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Estudos preliminares

Figura 5.1 – Fases de uma obra


A figura acima mostra, sinteticamente, as fases para realizar um empreendimento. O
grau de seu detalhamento depende da sua finalidade, complexidade e valor. Para
realizá-lo é preciso fazer um desenho do projeto; listar serviços, materiais
(especificados), profissionais e ferramentas/equipamentos necessários; detalhar um
orçamento e prever um cronograma.
Antes de se planejar uma obra existem condicionantes legais e técnicas a se observar
na escolha do local adequado de sua implantação.
5.1 PROIBIÇÕES E CONDICIONANTES
5.1.1 Lei do Parcelamento (Lei nº 6766/79)
A Constituição brasileira, em seu Artigo 30, estabelece a competência dos municípios
em “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.
A Lei 6.766/79 cita, no Artigo 2º, que “O parcelamento do solo urbano poderá ser feito
mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as
das legislações estaduais e municipais pertinentes”. Esta Lei especifica as faixas não
edificáveis.
1) Faixa não edificável (“non aedificandi”)
Nesta faixa não é permitida edificação sobre e sob o solo sendo admitida a
propriedade. Em rodovias e ferrovias, além da faixa de domínio é obrigatória a reserva
de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado. Em área urbana, o
município exige, em cada loteamento, a reserva de faixa non aedificandi destinada a
equipamentos urbanos (escoamento das águas pluviais, iluminação pública,
esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e
domiciliar e vias de circulação).
Figura 5.2 – Faixa não edificável em uma rodovia
2) Locais proibidos ao parcelamento do solo
Esta Lei cita ainda inúmeros locais proibidos a loteamentos e, portanto, a edificações,
são eles:
1) terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências
para assegurar o escoamento das águas;
2) terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que
sejam previamente saneados;
3) terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se
atendidas exigências específicas das autoridades competentes;
4) terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;
5) áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições
sanitárias suportáveis, até a sua correção.
Além da Lei do parcelamento federal há leis municipais referentes a áreas não
edificáveis ao longo de adutoras, gasodutos, oleodutos e linhas de transmissão, em
geral na largura de 12 metros.
5.1.2 Código Florestal (Lei nº 12.651/2012)
O Código Florestal visa preservar a vegetação nativa e determina regras sobre onde e
de que forma ela pode ser explorada e estabelece dois tipos de áreas: a Reserva
Legal e a Área de Preservação Permanente (APP). A Reserva Legal é a parcela de
uma propriedade ou posse rural que deve ser preservada. A APP é uma área natural
intocável, com rígidos limites, onde não é permitido construir, cultivar ou haver
exploração econômica.
O Código Florestal define área de preservação permanente como:
“Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos,
a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas“

São APP:
1) Encostas e partes destas, com declividade superior a 45 0, equivalente a 100% na
linha de maior declive;
1) As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
2) Os manguezais, em toda a sua extensão;
3) As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
4) Áreas em altitude superior a 1.800 m,
5) Topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem)
metros e inclinação média maior que 25º;
6) As veredas; e
7) Faixas marginais a recursos hídricos (conforme Tabela 5.1)
Tabela 5.1 – Faixas de Preservação Permanente às margens de recursos hídricos
Recurso hídrico Faixa marginal (m)
<1 dispensada
Lagos e Rural
1 a 20 50
lagoas (ha)
naturais > 20 100
Urbana 30
< 10 30
Cursos 10 a 50 50
Largura
d’água 50 a 200 100
(m)
200 a 600 200
> 600 500
Nascentes 50 de raio

