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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE
IMPACTO SOCIAL PARA O
PROJECTO PROPOSTO DE
MINÉRIO DE FERRO DA BAOBAB,
TETE, MOÇAMBIQUE
FEVEREIRO DE 2015
COASTAL AND ENVIRONMENTAL SERVICES (CES)
MORADA COWI Lda.
Av. Zedequias
Manganhela, 95, 1º andar
C.P. 2242
Maputo
Moçambique
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE
IMPACTO SOCIAL PARA O
PROJECTO PROPOSTO DE
MINÉRIO DE FERRO DA BAOBAB,
TETE, MOÇAMBIQUE
Índice
Sumário Executivo 10
1 INTRODUÇÃO 22
3 METODOLOGIA 42
3.1 Identificação da área de estudo 42
3.2 Métodos de recolha de dados 45
3.3 Metodologia de avaliação de impacto 49
3.4 Pressupostos e Limitações 50
4 CONTEXTO DO PROJECTO 51
4.1 Perfil do País 51
4.2 Província de Tete 53
4.3 Distritos de Chiúta e de Moatize 55
6 CONCLUSÃO 135
7 REFERÊNCIAS 137
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de acrónimos
Sumário Executivo
Introdução
Esta Avaliação de Impacto Social (AIS) foi elaborada de acordo com a legislação
Moçambicana para Avaliação de Impacto Social. A mesma identifica e analisa os
impactos principais associados ao projecto de exploração mineira e faz
recomendações para medidas de prevenção e mitigação, bem como medidas de
maximização, a aplicar na gestão de impactos do projecto.
A Estratégia e Política dos Recursos Minerais foi aprovada em 2013 para guiar
estes processos. Sob coordenação do Ministério dos Recursos Minerais, a
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 11
Além disso, num esforço para alinhar as políticas nacionais com as boas práticas
e normas internacionais, Moçambique tornou-se signatário da Iniciativa de
Transparência da Indústria Extractiva em 2009.
Por último, para além dos instrumentos mencionados acima, Moçambique tem a
sua própria legislação que governa as actividades mineiras, Avaliação de Impacto
Ambiental e Consulta Pública, Planeamento e Licenciamento do Uso da Terra,
bem como Planeamento de Compensações e Reassentamento. Esta legislação
procura alinhar-se com as boas práticas internacionais para Avaliação de Impacto
e Reassentamento dos principais doadores e credores, tais como o Banco Mundial
e a Corporação Financeira Internacional (IFC, sigla em inglês).
Metodologia
Contexto do projecto
Moçambique
12 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Desde o final da guerra civil (1992), Moçambique tem feito progressos nos seus
esforços de desenvolvimento. Entre 2000-2010, o país registou uma taxa anual
média de crescimento económico de 6% e tem, actualmente (2014), uma taxa de
crescimento de 7,3%: o que torna Moçambique numa das economias com
crescimento mais rápido no mundo para este periódo (projecção da Economist
Intelligence Unit para Moçambique, 2014). Moçambique criou um clima
macroeconómico estável e tem mantido as taxas de inflação anuais abaixo dos
4,2%, o que tem contribuiído para o crescimento consistente da economia. Este
crescimento contínuo permitiu a Moçambique atrair investimento estrangeiro e
local, conforme demonstrado no sector da indústria extractiva.
Nos últimos anos, a tributação das mais valias na indústria extractiva tem sido em
parte responsável pela redução do défice do orçamento nacional, bem como a
redução da dependência do Orçamento do Estado da ajuda externa de 50% no
início de 2000 para cerca de 35% em 2010. Todavia, a indústria extractiva só
representa uns modestos 2% do PIB.
Província de Tete
Os perfis étnicos, linguísticos e culturais dos dois distritos são muito semelhantes.
Chiúta e Moatize têm uma população rural e jovem e a família alargada é a forma
predominante de organização social. A língua mais usada é ciNyungwè, sendo
que o Português é falado por menos de um terço da população. A religião
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 13
No que diz respeito à saude, em 2012 ambos distritos tinham serviços de saúde
que consistiam em hospitais rurais, centros de saúde e postos de saúde. Apesar
da expansão do sistema de saúde, os rácios unidade de saúde/residente e cama
na unidade de saúde/residente continuou alto. As doenças mais comuns nos
distritos são as associadas à água, nomeadamente malária e diarreira, e também
Doenças de Transmissão Sexual (DTS) e VIH/SIDA.
Constatações
A língua materna dos agregados é ou Chewa (falada por 60% dos agregados) ou
ciNyungwè (falada por 40% dos agregados). Nenhum agregado fala Português
como língua materna, o que não é surpreendente face aos baixos níveis de
educação dos agregados.
Os agregados mais pobres são liderados por mulheres com o seguinte perfil:
cerca de 50 anos de idade, viúvas ou separadas/divorciadas, desempregadas ou a
trabalhar na agricultura de subsistência. Estes agregados são considerados mais
vulneráveis porque têm menos acesso a insumos, menor capacidade de geração
de rendimento e estão mais dependentes das redes de apoio social existentes.
Assim, se estes agregados forem sujeitos a reassentamento físico ou deslocação
económica (ou seja, perda de terra e/ou habitação) podem ter mais dificuldades a
adaptar-se a novas estratégias de geração de rendimento ou subsistência –
principalmente a estratégias que não sejam baseadas na terra.
Variável Constatações
Variável Constatações
Variável Constatações
1
No sistema educativo Moçambicano, uma escola primária completa oferece todas as sete classes da
educação primária.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 17
Variável Constatações
Operação Médio prazo Regional Moderada Pode ocorrer MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 4.2: abandono da agricultura a nível do agregado
Construção Curto prazo Área de estudo Muito Severa Pode ocorrer ALTA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Área de estudo Muito Severa Pode ocorrer ALTA Pode ocorrer MODERADA
Impacto 4.3: contratação e formação de mão-de-obra local
Construção Curto prazo Localizado Ligeira Pode ocorrer BAIXA Provável BAIXA
Operação Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA Provável MODERADA
Impacto 4.4: procura por bens e fornecedores de serviços locais
Construção Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA Provável MODERADA
Operação Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA Provável ALTA
Impacto 4.5: melhor habitação, serviços sociais e planeamento territorial
Construção Curto prazo Localizado Ligeira Improvável BAIXA Provável MODERADA
Operação Curto prazo Localizado Ligeira Improvável BAIXA Improvável MODERADA
Impacto 5.1: perturbação das relações e coesão sociais
Construção Curto prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Área de estudo Severa Pode ocorrer MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 5.2: conflitos entre trabalhadores do projecto e a população local
Construção Curto prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 5.3: perda de campas familiares, locais sagrados comunitários e/ou acesso aos mesmos
Construção Curto prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Área de estudo Severa Pode ocorrer MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.1: perturbação das comunidades vizinhas como resultado do aumento dos níveis de ruído e vibração
20 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Área de estudo Severa Provável ALTA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.2: segurança rodoviária
Construção Curto prazo Regional Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Regional Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.3: poluição (ar, solo, água do rio)
Construção Curto prazo Área de estudo Severa Pode ocorrer MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Regional Severa Pode ocorrer ALTA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.4: maior incidência de doenças transmissíveis e não transmissíveis
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Regional Severa Provável ALTA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.5: aumento de doenças ocupacionais resultantes de actividades de construção
Construção Curto prazo Localizado Moderada Provável BAIXA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Localizado Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.6: exploração da mão-de-obra
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Pode ocorrer BAIXA Improvável BAIXA
Operação Médio prazo Regional Moderada Pode ocorrer MODERADA Improvável BAIXA
Impacto 7.1: elevadas expectativas sobre os benefícios do projecto
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 7.2: conflitos a nível comunitário devido a diferenças nos benefícios do projecto
Construção Curto prazo Regional Severa Definitiva ALTA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Regional Severa Definitiva ALTA Pode ocorrer BAIXA
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 21
Conclusão
O projecto será implementado numa área com baixos níveis de desenvolvimento socio-ecónomico.
As comunidades existentes dependem muito de estratégias de geração de rendimento baseadas na
terra ou relacionadas com a terra, e a terra é o seu bem mais importante. As comunidades existentes
também demonstram um forte sentimento de inserção e coesão social. Face ao ambiente
socioeconómico relativamente sereno vivido na área do projecto neste momento, o projecto tem o
potencial de trazer mudanças significativas às vidas das comunidades existentes.
Por último, uma comunicação e consulta atempadas e regulares com as comunidades na área do
projecto são aspectos essenciais para a aceitação e apropriação local do projecto, que beneficiará as
comunidades e o proponente do projecto. É importante envolver as autoridades Distritais no
processo de comunicação e consulta com as comunidades, para assegurar o alinhamento da gestão
dos impactos do projecto com a gestão de outros projectos no distrito e, em termos mais gerais, na
província de Tete.
22 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
O projecto irá, inicialmente, focar a Área de Prospecção de Tenge-Ruoni (1035L) para a produção de
ferro gusa. Tenge-Ruoni é uma área de mineralização significativa que contém depósitos de
magnetite, titânio e e vanádio dentro dum conjunto de prospectos conhecido como Grupo Massamba.
O projecto de exploração mineira proposto tem o potencial de causar impacto sobre a vida e meios
de subsistência das comunidades locais que serão provavelmente afectadas pelas operações e infra-
estrutura associadas ao projecto. Do mesmo modo, este relatório de Avaliação do Impacto Social
(AIS) foi elaborado para identificar e analisar os impactos previstos e associados ao projecto e
recomendar medidas de prevenção (mitigação) para reduzir a significância dos impactos negativos
causados pelo projecto, bem como fornecer orientações sobre como maximizar os potenciais
benefícios para as comunidades afectadas.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 25
Esta secção delineia o quadro institucional, legal e de políticas aplicável ao projecto. É também
enfatizada a legislação nacional que aborda a consideração dos impactos sociais e
responsabilidades do proponente tanto quanto é relevante para o projecto.
O capítulo está subdividido em subsecções que abordam i) estratégias nacionais para a energia e
recursos naturais, ii) legislação nacional para as actividades mineiras, iii) legislação nacional e
directrizes internacionais sobre a Avaliação do Impacto Social e Consulta Pública, iv) legislação
nacional e directrizes internacionais sobre Reassentamento e v) governo e liderança local.
O crescimento da indústria mineira, bem como as recentes descobertas de gás natural na Bacia do
Rovuma, representam uma oportunidade de desenvolvimento para a economia do país e de
prosperidade para os Moçambicanos. Contudo, a materialização desta oportunidade depende
largamente da capacidade do governo de responder aos desafios que têm surgido devido ao
crescimento recente do sector extractivo – tais como o fornecimento de transporte adequado e um
grande volume de infra-estruturas de serviços para atender a esses investimentos – e da sua
habilidade para garantir a transparência, responsabilização e monitoramento de cumprimento
apropriado dessas indústrias extractivas. Há também a necessidade de promover o desenvolvimento
equitativo e sustentável destes recursos minerais não renováveis, assim como de proteger o
ambiente e o interesse de gerações futuras. À luz destes objectivos e princípios, o Governo de
Moçambique desenvolveu e aprovou a Política e Estratégia de Recursos Minerais.
A política estipula que isto deve ser alcançado através de um mapeamento geológico detalhado do
território nacional, o estabelecimento dum enquadramento legal e fiscal competitivo, a transparência
26 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
2
e responsabilização do Governo e do Sector Privado no fornecimento de serviços de qualidade e a
monitoria das actividades de responsabilidade social corporativa das empresas de mineração. Isto
será também alcançado através da promoção da participação do Estado Moçambicano e do sector
privado na actividade mineira, promoção do investimento formal no sector, adopção de tecnologias
verdes (tais como a mitigação de poeiras e a selecção dos tractores para mineração a céu aberto),
implementação de melhores práticas de mineração de pequena escala, da preferência aplicada ao
processamento interno dos recursos minerais, pesquisa científica e desenvolvimento de capacidades
dos recursos humanos, e também o desenvolvimento a nível local. Enquanto as comunidades
estiverem a viver nessas áreas de mineração, elas devem t priorizadas na recepção de benefícios da
actividade mineira, e é também imperativo que os seus direitos e património cultural sejam
preservados.
A PERM baseia-se noutras orientações políticas do sector mineiro, tais como a Estratégia de
Formação e Capacitação de Recursos Humanos para o Sector Mineiro (2010) e a Política de
Responsabilidade Social Corporativa na Indústria de Extracção de Recursos Minerais (2014).
A Estratégia de Formação e Capacitação de Recursos Humanos para o Sector Mineiro tem como
objectivo abordar o desafio do fornecimento de mão-de-obra capacitada e qualificada para a indústria
de mineração nacional. Particularmente, esta procura aumentar o número de profissionais
qualificados e reduzir a dependência de mão-de-obra estrangeira, promover instituições de formação
e capacitação em locais com actividade mineira/geológica intensa e estabelecer parcerias público-
privadas de forma a poder criar programas de formação e capacitação.
2
O Governo é chamado a melhorar a transparência e a responsabilidade na divulgação pública das receitas da indústria
extractiva e as respectivas aplicações. Por outro lado, espera-se que o Sector Privado melhore a transparência na divulgação,
ao Governo, de dados sobre a actividade extractiva realizada, para a definição do regime tributário aplicável.
3
Para o petróleo, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, E.P. (ENH). Para a mineração, a Empresa Moçambicana de
Exploração Mineira, S.A. (EMEM).
4
Para a mineração, a Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral (AMDC), criada em 2009 e a
Associação Moçambicana de Mineração (AMOMINE), criada em 2007. Para o petróleo, a Associação Moçambicana dos
Operadores Petrolíferos Internacionais (AMOPI), criada em 2012.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 27
A política de RSC tem como objectivo garantir uma exploração sustentável de recursos minerais e
aumentar os seus benefícios para a população moçambicana. A política consiste em acções de
“investimento social” que terão de ser formalmente acordadas por escrito e “acordos para o
desenvolvimento local” assinados entre a empresa mineradora e o governo Moçambicano,
testemunhados por um representante da(s) comunidade(s) onde o projecto está a ser desenvolvido.
As acções de investimento social devem estar alinhadas com os planos de desenvolvimento a nível
local, regional e nacional. Todas as “partes interessadas”, incluindo o governo local e as
comunidades na área do projecto, devem estar envolvidas na tomada de decisões para a concepção,
bem como para a avaliação e monitoria, das acções de investimento social. Além disso, também
deve ocorrer a monitoria independente.
A política prevê que os Concelhos Consultivos Distritais existentes irão actuar como “grupos de
coordenação local” para facilitar a comunicação entre comunidades, o governo e a(s) empresa(s)
mineradora(s) no que diz respeito à tomada de decisões sobre as acções de investimento social. Os
acordos para o desenvolvimento local e a sua implementação, contudo, terão de ser aprovados e
supervisionados por Grupos de Coordenação Provincial.
Porém, de acordo com a política para RSC, o investimento social deve priorizar o desenvolvimento
de capital humano, a colaboração com empresários locais e a promoção do emprego produtivo. Os
5
acordos para o desenvolvimento local devem incluir financiamento para a implementação ,
monitoramento e avaliação das acções de investimento social, assim como o desenvolvimento da
capacidade das comunidades locais para negociar o investimento social e provedores de serviços
locais para fornecerem serviços em conformidade com as normas internacionais. Os acordos devem
também abordar as fases de construção, operação e desmantelamento do projecto.
A política exige transparência e responsabilização através da RSC que inclui o seguinte: o acordo
para o desenvolvimento local deve ser publicado e a sua implementação referida em relatórios de
progresso, devendo ser também publicados os relatórios de monitoria e avaliação. A frequência e
formato dos relatórios de progresso e dos relatórios de monitoria e avaliação ainda não foram
definidos.
Dito isto, a política de RSC não especifica claramente os papéis, responsabilidades, prazos e
financiamento para a sua implementação na prática. Também não é clara em relação às
responsabilidades do Estado Moçambicano e das comunidades hospedeiras (ou afectadas), ou às
implicações da não-produção, não-implementação e/ou não-elaboração de relatórios sobre os
acordos de desenvolvimento local. Estes aspectos ainda estão por ser regulamentados pelo governo
nacional.
A PERM está também estreitamente ligada a outros quadros legais e/ou orientadores, tais como a
Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva e a Lei de Minas.
5
As contribuições em espécie feitas pelas empresas mineiras também são consideradas como acções de investimento social e
podem ser incluídas no acordos para desenvolvimento local.
6
A ITIE é uma iniciativa internacional para a melhoria da transparência na indústria extractiva, lançada em 2002 na Cimeira
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. A ITIE compara e reconcilia anualmente os pagamentos feitos pelas
companhias de mineração, petróleo e gás ao Estado cujos recursos naturais elas exploram, em relação aos valores
declarados como recebidos pelo Estado. A adesão de um Estado-membro à ITIE é voluntária.
28 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Nacional da ITIE, composto por doze instituições representando o governo, empresas e sociedade
civil em porções iguais (quatro cada) e é dirigido pelo Ministério de Recursos Minerais (MIREME). A
revisão da Lei de Minas (ver Secção 2.2) vai completar a integração formal do país à ITIE.
Como parte do compromisso de Moçambique para com a ITIE, o acesso público aos registos da
actividade mineira a nível nacional está agora disponível, modelos de contratos-padrão para
concessões de mineração e de prospecção / produção de hidrocarbonetos foram criados, aos quais
foi adicionada uma cláusula anticorrupção obrigatória. Os relatórios anuais de conformidade à ITIE
mostram o progresso em termos de cobertura, com mais empresas e mais pagamentos incluídos,
tais como os fundos para a Capacitação Institucional e para Projectos Sociais.
No entanto, Moçambique ainda enfrenta uma série de desafios para estar plenamente de acordo com
as directrizes da ITIE. Estes incluem, entre outros, a baixa contribuição fiscal das empresas de
mineração/petróleo e gás para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional e o uso e gestão dos fundos da
Capacitação Institucional e Projectos Sociais (CIP, 2012).
Além disso, a lei divide a categorização ambiental da actividade mineira em três níveis, baseando-se
no tipo de operação e maquinaria a ser usada. O nível 1 aplica-se ao reconhecimento da área,
prospecção e pesquisa, enquanto que o nível 2 aplica-se à operação e exploração com maquinaria
mecanizada e o nível 3 aplica-se a todas as actividades não incluídas nos níveis anteriores, com
maquinaria mecanizada.
A lei também regula a comercialização dos produtos de mineração e o regime fiscal aplicável à
indústria mineira em Moçambique. Esta também define os princípios de gestão ambiental para a
actividade mineira, em consonância com a legislação ambiental e melhores práticas moçambicanas
actualmente em vigor. Portanto, são aplicáveis à actividade mineira os seguintes instrumentos de
gestão ambiental sujeitos à legislação ambiental:
30 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Este instrumento legal prevê, 1) a aprovação, por parte do Estado Moçambicano, para a autorização
ou transferência de títulos mineiros (aos quais estão associadas taxas); 2) a comunicação obrigatória
sobre as descobertas de recursos minerais em áreas com títulos mineiros; 3) a participação do
Estado em projectos de mineração que são “estratégicos para o país”; e, 4) redução das cláusulas de
estabilização nos contratos já em vigor entre o Estados e as entidades mineiras. A lei também cria o
Instituto Nacional de Minas, liderada pelo Ministério dos Recursos Minerais, que é responsável por
regular a actividade mineira em Moçambique.
Além disso, a Lei de Minas revista coloca ênfase no fortalecimento da punição da mineração ilegal,
atraindo investimentos para aumentar a produção e o processamento de minerais, protegendo as
pequenas mineradoras nacionais, harmonizando as actividades mineiras e autorizando processos
com legislação ambiental existente, bem como adoptando uma série de melhores práticas de
mineração internacionais sobre transparência e responsabilização. A Tabela 2 abaixo resume a
legislação nacional relacionada com a actividade mineira:
O Decreto Ministerial 130/2006 estabelece o princípio da participação pública como uma componente
integral do processo de Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS), no qual as partes
interessadas e afectadas ou comunidades potencialmente afectadas devem contribuir para a
identificação e análise dos impactos esperados. Tem também a intenção de incentivar e promover a
aceitação do projecto desde uma fase inicial. O PPP requer a identificação das partes interessadas
do projecto, disseminação da informação relevante do projecto através de canais apropriados e
reuniões de consulta pública ou de divulgação para apresentação e discussão dos resultados do
estudo inicial de AIA.
O processo de AIA é, também, regulamentado pelo Decreto Ministerial 45/2004, que detalha o papel
do Comité Técnico de Avaliação na revisão dos relatórios de avaliação de impactos e na
coordenação geral do processo de AIA. Este também regula os procedimentos de AIA através da
32 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Com base no Decreto 130/2006, o Decreto 45/2004 regula, ainda, o Processo de Participação
Pública, definindo o número mínimo de reuniões que devem ser conduzidas (uma para o Relatório de
Pré-Viabilidade e Definição de Âmbito, e outra para o estudo de AIA). Este estipula que as reuniões
devem ser anunciadas nos meios de comunicação, os documentos de projecto devem ser
disponibilizados para consulta pública 15 dias antes das reuniões, e que o relatório de consulta
pública deve estar disponível para o público após a sua divulgação. Este requer que sejam,
adicionalmente, preparados um Plano de Gestão de Emergências e um Estudo sobre Saúde e
Segurança como parte da AIA, para abordar os riscos do projecto para a saúde, e qualidade de vida
no geral, para as populações anfitriãs que acolhem o projecto.
A Tabela 3 abaixo resume a legislação nacional relacionada com a avaliação de impacto ambiental e
social:
A PO 4.01 e o PD 1 fornecem várias ferramentas e processos que podem ser utilizados no processo
de AIA (estudos especializados, avaliação de riscos, sistemas de gestão ambiental e social, etc.). O
uso ou necessidade de ferramentas individuais baseia-se na análise ambiental do projecto proposto,
a qual resulta na categorização do projecto em uma de quatro categorias do BM.
A Categoria A inclui projectos que têm grande probabilidade de ter impactos ambientais adversos
significativos que afectam uma área mais ampla da que a que inclui os locais ou instalações sujeitas
a trabalhos físicos, tal como o projecto proposto.
