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NOVA VERSÃO INTERNACIO NAL

ntrodução a

AUTOR, LUGAR E DATA DA R E D A Ç Ã O


0 sacerdote Esdras, que supostamente escreveu este livro por volta de 430 a.C. após retornar a Jerusalém com um grupo de judeus
exilados na Babilônia em 458 a.C., também é o autor do livro de Esdras, escrito por volta de 440 a.C. Os dois livros foram unidos e intitulados Esdras
antes de 100 d.C., embora originalmente fossem duas composições separadas. Manuscritos mais antigos da Septuaginta tratam Neemias e
Esdras como um único livro. Orígenes (ca. 185-253 d.C.) foi o primeiro escritor a fazer distinção entre os dois livros, intitulando-os 1 Esdras
e 2Esdras. As traduções para o inglês de Wycliffe (1382) e Coverdale (1535) também mantiveram essa separação.

DESTINATÁRIO
As gerações de Israelitas que se seguiram ao retorno do exílio babilônio foram os leitores do livro de Neemias. Esdras desejava que seus
leitores entendessem o que acontecera em Jerusalém quando os exilados retornaram, bem como as dificuldades que enfrentaram e vence­
ram para restabelecer sua relação de aliança com Deus. A identidade nacional do povo de Deus era questionada: a comunidade de Deus
teve de ser reconstruída sobre o fundamento das alianças firmadas entre Deus e seu povo, estabelecidas muitos anos antes.

FATOS CULTURAIS E DESTAQUES


Continuando o registro histórico do livro de Esdras, Neemias descreve o retorno dos judeus exilados na Babilônia e a contínua fidelidade de
Deus à aliança com seu povo. A narrativa é contada por meio da vida de Neemias, que deixou seu posto de copeiro do rei Artaxerxes para
se tornar governador de Jerusalém quando o povo estava sob a liderança de Esdras.

LINHA DO T E M P O

r ~
1400 A.C. 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400

Queda de Jerusalém (586 a.C)


I
Conquista da Babilônia pelos persas (539 a.C)
1
Primeiro retorno dos exilados a Jerusalém (538 a.C.)
i
Ministérios de Ageu e Zacarias (ca. 520-480 a.C.)

Conclusão da restauração do templo (516 a.C.)


i
Segundo retorno a Jerusalém, liderado por Esdras (458 a.C.)
1
Terceiro retorno a Jerusalém, liderado por Neemias (445 a.C.)
i
Reconstrução dos muros de Jerusalém (445 a.C)

Redação do livro de Esdras (ca. 430 a.C)

E N Q U A N T O V O C E LÊ
Observe o papel importante da oração na vida de Neemias e avalie qual a importância dela para sua vida hoje. Imagine como os judeus exi­
lados devem ter se sentido ao reconstruir os muros de Jerusalém sob ameaças de vizinhos poderosos e até mesmo enfrentando oposição
de alguns companheiros judeus. Reflita sobre o motivo — a despeito do que haviam aprendido acerca de Deus e sobre a Lei mosaica e de
terem participado da cerimônia de renovação da aliança (cap. 8— 10) — de alguns dos remanescentes judeus parecerem desinteressados
ou incapazes de honrar a aliança firmada com Yahweh e de manter viva sua fé nele.
Atente para os desafios que Neemias enfrentou. Imagine a decepção dele ao descobrir, após retornar da visita a Artaxerxes, que
os problemas haviam piorado enquanto ele esteve fora: o templo fora abandonado, os levitas não estavam recebendo sua provisão de
alimentos, o povo de Deus estava trabalhando no sábado e os homens de Judá, mais uma vez, estavam desposando mulheres pagãs.
Acompanhe o trabalho de Neemias e Esdras para superar a crise de identidade nacional.
688 INTRODUÇÃO A NEEMIAS

VOCÊ SABIA?
• Uma das tarefas do copeiro era escolher e provar o vinho do rei, para certificar-se de que a bebida não estava envenenada. Era estrita­
mente necessário que os empregados da corte fossem de confiança, por causa das intrigas que caracterizavam a corte persa. Xerxes,
pai de Artaxerxes I, foi morto na própria cama por um cortesão (1.11).
• Na época do NT, acreditava-se que a porta das Ovelhas estava localizada perto do tanque de Betesda (a nordeste de Jerusalém). Até
hoje, essa área é periodicamente utilizada como mercado de ovelhas (3.1).
• As mulheres não participavam das reuniões periódicas, mas eram incluídas, com as crianças, nas ocasiões sagradas. Durante um acon­
tecimento memorável, o povo ficou de pé durante cinco ou seis horas, ouvindo atentamente a leitura e a explanação das Escrituras (8.2,3).
• A prática de redistribuir os povos à força foi também utilizada para estabelecer cidades gregas e helenistas (11.1,2).

TEMAS
0 livro de Neemias contém os seguintes temas:
1. Renovação. Enquanto a reconstrução dos muros de Jerusalém foi o desafio material óbvio enfrentado por Neemias, o restabelecimento
do compromisso dos judeus com Yahweh e com a Lei mosaica foi sua principal preocupação de ordem espiritual. Neemias 9.1— 12.47
captura a reação dramática à leitura da Lei, efetuada por Esdras (8.1 -18): confissão de pecados (9.1-37) e retorno voluntário ao compro­
misso com Deus (9.38— 10.39). Mais tarde, durante a segunda visita de Neemias, eles concordaram em contribuir para o templo (13.4-14),
guardar o sábado (13.15-22) e divorciar-se das esposas estrangeiras (13.23-31).
2. Oração. A oração é essencial para qualquer trabalho realizado para Deus, e Neemias é um exemplo de líder que pôs seus planos em
execução somente depois de consultar a Deus. Era um homem de oração (1.4; 2.4; 4.4; 5.19; 6.9,14; 13.14,22,29,31), cujos esforços foram
ricamente abençoados por Deus.
3. Oposição. Ao assumir a tarefa de reconstruir os muros de Jerusalém, Neemias encontrou forte resistência, superada com a ajuda de
Deus (2.19,20; 4.1 -15; 5.1 -19; 6.1 -14).

SUMÁRIO
I. Neemias lidera a reconstrução dos muros (1.1— 7.3)
II. Reformas lideradas por Esdras (7.4— 10.39)
III. Jerusalém é repovoada, e os muros são consagrados (11 e 12)
IV. Retorno de Neemias a Jerusalém e sua liderança (13)
NEEMIAS 2.7

A História de Neemias
Palavras de Neemias, filho de Hacalias:
1
1.1 aNe 10.1;
Zc 7.1
1.2 We 7.2; No mês de quisleu*,3 no vigésimo anofc, enquanto eu estava na cidade de Susã,2 Hanani,b um dos
c jr 52.28
meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que
restaram,c os sobreviventes do cativeiro,c e também sobre Jerusalém.
1 .3 d2Rs 25.10; 3 E eles me responderam: “Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província passam
Ne 2.3,13,17
por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram des­
truídas pelo fogod”.
1.4 eS1137.1; 4 Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei.e Passei dias lamentando-me, jejuandof e orando
*Ed 9.4
1.5 sDt 7.21; ao Deus dos céus.5 Então eu disse:
Ne 4.14; ^Êx 20.6;
Dn 9.4
S e n h o r , Deus dos céus, Deus grande e temível,9 fiel à aliançahe misericordioso com os que te
1 .6 '1 Rs 8.29; amam e obedecem aos teus mandamentos,6 que os teus ouvidos estejam atentos e os teus olhos
iDn 9.17
estejam abertos' para a oraçãoi que o teu servo está fazendo diante de ti, dia e noite, em favor de
teus servos, o povo de Israel. Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra
1.7 kDt 28.14,15; ti. Sim, eu e o meu povo temos pecado.7 Agimos de forma corrupta e vergonhosakcontra ti. Não
S1106.6
temos obedecido aos mandamentos, aos decretos e às leis que deste ao teu servo Moisés.
1.8 '2Rs 20.3; 8 Lembra-te1agora do que disseste a Moisés, teu servo: “Se vocês forem infiéis, eu os espalharei171
mLv 26.33
1.9 "Dt 30.4; entre as nações,9 mas, se voltarem para mim, obedecerem aos meus mandamentos e os puserem
»1 Rs 8.48;
Jr 29.14 em prática, mesmo que vocês estejam espalhados pelos lugares mais distantes debaixo do céu, de
lá eu os reunireine os trarei para o lugar que escolhi para estabelecer o meu nome”.0
1.10 pÊx 32 .1 1 ; 10 Estes são os teus servos, o teu povo. Tu os resgataste com o teu grande poder e com o teu
Dt 9 .2 9
1.11 qv. 6; braço forte.P11 Senhor, que os teus ouvidos estejam atentos^ à oração deste teu servo e à oração
rGn 40.1
dos teus servos que têm prazer em temer o teu nome. Faze com que hoje este teu servo seja bem-
sucedido, concedendo-lhe a benevolência deste homem.

Nessa época, eu era o copeiror do rei.

Neemias em Jerusalém
No mês de nisã do vigésimo ano do rei Artaxerxes,s na hora de servir-lhe o vinho, levei-o ao rei.
2 Nunca antes eu tinha estado triste na presença dele;2 por isso o rei me perguntou: “Por que o seu
rosto parece tão triste se você não está doente? Essa tristeza só pode ser do coração!”
2.3 »1Rs 1.31; Com muito medo,3 eu disse ao rei: Que o rei viva para sempre!1 Como não estaria triste o meu
Dn 2.4; 5.10;
6.6,21; “S1137.6; rosto se a cidadeu em que estão sepultados os meus pais está em ruínas e as suas portas foram des­
We 1.3
truídas pelo fogo?v
4 O rei me disse: “O que você gostaria de pedir?”
Então orei ao Deus dos céus5 e respondi ao rei: Se for do agrado do rei e se o seu servo puder contar
com a sua benevolência, que ele me deixe ir à cidade onde meus pais estão enterrados, em Judá, para
que eu possa reconstruí-la.
2.6 «Ne 5.14; 13.6 6 Então o rei,w estando presente a rainha, sentada ao seu lado, perguntou-me: “Quanto tempo
levará a viagem? Quando você voltará?” Marquei um prazo com o rei, e ele concordou que eu fosse.
7 A seguir, acrescentei: Se for do agrado do rei, eu poderia levar cartas do rei aos governadores
0 1 . 1 Aproximadamente novembro/dezembro.
b 1 .1 Isto é, do reinado de Artaxerxes I, conforme 2.1.
f 1.2 Ou osquenãoforamlevados-, ou ainda osquehaviamvoltadodocativeiro.
1 .1 0 “vigésimo ano” é o do reinado do rei persa Artaxerxes I (ver “Arta­ Artaxerxes I, foi morto na própria cama por um cortesão (ver “Conse­
xerxes I, o rei da Pérsia”, em Ed 7, e “Cronologia de Esdras e Neemias”, lheiros e concubinas: a vida no antigo palácio real”, em Et 2).
em Ne 2). 2.1-3 Esperava-se que os servos do rei guardassem seus sentimentos para
1.2 Hanani provavelmente é a forma abreviada de Hananias. Os papiros si e se apresentassem sempre dispostos diante dele. Contudo, Neemias
elefantinos mencionam um Hananias que era chefe dos negócios dos demonstrou sua ansiedade, provavelmente não por causa do questiona­
judeus em Jerusalém. Muitos acreditam que ele era irmão de Neemias e mento do rei, mas em razão do pedido que faria ao monarca. Neemias
que provavelmente governou entre o primeiro e segundo turno do go­ sabia muito bem que o próprio Artaxerxes havia impedido os judeus de
verno de Neemias (ver nota da A^V7para 7.2). reconstruir os muros (Ed 4.17-23).
1.3 Apesar de algumas tentativas de reconstrução (Ed 4.7-23), os muros 2 .6 Neemias provavelmente solicitou um breve tempo de ausência, que
de Jerusalém, destruídos pelos babilônios em 586 a.C., permaneceram depois foi estendido. Seu primeiro período como governador de Jerusa­
em ruínas. Sem os muros de proteção, a cidade estava vulnerável aos lém durou doze anos (5.14), depois ele retornou para se apresentar ao rei
seus muitos inimigos. Escavações no local revelaram que a falta de muros e mais tarde retornou a Judá pela segunda vez (13.6,7).
nos declives do lado oriental também levou à desintegração das encostas. 2.7 A solicitação de “cartas” permitiria a Neemias uma passagem segura
1.11 Uma das tarefas do copeiro era escolher e provar o vinho do rei, e provisões durante a jornada. Um documento da época, entregue por
para certificar-se de que a bebida não estava envenenada (2.1). Era estri­ Arsames, o sátrapa do Egito que estava na corte persa, a um de seus ofi­
tamente necessário que os empregados da corte fossem de confiança, por ciais que retornaria ao Egito, ordenava aos oficiais persas que lhe dessem
causa das intrigas que caracterizavam a corte persa. Xerxes, pai de comida e bebida durante os vários estágios de sua jornada.
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CRONOLOGIA
DE E S D R A S E N E E M I A S

NEEMIAS 2 A cronologia de Esdras e Neemias é um assunto com­


plexo, especialmente porque os acontecimentos relatados nos dois
livros ocorrerem durante um período relativamente obscuro da
história bíblica. De acordo com a Bíblia, Esdras chegou a Jerusalém
no sétimo ano do reinado de Artaxerxes I, em 458 a.C. (Ed 7.8), e Nee­
mias, no vigésimo ano do mesmo reinado, em 445 a.C. (Ne 2.1).1
Duas outras passagens indicam que os dois líderes estavam na ci­
dade no mesmo período (8.9; 12.36). Essa informação implica que a
missão de Esdras antecede a de Neemias, sobretudo à luz da relação
próxima entre as atividades de ambos os líderes.
No entanto, pesquisas recentes revelaram diversas objeções à
seqüência tradicional, e alguns estudiosos acreditam que o trabalho
de Neemias precedeu o de Esdras. 0 argumento mais significativo
baseia-se na comparação da sucessão do sumo sacerdote registrada
na Bíblia com a evidência extrabíblica. 0 livro de Neemias apon­
ta Eliasibe como sumo sacerdote, com quem Neemias trabalhou
(3.1,20; 13.28). Neemias 12.10,11 apresenta a sucessão de sumo
sacerdotes da seguinte forma; "Jesua foi o pai de Joiaquim, Joiaquim Templo do deus Khnum, em Elefantina
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin
foi o pai de Eliasibe, Eliasibe foi o pai de Joiada, Joiada foi o pai de
Jônatas, Jônatas foi o pai de Jadua". Em 12.22, temos uma lista com ♦ Os nomes Eliasibe e Jônatas eram muito comuns (só em Esdras
os nomes na mesma progressão: "Eliasibe [...], Joiada, Joanã [varia­ 10, há três homens chamados Eliasibe). Portanto, não se pode afirmar
ção de Jônatas] e Jadua", e 12.23 diz que Joanã é filho (i.e., neto) que o Jônatas de Neemias 12 e o de Esdras 10 são a mesma pessoa.
de Eliasibe. ♦ Esdras 10.6 indica que Esdras entrou no quarto de Joanã (Jôna­
A dificuldade surge quando comparamos essa seqüência com a tas), mas não menciona que Joanã era o sumo sacerdote. E bem pos­
de Esdras, que diz: "Esdras retirou-se de diante do templo de Deus e sível manter a seqüência tradicional, se presumirmos que Jônatas era
foi para o quarto de Joanã [variação de Jônatas], filho de Eliasibe" um jovem de uma família de sumos sacerdotes com acesso ao templo
(Ed 10.6). À primeira vista, essa passagem indica que Esdras convi­ no período em que se encontrou com Esdras.
veu com o neto de um homem que Neemias conheceu, o que exige a ♦ Na verdade, houve um sumo sacerdote chamado Joanã no início
conclusão de que o ministério de Neemias precedeu o de Esdras. Essa do século IV a.C., mas Josefo, o historiador judeu, diz que esse Joanã
dedução parece confirmada pelos papiros elefantinos (documentos assassinou o próprio irmão, chamado Jesus, dentro do templo, no ano
da colônia judaica em Elefantina,2no Egito), que aponta Joanã como de 398 a.C. (Antiguidadesjudaicas, 11.297-301). Como conseqüência
sumo sacerdote por volta de 410 a.C. desse crime escandaloso, o governador persa3 Bagoas, que apoiava
Os eruditos que aceitam essa teoria entendem que Neemias che­ Jesus, decretou uma punição para os judeus durante um período de
gou a Jerusalém no ano de 445 a.C., mas datam o início do ministério sete anos. É improvável que Esdras tenha recebido apoio judicial ou
de Esdras em 398 a.C., o sétimo ano do reinado do rei Artaxerxes II financeiro da coroa persa por fazer seu trabalho durante esse perío­
(não Artaxerxes I). Uma minoria de estudiosos concorda em que o do (Ed 7.6,11-28). Os registros bíblicos e as informações históricas
texto original de Esdras 7.8 trazia a data do trigésimo sétimo ano fornecidas por Josefo sugerem que a missão de Esdras precede a de
do reinado de Artaxerxes I, ou seja, 428 a.C. No entanto, nenhuma Neemias, o que, portanto, deve ser mantido.
evidência textual sugere um erro escribal em Esdras 7.8.
Além disso, no mínimo três pontos importantes tornam essas
conclusões desnecessárias:

'Ver “ Artaxerxes I, o rei da Pérsia", em Ed 7. ! Para mais informações sobre Elefantina, ver "A comunidade elefantina", em Jr 42. 3Ver o Glossário na p. 2080 para as
definições das palavras em negrito.

