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Heloísa Oliveira
University of Lisbon
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Título
Tratado de Direito do Ambiente. Volume I
Edição
Carla Amado Gomes e Heloísa Oliveira
Revisão
Marlene Carvalho
Design gráfico
Jason Simões
Edição
CIDP - Centro de Investigação de Direito Público
ICJP - Instituto de Ciências Jurídico-Políticas
Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa
ISBN Ano
978-989-8722-49-2 Abril / 2021
TRATADO DE DIREITO DO AMBIENTE
ÍNDICE DO VOLUME I
Índice .03
Índice dos capítulos .05
Lista de autores .14
Mensagem do Coordenador Científico do CIDP .16
Mensagem das editoras .18
Listagem de abreviaturas .20
II. Os princípios do Direito do Ambiente .78
Heloísa Oliveira
III. A cidadania ambiental: informação, .125
participação e acesso à justiça em defesa do ambiente
Carla Amado Gomes
IV. Instrumentos de planeamento .175
Fernanda Paula Oliveira . Dulce Lopes
V. Instrumentos preventivos .210
Rui Tavares Lanceiro
VI. Instrumentos reparatórios .268
Heloísa Oliveira
VII. Instrumentos de desempenho ambiental .310
Hong Cheng Leong
3
TRATADO DE DIREITO DO AMBIENTE
IX. Instrumentos de mercado .405
Rute Saraiva
X. Instrumentos de controlo, fiscalização e inspeção .466
Ana Neves
XI. Contencioso ambiental .499
José Duarte Coimbra
4
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
I.
O OBJETO E A EVOLUÇÃO
DO DIREITO DO AMBIENTE
Carla Amado Gomes . Rui Tavares Lanceiro . Heloísa Oliveira
32
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
ÍNDICE
33
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
1
S. Bell e D. Mcgillivray. Environmental Law. 7.ª ed. New York: Oxford University Press, 2008, p.
18. ISBN 9780199211029; S. Coyle e K. Morrow. The Philosophical Foundations of Environmental
Law: Property, Rights and Nature. Hart Publishing, 2004, p. 134. ISBN 9781841133607; S. Elworthy
e J. Holder. Environmental Protection. Text and Materials. London: Butterworths, 1997, p. 65.
ISBN 0 406 03770 1.
2
R. N. L. Andrews. The EPA at 40: An Historical Perspective. DEL&PF. 2011, XXI (223), pp. 223-
258. ISSN 1064-3958 (print) ISSN 2328-9686 (online).
34
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
3
P. Sands, et al. Principles of International Environmental law. 4.ª ed. Cambridge: Cambridge
University Press, 2019. ISBN 978-1108431125; P. M. Dupuy e J. Vinuales. International
Environmental Law. 2.ª ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2018. ISBN 9781108423601;
T. Koivurova. Introduction to International Environmental Law. Routledge, 2013. ISBN
9780415815741.
35
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
4
Apesar de resultar da mesma conferência, não merece o mesmo destaque a Convenção das
Nações Unidas para o combate à desertificação.
36
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
5
O PNUD identificou, em 2007, mais de 700 acordos multilaterais ambientais no seu documento
de apoio Negotiating and implementing MEAs: a manual for NGOs.
37
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
6
P. Sands. Litigating environmental disputes: courts, tribunals and the progressive development of
international environmental law. 2007. Disponível aqui.
7
Cfr. A. Boyle. The Environmental Jurisprudence of the International Tribunal for the Law of the
Sea. The International Journal of Marine and Coastal Law. 2007, XXII (3), pp. 369-381. ISSN 0927-
3522 (print). DOI Disponível aqui.
8
G. Ulfstein. Treaty Bodies. In D. Bodansky, J. Brunnée, e E. Hey, ed. The Oxford Handbook
38
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
of International Environmental Law. Oxford: Oxford University Press, 2007, pp. 877-889. ISBN
9780199552153.
9
A atividade do IPCC pode ser acompanhada aqui: Disponível aqui.
10
J. Razzaque. Information, Public Participation and Access to Justice in Environmental Matters.
In S. Alam, et al., eds. Routledge Handbook of International Environmental Law. London/New York:
Routledge, 2012, pp. 137-154. ISBN 9781138838970.