A PO 4.01 e o PD 1 afirmam que durante a implantação do projecto, o mutuário deve reportar sobre,
(a) cumprimento com as medidas que foram acordadas, incluindo a implementação de qualquer PGA
conforme estabelecido nos documentos do projecto; (b) o estado das medidas de mitigação; e, (c) os
resultados dos programas de monitoramento. Os relatórios desenvolvidos para o projecto proposto,
incluindo este AIS, devem seguir estes padrões.
segundo a PO 4.12 do Banco Mundial (explicada mais à frente na Secção 2.6). O PAR apresenta o
perfil socioeconómico da população afectada, avalia os bens tangíveis e intangíveis afectados, define
os critérios de compensação e apresenta as medidas técnicas para restaurar ou melhorar os padrões
de vida das Pessoas Afectadas pelo projecto (PAPs). O Plano para a Implementação do plano de
Reassentamento apresenta uma matriz institucional, orçamento e cronograma necessários para a
implementação.
Neste momento um PAR está a ser preparado para o projecto proposto, pela COWI Mozambique,
reflectindo os requisitos do Decreto 31/2012. Para mais informação sobre o Decreto 31/2012, por
7
favor consulte o PAR produzido para o projecto proposto .
Uso da terra:
7
COWI para Capitol Resources (2014). Resettlement Action Plan for the Iron Ore Project in Tete Province (Plano de Acção
para Reassentamento do Projecto de Minério de Ferro na província de Tete). Ainda a ser produzido na altura da submissão do
relatório de AIS.
36 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
o Artigo 46 da Constituição;
o Lei de Ordenamento do Território (Decreto 19/2007 de 18 de Julho)
o Lei de Terras (Decreto 19/97 de 1 de Outubro)
o Regulamento da Lei de Terras (Decreto 66/98 de 8 de Dezembro)
o Regulamento do Solo Urbano (Decreto 60/2006 de 26 de Dezembro);
Compensação:
O PAR inicial (COWI, 2014) apresenta uma discussão detalhada sobre estes instrumentos legais. Um
breve resumo destes instrumentos legais é apresentado na Tabela 6 abaixo:
Decreto 42/90 de 29 O enterro de corpos nas áreas rurais pode ser Declara que o enterro de
de Dezembro feito em cemitérios ou outros locais autorizados corpos nas áreas rurais
(Regulamento da pelas autoridades. pode ser feito em
Actividade cemitérios ou em outros
Funerária) Não há referência a transladação de corpos nas locais autorizados pelas
áreas rurais à qual os projectos de autoridades relevantes.
desenvolvimento devem aderir. Assume-se que os Os líderes tradicionais
líderes tradicionais devem ser consultados para devem ser consultados
definir os locais apropriados para enterros e quais para se definirem os
as tradições a seguir. locais apropriados para a
realização de enterros e
as tradições a seguir.
Lei 10/88 de 19 de Protege os locais de património histórico e cultural Estabelece ‘áreas
Dezembro (Lei nacional através da definição de ‘áreas protegidas’ protegidas’ em volta dos
sobre a Protecção em volta dos mesmos. locais de património
do Património Define o processo para a identificação, registo, histórico e cultural, a
Nacional) preservação e avaliação dos bens materiais e serem evitados por áreas
espirituais do Património Cultural Moçambicano. de projecto.
Aplica-se aos bens de património cultural que
pertencem ao estado, a entidades públicas, a
pessoas individuais e legais.
A versão preliminar do PAR desenhado para o projecto proposto apresenta uma descrição detalhada
destas directrizes. A Tabela 8 abaixo, apresenta um resumo das mesmas.
Abaixo do nível do Posto Administratitvo estão os Chefes da Localidade que, com o apoio dos
Serviços Distritais, coordenam a prestação de serviços em todos os sectores (serviços de saúde,
educação, actividades económicas, justiça, segurança e infra-estruturas públicas) dentro das suas
localidades. O Chefe da Localidade faz a ligação entre o distrito e as comunidades ou
assentamentos.
O fluxo de informação dentro desta estrutura é hierárquico e vertical. O Chefe de Localidade recolhe
informação das comunidades, através dos líderes de comunidades e passa-a ao responsável do
Posto Administrativo que, por sua vez processa a informação de todas as localidades e envia-a para
o Administrador do Distrito. As seguintes lideranças locais e grupos sociais fornecem a base para a
organização social e política, e resolução de conflitos, a nível local:
8
Lei 8/2003 de 19 de Maio, que estabelece os princípios e normas para a organização, competência e funcionamento do
governo local estatal.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 41
As redes de apoio familiar são usadas como fonte de mão de obra e apoio material em tempos de
dificuldades (apoio em espécie, envio de familiares migrantes que trabalham na Cidade de Tete,
etc.). Apesar de haver igrejas presentes na área do projecto, as DGF revelaram que grupos
baseados em igrejas têm pouca influência na vida quotidiana das comunidades quando comparados
à família alargada, líderes tradicionais e líderes locais. Contudo, eles parecem ter uma influência
sobre os agregados familiares mais vulneráveis.
As DGF revelaram que, para questões que afectam a vida da comunidade – tal como a
implementação de um projecto de mineração e o reassentamento físico a este associado – as
comunidades dependem bastante dos seus líderes tradicionais e locais, dos quais esperam um
direccionamento e aconselhamento na tomada de decisões. Os membros da comunidade vêem-se
como actores no processo de tomada de decisão, mas deixam a tarefa da decisão final para os
líderes locais e tradicionais, os quais, eles acreditam, irão defender os seus interesses e tomar a
melhor decisão possível.
As DGF também revelaram conflitos sociais tal como conflitos maritais devido ao consumo excessivo
de álcool e comportamentos desrespeitosos entre membros da comunidade, que são resolvidos
pelos líderes locais e tradicionais.
3 METODOLOGIA
Para a preparação da AIS, foi usada uma combinação de métodos de colecta de dados qualitativos e
quantitativos para o levantamento de base e uma metodologia específica de avaliação de impactos
foi também aplicada para a classificação da significância dos impactos. Um levantamento de base
socioeconómico foi realizado em todas as populações/comunidades potencialmente afectadas pelo
projecto, cujos resultados alimentaram os processos de AIA, AIS e PAR. Este levantamento também
proporcionou a base para programas de monitoria contínua de desempenho que serão necessários
quando o projecto estiver operacional.
Esta secção fornece uma descrição detalhada da metodologia aplicada na identificação da área
estudo e da metodologia de colecta de dados usada para o processo de AIS. O Anexo A: apresenta
a metodologia aplicada para avaliação da significância dos impactos identificados.
Primeiro, foi estabelecida uma zona tampão de 10 km em volta da Área de Prospecção Tenge-Ruoni
1035-L, local onde ocorrerá a primeira fase da mineração, para identificar as comunidades a serem
incluídas no estudo.
Finalmente, foi estabelecida uma zona tampão de 1,020 m em volta da mina em si, para definir a
área directamente afectada pelo projecto em termos de reassentamento. Esta zona tampão é
referida no relatório como a área de explosão, ou seja, a área onde as operações de detonação da
actividade mineira podem afectar os assentamentos humanos e tornar o local inseguro para se viver
como consequência das rajadas de ar, pedras voadoras e vibração do solo, ou onde pode ser
10
inseguro desenvolver uma actividade (diferente de mineração) . Por causa disto, acredita-se que os
agregados e bens localizados dentro da área de explosão devem ser fisicamente retirados e
realocados fora da área de explosão (ver Secções 4.3.10 e 5.2.1 sobre o impacto do deslocamento
físico).
9
Entrevistados como parte da Avaliação de Impacto Social, em Julho de 2014.
10
Discussão com o Baobab Resources Technical Systems Department, com base no estudo Ground Vibration and Air Blast
Study (Estudo sobre Vibração do Solo e Rajadas de Ar) preparado pelo CES (2014).
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 43
Como resultado destas zonas tampão, foram estabelecidas áreas directa e indirectamente afectadas
pelo projecto:
Estas zonas tampão são consistentes com as zonas tampão aplicadas na Avaliação de Impacto na
Saúde e no Estudo de Património Cultural conduzidos durante a AIAS deste projecto, de modo a
garantir que o trabalho de campo da AIS fosse realizado nas mesmas comunidades alvo dos dois
outros estudos.
Após a delimitação das zonas tampão, foram identificadas oito comunidades dentro destas zonas
para o presente estudo com base em análises a fotografias aéreas e informação fornecida pelo
cliente. Sete destas comunidades localizam-se na Área de Prospecção Tenge-Ruoni 1035-L e uma
localiza-se ao longo da estrada de transporte. Assim, destas comunidades, sete são directamente
afectadas pelo projecto, ou seja, localizam-se dentro do Corredor de Impacto estabelecido para o
estudo, nomeadamente: Matacale, Muchena, Mbuzi, Nhambia, Chianga, Tenge e Mboza. A
comunidade restante, Massamba, é indirectamente afectada pelo projecto, ou seja, localiza-se
fora do Corredor de Impacto mas dentro da zona tampão de 10 km.
Visto que só há uma comunidade indirectamente afectada pelo projecto, Massamba, os dados
recolhidos nesta comunidade foram usados para informar o perfil socioeconómico da área do
projecto, mas não foram usados para fins de avaliação de impacto, pois a comunidade e os bens
socioeconómicos que utiliza estão localizados fora da zona tampão de 5 km.
A Tabela 9 abaixo apresenta as comunidades afectadas pelo projecto segundo a sua localização e
conforme estas estejam directa ou indirectamente afectadas pelo projecto:
A localização das comunidades afectadas pelo projecto e as zonas tampão incluídas no estudo são
apresentadas abaixo.
44 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Perfil dos distritos de Chiúta e Moatize (Perfil do Distrito por MAE, 2005);
Estatísticas Territoriais para Chiúta e Moatize, datados de Março de 2013 (INE, 2013);
Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Distrito de Chiúta 2012-2012;
Relatório de Actividades de 2013 do Distrito de Moatize;
Relatório de Património Cultural para o Projecto de Minério de Ferro (COWI para CES,
2014); e,
Melhores práticas internacionais de reassentamento e legislação moçambicana aplicáveis.
Passou-se dois dias em cada uma das comunidades seleccionadas e, durante este tempo, foram
seleccionados e mobilizados os participantes do grupo focal com a ajuda dos líderes locais. Em cada
comunidade, uma DGF foi conduzida com membros da comunidade e líderes locais previamente
mobilizados pelo Secretário de Bairro, durante as quais todos os exercícios participativos foram
aplicados. A Figura 3: Grupo focal em Chianga e a Figura 4 abaixo ilustram exemplos dos
exercícios participativos aplicados.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 47
Figura 3: Grupo focal em Chianga Figura 4: Mapa de recursos e serviços da comunidade de Massamba
Exercício Objectivo
Histograma Identificar as origens da sua comunidade e os eventos
importantes que marcaram a história da comunidade
Mapeamento de locais Identificar e mapear os principais locais culturais,
sagrados/religiosos e culturais religiosos ou sagrados usados pela comunidade
Compreender a relevância de cada local identificado e os
usos actuais a estes associados
Matriz de Liderança/Autoridade Definir os níveis de autoridade dentro da comunidade, a
sua hierarquia, os seus papéis e inter-relações
Mapeamento de Mobilidade Compreender a dinâmica de mobilidade da comunidade,
incluindo as causas e episódios de mobilidade, o perfil dos
migrantes, questões de género e idade relacionados com
a mobilidade, e a integração dos migrantes
Mapeamento de serviços Identificar e mapear os serviços sociais disponíveis para e
aos quais a comunidade tem acesso
Compreender o uso e a importância desses serviços
Análise da árvore de problemas Identificar as principais questões ligadas ao projecto que
do ponto de vista da comunidade, podem ser
problemáticas ou motivos de preocupação
Compreender a relação entre os problemas e o projecto
(causa-efeito)
Identificar medidas, papéis e responsabilidades para
ultrapassar os problemas identificados, incluindo a pessoa
focal da comunidade a ser envolvida
48 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Foram tiradas fotografias e notas em cada sessão de DGF. As DGF foram conduzidas por dois
antropólogos, um que agia como moderador e outro como anotador. As DGF foram moderadas em
Português, com tradução em simultâneo para a língua local falada pela comunidade através de um
tradutor local. Antes do trabalho de campo, os antropólogos foram treinados em Maputo de 24 a 26
de Junho de 2014 em relação à estratégia de trabalho de campo e como usar os exercícios
participativos.
Subsequentemente às DGF, foram feitas visitas aos locais sagrados identificados, foram tiradas
fotografias de cada local e foram registadas as coordenadas GPS. Com base nas coordenadas
retiradas no campo, foram produzidos mapas dos locais de patrimónios culturais significativos para o
estudo sobre o Património Cultural. Um mapa dos locais de património cultural potencialmente
11
afectados é apresentado na Figura 44 .
A nível dos agregados, o questionário foi feito ao Chefe do Agregado ou ao seu cônjuge (feminino ou
masculino). A entrevista foi conduzida directamente em Chewa ou Nhúnguè por entrevistadores que
eram fluentes nestas línguas. Foram também tiradas fotografias e apontadas as coordenadas
geográficas de cada agregado que foi entrevistado.
11
Para um mapeamento visual dos restantes locais de património cultural, por favor veja o Estudo sobre Património Cultural
que faz parte do actual relatório de AIAS: COWI para CES (2014). Relatório de Património Cultural (Cultural Heritage Report.).
12
Esta foi definida com base em experiências anteriores em mineração na área, onde o impacto de uma explosão mineira, por
exemplo, pode ser sentido a 5km de distância.
13
A ser elaborado aquando da entrega do relatório de AIS.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 49
Em relação à análise qualitativa dos dados, as notas feitas em todas DGF foram inseridas numa
matriz de análise produzida num formato Microsoft Office Excel. A matriz de análise foi estruturada
para os principais tópicos do exercício de participação, o que permitiu uma análise individual de cada
comunidade inquirida e, também, uma análise comparativa entre todas as comunidades inquiridas. A
matriz de análise qualitativa está disponível no Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa.
Os quintis de riqueza foram gerados com base na posse de bens seleccionados de cada agregado a
partir do conjunto de dados do levantamento socioeconómico, a fim de identificar os grupos ou
agregados vulneráveis, e para alimentar as discussões em torno das questões de vulnerabilidade.
Através de um procedimento estatístico conhecido como Análise de Componentes Principais (PCA),
os agregados inquiridos foram colocados numa escala contínua de riqueza relativa e foram
classificados em cinco grupos socioeconómicos, definidos como quintis de riqueza, mais
especificamente: Mais Baixo (Q1), Segundo (Q2), Intermédio (Q3), Quarto (Q4) e Mais Alto (Q5),
provisoriamente designados como “renda baixa”, “renda média baixa”, “renda média”, “renda média
alta” e “renda alta”. Anexo B: explica em maior detalhe a metodologia usada para gerar os quintis de
riqueza.
1. Escala Temporal: Esta escala define a duração de qualquer impacto. Esta pode evoluir de curto
prazo (menos de 5 anos ou período de construção) a permanente. Geralmente, quanto mais tempo
dura o impacto, mais significativo o mesmo será;
2. Escala Espacial: Esta escala define a extensão espacial de qualquer impacto. Esta pode estender-
se de uma área local a um impacto que ulttraassa fronteiras internacionais. Quanto mais vasta a
extensão do impacto, mais significativo o mesmo deverá ser considerado;
3. Escala de Benefícios/Gravidade: Esta escala define o quão severos seriam os impactos negativos
ou o quão benéficos seriam os impactos positivos. Esta escala positiva/negativa é fundamental na
determinação da significância total do impacto. A Escala de Benefícios/Gravidade avalia a
significância potencial dos impactos antes e depois da mitigação de forma a poder determinar a
eficácia total de quaisquer medidas de mitigação.
relação a outros impactos. A escala varia de improvável a definitivo, com a significância do impacto
total a aumentar à medida que a probabilidade aumenta.
As quatro escalas são classificadas e às mesmas são atribuídos valores para determinar a
significância total do impacto de acordo com Anexo A: .
O estudo teve uma limitação relacionada com o alinhamento da estrada de tranporte. Tal como já foi
explicado na Secção 3.2.4, após o término da avaliação socioeconómica que informa a AIS, os
proponentes do projecto consideraram um alinhamento alternativo para a estrada de tranporte. Este
alinhamento alternativo passa por áreas não cobertas pelo processo de recolha de dados da AIS.
Contudo, é improvável que isto tenha implicações para o relatório actual da AIS dada a proximidade
do alinhamento alternativo ao alinhamento actual da estrada de tranporte no Col, e dada a relativa
homogeneidade da população na área do projecto.
Não obstante, terá implicações para o PAR no sentido de que será necessário um novo censo da
população e bens localizados no alinhamento alternativo em consideração.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 51
4 CONTEXTO DO PROJECTO
Esta secção apresenta um resumo do contexto socioeconómico no qual o projecto proposto será
desenvolvido. Primeiro, apresenta-se uma discussão sobre a indústria extractiva a nível nacional,
seguida de uma análise do contexto provincial (Tete), uma análise do contexto distrital (Chiúta e
Moatize) e uma apresentação das conclusões do levantamento feito na área do projecto.
As conclusões do levantamento providenciam uma linha de base sobre a população na área afectada
pelo projecto, baseada em dados reunidos durante o levantamento socioeconómico descrito na
Secção 3, no qual foram entrevistados 324 agregados que vivem no CdI. O perfil da população na
área afectada pelo projecto é comparado ao perfil distrital e/ou provincial onde for necessário e
aplicável.
Segundo o INE (2009b, 2012), o agregado familiar médio moçambicano é composto por 5 membros.
Em termos de ocupação, 75% da população está informalmente a trabalhar por conta própria na
agricultura e no comércio informal, com apenas 20% estando formalmente empregada. Oficialmente,
apenas 5% da população está desempregada. Em termos de educação, em 2007, 50% da população
era alfabetizada, embora outros 26% nunca tenham ido à escola. A compra de alimentos equivale a
metade das despesas dos agregados (51%), seguida de habitação e combustível (23%) e uma série
de despesas menores.
As diferenças baseadas no género são bastante evidentes nas estatísticas nacionais. No geral, há
menos agregados familiares chefiados por mulheres do que por homens, e a probabilidade de uma
mulher trabalhar por conta própria é mais elevada, enquanto é mais provável para os homens serem
formalmente empregados. Adicionalmente, as mulheres são mais propensas ao analfabetismo e à
inactividade económica, e os níveis de renda de agregados chefiados por mulheres são mais baixos
do que os chefiados por homens. Também se podem observar disparidades regionais entre o Norte,
Cento e Sul do país, bem como entre as áreas urbanas e rurais (INE, 2009).
Desde o início dos anos 90 e do fim da guerra pós-independência (1992), Moçambique tem feito
progresso nos seus esforços de desenvolvimento. Com um PIB per capita de US$650 em 2012 (FMI,
52 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
2010), Moçambique testemunhou um crescimento médio anual do PIB de 6% entre os anos 2000 e
2010 e uma taxa de crescimento actual de 7,3%, tornando-se numa das economias com crescimento
mais rápido do mundo para este período (previsão da Unidade de Informação Económica para
14
Moçambique, 2014 ). Este crescimento contínuo permitiu que Moçambique atraísse investimentos
estrangeiros e locais.
Como resultado, entre 1996 e 2008, a percentagem de pessoas que vivia abaixo da linha de pobreza
de menos de 1 USD por dia, diminuiu de 70% para 55% (MPD, 2010). No entanto, os benefícios do
crescimento económico não estão igualmente distribuídos pela população. A desigualdade
socioeconómica, bem como as disparidades regionais e urbanas/rurais, permanecem elevadas.
Segundo o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2010), metade da população nas
16
áreas urbanas vive abaixo da linha de pobreza nacional de 1 USD por dia . A agricultura continua a
ser mais praticada a nível dos agregados e, entre 2002 e 2008, a produtividade agrícola de culturas
alimentares permaneceu estagnada em pequenas e médias propriedades agrícolas.
Apesar disso, o país tem um rico potencial geológico, que atrai tanto investimentos estrangeiros
como locais. O número de investidores estrangeiros, e a escala de investimentos, tem estado a
aumentar constantemente durante a última década. Os investimentos aumentaram em cerca de 14
vezes em 8 anos, de USD$184 milhões em 2005 para USD$2.7 mil milhões em 2013 (Mineral
Resources Policy and Strategy, 2013 – Política e Estratégia para os Recursos Minerais, 2013).
Nos últimos anos, a tributação das mais valias da indústria extractiva tem sido parcialmente
responsável pela redução do défice orçamental nacional para os actuais 9%, e pela redução da
dependência do orçamento do estado de ajudas externas de 50% no início de 2000 (Castel-Branco,
2011) para 35% em 2010 (MPD, 2010b). Apesar disso, a contribuição da indústria extractiva para o
PIB ainda é muito modesta, sendo 2% (ITIE, 2014).
A partir de 2015, espera-se que o carvão ultrapasse o alumínio como o recurso mineral mais
exportado em Moçambique, assim que o proposto Corredor da Linha Férrea de Nacala se torne
14
A Unidade de Informação do jornal O Economista, ou, simplesmente, a Unidade de Inteligência Económica, é uma entidade
privada dedicada a pesquisas e análises económicas. Criada no Reino Unido em 1946, esta ajuda os negócios, firmas
financeiras e governos a entender como o mundo está a mudar e como isto cria oportunidades que devem ser agarradas e
riscos que devem ser geridos. Para mais informação, por favor visite www.eiu.com
A Mozal é a maior produtora de aluminio em Moçambique, uma empresa internacional baseada na província de Maputo. A
Sasol é uma empresa petrolífera sul-africana produtora de químicos, gás, combustíveis e óleos com investimento no sul de
Moçambique. A Vale é uma empresa mineradora brasileira que está a desenvolver actividades de mineração de carvão de
carvão no Norte de Moçambique. As empresas petrolíferas ENI e Anadarko são indústrias mega-extractivas que podem vir a
ganhar destaque no crescimento económico nacional a curto-médio prazo.
16
Ministério da Planificação e Desenvolvimento. 2010. Pobreza e bem-estar em Moçambique: Terceira Avaliação Nacional
2008-2009. A linha de pobreza de 1 USD por dia é um índice de pobreza conhecido.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 53
operacional. Também se espera que a economia nacional cresça em 7,8% entre 2016-2018, devido
aos investimentos em grande escala em infraestruturas e em exploração de recursos naturais,
particularmente no gás (previsão da Unidade de Inteligência Económica para Moçambique, 2014).
No entanto, segundo a mesma fonte, embora o défice orçamental possa reduzir para 7,1% durante
esse período, a dívida pública poderá chegar a 50% do PIB.