W M M j ?
NEEMIAS 2.13 6 91

2,8»Ne7.2; do Trans-Eufrates* para que me deixem passar até chegar a Judá. 8 E também uma carta para Asafe,
IV. 18; Ed 5.5; 7.6
guarda da floresta do rei, para que ele me forneça madeira para as portas da cidadelav que fica junto
ao templo, para os muros da cidade e para a residência que irei ocupar. Visto que a bondosa mão de
2.9 aEd 8.22 Deus estava sobre mim,z o rei atendeu os meus pedidos. 9 Com isso fui aos governadores do Trans-
-Eufrates e lhes entreguei as cartas do rei. Acompanhou-me uma escolta de oficiais do exército e de
cavaleiros3 que o rei enviou comigo.
2.10“v. 19; 10 Sambalate,b o horonita, e Tobias,c o oficial amonita, ficaram muito irritados quando viram que
Ne 4.1,7; 'Ne 4.3;
13.4-7; dEt 10,3 havia gente interessada no bem dos israelitas.d

A Inspeção dos Muros de Jerusalém


2.11 "Gn 40.13 11 Cheguei a Jerusalém e, depois de três diase de permanência ali,12 saí de noite com alguns dos
meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o que o meu Deus havia posto em meu coração que
eu fizesse por Jerusalém. Não levava nenhum outro animal além daquele em que eu estava montado.
2.13 <2Cr 26.9; 13 De noite saí pela porta do Valef na direção da fonte do Dragão e da porta do Esterco,s examinan­
oNe 3.13; "Ne 1.3
do o muroh de Jerusalém, que havia sido derrubado e suas portas, que haviam sido destruídas pelo fogo.

2 .8 Asafe é um nome judaico, o que naturalmente implica que esse “guarda questão era o jardim de Etã, situado algumas milhas ao sul de Jerusalém,
da floresta do rei” era judeu. A localização da floresta é incerta. Alguns ou ainda uma floresta localizada em algum lugar próximo de Jerusalém.
acreditam que eram os cedros do Líbano, pois desde os tempos mais re­ 2 .1 3 Neemias não fez o circuito completo dos muros de Jerusalém: per­
motos reis e faraós desejavam ter acesso a essas árvores (ver “Cedros do correu apenas a área sul. Como Jerusalém sempre foi atacada pelo norte,
Líbano”, em C t 5). No entanto, o fato de que o guarda em questão tinha seu ponto mais vulnerável, Neemias pressupôs que os muros do norte es­
nome judeu sugere uma floresta local. Alguns supõem que a floresta em tavam destruídos. Os muros e as portas de Jerusalém estavam em ruínas

Sambaiate, Tobias e Gesém


NEEMIAS 2 Quando Neemias começou a após o confronto entre Sambalate e Neemias, dade palaciana da família de Tobias, datadas
reconstruir os muros de Jerusalém, em 445 seus filhos agiam em nome do pai, já idoso. do século II a.C. e mencionadas por Josefo,
a.C., três homens, Sambalate, Tobias e Ge­ Uma moeda e uma bula (massa de argila foram escavadas 18 quilômetros a oeste da
sém, fizeram forte oposição. Apesar de Nee­ com a impressão de um selo) de meados do moderna Amã, na Jordânia. 0 nome da famí­
mias não haver registrado os títulos deles, século IV a.C., com a inscrição de Sambalate, lia aparece em duas entradas da propriedade
evidências extrabíblicas indicam que eram governador de Samaria, foram encontradas escavadas em rochas. Tobias, o contemporâ­
governantes de áreas vizinhas (cf. Ne 2.9,10). numa caverna no deserto da Judeia. Esse neo de Neemias, parece ter sido governador
Sambalate possivelmente era neto do Sam­ da província de Amom, a leste de Judá, na
balate da época de Neemias. 0 historiador ju­ Transjordânia.
Sambalate. Ele era governador da Sama­
deu Josefo menciona um terceiro Sambalate, Gesém. Uma inscrição datada da época de
ria, província ao norte de Judá. Na verdade,
que governou Samaria em 332 a.C. e que Neemias, encontrada a noroeste da Arábia,
sabe-se de três homens com o mesmo nome
provavelmente era bisneto do Sambalate diz: "Gesém, filho de Sahr e Abd, governador
que governaram Samaria em períodos dife­
que se opôs a Neemias. de Dedã". Uma bacia de prata usada para
rentes. Uma carta em papiro de 407 a.C., de
• f Tobias. A família de Tobias era bem co­ ofertas, encontrada a leste da região do delta
Elefantina1, no Egito, menciona o Sambalate
nhecida no século III a.C, como poderosos egípcio e datada do final do século V a.C., traz
do período de Neemias. Escrita para o gover­ aristocratas judeus que viviam na Transjor- o mesmo nome: "Kainu, filho de Gesém, rei
nador de Judá, a carta é um pedido de permis­ dânia. Cartas em papiro de um oficial egípcio de Quedar, ofereceu a Hanilat". Uma vez que
são para reconstruir o templo em ruínas na chamado Zenon, datadas de cerca de 260 a.C., Dedã e Quedar eram nações tribais que ocu­
cidade de Elefantina: "Enviamos todas essas mencionam um rico proprietário de terra, pavam o deserto oriental, incluindo a Síria,
coisas por carta em nosso nome a Delaías e negociante e coletor de impostos chamado o norte da Arábia, o Sinai e o norte do Egito,
Selemias, filhos de Sambalate, governador de Tobiah (grafia alternativa para Tobias), da Gesém provavelmente foi um governador
Samaria". Parece que nesse período, 38 anos província dos amonitas. As ruínas da proprie­ poderoso que controlava uma área imensa.
’ Ver "A comunidade elefantina", em Jr 42.
692 NEEMIAS 2.14

14 Fui até a porta da Fonte' e do tanque do Rei,) mas ali não havia espaço para o meu animal passar; 2.14 *Ne 3.15;
i2Rs 18.17
15por isso subi o vale, ainda de noite, examinando o muro. Finalmente voltei e tornei a entrar pela porta
do Vale.16 Os oficiais não sabiam aonde eu tinha ido ou o que eu estava fazendo, pois até então eu não
tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, aos nobres, aos oficiais e aos outros que iriam realizar a obra.
17 Então eu lhes disse; Vejam a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas 2.17 "Ne 1.3;
'S1102.16;
portas foram destruídas pelo fogo.kVenham, vamos reconstruir os muros1de Jerusalém, para que não Is 30.13; 58.12;
mEz 5.14
fiquemos mais nesta situação humilhante."1 18 Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso 2.18 "Sm 2.7
comigo" e o que o rei me tinha dito.
Eles responderam: “Sim, vamos começar a reconstrução”. E se encheram de coragem para a rea­
lização desse bom projeto.
19 Quando, porém, Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém,0 o árabe, souberam 2.19 °Ne 6.1,2,6;
pSI 44.13-16
disso, zombaram de nós, desprezaram-nosP e perguntaram: “O que vocês estão fazendo? Estão se
rebelando contra o rei?”
20 Eu lhes respondi: O Deus dos céus fará que sejamos bem-sucedidos. Nós, os seus servos, come­
çaremos a reconstrução, mas, no que lhes diz respeito, vocês não têm parte1! nem direito legal sobre
Jerusalém, e em sua história não há nada de memorável que favoreça vocês!

A Distribuição do Trabalho
0 sumo sacerdote Eliasiber e os seus colegas sacerdotes começaram o seu trabalho e 3.1 «Ed 10.24;

3 reconstruírams a porta das Ovelhas.* Eles a consagraram e colocaram as portas no lugar. Depois Ne 12.39;
“Ne 12.39;
construíram o muro até a torre dos Cem, que consagraram, e até a torre de Hananeel.u2 Os homens Jr 31.38; Zc 14.10
sls 58.12; *v. 32;

3.2 vNe 7.36


de Jericóv construíram o trecho seguinte, e Zacur, filho de Inri, construiu logo adiante.
3 A porta do Peixe™ foi reconstruída pelos filhos de Hassenaá. Eles puseram os batentes e colo­3.3w2Cr33.14;
Ne 12.39
caram as portas, os ferrolhos e as trancas no lugar. 4Meremote, filho de Urias, neto de Hacoz, fez os
reparos do trecho seguinte. Ao seu lado Mesulão, filho de Berequias, neto de Mesezabel, fez os repa­
ros, e ao seu lado Zadoque, filho de Baaná, também fez os reparos. 5 0 trecho seguinte foi reparado
pelos homens de Tecoa,x mas os nobres dessa cidade não quiseram se juntar ao serviço, rejeitando a
orientação de seus supervisores".
6 A porta Jesanafy foi consertada por Joiada, filho de Paseia, e por Mesulão, filho de Besodias. Eles3.6 vNe 12.39
puseram os batentes e colocaram as portas, os ferrolhos e as trancas no lugar.7 No trecho seguinte os 3.7 zJs 9.3; Ne 2.7
reparos foram feitos por Melatias de Gibeom2 e Jádom de Meronote, homens de Gibeom e de Mispá,
localidades que estavam sob a autoridade do governador da província do Trans-Eufrates.8 Uziel, filho 3.8 aNe 12.38
de Haraías, um dos ourives, fez os reparos do trecho seguinte; e Hananias, um dos perfumistas, fez os
reparos ao seu lado. Eles reconstruíramc Jerusalém até o muro Largo.3 9 Refaías, filho de Hur, gover­
nador da metade do distrito de Jerusalém, fez os reparos do trecho seguinte.10 Ao seu lado, Jedaías,
filho de Harumafe, fez os reparos em frente da sua casa, e Hatus, filho de Hasabneias, fez os reparos
ao seu lado.11 Malquias, filho de Harim, e Hassube, filho de Paate-Moabe, repararam outro trecho e 3.11 bNe 12.38

a3.5 Ou deseuSenhor.; ou ainda deseugovernador.


b3.6 Ou portaVelha.
c3.8 Ou Elesdeixaramdeladopartede.
desde sua destruição por Nabucodonosor, cerca de cento e quarenta anos 3.1-32 Esse capítulo registra a reconstrução de cerca de 45 seções dos
antes, a despeito das tentativas frustradas de reconstruí-los. muros, começando na parte norte e continuando no sentido horário.
Uzias fortificou as torres no muro leste, que davam vista para o vale O relato sugere que os esforços de reconstrução se concentraram nas
do Tiropeão, i.e., o vale central entre os vales de Hinom e do Cedrom. portas da cidade, visto que os ataques inimigos se concentravam nessas
Escavações em 1927 e 1928 descobriram os restos de um portão do período estruturas.
persa, identificado como a porta do Vale. Muitos estudiosos acreditam que 3.1 Era apropriado que o sumo sacerdote fizesse parte do processo de
a fonte do Dragão era En-Rogel (Js 15.7,8; 18.16; 2Sm 17.17; IRs 1.9),. reconstrução, tornando-se exemplo para o povo. Os antigos reis sumé-
poço situado na junção dos vales de Hinom e do Cedrom, uns 22 0 me­ rios ajudavam a carregar os tijolos para a construção de seus templos. Na
tros ao sul da crista montanhosa de Jerusalém. Para outros, tratava-se do época do N T , sabia-se que a porta das Ovelhas (Jo 5.2) estava localiza­
tanque de Siloé. A porta do Esterco talvez seja a porta que conduzia ao da perto do tanque de Betesda (na parte nordeste de Jerusalém; ver “O
depósito de lixo, no vale de Hinom (cf. 3.13,14; 12.31; 2Rs 23.10). tanque de Betesda em Jerusalém”, em Jo 5)- Até hoje, essa área é perio­
2.14 A porta da Fonte possivelmente estava localizada na parte sudeste dicamente usada para comércio de ovelhas. A porta das Ovelhas pode
do muro, de frente para En-Rogel (ver 3.15; 12.37). O tanque do Rei ter substituído a antiga porta de Benjamim (Jr 37.13; 38.7; Zc 14.10).
provavelmente era o tanque de Siloé (3.15; ver “O tanque de Siloé”, em Acerca da torre dos Cem, esse número pode se referir: 1) à sua altura
Jo 9) ou o adjacente Birket el-Hamra. Esse tanque pode ter sido criado (100 côvados); 2) ao número de degraus ou; 3) a uma unidade militar
pela separação do fluxo do túnel de Siloé feito por Ezequias (cf. 2Rs (cf. D t 1.15). A torre dos Cem e a torre de HananeeI, com “as portas da
20.20; 2C r 32.30; ver “O túnel de Ezequias”, em 2Rs 20) para irrigar os cidadela que fica junto ao templo” (Ne 2.8), protegiam a parte norte da
jardins do rei (2Rs 25.4), localizados fora dos muros da cidade, na junção cidade, mais vulnerável aos ataques.
entre os vales do Cedrom e de Hinom. 3.8 Escavações arqueológicas em Jerusalém revelaram um muro a oeste
2.19 Os árabes dominaram a Transjordânia entre os períodos assírio e da área do templo datado do início do século V II a.C., provavelmente
persa. Sargão II da Assíria reassentou alguns árabes em Samaria, em 715 construído sob a direção de Ezequias (2Cr 32.5). A expansão até o muro
a.C. Fontes clássicas revelam que os árabes desfrutavam um status favorá­ Largo e para além dele possivelmente se fez necessária em razão do fluxo
vel durante o domínio persa. de refugiados da queda de Samaria, entre 72 2 e 721 a.C.
NEEMIAS 4.3 693

a torre dos Fomos.b 12Salum, filho de Haloês, governador da outra metade do distrito de Jerusalém,
fez os reparos do trecho seguinte com a ajuda de suas filhas.
3.13 «2Cr 26.9; 13 A porta do Valec foi reparada por Hanum e pelos moradores de Zanoa.dEles a reconstruíram e
«Js 15.34;
■Ne 2.13 colocaram as portas, os ferrolhos e as trancas no lugar. Também repararam quatrocentos e cinqüenta
metros" do muro, até a porta do Esterco.e
14A porta do Esterco foi reparada por Malquias, filho de Recabe, governador do distrito de Bete-
-Haquerém.f Ele a reconstruiu e colocou as portas, os ferrolhos e as trancas no lugar.
3.15 ais 8 .6 ; J o 9 .7 15A porta da Fonte foi reparada por Salum, filho de Col-Hozé, governador do distrito de Mispá. Ele
a reconstruiu, cobriu-a e colocou as portas, os ferrolhos e as trancas no lugar. Também fez os reparos
do muro do tanque de Siloé,9 junto ao jardim do Rei, até os degraus que descem da Cidade de Davi.
3 .1 6 hJS 15 .5 8 ; 16 Além dele, Neemias, filho de Azbuque, governador de meio distrito de Bete-Zur,hfez os reparos até
«At 2 .2 9
em frente dos túmulosH de Davi, até o açude artificial e a casa dos soldados.
3 .1 7 U S 1 5 .4 4 17 Depois dele os reparos foram feitos pelos levitas que estavam sob a responsabilidade de Reum,
filho de Bani. Junto a ele Hasabias, governador da metade do distrito de Queila,i fez os reparos em seu
distrito.18Depois dele os reparos foram feitos pelos seus compatriotas que estavam sob a responsabili­
dade de Binuic, filho de Henadade, governador da metade do distrito de Queila.19 Ao seu lado Ézer,
filho de Jesua, governador de Mispá, reconstruiu outro trecho, começando de um ponto que fica em
frente da subida para a casa das armas, indo até a esquina do muro. 20 Depois dele Baruque, filho de
Zabai, reparou com zelo outro trecho, desde a esquina do muro até a entrada da casa do sumo sacer­
3.2 1 « 8 . 3 3 dote Eliasibe.21 Em seguida, Meremote,kfilho de Urias, neto de Hacoz, reparou outro trecho, desde a
entrada da casa de Eliasibe até o fim dela.
22 Os demais reparos foram feitos pelos sacerdotes das redondezas.23 Depois, Benjamim e Hassube
fizeram os reparos em frente da sua casa, e ao lado deles Azarias, filho de Maaseias, filho de Ananias,
3 .2 4 «Ed 8 .3 3 fez os reparos ao lado de sua casa. 24 Depois dele, Binui,1filho de Henadade, reparou outro trecho,
3 .2 5 " J r 32 .2; desde a casa de Azarias até a esquina do muro,25 e Palal, filho de Uzai, trabalhou em frente da esquina
3 7 .2 1 ; 3 9.14 ;
nEd 2 .3 do muro e da torre que sai do palácio superior, perto do pátio da guarda.mJunto a ele, Pedaías, filho
3 .2 6 «Ne 7.46; de Parós,n26 e os servos0 do templo que viviam na colina de OfelP fizeram os reparos até em frente da
11 .2 1 ; P2Cr 33 .1 4 ;
«Ne 8 .1 ,3 ,1 6 ; porta das Águas,1i na direção do leste e da torre que ali sobressaía.27 Depois dele os homens de Tecoar
1 2 .3 7
3 .2 7 w . 5; repararam outro trecho, desde a grande torre® até o muro de Ofel.
« 1 4 8 .1 2
3 .2 8 « R s 11.1 6;
28Acima da porta dos Cavalos,* os sacerdotes fizeram os reparos, cada um em frente da sua própria
2 C r 23 .15 ; casa.29 Depois deles Zadoque, filho de Imer, fez os reparos em frente da sua casa. Ao seu lado Semaías,
J r 3 1 .4 0
filho de Secanias, o guarda da porta Oriental, fez os reparos.30 Depois, Hananias, filho de Selemias, e
Hanum, filho de Zalafe, fez os reparos do outro trecho. Ao seu lado, Mesulão, filho de Berequias, fez os
reparos em frente da sua moradia.31 Depois dele, Malquias, um ourives, fez os reparos do muro até a casa
dos servos do templo e dos comerciantes, em frente da porta da Inspeção, até o posto de vigia da esquina;
3 .3 2 “ V. 1 ; J o 5 .2 32e entre a sala acima da esquina e a porta das Ovelhas11os ourives e os comerciantes fizeram os reparos.