11
D. Shelton. Human Rights and the Environment: Substantive Rights. In M. Fitzmaurice, D. M.
Ong, e P. Merkouris, eds. Research Handbook on International Environmental Law. Cheltenham:
Edward Elgar Publishing, 2010, pp. 265-283. ISBN 9781847201249.
39
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
12
C. Amado Gomes. Escrever verde por linhas tortas: O direito ao ambiente na Jurisprudência do
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. In Textos dispersos de Direito do Ambiente. III, Lisboa:
AAFDL, 2010, pp. 165-205. ISBN 5606939006615.
13
No caso 155/96. Cfr. C. Amado Gomes. Direito ao meio ambiente na Carta Africana dos Direitos
do Homem e dos Povos: direito do Homem, direito dos Povos ou Tertium Genus?, In C. Amado
Gomes. Direito Internacional do Ambiente: uma abordagem temática. Lisboa: AAFDL, 2018, pp.
97-117. ISBN 9789726292319.
14
Comentário geral n.º 36 (2018) [On article 6 of the International covenant on civil and political
rights, on the right to life (CCPR/C/GC/36)].
15
Comentário geral n.º 14 [The right to the highest attainable standard of health (art. 12)
(E/C.12/2000/4)].
16
A. Kiss e D. Shelton. Guide to International Environmental Law. Leiden/Boston: Martinus
Nijhoff Publishers, 2007, p. 225. ISBN 978-1-57105-344-2; S. Kingston, V. Heyvaert e A.
Čavoški. European Environmental Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 1. ISBN
9781107640443.
17
Veja-se, por exemplo, o Acórdão do TJUE de 7 de janeiro de 1985, Processo n.º C-240/83, sobre
a Diretiva 67/548/CEE.
40
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
18
C. Amado Gomes e T. Antunes. O Ambiente no Tratado de Lisboa: uma relação sustentada.
In Textos Dispersos de Direito do Ambiente. III. Lisboa: AAFDL, 2010, pp. 357-394. ISBN
5606939006615; A. Aragão. Anotação ao Artigo 37.o da Carta dos Direitos Fundamentais da
União Europeia. In A. Silveira e M. Canotilho, eds. Carta dos Direitos Fundamentais Da União
Europeia Comentada. Coimbra: Almedina, 2013, pp. 447-458. ISBN 9789724051208.
19
C. Amado Gomes. A protecção do ambiente na jurisprudência comunitária. Uma selecção.
In Textos Dispersos de Direito do Ambiente. III. Lisboa: AAFDL, 2010, pp. 103-160. ISBN
5606939006615.
41
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
20
C. Amado Gomes. Constituição e Ambiente: Errância e Simbolismo. In Textos Dispersos de Direito
do Ambiente (e matérias relacionadas). II. Lisboa: AAFDL, 2008, pp. 21-44. ISBN 9789726290391;
J. J. Gomes Canotilho. O direito ao ambiente como direito subjectivo. In Estudos Sobre Direitos
Fundamentais. 2.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2008, pp. 177-189. ISBN 9789723215939; J. J.
Gomes Canotilho. Estado Constitucional Ecológico e Democracia Sustentada. RevCEDOUA.
2001, IV (8), pp. 9-16. ISSN 0874-1093; J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira. Constituição
Da República Portuguesa Anotada. 4.ª ed. I. Coimbra: Coimbra Editora, 2007, p. 845. ISBN 978-
972-32-1462-8.
42
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
21
Como melhor se demonstrará infra, 3.
22
G. Di Plinio. Sei miliardi di ragioni. In G. Di Plinio e P. Fimiani, coord. Principi di Diritto
Ambientale. Milão: Giuffré, 2002, p. 2. ISBN 978-8814094392.
23
Cfr. supra, nota 3.
43
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
44
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
45
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
24
Sobre o princípio da responsabilização do Estado por danos ambientais transfronteiriços, veja-se
o Cap. II desta obra.
25
Vejam-se a CartaADHP, artigo 24º; o Protocolo de São Salvador, no âmbito da Convenção
Americana dos Direitos Humanos, no artigo 11º; a Declaração dos Direitos Humanos dos Estados
do Sudoeste Asiático, na alínea f) do artigo 28º.
46
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
26
Sobre este regime, cfr. o Cap. VI desta obra.