A faixa marginal ao longo do curso d'água é contada a partir da borda do leito regular
onde corre a água durante o ano todo (leito menor).
O Código Florestal apresenta outros detalhes e considerações como a agricultura
familiar, o módulo fiscal, etc. O básico, de interesse geral, está aqui.
5.1.3 Outras condicionantes
Além dos aspectos já apresentados há que se considerar outros sobre a escolha de
local para construir e que são apresentados na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 – Condicionantes para a escolha de um local para obra
Aspectos Observação
- Buscar solo firme e seco sem ser extremamente duro ou arenoso.
Qualidade - Evitar local com lençol freático próximo à superfície ou pantanoso.
do solo - Informar-se sobre instabilidade do solo (deslizamentos ou quedas).
- Informar-se se já houve aterro no imóvel, o tipo e como foi compactado.
- Evitar local que exija obras caras de drenagem superficial.
- Verificar na prefeitura se não há previsão de faixa de drenagem (servidão)
Águas no terreno e se não passa galeria no imóvel.
pluviais - Verificar proximidade de linhas d’água e consequências.
- Observar se o terreno não se configura num talvegue ou área de
alagamento.
Evitar muitas obras de terra (cortes, aterros e contensões) escolhendo terreno
pouco inclinado (<10%) o que contribui para o trânsito de veículos e
Topografia pedestres e a segurança à erosão. Dar preferência ao caimento para a rua o
que facilita encaminhar água pluvial e esgoto à rede pública e estabelece
dominância à edificação. Não construir em declividade  30% .
Árvores Retirar árvores após solicitação à autoridade competente.
Segurança Preocupar-se com local que propicia acesso a estranhos.
Verificar disponibilidade de energia elétrica, telefone, água potável,
Infraestrutura
esgotamento sanitário e gás.
Verificar proximidade de supermercados, farmácias, bancos, praças e áreas
Serviços
de laser.
Acessibilidade Verificar existência de linhas regulares de transporte público.
Linhas de Consultar a concessionária para definir a largura das faixas “non aedificandi”
transmissão que variam com a tensão.
Com a frente do terreno voltada para a face norte, o sol nasce na direita e se
Face Norte põe a esquerda do terreno. A frente estará sempre ensolarada aproveitando
mais a iluminação natural o que propicia o uso racional da energia no edifício.
Se um edifício público ocupa uma esquina poderá ter maior área de
Extensão
iluminação e ventilação e duas entradas (serviço e público). No caso de
frontal
moradia, perde-se muita área no recuo e aumenta a insegurança.
Largura Terreno mais largo permite mais e maiores aberturas de iluminação e
frontal ventilação o que é desejável.
Levantar a direção predominante do vento para evitar o destelhamento. O
Vento
vento frio é evitado em certas instalações (saúde e para animais).
Ruído Evitar proximidade de locais ruidosos como estrada, jazida, aeroporto, etc.
Cheiro Preocupar-se com possibilidade de existência de cheiros permanentes.
Conhecer: faixa da rua; área mínima de um terreno; taxa máxima de
Posturas ocupação (normalmente 50%); coeficiente de aproveitamento; recuos (frente,
municipais lateral e fundos) em relação a janelas e empenas cegas; área permeável
mínima; aberturas mínimas para insolação, iluminação e ventilação naturais.
Respeitar as distâncias de segurança a instalações de risco (paióis, linhas de
Segurança
alta tensão, dutos de combustível, etc.).
Preservação Cuidado com sítios arqueológicos e manter o estilo arquitetônico do local.

5.2 LIMPEZA DO TERRENO


A limpeza inicial, para estudos, é feita com retirada do que irá atrapalhar o andamento
dos levantamentos: entulhos, lixo, pedras e vegetação.
O manejo do desmatamento deve atender ao que consta em licença ambiental. O
material vegetal pode ser reservado para posterior aplicação no próprio terreno.
Há três níveis de retirada de vegetação:
Capinar ou carpir: Feita com enxada ou mecanicamente para limpar o terreno do
capim, vegetação rasteira e pequeno arbustos. Não deixar o mato pegar de novo
separando ele da terra com o pé.
Roçar: corte com foice e facão para arbustos maiores.
Destocar: com machado ou serra elétrica para cortar e desgalhar árvores e remover
parte da raiz. O corte de árvores e o bota-fora das partes necessita de prévia
permissão e orientação da prefeitura local.