Oposição à Reconstrução
Quando Sambalatev soube que estávamos reconstruindo o muro, ficou furioso. Ridicularizou
4 .2 »Ed 4 .9,1 0;
«S I7 9 .1 ; J r 2 6 .1 8
4 os judeus 2 e, na presença de seus compatriotas™ e dos poderosos de Samaria, disse: “O que
aqueles frágeis judeus estão fazendo? Será que vão restaurar o seu muro? Irão oferecer sacrifícios?
Irão terminar a obra num só dia? Será que vão conseguir ressuscitar pedras de construção daqueles
montes de entulho* e de pedras queimadas?”
4 .3 »Ne 2.10 ; 3 Tobias,y o amonita, que estava ao seu lado, completou: “Pois que construam! Basta que uma
>JÚ 1 3 .1 2 ; 1 5 .3
raposa suba lá, para que esse muro de pedras desabe!”2

0'3 .1 3 Hebraico: 1.000 côvados. Ocôvado era uma medida linear de cerca de 45 centímetros.
b3 .16 A Septuaginta, alguns manuscritos da Vulgata e a Versão Siríaca dizem do túmulo.
( 3 . 1 8 Muitos manuscritos dizemBavai; também no versículo 24.
3 .1 6 Bete-Zur era uma capital de distrito localizada 21 quilômetros ao sul 3 .2 6 A porta das Águas levava até a fonte de Giom, principal reservatório
de Jerusalém. Escavações em 1931 e 1957 revelaram que a ocupação foi de água em Jerusalém. Ela se abria para uma área ampla, visto que a
esparsa durante o domínio persa, porém foi retomada no século V a. C. leitura da Lei aconteceu nesse local (8.1,3,16; 12.37).
Davi foi sepultado na área da cidade de Jerusalém (lR s 2.10; A “torre que ali sobressaía” provavelmente era a maior torre, cujas ruí­
2G r 2 1.20; 32.33; At 2.29). A chamada Tumba de Davi, no monte Sião, nas foram descobertas por arqueólogos no topo da colina de Ofel entre
atualmente venerada por peregrinos judeus, está localizada no edifício 1923 e 1925. Escavações na base da torre em 1978 revelaram datação
do cenáculo, construído no século X IV a. C. Contudo, essa localização do período persa.
para a tumba de Davi não é mencionada antes do século IX d.C. 4 .2 O fogo havia danificado as pedras, que provavelmente eram calcá­
A casa dos soldados pode ter servido de moradia para “os principais rias, fazendo que muitas delas se quebrassem e virassem entulho.
guerreiros de Davi” (2Sm 23.8-39) e provavelmente mais tarde foi usada
como quartel ou arsenal.
694 NEEMIAS 4.4

4 Ouve-nos, ó Deus, pois estamos sendo desprezados.3 Faze cair sobre eles a zombaria. E sejam eles4 .4 asi 44 .1 3 ;
7 9 .1 2 ; 1 2 3 .3 ,4 ;
levados prisioneiros como despojo para outra terra. 5 Não perdoes os seus pecadosb nem apagues as J r 33 .2 4
4 .5 bls 2.9;
suas maldades,c pois provocaram a tua ira diante dos construtores. Lm 1.22;
6 Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que em toda a sua extensão chegamos à <=2Rs 14.27;
SI 5 1 .1 ;6 9 .2 7 ,2 8 ;
metade da sua altura, pois o povo estava totalmente dedicado ao trabalho. 10 9 .1 4 ; J r 18.23

7 Quando, porém, Sambalate, Tobias,d os árabes, os amonitas e os homens de Asdode souberam 4 .7 dNe 2 .1 0
que os reparos nos muros de Jerusalém tinham avançado e que as brechas estavam sendo fechadas,
ficaram furiosos. 8 Todos juntose planejaram atacar Jerusalém e causar confusão. 9 Mas nós oramos 4 .8 «SI 2.2;
ao nosso Deus e colocamos guardas de dia e de noite para proteger-nos deles. 8 3 .1 -1 8

4 .7 ,8 As razões pelas quais Sambalate e Tobias se opuseram a governador de Samaria, em particular, estava ameaçada com a
Neemias não eram religiosas, e sim políticas. A autoridade do chegada de Neemias, o novo governador de Judá (cf. 5 .1 4 ).

TEXTOS E ARTEFATOS ANTIGOS


Mm

In stru çõ es h it ita s p a r a p o sto sfr o n t e ir iç o s

NEEMIAS 4 Neemias 3 e 4 registra a ten­ Uma coletânea de textos ad m inistra­ muros das cidades). É interessante notar
tativa de reconstrução de Jerusalém por tivos hititas contém as normas que "um que as normas hititas também exigiam que
Neemias diante de violenta oposição. senhor da torre de vigia" (comandante de os comandantes supervisionassem a manu­
Neemias teve de incentivar constantemen­ tropas) deveria seguir. Essas normas in ­ tenção do sacerdócio, dos templos e dos rituais
te o povo sob seu comando a reconstruir cluíam procedimentos para tròca de guar­ prestados ao deus hitita da tempestade (cf.
os muros e torres da cidade e precisou, ao das, para a abertura dos portões da cidade, cap. 7 e 10).' Também estavam encarrega­
mesmo tempo, m anter a disciplina dos para o patrulham ento das rotas de acesso dos de assegurar que os exilados se recupe­
m ilitares judeus que a defendiam. Não era e para a manutenção da escala das tropas. rassem economicamente (cf. cap. 5). Pela
uma prática incomum, pois diversos reis do Os hititas tam bém adotaram procedimentos cronologia, os textos hititas estão distantes
antigo Oriente Médio estabeleceram proce­ para a construção e fortificação de muros, a da época de Neemias, porém confirmam os
dimentos m ilitares para os comandantes fim de garantir a resistência deles aos incên­ deveres que qualquer governador de uma
que trabalhavam nas torres de vigia e nos dios e às escavações de sapadores (homens cidade m ilitar teria de cumprir.
postos avançados. especializados em cavar túneis sob os
'Ver “ Deuses hititas da tempestade", em Jó 38.

Torre de vigia agrícola em Judá


Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin
NEEMIAS 5.8 695

4.10 H Cr 23.4 10 Enquanto isso, o povo de Judá começou a dizer: “Os trabalhadores já não têm mais forças* e
ainda há muito entulho. Por nós mesmos não conseguiremos reconstruir o muro”.
11E os nossos inimigos diziam: “Antes que descubram qualquer coisa ou nos vejam, estaremos
bem ali no meio deles; vamos matá-los e acabar com o trabalho deles”.
12 Os judeus que moravam perto deles dez vezes nos preveniram: “Para onde quer que vocês se
virarem, saibam que seremos atacados de todos os lados”.
13 Por isso posicionei alguns do povo atrás dos pontos mais baixos do muro, nos lugares abertos,
4,1 4 « G n 28.15 ; divididos por famílias, armados de espadas, lanças e arcos.14 Fiz uma rápida inspeção e imediata­
N m 1 4.9 ; Dt 1.29;
"N e 1 . 8 ; 'N e 1.5; mente disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: Não tenham medoa deles. Lembrem-sehde
i2S m 10.1 2
que o Senhor é grande e temível' e lutemi por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas
mulheres e por suas casas.
4 .1 5 k2S m 17.1 4; 15 Quando os nossos inimigos descobriram que sabíamos de tudo e que Deus tinha frustrado a sua
J ó 5.12
trama,ktodos nós voltamos para o muro, cada um para o seu trabalho.
16 Daquele dia em diante, enquanto a metade dos meus homens fazia o trabalho, a outra metade
permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. Os oficiais davam apoio a todo o povo de
4 . 1 7 'S11 4 9 .6 Judá17 que estava construindo o muro. Aqueles que transportavam material faziam o trabalho com
4 .1 8 “ N m 1 0 .2 uma das mãos e com a outra seguravam uma arma,1 18 e cada um dos construtores trazia na
cintura uma espada enquanto trabalhava; e comigo ficava um homem pronto para tocar a trombeta.m
19 Então eu disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: A obra é grande e extensa, e esta­
4 .2 0 "Ez 33.3; mos separados, distantes uns dos outros, ao longo do muro. 20 Do lugar de onde ouvirem o som da
•Êx 14.1 4 ; Dt 1.30;
2 0.4 ; J s 10 .14 trombeta," juntem-se a nós ali. Nosso Deus lutará0 por nós!
21 Dessa maneira prosseguimos o trabalho com metade dos homens empunhando espadas desde o
raiar da alvorada até o cair da tarde.22Naquela ocasião, eu também disse ao povo: Cada um de vocês e
o seu ajudante devem ficar à noite em Jerusalém, para que possam servir de guarda à noite e trabalhar
durante o dia.23 Eu, os meus irmãos, os meus homens de confiança e os guardas que estavam comigo
nem tirávamos a roupa, e cada um permanecia de arma na mão.

A Solução das Injustiças Sociais


Ora, o povo, homens e mulheres, começou a reclamar muito de seus irmãos judeus.2 Alguns diziam:
5 “Nós, nossos filhos e nossas filhas somos numerosos; precisamos de trigo para comer e continuar
vivos”.
5 .3 PS11 0 9.1 1; 3 Outros diziam: “Tivemos que penhorar nossas terras,P nossas vinhas e nossas casas para conse­
«Gn 4 7 .2 3
guir trigo para matar a fome”.1!
5 .4 í d 4 .1 3 4 E havia ainda outros que diziam: “Tivemos que tomar dinheiro emprestadorpara pagar o imposto
5 .5 sGn 29.14 ; cobrado sobre as nossas terras e as nossas vinhas.5 Apesar de sermos do mesmo sangue” dos nossos
l v 2 5 .3 9 -4 3 ,4 7 ;
2Rs 4.1; Is 50.1; compatriotas, e de nossos filhos serem tão bons quanto os deles, ainda assim temos que sujeitar
“ D t 15 .7 -1 1 ;
2R s 4.1 os nossos filhos e as nossas filhas à escravidão.* E, de fato, algumas de nossas filhas já foram entregues
como escravas e não podemos fazer nada, pois as nossas terras e as nossas vinhas pertencem a outros”.0
5 . 7 'Ê x 2 2 .2 5 -2 7 ; 6 Quando ouvi a reclamação e essas acusações, fiquei furioso.7 Fiz uma avaliação de tudo e então
L v 2 5 .3 5 -3 7 ;
D t 23 .1 9 ,2 0 ; repreendi os nobres e os oficiais, dizendo-lhes: “Vocês estão cobrando jurosvdos seus compatriotas!”
2 4 .1 0 -1 3
5 . 8 - L v 2 5,4 7 ;
Por isso convoquei uma grande reunião contra eles 8 e disse: Na medida do possível nós compramosw
« J r3 4 .8 de volta nossos irmãos judeus que haviam sido vendidos aos outros povos. Agora vocês estão até
vendendo os seus irmãos! Assim eles terão que ser vendidos a nós de novo! Eles ficaram em silêncio,
pois não tinham resposta*
a5.5 Hebraico: carne.

Os árabes (4.7), liderados por Gesém (2.19), provavelmente temiam que o retornava em benefícios para as províncias, pois a maior parte era derre­
fortalecimento de Judá sob a liderança de Neemias prejudicasse seus lucra­ tida e armazenada em forma de barras (para mais informações sobre o
tivos empreendimentos comerciais. dárico, ver nota em IC r 29.7).
4 .2 3 A regra era: prontidão constante. Segundo Josefo {Antiguidades5j.7
u ­ Josefo {Antiguidades judaicas, 4.8.25) explica a proibição da usura:
daicas, 11.5.8), o próprio Neemias “fazia rondas na cidade durante a noi­ “Não se permita emprestar com juros comidas ou bebidas a qualquer
te, e não se cansava, seja com o trabalho, seja com a falta de alimentos ou hebreu, porque não é justo tirar lucro do infortúnio de um compatriota.
de repouso, de que desfrutava somente por necessidade, não por prazer”. Pelo contrário, ao consolá-lo na aflição, você deve contar como lucro a
5.3 Ver nota sobre fome em Rute 1.1; ver também “Fome no antigo gratidão dessas pessoas e a recompensa que Deus tem reservado por um
Oriente Médio”, em G n 42. ato de generosidade”.
5 .4 Estima-se que o rei persa coletava o equivalente a 20 milhões de
dáricos (100 milhões de dólares) por ano em impostos. Muito pouco
696 NEEMIAS 5.9

9 Por isso prossegui: 0 que vocês estão fazendo não está certo. Vocês devem andar no temor do 5.9»is 52.5
nosso Deus para evitar a zombariav dos outros povos, os nossos inimigos.10 Eu, os meus irmãos e 5.10 í x 22.25
os meus homens de confiança também estamos emprestando dinheiro e trigo ao povo. Mas vamos
acabar com a cobrança de juros!2 11 Devolvam-lhes imediatamente suas terras, suas vinhas, suas oli- 5.11 »is 58.6
veiras e suas casas, e também os juros3 que cobraram deles, a centésima parte do dinheiro, do trigo,
do vinho e do azeite.
12E eles responderam: “Nós devolveremos tudo 0 que você citou, e não exigiremos mais nada 5.12 ‘Ed 10.5
deles. Vamos fazer 0 que você está pedindo”.

B a n c o e d in h e ir o n o m u n d o a n tig o

NEEMIAS 5 Os primeiros câmbios mone­ Os preços naturalmente oscilaram du­ palácios, ou ainda 0 enterravam, como um
tários foram feitos por meio do sistema de rante os séculos, e é difícil verificar quanto tesouro. Os empréstimos eram documenta­
troca. Na M esopotâm ia, cevada e tâmaras um artigo específico custava num deter­ dos e testemunhados. Empréstimos agrícolas
costumavam ser 0 padrão de comércio, visto minado lugar em certa época — e é igual­ de seis meses eram comuns, bem como notas
que podiam ser estocadas por um período re­ mente difícil traduzir esses preços de ma­ promissórias e cartas de crédito. Havia leis
lativamente longo sem que houvesse perda neira compreensível para 0 leitor moderno. que regulamentavam as garantias para pre­
do produto. Os dízimos, impostos e tributos Antigamente, as leis da oferta e da procura venir abusos: a capa tomada como garantia
podiam ser pagos com produtos agrícolas. As funcionavam como hoje. Por exemplo, 2Reis teria de ser devolvida à noite (Êx 22.26,27),
moedas começaram a ser usadas na Lídia, no 7.1 indica que, no século IXa.C., 0 preço de a penhora das mós era proibida (Dt 24.6), e
século Vil a.C., mas só alcançaram populari­ um sido de prata para dois seás (ca. 14,6 os credores não podiam entrar nas casas dos
dade no período de Alexandre, 0 Grande (ca. litros) de cevada era muito barato, 0 que devedores para retirar 0 que estava penho-
330 a.C.).1 0 sistema de permuta foi usado ocorria porque a oferta dos grãos rado (Dt 24.10). Era proibido cobrar juros
até mesmo no período romano. Metais pre­ era abundante. 0 profeta de empréstimos feitos a israelitas
ciosos (e.g., prata, ouro e electrum) transfor­ Oseias, por volta de 740 (Ex 22.25) e as transações imobi­
mados em recipientes (taças, tigelas e pra­ a.C., resgatou sua es­ liárias eram bastante restritas.
tos) ou em joias (anéis, brincos e braceletes) posa, Gomer, da es­ Como nos empreendimentos
eram muito usados como itens de troca.2 cravidão pelo preço comerciais modernos, 0 risco
0 peso de um item (e.g., um prato de de 15 sidos de prata e 0 lucro quase sempre eram
prata de 130 sidos; Nm 7.13) era 0 primeiro e "um barril [hômer] diretamente proporcionais: 0
indicador de seu valor monetário, embora e meio de cevada" (Os comércio internacional impli­
outros fatores, como a qualidade do artesão, 3.2). Considerando que cava grande risco, mas podia ser
também fossem importantes. As unidades de a capacidade do hômer4 era muito lucrativo; 0 comércio
peso mais comuns eram 0 gera (0,6 gramas), de 220 litros, aproximadamente, 0 ^ local era pouco arriscado,
0 sido (11,5 gramas), a mina (600 gramas) preço pago pela libertação de um mas resultava num
e 0 talento (34 quilos). Todos esses equiva­ escravo no Israel do século VIII retorno menor do
lentes de peso são aproximados e, até certo a.C. seria de 127,5 gramas de investimento.
ponto, hipotéticos, já que os pesos não eram prata e 330 litros de ceva­
fixos para todos os lugares durante 0 período da. Os contemporâneos de
bíblico. Isso não significa que os povos do Oseias tinham condições
mundo antigo não se importavam com pesos de determinar se esse valor
e trocas. Pelo contrário, a condenação para representava 0 preço nor­
Moedas Romanas
quem fraudasse pesos e escalas mostra quão mal ou se era exorbitante. do século I d.C.
seriamente eles tratavam a precisão nessas Os israelitas/judeus guar­ Preserving Bible Times; © dr.
James C. Martin
questões (cf. Lv 19.36; Pv 16.11).3 davam seu dinheiro nos templos ou nos
Wer "Moedas e numismática", em Lc 15. 2Ver "Pedras preciosas do mundo bíblico", em Is 54. 3Ver "Pesos e medidas", em Am 8; ver também a 'Tabelas de pesos e
medidas" na p. 2079. 4Não incluído na lista de pesos e medidas da NVI.
NEEMIAS 6.9 697

Então convoquei os sacerdotes e os fiz declarar sob juramento0 que cumpririam a promessa feita.
5.13 cMt 10.14; 13 Também sacudic a dobra do meu manto e disse: Deus assim sacuda de sua casa e de seus bens todo
At 18.6; dDt 27.15-
aquele que não mantiver a sua promessa. Tal homem seja sacudido e esvaziado!
Toda a assembleia disse: “Amém!”,11e louvou o S e n h o r . E o povo cumpriu o que prometeu.