47
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
27
Sobre o artigo 66.º da CRP, ver, entre outros, J. Pereira Reis. Contributos para uma teoria do
Direito do Ambiente. Mem Martins, 1987, pp. 30 ss.; R. Medeiros. O ambiente na Constituição.
RDES. 1993, pp. 377 ss. ISSN 0870-3965; J. Miranda. A Constituição e o Direito do Ambiente. In
Direito do Ambiente. Oeiras: INA. 1994, pp. 353 ss. ISBN 972-9222-10-X; J. J. Gomes Canotilho.
Introdução ao Direito do Ambiente. Lisboa: Universidade Aberta, 1998. ISBN 9789726742326; V.
Pereira da Silva. Verde. Cor de Direito. Lições de Direito do Ambiente. Coimbra: Coimbra Editora,
2002, pp. 84 ss. ISBN 9789724016528; C. Amado Gomes. Constituição e ambiente: errância
e simbolismo. Revista Veredas do Direito. 2012, IX (17), pp. 9 ss. ISSN (print) 1806-3845. ISSN
(online) 2179-8699. Disponível aqui.
48
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
49
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
50
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
28
Repare-se, todavia, que enquanto o primeiro faz equivaler ambiente a componentes ambientais
naturais, o segundo já remete para a dimensão compósita, acrescida dos componentes associados a
comportamentos humanos, na aceção do artigo 11.º da LBA.
29
Apesar de a DRA e o RJRA se referirem ao dano ao solo, o critério de aferição da existência dano
é a criação de riscos para a saúde humana, o que permite questionar se o dano ao solo previsto
nesses regimes deve ser qualificado como dano ecológico, ou se se trata apenas de um dano à saúde
através da contaminação de solos. Sobre este regime, cfr. o Cap. VI desta obra.
30
Cfr. Disponível aqui.
51
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
31
Vale a pena ressaltar aqui o caso dos EUA, cuja Constituição, datada de 1787, naturalmente não
inclui preocupações ambientais mas que, de forma absolutamente pioneira, aprovaram a primeira
lei-quadro ambiental do mundo, o National Environmental Policy Act, a que se aludiu supra (1.1.)
— adiantando-se, portanto, à própria Declaração de Estocolmo.
52
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
32
Veja-se o artigo 58.º, §2.º da Constituição da Colômbia. Sobre o sentido e alcance desta cláusula
de “função ecológica da propriedade”, C. Amado Gomes. Reflexões a quente sobre a função social
da propriedade. RMP. 2017. N.º 125, pp. 63 ss., pp. 72-75. ISSN 0870-6107.
53
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
54
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
33
Cumpre deixar três notas, telegráficas: a primeira, dedicada ao ar. Em razão da sua volatilidade,
a atmosfera revela-se especialmente problemática, em tudo o que não constituir nem domínio
público [cfr. alínea b) do n.º 1 do artigo 84.º da CRP], nem extensão da propriedade privada (as
camadas aéreas pertencentes ao limite reconhecido ao superficiário: n.º 1 do artigo 1344.º do CC).
O melhor enquadramento para esta realidade parece ser o de res communis omnium, aberta ao
acesso e à utilização de todos embora com restrições de uso (em razão da tutela da qualidade do
ar) e de transação impossível. A segunda, relativa aos habitats, que correspondem à inter-relação
55
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
entre componentes ambientais mormente no plano da fauna e flora [alínea d) do artigo 10.º da
LBA], que geram serviços eventualmente precificáveis e que podem ser reconduzidos à noção de
coisas compostas ou universalidades de facto (artigo 206.º do CC). A terceira e última, referente
à paisagem [alínea f) do artigo 10.º da LBA], com contornos idênticos aos da atmosfera mas com
dimensão puramente imaterial (no sentido em que não constitui um componente essencial à vida)
e reconduzível à figura da res communis omnium.
34
A ideia do desdobramento de realidades corpóreas numa dupla dimensão, física e metafísica,
em razão da sua relevância comunitária deve-se ao génio de M. S. Giannini, no antológico I
beni culturali, RTDPubblico, 1976, n.º 1, pp. 3-38. ISSN 0557-1464. Para mais desenvolvimentos
C. Amado Gomes. Os bens ambientais como bens colectivos. In J. Pato, L. Schmidt e M. E.
Gonçalves, org. Bem comum: público e/ou privado?. Lisboa: ICS, 2013, pp. 189 ss. ISBN 978-
9726713180.
