder. O direito canónico na sua relação
como direito régio e romano (MJAC, HDP, 5ª ed. ns. 34,
35, 37, 41)

5. Início da sistematização do direito legal As Coleções


particulares de legislação. Livro das Leis e Posturas.
Ordenações de Dom Duarte (MJAC, HDP, 5ª ed, ns. 44,
46, 47, 48, 49,)

6. As Ordenações Afonsinas e Manuelinas, a Coleccãode


Leis Extravagantes e as Ordenações Filipinas. O direito
pátrio e o direito subsidiário (MJAC, HDP, 5ª ed, ns. 44,
46, 47, 48, 49, 53)

7. Outras reformas jurídicas nos séculos XV a XVII. ​A


reforma dos forais. A reorganização dos tribunais
superiores. A criação da Relação (MJAC, HDP, 5ª ed, ns.
52, 54)
8. A interpretação autêntica. Assentos. A reforma joanina da
Universidade. A segunda escolástica, a problemática do
direito natural e a dos direitos naturais. (MJAC, HDP, 5ª
ed, ns. 51, 55, 57 e 58)

9. O racionalismo iluminista. O despotismo


iluminado.Caracterização e ideias gerais. Humanitarismo,
uso moderno e jusracionalismo em Portugal no século
XVII e XVIII. A Lei da Boa Razão A reforma pombalina da
Universidade (MJAC, HDP, 5ª ed, ns. 59, 60). A tentativa
do Novo Código (MJAC, HDP, 5ª ed, n. 62)

Você também pode gostar