Apesar do forte potencial da indústria extractiva para impulsionar a economia moçambicana e reduzir
a sua dependência da ajuda externa, o crescimento da sua contribuição para a economia
moçambicana não tem sido linear e depende de factores estruturais como, por exemplo, a
estabilidade política nacional, infraestruturas (transporte e energia) e preços dos mercados
internacionais para minérios e produtos minerais beneficiados.
À luz disto, em Setembro de 2014, a empresa de mineração Rio Tinto vendeu as suas acções em
Moçambique devido às deficientes infraestruturas, entre outros factores. As limitações de
infraestruturas, aliadas aos preços baixos do carvão, também foram mencionadas pela empresa de
mineração Vale como sendo os principais desafios para a competitividade do carvão moçambicano
no mercado internacional.
Adicionalmente, nos últimos dois anos, ocorreram ataques armados no centro de Moçambique,
perpetrados por antigos combatentes militares associados ao movimento RENAMO (Resistência
Nacional de Moçambique). Os ataques armados tinham como alvo as principais rotas de transporte
ao longo da estrada nacional EN1, mas, também, chegaram à linha férrea de Sena, através do ramal
de Moatize. Movimentos de homens armados foram reportados na porção de Chiúta da área do
projecto. Em Setembro de 2014, o governo e a RENAMO chegaram a um acordo para cessar as
hostilidades e os transportes voltaram à normalidade na EN1 e na linha férrea de Sena.
Em Outubro de 2014, foram realizadas as eleições presidenciais nas quais a RENAMO participou.
Isto foi visto como um sinal de compromisso com a estabilidade. Este partido não ganhou as eleições
mas teve um aumento do número de votos (comparativamente às eleições anteriores em 2009),
incluindo na província de Tete. A RENAMO apresentou um recurso alegando fraude no processo de
votação, mas foi recusado. O novo governo (incluindo ministros e governadores provinciais) entrou
em vigor em Janeiro de 2015. A RENAMO, agora, exige a formação de um governo conjunto ou
autonomia das regiões Centro e Norte do país. Esta questão está, ainda, por ser abordada pelo novo
governo, e o compromisso da RENAMO com a estabilidade poderá ser posta à prova quando esta
receber uma resposta formal.
de Tete. Não obstante, Tete é a 3ª província mais populosa do país, logo após Nampula e Zambézia
(INE, 2012).
Como referido anteriormente, Tete é uma província particularmente rica em recursos minerais. Esta
tem depósitos de carvão, cobre, ferro, urânio, mármore e titânio, entre outros recursos em
quantidades variadas. Apenas alguns destes recursos já estão a ser comercialmente explorados,
como é o exemplo do carvão. As indústrias extractivas contabilizam metade do PIB total planeado
para a província em 2014. Durante a última década, o governo provincial priorizou a pesquisa de
recursos minerais, a promoção do investimento privado no sector, organização e modernização de
mineiros de pequena e média escala, e a promoção do processamento local dos bens extraídos. Em
2014, a província planeou actualizar os mapas geológicos de recursos de quatro distritos,
17
inspeccionar as áreas mineiras licenciadas e promover a prospecção de ouro .
18
De acordo com o Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Província de Tete 2007-2011
(desactualizado), a principal actividade económica na província é a agricultura, o que está em
conformidade com a tendência nacional. A produção agrícola é fortemente dependente de factores
climáticos variáveis, como as cheias e secas periódicas. A província tem uma base considerável de
recursos naturais (vastas áreas de conservação e concessões de caça, recursos minerais e hídricos)
que não estão, actualmente, a ser explorados. Apesar deste potencial, o desenvolvimento da
província é prejudicado pela falta de mão-de-obra qualificada, de investimento privado e de
infraestruturas básicas (estradas, abastecimento de água, educação e saúde, energia) e pela
modernização lenta do governo local.
Durante o período de 2002-2008, foi reportado que a província sofreu uma “redução substancial” da
pobreza (MDP, 2010). No entanto, durante este período, Tete (particularmente nas zonas rurais) foi
17
Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Província de Tete 2007-2011 e Plano Económico e Social para a Província de
Tete proposto para 2014.
18
O Governo da Província de Tete desenvolveu um Plano Económico e Social para 2014. No entanto, este plano ainda estava
a ser finalizado na altura em que o presente documento estava a ser escrito, e não estava disponível ao público. A equipa da
AIS teve acesso parcial ao Plano Económico e Social de 2014.
19
Esta é a fonte de dados official mais actualizada sobre a renda por agregado em Moçambique.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 55
uma das áreas sofreu maiores índices de inflação nacional em produtos alimentares e resultante
20
pobreza de consumo . Assim, uma renda média mais elevada não se traduziu, necessariamente, em
melhores condições de vida, devido ao aumento do custo de vida médio. Apesar disto, em 2008/09,
quase metade da população de Tete possuía bens duráveis, tais como um rádio (47%), uma bicicleta
21
(41.6%) e mais de um décimo tinha um telefone celular (11%) (INE, 2010) ; o que constitui um perfil
ligeiramente mais modesto do que o da população que foi inquirida para a AIS.
20
O MPD (2010) emprega o conceito “pobreza de consumo” como pobreza em termos de consumo, calculado através do
consumo per capita dentro de um agregado.
21
Há um debate em curso sobre os resultados da 3ª Avaliação da Pobreza. Os indicadores da avaliação mudaram,
comparativamente com as avaliações da pobreza anteriores, e isso parece ter ‘beneficiado’ os resultados para a Província de
Tete.
56 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
4.3.2 Demografia
O distrito de Chiúta tem uma população total de 89.595 habitantes e uma densidade populacional de
12,6 habitantes por km², que é quase metade da densidade populacional provincial. A população é
essencialmente rural (MAE, 2005) e jovem, 50% da população tem menos de 14 anos de idade e
44% encontram-se entre os 15 e os 64 anos de idade (INE, 2013). Isto indica a presença de
uma mão-de-obra jovem no distrito. Adicionalmente, as mulheres contabilizam mais de metade da
população (52%) (INE, 2013).
O distrito de Moatize é muito mais populado que Chiúta, com um total de 292.341 habitantes e uma
densidade populacional de 34,7 habitantes por km². Isto é consideravelmente superior à densidade
populacional provincial e ligeiramente superior à densidade populacional nacional. A população de
Moatize tem características rurais (MAE, 2005b), embora menos do que o perfil rural de Chiúta,
devido à sua proximidade à capital provincial e do estatuto da Vila de Moatize como municipalidade.
A população de Moatize é também relativamente jovem; 46% da população está abaixo dos 14 anos
de idade e 46% está compreendida entre os 15 e 64 anos de idade. Assim, apresenta também
uma mão-de-obra jovem. Finalmente, ligeiramente mais de metade da população é composta por
mulheres, (51%), o que está em linha com a média nacional (INE, 2013b.
22
Considerando a composição média do agregado familiar moçambicano como cinco membros (INE, 2009b).
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 57
actualmente, a ser preparado para o projecto (consultar Secção 4.3.10), que identificou 324
23
agregados familiares (cerca de 1.600 pessoas ) na área do projecto.
Apesar de haver mais comunidades na porção de Chiúta (6) do que na porção de Moatize (2), o
número mais elevado de famílias em Moatize pode ser explicado pelo facto da comunidade mais
populada na área do projecto (Tenge-Makodwe) estar localizada em Moatize. Adicionalmente, a
proximidade à Vila de Moatize e o factor da indústria do carvão, com as suas infraestruturas
melhoradas e oportunidades de emprego aumentadas, podem indicar uma maior população em
Moatize.
De acordo com o Ministério da Administração Estatal (MAE) (2005 e 2005b), a família estendida é a
forma mais comum de organização social em ambos distritos. É particularmente evidente em áreas
rurais, onde agregados familiares vizinho geralmente partilham laços de parentesco.
100%
90%
80% 47
16
70% 24
60% 10
50% 2
40%
30% 66
15
20% 16
10% 3
0% 0
0 cônjuge 1 cônjuge 2 cônjuges 3 cônjuges 6 cônjuges
Chiúta Moatize
Como se pode ver na Figura 6 abaixo, para a maioria dos Chefes de Agregado com dois ou mais
cônjuges, correspondendo a 93% da população inquirida em ambos distritos, cada cônjuge vive na
sua própria casa, constituindo, assim, um agregado familiar individual.
23
Ibidem.
58 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
100%
90%
80%
70%
60%
93 93
50%
40%
30%
20%
10%
7 7
0%
Chiúta Moatize
Cônjuges vivem na mesma casa Cada cônjuge vive na sua própria casa
Estes resultados do levantamento parecem estar em conformidade com os dados recolhidos através
das DGF, o que indica que a família estendida é predominante na área do projecto, sob a forma de
pequenas unidades de agregados próximas umas das outras, como pode ser visto no Anexo D:
Matriz de Análise Qualitativa - casas e bairros.
O nível de educação dos Chefes de Agregados é baixo: quase 50% dos Chefes de Agregados
inquiridos são analfabetos (46% em Chiúta e 53% em Moatize) e 40% têm o ensino primário (45%
em Chiúta e 36% em Moatize), enquanto apenas 4% têm o ensino secundário.
24
Uma pessoa com 65 anos de idade ou mais.
25
Uma pessoa com idade até aos 18 anos.
26
O termo igreja ‘sincrética’ refere-se a movimentos religiosos ou doutrinas em que elementos de uma religião são assimilados
por outra. A Zione é uma igreja sincrética que combina crenças espirituais de práticas religiosas tradicionais com o
Catolicismo.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 59
Em Moatize, a língua mais utilizada é o ciNyungwè, falada por, pelo menos, dois terços da
população. O Chewa também é falado no Posto Administrativo de Zobue; e o ciSena, ciNdau e
ciTawara no Posto Administrativo de Kambulatsitsi, devido à proximidade do distrito ao Malawi e da
área de influência da linha férrea do Sena. O português é falado por apenas um terço da população
do distrito. A religião dominante é a religião sincrética de Zione (MAE, 2005b).
Este é um perfil linguístico diferente daquele mais amplo do distrito de Chiúta, como foi dito acima
ciNyungwè é a língua materna predominante. O mesmo se aplica para o alargado do distrito de
Moatize, onde ciNyungwè é falado por pelo menos 66% da população do distrito. Essa
predominância da linguagem Chewa pode ser explicada pela proximidade da área do projeto ao
vizinho Malawi. Nenhum agregado fala o Português como língua materna, o que não é
surpreendente considerando os baixos níveis de literacia dos agregados. Isso está de acordo com a
tendência de conhecimento da Língua Portuguesa de ambos os distritos.
Nyanja 64 56
Nhúngwe 36 43
Chiuta Moatize
De acordo com os dados da pesquisa, as famílias na área do projeto pertencem a dois grandes
grupos étnicos do Vale do Zambeze, nomeadamente Chewa-Nyanja e ciNyungwè. O Chewa-Nyanja
é um grupo étnico matrilinear do Rio Zambeze, que também está presente no Malawi. O ciNyungwè é
um grupo étnico de Baixo Vale do Zambeze, que combina características matrilineares e
2727
Isto refere-se à língua materna do Chefe do agregado.
60 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
28
patrilineares . Apesar disso, o DGF revelou que, embora as comunidades pesquisadas estejam
cientes da sua origem étnica, a nível da comunidade, não são feitas distinções étnicas no dia-a-dia
ou eventos cerimoniais; a diferenciação social parece ser socioeconómica e religiosa.
Em termos de religião, dos agregados inquiridos na porção de Chiúta da área do projeto, 43% são
católicos e 15% são protestantes, mas 37% declararam não ter qualquer crença religiosa. Isso
inverte-se na porção de Moatize da área do projeto, onde 75% dos agregados inquiridos não têm
religião, enquanto 22% são católicos e os restantes 3% seguem outras religiões ou credos. Contudo,
o DGF revelou que as práticas da religião tradicional animista, com base no culto espiritual dos
antepassados para o sucesso na vida cotidiana – assim como para projetos de extração de recursos
29
naturais - ainda são uma peça central da vida da comunidade e da existência, e são muitas vezes
combinadas com outras religiões (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa, sob os temas de coesão
social e locais históricos e sagrados).
Para mais informações sobre as práticas religiosas, por favor consulte o Estudo do Património
Cultural. A Figura 8 abaixo mostra uma igreja na comunidade de Massamba (porção de Chiúta da
área do projeto).
28
Os sistemas de parentesco podem ser matrilineares ou patrilineares. Genericamente, a diferença entre os dois sistemas
está em como a descendência é reconhecida (ou seja, adquire estatuto social) e em como as heranças, incluindo os direitos
de uso da terra, são transmitidas: descendência matrilinear acontece através das mulheres e a herança é passada através de
uma mãe para a sua descendência; enquanto num sistema patrilinear é através dos homens e a herança é passada através
de um pai para seus parentes. Apesar disso, em ambos os sistemas, o poder oficial reside principalmente com os homens:
num sistema patrilinear, o pai; e num sistema matrilinear, o irmão da mãe (Barnard & Spencer, 2001).
29
Por exemplo, as empresas madeireiras que operam em algumas das comunidades inquiridas eram obrigadas a realizar
cerimónias rituais para obter a aprovação espiritual do seu projeto. Do ponto de vista das comunidades, isto é importante para
a sua adesão ao projeto económico em questão.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 61
4.3.4 Mobilidade
No que diz respeito à mobilidade social e migração, os dois distritos têm taxas de migração bastante
equilibradas quando avaliados em conjunto. O distrito de Chiúta tem um saldo migratório baixo
30
positivo (em contraste com o saldo migratório provincial, que é negativo (INE, 2013). O distrito de
Moatize tem um saldo migratório baixo negativo em linha com a tendência provincial (INE, 2013b).
Os níveis de migração parecem ser baixos entre a população inquirida. Como mostrado na
97 96
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 1 1 1 1 1 2
0%
Vive em casa Ausente, trabalha Ausente, estuda Temporariamente
noutro local do país noutro local do país ausente por outra
razão
Chiúta Moatize
Figura 9 abaixo, durante o inquérito, 96% dos membros dos agregados inquiridos eram moradores
dos agregados.
97 96
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 1 1 1 1 1 2
0%
Vive em casa Ausente, trabalha Ausente, estuda Temporariamente
noutro local do país noutro local do país ausente por outra
razão
Chiúta Moatize
Dos que estavam fora (4%), a maioria tinha viajado para estudos ou trabalho. Isto é corroborado pelo
DGF, que, em geral, mostra que a população das comunidades inquiridas não tende a emigrar, e
quando o faz, é normalmente um deslocamento temporário para trabalho ou casamento. Isto pode
ser visto no Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/ the mobility mapping theme.
30
De acordo com o INE (2013a e 2013b), o saldo migratório é positivo quando mais pessoas imigram (entram) do que aqueles
que emigram (saem). O oposto, saldo migratório negativo, significa que mais pessoas emigram (saem) do que aqueles que
imigram (entram).
62 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Os resultados do DGF sobre a migração estão em acordo com os resultados do inquérito (Anexo D:
Matriz de Análise Qualitativa, sob o tema de história da comunidade). Atualmente existe alguma
migração para a Cidade de Tete com o objetivo da procura de emprego. No entanto, estas
comunidades são historicamente de origem migratória, com as suas origens mitológicas comuns
baseadas em serem imigrantes de distritos vizinhos que se estabeleceram na região, bem como
descendentes de escravos trazidos pelos colonizadores portugueses. No passado mais recente,
essas comunidades sofreram deslocamentos temporários e realocações para os distritos e países
vizinhos, como resultado de conflitos armados (a luta de libertação dos anos 1970 e do conflito
armado pós-independência que continuou até o início de 1990), e ocasionais obrigações de
abandono da região devido a enchentes e surtos de doenças.
4.3.5 Economia
De acordo com o MAE (2005 e 2005b) e o SDAE de Chiúta e Moatize, a agricultura é a principal
atividade económica (ocupando 95% e 81% da população economicamente ativa, respetivamente) e
prevalecendo o uso do solo nos distritos, o que está de acordo com a tendência provincial. A
agricultura é predominantemente de rega pluvial com plantações intercalares entre os períodos das
estações de crescimento das culturas dominantes. É praticado em forma de subsistência a nível
familiar. Todos os membros do agregado familiar participam nas atividades agrícolas e a produção
destina-se principalmente para o consumo doméstico. As culturas mais comuns incluem milho, sorgo,
milho-miúdo (os três sendo alimentos dominantes), hortícolas, amendoim e feijão.
Em geral, o solo nos distritos de Chiúta e Moatize tem baixa fertilidade e baixa humidade/absorção
de humidade e capacidade de retenção (MAE, 2005 e 2005b), o que leva a altos riscos de perdas de
rendimento de plantações em determinado ano ou estação. Como resultado, as áreas húmidas (ou
pantanais) em torno de rios e ribeiros são procurados para a produção de culturas, e isso foi
enfatizado nas sessões DGF com as comunidades (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa, sob os
temas de uso da terra e de serviços e recursos de mapeamento). No entanto, é agricultura de
31
recessão pois é afetada por inundações ocasionalmente; assim, a agricultura é afetada por
condições climáticas variáveis. Há pouco uso de variedades de sementes melhoradas ou
modificadas, pesticidas ou fertilizantes.
O DGF confirmou que a agricultura é a principal atividade económica nas comunidades da área do
projeto, e é principalmente usada para consumo doméstico. É de rega pluvial e praticada em torno de
rios e ribeiros, por todos os membros do agregado familiar. É complementado pela produção e venda
de carvão vegetal (que também é usado para o consumo das famílias), pela pesca e por algum
31
De acordo com a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas, este termo técnico refere-se à
agricultura praticada ao longo dos rios, onde o cultivo ocorre em áreas expostas quando a água do rio recua (incluindo com as
cheias). Definição disponível em: http://www.fao.org/waicent/faoinfo/agricult/aquastat/defeng.htm
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 63
comércio informal. Assim, o acesso contínuo aos recursos naturais (terra, água, florestas, peixes e
lenha), assim como a utilização destes para complementar a segurança alimentar das famílias e
sustentar a sua estratégia global de subsistência familiar, é de importância crucial para estas
comunidades.
Nos dois distritos, a pecuária não é uma atividade produtiva significativa, apesar da existência de
áreas de pastagem extensivas. Isto é em grande parte atribuído à baixa cobertura dos serviços de
extensão da parte do Estado. As cabras são na sua maioria criadas para consumo doméstico ou
familiar, enquanto bovinos, caprinos, suínos e ovinos são produzidos para venda (MAE, 2005 e
2005b e entrevistas com SDAE de Chiúta e Moatize).
A pesca artesanal em pequena escala ocorre nos rios e ribeiros de ambos os distritos, praticadas
pela população local (principalmente os homens). As capturas são usadas principalmente para o
consumo das famílias, embora uma pequena parcela também seja vendida nos mercados locais
(MAE, 2005 e 2005b).
Em Moatize, o comércio também é mais informal, mas o comércio formal, é cada vez maior na vila
principal do distrito, fortemente impulsionado pela indústria de mineração de carvão existente. No
entanto, como para Chiúta, a rede de comércio não cobre toda a Moatize e, em algumas áreas, a
população viaja longas distâncias para comprar produtos básicos. Divisões de género são
igualmente evidentes no comércio de Moatize: as mulheres vendem produtos alimentares e os
homens vendem materiais de construção. O comércio ocupa 10% da população economicamente
ativa do distrito (MAE, 2005b). Em 2013, Moatize tinha 92 comerciantes, dos quais 3 eram
atacadistas, e ofereciam um vasto leque de serviços de hospedagem/restaurantes (47 unidades) e
três bancos (INE, 2013b).
De acordo com o MAE (2005 e 2005b) e apoiado pelos resultados do DGF, o comércio da área do
projeto é predominantemente informal e tem lugar nas bancas à beira da estrada e mercados locais.
Para além disso, há uma estimativa de 101 moinhos de farinha (tal como para Chiúta, fornecendo
uma importante mas limitada cobertura das necessidades de moagem das comunidades), 22 lojas de
serralharia, 21 lojas de carpintaria e cerca de 30 pequenas indústrias dedicadas à alimentação,
vestuário, bens metálicos e mobiliário (INE, 2013b e MAE, 2005b). O comércio é baseado em
dinheiro e as mercadorias incluem bens colhidos e/ou produzidos localmente (alimentos, lenha,
carvão e materiais de construção), e ainda bens manufaturados externamente (roupas, utensílios
domésticos e eletrodomésticos).
Além do proposto projeto de mineração de ferro pela Capitol Resources, atualmente em fase de
prospeção nas comunidades de Tenge, Matacale e Massamba, não há nenhuma atividade industrial
a decorrer na área do projeto.
Dos membros dos agregados inquiridos, 83% não são empregados, isto inclui as pessoas que estão
à procura de emprego, que prosseguem estudos, que estão com idade inferior a 5 anos ou que estão
ocupadas com tarefas domésticas. Dos 17% que estão empregados, as formas mais comuns de
ocupação são semelhantes nas duas partes da área do projeto, mas com pesos diferentes. Em
Chiúta, o autoemprego assume um papel muito importante: 70% dos membros do agregado familiar
trabalhadores são trabalhadores por conta própria, 19% são trabalhadores informais ou têm
trabalhos sazonais, e 11% têm um emprego formal. Em Moatize, o autoemprego é menos importante:
41% dos membros do agregado familiar trabalhadores são trabalhadores por conta própria, mas 33%
são trabalhadores informais ou têm trabalhos sazonais e 25% têm um emprego formal. A Tabela 13
resume os resultados da pesquisa sobre o emprego nos agregados da área do projeto.
100%
90% 2
3
80% 1
70% 47 6 26
60% 9
50% 2 3 5
40% 13
9
30% 1
20% 44 5 20
10% 3
0%
Chiúta Moatize
As ocupações mais comuns são a agricultura, por quase metade dos membros do agregado de
trabalho (44% na parcela Chiúta da área do projeto e 48% na parcela Moatize), seguido por trabalho
32
remunerado não qualificado (20% em Chiúta e 26% em Moatize). A terceira ocupação mais comum
é a produção de artesanato artístico em Chiúta (para 13% dos membros da família que trabalham) e
33
em Moatize é o emprego qualificado formal (9%). Embora a ocupação dos agregados inquiridos na
agricultura seja inferior à média do distrito, ainda replica a tendência de ocupação do distrito: a
agricultura de subsistência é a ocupação mais comum, complementado por atividades económicas
com autoemprego e de competências técnicas básicas.