5.3 LEITURA DE PROJETO


O melhor instrumento de comunicação em uma obra é um desenho padronizado que
seja do entendimento de todos que nela trabalham. Um projeto possui desenhos como
a planta baixa, cortes (ou elevações) em pelo menos duas direções, vista de fachadas
e desenhos de detalhes (escada, cisterna, guarda corpo, etc.).
Figura 5.3 – Desenhos referentes ao projeto de uma edificação
5.3.1 Escalas
Escala é a relação ou a razão existente entre a distância gráfica e a distância natural.
Onde:
Distância gráfica = comprimento representado no desenho do objeto.
Distância natural = comprimento real do objeto;
Usa-se a seguinte simbologia:
Forma comum de notação: Onde:
E = Escala
E = d/D = 1/Q E = d:D d = dimensão do desenho
D = dimensão do objeto
Q=D/d
Com a fórmula da escala pode-se elucidar três tipos de dúvidas:
1) Qual é a escala a empregar para desenhar um objeto;
Exemplo: Qual é a escala do desenho de um quadrado cuja aresta, no papel, tem 2
cm e seu tamanho real é de 20 cm?
Solução: E = d/D = 2/20
Dividindo os componentes da fração pelo numerador tem-se: 1/10
Conclui-se que o desenho está na escala de 1:10 (escala um por 10).
2) Qual é o tamanho do desenho de um objeto em uma determinada escala?
Exemplo: Qual é a dimensão de uma aresta do desenho de um quadrado que tem com
medida real de aresta 20 cm e esta foi desenhada na escala de 1:10?
Solução: E=d/D => 1:10 = d/20 => 10.d = 20 Logo d = 2 cm
2) Qual é o tamanho real do objeto que está no desenho?
Exemplo: Qual é a dimensão real da aresta de um quadrado, sabendo que seu
tamanho no desenho é 2 cm e foi usada a escala de 1:10?
Solução: E=d/D => 1:10 = 2/D => 10.2 = D
Conclui-se que o tamanho real da aresta do quadrado é 20 cm.
As escalas podem ser numéricas ou gráficas. As escalas numéricas são notadas:
1:50; 1:100; 1:500 como já foi visto anteriormente.
As escalas gráficas são uma representação gráfica de uma escala numérica por meio
de segmentos de retas desenhados na planta ou de régua graduada (escalímetro) que
permite determinar sem cálculo, de forma direta, as dimensões do objeto,
conhecendo-se as do desenho, ou vice-versa.

Figura 5.4 – Uma escala gráfica típica apresentada em plantas

Figura 5.5 – Escalímetro – uma régua com escalas


Todos os tipos de escalas podem ser:
1) de redução: quando são menores que a unidade. Ex.: 1/10
2) de ampliação: quando são maiores que a unidade. Ex.:12/1
3) reais: quando são iguais a unidade. Ex.:1/1
5.3.2 Planta
O desenho mais importante do projeto é a planta (ou
Figura 5.6 Corte horizontal

planta baixa) que pode ser de arquitetura, localização,


situação, fundações, estruturas ou ajardinamento (ou
paisagismo). Ela é feita, normalmente, a partir de um
corte com um plano horizontal a 1,5 m acima do piso de
referência (ou onde possa cortar o máximo de
aberturas) e a retirada do que está além desse plano,
para depois observar o que restou, do alto.

Olhando uma planta vê-se a identificação, a locação e dimensões de elementos como:


1) O Norte;
2) As ruas no entorno da obra com suas calçadas e pista de rolamento;
3) Posição dos cortes;
4) Largura de paredes;
5) Projeção do telhado (largura do beiral);
6) Nome dos cômodos, suas áreas e o nível de seus pisos;
7) Indicação de especificação de piso, parede e teto;
8) Esquadrias (portas e janelas) com altura de parapeito e da abertura; e
9) Locação de peças (pia, lavatório, vaso, chuveiro, tanque de lavar roupa, caixa
d’água).
Figura 5.7 – Vista parcial de uma planta
Além disso, observam-se quadros descrevendo esquadrias e especificações indicadas
nos desenhos e no canto inferior direito, tem-se o carimbo onde consta o tipo de
projeto (arquitetura, estrutura, instalações etc.), o autor, o desenhista, escala, unidade
de medida (metro ou centímetro) etc.
A partir desses desenhos determina-se:
1) A locação da obra, ou seja: marcam-se os centros de pilares e os eixos das
fundações e as laterais das valas, dos alicerces e das paredes;
2) A posição das aberturas (portas e janelas), das peças (vaso, lavatório, pia, tanque,
chuveiro e caixa d’água); e
3) Os níveis de pisos.
5.3.3 Corte ( ou elevação)
O principal objetivo do corte é mostrar a terceira dimensão da obra, a vertical.
Costuma ser aproveitado para mostrar detalhes que não são bem elucidados pela
planta como a elevação de uma escada, o caimento da cobertura, o forro, a posição
de uma caixa d’água, as prateleiras de um armário embutido etc. Tem-se o corte na
direção de maior dimensão (longitudinal) e outro perpendicular (transversal).
5.4 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
O levantamento topográfico tem como produtos um desenho em planta dos limites do
terreno, localizando as singularidades em seu interior e perímetro (matacões,
edificações, árvores, nascentes, córregos, bueiros, muros, cercas etc.) indicadores dos
níveis (curvas ou pontos), e também o desenho do seu perfil.
Após a primeira limpeza, verificar as medidas do terreno. Se a área é grande e de
maior responsabilidade deve-se chamar um topógrafo. Para obras pequenas serão
indicados, a seguir, procedimentos expeditos mostrados nas aulas do professor Milito
(P.U.C. de Campinas).
Tabela 5.3 – Medição de terrenos
Forma Procedimento Esquema
Medir os quatro lados
e conferir o esquadro
Regular medindo as duas
diagonais