56
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
35
Os artigos 136 ss. da CNUDM, em especial, definem os princípios que regem a Área e os seus
recursos, considerados “património comum da Humanidade”. Um outro exemplo é o da Lua e
outros corpos celestes, classificados como património comum da Humanidade pelo Acordo de
Nova Iorque de 1979.
Sobre a noção de “património comum da Humanidade”, entre tantos, vejam-se, A. Kiss. La notion
de patrimoine commun de l’humanité. RCADI. 1982, II, pp. 103 ss. ISSN 0169-5436; P. Otero. A
Autoridade internacional dos fundos marinhos. Lisboa: AAFDL, 1988, pp. 40 ss.; J. Charpentier.
L’Humanité: un patrimoine, mais pas de personnalité juridique. In Les hommes et l’environnement.
Études en hommage à A. Kiss. Paris: Pedone, 1998, pp. 17 ss. ISSN 1953-8111. Disponível aqui; J. M.
Pureza. O património comum da humanidade: rumo a um Direito Internacional da solidariedade?.
Lisboa: Edições Afrontamento, 1998, pp. 173 ss. ISBN 978-9723604658.
36
Sobre o sentido e limites da noção de “património comum”, vejam-se I. Savarit. Le patrimoine
commun de la nation, déclaration de principe ou notion juridique à part entiére?. RFDA. 1998,
II, pp. 305 ss. ISSN 0763-1219; C. Groulier. Quelle effectivité juridique pour le concept de
patrimoine commun?. AJDA. 2005, XIX, pp. 1034 ss. ISSN 0001-7728; A. Van Lang. Droit de
l’environnement. 2.ª ed. Paris: PUF, 2007, pp. 179 ss. ISBN 9782130560982.
37
Para maiores desenvolvimentos, vejam-se M. Fitzmaurice. International protection of the
environment. RCADI. 2001, I, pp. 13 ss., 150 ss. ISSN 0169-5436; e J. Brunnée. Common areas,
common heritage and common concern. In The Oxford Handbook of International Environmental
Law. Oxford/New York: Oxford University Press, 2007, pp. 550 ss. ISBN 9780199552153.
57
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
38
Cfr., sustentando que “se é um facto que existem fatores aglutinadores, não é menos verdade
que eles parecem ser insuficientes para sustentar a autonomia dogmática do Direito do Ambiente”,
V. Pereira da Silva. Verde Cor de Direito. Lições de Direito do Ambiente. Coimbra: Almedina,
2005, p. 53. ISBN 9789724016528. Cfr. também A. Sousa Franco. Ambiente e Desenvolvimento
– Enquadramento e Fundamentos do Direito do Ambiente. In Direito do Ambiente. Oeiras: INA,
1994, p. 36. ISBN 972-9222-10-X.
58
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
39
Cfr., entre outros, E. Fisher, et al. Maturity and Methodology: Starting a Debate About
Environmental Law Scholarship. J. ENVrL. L. 2009, XXI, pp. 213-250, 219. ISSN 1049-0280; D.
A. Farber. Foreword. ECOLOGY L. Q. 2005, XXXII, pp. 383-389, 387. ISSN 0046-1121; D. A.
Westbrook. Liberal Environmental Jurisprudence. U. C. DAVIS L. REV.1994, XXXII, pp. 619-712,
621. ISSN 0197-4564 (print) ISSN 943-1732 (online).
40
Cfr., entre outros, C. Amado Gomes. Introdução ao Direito do Ambiente. 4.ª ed. Lisboa:
AAFDL, 2018, pp. 44 ss. ISBN 9789726292647; M. G. Dias Garcia. O Lugar do Direito na
Protecção do Ambiente. Coimbra: Almedina, 2007, pp. 481 ss. ISBN 9789724030654; S. Galvão.