O Exemplo de Neemias
5 .1 4«Ne 2.6; 13.6; 14 Além disso, desde o vigésimo ano do rei Artaxerxes,e quando fui nomeado governadorf deles
«Gn 42.6; Ed 6.7;
Jr 40.7; Ag 1.1 na terra de Judá, até o trigésimo segundo ano do seu reinado, durante doze anos, nem eu nem meus
irmãos comemos a comida destinada ao governador.15 Mas os governantes anteriores, aqueles que
me precederam, puseram um peso sobre o povo è tomavam dele quatrocentos e oitenta gramasfl de
prata, além de comida e vinho. Até os seus auxiliares oprimiam o povo. Mas, por temer a Deus,9 não
5 .1 6 h2Ts 3.7-10 agi dessa maneira.16 Ao contrário,11eu mesmo me dediquei ao trabalho neste muro. Todos os meus
homens de confiança foram reunidos ah para o trabalho; e não compramos^ nenhum pedaço de terra.
17 Além do mais, cento e cinqüenta homens, entre judeus do povo e seus oficiais, comiam à mi­
5 .1 8 IR s 4.23 nha mesa, como também pessoas das nações vizinhas que vinham visitar-nos.18 Todos os dias eram
preparados, à minha custa, um boi, seis das melhores ovelhas e aves,' e a cada dez dias eu recebia
uma grande remessa de vinhos de todo tipo. Apesar de tudo isso, jamais exigi a comida destinada ao
governador, pois eram demasiadas as exigências que pesavam sobre o povo.
5 .1 9 iGn 8.1; 19 Lembra-tei de mim, ó meu Deus, levando em conta tudo o que fiz por este povo.
2Rs 20.3; Ne 1.8;
13.14,22,31
A Tentativa de Intimidação
Quando Sambalate, Tobias,k Gesém,1o árabe, e o restante de nossos inimigos souberam que eu
6.1 kNe2.10;
'Ne 2.19
6 havia reconstruído o muro e que não havia ficado nenhuma brecha, embora até então eu ainda
não tivesse colocado as portas nos seus lugares, 2 Sambalate e Gesém mandaram-me a seguinte
mensagem: “Venha, vamos nos encontrar num dos povoadosc da planície de Onom”.
Eles, contudo, estavam tramando fazer-me m al;3 por isso enviei-lhes mensageiros com esta
resposta: “Estou executando um grande projeto e não posso descer. Por que parar a obra para ir
encontrar-me com vocês?” 4 Eles me mandaram quatro vezes a mesma mensagem, e todas as vezes
lhes dei a mesma resposta.
6 .5 nNe 2.10 5 Então, na quinta vez, Sambalatenmandou-me um dos seus homens de confiança com a mesma
6.6 °Ne 2.19 mensagem; ele tinha na mão uma carta aberta 6 em que estava escrito:

“Dizem entre as nações, e Gesém0 diz que é verdade, que você e os judeus estão tramando uma
revolta e que, por isso, estão reconstruindo o muro. Além disso, conforme dizem, você está na iminência
de se tornar o rei deles,7 e até nomeou profetas para fazerem em Jerusalém a seguinte proclamação a
seu respeito: ‘Há um rei em Judá!’ Ora, essa informação será levada ao rei; por isso, vamos conversar”.

8 Eu lhe mandei esta resposta: Nada disso que você diz está acontecendo; é pura invenção sua.
9 Estavam todos tentando intimidar-nos, pensando: “Eles serão enfraquecidos e não concluirão
a obra”.
Eu, porém, orei pedindo: Fortalece agora as minhas mãos!
0 5 . 1 5 Hebraico: 40 siclos. Um siclo eqüivalia a 1 2 gramas.
b 5 . 1 6 Conforme a maioria dos manuscritos do Texto M assorético. Alguns manuscritos do Texto M assorético, a Septuaginta,
a Vulgata e a Versão Siríaca dizem eu n ão comprei.
c 6 . 2 Ou em Quefirim.

5 .1 5 A palavra hebraica para “governador” é aplicada a Sesbazar (Ed 6.5 Nessa época, as cartas eram escritas em folhas de papiro ou de couro,
5.14) e Zorobabel (Ag 1.1,12; 2.2), bem como para diversos oficiais Per­ que eram depois enroladas, amarradas e lacradas com uma bula (impres­
sas (Ed 5.3,6; 6.6,7,13; 8.36; Ne 2.7,9; 3.7). Embora alguns acreditem são de sinete) de barro para garantir sua autenticidade (ver “Materiais de
que Judá náo teve governadores antes de Neemias e que a referência escrita no mundo antigo”, em 3Jo). Ao que parece, Sambalate desejava
aqui diz respeito aos governadores de Samaria, evidências arqueológicas que o conteúdo de sua carta fosse do conhecimento de todos.
recentes (sinetes e impressões de sinetes) confirmam a referência aos pri­ 6 .6 A inscrição de Beistum (ver “Dario I”, em Ed 5) deixa claro que os
meiros governadores de Judá. reis persas não toleravam rebeliões nem reivindicações ao trono. Tempos
Isentar de impostos os membros do clero (ver nota em Ed 7.24) era mais tarde, na época do N T , o imperador Romano também ficava atento
uma prática comum do reino persa, por isso os impostos acabavam se a qualquer aspiração não autorizada à realeza (Jo 19.12; cf. M t 2.1-13).
tornando mais pesados para os leigos. Os governadores que extorquiam 6.9 A frase “eles serão enfraquecidos” expressa ideia de desânimo. Essa
o povo eram muitas vezes servidos por assistentes ainda mais opressores expressão hebraica também é encontrada em Ed 4.4 e Jr 38.4, como
(cf. M t 18.21-35; 20.25-28). também num óstraco de Láquis datado de cerca de 588 a.C. (ver “Os
6.2 A planície de O no estava localizada cerca de 11 quilômetros a sudeste óstracos de Láquis”, em Jr 34).
de Jope, perto de Lode, na região mais a oeste, ocupada pelos judeus que
retornaram do exílio.
698 NEEMIAS 6.10

10 Um dia fui à casa de Semaías, filho de Delaías, neto de Meetabel, que estava trancado portas
adentro. Ele disse: “Vamos encontrar-nos na casa de Deus, no templo,P a portas fechadas, pois estão
querendo matá-lo; eles virão esta noite”.
11 Todavia, eu lhe respondi: Acha que um homem como eu deveria fogir? Alguém como eu deveria
entrar no templo para salvar a vida? Não, eu não irei!12 Percebi que Deus não o tinha enviado e que 6.12 «Ez 13.22,23;
'Ne 2.10
ele tinha profetizado contra mim'! porque Tobias e Sambalater o tinham contratado.13 Ele tinha sido 6.13 sJr 20.10
pago para me intimidar, a fim de que eu cometesse um pecado agindo daquela maneira, e então eles
poderiam difamar-me e desacreditar-me.s

14 Lembra-te* do que fizeram Tobias e Sambalate,u meu Deus, lembra-te também da profetisav 6.14>Ne 1.8;
“Ne 2.10;
Noadia e do restante dos profetasw que estão tentando me intimidar. 'Êx 16.20;
Ez 13.17-23;
At 21.9; Ap 2.20;
O Término da Reconstrução «Ne 13.29;
Jr 23.9-40;
15 O muro ficou pronto no vigésimo quinto dia de eluK em cinqüenta e dois dias.16 Quando todos Zc 13.2,3
os nossos inimigos souberam disso, todas as nações vizinhas ficaram atemorizadas e com o orgulho
ferido, pois perceberam que essa obra havia sido executada com a ajuda de nosso Deus.
17 E também, naqueles dias, os nobres de Judá estavam enviando muitas cartas a Tobias, que lhes
enviava suas respostas.18 Porque muitos de Judá estavam comprometidos com ele por juramento,
visto que era genro de Secanias, filho de Ara, e seu filho Joanã havia se casado com a filha de Mesulão,
neto de Berequias. 19 Até ousavam elogiá-lo na minha presença e iam contar-lhe o que eu dizia.
E Tobias continuou a enviar-me cartas para me intimidar.
Depois que o muro foi reconstruído e que eu coloquei as portas no lugar, foram nomeados os 7.1 <1Cr 9.27;
7 26.12-19;
porteiros,* os cantoresv e os levitas.2 2 Para governar Jerusalém encarreguei o meu irmão Hana- Ne 6.1,15;
«168.25; ‘ Ne 8.9
nia e, com ele, Hananiasi,,b comandante da fortaleza,0 pois Hananias era íntegro e temiad a Deus 7.2 "Ne 1.2;
mais do que a maioria dos homens.3 Eu lhes disse: As portas de Jerusalém não deverão ser abertas «Ne 10.23;'Ne 2.8;
*1 Rs 18.3
enquanto o sol não estiver alto. E antes de deixarem o serviço, os porteiros deverão fechar e travar
as portas. Também designei moradores de Jerusalém para sentinelas, alguns em postos no muro,
outros em frente das suas casas.

A Lista dos Exilados que Retornaram


4 Ora, a cidade era grande e espaçosa, mas havia poucos m oradores® e as casas ainda não tinham
7.4 «Ne 11.1
sido reconstruídas. 5 Por isso o meu Deus pôs no meu coração reunir os nobres, os oficiais e todo o
povo para registrá-los por famílias. Encontrei o registro genealógico dos que foram os primeiros a
voltar. Assim estava registrado ali:

6 7.6 <2Cr 36.20;


“Estes são os homens da província que voltaram do exílio,f os quais Nabucodonosor, rei da Babi­
Ed 2.1-70; Ne 1.2
lônia, havia levado prisioneiros. Eles voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua própria
cidade, 7 em companhia de Zorobabel,fl Jesua, Neemias, Azarias, Raamias, Naamani, Mardoqueu, 7.7 91 Cr 3.19;
Ed 2.2
Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum e Baaná. E esta é a lista e o número dos que retornaram, pelos chefes
de família e respectivas cidades:

8 “ os descendentes de Parós, 2.172;


9 de Sefatias, 372;
10 de Ara, 652;
11 de Paate-Moabe, por meio da linhagem de Jesua e Joabe, 2.818;
12 de Elão, 1.254;
13 de Zatu, 845;
a 6.15 Aproximadamente agosto/setembro.
b 7 . 2 Ou H anani, isto é, H ananias.

6 .1 0 -1 3 O livre acesso de Semaías ao templo provavelmente indica que lógicas mostram que a circunferência dos muros era muito reduzida na
ele era um sacerdote. É aceitável, portanto, que ele pudesse propor a Nee- época de Neemias. Josefo afirma (Antiguidades judaicas, 11.5.8) que a
mias o refugio na área do templo em que ficava o altar (cf. Êx 21.13,14; reconstrução dos muros exigiu dois anos e quatro meses de trabalho, mas
lR s 1.50-53), mas não na casa de Deus (Ne 6.10), a área do templo sem dúvida ele incluía nesse período tarefas adicionais, como o fortaleci­
propriamente dito, já que um leigo como Neemias não estava autorizado mento das várias seções e de seus adornos.
a entrar no santuário (Nm 18.7). 7 .3 Em geral, as portas das cidades eram abertas todos os dias ao ama­
6.1 4 Ver nota sobre profetisas em Êx 15.20,21. nhecer, mas Neemias postergou a abertura das portas para evitar um
6.1 5 Os muros que ficaram em ruínas durante cerca de um século e meio ataque inimigo antes que todos os moradores de Jerusalém estivessem
foram reconstruídos em menos de dois meses, uma vez que o povo foi despertos e alertas (ver “A porta da cidade”, em Rt 4).
incentivado a trabalhar sob a liderança de Neemias. Pesquisas arqueo­
NEEMIAS 7 699

0 período pós-exílico do Antigo Testamento: o período persa

NEEMIAS 7 0 período pós-exílico, que du­ Um terceiro desafio im portante foi um papel crucial como governador da Judeia
rou mais de quinhentos anos, pode ser divido a fortificação de Jerusalém. Em 445 a.C., em meados do século V a.C., ainda que du­
em cinco períodos: persa, grego, hasmo- Neemias, copeiro do rei persa, apelou a rante esse período toda a Judeia assistisse ao
neu, romano e herodiano. Artaxerxes I a favor de Jerusalém.3 Artaxerxes aumento do poder do sacerdócio e à diminui­
Em 539/538 a.C., Ciro, o persa, derrotou declarou Neemias governador da Judeia, pa­ ção do poder da família real davídica. Ao final
os babilônios e mudou a política de despo- gou as despesas de seu retorno a Jerusalém e do período persa (ca. 330 a.C.) os sacerdotes
voamento e dispersão de povos em terras forneceu materiais de construção (Ne 2.1-9; estavam em posição de proeminência.
estrangeiras.1 Quase imediatamente, ele 5.14). A despeito de considerável oposição,4 + Os persas esperavam receber o favor e o
permitiu que os israelitas exilados retomas­ Neemias e os que retornaram com ele cum­ apoio das divindades locais e de seus sacerdo­
sem à sua terra natal, sob a liderança de Ses­ priram sua missão (6.15). tes, que intercederiam pela prosperidade
bazar (cf. Ed. 1 e 2; 5.13-16; Ne 7). 0 cilindro A dedicação dos muros foi acompanhada do império (cf. Ed 6.9,10; 7.23).
de Ciro contém confirmações extrabíblicas de uma longa leitura da Lei e de um apelo 0 apoio religioso foi essencial à legitima­
importantes.2 à renovação da aliança. No entanto, esse pe­ ção do governo persa aos olhos de vários po­
Muitos judeus optaram por permanecer ríodo de avivamento foi curto. Quando Nee­ vos. Os persas obtiveram tanto sucesso nessa
nas terras em que viviam como exilados, mias regressou a Jerusalém, provavelmente questão que na Babilônia seu governo não era
embora mantendo sua identidade religiosa em 433/432 a.C., descobriu que os sacerdo­ considerado um domínio estrangeiro.
e étnica. Esse fenômeno, conhecido como tes, assim como o povo, se haviam tornado
diáspora, tornou-se uma realidade social negligentes na adoração. Os líderes e profetas israelitas reconhe­
irreversível. No entanto, as narrativas exílicas A aprovação e o apoio dos reis persas às ciam as restrições impostas pelo governo
e pós-exílicas do AT, com exceção do livro de atividades religiosas em "Yehud" (Judeia) persa, mas aceitavam seu apoio para levar
Ester, ressaltam os desafios e crises enfrenta­ são coerentes com seus interesses nos tem­ a efeito as ordenanças de Deus em sua terra
dos pelos que retomaram. plos comunitários da Babilônia, Síria, Ásia natal. No entanto, não deixavam de afirmar
0 primeiro grande desafio foi a recons­ M enor, Armênia e Fenícia, entre outros: que Deus era a fonte de toda bênção e su­
trução do templo em meio à oposição exter­ cesso (Ed 1.1; 7.6; Ne 2.8,20) e mantiveram
na (Ed 4.1-5,24; 5.1— 6.18) e a negligência ❖ Os templos serviam como centros re­ os olhos no futuro, contemplando o dia
interna (Ag 1.2-11). A restauração era indis­ gionais de poder e ajudavam a manter a em que otronco de Davi lançasse suas raízes
pensável para que a presença e a bênção de obediência civil e a lealdade política. Por­ e todos os povos seguissem para o monte
Deus fossem restabelecidas, e um sacerdócio tanto, não deve ter sido coincidência o fato Sião a fim de buscar o Senhor dos Exércitos
forte era necessário para reinstituir o culto lo­ de os persas autorizarem a reconstrução do (Zc 3.8-10; 8.20-23).
cal conforme prescrito na Lei (Ag 2.11-19; Zc segundo templo logo depois de subjugarem
13). Impelidos à ação pelos profetas Ageu e o Egito, em 526/525 a.C. De bom grado, eles
Zacarias e com o apoio financeiro persa, o go­ comissionaram Esdras e Neemias alguns anos
vernador designado pelos persas, Zorobabel, depois de controlar a revolta no Egito, em
e o sumo sacerdote Josué concluíram com 460 a.C. A ameaça egípcia ao sul destacava a
sucesso o projeto, consagrando o templo em dependência persa de uma "Yehud” (Judeia)
516/515 a.C. (cf. Ed 6.15,16). produtiva e leal.
Outro desafio foi a ameaça da assimila­ Os sistemas governamentais baseados
ção e da idolatria (Ed 9). Com o apoio persa, no sacerdócio eram menos ameaçadores aos
Esdras retornou a Jerusalém em 458 a.C. (Ed persas que as monarquias locais. A Judeia
7.6-10). Ele exortou o povo, levou-o à con­ era governada por um sumo sacerdote e um
fissão de infidelidade a Deus (Ed 10) e mais governador (cf. Ag 1.1,13; Zc 4), e o equilíbrio
tarde cumpriu sua vocação de ensinar o Livro de poder entre os dois oscilou durante todo o
da Lei ao povo (Ne 8 e 9). período pós-exílico. Neemias desempenhou

Wer "Ciro, o Grande", em Ed 1. 2Ver "O cilindro de Ciro", em Ed 6. 3Ver "Artaxerxes I, o rei da Pérsia", em Ed 7. 4Ver "Sambalate, Tobias e Gesém", em Ne 2.
700 NEEMIAS 7

NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS

0 período pós-exílico do Antigo Testamento:


os períodos grego e hasmoneu
NEEMIAS 7 Os gregos. As fontes históricas cidade e proibindo a observância das práticas suportar o peso dos impostos cobrados pe­
são praticamente nulas sobre a história da religiosas judaicas. 0 autor de IMacabeus los selêucidas.
Judeia após o período persa (ver o artigo an­ (livro apócrifo, não encontrado no cânon Os hasmoneus conquistaram significati­
terior) até a época de Alexandre, o Grande. protestante tradicional) registra que o pior va expansão territorial. João Hircano I (135-
Em 332 a.C., esse rei macedônio conquistou a insulto de todos ocorreu em 167 a.C., quando 104a.C.)foi particularmente notável por suas
região e pôs fim a séculos de domínio persa. Antíoco profanou o templo, sacrificando um campanhas militares contra os samaritanos e
Alexandre trouxe com ele o helenismo, uma porco — animal impuro — sobre o altar. idumeus.4 Destruiu o templo samaritano
forma popular de cultura grega que influen­ Daniel 11.31 talvez se refira a esse incidente, no monte Gerizim e conquistou a capital
ciou de maneira duradoura todas as socieda­ que denomina "o sacrilégio terrível".3 Os ju­ dos samaritanos, Siquém.5 Foi permitido aos
des com as quais entrou em contato. deus reagiram com violência, iniciando uma idumeus permanecer em suas terras, com
Após sua morte, em 323 a.C., os gene­ revolta, liderada pelo sacerdote Matatias, da a condição de que todos os homens fossem
rais mais poderosos de Alexandre travaram família dos hasmoneus, e seus cinco filhos. circuncidados. A Galileia ficou sob governo
guerra entre si na tentativa de tomar partes Alguns anos depois, os judeus retomaram a do filho de Hircano, Aristóbulo (104-103
do império. Em 301 a.C., a dinastia ptolo- liberdade religiosa, e o templo foi purificado a.C.). Seu sucessor, Alexandre Janeu (103-76
maica, família grega que governou o Egito, e dedicado outra vez em 164 a.C. a.C.), expandiu o domínio hasmoneu até as
obteve o controle da Judeia.' As fontes sobre cidades gregas ao longo da costa da Terra
esse período são no mínimo escassas, porém Os hasmoneus. Os macabeus, por causa Santa, até a região da Transjordânia. No
isso pode significar que os judeus mantive­ da vitória sobre os selêucidas, firmaram- entanto, Janeu adquiriu a reputação de ser
ram uma existência pacífica sob o domínio -se como dinastia governante da Judeia. 0 um homem cruel. As divergências internas
dos ptolomeus. membro mais famoso dessa família foi Judas aumentaram e ameaçaram dividir esse Esta­
Em 200 a.C., o rei selêucida Antíoco III Macabeu, filho de Matatias, daí o nome pelo do incrivelmente frágil. Janeu passou o reino
conquistou a Judeia (os selêucidas eram uma qual o levante se tornou conhecido: "revolta hasmoneu, que era relativamente grande,
dinastia grega que governou a Síria).2 Ele dos macabeus". para a esposa, Salomé, cujo reinado de nove
estabeleceu relações favoráveis, garantindo Judas liderou campanhas militares vi­ anos foi marcado por uma guerra civil entre
a liberdade religiosa dos dominados. Antíoco toriosas em 163 e 162 a.C. para proteger seus dois filhos, Aristóbulo II e Hircano II.
IV Epifânio, no entanto, reverteu essa política os judeus que estavam sendo atacados em Outro acontecimento importante desse
e iniciou uma grande perseguição religiosa outras áreas da Terra Santa. Os hasmoneus período foi o surgimento dos saduceus e
contra os judeus. Ele era, provavelmente, logo ganharam a reputação de líderes e de­ dos fariseus. Os saduceus representavam a
o "ser desprezível" que subiria ao poder, fensores da nação. Os selêucidas tentaram, classe alta do sacerdócio judaico com seus
segundo Daniel 11.21. Os historiadores acre­ sem sucesso, reprimir a crescente onda de aristocratas associados. Buscavam proemi-
ditam que essa mudança foi motivada pela nacionalismo judeu, e em 161 a.C. os hasmo­ nência tanto na esfera religiosa quanto na
ânsia de Antíoco por conseguir dinheiro para neus aumentaram sua vantagem, assinando arena política e eram vistos por alguns como
financiar sua luta contra os romanos. Há tam­ um acordo de mútua defesa com a Repúbli­ simpatizantes das influências culturais he-
bém indícios da existência de facções rivais ca romana. lenísticas.6 Os fariseus, ou "os separados",
no âmbito do sacerdócio de Jerusalém, que Enquanto isso, o Império Selêucida des­ surgiram como reação contra o helenismo.
tentavam ganharforça, para isso cooperando moronava por dentro. Ironicamente, os que Esse grupo era caracterizado por sua obser­
com a liderança de fala grega, até mesmo ao disputavam o trono pediram ajuda aos vância estrita e intransigente da Lei mosaica.
ponto de oprimir os próprios judeus. hasmoneus para consolidar sua posição. Em Com o passar do tempo, seus membros con­
Antíoco usou a Judeia como plataforma troca, prometiam autonomia para os judeus. quistaram alta distinção aos olhos de muitos
para a campanha contra o Egito, mas em 168 Os hasmoneus aproveitaram esse período de judeus, que os viam como defensores da
a.C. esse plano foi ameaçado. 0 povo oprimi­ enfraquecimento dos selêucidas para contro­ religião pura.7
do de Jerusalém aproveitou a oportunidade lar grandes áreas da Terra Santa. Finalmente,
para se rebelar contra Antíoco, que reprimiu em 141 a.C., a última tropa grega foi expulsa
com força o levante, punindo os cidadãos ju­ de Jerusalém: a cidade não teria mais de
deus com a implantação de cultos pagãos na

1Ver "Os ptolomeus", em Dn 7. 2Ver "Os selêucidas", em Dn 12. 3Ver "Antíoco IV Epifânio", em Dn 11. 4Ver "Os samaritanos", em Jo 8. 5Ver "0 templo samaritano
no monte Gerizim", em Jo 4. 6Ver "Os saduceus", em M t 22. ?Ver "Os fariseus", em M t 5.
NEEMIAS 7.35 701

14 de Zacai, 760;
15 de Binui, 648;
16 de Bebai, 628;
17 de Azgade, 2.322;
18 de Adonicão, 667;
19 de Bigvai, 2.067;
7.20 «8.6 20 de Adim,h655;
21 de Ater, por meio de Ezequias, 98;
22 de Hasum, 328;
23 de Besai, 324;
24deHarife, 112;
25 de Gibeom, 95;

7.26 '2Sm23.28; 2« “das cidades de Belém ede Netofate,' 188;


7.27us 2118 27 de AnatoteJ 128;
28 de Bete-Azmavete, 42;
7.29 kjs18.26; 29 de Quiriate-Jearima, Cefirake Beerote,1743;
Us18,25 30 de Ramá e Geba, 621;
31 de Micmás, 122;
Gn12.8
7.32m 32 de Betel e Ai,m123;
33 do outro Nebo, 52;
34 do outro Elão, 1.254;
35 de Harim, 320;

» 7 . 2 9 Veja Ed 2.25.

Êjj ÉÜf 118 ' - - é i=

NOTAS H IST Ó R IC AS E CULTURAIS

O período pós-exílico do Antigo Testamento:


os períodos romano e herodiano
NEEMIAS 7 0 período do governo dos has- território judeu em cinco unidades adminis­ A matança de inocentes (M t 2) ilustra a cruel­
moneus assinalou a última vez em que os trativas. Mas o povo reagiu com violência, e dade de Herodes.
judeus seriam governados por seu povo até Gabínio abandonou a ideia. Com essa expe­ No entanto, Herodes também podia se
o estabelecimento do moderno Estado de riência, os romanos aprenderam que a Judeia mostrar simpático com o povo judeu. Certa
Israel, em 1948. De fato, quando os has- tinha potencial para se tornar um barril de ocasião, influenciou a corte imperial em
moneus estavam no auge de seu governo, pólvora, e, de fato, a rebelião se provaria a Roma a favor de alguns judeus que se
o poder romano já crescia na região e logo regra, não a exceção, durante todo o período haviam rebelado. Também empreendeu
dominaria o Estado hasmoneu. Na época em do governo romano. a restauração do templo, em 20 a.C. Após a
que o romano Pompeu chegou a Jerusalém Em 37 a.C., Herodes, o Grande, foi no­ morte de Herodes, em 4 a.C., Arquelau tor­
com suas legiões, em 63 a.C., a conquista meado rei vassalo da Judeia por Júlio César nou-se rei, mas não foi capaz de manter a
romana era praticamente certa.1 Os romanos e peio Senado romano.2 Rapidamente con­ ordem. Depois de dez anos de revoltas,
foram misericordiosos e não destruíram Jeru­ cedeu o sumo sacerdócio a membros da Roma declarou a Judeia província romana,
salém nem puniram os habitantes da região. Diáspora, homens que compartilhavam ficando sob a supervisão direta da capital do
Respeitaram a antiguidade da fé judaica e suas tendências helenísticas (ao contrário império. No entanto, nada poderia impedir
permitiram a continuidade de sua prática, dos sacerdotes mais conservadores), fato que que os judeus se sentissem insatisfeitos com
conquanto que os judeus não ameaçassem aborreceu a muitos judeus. Também gover­ o controle estrangeiro. Foi precisamente
o Estado romano. nou a região de maneira severa, acreditando nesse ambiente instável que Jesus iniciou
0 sucessor de Pompeu, Gabínio, gover­ que as rebeliões deviam ser desencorajadas e seu ministério público.
nador da Síria de 57 a 55 a.C., tentou dividir o fazendo exemplo dos que ameaçavam a paz.

'Ver "0 exército romano e a ocupação da Terra Santa", em At 27. 2Ver "Herodes, o Grande", em Mc 3.
702 NEEMIAS 7.36

36 de Jerico," 345; 7.36 "Ne 3.2

37 de Lode, Hadide e Ono,0 721; 7.37 °1 Cr 8.12


38deSenaá, 3.930.

39 “Os sacerdotes:
“os descendentes de Jedaias, por meio da família de Jesua, 973;
40 de Imer, 1.052;
41 de Pasur, 1.247;
42 de Harim, 1.017.
43 “Os levitas:
“os descendentes de Jesua, por meio de Cadmiel, pela linhagem de Hodeva, 74.

44 “Os cantores:P 7.44 PNe 11.23

“os descendentes de Asafe 148.

45 “Os porteiros^ do templo: 7.4511 Cr 9.17

os descendentes de Salum,
Ater, Talmom, Acube, Hatita e Sobai 138.

46 “Os servidores do templo:r 7.46 We 3.26

“os descendentes de Zia, Hasufa, Tabaote,


47 Queros, Sia, Padom,
48 Lebana, Hagaba, Salmai,
49 Hanã, Gidel, Gaar,
50 Reaías, Rezim, Necoda,
51 Gazão, Uzá, Paseia,
52 Besai, Meunim, Nefusim,
53 Baquebuque, Hacufa, Harur,
54Baslite, Meída, Harsa,
55 Barcos, Sísera, Tamá,
56Nesias e Hatifa.

57 “Os descendentes dos servos de Salomão:


“os descendentes de Sotai, Soferete, Perida,
58 Jaala, Darcom, Gidel,
59 Sefatias, Hatil,
Poquerete-Hazebaim e Amom.

60 “Os servos do templo 7.60 S1Cr 9.2


e os descendentes dos servos de Salomãos 392.

61 “Os que chegaram das cidades de Tel-Melá,


Tel-Harsa, Querube, Adom
e Imer, mas não puderam provar que suas
amílias eram descendentes de Israel:
62 “os descendentes de Delaías,
Tobias e Necoda 642.

63 “E entre os sacerdotes:
“os descendentes de Habaías, Hacoz e Barzilai, homem que se casou com uma filha
de Barzilai, de Gileade, e que era chamado por aquele nome”.
64Esses procuraram seus registros de família, mas não conseguiram achá-los e, dessa forma, foram
considerados impuros para o sacerdócio.65 Por isso o governador determinou que eles não comes­ 7.65'Êx 28.30;
Ne 8.9
sem das ofertas santíssimas enquanto não houvesse um sacerdote para consultar o Urim e o Tumim11.*
0 7 . 6 5 Objetos utilizados para se conhecer a vontade de Deus.

7 .4 4 Para mais informações sobre Asafe, ver a nota em SI 7 3.1— 83.18.


NEEMIAS 8.15 703

66 O total de todos os registrados foi 42.360 homens, 67 além dos seus 7.337 servos e servas;
havia entre eles 245 cantores e cantoras. 68 Possuíam 736 cavalos, 245 mulas,"69 435 camelos e
6.720 jumentos.
70 Alguns dos chefes das famílias contribuíram para o trabalho. O governador deu à tesouraria
7.71 «1 C r 2 9 .7 oito quilos^ de ouro, 50 bacias e 530 vestes para os sacerdotes.71 Alguns dos chefes das famíliasu
deram à tesouraria cento e sessenta quilos de ouro e mil e trezentos e vinte quilosc de prata, para a
7.72'Êx2 5.2 realização do trabalho.72 O total dado pelo restante do povo foi de cento e sessenta quilos de ouro,
mil e duzentos quilos de prata e 67 vestes para os sacerdotes.v
7.73 »Ne 1.10; 73 Os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores e os servidores do templo,we também
SI 34.22; 103.21;
113.1; 135.1; alguns do povo e os demais israelitas, estabeleceram-se em suas próprias cidades.x
>Ed 3.1; Ne 11.1;
vEd 3.1
A Leitura Pública da Lei
8.1 !Ne 3.26; Quando chegou o sétimo mês e os israelitas tinham se instalado em suas cidades,'1todo o povo
•Dt 28.61;
2Cr 34.15; Ed 7.6 8 juntou-se como se fosse um só homem na praça, em frente da porta das Águas.2 Pediram ao
escriba Esdras que trouxesse o Livro da Lei de Moisés,3 que o S e n h o r dera a Israel.
8.2 »Lv 23.23-25; 2 Assim, no primeiro dia do sétimo mês,bo sacerdote Esdras trouxe a Leic diante da assembleia,
Nm 29.1-6;
•Dt31.11 que era constituída de homens e mulheres e de todos os que podiam entender. 3 Ele a leu em
8.3 «Ne 3.26
alta voz desde o raiar da manhã até o meio-dia, de frente para a praça, em frente da porta das Águas,d
na presença dos homens, mulheres e de outros que podiam entender. E todo o povo ouvia com atenção
a leitura do Livro da Lei.
. «C r 6.13 4 O escriba Esdras estava numa plataforma elevada, de madeira,e construída para a ocasião.
Ao seu lado, à direita, estavam Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaseias; e à esquerda esta­
vam Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.
5 Esdras abriu o Livro diante de todo o povo, e este podia vê-lo, pois ele estava num lugarf mais alto.
8 .6 1ÊX 4.31; E, quando abriu o Livro, o povo todo se levantou.6 Esdras louvou o S e n h o r , o grande Deus, e todo
Ed 9.5; 1Tm 2.8
o povo ergueu as mãos9 e respondeu: “Amém! Amém!” Então eles adoraram o S e n h o r , prostrados
com o rosto em terra.
8.7 "Ed 10.23; 7 Os levitas11Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias,
'Lv10.11; 2Cr17.7
Jozabade, Hanã e Pelaías, instruíram' o povo na Lei, e todos permaneciam ali.8 Leram o Livro da Lei
de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido.
8.9 'Ne 7.1,65,70; 9 Então Neemias, o governador, Esdras, o sacerdote e escriba, e os levitasi que estavam instruindo o
"Dt 12.7,12;
16.14,15 povo disseram a todos: “Este dia é consagrado ao S e n h o r , o nosso Deus. Nada de tristeza e de choro!”k
Pois todo o povo estava chorando enquanto ouvia as palavras da Lei.
8.10'1 Sm 25.8; 10 E Neemias acrescentou: “Podem sair, e comam e bebam do melhor que tiverem, e repartam
Lc 14.12-14;
mLv 23.40; com os que nada1têm preparado. Este dia é consagrado ao nosso Senhor. Não se entristeçam, porque
Dt 12.18;
16.11,14,15 a alegria"1do S e n h o r os fortalecerá”.
11 Os levitas tranqüilizaram todo o povo, dizendo: “Acalmem-se, porque este é um dia santo. Não
fiquem tristes!”
12 Então todo o povo saiu para comer, beber, repartir com os que nada tinham preparado e para
celebrar com grande alegria," pois agora compreendiam as palavras que lhes foram explicadas.
13 No segundo dia do mês, os chefes de todas as famílias, os sacerdotes e os levitas reuniram-se
com o escriba Esdras para estudarem as palavras da Lei.14 Descobriram na Lei que o Se n h o r tinha
ordenado, por meio de Moisés, que os israelitas deveriam morar em tendas durante a festa do sétimo
mês.15 Por isso anunciaram em todas as suas cidades e em Jerusalém: “Saiam às montanhas e tragam
ramos de oliveiras cultivadas, de oliveiras silvestres, de murtas, de tamareiras e de árvores frondosas,
para fazerem tendas, conforme está escrito'*”.
0 7 . 6 8 Conforme alguns manuscritos do Texto M assorético. A maioria dos manuscritos do Texto M assorético não traz este
versículo. Veja Ed 2.66.
b 7 . 7 0 Hebraico: 1.000 dracm as.
c 7 .7 1 Hebraico: 2.200 m inas. Uma mina eqüivalia a 600 gramas.
d 8 . 1 5 Veja Lv 23.37-40.

7 .6 5 Ver “Urim e Tumim”, em Êx 28. 8 .8 A frase “interpretando-o e explicando-o” pode significar que os levitas
8.2,3 As mulheres não participavam das reuniões periódicas, mas eram traduziram as palavras do hebraico para o aramaico (ver nota da NVI).
incluídas, com as crianças, nas ocasiões sagradas (cf. D t 31.12,13; 8.15 As oliveiras estão espalhadas por todos os países do Mediterrâneo
Js 8.35; Ne 10.28; 12.43). O povo ficou de pé durante cinco ou seis e já eram cultivadas em Canaã antes da conquista (D t 8.8). Como leva
horas, ouvindo atentamente a leitura e a explanação das Escrituras. trinta anos para que uma oliveira amadureça, seu cultivo exige boas
condições (ver “Comida e agricultura”, em Rt 2).
704 NEEMIAS 8.16

16 Então o povo saiu e trouxe os ramos, e eles mesmos construíram tendas nos seus terraços, nos8.16»2Rs 14.13;
Ne 12.39
seus pátios, nos pátios do templo de Deus e na praça junto à porta das Águas e na que fica junto à porta
de Efraim.0 17 Todos os que tinham voltado do exílio construíram tendas e moraram nelas. Desde os 8.17 P2Cr 7.8;
8.13; 30.21
dias de Josué, filho de Num, até aquele dia, os israelitas não tinham celebradoP a festa dessa maneira.
E grande foi a alegria deles.
18 Dia após dia, desde o primeiro até o último dia da festa, Esdras leufl o Livro da Lei de Deus. Eles8.18 «Dt 31.11;
l v 23.36,40;
celebraram a festa durante sete dias, e no oitavo dia, conforme o ritual,r houve uma reunião solene. Nm 29.35

A Confissão do Pecado
No vigésimo quarto dia do mês, os israelitas se reuniram, jejuaram, vestiram pano de saco e
9
9.1 «Js 7.6;
1Sm4.12
puseram terra sobre a cabeça.s 2 Os que eram de ascendência israelita tinham se separado 9.2 <Ne 13.3,30;
"Ed 10.11; S1106.6
de todos os estrangeiros.1Levantaram-se nos seus lugares, confessaram os seus pecados e a maldade
dos seus antepassados.u3 Ficaram onde estavam e leram o Livro da Lei do S e n h o r , do seu Deus, du­
rante três horas, e passaram outras três horas confessando os seus pecados e adorando o S e n h o r , o
seu Deus.4 Em pé, na plataforma, estavam os levitasvJesua, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, 9.4 >Ed 10.23
Bani e Quenani, que em alta voz clamavam ao S e n h o r , o seu Deus. 5 E os levitas Jesua, Cadmiel, 9.5 «SI 78.4

Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías conclamavam o povo, dizendo: “Levantem-se
e louvem o S e n h o r , o seu Deus,wque vive para todo o sempre.