Para terreno pouco


profundo medir os
quatro lados e as
Irregular diagonais.
Se profundo, medir os
lados e até ponto
médio em dois lados.

Marcar e medir as
divisas retas até iniciar
Com a curva e depois, a
curvas corda e a flecha
central de cada curva.
O nivelamento é o transporte de uma referência de nível de um local para outro
estabelecendo um plano horizontal. Quando necessita ser rigoroso, deve ser feito por
topógrafo, mas para obras pequenas pode-se empregar balizas distanciadas de 5,0 m
e uma mangueira de nível, uma ferramenta usada durante toda a obra.

Figura 5.8 – Esquema de nivelamento


5.5 SONDAGEM A PERCUSSÃO (SPT - standard penetration test)
Basicamente, existem dois tipos de sondagens: amostras e ensaios. As amostras
funcionam com a abertura de poços, traz resultados mais seguros, mas são de custo
elevado; só são indicadas para construções de maior porte. Os ensaios utilizam
técnicas de bombeamento, palheta, medida de pressão, prova de carga, medida de
recalque e ensaios geofísicos; são mais baratas e fornecem resultados
suficientemente precisos para edificações pequenas.
A sondagem a percussão SPT é um ensaio que possibilita reconhecer o solo onde
será assente a obra. Disso, identificar a necessidade de serviços ou obras
complementares, escolher a fundação e a estrutura mais adequadas e orientar o
processo construtivo. As principais informações obtidas com esta sondagem são:
1) Classificar os tipos de solo no subsolo, nas profundidades em que ocorrem;
2) O nível do lençol freático (nível d’água); e
3) A capacidade de carga do solo (índices de resistência à penetração (N) a cada
metro).
A penetração do ensaio é feita em trechos sucessivos de 1 m.
1º metro: usa-se trado-concha ou cavadeira manual até a profundidade de 1 m
(guarda-se amostra de solo deste primeiro metro) e depois instala-se o primeiro
segmento do tubo de revestimento com sapata cortante para evitar que o furo
desmorone (feche).
2º metro e subsequentes: seguem-se duas etapas a cada metro:
1) Primeiro a perfuração (55 cm) - até atingir a água, com trado helicoidal; depois
passa-se a usar o trepano de lavagem, sendo conhecido esse procedimento como
método de perfuração por circulação de água, ou de lavagem; e
2) Depois vem o ensaio (45 cm) - cravação do amostrador-padrão até completar 45
cm de penetração, com golpes de um martelo de 65 kg solto a partir de 75 cm de
altura. Anota-se, a cada 15 cm de penetração, a quantidade de golpes necessários à
cravação. O índice de resistência à penetração N é dado pela soma do número de
golpes para realizar os últimos 30 cm de penetração (dos 45 cm). Após a realização
de cada ensaio, o amostrador é retirado do furo e a amostra é coletada para posterior
classificação, que geralmente é feita pelo método Tátil-visual.