Além destas formas de ocupação, os agregados familiares na área do inquérito obtêm rendimentos
de outras fontes. O mais proeminente na porção Chiúta da área do projeto é a venda de culturas de
rendimento (mencionado por 51% dos agregados inquiridos) e as pensões de reforma (20% dos
agregados inquiridos). Na parte de Moatize, as principais fontes de renda são a produção de
artesanato artístico (21% dos agregados), venda de produtos hortícolas (15% dos agregados) e
32
Tal como guarda, ir buscar água, limpar terrenos agrícolas e outras tarefas pesadas que não exigem habilidades
específicas.
33
Tal como professora, enfermeira, contabilista, etc. Isso inclui funcionários públicos e trabalhadores do setor privado.
66 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
O rendimento médio mensal dos agregados inquiridos na porção Chiúta da área do projeto é um
pouco maior do que a renda média mensal das famílias de Moatize. Em média, a família Chiúta
ganha MZM 5,645 por mês (cerca de USD $ 181) contra MZM 4,767 (cerca de USD $ 153) ganhos
34
pelo agregado familiar de Moatize , como mostrado na Figura 12 abaixo.
5800 5 645
5600
5400
5200
Metical
5000
4 767
4800
4600
4400
4200
Chiúta Moatize
No entanto, os agregados inquiridos na porção Chiúta da área do projeto também têm despesas
mais elevados do que os agregados na porção Moatize. Em média, a família Chiúta gasta MZM
1,880 / mês (cerca de USD $ 60), que representa um terço do seu rendimento (33%). A família
Moatize gasta MZM 1,780 (cerca de R $ 57), ligeiramente acima de um terço (37%) da sua renda. As
despesas mais comuns, como relatado pelos agregados inquiridos, são itens alimentares, tais como
itens manufaturados, como óleo e açúcar, bem como itens frescos como peixe, carne e cereais
34
O valor em USD foi calculado com base na taxa de câmbio oficial do Banco de Moçambique em 10/10/2014 (USD 1 = MZM
31.12). Este rendimento médio está bem acima do rendimento provincial (quase o triplo), afirmado pelo INE 2004, mas, a fim
de fazer uma comparação consistente seria necessário o uso de uma fonte mais atualizada para o rendimento provincial, que
não existe.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 67
(75%), seguidos por produtos de higiene (61%), vestuário (44%) e saúde (23%). Isto está
representado na Figura 13 abaixo.
Insumos agrícolas 7
8
Renda da casa 1
1
Saúde 22
25
Educação 16
16
Roupa 46
43
Transporte 9
7
Telemóvel 12
15
Eletricidade 4
2
Água 1
Produtos de higiene 60
62
Produtos alimentares 74
77
Carne/ peixe 53
62
0 20 40 60 80 100
%
Moatize Chiuta
Essas despesas provavelmente refletem o perfil rural das agregados inquiridos e a contribuição da
agricultura / áreas agrícolas para a sua subsistência, já que produzem uma parte do que comem, em
vez de ter que comprar tudo.
A grande maioria dos agregados inquiridos não usa serviços bancários, 94% não tem uma conta
bancária, o que pode ser explicado, em parte, pelo fato de não haver instalações bancárias no distrito
de Chiúta e das existentes em Moatize estarem limitadas à principal vila do distrito.
O caráter rural dos agregados inquiridos é ainda mostrado nos bens que possuem: 99% possui uma
enxada e 91% possui um machado. Também possuem outros ativos duradouros, mas em menor
proporção: 60% possuem um rádio, 50% possui uma bicicleta, 20% possuem um telefone celular
(27% na parcela Chiúta da área do projeto e 13% na parte de Moatize), e 15% possui uma cama. A
Figura 14 abaixo representa os bens duradouros de propriedade dos agregados inquiridos. A Figura
14 representa os bens duradouros, propriedade dos agregados inquiridos.
68 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
99 98
100 92 90
90
80
70 62
57
60 54
%
50 45
40
27
30
20 13 13 13 15
6
10 3 3 2 31 3 3 1
0
Chiúta Moatize
Quase metade da terra de cultivo (49%) é de rega pluvial, um terço (31%) é irrigado com um poço
aberto tradicional e cerca de 6% é irrigado com água do rio. Os restantes 15% são irrigados com
fontes alternativas de água, provavelmente pequenos sistemas de irrigação.
De acordo com os agregados inquiridos, em relação às suas parcelas agrícolas, as três culturas mais
comuns são o milho (72%), feijão (15%) e hortícolas (8%). Enquanto as hortícolas são geralmente
utilizadas apenas para o consumo das famílias, o feijão e o milho são vendidos cerca de 80% e 66%,
respetivamente, nas famílias agrícolas da porção Chiúta, contra 40% e 51%, respetivamente, na
parte de Moatize. Para além disso, o feijão e o milho são por vezes consumidos pela família agrícola,
especificamente em 52% e 32%, respetivamente, nas famílias agrícolas da porção Moatize, contra
19% e 21%, respetivamente, na porção Chiúta. Para a maior parte, todas as culturas cultivadas são
utilizadas para o consumo das famílias, embora em quantidades diferentes de rendimento; no
entanto, as famílias Chiúta são mais orientadas para a venda das culturas do que as famílias de
Moatize.
Figura 15: Cultivo do milho, Muchena Figura 16: Rio Revúbuè, com parcelas agrícolas cultivadas
Dos agregados inquiridos, 64% das pessoas na porção Chiúta da área do projeto e 36% das pessoas
na parte de Moatize têm pelo menos uma árvore de subsistência no seu quintal. Estas famílias têm,
em média, quatro árvores, todos de fruto, normalmente mangueiras e bananeiras. Além disso, 80%
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 69
das árvores da família estão localizadas dentro do quintal doméstico. As árvores não são jovens:
43% são árvores adultas no pico produtivo e 38% são árvores antigas. Em 91% dos agregados
inquiridos, as culturas destas árvores de fruto são usadas principalmente para uso doméstico, como
mostra a Figura 17 abaixo.
92 90
100
90
80
70
60 Consumo
%
50 Venda
40
30
8 10
20
10
0
Chiúta Moatize
Metade dos agregados inquiridos na porção Moatize da área do projeto (56%) também cria animais
domésticos, tal como 44% dos agregados da porção Chiúta. A grande maioria deles (97%) cria
animais de pequeno porte (galináceos, caprinos e suínos). O galináceo é o animal doméstico
geralmente criado em ambos os distritos, com uma média de 7 galinhas por família. Isto é seguido
por uma média de 3 porcos e 5 cabras por agregado familiar, como mostrado na Figura 18 abaixo.
Em geral, os agregados Chiúta inquiridos tendem a criar mais animais domésticos do que suas
contrapartes em Moatize.
8
7
7
6
6 6
5
Unidade
4 3
3
3
2
1
0
Galinha Porco Cabra
Chiúta Moatize
Figura 18: Constatações do inquérito sobre o número médio de animais domésticos possuídos, em unidades
70 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Os animais domésticos mais frequentemente criados (galináceos, caprinos e suínos) são usados
principalmente para o consumo familiar e venda (70%), enquanto os restantes agregados que criam
animais fazem-no apenas com um único propósito de vender ou consumir (30%); como demonstrado
na Figura 19 abaixo.
%
50 50 50
40 30 40 40
30 26 30 30
21
20 20 20
8 9 10 7 9 10
10 10 2 4 4 10
0 0 0
A uso da terra para habitação urbana é caracterizada por um ordenamento do território espalhado ou
pouco planeado, o que reflecte um urbanismo fraco. Os DUATs para habitação são mais comuns nas
áreas urbanas, como sendo as aldeias que são sede de Distritos e de Postos Administrativos, onde é
mais provável haver áreas de expansão urbana/residencial designadas, em conformidade com
quaisquer planos ou instrumentos de ordenamento do território actualizados. O distrito de Moatize,
por exemplo, já elaborou um Projecto Urbanístico para a capital de Distrito, Vila de Moatize, e visa
elaborar um Projecto Urbanístico para a Vila de Benga, uma sede de Posto Administrativo importante
na área de extracção de carvão no Distrito de Moatize. Contudo, o Governo Distrital não dispõe de
fundos para a implementação dos projectos urbanísticos existentes, e é por esta razão que procura
celebrar acordos estratégicos com as organizações ou instituições investidoras, de forma a conseguir
o apoio para estas iniciativas.
Segundo os SDPI dos distritos de Chiúta e Moatize, existem DUATs agrícolas para os grandes
empreendimentos de agricultura comercial em grande escala e/ou os projectos de pecuária no
distrito; entretanto, a agricultura de pequena escala é praticada em terras herdadas pelas famílias
(sistema tradicional de posse de terra) e a pecuária em pequena escala é praticada em terras
comunitárias que são utilizadas por todos os membros da comunidade. Foi identificado, através dos
resultados da DGF, que a população da área de estudo usa áreas distintas para agricultura e para a
pastagem do gado, de forma a evitar que as culturas sejam comidas pelos animais. Os recursos
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 71
naturais, como lenha e madeira para construção, são normalmente extraídos da terra desbastada
para agricultura, ou das florestas perto das povoações.
De acordo com os SDPI de Chiúta e Moatize, existem DUAT formais na área do projecto para outras
actividades económicas de grande escala, como sendo a mineração, silvicultura (plantação comercial
de árvores) e exploração florestal (corte comercial de árvores). Foi atribuído um DUAT, para uma
área de 37 hectares, a uma pessoa individual para a realização de actividades agro-pecuárias na
zona de Massamba (Chiúta) (DUAT a ser emitido aquando da elaboração do presente relatório); foi
autorizada uma outra área, de tamanho semelhante, para actividades pecuárias, também a um
criador individual. Mais ainda, existem concessões florestais nas redondezas de Massamba e
Matacale (também Chiúta).
Todas as famílias inquiridas têm pelo menos uma machamba. Mais de metade destas encontram-se
próximas de ou nos quintais das famílias (67% na parte do projecto em Chiúta e 52% na parte do
projecto em Moatize). Mais ainda, cerca de metade das machambas estão localizadas a até 60
minutos de distância do domicílio das famílias (38% na parte de Moatize e 21% na parte de Chiúta).
Apenas 10% estão localizadas a uma distância superior a 60 minutos do domicílio das famílias. Isto
coaduna-se com a constatação da DGF de que as comunidades na área do projecto praticam
actividades agrícolas ao longo das margens de rios e riachos existentes, próximos da localização das
aldeias, para tirar o máximo de proveito da terra húmida. Isto encontra-se descrito no Anexo D: Matriz
de Análise Qualitativa sob os temas de uso da terra e o mapeamento de serviços e recursos. As
figuras acima mostram duas machambas na área do projecto. Figura 15: Cultivo do milho, Muchena
Figura 16: Rio Revúbuè, com parcelas agrícolas cultivadas.
O tamanho das machambas varia. Mais de 33% das machambas têm até 0,5 hectares, cerca de 42%
na parte do projecto em Chiúta e 3% na parte em Moatize. Subsequentemente, 20% das machambas
têm entre 0,5 e 1 hectares, mais especificamente 17% em Chiúta e 26% em Moatize. Por último,
quase 20% das machambas têm entre 1 a 2 hectares, o que perfaz 18% da terra agrícola de todos
os agregados familiares inquiridos. É importante ressaltar que 22% das machambas dos agregados
familiares inquiridos tem 3 hectares ou mais, e que este tamanho é bastante grande se
considerarmos a cobertura muito limitada de sistemas de irrigação e o baixo nível de mecanização da
agricultura nos dois distritos (MAE, 2005 e 2005b). Os diferentes tamanhos das machambas
encontram-se representados na Figura 20 abaixo.
100%
90%
80%
70%
60%
50% 42
35
40%
26
30%
17 17 19
20% 15
12
10% 6 4 3 5
0%
meio ha 1 ha 2 ha 3 ha 4 ha ≥5 ha
Chiúta Moatize
A grande maioria da terra agrícola declarada (95%) pertence ao chefe do agregado familiar inquirido,
como apresentado na Figura 21 abaixo.
97
100% 93
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
7
10% 2 0 0 1 0
0%
Chefe do Outro membro Outro parente Outro (não
Agregado do agregado (fora do parente)
agregado)
Chiúta Moatize
As galinhas e os porcos são criados nos quintais dos agregados familiares (onde existem galinheiros
e currais), sendo que os caprinos e bovinos de dois terços das famílias inquiridas pastam nas áreas
comunitárias perto dos agregrados, mas separado das machambas.
As DGF revelaram que, para além da agricultura, as comunidades na área do projecto também
utilizam a terra para pastagem de gado (separado das machambas) e para a extracção de recursos
naturais, que constituem importantes recursos de subsistência. Isto encontra-se descrito no Anexo D:
Matriz de Análise Qualitativa no âmbito dos temas sobre a uso da terra e o mapeamento de serviços
e recursos.
De acordo com a informação obtida dos agentes do distrito consultados, ainda não se registou
nenhum conflito de terra de importância na área do projecto; contudo, a DGF revelou um conflito
homem-animal importante nas povoações de Nhambia, Chianga e Mbuzi (todas na área do projecto
em Chiúta), sendo que ataques por parte de elefantes e hipopótamos são comuns. A MAE (2005 e
2005b) reportou a existência de conflitos de terra em Chiúta, no Posto Administrativo de Manje, onde
a aldeia sede está localizada fora da área do projecto. Também foram reportados conflitos de terra
em toda a Moatize, principalmente entre os refugiados de guerra e as pessoas deslocadas
internamente (MAE, 2005b). Este tipo de conflito tem o potencial de aumentar como resultado dos
empreendimentos de mineração existentes e propostos. Embora não confirmado através das DGF,
mas sim através da imprensa nacional, várias pessoas reassentadas têm vindo a expressar a sua
insatisfação com os processos de deslocação e reassentamento levados a cabo na área até à data
por outras entidades mineiras.
As DGF destacaram uma disputa entre duas comunidades, localizadas na área do projecto, sobre a
localização dos recursos mineiros e os benefícios do projecto resultantes de um projecto de
mineração da Capitol Resources (ver Secção Error! Reference source not found. para mais
etalhes). Apesar disto, não foram reportados outros conflitos na comunidade, e segundo os SDAE de
Chiúta e Moatize, existe muita terra desocupada disponível na área do projecto. Ver Anexo D: Matriz
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 73
de Análise Qualitativa/ tema de uso da terra para mais detalhes sobre os dados de utilização de terra
obtidos das FDGs.
Foram preparados, com base nos dados obtidos dos resultados dos estudos socioeconómicas, os
quintis de riqueza para a população estudada (os quintis de riqueza encontram-se descritos no
Anexo B: para o projecto e para cada um dos distritos inquiridos, juntamente com uma explicação da
metodologia utilizada para gerar os quintis de riqueza).
De acordo com os quintis de riqueza, 43% das famílias inquiridas no distrito de Chiúta são “muito
pobres” (renda baixa) ou “pobres” (renda média baixa), em comparação com 41% de famílias
“endinheiradas” (renda média alta) ou “muito endinheiradas” (renda alta), e apenas 16% de famílias
“moderadamente pobres” (renda média). Entre as famílias inquiridas no distrito de Moatize, 38% são
“muito pobres” ou “pobres”, 33% são “endinheiradas” ou “muito endinheiradas” e 29% são
“moderadamente pobres”. Isto mostra que os agregados inquiridos no distrito de Chiúta têm uma
maior proporção de famílias “pobres” ou “muito pobres”, e também têm maior disparidades
económicas, ou seja, quase metade da população é pobre/muito pobre e quase a outra metade é
endinheirada/muito endinheirada. Em comparação, as famílias inquiridas no distrito de Moatize têm
menor proporção de famílias “pobres” ou “muito pobres” e disparidades económicas mais reduzidas.
Isto está ilustrado na Figura 22 abaixo:
Moatize 18 20 29 17 16
Baixa
Média baixa
Média
Chiúta 22 21 16 17 24 Média alta
Alta
Os quintis de riqueza também indicam as principais características das famílias inquiridas nos quintis
mais pobres (quintis “renda baixa” ou “renda média baixa”): estas famílias são chefiadas por
mulheres (71% das famílias), na casa dos 50 anos de idade, viúvas ou separadas/divorciadas (ou
seja, constituíram uma família e são presentemente a única pessoa responsável pela família – mais
de 75% dos agregados familiares) e desempregadas ou a trabalhar por conta própria na agricultura
de subsistência (45% a 68% dos agregados familiares, respectivamente).
35
Estes são: rádio, televisão, telefone, computador, carro, mota e bicicleta.
74 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Existem pequenas variações neste perfil em cada um dos distritos. Chiúta tem ligeiramente mais
famílias chefiadas por mulheres que se encontram nos quintis “renda baixa” e “renda média baixa”
(78% comparado com 69% das famílias em Moatize). Mais ainda, as famílias de “renda média baixa”
e “renda baixa” em Chiúta têm chefes de família ligeiramente mais jovens (uma média de 44 anos de
idade comparado com 48 anos de idade em Moatize). Em ambos os distritos, todas as famílias
chefiadas por uma pessoa separada/divorciada e 80% das famílias chefiadas por uma viúva com
“renda média baixa” ou “renda baixa”.
Das famílias inquiridas, as que são chefiadas por mulheres aparentam estar entre as mais
desfavorecidas. Quase 34% das famílias chefiadas por um homem encontram-se entre as famílias
inquiridas mais pobres, o que é menos que metade das famílias chefiadas por mulheres na mesma
situação. Por outro lado, a proporção de famílias mais favorecidas (endinheiradas/ muito
endinheiradas) chefiadas por um homem é mais do que o dobro que as famílias chefiadas por uma
mulher (41% e 16%, respectivamente). Isto está ilustrado na Figura 23 abaixo.
Mulher 51 20 12 8 8 Baixa
Média baixa
Média
Homem 14 20 25 19 22 Média alta
Alta
A idade do chefe do agregado também parece ter alguma influência no nível de riqueza da família:
chefes de família nos quintis mais pobres (novamente, “pobre” ou “muito pobre”) são normalmente
mais velhos, em média com idades entre os 42 e 50 anos de idade, respectivamente, o que contrasta
com as famílias mais favorecidas (novamente, “muito endinheiradas” e “endinheiradas”) em que o
chefe do agregado é mais jovem, numa faixa etária entre os 35 e 39 anos de idade. Por último, a
idade média dos chefes de família das famílias com rendimento médio é semelhante à das famílias
“endinheiradas”, com 40 anos de idade. Isto está ilustrado na Figura 24 abaixo.
60
50
Idade do Chefe do Agregado (anos)
50
42
40 40
40
35
30
20
10
0
Baixa Média baixa Média Média alta Alta
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 75
Figura 24: Quintis de riqueza com base na idade do Chefe do Agregado – área do projecto
O estado civil do chefe da família também parece influenciar o nível de riqueza da família: chefes de
família nos quintis mais pobres tendem ter constituído famílias para as quais são os únicos
responsáveis (78% enviuvaram e 76% são separados ou divorciados). No entanto, a proporção de
36
famílias pobres/muito pobres é menor quando o chefe da família é casado (ou seja,
responsabilidade partilhada pela família) ou solteiro/a (ou seja, ainda não constituiu família).
Aproximadamente 50% dos/das chefes de família são casados/casadas. Mais ainda, a proporção de
famílias endinheiradas/ muito endinheiradas é maior entre as famílias chefiadas por um casal (50%
das famílias) ou constituídas por uma pessoa solteira (38%). É menos frequente haver famílias de
renda média alta/ alta que são chefiadas por uma pessoa separada/divorciada (13%) ou viúva (7%).
Isto está representado na Figura 25 abaixo.
Viúvo 64 14 14 7
Separado/divorciado 38 38 13 13
Solteiro 27 24 21 12 16
0% 50% 100%
Figura 25: Quintis de riqueza de acordo com o estado civil do Chefe do agregado – área do projecto
A ocupação do chefe do agregado também parece ter alguma influência no nível de riqueza da
família. Entre as famílias chefiadas por uma pessoa desempregada (p.ex., doméstica), 68%
encontram-se nos quintis de renda média baixa/ baixa e apenas 16% nos quintis de renda média
alta/alta. Nas famílias chefiadas por uma pessoa a trabalhar por conta própria (agricultura de
subsistência), 45% são muito pobres/ pobres e 32% são endinheiradas/muito endinheiradas. As
famílias chefiadas por uma pessoa com emprego formal, apenas 15% são muito pobres/pobres e
56% são endinheiradas/ muito endinheiradas. Isto está ilustrado na Figura 26 abaixo.
36
Isto inclui casamento civil, tradicional, religioso e uniões de facto.
76 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Trabalho sazonal 14 43 14 29
Média alta
Alta
Emprego informal 4 36 24 8 28
Emprego formal 9 6 29 15 41
0% 50% 100%
Figura 26: Quintis de riqueza de acordo com o estado de emprego do Chefe do agregado – área do projecto
37
Conforme mencionado na Secção 4.3.2, 7% dos chefes de família inquiridos são pessoas de idade
(5% para Chiúta e 9% para Moatize), na maior parte das vezes um homem; em ambos os distritos é
aproximadamente 67% homens contra 33% mulheres.
Além disso, 3% dos membros das famílias inquiridas têm algum tipo de deficiência (com a deficiência
física ou visual sendo o mais comum), pelo qual é provável que contribuam menos (ou não
contribuem de todo) para o rendimento da família.
As DGF constataram que, de acordo com a percepção local, o grupo socialmente vulnerável mais
comum são os idosos (mencionado por todas as comunidades). Constataram que as famílias
chefiadas por idosos são particularmente vulneráveis porque têm menos membros com capacidade
produtiva e, como consequência, têm mais dificuldades do que as outras famílias em ganhar
rendimentos. Assim, presume-se que também será mais difícil para estas famílias se adaptarem às
novas estratégias de geração de rendimento, particularmente aquelas que não se baseiam na terra,
e que poderá ser, potencialmente, o caso do projecto proposto. Como consequência, as
comunidades inquiridas entendem que as famílias chefiadas por idosos são mais pobres e
dependem mais das redes de apoio social existentes (vizinhos, igreja e familiares). Isto simula o perfil
das famílias mais pobres, estabelecido pelos quintis de riqueza e pode ser observado no Anexo D:
Matriz de Análise Qualitativa/ sob o tema dos grupos vulneráveis.
Os outros grupos vulneráveis são, por frequência de ocorrência: pessoas portadoras de deficiências,
crianças órfãs, viúvas e jovens desempregados.
Os dados qualitativos e quantitativos obtidos do trabalho de campo estão em linha com a base
38
conceitual da Estratégia Nacional para Segurança Social Básica (2010-2014) , que estabelece uma
ligação entre a produtividade, dependência e vulnerabilidade a nível dos agregados familiares em
Moçambique. Esta estratégia nota que em Moçambique, é mais provável que as famílias com
“maiores níveis de dependência” ou com maior número de membros do agregado familiar que não
37
Uma pessoa com 65 anos de idade ou mais.