Direito do Ambiente e Direito do Urbanismo. In M. Melo Rocha, coord. Estudos de Direito do
Ambiente. Coimbra: Coimbra Editora, 2003, pp. 63-75 ISBN 972-8069-50-2; C. Cruz Santos, et
al. Introdução ao Direito do Ambiente. In J. J. Gomes Canotilho, coord., Lisboa: Universidade
Aberta, 1998, p. 35. ISBN 9789726742326; D. Freitas do Amaral. Ordenamento do Território,
Urbanismo e Ambiente: Objecto, Autonomia e Distinções. RJUA. 1994, n.º 1, pp. 11-22, 13. ISSN
0872-9336. Para uma visão germânica, cfr., W. Kluth. Allgemeines Umweltrecht. In W. Kluth e
U. Smeddinck, coord. Umweltrecht - Ein Lehrbuch. Wiesbaden: Springer, 2013, pp. 1-68, 3. ISBN
978-3834816108. Para uma visão americana, cfr. T. S. Aagaard. Environmental Law as a Legal
Field: An Inquiry in Legal Taxonomy. Cornell L. Rev. 2010, XCV, pp. 221-289. ISSN 0010-8847; D.
M. Steinway. Fundamentals of Environmental Law. In T. F. P. Sullivan, ed. Environmental Law
Handbook. 22.ª ed. Lanham: Bernan, 2014, pp. 1-74. ISBN 978-1598886672.
41
Na feliz expressão de T. S. Aagaard, cit. nota 40, p. 223.
42
Cfr., sobre os critérios de autonomização de ramos do Direito, em geral, A. Sousa Franco.
Noções de Direito da Economia. I., polic., Lisboa: AAFDL, 1982/83, pp. 34 ss. (o autor fala de
critérios substanciais e de indicadores); mais direcionado para o Direito do Ambiente, J. Menezes
Leitão. Instrumentos de direito privado para proteção do ambiente. RJUA. 1997, n.º 7, pp. 29-65,
34 ss. ISSN 0872-9336.
59
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
43
De acordo com D. Freitas do Amaral, é a relação do Homem com a natureza que está
em causa – cfr. Apresentação, In Direito do Ambiente, Oeiras: INA, 1994, pp. 13 ss. ISBN 972-
9222-10-X.
44
Cfr. C. Amado Gomes, cit. nota 40, p. 46.
45
Cfr. J. J. Gomes Canotilho. Juridicização da ecologia ou ecologização do Direito. RJUA. 1995,
n.º 4, pp. 69-79, 76. ISSN 0872-9336; C. Amado Gomes. O Ambiente como objecto e os objectos
do Direito do Ambiente. RJUA 1999, n.ºs 11/12, pp. 43 ss. ISSN 0872-9336.
46
Cfr. C. Amado Gomes, cit. nota 40, pp. 44-46.
60
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
47
Embora seja por esse motivo que alguns autores consideram a “autonomia dogmático-
sistemática” do Direito do Ambiente uma “autonomia relativa”. Cfr. C. Cruz Santos, et al., cit.
nota 40, p. 36.
48
Cfr. C. Amado Gomes, cit. nota 40, pp. 44-45.
49
Pense-se na revisibilidade dos atos autorizativos ambientais, como a LA ou a declaração de
impacto ambiental, muito permeáveis às inovações técnicas, e na influência que esta lógica teve
na consagração de uma nova hipótese de revogação de atos administrativos, hoje presente na
alínea c) do n.º 2 do artigo 167.º do CPA. Sobre este fenómeno de revisibilidade intrínseca do ato
autorizativo ambiental, C. Amado Gomes. Risco e modificação do acto autorizativo concretizador
de deveres de protecção do ambiente. Coimbra: Coimbra Editora, 2007, esp. pp. 708 ss. ISBN (print)
9789723215366 ISBN (online) 978-989-98015-0-9. Disponível aqui.
61
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
62
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
50
Na lição de J. Esteve Pardo, que assinala a extrema juventude do Direito do Ambiente e o
qualifica como tal apelando fundamentalmente a dois paradigmas: a sustentabilidade e o risco –
Derecho del medio ambiente. 3.ª ed. Madrid/Barcelona/Buenos Aires/São Paulo: Aranzadi, 2014,
pp. 13-16. ISBN 9788415948667.
63
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
51
Veja-se o estudo da Comissão do Ambiente, Alterações Climáticas e Energia do Comité
das Regiões Effective multi-level environmental governance for a better implementation of EU
environment legislation, de 2017. ISBN 978-92-895-0945-9. DOI 10.2863/406864. Sobre esta
questão, cfr. infra o Cap. X desta obra.