Lavagem Ensaio
Figura 5.9 – Sondagem a percussão
Uma sondagem termina ao chegar à profundidade desejada ou ao atingir um solo
impenetrável a percussão. Para uma obra de pequeno porte, os solos destacados nas
duas tabelas a seguir são adequados para fundação rasa.
Tabela 5.4 – Resistência aproximada de alguns tipos de solo
Tipo de solo solo (kgf/cm2) Qualidade
Aterro de entulhos, velhos e consolidados 0,5 Fraca
Areia sem possibilidade de fuga, naturalmente úmida 1 – 1,5 Baixa
Solos comuns, como argilo-arenosos úmidos 2 Média
Solos argilo-arenosos secos, cascalho 3,5 - 5 Boa
Rochas – moles e duras 7 - 20 Ótima
Adaptação: “Tabela para canteiros de obra” – E. Ripper – Ed Pini

O nível d’água deve ser verificado no dia seguinte ao ensaio para evitar a influência do
líquido usado na sondagem.
Os termos usados na tabela a seguir (NBR 6484:2001) referem-se à deformabilidade e
resistência dos solos, sob o ponto de vista das fundações (não confundir com
compacidade relativa das areias da Mecânica dos Solos).
Tabela 5.5 – Compacidade das areias e consistência das argilas relacionadas a N
Solo Designação Índice N
Fofa 4
Compacidade Pouco compacta 5a8
de areias e siltes Medianamente compacta 9 a 18
arenosos Compacta 19 a 40
Muito compacta > 40
Muito mole 2
Consistência de Mole 3a5
argilas e siltes Média 6 a 10
argilosos Rija 11 a 19
Dura > 19
Existem fórmulas empíricas que relacionam N com a resistência do solo (em kgf/cm2).
Tabela 5.6 – Fórmulas empíricas que relacionam N com a resistência do solo
RESISTÊNCIA DO SOLO (kgf/cm2) Solo
Situação Argila pura Argila siltosa Argila areno siltosa
Por tipo de solo N/4 N/5 N/7,5
Sapata retangular (Teixeira) N/5 ------------
Geral (Ribeiro) σ  N 1
Nos estudos de viabilidade ou de escolha de local da obra, deve-se realizar, no
mínimo, três sondagens, sendo a distância máxima entre elas de 100 m.
Decidida a obra, as sondagens devem ser distribuídas na planta do terreno de forma a
representar ao máximo a área que está sendo estudada. A distância entre os furos
deve estar entre 15 e 25 m, evitando que fiquem alinhados.
Para obra em terreno pequeno, o professor Milito apresenta os exemplos para locação
de sondagem da figura a seguir.

Figura 5.10 – Exemplo de locação de sondagem em lotes pequenos


Em fundações de edifícios, o número mínimo de ensaios depende da área construída.
Tabela 5.7 – Número de sondagens conforme a área construída (NBR 8036/1983)
Área de projeção da
Número de sondagens
edificação (m2)
 200 2 (mínimo)
201 a 400 3 (mínimo)
401 a 1.200 1 a cada 200 m2 que exceder a 400 m2.
1.201 a 2.400 1 a cada 400 m2 que exceder a 1.200 m2.
> 2.400 Conforme plano particular da construção.
A estimativa da profundidade de paralização da sondagem pode ser feita pelo gráfico
que consta na norma NBR 8036/1983. Em geral, Milito orienta o que segue:
1) Perfurar no mínimo 8 m;
2) Parar se ocorrerem 4 números elevados de N durante a execução em solo bom;
3) Em terreno argiloso deve-se ultrapassar o máximo de camadas; e
4) Em terreno arenoso ir até 15 ou 20 m.
Ocorrendo o encontro de matacão no subsolo desloca-se 3m para novo furo.
Persistindo, faz-se outro furo a 3 m do primeiro encontro de matacão, perpendicular à
última direção tomada.
Uma fundação direta ou rasa é escolhida quando a transferência de carga para o solo
é possível por meio de sua área inferior (debaixo) sendo economicamente satisfatória.
O valor dessa área pode ser estimado pelo SPT (número N).
Área necessária (S) = (peso da obra no ponto (P) dividido pela tensão que o solo
admite (s))

Pobra
Snecessária  , Sendo solo conforme Tabela 5.6
σ solo

As condições para serem econômicas são:


A-a=B-b A-B=a-b

Sendo “A” e “B” as dimensões da sapata e


“a” e “b” as, do pilar.