38
Governo de Moçambique. Estratégia Nacional para Segurança Social Básica 2010-2014.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 77
conseguem trabalhar se enquadrem nos quintis mais pobres da população. Também nota que as
famílias compostas maioritariamente ou exclusivamente por idosos, portadores de deficiência ou
pessoas com doença crónica, pessoas idosas e crianças, ou chefiadas por crianças, encontram-se
em situação de extrema dependência.
Habitação
As construções feitas com materiais duráveis (tijolo, cimento e telhados de chapa de zinco) estão
concentradas nos capitais de Distrito/ Posto Administrativo. Contudo, comparado com Chiúta, o
distrito de Moatize tem maior percentagem de casas construídas com materiais duráveis, como
sendo blocos (22%, mais do que a média provincial) e cobertura de chapa de zinco (11%, menos do
que a média provincial) (INE, 2013 e INE, 2013b).
De acordo com as constatações do inquérito, uma casa normal na área do projecto é composta por
uma casa principal com infra-estruturas adicionais no quintal. A casa principal é composta por dois a
três divisões: uma sala de estar e um ou dois quartos de dormir, sendo, de acordo com os DGF, um
para adultos e o outro para crianças. No quintal da casa normalmente existem um ou dois celeiros e
por vezes galinheiros (presente em 41% das famílias inquiridas), corrais (35%), cozinhas (25%),
pocilgas (21%), uma latrina (15%) e uma área para tomar banho (10%). Isto está de acordo com a
descrição de uma casa típica feita pelos DGF, indicada no Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/
sob o tema de habitação e bairros. As DGF também revelaram que as crianças com mais do que 9
anos de idade poderão dormir em quartos separados, construídos no quintal da casa, e que não é
feita nenhuma separação de idade/género para as latrinas e áreas de banho.
Ainda de acordo com as constatações do inquérito sobre habitação, as paredes de uma casa normal
na área do projecto não são pintadas (98% das casas inquiridas), poucas delas têm janelas e o
quintal não é vedado. A casa principal é, normalmente, rectangular (65% das casas inquiridas),
podendo também ser quadrada (34%) e, menos comum, redonda (1%).
Na grande maioria dos casos, a casa foi construída pelo próprio agregado familiar inquirido (90%).
Isto explica a razão por 96% dos agregados familiares inquiridos serem proprietários das casas em
que vivem, comparado com apenas 4% das famílias que pagam renda.
Em 95-97% dos casos, os materiais utilizados na construção da casa principal são extraídos
localmente, livre de custo, contra 3-5%, onde os materiais são comprados. O chão normalmente é de
terra, e as paredes são de pau a pique, com o telhado feito de pau e caniço. As estruturas
remanescentes são normalmente construídas com varas e/ou caniço.
78 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
As casas inquiridas não são novas – os agregados familiares vivem nas casas, em média, há 10
anos. Nenhuma das casas inquiridas tinha água canalizada ou energia eléctrica. A principal fonte de
iluminação nas casas inquiridas era por meio de lanternas (81%).
Conforme ilustrado no Anexo B: / sob o tema habitação e bairro, os limites de cada um dos quintais
são demarcados fisicamente, com vedações de sebes arbusticas ou árvores. As famílias vizinhas
normalmente têm laços de parentesco (família alargada) e desenvolvem relacionamentos estreitos. A
Figura 27 abaixo ilustra uma casa de pau a pique na área do projecto.
Educação
Existem apenas escolas públicas no distrito de Chiúta, que consiste em 74 escolas primárias, das
39
quais 13 são escolas primárias do segundo grau que leccionam as classes finais da escola
40
primária, a 6ª e 7ª classe, e seis escolas secundárias ou escolas secundárias do primeiro grau
41
onde leccionam da 7ª à 10ª classe. Não existe nenhuma escola secundária do segundo grau que
oferece os dois anos finais da educação secundária, nomeadamente a 11ª e 12ª classe. O rácio
professor/aluno no distrito, em 2012, era de 1/55 nas escolas primárias e de 1/36 nas escolas
secundárias (INE, 2013).
Em 2013, havia 21,839 alunos matriculados nas escolas primárias em Chiúta. A taxa de matrícula
tem estado a aumentar, com um crescimento de 19% entre 2009 e 2013, onde 48% dos alunos nas
escolas primárias eram raparigas, o que está em linha com a tendência provincial. Contudo, as taxas
de aproveitamento escolar têm vindo a cair nos últimos 5 anos, em especial na 7ª classe, no final da
escola primária. A taxa de aproveitamento escolar caiu de 65% em 2009 para 59% em 2013 (INE,
2013). Isto é mais baixo que a tendência provincial, o que nos leva à questão da qualidade da
educação. Em 2013, havia apenas 1.806 alunos matriculados nas escolas secundárias, dos quais
38% eram raparigas (um número com tendência a aumentar nos últimos 5 anos), com uma taxa
global de aproveitamento de 50%, que também tem estado a cair nos últimos 5 anos. Finalmente, o
rácio de género e de taxa de aproveitamento escolar está ligeiramente abaixo da tendência
provincial.
39
Escola primária do segundo grau.
40
Escola secundária do primeiro grau
41
Escola secundária do segundo grau
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 79
A taxa de analfabetismo no distrito de Chiúta em 2005 era de 84%, maioritariamente mulheres; 93%
das mulheres eram analfabetas contra 74% de homens analfabetos. As taxas de analfabetismo
também eram elevadas em todas as idades escolares: 96% entre a população com 5-9 anos de
idade e 77% entre a população com 10-14 anos de idade. Apenas 19% da população com 5 anos de
idade ou mais está, ou foi, matriculada na escola, e apenas 6% da população com mais de 5 anos de
idade já concluiu algum nível escolar, do qual 90% a educação primária. Isto demonstra um nível
educacional geralmente baixo, que é ainda mais baixo entre as mulheres: em 2005 apenas 10% das
mulheres com mais de 5 anos de idade tinham frequentado a escola e apenas 3% tinha concluído a
escola primária. A taxa de escolarização de raparigas aumenta na faixa etária dos 10-14 anos de
idade (17%), o que demonstra que as raparigas também iniciam a escolarização tarde (MAE, 2005).
Em 2013, o distrito de Moatize também só tinha escolas públicas, com 157 escolas primárias, sendo
42
40 escolas primárias do segundo grau , a leccionar os últimos anos da escola primária, a 6ª e 7ª
43
classe, e 12 escolas secundárias, das quais três eram escolas secundárias do segundo grau a
leccionar os últimos anos de escolaridade, a 11ª e 12ª classe. Em 2012, o rácio professor/aluno no
distrito era de 1/55 para as escolas primárias e 1/24 para as escolas secundárias (INE, 2013b).
Em 2013, havia 57.425 alunos matriculados na escola primária. A taxa de matricula nas escolas
primárias tem vindo a aumentar, com um aumento de 19% entre 2009 e 2013, onde, em 2013, as
raparigas constituíam 48% dos alunos das escolas primárias, que está em linha com a tendência
provincial. As taxas de aproveitamento escolar têm vindo a melhorar nos últimos 5 anos, em
particular para a 7ª classe no final da escola primária, tendo aumentado de 56% em 2009 para 61%
em 2013 (INE, 2013b). Isto continua a estar um pouco abaixo da tendência provincial. Em 2013,
havia 8.455 alunos matriculados nas escolas secundárias, dos quais 46% eram raparigas (um
número crescente nos últimos 5 anos), com uma taxa de aproveitamento global de 54%, que se tem
mantido estável nos últimos 5 anos. O rácio de género e da taxa de aproveitamento escolar está
ligeiramente abaixo da tendência provincial.
44
Em 2005 , 68% da população de Moatize era analfabeta, maioritariamente mulheres (79% mulheres
contra 59% homens). A taxa de analfabetismo também era elevada entres as crianças de idade
escolar: 92% da população na faixa etária dos 5-9 anos de idade e 61% da população com 10-14
anos de idade. Praticamente 40% da população com 5 anos de idade ou mais está, ou foi
matriculada na escola, e apenas 16% da população com mais do que 5 anos de idade já concluiu
algum nível de escolaridade, sendo que 90% a escola primária. O mesmo se aplica à taxa de
escolaridade das mulheres: em 2005, apenas 13% das mulheres com mais de 5 anos de idade tinha
frequentado a escola e apenas 9% tinha concluído a escola primária (comparado com 22% e 21%
para homens com mais de 5 anos de idade). As taxas de escolarização da rapariga aumentam na
faixa etária dos 10-14 anos de idade (40%), o que significa que existem menos raparigas a serem
45
matriculadas nas escolas (MAE, 2005b) .
MAE 2005 e 2005b notam que, apesar da expansão da rede escolar, a cobertura dos serviços
educacionais continua a ser insuficiente, particularmente para a escola secundária.
42
Escola primária do segundo grau
43
Escola secundária do segundo grau
44
Embora não actualizados, estas são as fontes de dados oficiais mais recentes sobre alfabetização nos distritos de Moatize e
Chiúta.
45
Contudo, MAE 2005 e 2005b indicam que em ambos os distritos, os rapazes também tendem iniciar a escolarização mais
tarde (faixa etária dos 10-14 anos de idade). A diferença principal é que existem mais rapazes matriculados do que raparigas,
em todas as idades escolares.
80 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Existem cinco escolas primárias na área do projecto, mais especificamente nas comunidades de
Tenge, Mbuzi, Nhambia, Massamba e Matacale. A escola primária de Massamba oferece todas as
sete classes da escolarização primária (escola primária completa), mas as outras escolas oferecem
apenas as primeiras três classes (escola primária do 1º grau). As comunidades de Mboza, Chianga e
Muchena não têm escolas. Não existem, para além destas escolas primárias, outras escolas na área
do projecto. Ver exemplo de uma das escolas na Figura 28 e Figura 29: Escola Primária de Matacale
abaixo.
46
A maior parte das crianças com idade escolar dos agregados inquiridos frequentam a escola (88%).
As seguintes razões, entre outras, foram apresentadas para as crianças não frequentarem a escola:
“as crianças são demasiado jovens”, de acordo com a percepção local (38%) ou “a escola é
demasiado distante” (30% na parte do projecto em Chiúta e 15% na parte em Moatize). O argumento
relativamente à distância parece ser contraditória com a distância média caminhada declarada, mais
especificamente uma caminhada de 5-30 minutos para 51% das crianças que frequentam a escola,
mas poderá ser relevante nas comunidades em que não há escola (Mboza, Chianga e Muchena).
Das crianças em idade escolar, 96% frequentam a escola primária e apenas 4% frequentam a escola
secundária. Este baixo nível de escolaridade nas crianças de idade escolar poderá ser explicado pela
baixa cobertura da rede escolar, mencionada na Secção 4.3. No que diz respeito à escolaridade das
crianças, não existem diferenças significativas entre os dois distritos.
Das famílias inquiridas, 51% das crianças caminham entre 5 a 30 minutos para chegar à escola,
contra 34% que caminham mais do que 30 minutos e apenas 4% que caminham menos do que 5
minutos. Esta proximidade relativa à escola poderá se explicado pelo facto de que a grande maioria
das crianças inquiridas (96%) frequenta a escola primária, e que existe uma escola primária em cinco
das comunidades inquiridas. Novamente, no que diz respeito ao acesso aos estabelecimentos de
ensino, não existem diferenças significativas entre os dois distritos, mas poderão existir diferenças
entre comunidades específicas.
Tanto as DGF e o SDPI de Chiúta e Moatize consideram que a cobertura da rede escolar existente é
insuficiente para a população existente.
46
Isto refere-se à faixa etária dos 6-15 anos de idade.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 81
Em 2012, o distrito de Chiúta era servido por 5 centros de saúde, com um total de 49 camas, das
quais 19 em maternidades (INE, 2013). Em 2005, existiam 25 técnicos e assistentes de saúde no
distrito, dos quais 90% tinham apenas formação básica/primária em saúde (MAE, 2005). Existiam
3.200 habitantes por técnico de saúde (MAE, 2005). Apesar da expansão do sistema de saúde entre
2009 e 2012, o rácio de unidade sanitária/residente e o rácio cama de unidade sanitária/residente
continuam elevados: em 2012 existiam 17.919 habitantes por unidade sanitária e 1.792 habitantes
47
por cama de unidade sanitária .
Em 2012, o distrito de Moatize era servido por 12 centros de saúde, com um total de 132 camas, das
quais 60 em maternidades (INE, 2013b). Em 2005, existiam 86 técnicos e assistentes de saúde no
distrito, dos quais 91% tinham apenas formação básica/primária em saúde (MAE, 2005b). Existiam
2.100 habitantes por técnico de saúde (MAE, 2005b). Semelhantemente à Chiúta, apesar da
expansão do sistema de saúde em Moatize entre 2009 e 2012, o rácio de unidade sanitária/habitante
e o rácio cama de unidade sanitária/ residente continuam elevados: em 2012 existiam 24.361
48
habitantes por unidade sanitária e 2.215 habitantes por cama de unidade sanitária .
A doença mais comum nos distritos de Chiúta e Moatize são, por ordem de prevalência, a malária,
diarreia (ambas doenças transmitidas pela água) e Doenças de Transmissão Sexual (DTS) – que
inclui HIV/SIDA. Estas doenças são responsáveis por quase a totalidade dos casos de doença
formalmente reportados nos distritos (MAE, 2005 e 2005b). MAE 2005 e 2005b notam que, apesar
da expansão da rede sanitária, a cobertura de serviços de saúde continua a ser insuficiente.
De acordo com as DGF, existe apenas um posto de saúde na área do projecto, em Muchena, que
presta cuidados básicos de saúde. A unidade sanitária mais próxima da área do projecto que presta
cuidados mais avançados de saúde é o Centro de Saúde de Kazula, a uma distância de 70
quilómetros das comunidades inquiridas (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/mapeamento de
serviços e recursos).
Conforme ilustrado na Figura 30 abaixo, as doenças mais comuns entre as famílias inquiridas eram a
malária (com 83% das famílias afectadas durante o último ano), gripe (70%) e diarreias (65%).
Doença pele 6
3
Doença ouvidos/ nariz/ garganta 25
15
Dor dente 33
42
3
Tuberculose 1
Sarampo 1
1
Constipação/ Gripe 66
74
Malaria 79
87
Diarreia 62
69
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Moatize Chiúta
47
Cálculos feitos pelo Consultor com base nos dados do INE, 2013. Esta fonte não fornece dados para os técnicos de saúde.
48
Cálculos feitos pelo Consultor com base nos dados do INE, 2013b. Esta fonte não fornece dados para os técnicos de saúde .
82 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
São variadas as medidas tomadas para procurar tratamento. As famílias inquiridas na parte do
projecto em Chiúta parecem mais propensas a procurar tratamento numa unidade sanitária, mais
especificamente 65% para casos de malária, 59% para casos de diarreia e 45% para casos de gripe.
Contrariamente, os agregados familiares de Moatize recorrem mais para os remédios caseiros. Em
47% dos casos de malária e diarreia e 28% dos casos de gripe as famílias recorreram a tratamento
numa unidade sanitária, comparado com os remédios caseiros utilizados para 31% dos casos de
malária e gripe e 37% dos casos de diarreia. Isto está ilustrado na Figura 31 e na Figura 32 abaixo.
Chiúta
100
90
80 65
70 60
60 45
%
50
40 27
30 22
17 18
20 6
10
5 5 2 4 8 5
10 1 3
0
Farmácia
Médico tradicional
Nenhuma
(especificar)
Unidade sanitária
Remédio caseiro
Muita comida e
Outro
água
(US)
Moatize
100
90
80
70
60 47 48
37
%
50
40 31 30 28
30 23
15
20 9 7 4 4 5
5 4 1 1
10 1 1
0
Farmácia
Outro (especificar)
Médico tradicional
Nenhuma
Unidade sanitária
Remédio caseiro
Muita comida e
água
(US)
Uma pequena percentagem (3%) das famílias inquiridas declarou ter um membro da família com uma
doença crónica. A doença crónica mais comum são a asma e a dor crónica (permanente),
mencionadas por 65% das famílias com um membro da família com doença crónica.
As mulheres das famílias inquiridas têm o seu primeiro filho, em média, aos 18 anos de idade. Quase
dois terços (60%) destas mulheres não receberam cuidados pré-natais na sua última gravidez (55%
das famílias inquiridas na parte da área do projecto em Chiúta, comparado com 63% das famílias na
parte da área do projecto em Moatize). Das mulheres que receberam cuidados pré-natais, 97%
receberam profilaxia da malária e 88% fizeram o despiste do HIV/SIDA. A elevada proporção de
mulheres grávidas sem cuidados pré-natais está em linha com a proporção de mulheres que fizeram
o parto em casa: 64%, comparado com 36% de partos institucionais (39% em Chiúta comparado com
33% em Moatize).
Conforme ilustrado na Figura 33 abaixo, a grande maioria (92%) dos inquiridos já ouviram falar da
malária e sabem que é transmitida através da picada do mosquito (84% dos inquiridos na parte da
área do projecto em Chiúta comparado com 79% na parte da área do projecto em Moatize).
100 84
90 79
80
70
60
%
50
40
30
13
20 3 4
8
1 1 1 1 2 2 1 1
10
0
Chiúta Moatize
Embora 94% dos inquiridos em Chiúta tenham declarado dormir com redes mosquiteiras, este
número baixa para 66% nos agregados familiares em Moatize. Mais de um terço (37%) dos
agregados familiares em Moatize não dorme com uma rede mosquiteira. Como mostra a Figura 34
abaixo, a maior parte dos que não dormem com uma rede mosquiteira (82%), argumentam que não o
fazem porque não têm uma rede mosquiteira (89% das respostas entre as famílias em Chiúta e 75%
em Moatize) e uma minoria (17%) respondeu que era demasiado caro comprar uma rede mosquiteira
(11% das respostas das famílias em Chiúta e 24% em Moatize).
84 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
2
Outro
24
Difícil comprar rede
75
Não tem rede 89
0 20 40 60 80 100
%
Moatize Chiúta
Figura 34: Resultados do inquérito para as razões da não utilização da rede mosquiteira
A maioria (81%) dos inquiridos na área do projecto já ouviu falar de HIV/SIDA e sabe que o HIV pode
ser transmitido da mãe para o seu bebé (88% dos inquiridos). Adicionalmente, 72% das pessoas
sabem que se podem proteger contra o HIV/SIDA ao usar preservativos e 70% sabem que isto
também é possível através de ter um único parceiro sexual, enquanto que apenas 43% sabiam que
isto era possível através da abstinência sexual.
Em termos de segurança alimentar, os meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março trazem uma
maior escassez de alimentos da produção agrícola e a probabilidade das famílias inquiridas
passarem fome é maior. Isto está ilustrado na Figura 35 abaixo, que se refere aos meses em que os
agregados familiares passam fome:
100
90
80
70
60
%
50
40
30
20
10
0
Chiuta Moatize
Figura 35: Resultados do inquérito sobre insegurança alimentar (não ter comida suficiente)
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 85
Nos meses remanescentes, 91% das famílias garantem o seu alimento através das machambas da
família e a compra de produtos alimentares. O regime alimentar das famílias inquiridas é constituída
por farinha de milho, perfazendo 65% do regime alimentar, feijão (13%) e hortícolas (9%).
Será apresentada uma análise mais detalhada da segurança alimentar e situação de saúde no
estudo da Avaliação do Impacto na Saúde. Para mais detalhes sobre o assunto, por favor refira-se
ao relatório desse estudo.
De acordo com a informação fornecida nas DGF e do SDPI de Chiúta, a cobertura do abastecimento
de água e saneamento no distrito e na área do projecto é baixa. De acordo com o INE (2013), dois
terços da população do distrito (66%) usa uma fonte de água desprotegida, como os rios/lagos (35%)
ou um poço aberto sem bomba de água (31%), e apenas um terço da população (31%) utiliza poços
protegidos.
MAE 2005 e 2005b reconhecem que a manutenção das bombas de água nos dois distritos é
insuficiente e é um desafio ao abastecimento de água.
De acordo com os resultados do inquérito, nenhuma família inquirida tem água canalizada em casa.
Assim, as famílias dependem de fontes de água externas. Como mostra a Figura 36 abaixo, a
principal fonte de água para consumo humano é a água do rio, que não é tratada (77% das famílias
inquiridas). Para além da água do rio, 10% das famílias na parte da área do projecto em Chiúta
utilizam fontes de água não protegidas como poços a céu aberto (menos do que 1% das famílias em
Moatize). Menos do que um quarto das famílias inquiridas tem acesso a fontes de água protegidas,
como bombas de água ou poços de furo (24% das famílias na parte da área do projecto em Moatize,
comparado com 9% na parte em Chiúta).
49
O SDPI de Chiúta não conseguiu fornecer os mesmos dados para o distrito.
86 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Rio 75
80
Poço no quintal 7
3
0 20 40 60 80 100
%
Moatize Chiúta
A Figura 37: Furo de água no leito seco do rio, Mbuzi. Figura 38: Bomba manual, Muchena
abaixo ilustram as duas fontes de água disponíveis na área do projecto.
Figura 37: Furo de água no leito seco do rio, Mbuzi. Figura 38: Bomba manual, Muchena
As famílias inquiridas gastam, em média, 25 a 30 minutos a cartar água, normalmente a pé (98% das
famílias). A fonte de água mais próxima fica a menos do que 1 quilómetro de distância (para 93% das
famílias parte da área do projecto em Chiúta e para 83% na parte da área do projecto em Moatize),
mas 12% das famílias inquiridas (8% na parte em Chiúta e 16% na parte em Moatize) têm que
caminhar até 2 quilómetros para cartar água. A água é cartada todos os dias (para 87% das famílias
inquiridas). A água é normalmente guardada num balde (em 61% das famílias inquiridas), que, de
acordo com as DGF, é arrumada na cozinha (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/habitação e
bairro).
Conforme ilustrado na Figura 39 abaixo, a grande maioria das famílias inquiridas não tratam a água
que bebem (90%). Dos 10% que tratam a água, metade usa produtos à base de cloro (Certeza) e a
outra metade ferve a água ou usa outros métodos não especificados. Esta questão é especialmente
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 87
preocupante em termos da saúde da família, se se considerar que todas as famílias cartam a água
de uma fonte fora de casa.