“Bendito seja o teu nome glorioso! A tua grandeza está acima de toda expressão de louvor.6 S ó 9.6 «Dt 6.4;
i2Rs 19.15;
tu és o S e n h o r . x Fizeste os céus,v e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra2 e tudo o que 2Gn 1.1; Is 37.16;
■SI 95.5; »Dt 10.14
nela existe, os maresa e tudo o que neles existe.bTu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos
céus te adoram.
7 “Tu és o S e n h o r , o Deus que escolheu Abrão, trouxe-o de Ur dos caldeus0 e deu-lhe o nome9.7 'Gn 11.31;
aGn 17.5
de Abraão.'18 Viste que o coração dele era fiel, e fizeste com ele uma aliança, prometendo dar aos 9.8 «Gn 15.18-21;
'JS 21.45;
seus descendentes a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e iGn 15.6; Ed 9.15
dos girgaseus.e E cumpriste a tua promessa* porque tu és justo.s
9 “Viste o sofrimento dos nossos antepassados no Egito,h e ouviste o clamor deles no mar9.9 "Êx 3,7;
'Êx 14.10-30
Vermelho.'10 Fizeste sinais) e maravilhas contra o faraó e todos os seus oficiais e contra todo o 9.10 rt/. Êx 10.1;
povo da sua terra, pois sabias com quanta arrogância os egípcios os tratavam. Alcançaste renome,k "Jr 32.20; Dn 9.15
que permanece até hoje.11 Dividiste o mar diante deles,1para que o atravessassem a seco, mas 9.11 'Êx 14.21;
SI 78.13;
lançaste os seus perseguidores nas profundezas, como uma pedra em águas agitadas.m12 Tu os "Êx 15.4,5,10;
Hb 11.29
conduziste" de dia com uma nuvem0 e de noite com uma coluna de fogo, para iluminar o caminho 9.12 "Êx 15.13;
que tinham que percorrer. «Êx 13.21

13 “Tu desceste ao monte Sinai;P dos céus lhes falaste.i Deste-lhes ordenanças justas/ leis ver­ 9.13 PÊx 19.11;
1ÊX 19.19;
dadeiras, decretos e mandamentos excelentes.s 14 Fizeste que conhecessem o teu sábado santo* «1119.137;
sÊx 20.1
e lhes deste ordens, decretos e leis por meio de Moisés, teu servo.15 Na fome deste-lhes pão do 9.14 >Gn 2.3;
céu,ue na sede tiraste para eles água da rocha;vmandaste-os entrar e tomar posse da terra que, sob 9.15 Êx20.8-11
"Êx 16.4;
juramento, tinhas prometido dar-lhes.w Jo 6.31 ;"Êx 17.6;
Nm 20.7-13;
16 “Mas os nossos antepassados tornaram-se arrogantes e obstinados, e não obedeceram aos «Dt 1.8,21
9.16 «Dt 1.26-33;
teus mandamentos/17 Eles se recusaram a ouvir-te e esqueceram-se> dos milagres que realizaste 31.29
9.17 iSI 78.42;
entre eles. Tornaram-se obstinados e, na sua rebeldia, escolheram um lider a fim de voltarem à sua "Nm 14.1-4;
escravidão.2 Mas tu és um Deus perdoador, um Deus bondoso e misericordioso, muito paciente3 •ÊX34.6; »Nm 14.17-19;
e cheio de amor.bPor isso não os abandonaste,c 18 mesmo quando fundiram para si um ídolo na "SI78.11
9.18 «Êx 32.4
forma de bezerrod e disseram: ‘Este é o seu deus, que os tirou do Egito’, ou quando proferiram
blasfêmias terríveis.
19 “Foi por tua grande compaixão que não os abandonaste no deserto. De dia a nuvem não
deixava de guiá-los em seu caminho, nem de noite a coluna de fogo deixava de brilhar sobre o
caminho que deviam percorrer. 20 Deste o teu bom Espíritoe para instruí-los. Não retiveste 9.20«Nm11.17;
Is 63.11,14;
o teu maná* que os alimentava, e deste-lhes águaõ para matar a sede.21 Durante quarenta anos Íx16 .15;iÊ x1 7.6
9.21 "Dt 2.7;
tu os sustentaste no deserto; nada lhes faltou,h as roupas deles não se gastaram nem os seus 'Dt 8.4
pés ficaram inchados.'

9.1 Para informações sobre pano de saco, ver nota em 2 Rs 6.30. 9 .8 Ver “Povos menos conhecidos do Antigo Testamento”, em D t 7, e
9 .7 Ver “Ur”, em Ne 9. “Os jebuseus”, em IC r 11.
NEEMIAS 9.25 705

9.22JNm21.21; 22 “Deste-lhes reinos e nações, cuja terra repartiste entre eles. Eles conquistaram a terra de
*Nm 21.33
Seom.i rei de Hesbom, e a terra de Ogue, rei de Basã.k 23 Tornaste os seus filhos tão numero­
sos como as estrelas do céu, e os trouxeste para entrar e possuir a terra que prometeste aos seus
antepassados.24Seus filhos entraram e tomaram posse da terra.1Tu subjugaste diante deles os cana-
neus, que viviam na terra, e os entregaste nas suas mãos, com os seus reis e com os povos
9.25 ” Dt 6.10-12; daquela terra, para que os tratassem como bem quisessem.25 Conquistaram cidades fortifica­
"Nm 13.27;
Dt 32.12-15 das e terra fértil; apossaram-se de casas cheias de bens, poços já escavados, vinhas, olivais e muitas

SÍTIOS A RQJ J E O L O G I C O S

UR
NEEMIAS 9 As referências a Ur bíblica ge­ chamada Ur, localizada ao norte, provavel­
ralmente apontam para a antiga cidade mente seria a Ur citada na Bíblia.
localizada em Tell el-Muqqayyar, no sul da • f Numa viagem de Ur ao sul da Mesopotâ­
M esopotâm ia. Ela foi uma das grandes ci­ .;n ' i - k .
mia até Canaã, Harã estaria totalmente fora
dades dos sumérios1 e se desenvolveu no III
da rota, mas os patriarcas pararam em Harã
milênio a.C. É muito antiga, talvez fundada
(Gn 11.31 ).2Cruzando 0Eufrates em Mari, ao
no V milênio a.C. Cresceu durante 0 IV mi­
sul de Harã, teriam um caminho mais direto
lênio tornando-se importante por volta de
2600/2500 a.C., durante 0 início do período do que se tivessem começado a viagem pelo
dinástico arcaico da cidade. Escavações des­ sul. Isso indica que, na verdade, iniciaram a
sa época revelaram um número de possíveis jornada pelo norte.
tumbas reais contendo joias, armas cerimo­ •5* Quando Abraão enviou seu servo aos seus
niais e instrumentos de música. “parentes" a fim de encontrar uma esposa
Após um período sob 0 domínio acádio, para Isaque (Gn 24.4), este foi a Padã-Arã,
Ur alcançou seu apogeu, durante a III Dinas­ no norte da Mesopotâmia (como Jacó fez
tia de Ur (ca. 2100-2000 a.C.), quando se mais tarde; ver Gn 28.2).3 Aparentemente, os
tornou a sede de um império que abrangia
patriarcas não consideravam 0 sul da Meso­
grande parte da Mesopotâmia. Foram esca­
Uma antiga divindade da Mesopotâmia
potâmia como sua cidade natal,
vados um grande zigurate e 0 complexo de
Preserving Bible Times; © dr. James C M artin; usado com permissão n* As influências culturais (costumes, leis
um templo, além de milhares de tabletes do Museu do Louvre
cuneiformes desse período. No entanto, a etc.) observadas nas narrativas patriarcais,
cidade foi saqueada pelos elam itas e, ape­ porém mais recentemente os estudiosos seguem mais os modelos das cidades do nor­
sar de ter sido reconstruída, jamais voltou a questionaram essa teoria, pelas seguintes te da Mesopotâmia, como Nuzi e Mari, que 0
ser aquele centro poderoso. Ainda assim, razões: modelo do sul.4
a cidade continuou a existir e foi reconstruída
periodicamente por governadores acádios e • f Embora tenham existido diversas ci­ Baseado nessas evidências, parece que
babilônios. Mais tarde, durante 0 reinado dades chamadas Ur na Antiguidade, a cidade
"Ur dos caldeus" estava localizada próximo
de Nabonido da Babilônia (555-539 a.C.) a citada na Bíblia é sempre chamada "Ur dos
a Harã, no norte. No mínimo dois lugares são
cidade foi restaurada, mas 0 sítio foi aban­ caldeus", provavelmente para distingui-la de
sugeridos: Ura (322 quilômetros ao norte de
donado durante 0 período persa. alguma cidade famosa de mesmo nome (i.e.,
Harã) e Urfa (a atual Edessa), porém hoje é
0 nome Ur foi identificado no ano de a Ur ao sul da Mesopotâmia, descrita acima).
impossível determinar a localização exata
1855 num tijolo encontrado em Tel el- A designação "caldeu" começou a ser
-Muqqayyar, por isso se entende que seja aplicada à região sul da Mesopotâmia só da Ur da qual saiu Abraão. Os artefatos
0 lugar da cidade de Ur citada na Bíblia. As depois de 1000 a.C., muito depois do tempo arqueológicos da Ur mais famosa, magníficos
escavações de C. L. Woolley (1922-1932) de Abraão. Antes disso, os caldeus viviam como são, provavelmente não têm nenhu­ /
foram realizadas com base nessa suposição, no norte da Mesopotâmia. Outra cidade ma ligação como patriarca.

1Ver "Suméria", em Gn 4. 2Ver "Harã", em Gn 27. 3Ver "Padã-Arã", em Gn 28. 4Ver "0 período patriarcal: a Mesopotâmia no tempo de Abraão", em Gn 15;
"Costumes e leis na antiga Mesopotâmia", em Gn 21; "Nuzi", em Gn 30; "M ari", em Gn 31.
--- _ —
- 1'
706 NEEMIAS 9.26

árvores frutíferas. Comeram até fartar-se e foram bem alimentados;meles desfrutaram de tua
grande bondade."
26 “Mas foram desobedientes e se rebelaram contra ti; deram as costas para a tua Lei.0 9.28 °1 Rs 14.9;
P M t 2 1 .3 5 ,3 6 ;
Mataram os teus profetas,P que os tinham advertido que se voltassem para ti; e fizeram-te ofensas •Uz2.12.13
detestáveis.'! 27 p0r isso tu os entregaste nas mãos de seus inimigos/ que os oprimiram. Mas, 9.27'Jz 2.14;
■S1106.45
quando foram oprimidos, clamaram a ti. Dos céus tu os ouviste, e na tua grande compaixãos
deste-lhes libertadores, que os livraram das mãos de seus inimigos.
28 “Mas, tão logo voltavam a ter paz, de novo faziam o que tu reprovas. Então tu os abandona-
vas às mãos de seus inimigos, para que dominassem sobre eles. E, quando novamente clamavam
a ti, dos céus tu os ouvias e na tua compaixão os livravas* vez após vez.
29 “Tu os advertiste que voltassem à tua Lei, mas eles se tornaram arrogantes0 e desobedeceram 9.29 “SI 5.5;
Is 2.11; Jr 43.2;
aos teus mandamentos. Pecaram contra as tuas ordenanças, pelas quais o homem vive se lhes «Dt 30.16;
obedece.v Com teimosia, deram-te as costas, tornaram-se obstinados e recusaram ouvir-te.w *267.11,12
30 E durante muitos anos foste paciente com eles. Por teu Espírito, por meio dos profetas, os 9.30 x2Rs 17.13-
18; 2Cr 36.16
advertiste.* Contudo, não te deram atenção, de modo que os entregaste nas mãos dos povos vizi­
nhos. 31 Graças, porém, à tua grande misericórdia, não os destruísteV nem os abandonaste, pois és 9.31 »ls 48.9;
Jr 4.27
Deus bondoso e misericordioso.
32 “Agora, portanto, nosso Deus, ó Deus grande, poderoso2 e temível, fiel à tua aliança e 9.32 « 1 24.8;
■Dt7.9
misericordioso,3 não fiques indiferente a toda a aflição que veio sobre nós, sobre os nossos reis
e sobre os nossos líderes, sobre os nossos sacerdotes e sobre os nossos profetas, sobre os nossos
antepassados e sobre todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assíria até hoje.33 Em tudo o que 9.33 »Gn 18.25;
cJr 44.3;
nos aconteceu foste justo;bagiste com lealdade mesmo quando fomos infiéis.034Nossos reis,dnos­ Dn 9.7,8,14
9.34 «2Rs 23.11;
sos líderes, nossos sacerdotes e nossos antepassadose não seguiram a tua Lei; não deram atenção BJr 44.17
aos teus mandamentos nem às advertências que lhes fizeste.35 Mesmo quando estavam no reino 9.35'Is 63.7;
iDt 28.45-48
deles, desfrutando da tua grande bondade,* na terra espaçosa e fértil que lhes deste, eles não te
servirama nem abandonaram os seus maus caminhos.
36 “Vê, porém, que hoje somos escravos,hescravos na terra que deste aos nossos antepassados 9.36 "Dt 28.48;
Ed 9.9
para que usufruíssem dos seus frutos e das outras boas coisas que ela produz.37 Por causa de nos­ 9.37 'Dt 28.33;
Lm 5.5
sos pecados, a sua grande produção pertence aos reis que puseste sobre nós. Eles dominam sobre
nós e sobre os nossos rebanhos como bem lhes parece. É grande a nossa angústia!'

O Acordo do Povo
38 “Em vista disso tudo, estamos fazendo um acordo,) por escrito,ke assinado por nossos líderes,9.38 *2Cr 23.16;
4 S 4 4 .5
nossos levitas e nossos sacerdotes”.

10' lEsta é a relação dos que o assinaram:

Neemias, o governador, filho de Hacalias,

e Zedequias,
2 Seraías,1Azarias, Jeremias, 10.2 'Ed 2.2

3 Pasur,mAmarias, Malquias, 10.3 "1 Cr 9 . 1 2


4 Hatus, Sebanias, Maluque,
5 Harim," Meremote, Obadias,
«Daniel, Ginetom, Baruque,
7 Mesulão, Abias, Miamim,
8 Maazias, Bilgai e Semaías.
Esses eram os sacerdotes.

9 Dos levitas:0

Jesua, filho de Azanias, Binui, dos filhos de Henadade, Cadmiel


10 e seus colegas: Sebanias,
Hodias, Quelita, Pelaías, Hanã,

9 .2 5 Quase todas as casas tinham poço ou cisterna para armazenar a Canaã era uma terra fértil. No conto egípcio de Sinuhe (ca. 2000
água das chuvas (2Rs 18.31; Pv 5.15). Quando a técnica de cisternas a.C.), lemos: “Havia figos e uvas, mais vinho que água. Abundante em
a prova d’água foi desenvolvida (ca. 1200 a.C.), a região montanhosa mel e oliveiras. Todo tipo de frutas era encontrado nas árvores”.
central de Judá se tomou mais populosa.
NEEMIAS 10.36 707

11 Mica, Reobe, Hasabias,


12 Zacur, Serebias, Sebanias,
13 Hodias, Bani e Beninu.

14 Dos líderes do povo:

Parós, Paate-Moabe, Elão, Zatu, Bani,


15 Buni, Azgade, Bebai,
16Adonias, Bigvai, Adim,P
17 Ater, Ezequias, Azur,
18 Hodias, Hasum, Besai,
19 Harife, Anatote, Nebai,
10.20 <11Cr 24.15 20 Magpias, Mesulão, Hezir/i
21 Mesezabel, Zadoque, Jadua,
22 Pelatias, Hanã, Anaías,
23 Oseias, Hananias/ Hassube,
24 Haloês, Pílea, Sobeque,
25 Reum, Hasabna, Maaseias,
26 Aías, Hanã, Anã,
27 Maluque, Harim e Baaná.