64
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
impactos. A diferença entre uma situação que possa ser vista como do foro
nacional e aquela que assuma relevância internacional é exclusivamente o seu
potencial lesivo. De facto, num momento inicial, a natureza transnacional
dos impactos era causa de internacionalização de uma situação, uma vez
que lesaria a soberania territorial do Estado afetado. Atualmente, contudo,
o Direito Internacional do Ambiente inclui convenções internacionais sobre
as mais variadas matérias, não tendo como pressuposto necessário a afetação
transfronteiriça de específicos Estados. Este avanço no Direito Internacional,
contudo, não tem tido impacto efetivo na soberania estadual sobre os seus
recursos naturais; em termos conceptuais, o conflito entre as perspetivas
internacionalistas e nacionalistas tem sido resolvido com base num conceito
fiduciário52.
A regulação é também multinível numa perspetiva infraestadual: os
poderes regionais e locais têm progressivamente assumido um papel mais
interventivo, não se limitando a executar o direito estadual. O exemplo mais
pungente disso mesmo é o papel crescente assumido pelos poderes locais na
temática da mitigação das alterações climáticas, ao nível nacional, mas também
internacional53. O papel do Estado enquanto pilar da governação ambiental
está, também a este nível, a sofrer significativas alterações, sem deixar de
manter, por enquanto, a sua centralidade54.
52
P. H. Sand. Global Environmental Change and the Nation State: Sovereignty Bounded?, In G.
Winter, ed. Multilevel Governance of Global Environmental Change: Perspectives from Science,
Sociology and the Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2006, pp. 519-538. ISBN 978-
0521173438.
53
H. P. Aust. The Shifting Role of Cities in the Global Climate Change Regime: From Paris to
Pittsburgh and Back?. REC&IEL. 2019, n.º 1, pp. 57-66. ISSN (print) 2050-0386. ISSN (online)
2050-0394. DOI Disponível aqui.
54
T. Marauhn. The Changing Role of the State. In D. Bodansky, J. Brunnée, e E. Hey, eds. The
Oxford Handbook of International Environmental Law. Oxford: Oxford University Press, 2007, pp.
729-746. ISBN 9780199552153.
55
De que é exemplo a policentricidade regulatória que se identifica nos instrumentos de
desempenho ambiental, descrita infra no Cap. VII.
65
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
56
P. Spiro. Non-Governmental Organizations and Civil Society. In D. Bodansky, J. Brunnée, e
E. Hey, eds. The Oxford Handbook of International Environmental Law. Oxford: Oxford University
Press, 2007, pp. 771-790. ISBN 9780199552153.
57
S. R. Ratner, Business. In D. Bodansky, J. Brunnée, e E. Hey, eds. The Oxford Handbook
of International Environmental Law. Oxford: Oxford University Press, 2007, pp. 808-827. ISBN
9780199552153.
58
J. Morrison e N. Roht-arriaza. Private and Quasi-Private Standard Setting. In D. Bodansky,
J. Brunnée e E. Hey, eds. The Oxford Handbook of International Environmental Law. Oxford:
Oxford University Press, 2007, pp. 499-528. ISBN 9780199552153.
59
H. Oliveira. International Representation of Environmental Interests: Many Actors, Few
66
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
de estes atos não conterem normas jurídicas, é inegável a sua relevância ao nível
da implementação, e também pelo facto de contribuírem de forma decisiva para
a consensualização de soluções a adotar posteriormente por via convencional,
ou a integrar paulatinamente na consciência jurídica da comunidade – o que
induz a formação de normas costumeiras.
67
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
62
L. Menezes Leitão. A Tutela Civil do Ambiente. RDAOT. 1999, n.os 4/5, pp. 9-42. ISSN 0873-
1497; A. Menezes Cordeiro. Tutela do Ambiente e Direito Civil. In Direito do Ambiente. Oeiras:
INA, 1994, pp. 377-396. ISBN 972-9222-10-X.
63
Sobre a utilização de instrumentos de mercado para a resolução de questões ambientais, cfr. infra
capítulo (instrumentos de mercado).
64
Sobre a incorporação da ciência e da técnica no procedimento de tomada de decisão ambiental,
marcadamente caracterizado pela incerteza, C. Amado Gomes, cit. nota 49, pp. 436-464.
68
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
65
Veja-se o RLA, em especial o artigo 31.º, que define o conceito; e os artigos 40.º, 78.º ss. do
mesmo diploma.