Outro 1
1
Certeza/ Cloro 6
5
Ferve 2
4
Não trata 92
90
0 20 40 60 80 100
%
Moatize Chiúta
Metade das famílias inquiridas estão cientes do facto de que existem doenças propagadas pela água
(55% na parte da área do projecto em Chiúta e 48% na parte em Moatize). Também sabem que
estas doenças têm o seu pico em alturas específicas do ano (96% das famílias inquiridas).
No que diz respeito ao saneamento, mais de três quartos da população de Chiúta não tem latrinas e
pratica defecação a céu aberto (86%) e apenas 13% têm uma latrina tradicional ou melhorada.
Quase três quartos da população em Moatize não têm latrinas e praticam defecação a céu aberto
(70%) e quase um terço (29%) tem latrinas tradicionais (20%) ou melhoradas (9%) (INE, 2013b).
A maioria das famílias inquiridas (95%) praticam defecação a céu aberto e apenas 5% usam latrinas,
como mostra a Figura 40 abaixo. Isto está em linha com a baixa presença de latrinas nas casas;
como já mencionado, apenas 15% das famílias inquiridas têm latrinas.
100 94 96
90
80
70
60
%
50
40
30
20
10 4 2 1 1 1 1
0
Latrina no quintal Latrina para Latrina do vizinho Fecalismo a céu
necessidades e aberto
banho no quintal
Chiúta Moatize
No que diz respeito à higiene, 96% das famílias inquiridas lava as mãos (com sabão ou cinzas). No
que diz respeito ao lixo, é positivo notar-se que apenas 2% não tomam nenhuma medida de remoção
de lixo. Quase metade (49%) das famílias inquiridas removem o seu lixo para a lixeira, enquanto que
34% queimam o seu lixo e 14% enterra o lixo, em ambos os casos no quintal.
Face ao que foi descrito acima, pode-se concluir que o abastecimento de água e saneamento são
questões críticas para a população dos distritos e nas áreas do projecto.
Transporte e comunicação
O distrito de Chiúta é atravessado por três estradas nacionais (N9, N322 and N302) e três estradas
regionais (R603, R1050 e R1060). As trajectórias das estradas são como se segue:
A N9 liga a Cidade de Tete à Vila de Manje e também à Vila de Kazula (capital do Posto
Administrativo de Kazula), pela N302.
A R603 sai da N9 e liga a Vila de Manje ao Distrito de Macanga
A N322 liga o Posto Administrativo de Kazula ao Distrito de Moopeia (Província de
Zambézia), via N302 e N7.
A Vila de Mange e a Vila de Kazula estão ligadas pela R1050, via N9.
A Vila de Kazula também se liga com as áreas agrícolas no interior do seu posto
administrativo através da R1060.
As estradas fazem parte do Corredor de Tete e ligam os países vizinhos (Zâmbia e Malawi), através
dos postos fronteiriços da província de Tete, aos portos Moçambicanos. As estradas ligam Chiúta à
Cidade de Tete e a alguns distritos vizinhos, incluindo Moatize. Estradas de terra batida ligam os dois
Postos Administrativos e ligam também as suas localidades. (MAE, 2005)
A N322, que sai da N7, também liga Moatize ao Distrito de Mopeia, na Província de Zambézia. Está a
ser finalizada a construção de uma ponte sobre o Rio Zambéze (Ponte de Benga), que vai ligar a
Cidade de Tete e a Vila de Benga, com o objectivo de acomodar o tráfego de carga pesada. Também
está a ser reabilitada um troço de estrada de 260 quilómetros, como parte do projecto da Ponte de
Benga, para ligar a Cidade de Tete aos países vizinhos Zâmbia e Zimbabué, por meio de uma
concessão (INE, 2013b). A linha férrea de Sena, que atravessa Moatize por meio de um ramal
ferroviário, liga a Vila de Moatize com o distrito sul de Mutarara (MAE, 2005b).
A Figura 41 abaixo ilustra as estradas mencionadas acima, bem como a linha férrea que atravessa
os distritos de Chiúta e Moatize.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 89
Figura 41: Estradas e linha férrea que atravessam os distritos de Chiúta e Moatize
90 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Metade das famílias inquiridas (50%) tem uma bicicleta. Para 99% das famílias, os trilhos ou as
estradas são as vias mais utilizadas para se chegar às aldeias vizinhas às comunidades inquiridas –
o restante 1% utiliza uma estrada alcatroada e provavelmente estão localizados perto da estrada que
vai à Vila de Moatize (Tabela 14 abaixo).
A grande maioria das famílias inquiridas (93%) de desloca a pé, comparado com 5% que utilizam
uma bicicleta e 2% que utilizam um carro. Esta forma de deslocação/ transporte ocorre numa base
diária (93% das famílias inquiridas). É provável que isto esteja ligado à fraca condição dos trilhos e
estradas existentes, bem como à capacidade financeira das famílias inquiridas em investir em meios
de transporte.
O MAE 2005 e 2005b, bem como o SDPI de Chiúta e de Moatize entrevistados, notam que as
estradas existentes nos distritos encontram-se em mau estado, devido a uma fraca manutenção. O
representante do SDPI entrevistado também notou que a cobertura da rede rodoviária existente é
insuficiente em ambos os distritos, incluindo para as zonas de produção.
A comunicação no Distrito de Chiúta se torna possível através da rádio e da telefonia móvel, com
uma cobertura limitada (MAE, 2005).
A comunicação no Distrito de Moatize se torna possível através da rádio, telefonia móvel e telefone
fixo (MAE, 2005b). Enquanto o terceiro dispositivo (telefone fixo) é tipicamente encontrado nas áreas
urbanizadas como a Vila de Moatize, o capital do distrito, os dois primeiros (rádio e telefonia móvel)
têm maior cobertura e chegam às zonas menos urbanizadas do distrito.
Um quinto das famílias inquiridas (20%) tem um telefone celular (27% das famílias na parte da área
do projecto em Chiúta e 13% das famílias na parte em Moatize). Contudo, como referido acima, a
cobertura do telefone celular na área do projecto é limitada (MAE, 2005).
Energia
A principal fonte de energia no distrito de Chiúta é a lenha (utilizada por 69% da população), seguido
de petróleo/ parafina/ querosene (23%) e velas (7%) (INE, 2013). Isto é diferente da tendência
provincial, onde o petróleo/ parafina/ querosene é a principal fonte de energia (53% da população),
seguido de lenha (34%). A população que usa alguma forma de energia eléctrica (da rede nacional
de electricidade, painel solar ou bateria) é mínima, menos do que 1% (INE, 2013). De acordo com o
Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Distrito de Chiúta 2012-2021 (Governo do Distrito de
Chiúta, 2011), a Vila de Manje, a capital do distrito, tem o único sistema de fornecimento de energia
eléctrica no distrito, proveniente da rede nacional de electricidade. Isto mostra que o acesso de
Chiúta aos serviços e produtos básicos é pior do que no resto da província.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 91
As principais fontes de energia no distrito de Moatize são petróleo/ parafina/ querosene (utilizado por
49% da população), seguido de lenha (34%), energia eléctrica (7%) e velas (5%). Isto está em linha
com as tendências provinciais, embora em termos comparativos existe uma menor percentagem da
população a utilizar o petróleo/ parafina/ querosene e uma maior percentagem da população a utilizar
lenha e energia eléctrica (INE, 2013b). Mais ainda, a Vila de Moatize está ligada à rede nacional de
electricidade (MAE, 2005b).
De acordo com as DGF (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/uso da terra), as principais fontes de
energia na área do projecto são lenha e carvão, que são obtidos e produzidos localmente. Não existe
energia eléctrica na área do projecto.
A grande proporção de famílias que não tem uma campa familiar (79% na parte da área do projecto
em Chiúta e 70% na parte da área do projecto em Moatize), não obstante o perfil rural das famílias
inquiridas, poderá ser explicado pelo facto de todas as comunidades inquiridas terem um ou dois
cemitérios que são utilizados por todos os membros da comunidade, incluindo para cerimónias
ancestrais (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/locais históricos e sagrados).
Para além das capas familiares, as DGF revelaram que existem locais sagrados em todas as oito
comunidades localizadas dentro da área afectada pelo projecto, que são referências importantes
para a sua existência colectiva (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/sob os temas locais históricos
e sagrados). Os locais sagrados incluem:
1. Montanha sagrada com árvore sagrada para a cerimónia de chuva Nsato, e a floresta
sagrada associada (presente em todas as comunidades);
4. Árvores sagradas para outras cerimónias para além da cerimónia da chuva (p.ex.,
embondeiro em Mbuzi, árvore Ntalala em Chianga);
92 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
5. Montanhas sagradas para outras cerimónias para além da cerimónia da chuva (p.ex., monte
Leão e monte Muniamba em Mbuzi);
6. Locais para os ritos de iniciação dos rapazes e floresta sagrada associada (Muchena e
Massamba).
Existem normalmente cemitérios separados para os adultos e as crianças ou, dentro de um mesmo
cemitério, áreas distintas para os funerais de adultos e os de crianças. A Figura 42: Cemitério
comunitário, Mbuzi Figura 43: Campa familiar no cemitério, Mbuzi abaixo mostram um cemitério e uma
campa em Mbuzi.
Figura 42: Cemitério comunitário, Mbuzi Figura 43: Campa familiar no cemitério, Mbuzi
As DGF revelaram que as comunidades inquiridas têm uma opinião dividida em relação à deslocação
dos locais sagrados (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/sob o tema locais históricos e sagrados).
Além disso, duas comunidades – Matacale e Mboza (também directamente afectadas pelo projecto)
– também afirmaram que não é possível mudar para outra área os locais sagrados associados à
cerimónia de chuva Tsato, (árvore e montanha sagradas),visto que isto iria reduzir a força da
cerimónia em atrair a chuva.
Figura 44: Locais sagrados e cemitérios mencionados pelas comunidades como sendo não transferíveis
94 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Para uma descrição detalhada e um mapeamento visual dos locais sagrados, refira-se ao relatório
50
sobre o Património Cultural , que é parte integrante do relatório de AIAS para o projecto, O relatório
sobre o Património Cultural também analisa os impactos do projecto nos locais de património cultural,
incluindo os locais acima mencionados, referidos como sendo não transferíveis para uma outra área.
Uma análise preliminar do PAR indica que, por um lado, vai ser necessário reassentar, para um local
alternativo, as PAPs que serão fisicamente deslocadas pelo projecto (ou seja, aquelas cujas
estruturas habitacionais e machambas serão completamente afectadas). Por outro lado, as PAPs
que serão economicamente deslocadas pelo projecto (ou seja, aquelas cujas estruturas habitacionais
e/ou machambas são parcialmente deslocadas pelo projecto), não necessitarão de reassentamento,
mas serão compensadas pelas suas perdas.
Como já mencionado, o PAR estava a ser elaborado para o projecto proposto ao mesmo tempo que
o relatório da AIS estava a ser finalizado, com base no censo sobre as pessoas e bens afectados
pelo projecto, e consulta prévia com as autoridades Provinciais e Distritais. Estão a ser
presentemente analisados pelo Cliente os resultados do censo sobre as pessoas e bens afectados e
o orçamento de compensação por reassentamento.
50
COWI para CES (2014). Relatorio do Património Cultural. Elaborado aquando da finalização da AIS.
51
Elaborado aquando da finalização da AIS.
52
Área de explosão com uma zona tampão de 1020 m.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 95
O distrito de Moatize já tem um Comité Distrital de Reassentamento estabelecido para a revisão dos
53
Planos de Acção para o Reassentamento, bem como para a supervisão da sua implementação .
Embora a palavra “reassentamento” não tenha sido aplicada à partida durante o processo de recolha
de dados qualitativos e quantitativos, a questão relativa ao reassentamento foi levantada
espontaneamente durante as DGF. Em termos gerais, as comunidades inquiridas estão preocupadas
com o reassentamento permanente noutro local, por três razões principais:
No que diz respeito à perda das terras agrícolas, as comunidades inquiridas se mostram cépticas
sobre a disponibilidade de terra com características agro-ecológicas semelhantes (ver Anexo D:
Matriz de Análise Qualitativa/sob o tema análise de problemas para obter mais detalhes sobre as
preocupações relacionadas com reassentamento). As DGF também revelaram que as comunidades
tratam com alguma cautela a questão de benefícios dos projectos económicos na área
(nomeadamente, emprego e infra-estruturas sociais). Dois pedidos eram comuns a todas as DGF:
53
Este Comité está previsto no Decreto 31/2012, de 8 de Agosto. Para mais informação sobre o quadro legal nacional de
reassentamento, ver Secção 2.5.
96 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
1. Comunicação prévia com a comunidade, desde o início do projecto, e mantida numa base
regular durante toda a vigência do projecto;
2. O projecto deverá priorizar o emprego de forças de trabalho locais e abordar a questão das
necessidades sociais das comunidades, de forma realista e no âmbito de um acordo
consultivo com a comunidade (líderes e membros).
As comunidades reconhecem que devem tomar parte activa e participar no projecto. Elas consideram
que esta participação poderá ser através do fornecimento de forças de trabalho locais, e na
qualidade de pessoal de segurança para salvaguardar os bens e os interesses do projecto.
De acordo com as DGF (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/sob o tema história comunitária e
análise de problemas), a Capitol Resources já iniciou as actividades de prospecção mineira nas
comunidades de Tenge-Makodwe e Massamba. Ambas as comunidades do primeiro consideram que
o impacto do projecto de mineração é positivo. Contudo, já surgiram conflitos entre a comunidade de
Massamba e os a comunidade vizinha de Matacale, devido às expectativas sobre os benefícios do
projecto, especificamente em relação a emprego e infra-estruturas sociais. Isto é uma disputa sobre a
propriedade administrativa do local da mina: a comunidade de Massamba reivindicou o local da mina
como pertencendo a esta comunidade e, consequentemente, esta comunidade deverá ser o
beneficiário principal dos benefícios do projecto, que está a ser implementado, de facto, em
Matacale. Por enquanto a disputa tem sido resolvida pelo Chefe do Posto Administrativo, que reuniu
todos os líderes comunitários para esclarecer que o local da mina pertence, de facto, a Matacale.
Não obstante, não se deve subestimar o potencial que este tipo de conflito tem para gerar um
impacto negativo em termos da aceitação do projecto e sua propriedade. O facto de este conflito ter
surgido antes da implementação plena do projecto é um sinal das tensões que existem entre as
comunidades locais relativamente à distribuição equitativa dos benefícios esperados do projecto.
À luz desta situação, as implicações de reassentamento pelo projecto devem ser reportadas e
discutidas com a comunidade (líderes e membros) logo à partida, para evitar que haja conflitos e
resistência ao reassentamento. É aconselhável incluir as autoridades distritais no processo de
envolvimento das comunidades, para dar alguma orientação no processo e apoiar a resolução de
conflitos, onde necessário, de acordo com as estruturas de liderança tradicionais ou com as
autoridades, normas e protocolos locais.
Para além da comunidade de Mboza, cuja oposição ao reassentamento ficou claramente registada
nas sessão da DGF, as comunidades da área do projecto vêem o projecto como uma oportunidade
para o desenvolvimento local e estão abertas a discussões sobre o seu impacto e possíveis medidas
de mitigação/melhoria. Um desejo comum expresso nas DGF foi que fossem reassentados dentro
das suas comunidades de origem ou tão próximo quanto possível, em terras desocupadas ainda
disponíveis.
As questões relacionadas com o reassentamento serão tratadas em detalhe no PAR para o projecto
proposto.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 97
5.1 Introdução
Este capítulo apresenta uma avaliação dos potenciais impactos associados ao projecto, durante a
sua fase de construção e operação, com base nos dados do projecto disponibilizados para a AIS. O
capítulo também delineia as medidas de mitigação e optimização aplicáveis para cada um dos
impactos. Os impactos foram identificados e avaliados de acordo com critérios pré-estabelecidos de
natureza, tamanho, duração, intensidade e ocorrência, como descrito no Anexo A: .
7 Aceitação do projecto.
Na eventualidade de uma casa (família) ser afectada pelo projecto, terá que ser compensada com
um pacote de compensação, conforme o disposto no Decreto 31/2012 e demais legislação nacional
aplicável (ver Secção 2.5 para uma discussão mais detalhada). Além disso, dependendo do grau de
destruição e da extensão de terra ocupada pelo projecto, poderá ser necessário reassentar as
famílias que habitam a área actualmente.
A compensação pela perda de bens deverá ser garantida antes de serem afectadas pelo projecto, ou
seja, antes de iniciar as actividades de construção. Semelhantemente, as actividades de
reassentamento devem ser implementadas durante a fase de construção, com programas de
monitoria e avaliação a serem levados a cabo após a fase de construção, ou seja,, durante a
operação do projecto. É provável que os resultados de um processo de reassentamento mal
implementado, em particular as perturbações sociais causadas por um processo de reassentamento
mal gerido ou mal desenvolvido (atrasos na implementação, fraca coordenação ou comunicação com
as comunidades) tenham um impacto na aceitação do projecto e sua operação.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 99
Sem mitigação
Com mitigação
De acordo com as autoridades distritais e as comunidades locais, existem terras disponíveis na área
do projecto para a selecção de locais de reassentamento. Isto deve ser tomado em consideração e
analisado em mais detalhe pela equipa do PAR, em coordenação com as autoridades distritais de
Chiúta e Moatize, para a selecção de locais de reassentamento e de reposição de terras agrícolas.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Muito grave Certo ELEVADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Área de Grave Certo MODERADA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Área de Muito grave Provável MUITO
prazo estudo ELEVADA
Com mitigação Longo Área de Grave Poderá MODERADA
prazo estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Elaborar o PAR em conformidade com o Decreto 31/2012, IFC PS5 e a legislação nacional sobre
consultas públicas, e em coordenação com o governo distrital e as comunidades da área do
projecto, como parte do Plano de Envolvimento das Partes Interessadas a ser elaborado para o
projecto. O PAR também deve ser fundamentado pelo conflito que surgiu recentemente entre as
100 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Isto pode ser particularmente pertinente na área do projecto, onde as pequenas povoações têm um
forte sentido de coesão social e estratégias de geração de rendimento baseadas na terra. Conforme
mencionado nas DGF (Anexo D: Matriz de Análise Qualitativa/ sob os tema locais históricos e
sagrados), para as comunidades na área do projecto a terra tem, para além do seu valor económico,
uma importância social e espiritual. Os agregados familiares reassentados terão que se adaptar ao
novo local/comunidade de acolhimento, através do estabelecimento de novas redes sociais de apoio,
reajustamento das suas crenças e práticas culturais e religiosas (cerimónias sagradas, ritos de
iniciação, equilíbrio espiritual com os antepassados) e adaptação das suas identidades pessoais e
sociais.
Os agregados familiares reassentados também terão que recuperar as suas formas de subsistência,
meios de vida, rendimento e condições de vida. A sua chegada poderá aumentar a pressão sobre os
serviços sociais disponíveis na comunidade de acolhimento (se os locais de reassentamento forem
habitados), que provavelmente já seriam limitados, conforme apresentado na Secção 4. Esta pressão
não terá lugar, certamente, se o local de reassentamento seleccionado não for habitado e os serviços
sociais forem concebidos apenas para a população reassentada.
Não obstante o facto de só estarem a ser realizadas actividades de prospecção na área do projecto
neste momento, já surgiu um conflito entre as comunidades de Massamba e Matacale, resultante de
uma disputa em relação ao acesso aos benefícios do Projecto Capitol Resources, nomeadamente
relativos a emprego e a infra-estruturas sociais (para mais informação sobre esta disputa, Secção
Error! Reference source not found.). As autoridades locais resolveram o conflito Massamba-
atacale, contudo, a ocorrência ressalta a importância das infra-estruturas sociais e dos serviços para
a população na área do projecto. De acordo com as autoridades distritais e as comunidades
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 101
Deverão ser estabelecidos novos serviços e infra-estruturas sociais pelo projecto proponente fora da
área do projecto para compensar a perda do acesso aos serviços sociais (idealmente nos locais de
reassentamento seleccionados), como parte o Plano de Desenvolvimento Comunitário. Como tal,
estas infra-estruturas sociais e serviços devem ser estabelecidos antes de se iniciar o processo de
reassentamento e ser concebidos para beneficiar tanto a população reassentada como a população
de acolhimento, tomando em consideração a demografia do local de reassentamento (a população
total e não apenas as famílias reassentadas).
54
As famílias vulneráveis têm maior probabilidade de sofrer mais com o reassentamento, devido à
perda das suas redes sociais de apoio, disponibilidade limitada de emprego e dificuldades
enfrentadas com a restauração de estratégias de geração de rendimento e de subsistência, bem
como com a sua adaptação geral aos contextos pós-reassentamento. De acordo com as
comunidades inquiridas e o governo local, a adaptação social e restauração económica das famílias
reassentadas também é um factor chave na aceitação do projecto. As actividades de restauração
dos meios de vida e actividades de geração de rendimento devem ser previstas no PAR antes do
reassentamento, de modo a implementar estas actividades nos locais de reassentamento
imediatamente após a efectivação do reassentamento. Prevê-se que os impactos ocorram tanto na
fase de construção como na fase de operação.
Sem mitigação
Com mitigação
54
As stated in Section 4.3.7, in the project area these households are typically headed by a woman aged around 50 years,
widowed or separated/divorced and unemployed or self-employed in subsistence farming.
102 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
proponente do projecto.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Poderá MODERADA
estudo ocorrer
Com mitigação Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
estudo ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Regional Grave Provável ELEVADA
prazo
Com mitigação Médio Área de Moderado Poderá MODERADA
prazo estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Nos casos em que a empreiteira precisa levar a cabo actividades em volta das casas e
machambas, utilizará, preferencialmente, meios manuais.
A questão sobre a perda de terras agrícolas é abordada no Impacto 2.1: e a questão sobre a perda
de locais sagrados é abordada no Impacto 5.3: .
Na eventualidade de uma machamba ser afectada pelo projecto, deverá ser oferecido um pacote de
compensação pela perda de culturas e árvores, bem como de quaisquer infra-estruturas localizadas
na machamba; esta compensação deverá ser calculada com base nas taxas do governo ou, se
possível, com base nos preços de mercado, que normalmente estão mais actualizados. Dependendo
do tamanho da área agrícola ocupada, será necessário organizar terras agrícolas alternativas; se as
características agro-ecológicas da nova área disponibilizada para as actividades agrícolas forem
diferentes, poderá exigir uma mudança no tipo de culturas cultivadas e nos métodos agrícolas
utilizados. Considerando o baixo nível de escolaridade e os métodos agrícolas básicos utilizados pela
55
população da área do projecto , a mudança para novas culturas e/ou métodos agrícolas poderá
requerer um longo período de adaptação por parte das famílias afectadas.