10.28 *S1135.1; 28 “O restante do povo — sacerdotes, levitas, porteiros, cantores, servidores do templos e todos os
*2Cr 6.26; Ne 9.2
que se separaram dos povos vizinhos1por amor à Lei de Deus, com suas mulheres e com todos os seus
10.29 “Nm 5.21; filhos e filhas capazes de entender— 29 agora se une a seus irmãos, os nobres, e se obrigam sob mal­
S1119.106
dição e sob juramento11a seguir a Lei de Deus dada por meio do servo de Deus, Moisés, e a obedecer
fielmente a todos os mandamentos, ordenanças e decretos do S e n h o r , o nosso Senhor.
10.30 "Êx 34.16; 30 “Prometemos não dar nossas filhas em casamento aos povos vizinhos nem aceitar que as filhas
DÍ7.3; Ne 13.23
deles se casem com os nossos filhos.v
10.31 «Ne 13.16, 31 “Quando os povos vizinhos trouxerem mercadorias ou cereal para venderem no sábadowou em
18; Jr 17.27;
Ez 23.38; Am 8.5; dia de festa, não compraremos deles nesses dias. Cada sete anos abriremos mão de trabalhar a terra»
«Êx 23.11; Lv 25.1-
7; vDt 15.1 e cancelaremos todas as dívidas.v
32 “Assumimos a responsabilidade de, conforme o mandamento, dar anualmente quatro gramas"
10.33 l v 24.6; para o serviço do templo de nosso Deus:33 para os pães consagrados,2 para as ofertas regulares de
>Nm 10.10;
SI 81.3; Is 1.14; cereal e para os holocaustos6, para as ofertas dos sábados, das festas de lua nova3 e das festas fixas, para
b2Cr 24.5
as ofertas sagradas, para as ofertas pelo pecado para fazer propiciação por Israel e para as necessidades
do templo de nosso Deus.b
10.34 cLv 16.8; 34 “Também lançamos sortes0 entre as famílias dos sacerdotes, dos levitas e do povo, para escalar
"Ne 13.31
anualmente a família que deverá trazer lenhadao templo de nosso Deus, no tempo determinado, para
queimar sobre o altar do S e n h o r , o nosso Deus, conforme está escrito na Lei.
10.35'Êx 22.29; 35 “Também assumimos a responsabilidade de trazer anualmente ao templo do S e n h o r os pri­
23.19; Nm 18.12;
'Dt 26.1-11 meiros frutose de nossas colheitas e de toda árvore frutífera.f
10.36 hêx 13.2; 36 “Conforme também está escrito na Lei, traremos o primeiro de nossos filhosa e a primeira cria
Nm 18.14-16;
“Ne 13.31 de nossos rebanhos, tanto de ovelhas como de bois, para o templo de nosso Deus, para os sacerdotes
que ali estiverem ministrando.11

a 10.32 Hebraico: 1/3 de siclo. Um siclo eqüivalia a 12 gramas, geralmente de prata.


6 10.33 Isto é, sacrifícios totalmente queimados.

10.31 Os romanos atribuíam a prática judaica do sábado e do ano sa- 1 0 .3 4 O fogo queimando continuamente sobre o altar do santuário (Lv
bático à preguiça. De acordo com Tácito, os judeus “eram levados pela 6 .1 2 ,1 3 ) exigia suprimento constante de madeira. Embora a Bíblia
indolência ao interromper por completo suas atividades após sete anos não faça referência a uma oferta de madeira, Josefo menciona “o festival
de trabalho”. da oferta de madeira” no dia 14 do quinto mês (abe). A M ishná (inter­
10.32 As vezes, o A T menciona “meio siclo” como a quantia estabeleci­ pretações e aplicações rabínicas das leis do Pentateuco) relaciona nove
da como “oferta ao Senhor” (Êx 30.12-14), exigida de todo homem com ocasiões em que certas famílias deveriam trazer madeira como oferta e
20 anos de idade para cima como resgate simbólico. Essa quantia mais estipula que qualquer tipo de madeira eram aceitável, exceto de videira
tarde tornou-se o imposto anual do templo (2Cr 24.9), também chama­ e de oliveira. O Pergaminho do templo de Qumran descreve a celebração
do “imposto de duas dracmas” (M t 17.24; duas dracmas eqüivaliam à de um festival de oferta de madeira que durava seis dias e que se seguia
metade de um siclo). O compromisso de um terço de siclo no tempo de ao festival do óleo novo.
Neemias provavelmente se deveu às circunstâncias econômicas compli­
cadas (ver “Banco e dinheiro no mundo antigo”, em Ne 5).
708 NEEMIAS 10.37

37 “Além do mais, traremos para os depósitos do templo de nosso Deus, para os sacerdotes, a nossa10.37'Lv 23.17;
Nm 18.12;
primeira massa de cereal moído e as nossas primeiras ofertas de cereal, do fruto de todas as nossas ILv 27.30;
Nm 18.21;
árvores e de nosso vinho e azeite.' E traremos o dízimoi das nossas colheitas para os levitas,kpois são *Dt 14.22-29;
eles que recolhem os dízimos em todas as cidades onde trabalhamos.138 Um sacerdote descendente de 'Ez 44.30
10,38 "Nm 18.26
Arão acompanhará os levitas quando receberem os dízimos, e os levitas terão que trazer um décimo
dos dízimosmao templo de nosso Deus, aos depósitos do templo.39 O povo de Israel, inclusive os levitas, 10.39 "Dt12.6;
Ne 13.11,12
deverão trazer ofertas de cereal, de vinho novo e de azeite aos depósitos onde se guardam os uten­
sílios para o santuário. É onde os sacerdotes ministram e onde os porteiros e os cantores ficam.
“Não negligenciaremos o templo de nosso Deus.”n

O Repovoamento de Jerusalém
Os líderes do povo passaram a morar em Jerusalém, e o restante do povo fez um sorteio para
U
11.1 »Ne 7.4;
pv . 18; Is 48.2;
que, de cada dez pessoas, uma viesse morar em Jerusalém,0 a santa cidade;P as outras nove 52.1; 64.10;
Zc 14.20,21;
deveriam ficar em suas próprias cidades.1! 2 O povo abençoou todos os homens que se apresentaram sNe 7.73
voluntariamente para morar em Jerusalém.
3 Alguns israelitas, sacerdotes, levitas, servos do templo e descendentes dos servos de Salomão 11.31Cr 9.2,3;
Ed 2.1
viviam nas cidades de Judá, cada um em sua propriedade.r Estes são os líderes da província que pas­
saram a morar em Jerusalém 4 (além deles veio gente tanto de Judá quanto de Benjamims viver em 11.4 € d 1.5;
« 2.70
Jerusalém):4

1 0 .3 7 A prática de dar dízimos é antiga (ver G n 14.20; 28.22). A Lei política envolvia a transferência forçada de populações rurais para os
mosaica decreta que a décima porção das plantações era santa para centros urbanos. Alguns dos habitantes foram escolhidos por sorteio (v.
o Senhor (Lv 27.30), mas não há referência a um dízimo do gado 1), enquanto outros se apresentaram como voluntários para viver em
(Lv 27.32,33). Os dízimos eram destinados ao sustento dos levitas Jerusalém (v. 2). Evidentemente, a maioria optou por permanecer em sua
(Ne 10.33; cf. Nm 18.21-24, N e 13.10-12), que também deveriam dar cidade natal. O historiador Josefo declara: “Neemias, observando que
ao Senhor “um décimo dos dízimos” (Ne 10.38, Nm 18.25-32). a cidade tinha uma população pequena, pediu aos sacerdotes e levitas
As câmaras localizadas fora do templo eram usadas como “depósitos” que deixassem o campo, se mudassem para a cidade e permanecessem
para prata, ouro e outros objetos (Ne 10.38,39; 12.44; 13.4-5,9; ver lá, pois ele, com seus próprios recursos, havia preparado casas para eles”
“Banco e dinheiro no mundo antigo”, em Ne 5). {Antiguidadesjudaicas, 11.5.8)
1 1.1,2 A prática de redistribuir populações também foi usada para es­
tabelecer cidades gregas e helênicas. Conhecida como synoikismos, essa

SíT OS ARQUEOLOGI O S

ZICLAGUE
NEEMIAS 11 Neemias 11.28 faz uma rápida diado Zidague (ISm 30.13,14).1 A cidade do período do Novo Reino (início do séc. XII
menção ao fato de os judeus se estabele­ permaneceu em posse israelita até o final a.C.). No nível VIII (séc. Xll-Xi a.C.) foram
cerem na cidade de Zidague (ver mapa 5). da monarquia e foi repovoada pelos judeus desenterradas cerâmicas filisteias. No nível
Esse lugar foi o cenário de alguns grandes após o exílio (Ne 11.25-31). V (séc. VII a.C.) foram encontrados óstracos
conflitos por causa de sua localização como Embora não confirmado pela evidência hebraicos, um vaso de cerâmica com a ins­
cidade de fronteira. epigráfica (escrita), vestígios culturais en­ crição: "Pertence a Varam", além de louças e
Zidague foi designada para a tribo de Si- contrados em Tell esh-Sharia (25 quilôme­ a estrutura de um palácio assírio. Portanto,
meão, no território de Judá (Js 15.31; 19.5), tros ao sul de Gaza) correspondem em sua o quadro arqueológico indica uma cidade
mas provavelmente não só tomada pelos maioria ao que se sabe da Zidague bíblica. de fronteira em constante fluxo de controle
israelitas no tempo de Davi, pois 1Samuel Escavações no nível IX (do início do séc. XII entre filisteus, israelitas, egípcios e assírios.
27.2-6 indica que Davi recebeu a cidade do a.C.) revelaram uma "casa do governador" Isso é exatamente o que arqueólogos espe­
rei filisteu Aquis. Depois disso, a cidade incinerada. A destruição pode ser atribuída a ravam encontrar, pela localização da cidade
serviu como base de operações de Davi. nômades, como os amalequitas, ou aos po­ e pelo registro bíblico.
Mais tarde, um servo egípcio relatou que vos do m ar. Também foram encontrados
saqueadores amalequitas haviam incen- nesse nível óstracos egípcios com inscrições
'Ver "Amalequitas", e m êx 17.
NEEMIAS 1 1.36 709

Entre os descendentes de Judá:

Ataías, filho de Uzias, neto de Zacarias, bisneto de Amarias; Amarias era filho de Sefatias e
neto de Maalaleel, descendente de Perez.5 Maaseias, filho de Baruque, neto de Col-Hozé, bisneto
de Hazaías; Hazaías era filho de Adaías, neto de Joiaribe e bisneto de Zacarias, descendente de
Selá.6 Os descendentes de Perez que viviam em Jerusalém totalizavam 468 homens de destaque.

7 Entre os descendentes de Benjamim:


Saiu, filho de Mesulão, neto de Joede, bisneto de Pedaías; Pedaías era filho de Colaías, neto de
Maaseias, bisneto de Itiel, tetraneto de Jesaías;8 os seguidores de Saiu, Gabai e Salai totalizavam
928 homens. 9 Joel, filho de Zicri, era o oficial superior entre eles, e Judá, filho de Hassenua, era
responsável pelo segundo distrito da cidade.

10Entre os sacerdotes:

11.11 “2Rs 25.18; Jedaías, filho de Joiaribe; Jaquim;11 Seraías,u filho de Hilquias, neto de Mesulão, bisneto de
Ed 2.2; *Ed 7.2
Zadoque — Zadoque era filho de Meraiote, neto de Aitube/ supervisor da casa de Deus — 12e seus
colegas, que faziam o trabalho do templo, totalizavam 822 homens. Adaías, filho de Jeroão, neto de
Pelaías, bisneto de Anzi — Anzi era filho de Zacarias, neto de Pasur, bisneto de Malquias — 13 e
seus colegas, que eram chefes de famílias, totalizavam 242 homens. Amassai, filho de Azareel,
neto de Azai, bisneto de Mesilemote, tetraneto de Imer,14 e os seus colegas, que eram homens de
destaque, totalizavam 128.0 oficial superior deles era Zabdiel, filho de Gedolim.

15Entre os levitas:
11.16«Ed 10.15; Semaías, filho de Hassube, neto de Azricão, bisneto de Hasabias, tetraneto de Buni;16 Sabetai™
*Ed 8.33
e Jozabade,* dois dos líderes dos levitas, encarregados do trabalho externo do templo de Deus;
11.17HCr9.15; 17 Matanias,>filho de Mica, neto de Zabdi, bisneto de Asafe,2 o dirigente que conduzia as ações de
Ne 12.8; * 2 0 5.12;
>1Cr25.1 graças e as orações; Baquebuquias, o segundo entre os seus colegas e Abda, filho de Samua, neto
11.18 bAp 21.2 de Galai, bisneto de Jedutum.3 18 Os levitas totalizavam 284 na cidade santa.b

19Os porteiros:

Acube, Talmom e os homens dos seus clãs, que guardavam as portas, eram 172.

20 Os demais israelitas, incluindo os sacerdotes e os levitas, estavam em todas as cidades de Judá,


cada um na propriedade de sua herança.
11.21 cEd 2.43; 21 Os que prestavam serviço0 no templo moravam na colina de Ofel, e Zia e Gispa estavam encar­
Ne 3.26
regados deles.
11.22 d1Cr 9.15 22 O oficial superior dos levitas em Jerusalém era Uzi, filho de Bani, neto de Hasabias, bisneto de
11.23 »Ne 7.44 Matanias,d tetraneto de Mica. Uzi era um dos descendentes de Asafe, que eram responsáveis pela
11.24 <Gn 38.30
11.25 iGn 35.27; música do templo de Deus.23 Elese estavam sujeitos às prescrições do rei, que regulamentavam suas
Js 14.15;
hNm 21.30 atividades diárias.
11.26 'Js 15.27 24 Petaías, filho de Mesezabel, descendente de Zerá,' filho de Judá, representava o rei nas questões
11.27 iGn 21.14
11.28 k1Sm 27.6 de ordem civil.
11.29 Us 15.33;
mJs 10.3 25 Alguns do povo de Judá foram morar em Quiriate-Arbaü e seus povoados, em Dibomhe seus po­
11.30 «Js 15.35;
«Js 10.3; voados, em Jecabzeel e seus povoados,26 em Jesua, em Moladá, em Bete-Pelete,'27 em Hazar-Sual, em
pjs 10.10;
l is 15.28
Berseba) e seus povoados,28 em Zidague,kem Meconá e seus povoados,29 em En-Rimom, em Zorá,1
11.31'Js 21.17; em Jarmute,m30 em Zanoa, em Adulãone seus povoados, em Láquis0 e seus arredores, e em AzecaP e
Is 10.29;
*1Sm13.2 seus povoados. Eles se estabeleceram desde Berseba'! até o vale de Hinom.
11.32Us21.18;
Is 10.30; 31 Os descendentes dos benjamitas foram viver em Geba,r Micmás,s Aia, Betel e seus povoados,
"1 Sm 21.1
11.33 <Js 11.1; 32em Anatote,1Nobeue Ananias,33 Hazor,v Ramá e Gitaim,w34 Hadide, Zeboimx e Nebalate,35 Lode
*2Sm 4.3 e Ono.v e no vale dos Artesãos.
11.34 «1Sm 13.18
11.35 »1Cr 8.12 36 Alguns grupos dos levitas de Judá se estabeleceram em Benjamim.

11 .9 Assim como a “cidade baixa” (S f 1.11) — provavelmente a área do 1 1 .2 7 Escavações revelaram que a cidade de Berseba foi provavelmente
vale do Tiropeáo, ao sul do monte Moriá — o segundo distrito era um destruída por Senaqueribe em 701 a.C. e repovoada durante o período
novo bairro residencial, a oeste da área do templo. Escavações arqueoló­ Persa (ver “Berseba”, em IR s 19).
gicas revelaram que a cidade já se havia expandido para fora dos muros 1 1.28 Ver “Ziclague”, em Neemias 11.
nessa direçáo no final do século V III a.C., antes que o chamado muro
Largo fosse construído (ca. 700 a.C.) por Ezequias.
710 NEEMIAS 12.1

A Lista dos Sacerdotes e dos Levitas

12
Estes foram os sacerdotes2 e os levitas que voltaram com Zorobabel,3 filho de Sealtiel, e com 12.1 w e 10.1-8;
t h a1Cr 3.19; bEd 2.2;
Jesua:“ CEd2.2
Seraías,c Jeremias, Esdras,
2 Amarias, Maluque, Hatus,
3 Secanias0, Reum, Meremote*’,
4 Ido,dGinetomS Abias,e 1Z4 "Zc1.1;
5 Miamimd, Maadias, Bilga, ,Lc 15
6 Semaías, Joiaribe, Jedaías,f i2.6<icr24.7
7 Saiu, Amoque, Hilquias e Jedaías.
Esses foram os chefes dos sacerdotes e seus colegas nos dias de Jesua.
8 Os levitas foram Jesua, Binui, Cadmiel, Serebias, Judá, e também Matanias,9 o qual, com seus co- 12.8 iN e i1.17
legas, estava encarregado dos cânticos de ações de graças.9 Baquebuquias e Uni, seus colegas, ficavam
em frente deles para responder-lhes.
10 Jesua foi 0 pai de Joiaquim, Joiaquim foi 0 pai de Eliasibe,hEliasibe foi o pai de Joiada,11 Joiada 12.10 «Ed 10.24
foi 0 pai de Jônatas, Jônatas foi o pai de Jadua.
12Nos dias de Joiaquim estes foram os líderes das famílias dos sacerdotes: da família de Seraías,
Meraías; da família de Jeremias, Hananias;
13 da família de Esdras, Mesulão;
da família de Amarias, Joanã;
14 da família de Maluqui, Jônatas;
da família de Secanias, José;
15 da família de Harim, Adna;
da família de Meremote, Helcai;
16 da família de Ido,1Zacarias; 1Z 16 v. 4
da família de Ginetom, Mesulão;
17 da família de Abias, Zicri;
da família de Miniamim
e de Maadias, Piltai;
18 da família de Bilga, Samua;
da família de Semaías, Jônatas;
19 da família de Joiaribe, Matenai;
da família de Jedaías, Uzi;
20 da família de Salai, Calai;
da família de Amoque, Héber;
21 da família de Hilquias, Hasabias;
da família de Jedaías, Natanael.
22 Nos dias de Eliasibe, os chefes das famílias dos levitas e dos sacerdotes, Joiada, Joanã e Jadua,
foram registrados durante 0 reinado de Dario, o persa.23 Os chefes das famílias dos descendentes de
Levi até a época de Joanã, filho de Eliasibe, foram registrados no livro das crônicas.24 Os líderes dos 12.24 iEd2.40
levitas) foram Hasabias, Serebias, Jesua, filho de Cadmiel, e seus colegas, que ficavam em frente deles
quando entoavam louvores e ações de graças; um grupo respondia ao outro, conforme prescrito por
Davi, homem de Deus.
25 Matanias, Baquebuquias, Obadias, Mesulão, Talmom e Acube eram porteiros; vigiavam os
depósitos localizados junto às portas. 26 Eles serviram nos dias de Joiaquim, filho de Jesua, neto de
Jozadaque, e nos dias do governador Neemias e de Esdras, sacerdote e escriba.

" 1 2 .3 Muitos manuscritos dizem Sebanias; também no versículo 14.