Figura 5.11 – Sapata


5.6 ESTUDO DAS INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS
Levantar a força de trabalho da obra: pessoal, material, máquinas e equipamentos e,
disso, as áreas de vivência (vestiário, refeitório, instalações sanitárias etc.) e
operacionais (depósitos, escritório, garagem, oficina, carpintaria, etc.) a serem
planejadas para o canteiro de obras.
Estudar o controle de entrada e saída do canteiro de material e equipamento, pessoal
da obra e visitantes.
Planejar o tipo de canteiro (contêiner ou barracão) de acordo com o custo do canteiro
e características da obra (localização, serviços a realizar, vulto e prazo), sem que
interfira na circulação de pessoal, veículos, máquinas e equipamentos e a futura
locação da obra.
Levantar as necessidades de dispositivos e instalações de energia (para
equipamentos de obra, tomadas de uso geral e especial e luz), água (de obra, higiene
e consumo humano), esgoto, lixo e águas pluviais e contatar as concessionaria ou
permissionárias para planejar as ligações provisórias, informando-se sobre os padrões
de conduta e de instalações.
Caso opte por escavar um poço d’água deve-se ater aos seguintes cuidados:
1) Afastado de fundações;
2) A mais de 15 m de fossas sépticas ou poço negro; e
3) Em local de pouco trânsito (fundo de obra).
Prever o tipo de fio ou cabo a ser usado, onde ficará os quadros de força, quais e
quantas máquinas/equipamentos serão empregados e se haverá caixa de medição e
de distribuição de energia remanescente após a obra.
Os cabos são dimensionados pela soma das potências dos equipamentos usados no
canteiro afetados por um fator de demanda.
Tabela 5.8 – Equipamentos de obra e suas potências de referência
Equipamento Potência (hp)
Guincho 7,5 a 15
Betoneira 3
Bomba d’água 3
Serra elétrica 2
Máquina de corte 2
Vibrador 3
NOTA: Todos usam sistema trifásico

Se no local não houver energia elétrica ou esta for monofásica, deve-se solicitar a
concessionária o fornecimento trifásico ou gerar a energia no canteiro. A opção por
equipamento monofásico eleva o custo.
Como orientação ao planejamento de canteiros, consultar o Manual de Canteiros de
Obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que
apresenta gratuitamente metodologia e projetos padrão dessas instalações.
5.7 FORMAS DE SE LEVANTAR OS PONTOS CARDEAIS
Há muitas formas de se obter os pontos cardeais. Pode-se empregar o GPS (Global
Positioning System), uma bússola, o sol, um relógio e o cruzeiro do sul.
1) Bussola: ela oferece leitura direta, mas a agulha aponta para o norte magnético e
deve-se considerar a declinação magnética local para se obter o norte geográfico.
A declinação magnética local pode ser obtida no site magnetic-declination.com/.
Figura 5.12 – Norte Verdadeiro com bússola
2) Norte ao posicionar o corpo em relação ao sol: estende-se o braço direito na
direção do sol nascente (leste) e o esquerdo na direção do sol poente (oeste), o
sul ficará voltado para as costas e o norte para a frente. Como o sol não nasce
sempre na mesma posição é um processo impreciso.

Figura 5.13 – Norte pela posição do sol


3) Orientação pelo sol mais um relógio de ponteiros
1º Repousar o relógio sobre uma superfície plana com a face voltada para cima;
2º Posicionar uma haste na vertical sobre o número 12;
3º Girar o relógio até a sombra da haste ficar sobre a direção 6-12;
4º O norte estará na bissetriz do ponteiro das horas e o número 12.

Figura 5.14 – Norte pelo sol mais um relógio analógico


4) Orientação por sombra
1º Sobre uma superfície limpa e plana fincar uma haste na vertical;
2º Marcar a ponta da sombra (ponta oeste);
3º Aguardar uns 15 minutos e marcar a nova posição da ponta (ponta leste);
4º Uma linha passando pelos dois pontos determina a direção leste-oeste; e
5º Uma perpendicular a essa linha materializa a direção norte sul.

Figura 5.15 – Orientação por sombra


5) Orientação pela constelação do Cruzeiro do Sul: prolongando o braço maior da
constelação quatro vezes e meia chega-se ao Pólo Sul Celeste, então, ao descer
uma vertical no horizonte tem-se o ponto cardeal sul.

Figura 5.16 – Orientação pela constelação do cruzeiro do sul

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Técnicas das Construções Civis e Construções de Edifícios de José Antonino de Milito
2. CARDOSO, RENATO RIBEIRO. FUNDAÇÕES , ENGENHARIA APLICADA NOBEL,
SÃO PAULO BRASIL- 1986

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