Por esta razão, as novas áreas agrícolas devem ter características agro-ecológicas semelhantes
àquelas das áreas perdidas, e estar a uma distância igual/semelhante da casa para a machamba,
como recomendado pela PO 4.12 e PD 5. Isto é particularmente importante para as famílias
vulneráveis chefiadas por idosos, mulheres e crianças, que poderão ter mais dificuldade em arranjar
trabalho e em adaptar-se às novas técnicas agrícolas e aos novos tipos de solo.
55
De acordo com os resultados do inquérito nas Secções 4.3.5 e 4.3.6, a agricultura praticada na área do projecto é
principalmente agricultura de subsistência, de sequeiro e com baixos níveis de mecanização (principalmente machado e
enxada).
104 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
O PAR tomará em consideração a necessidade de substituir as terras agrícolas por outras com
características agro-ecológicas semelhantes, e a necessidade de estender os benefícios das
actividades de restauração dos meios de vida e rendimento baseados na terra às comunidades que
vivem na(s) área(s) onde as novas machambas serão implementadas. Se não houver terra
alternativa disponível com características agro-ecológicas semelhantes, as PAPs devem receber
formação, insumos e acompanhamento técnico para cultivar o tipo de terra seleccionada.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem Curto prazo Área de Muito grave Definitiva MUITO
mitigação estudo ELEVADA
Com Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
mitigação estudo ocorrer
Fase de Operação
Sem Permanente Regional Muito grave Definitiva MUITO
mitigação ELEVADA
Com Médio prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
mitigação estudo ocorrer
Medidas de mitigação
O projecto poderá adquirir terra na zona onde a população tem as suas machambas, os pastos ou
extrai os recursos naturais, ou a terra que dá acesso aos locais para a extracção de recursos
naturais. Mais ainda, existe já uma indústria madeireira na proximidade da área do projecto, o que
reduz o acesso às árvores utilizadas para a produção de lenha e de carvão. Como resultado deste
impacto cumulativo, poderá haver uma redução no acesso a terra, em particular à terra húmida onde
as comunidades afectadas praticam a sua agricultura, e no acesso aos recursos naturais, incluindo
aos rios e riachos. Esta redução poderá provocar disputas e conflitos dentro das comunidades
afectadas e entre comunidades vizinhas. Poderá também limitar a geração de rendimento, reduzir os
níveis de vida e criar dependência em ajuda externa (do governo ou do projecto).
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Regional Grave Provável ELEVADA
prazo
Com mitigação Médio Localizado Moderado Poderá BAIXA
prazo ocorrer
Medidas de mitigação
Isto é particularmente significativo para as comunidades afectadas que praticam a sua agricultura
nas terras húmidas nas margens dos rios e riachos. De acordo com os resultados do inquérito, as
comunidades na área do projecto enfrentam três meses de insegurança alimentar por ano, e
garantem a sua alimentação principalmente por via da agricultura de subsistência e da compra de
produtos alimentares. Se estas famílias perderem o acesso à terra e aos recursos naturais dos quais
dependem, o seu rendimento e a segurança alimentar poderão reduzir significativamente, e a sua
vulnerabilidade económica poderá aumentar.
Sem mitigação
Com mitigação
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 107
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Área de Grave Provável MODERADA
prazo estudo
Com mitigação Médio Área de Moderado Poderá MODERADA
prazo estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Questão 3: Mobilidade
Considerando que presentemente a mobilidade das comunidades afectadas é proibida apenas para
os locais sagrados, mas não aos locais de actividades económicas, e que as famílias circulam
livremente para realizar as suas actividades agrícolas e para buscar recursos naturais, a mobilidade
das comunidades poderá ser interrompida.
Sem mitigação
108 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Moderado Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Regional Moderado Poderá MODERADA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Área de Grave Provável MODERADA
prazo estudo
Com mitigação Curto prazo Regional Moderado Poderá MODERADA
ocorrer
Medidas de mitigação
Sempre que são impostas restrições à circulação, sinalizar de forma apropriada e bem visível as
áreas de trabalho, com indicação de caminhos alternativos;
Mapear as estradas e vias de acesso utilizadas pelas comunidades na área do projecto, que
poderão ser atravessadas/ bloqueadas por um componente do projecto (p.ex., estrada de
transporte);
Permitir que a população local continue a utilizar as estradas e acessos existentes. Se não for
possível, ou seja,, um componente do projecto bloqueia o acesso normal a uma estrada
existente:
o Estabelecer pequenos corredores dentro das áreas afectadas pelo projecto para garantir a
passagem; ou
o Construir pontes para peões por cima das estradas mapeadas que são atravessadas ou
bloqueadas por um componente do projecto, para permitir a sua passagem;
Quaisquer estradas abertas para o projecto devem estar disponíveis para uso pela população
local.
A criação deste projecto mineiro poderá trazer trabalhadores e pessoas à procura de trabalho de fora
com habilidades e níveis de educação variados, que estarão a concorrer com a população local para
as vagas de emprego e para as condições de vida. O influxo de trabalhadores de fora poderá
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 109
também trazer comportamentos, práticas e valores diferentes dos da comunidade local, e alterar a
sua estabilidade social a médio-longo prazo.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Regional Moderado Poderá MODERADA
ocorrer
Com mitigação Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
estudo ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Regional Moderado Poderá MODERADA
prazo ocorrer
Com mitigação Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Muito grave Poderá ELEVADA
estudo ocorrer
Com mitigação Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
estudo ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Área de Muito grave Poderá ELEVADA
prazo estudo ocorrer
Com mitigação Médio Área de Moderado Poderá MODERADA
prazo estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Se a necessidade de reassentamento se confirmar, poderá haver uma ruptura nas relações sociais
afectando tanto os agregados familiares reassentados como a comunidade de origem. As famílias
reassentadas poderão perder as suas importantes redes sociais de apoio e o seu sentimento de
pertencer à comunidade, enquanto a força e coesão da comunidade de origem podem ficar
sobrecarregas. É provável que isto aconteça antes do início da fase de construção, aquando do
reassentamento, e continuar durante toda a fase de operação.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem miti Longo Área de Grave Poderá MODERADA
gação prazo estudo ocorrer
Com mitigação Médio Localizado Moderado Poderá BAIXA
prazo ocorrer
112 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Medidas de mitigação
Reassentar as famílias afectadas dentro ou tão próximo quanto possível às suas comunidades
de origem;
Na zona de reassentamento, manter a mesma estrutura de vizinhos que a da comunidade
afectada;
Se não for possível garantir esta primeira medida, envolver as organizações religiosas e
comunitárias na integração das famílias reassentadas, com atenção particular para as famílias
vulneráveis.
A presença de trabalhadores de fora poderá provocar conflitos com a população local, como
resultado de diferenças em termos de riqueza, amenidades, acesso a serviços sociais, práticas
culturais e religiosas, e também a sensação de que estes estão a “roubar” o emprego dos
trabalhadores locais (contudo as DGF revelaram que, para a comunidade, os benefícios do projecto,
em termos de infra-estruturas e serviços sociais, são mais importantes do que o emprego). Os
trabalhadores de fora poderão ter comportamentos que, de acordo com as normas locais, são
socialmente inaceitáveis, nomeadamente embriaguez e desconsideração/ desrespeito pelos
costumes locais. Adicionalmente, a presença de homens solteiros poderá também provocar conflitos
relacionados com as mulheres locais.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Área de Grave Provável MODERADA
prazo estudo
Com mitigação Médio Localizado Moderado Poderá BAIXA
prazo ocorrer
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 113
Medidas de mitigação
Impacto 5.3: Perda de campas familiares, locais sagrados comunitários e/ou seu
acesso
O relatório do Estudo sobre o Património Cultural, elaborado para este projecto, indica que vários dos
locais arqueológicos, sagrados e religiosos que são importantes para o bem-estar espiritual da
população local, serão afectados pelo projecto. A terra a ser adquirida para o projecto poderá
implicar a destruição, ou uma redução no acesso a estes locais sagrados durante a fase de
construção do projecto, e acesso reduzido/ nenhum acesso a estes locais durante a fase de
operação. Isto poderá ter um impacto negativo no sentido de bem-estar da comunidade e a sua
aceitação do projecto.
De acordo com as DGF, estes locais incluem locais de celebração das cerimónias de chuva e
florestas sagradas associadas, locais de ritos de iniciação e florestas sagradas associadas, campas
familiares e cemitérios comunitários. Estes locais encontram-se próximos das comunidades, com a
excepção dos locais de ritos de iniciação que são mais distantes, nas matas circundantes.
As DGF revelaram que os membros da comunidade acreditam que os antepassados das famílias
locais estão presentes nestes locais, e oferecem protecção e fortuna às famílias e comunidades, por
meio de cerimónias a serem celebrados nos locais sagrados, liderados pelos anciãos da
comunidade. Deste modo, uma relação harmoniosa com os ancestrais é um factor importante para o
bem-estar e sucesso na vida quotidiana dos membros da comunidade. As DGF também relevaram
que as comunidades da área do projecto continuam a realizar cerimónias regulares nos locais
sagrados, e dependem dos seus líderes locais, incluindo os anciãos e líderes tradicionais, para a
mediação com os espíritos ancestrais e fortuna na sua vida quotidiana (Anexo D: Matriz de Análise
Qualitativasob os temas coesão social e locais históricos e sagrados).
De acordo com as DGF, não existe nenhuma experiência com a transladação de locais sagrados,
incluindo campas, nas comunidades da área do projecto. No que diz respeito às campas e cemitérios
comunitários, todas as comunidades com a excepção de duas (Matacale e Mbuzi) concordam com a
114 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
possibilidade de transferir as campas, caso forem realizadas cerimónias de modo a obter autorização
do espírito da pessoa falecida e a campa for fisicamente transladada para outro local. As campas
transladadas devem permanecer próximas da casa da família da pessoa falecida.
Além disso, duas comunidades (Matacale e Mboza) declararam que as árvores sagradas (como as
que são utilizadas para a cerimónia da chuva) e as florestas associadas não podem ser transferidas.
Será importante realizar uma consulta comunitária sobre como lidar com o impacto que o projecto
terá sobre estes locais, antes de realizar qualquer actividade relacionado com o projecto. Com este
processo de consulta, será possível chegar a uma solução viável para as comunidades que
declararam não ser possível transferir os locais sagrados e cemitérios identificados na área do
projecto – assegurando que não haverá interferência nestes locais e que manter-se-á o acesso aos
mesmos durante a fase de operação, ou então negociando a transferência para outro local, sem
alterar as cerimónias sagradas aí realizadas.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Grave Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Médio prazo Área de Grave Poderá MODERADA
estudo ocorrer
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Medidas de mitigação
Para mais informação relacionada com os impactos do projecto sobre os locais sagrados e outros
locais de património cultural, refira-se ao Relatório sobre o Património Cultural elaborado para o
projecto pela COWI.
Espera-se ruídos tanto na fase de construção como na fase de operação, com as explosões das
minas. É provável que isto seja limitado à área de mineração, devido às seguintes actividades e
factores:
Explosão (detonação);
Movimentação de veículos de construção;
Operação de maquinaria pesada (compressores, martelos pneumáticos, perfuradores
pneumáticos);
116 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Moderado Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Reduzido Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Área de Grave Provável ELEVADA
prazo estudo
Com mitigação Médio Localizado Moderado Poderá BAIXA
prazo ocorrer
Medidas de mitigação
56
Considerando que a Administração destes distritos recomendou anteriormente a selecção de locais de reassentamento a
uma distância de 5 km do local de explosão/detonação da mina.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 117
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Regional Moderado Provável MODERADA
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderado Poderá BAIXA
ocorrer
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Regional Moderado Provável MODERADA
prazo
Com mitigação Curto prazo Área de Moderado Poderá BAIXA
estudo ocorrer
Medidas de mitigação
Sem mitigação
Caso não se implementem medidas de mitigação, a significância do projecto será “muito negativa”,
se a poluição afectar o solo para a agricultura e a água do rio para consume e pesca, que são
essenciais para a subsistência das comunidades locais.
Com mitigação
Caso se implementem medidas de mitigação, a significância do projecto será “pouco negativa” pois a
poluição será mantida a níveis mínimos e não perturbará as actividades de subsistência das
comunidades.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Severa Pode ocorrer MODERDA
estudo
Com mitigação Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Regional Severa Pode ocorrer ALTA
prazo
Com mitigação Curto prazo Área de Moderada Pode ocorrer BAIXA
estudo
Medidas de mitigação
Além disso:
O relatório do Programa de Gestão Ambiental (PGA) deve ser consultado, e devem-se tomar
medidas adequadas, em linha com as recomendações neste relatório, para implementação pelo
empreiteiro e operador do projecto (através de obrigações contratuais, se necessário);
É necessário monitorar, de forma regular, a qualidade da água dos rios e ribeiros, bem como a
qualidade do solo na área do projecto, usada pelas comunidades;
Permitir que os membros das comunidades apresentem qualquer reclamação sobre poluição
através do Mecanismo para Reclamações (desenhado como parte do PAR, caso se confirme o
reassentamento), ou através do CLO.
na actividade de exploração mineira, podem também causar um aumento nas doenças transmitidas
por vectores (cólera, disenteria e malaria) na área do projecto.
Sem mitigação
Caso não se implementem medidas de mitigação, a significância do projecto será “muito negativa”,
tendo em conta a falta de serviços de água/saneamento/saúde na área.
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Moderada Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Área de Ligeira Pode ocorrer BAIXA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Regional Grave Provável ALTA
prazo
Com mitigação Curto prazo Área de Moderada Pode ocorrer BAIXA
estudo
Medidas de mitigação
Na abertura da mina e na construção das instalações do projecto, pode ser necessário trabalhar em
altura, o que pode resultar em ferimentos ou fatalidades, especialmente quando não existem
medidas de protecção adequadas, ou quando as mesmas não são respeitadas. Para além do risco
de quedas, podem ocorrer outros acidentes e fatalidades tais como colisões e incidêncios, e
acidentes com maquinaria e veículos.
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Localizado Moderada Provável BAIXA
Com mitigação Curto prazo Localizado Ligeira Pode ocorrer BAIXA
Fase de Operação
Sem mitigação Longo Localizado Moderada Provável MODERADA
prazo
Com mitigação Médio Localizado Ligeira Pode ocorrer BAIXA
prazo
122 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Medidas de mitigação
Avaliar a condição física e psicológica dos trabalhadores que trabalham em altura e atribuir
pessoas saudáveis para essas tarefas;
Todos os trabalhadores envolvidos na construção devem receber formação em saúde e
segurança ocupacional antes de entrar no projecto e participar em Diálogos Diários sobre Saúde
e Segurança (DHS); Consciencialização sobre saúde e segurança no local de trabalho é uma
component chave no cumprimento da legislação Moçambicana para a prevenção de acidentes.
Os trabalhadores devem receber formação para poderem identificar os riscos associados ao seu
trabalho e saberem como proceder em situações de emergência;
Disponibilizar equipamento de protecção pessoal e monitorar o seu uso;
Assegurar que os trabalhadores têm formação e estão preparados para lidar com acidentes;
Preparar um kit de primeiros socorros e dar formação a todos os trabalhadores sobre a sua
utilização;
Elaborar um manual com procedimentos de segurança para a construção e operação do
projecto, para divulgação através de formação em saúde e segurança ocupacional. Este manual
deve conter (mas não estar limitado) ao seguinte:
o Informação sobre a construção e materiais de trabalho (folhetos com resumos dos riscos,
especificações de segurança, manuseamento, transporte e armazenamento);
o Os riscos principais associados aos vários processos de construção e operação, com regras
de segurança no trabalho associadas; e,
o Sinalização a usar no trabalho e procedimentos a adopter em caso de acidentes.
Fazer inspecções regulares do equipamento de trabaho usado em altura ou espaços confinados.
Isto pode atrair para a área do projecto elementos que viajam para realizar actividades ilegais
incluindo exploração laboral e sexual, particularmente de crianças, conforme observado em outros
57
grandes projectos de construção em Moçambique .
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
57
Save the Children UK e Norway. (2006). A bridge across the Zambezi.
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 123
Medidas de mitigação
Confirma-se que o projecto resultará na perda de bens (infra-estrutura, machambas, culturas, árvores
e outros recursos naturais), e podem também haver grandes expectativas em termos da
compensação pela perda desses bens. Isto é particularmente verdadeiro para o Distrito de Moatize,
onde já decorreram outros processos de reassentamento e compensação e a população local pode
já ter expectativas antes do projecto começar. O governo Distrital de Moatize já indicou experiências
negativas com benefícios de projectos anteriores.
124 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
Sem mitigação
Com mitigação
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Área de Moderada Provável MODERADA
estudo
Com mitigação Curto prazo Área de Ligeira Pode ocorrer BAIXA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Área de Grave Provável MODERADA
prazo estudo
Com mitigação Curto prazo Área de Moderada Pode ocorrer BAIXA
estudo
Medidas de mitigação
Por favour consulte as medidas de mitigação do Impacto 7.2: Conflitos ao nível da comunidade
devido às diferenças nos benefícios do projecto, que são aplicáveis aos dois impactos.
Assim, é preciso evitar diferenças nos benefícios do projecto e, quando tal não for possíve (por
exemplo, devido a perdas diferentes), é preciso explicar as razões para as diferenças de forma clara
à PAP e à comunidade desde o inicio. Na medida do possível, devem-se estender os benefícios da
infra-estrutura social e serviços melhorados a toda a comunidade, em vez de limitar à PAP.
Sem mitigação
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 125
Sem mitigação, a significância do projecto será “negativa alta”, considerando que o impacto pode ser
grave a nível regional, particularmente na fase de operação.
Com mitigação
Com mitigação, a significância do projecto será “negativa baixa”, tendo em conta que o impacto sõ
será sentido na área do projecto.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Regional Grave Definitiva MODERADA
Com mitigação Curto prazo Área de Moderada Pode ocorrer BAIXA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Médio Regional Grave Definitiva ALTA
prazo
Com mitigação Curto prazo Área de Ligeira Pode ocorrer BAIXA
estudo
Medidas de mitigação
Sem melhoria
Caso medidas de melhoria não sejam implementadas, a importância do projecto será "positiva
baixa”, considerando que este impacto não será substancial ou sustentável.
Com melhoria
Caso medidas de melhoria sejam implementadas, a importância do projecto será "positiva moderada
", considerando que as oportunidades de trabalho também existem na fase de operação.
Declaração de significância
Medidas de melhoria
Priorizar a mão-de-obra local das comunidades na área do projecto e comunidades vizinhas, com
igualdade entre os sexos. Devido à falta de projectos de mineração anteriores na área, pode
haver falta de mão-de-obra qualificada. Mão-de-obra não qualificada poderá estar disponível
para tarefas simples como abertura de valas e segurança. Com a oferta de formação técnica,
mão-de-obra qualificada pode estar disponível para tarefas técnicas mais simples e operação de
maquinaria.
Se for tomada a decisão de utilizar os bens disponíveis localmente, será necessário aumentar a
produção local para atender às necessidades e padrões do projecto, sem interferir com a
subsistência da população local (especialmente itens alimentícios). Isso pode estimular os
fornecedores de serviços locais, fortalecer a economia local e transformar a área do projecto num
pólo de desenvolvimento para o distrito. O rendimento obtido com a prestação de bens e serviços
para o projecto, ao longo da sua operação, também pode ajudar a melhorar os padrões de vida das
comunidades na área do projecto.
Sem melhoria
Caso medidas de melhoria não sejam implementadas, a importância do projecto será "positiva
baixa", considerando que pode não haver mudanças significativas para a economia atual na área do
projecto.
Com melhoria
Caso medidas de melhoria sejam implementadas, a importância do projecto será " positiva alta",
considerando que o impacto pode impulsionar a economia regional.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA
Com mitigação Curto prazo Área de Benéfica Provável MODERADA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Curto prazo Localizado Moderada Pode ocorrer BAIXA
Com mitigação Médio Regional Benéfica Provável ALTA
prazo
Medidas de melhoria
Contratantes e operadores mineiros devem preferir culturas locais, carnes e peixes produzidos
localmente para se alimentar e à sua equipe.
Contratantes e operadores mineiros devem preferir materiais locais para a construção dos seus
acampamentos de empresas ou indivíduos locais.
Contratantes e operadores mineiros devem preferir serviços locais tais como a preparação de
alimentos, limpeza de instalações e lavandaria;
Se necessário, e caso a população local mostre interesse, providenciar formação e contributos
para a produção de alimentos, materiais de construção e prestação de serviços localmente para
o projecto.
A casa típica na área do projecto é feita de canas, lama-e-paus e telhados de colmo, e carece de
serviços sociais básicos, tais como estradas, saúde, escolas, abastecimento de água potável,
saneamento e eletricidade. Com base nisto, e caso a necessidade de reassentamento seja
confirmada, os PAP devem beneficiar de casas melhores, mais seguras e de infraestruturas/serviços
sociais. Estes últimos irão também beneficiar a comunidade em que vivem os PAP. A oferta de
habitação, serviços sociais e de planeamento territorial, beneficiando tanto os PAP como a
comunidade de hospedagem deverá ter lugar antes do início da fase de construção.
Sem melhoria
Caso medidas de melhoria não sejam implementadas, a importância do projecto será "positiva
baixa", considerando que não haverá nenhuma mudança significativa em relação aos níveis actuais
de condições habitacionais e de oferta de serviços sociais.
Com melhoria
Caso medidas de melhoria sejam implementadas, a importância do projecto será "positiva alta",
considerando-se que pode haver uma melhoria regional na oferta de serviços sociais.