6 1 2 .3 Muitos manuscritos dizem M eraiote; também no versículo 15.
c 1 2 .4 Muitos manuscritos dizem Ginetoi; também no versículo 16.
* 1 2 .5 Variante de M iniam im ; também no versículo 17.

12.7 Ver nota em Ed 6.18. acreditam que Jônatas é a grafia errada de Joanã (ver “Crítica textual”,
12.9 Os cânticos eram antifonais, com duas seções do coro em pé, uma em Is 51). Outras complicações nessa identificação surgem das tentativas
de frente para a outra. de identificar esse sumo sacerdote com o “Joanã” mencionado nos papi­
12.11 Visto que o versículo 2 2 cita Joanã depois de Joiada e antes de ros elefantinos e em Josefo (Antiguidadesjudaicas, 11.7.1). Essa identifi­
Jadua e o versículo 23 identifica Joanã como “filho” de Eliasibe, alguns cação, porém, é questionável.
NEEMIAS 13.5 711

A Dedicação dos Muros de Jerusalém


12.27 kDt 20.5; 27 Por ocasião da dedicaçãokdos muros de Jerusalém, os levitas foram procurados e trazidos de
'2Sm 6.5;
"1Cr15.16.28; onde moravam para Jerusalém para celebrarem a dedicação alegremente, com cânticos e ações de gra­
25.6; SI 92.3
12.28 "1 Cr 2.54; ças, ao som de címbalos,1harpas e liras.m28 Os cantores foram trazidos dos arredores de Jerusalém, dos
9.16 povoados dos netofatitas,n29 de Bete-Gilgal, e das regiões de Geba e de Azmavete, pois esses cantores
12.30 »ÊX 19.10; haviam construído povoados para si ao redor de Jerusalém.30 Os sacerdotes e os levitas se purificaram
Jó 1.5
cerimonialmente e depois purificaram também o povo,0 as portas e os muros.
31 Ordenei aos líderes de Judá que subissem ao alto do muro. Também designei dois grandes
coros para darem graças. Um deles avançou em cima do muro, para a direita, até a porta do Esterco.P
12.34 «Ed 1.5 32 Hosaías e metade dos líderes de Judá os seguiram.33 Azarias, Esdras, Mesulão,34 Judá, Benjamim,?
12.35 € d 3 .1 0 Semaías, Jeremias,35 e alguns sacerdotes com trombetas/ além de Zacarias, filho de Jônatas, neto
12.36 S1Cr 15.16; de Semaías, bisneto de Matanias, que era filho de Micaías, neto de Zacur, bisneto de Asafe,36 e seus
t2Cr 8.14; “Ed 7.6
colegas, Semaías, Azareel, Milalai, Gilalai, Maai, Natanael, Judá e Hanani, que tocavam os instrumen­
12.37 "Ne 2.14; tos musicaiss prescritos por Davi, homem de Deus.* Esdras,0 o escriba, ia à frente deles.37 À porta da
3.15; "Ne 3.26
Fontev eles subiram diretamente os degraus da Cidade de Davi, na subida para o muro, e passaram
sobre a casa de Davi até a porta das Águas,wa leste.
12.38 »Ne 3.11; 38 O segundo coro avançou no sentido oposto. Eu os acompanhei, quando iam sobre o muro, le­
vNe 3.8
12.39 z2Rs 14.13; vando comigo a metade do povo; passamos pela torre dos Fornosx até a porta Larga,v39 sobre a porta
Ne 8.16; «Ne 3.6;
»ZCr 33.14; de Efraim,2 a porta Jesana“,a a porta do Peixe,ba torre de Hananeel0 e a torre dos Cem,dindo até a
Ne 3.3;'Ne 3.1;
dNe 3.1;'Ne 3.1 porta das Ovelhas.e Junto à porta da Guarda paramos.
40 Os dois coros encarregados das ações de graças assumiram os seus lugares no templo de Deus, o
que também fiz, acompanhado da metade dos oficiais41 e dos sacerdotes Eliaquim, Maaseias, Miniamim,
Micaías, Elioenai, Zacarias e Hananias, com suas trombetas,42 além de Maaseias, Semaías, Eleazar, Uzi,
Joanã, Malquias, Elão e Ézer. Os coros cantaram sob a direção de Jezraías.43 E, naquele dia, contentes
como estavam, ofereceram grandes sacrifícios, pois Deus os enchera de grande alegria. As mulheres e as
crianças também se alegraram, e os sons da alegria de Jerusalém podiam ser ouvidos de longe.
12.44'Ne 13.4,13; 44 Naquela ocasião, foram designados alguns encarregados dos depósitos* onde se recebiam as con­
iLv 27,30; "Dt18.8
tribuições gerais, os primeiros frutos e os dízimos.s Das lavouras que havia em torno das cidades eles
deveriam trazer para os depósitos as porções exigidas pela Lei para os sacerdotes e para os levitas.
E, de fato, o povo de Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas*1que ministravam no templo.
12.45*1 Cr 25.1; 45 Eles celebravam o culto ao seu Deus e o ritual de purificação, dos quais também participavam os
2Cr 8.14;
i1Cr 6.31; 23.5 cantores e os porteiros, de acordo com as ordens de Davi' e do seu filho Salomão.)46 Pois muito tempo
12.46 *2Cr 35.15;
'2Cr 29.27; antes, nos dias de Davi e de Asafe,khavia dirigentes dos cantores e pessoas que dirigiam os cânticos
S1137.4
1147 "Nm 18.21; de louvor e de graças a Deus.147 Assim, nos dias de Zorobabel e de Neemias, todo o Israel contribuía
Dt 18.8
com ofertas diárias para os cantores e para os porteiros. Também separavam a parte pertencente aos
outros levitas, e os levitas separavam a porção dos descendentes de Arão."1

As Últimas Reformas Realizadas por Neemias


13.1 "V. 23; 1 O Naquele dia, o Livro de Moisés foi lido em alta voz diante do povo, e nele achou-se escrito que
Dt 23.3
1 3 .2 »Nm 2 2 .3 -1 1 ; 1 J nenhum amonita ou moabita jamais poderia ser admitido no povo de Deus,n 2 pois eles, em
PNm 2 3 .7 ; Dt 2 3.3 ;
iNm 2 3 .1 1 ; vez de darem água e comida aos israelitas, tinham contratado Balaão0 para invocar maldição sobre
Dt 2 3 .4 ,5
13.3 rv. 23; Ne 9 .2 eles.P O nosso Deus, porém, transformou a maldição em bênção.?3 Quando o povo ouviu essa Lei,
excluiu de Israel todos os que eram de ascendência estrangeira/
13.4 =Ne 12.44; 4 Antes disso, o sacerdote Eliasibe tinha sido encarregado dos depósitoss do templo de nosso Deus.
‘Ne 2.10
13.5 "Lv 27.30; Ele era parente próximo de Tobias*5 e lhe havia cedido uma grande sala, anteriormente utilizada para
Nm 18.21
guardar as ofertas de cereal, o incenso, os utensílios do templo e também os dízimos0 do trigo, do
vinho novo e do azeite prescritos para os levitas, para os cantores e para os porteiros, além das ofertas
para os sacerdotes.
« 1 2 . 3 9 Ou p o rta Velha.

12.27 A palavra “dedicação” traduz a palavra aramaica hanukkah. O fe­ -Semes e em Tell Abu Hawam, e harpas antigas foram reconstruídas com
riado judeu comemorado no mês de dezembro, que lembra a retomada base em restos de harpas encontrados em Ur, em figuras desses instru­
do templo das mãos dos selêucidas e sua rededicação (165 a.C.) é for­ mentos e em textos na escrita cuneiforme que explicam Sua afinação. As
malmente conhecido como Hanuká. liras tinham cordas do mesmo tamanho, mas o diâmetro e as tensões era
Os címbalos eram usados em cerimônias religiosas (IC r 16.42; 25.1; diferentes (ver 1C r 15.16; Dn 3.5; ver também “Instrumentos musicais
2C r 5.12; 29.25), como também as harpas (ISm 10.5; 2Sm 6.5; antigos”, em Sl 5).
Sl 150.3). Exemplares antigos de címbalos foram encontrados em Bete- 13.2 Ver “Balaão, filho de Beor”, em N m 22.
712 NEEMIAS 13.6

6 Mas, enquanto tudo isso estava acontecendo, eu não estava em Jerusalém, pois no trigésimo13.6vNe2.6; 5.14
segundo ano do reinado de Artaxerxes,vrei da Babilônia, voltei ao rei. Algum tempo depois pedi sua
permissão 7 e voltei para Jerusalém. Aqui soube do mal que Eliasibewfizera ao ceder uma sala a Tobias 13.7 wEd 10.24
nos pátios do templo de Deus.8 Fiquei muito aborrecido e joguei todos os móveis de Tobias fora da 13.8 xMt 21.12,13;
Jo 2.13-16
sala.x 9 Mandei purificar as salasv e coloquei de volta nelas os utensílios do templo de Deus, com as 13.9 v1Cr 23.28;
2Cr 29.5
ofertas de cereal e o incenso.
10 Também fiquei sabendo que os levitas não tinham recebido a parte que lhes era devida2 e que
todos os levitas e cantores responsáveis pelo culto haviam voltado para suas próprias terras.11 Por 13.11 aNe 10.37-
39; Ag 1.1-9
isso repreendi os oficiais e lhes perguntei: “Por que essa negligência com o templo de Deus?”3 Então
convoquei os levitas e os cantores e os coloquei em seus postos.
12 E todo o povo de Judá trouxe os dízimosb do trigo, do vinho novo e do azeite aos depósitos.0 13.12 b2Cr 31.6;
■=1Rs 7.51;
13 Coloquei o sacerdote Selemias, o escriba Zadoque e um levita chamado Pedaías como encarre­ Ne 10.37-39;
gados dos depósitos e fiz de Hanã, filho de Zacur, neto de Matanias, assistente deles, porque esses ho­ Ml 3.10
13.13 «Ne 12.44;
mens eram de confiança. Eles ficaram responsáveis pela distribuição de suprimentos aos seus colegas.d At 6.1-5

14 Lembra-tee de mim por isso, meu Deus, e não te esqueças do que fiz com tanta fidelidade pelo
templo de meu Deus e pelo seu culto.

15 Naqueles dias, vi que em Judá alguns trabalhavam nos tanques de prensar uvas no sábado e13.15 fÊx 20.8-11;
34.21; Dt 5.12-15;
ajuntavam trigo e o carregavam em jumentos, transportando-o com vinho, uvas, figos e todo tipo de Ne 10.31
carga. Tudo isso era trazido para Jerusalém em pleno sábado.f Então os adverti que não vendessem
alimento nesse dia.16 Havia alguns da cidade de Tiro que moravam em Jerusalém e que, no sábado,9 13.16 aNe 10.31

13 .7 O segundo período do governo de Neemias provavelmente termi­ 13.19 Como os Babilônios, os Israelitas contavam os dias de um entarde­
nou antes de 407 a.C., quando, de acordo com os papiros elefantinos, cer a outro, enquanto os egípcios contavam de um amanhecer a outro.
Bagohi (Bigvai) era governador de Judá. Alguns acreditam que Neemias, O soar da trombeta por um sacerdote anunciava o momento exato do iní­
após seu primeiro turno de governo, foi sucedido por seu irmão Hanani cio do sábado. Josefo (Guerra dos judeus, 4.9.12) fàla de uma plataforma da
(ver nota em 1.2). qual os sacerdotes “davam um sinal de antemão, com trombeta, no início
1 3 .1 2 Os templos da Mesopotâmia também arrecadavam dízimos para de cada sétimo dia, no cair da tarde e também no anoitecer, quando aquele
o sustento dos sacerdotes. dia terminava, proclamando ao povo as horas respectivas para cessar os tra­
13.15 Para saber mais sobre enfeixe e a moagem de grãos, ver nota em balhos e retomar a lida”. Escavações arqueológicas no monte do Templo
R t 2.7; ver também “A eira”, em IC r 21 e “Comida e agricultura”, revelaram uma pedra na parte sudoeste dessa plataforma, caída durante o
em Rt 2. cerco de Tito. Nela está a inscrição: “Para o local de tocar [a trombeta]”.

TEXTOS E ARTEFATOS ANTIGOS

A autobiografia de Idrimi
NEEMIAS 13 Em 1939,s/'r Leonard Woolley, inimigos, restabeleceu o domínio de sua fa­ esforços. Proferiu maldições contra qualquer
enquanto escavava Tell Atshana (antiga mília, declarou-se rei e depois construiu um um que viesse a denegrir o sacerdócio ou a
Alalakh), encontrou uma estátua de pedra palácio e fez reformas em todo o seu territó­ se casar fora da aliança, pedindo ao Senhor
do rei idrimi sentado no trono. A estátua, rio, que incluíam a retomada dos sacrifícios que se lembrasse deles por suas más ações.
datada de 1500 a.C., aproximadamente, aos deuses patronos. A inscrição termina No entanto, diferindo de Idrimi, NeemíaT'
possui uma longa inscrição, posicionada com uma fórmula de maldição e de bên­ agia não para a própria glória: fez isso por
como se estivesse saindo da boca do rei. ção: maldição sobre qualquer um que ouse ser zeloso do nome de Deus e da pureza de
Idrimi reconta, assim, como sua família destruir a estátua ou alterar seus escritos e seu templo.
fugiu de sua cidade natal, Alepo (ver mapa bênção sobre Idrimi e seu escriba.
8), durante uma violenta revolta contra seu Mil anos mais tarde, quando os judeus
pai. Esperando recuperar o prestígio perdido retornaram do exílio, Neemias terminou
pela família, Idrimi afirma ter iniciado acor­ sua narrativa de maneira semelhante. Após
dos com guerreiros e reis poderosos, reu­ relacionar as últimas reformas religiosas que
nindo um exército e aumentando seu poder instituiu em Jerusalém, ele pediu que o
enquanto estava em exílio. Exterminou seus Senhor se lembrasse dele com favor por seus
NEEMIAS 13.31 713

traziam e vendiam peixes e toda espécie de mercadoria em Jerusalém, para o povo de Judá.17 Dian­
te disso, repreendi os nobres de Judá e lhes disse: Como é que vocês podem fazer tão grande mal,
13.18 "Ne 10.31; profanando 0 dia de sábado?18 Por acaso os seus antepassados não fizeram 0 mesmo, levando o nosso
Jr 17.21-23
Deus a trazer toda essa desgraça sobre nós e sobre esta cidade? Pois agora, profanando o sábado, vocês
provocam maior ira contra Israel!*1
13.19 '2 3.3 2 19Quando as sombras da tarde cobriram as portas de Jerusalém na véspera do sábado,' ordenei que
estas fossem fechadas e só fossem abertas depois que 0 sábado tivesse terminado. Coloquei alguns de
meus homens de confiança junto às portas, para que nenhum carregamento pudesse ser introduzido
no dia de sábado. 20 Uma ou duas vezes os comerciantes e vendedores de todo tipo de mercadoria
passaram a noite do lado de fora de Jerusalém.21 Mas eu os adverti, dizendo: Por que vocês passam a
noite junto ao muro? Se fizerem isso de novo, mandarei prendê-los. Depois disso não vieram mais no
13.22 IGn 8.1; sábado.22 Então ordenei aos levitas que se purificassem e fossem vigiar as portas a fim de que 0 dia de
Ne 12.30
sábado fosse respeitado como sagrado.

Lembra-tei de mim também por isso, ó meu Deus, e tem misericórdia de mim conforme 0 teu
grande amor.

13.23 kEd 9.1,2; 23 Além disso, naqueles dias, vi alguns judeus que haviam se casadok com mulheres de Asdode,
Ml 2.11; V. 1;
Ne 10.30 de Amom e de Moabe.124 A metade dos seus filhos falavam a língua de Asdode ou a língua de um
dos outros povos e não sabiam falar a língua de Judá.25 Eu os repreendi e invoquei maldições sobre
eles. Bati em alguns deles e arranquei os seus cabelos. Fiz com que jurassem171em nome de Deus e lhes
disse: Não consintam mais em dar suas filhas em casamento aos filhos deles, nem haja casamento das
13.26 ”1Rs 3.13; filhas deles com seus filhos ou com vocês.26 Não foi por causa de casamentos como esses que Salomão,
2Cr 1.12;
"2Sm 12.25; rei de Israel, pecou? Entre as muitas nações não havia rei algum como ele.n Ele era amado por seu
P1 Rs 11.3
Deus,0 e Deus o fez rei sobre todo 0 Israel, mas até mesmo ele foi induzido ao pecado por mulheres
13.27 € d 9.14; estrangeiras.P 27 Como podemos tolerar 0 que ouvimos? Como podem vocês cometer essa terrível
10.2
maldade e serem infiéis ao nosso Deus, casando-se^ com mulheres estrangeiras?
13.28 t d 10.24; 28 Um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe,r era genro de Sambalate,s 0 horonita.
* 2.10
Eu 0 expulsei para longe de mim.

29 Não te esqueças* deles, ó meu Deus, pois profanaram 0 ofício sacerdotal e a aliança do sacerdócio
e dos levitas.

30 Dessa forma purifiquei os sacerdotes e os levitas de tudo o que era estrangeiro11e lhes designei
13.31 >Ne 10 .3 4 ; responsabilidades, cada um em seu próprio cargo.31 Também estabeleci regras para as provisões de
"V . 1 4 .2 2 ; Gn 8.1
lenha,vdeterminando as datas certas para serem trazidas, e para os primeiros frutos.

Em tua bondade, lembra-tewde mim, ó meu Deus.

13.28 O sumo sacerdote náo podia casar-se com uma estrangeira de cem anos depois (durante o tempo de Alexandre, o Grande), que
(Lv 21.14). A expulsáo do filho de Joiada ou seguiu essa lei especial ou a envolveu o casamento da filha de Sambalate de Samaria com o irmão de
proibiçáo geral contra casamentos mistos. Josefo {Antiguidades judaicas, um sumo sacerdote judeu.
11.7.2) registra um episódio praticamente idêntico, ocorrido pouco mais

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