66
P. Haas. Epistemic Communities. In D. Bodansky, J. Brunnée, e E. Hey, eds. The Oxford
Handbook of International Environmental Law. Oxford: Oxford University Press, 2007, pp. 792-
806. ISBN 9780199552153.
67
T. Antunes. O Ambiente Entre o Direito e a Técnica. Lisboa: AAFDL, 2003, p. 23. ISBN
5606939004994.
69
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
Em coerência com tudo o que ficou dito quanto ao bem jurídico ambiental,
torna-se evidente que o Direito do Ambiente é uma área do Direito de superação
ou de rutura em relação a vários referenciais utilizados pelo Direito para
regulação da ação humana. O Direito do Ambiente lida com um bem jurídico
público que, pelas suas características, obriga à reconfiguração de modelos
assentes na ação humana individualmente considerada, perspetivada em
balizas consensualmente limitadas pelos problemas do seu tempo, resolvidas
através de um ordenamento jurídico que se aplica a um território de um Estado
soberano.
A transtemporalidade do Direito do Ambiente resulta do imperativo de
consideração de efeitos ambientais da ação humana a longo prazo e a muito
longo prazo. O tempo dos ciclos naturais não é o tempo da vida humana, e,
mesmo se não é equacionável que o ser humano de hoje considere o tempo
geológico (deep time), a mitigação e adaptação às alterações climáticas veio
pôr a descoberto o dever jurídico dos poderes públicos de consideração dos
impactos ambientais num tempo futuro que nos parece remoto68.
Esta conclusão tem relevantes consequências: qualquer exercício de
planeamento69 ou procedimento autorizativo70 obrigará a distendidos juízos de
prognose, que não se limitam às consequências iminentes das ações humanas.
Mas a complexa relação do Direito do Ambiente com o tempo não se esgota
na sua natureza transgeracional: a já consensual precariedade típica dos atos
administrativos ambientais denuncia de forma clara que a necessidade de
adaptação a novos contextos empíricos fragiliza a estabilidade desejada da
ação das entidades públicas. Disso mesmo é reflexo a contínua necessidade não
apenas de controlo da legalidade ambiental, como também de monitorização
da situação ambiental, enquanto instrumento fundamental para adequação
constante da decisão administrativa aos imperativos da proteção ambiental71.
Foi também já fundamentado que o ambiente não é, por natureza, suscetível
de apropriação individual. Daqui resulta que os regimes de marca subjetivista –
68
Sobre o fundamento da proteção ambiental na solidariedade intergeracional, cfr. infra, Cap. II.
69
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. IV.
70
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. V.
71
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. X.
70
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
4. Desafios futuros
72
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. III.
73
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. VI.
74
Sobre este ponto, cfr. infra, Cap. II.
71
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
72
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
75
Cfr. a decisão do Lahore High Court, Processo n.º (2015) W.P. N.º 25501/201, Asghar Leghari v.
Federation of Pakistan, de 25 de janeiro de 2018.
76
Cfr. a decisão do Supremo Tribunal dos Países Baixos (Hoge Raad), Processo n.º 19/00135,
Fundação Urgenda c. Países Baixos, de 20 de dezembro de 2019, ECLI:NL:HR:2019:2007.
77
Cfr. o Despacho do TG de 8 de maio de 2019, Processo n.º T-330/18, e o Acórdão do TJUE de 25
de Março de 2021, Processo n.º C‑565/19 P.
78
Cfr. Disponível aqui.
73
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
79
Cfr. C. Gough e S. Shackley. The respectable politics of climate change. IA. 2001, II, pp. 329 ss. ISSN
(print) 0020-5850. ISSN (online) 1468-2346. Disponível aqui.
80
Cfr. a Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece o quadro
para alcançar a neutralidade climática e que altera o Regulamento (UE) 2018/1999 (Lei Europeia
do Clima), COM/2020/80 final, de 4 de Março de 2020.
74
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
81
Sobre o princípio da integração, cfr. infra, Cap. II.
75
I. O OBJETO E A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO AMBIENTE
Sugestões de leitura
S. Bell, et al. Environmental Law. 9.ª ed. Oxford: Oxford University Press,
2017. ISBN 9780198748328.
J. Esteve Pardo. Derecho del medio ambiente. 4.ª ed. Madrid: Marcial
Pons, 2017. ISBN 9788491234203.
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