Declaração de significância
Fase de Construção
Sem mitigação Curto prazo Localizado Ligeira Improvável BAIXA
Com mitigação Curto prazo Área de Benéfica Provável MODERADA
estudo
Fase de Operação
Sem mitigação Curto prazo Localizado Ligeira Improvável BAIXA
Com mitigação Curto prazo Localizado Benéfica Improvável MODERADA
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 129
Medidas de melhoria
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Regional Severa Provável ALTA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.5: Aumento de doenças ocupacionais resultantes de actividades de construção
Construção Curto prazo Localizado Moderada Provável BAIXA Pode ocorrer BAIXA
Operação Longo prazo Localizado Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 6.6: Exploração da mão-de-obra
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Pode ocorrer BAIXA Improvável BAIXA
Operação Médio prazo Regional Moderada Pode ocorrer MODERADA Improvável BAIXA
Impacto 7.1: Elevadas expectativas sobre os benefícios do projecto
Construção Curto prazo Área de estudo Moderada Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Área de estudo Severa Provável MODERADA Pode ocorrer BAIXA
Impacto 7.2: Conflitos a nível comunitário devido a diferenças nos benefícios do projecto
Construção Curto prazo Regional Severa Definitiva ALTA Pode ocorrer BAIXA
Operação Médio prazo Regional Severa Definitiva ALTA Pode ocorrer BAIXA
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOCIAL 133
Criar sinergias, com o objetivo de maximizar os impactos positivos para as comunidades locais
(responsabilidade social, infraestruturas, empresas e serviços abertos às comunidades locais); e,
Evitar aumentar os impactos negativos sobre o meio ambiente biofísico, incluindo os recursos da
terra, da floresta e da água, que são importantes para a subsistência e economia das populações
locais.
A necessidade de sinergias foi sublinhada pelas autoridades distritais entrevistadas, que apontaram
que, em relação aos serviços sociais por exemplo, o governo pode ser capaz de fornecer os recursos
humanos para a infraestrutura social construída pelos proponentes do projecto (por exemplo,
professores de uma escola). Ambas as autoridades dos distritos de Moatize e Chiúta manifestaram
interesse em estabelecer parcerias com o projecto para o desenvolvimento de serviços sociais e de
infraestrutura; tal como já está a acontecer com outros projectos de desenvolvimento na área. Foi
enfatizado ainda que os benefícios dos projectos económicos deve beneficiar o distrito como um
todo, em vez de apenas a área do projecto. Este equilíbrio, entre distrito e área do projecto, terá que
ser alcançado na concepção das medidas de PAR e de compensação pelas perdas causadas pelo
projecto.
A Figura 45 abaixo mostra algumas das concessões de mineração nas proximidades da área do
projecto. Não foi possível representar as concessões de madeira, devido à falta de dados de
georreferências do governo distrital.
134 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL
7 REFERÊNCIAS
Barnard, A. & Spencer, J. (2003). Encyclopedia of Social and Cultural
Anthropology. London: Routledge.
Cossa, R. (2008) Legal and Policy Reforms to Increase Security of Tenure and
Improve Land Administration. The World Bank.
COWI para CES (2014). Cultural Heritage Report for the Iron Ore Project – Draft
version.
COWI para CES (2014b). Social and Cultural Impact Assessment for the Iron Ore
Project: Field Report, Qualitative Component.
José, David S. & Sampaio, Carlos H. (sem data). Estudo da arte da mineração em
Moçambique: caso carvão de Moatize, Tete. Disponível online em:
http://www.ufrgs.br/rede-carvao/Sess%C3%B5es_A7_A8_A9/A9_ARTIGO_03.pdf
S. Rutstein, S. & K. Johnson (2004). The DHS Wealth Index. DHS Comparative
Reports No. 6.
Save the Children UK and Norway. (2006). A bridge across the Zambezi.
Nacional País 3
Internacional Internacionalmente 4
* Severidade Beneficio
Ligeira Impacto ligeiro no sistema Ligeiramente benéfico no 1
afectado (s) ou parte (s) sistema afectado (s) ou
parte (s)
Moderada Impacto moderado no sistema Um impacto com verdadeiro 2
afectado (s) ou parte (s) benefício para o sistema
afectado (s) ou parte (s)
Severa/ benéfica Impacto severo no sistema Um benefício substancial 4
afectado (s) ou parte (s) para o sistema afectado (s)
ou parte (s)
EFEITO
Pressupostos e Limitações
As seguintes limitações são inerentes à metodologia de classificação:
Componentes do projecto
A avaliação de impacto feita foi baseada nos detalhes do projecto fornecidos pela
CES. Diante da falta de informação sobre os componentes do projecto, assumiu-
se que todas as actividades de construção serão concluídas dentro de um prazo
de 5 a 20 anos.
Juízos de valor
Esta escala tenta fornecer um equilíbrio e um rigor para avaliar a significância dos
impactos. No entanto, a avaliação da significância dum impacto depende
fortemente dos valores da pessoa que faz o julgamento. Por esta razão, os
impactos de natureza social, em particular, precisam reflectir os valores da
sociedade afectada.
Impactos Cumulativos
Sazonalidade
Baixa
Moatize 18 20 29 17 16
Média baixa
Média
Chiúta 22 21 16 17 24 Média alta
Alta
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Mulher 51 20 12 8 8 Baixa
Média
baixa
Média
Homem 14 20 25 19 22
Média
alta
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Figura 47: Quintis de riqueza por género do Chefe do Agregado – área do projecto
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 146
60
50
Idade do Chefe do Agregado
50
42
40 40
40
35
(anos)
30
20
10
0
Baixa Média baixa Média Média alta Alta
Figura 48: Quintis de riqueza por idade do Chefe do Agregado – área do projecto
Viúvo 64 14 14 7
Separado/divorciado 38 38 13 13
Solteiro 27 24 21 12 16
0% 50% 100%
Figura 49: Quintis de riqueza por estado civil do Chefe do Agregado– área do projecto
Desempregado (procurando… 13 21 20 30 17
Auto-emprego 29 16 24 12 20
Trabalho sazonal 14 43 14 29
Emprego informal 4 36 24 8 28
Emprego formal 9 6 29 15 41
0% 50% 100%
Mulher 57 17 4 9 13 Baixa
Média baixa
Média
Média alta
Homem 15 22 18 19 26
Alta
Viúva 60 20 20
Separado/ divorciado 50 50
União de facto 14 26 19 19 23
Baixa
Média baixa
Casamento misto 100
Média
Casamento tradicional 17 16 17 16 33 Média alta
Alta
Casamento religioso 100
Solteiro 37 16 16 26 5
0% 50% 100%
100
90
80
70
60
48
%
50
40 38
40 37
36
30
20
10
0
Baixa Média baixa Média Média alta Alta
Mulher 46 23 19 8 4 Baixa
Média baixa
Média
Média alta
Homem 12 19 31 19 18
Alta
Viúvo 67 11 22
Separado/divorciado 50 50
União de facto 6 15 32 29 18
Baixa
Casamento misto 100 Média baixa
Média
Casamento tradicional 14 19 32 22 14
Média alta
Casamento religioso 33 33 33
Alta
Casamento civil 100
Solteiro 23 27 23 6 21
100
90
80
70
60 53
%
50 43
41 41
40
34
30
20
10
0
Baixa Média baixa Média Média alta Alta
1 Introdução
A componente de pesquisa que se descreve no presente documento faz parte do
58
Estudo de Impacto Social e Ambiental (ESIA) para Projecto de Ferro-Guza a ser
implementado pela Capitol Resources nos Distritos de Chiúta e Moatize.
A mobilidade;
Os aspectos de género;
Os grupos vulneráveis;
58
Gusa é uma liga de Ferro e Carbono.
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL151/189
2 Área do Projecto
A área do projecto é composta por uma área de concessão mineira e uma estrada,
nos distritos de Chiúta e Moatize, província de Tete. Na área do projecto, onde o
padrão de povoamento é disperso, foram identificas dez (10) comunidades ou
assentamentos humanos para a recolha de dados qualitativos, nomeadamente:
1. História da comunidade;
2. Mapeamento da mobilidade;
Cada discussão de grupo focal deverá ser feita com um número limitado de
participantes (idealmente 8-10), conduzida por um moderador com o apoio de um
tradutor local que deverá ser fluente na língua falada na comunidade. O
moderador deverá tomar notas escritas e fotografia de cada grupo focal.
4 Documentos a recolher
A tabela abaixo sumariza as entrevistas e grupos focais que vão ser conduzidos no âmbito do estudo
qualitativo:
3) Comunidade 3 Muchena
4) Comunidade 4 Pondandue
5) Comunidade 5 Matakale
6) Comunidade 6 Mbuzi
7) Comunidade 7 Tenge
8) Comunidade 8 Nambia
157
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 158
158
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL159/189
Introdução
Bom dia (boa tarde), o meu nome é _________________________________ e trabalho com a COWI, Lda.,
uma empresa de pesquisa moçambicana. Estamos a conduzir um Estudo de Impacto Social, requerido pela
empresa CES, para um projecto de mineração de ferro nos distritos de Chiúta e de Moatize, da empresa
Capitol Resources . Para tal um dos objectivos deste estudo é conhecer melhor as dinâmicas sócio-
económicas das comunidades que se localizam na área do projecto.
Especificamente,estamos interessados em conhecer quais são os principais serviços e recursos existentes
nestas comunidades.
É nesse contexto, que gostaríamos de entrevistar o/a Sr/a para obter informações sobre o sector de infra-
estruturas sociais neste Distrito.
A informação fornecida nesta entrevista só será utilizada para o propósito da análise aqui em estudo, não
sendo os dados do entrevistado divulgados ou utilizados para outros fins.
159
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 160
Prestação de serviços
1. Para iniciar gostaríamos de saber quais são os tipos de infra-estruturas e serviços sociais existentes
(educação, saúde, água, saneamento, electricidade) na área do projecto (Tenge-Ruoni, P.A.)?
4. Serviços futuros: quais são os objectivos a médio e a longo prazo do seu sector ao nível do Posto
Administrativo de Kazula? Metas? Planos de aumento de cobertura? Novas infra-estruturas? Onde?
Quando?
5. Desafios: quais são os principais desafios para atingir estes planos futuros? Como pensam
responder aos desafios? Com o apoio de quem?
6. Já ouviu falar deste projecto de mineração de ferro da empresa Capitol Resources, na zona de
Tenge-Ruoni?
7. Qual é a sua opinião geral sobre este projecto de mineração de ferro? Porquê?
160
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL161/189
Introdução
Bom dia (boa tarde), o meu nome é _________________________________ e trabalho com a COWI, Lda.,
uma empresa de pesquisa moçambicana. Estamos a conduzir um Estudo de Impacto Social, requerido pela
empresa CES, para um projecto de mineração de ferro nos distritos de Chiúta e de Moatize, da empresa
Capitol Resources . Para tal um dos objectivos deste estudo é conhecer melhor as dinâmicas sócio-
económicas das comunidades que se localizam na área do projecto.
Especificamente,estamos interessados em conhecer quais são os principais serviços e recursos existentes
nestas comunidades.
É nesse contexto, que gostaríamos de entrevistar o/a Sr/a para obter informações sobre o sector de infra-
estruturas sociais neste Distrito.
A informação fornecida nesta entrevista só será utilizada para o propósito da análise aqui em estudo, não
sendo os dados do entrevistado divulgados ou utilizados para outros fins.
161
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 162
1. Para iniciar gostaríamos de saber quais são as actividades económicas principais da população no
distrito e na área do projecto (Posto Administrativo Kazula, zona de Tenge-Ruoni)? Onde são
praticadas? Percentagem da população envolvida?
2. Quais são as principais formas de uso da terra, no distrito e na área do projecto (Posto
Administrativo Kazula, zona de Tenge-Ruoni)?
3. Serviços futuros: quais são os objectivos a médio e a longo prazo do seu sector (Actividades
Económicas) ao nível da área do projecto (Posto Administrativo de Kazula e zona de Tenge-Ruoni)?
Metas? Onde? Quando?
4. Desafios: quais são os principais desafios para atingir estes planos futuros? Como pensam
responder aos desafios? Com o apoio de quem?
Estrutura Administrativa
5. Qual é a estrutura administrativa da área do projecto (Posto Administrativo de Kazula/ fronteira com
distrito de Moatize)?
6. Quantos regulados e quantos povoados existem na área do projecto? Quantos habitantes têm?
7. Já ouviu falar deste projecto de mineração de ferro da empresa Capitol Resources, na zona de
Tenge-Ruoni??
8. Qual é a sua opinião geral sobre este projecto de mineração de ferro? Porquê?
162
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL163/189
Objectivos:
Relatar a história da comunidade;
Recolher os principais movimentos migratórios que marcaram a comunidade;
Recolher os grandes acontecimentos que marcaram a história da comunidade (secas,
doenças, conflitos);
Para iniciar a “conversa” o moderador deverá dizer que está interessado em conhecer a história
da comunidade: em conhecer quando é que eles para ali vieram, por que razão, como ali se
instalaram; quais os acontecimentos que mais marcaram aquela comunidade, e de que forma
deixaram essa marca.
Essas questões servirão para lançar a conversa que o moderador deixará seguir, colocando
outras questões exploratórias, como por exemplo:
Conflitos locais:
Houve algum grande conflito na comunidade?
Que tipo de conflito era?
O que causou o conflito? Quais as razões para o conflito?
Quem esteve envolvido no conflito?
Como foi solucionado o conflito? Quem esteve envolvido na solução (pessoas,
instituições)?
Hoje em dia, quando há conflitos na comunidade, como se resolvem?
Grandes crises:
163
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 164
No início do exercício o moderador desenha uma linha numa folha de flipchart, colocada na
horizontal, e explica aos participantes que o início da linha marca o início da história da
comunidade, e que o fim da linha marca o ano actual (2014). Explica também que vai querer
mostrar ao longo da linha os principais acontecimentos que marcaram a vida da comunidade.
À medida que os participantes vão narrando a história da comunidade (origem mítica, dinâmica
populacional, conflitos, crises), o moderador escreve cada um dos episódios narrados num post-
it e coloca-o o mais perto possível do período temporal mencionado pelos participantes.
Mineração:
o Aqui na comunidade, ou perto, já houve pessoas que vieram praticar
mineração?
o Quando foi isso?
o Quem eram essas pessoas?
o Como foi essa experiência (de mineração) para a comunidade (explorar
consequências positivas e negativas?
o Essa experiência de mineração trouxe problemas à comunidade? Que tipo de
problemas?
o Como foram resolvidos os problemas?
Deslocação (devido por exemplo a calamidades naturais):
o Aqui na comunidade, ou perto, já houve pessoas que tiveram de deixar as suas
casas para ir morar noutro sítio?
o Porque (causas/ razões) tiveram de deixar as suas casas?
o Quando foi isso?
o Para onde foram?
o Como isso aconteceu?
o Como ficaram as pessoas, depois de terem ido para o novo sítio? (explorar se
os padrões de vida mantiveram-se, melhoraram ou deterioraram, e se
mantiveram ou não os laços com o local ou a comunidade de origem)
164
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL165/189
Objectivos:
Identificar e delimitar a área que corresponde à aldeia/comunidade;
Identificar os locais religiosos e sagrados importantes para a comunidade;
Atribuir a importância de cada local identificado;
Identificar as práticas, actores e momentos associados a esses locais.
De seguida o moderador coloca uma folha de flipchart em branco no chão, visível a todos os
participantes. Pede aos participantes que imaginem que a folha seja a sua
comunidade/bairro/aldeia. Pergunta pelos limites da comunidade (onde termina a comunidade,
em cada direcção) e pede aos participantes para marcarem os limites nos extremos da folha. De
seguida, pergunta qual é o lugar mais importante da comunidade, onde fazem cerimónias ou
eventos da comunidade, e pede aos participantes que situem esse lugar no mapa. Em seguida,
pede-lhes que identifiquem outros lugares importantes e que os situem igualmente no mapa.
Após explorar os lugares cerimoniais da comunidade, faz o mesmo para os lugares onde só
algumas pessoas podem ir (ex. cemitérios, matas sagradas para curandeiros, ritos de iniciação)
ou lugares onde ninguém pode entrar. O moderador deixa o grupo fazer o exercício sem intervir.
Por fim, moderador pede ao grupo que apresente o mapa em plenária e discute o seguinte:
Quais são os limites de comunidade?
Por que razão cada um destes lugares é importante? O que se faz nesses lugares?
(explorar práticas e rituais)
o Quem organiza, participa ou orienta a cerimónia/ evento?
o A cerimónia/evento deve ser praticada apenas nesse local ou pode ser feito
noutro local?
Quem tem acesso (pode entrar) nesses lugares sagrados?
Quem não tem acesso (não pode entrar) nesses lugares sagrados? Porquê?
Onde é que os membros de comunidade (mulheres / homens / jovens) se costumam
encontrar? Em que momentos (no dia-a-dia)?
Cemitérios:
o Existem cemitérios formais (públicos/ geridos por um serviço local) e cemitérios
familiares? (tentar localizar alguns e georreferenciar)
o Os cemitérios são utilizados ou actualmente estão fechados?
o Quem controla o uso dos cemitérios?
o Quem usa os cemitérios?
o Se o cemitério ou uma campa tiver de sair desta zona, como isso deve ser feito?
165
9 GUIÃO PARA GRUPO FOCAL -
MATRIZ DA HIERARQUIA DE
AUTORIDADE
Data:___/____/2014 Comunidade/ Distrito:______________________________
Objectivos:
1. Identificar e delimitar a área que corresponde ao bairro ou à aldeia;
2. Identificar os locais considerados importantes para a comunidade
(machambas, mercados, florestas, rios, locais sagrados, cemitérios, etc.) e
a razão da sua importância;
3. Identificar o tipo de relação que a comunidade tem com o espaço físico.
Metodologia:
O moderador inicia explicando os objectivos da actividade.
Por fim, moderador pede ao grupo que apresente o mapa em plenária e discute o
seguinte:
Por que razão os lugares apresentados são importantes? O que se faz
nesses lugares?
Quando adequado, perguntar sobre os recursos associados a esses lugares
(ex. o que se cultiva na machamba?)
Uso da terra: onde são as áreas residenciais? As áreas de cultivo
(machamba)? As áreas de pastagem? As áreas de pesca? As áreas de
extracção de recursos naturais (carvão, lenha, minas)?
Onde é que os membros de comunidade (mulheres / homens / jovens) se
costumam encontrar? Em que momentos (no dia-a-dia)?
Objectivos:
1. Identificar as dinâmicas populacionais e fluxos migratórios do passado e presente da
comunidade;
2. Identificar a atitude da comunidade perante a emigração e a imigração;
3. Identificar possíveis conflitos associados à migração, em particular experiências passadas
vividas pela comunidade/ membros desta com novos membros na comunidade ou em
comunidades para onde membros da comunidade tenham migrado.
Metodologia:
O moderador inicia explicando os objectivos da actividade.
De seguida o moderador inicia uma discussão em plenária, da qual toma notas escritas. Explica que,
depois de mapear os serviços e recursos importantes para a comunidade, quer falar sobre as
pessoas que entram e saem da comunidade e de que modo isso afecta a comunidade.
168
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL169/189
Objectivos:
1. Identificar os principais problemas vividos na comunidade;
2. Identificar as expectativas, preocupações e recomendações, do ponto de vista da
comunidade, em relação ao projecto;
3. identificar soluções/ medidas que podem mitigar os impactos negativos do projecto e
potenciar os seus impactos positivos, bem como o papel da comunidade no processo.
Metodologia:
O moderador inicia explicando os objectivos da actividade.
De seguida o moderador explica que, após se falar a mobilidade na comunidade, gostaria de ter uma
última conversa sobre o projecto de mineração do ferro que se pretende implementar na zona.
O moderador coloca uma folha de flichart no chão, na horizontal, de modo visível aos participantes.
Divide-a em quatro colunas. Pede aos participantes que digam quais são os principais problemas
que afectam/ reduzem a qualidade de vida na comunidade, e lista-os na primeira coluna à esquerda
(“Problemas”).
Após completar a coluna “Problemas”, o moderador explica que a segunda coluna indica o número
de pessoas afectadas pelo problema (“Volume da população afectada”) e a terceira coluna a
gravidade do problema para a comunidade (“Gravidade do problema”). Os participantes devem
completar a 2ª e 3a colunas, para cada problema listado. Para tal, devem-lhe ser dadas 10 pedrinhas
e explicado que, para cada problema, devem marcar na coluna 2 com as pedrinhas o número de
pessoas afectadas pelo problema, numa escala de 1 a 10 em que 1 é “quase nenhuma pessoa da
comunidade” e 10 “muitas pessoas da comunidade”. Tendo completado a coluna 2, sempre no
mesmo problema, passam para a coluna 3: são-lhes dadas mais 10 pedrinhas e explicado que
devem marcar com as pedrinhas a gravidade do problema para a comunidade, numa escala de 1 a
10 em que 1 é “pouco grave” e 10 “muito grave”. Após completadas as colunas 2 e 3, o moderador
faz a soma das pedrinhas na coluna 2 e escreve o total dentro da célula, repete o mesmo para a
coluna 3. Após isto soma o total de 2 e 3 para obter a pontuação total do problema e anota-o na
respectiva célula da coluna 4.
O moderador repete estes passos para cada um dos problemas listados, sem interferir com o
processo de pontuação problema a problema pelos participantes.
No fim do exercício, obtém-se uma tabela como exemplificado abaixo. O moderador explica como
interpretar o resultado da tabela: as pontuações totais mais altas indicam que esses são os
problemas mais sérios, e as mais baixas os problemas menos sérios. De seguida o moderador
pergunta aos participantes se concordam com o resultado final da tabela. Caso não concordem com
algum resultado, o moderador deve explorar porquê e tomar notas escritas da discussão.
169
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 170
Não há Posto de
Saúde 20
Quando chove a
estrada fica má e não 12
se passa
Desemprego
15
Posto isto o moderador pergunta de que maneira o projecto de mineração de ferro pode afectar cada
um dos problemas listados, de modo positivo (resolvendo-os ou mitigando-os) e de modo negativo
(aumentando-os).
170
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL171/189
171
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 172
Comunidade Distrito Localização Afectada História da Comunidade Mapeamento Mapeamento de Uso do Solo Locais Históricos e Socialização
da Mobilidade Serviços e Sagrados
Recursos
- Origem: migrantes de - Passado e - Estrada para - Principal: - Montanhas sagradas - Todos: local
Macanga, à procura de solo Presente da Moatize agricultura para cerimónia da e ponto de
fértil. Cresceram após a guerra Imigração: - rio (Revubue) e - separação de chuva, cerimónia da encontro da
de 1976-1992, refugiados Cresceram regos (consumo de areas para a agricultura e culto aos comunidade
internos à procura de solo fértil. após a guerra água, irrigação, agricultura e antepassados. Entrada - Mulheres: rio
- Etnicamente diversificados de 1976-1992, pesca, água para o para a proibida.
Nhungwe, Sena, Malawiano, refugiados gado) pastagem de - Locais sagrados não
descendentes de colonos internos à - igreja católica gado + podem ser transferidos
portugueses). procura de solo - machamba extração de para outros locais (as
- Crises: seca, fome, doenças. fértil. - estábulo lenha cerimónias não irão
- Nenhuma experiência em funcionar).
mineração ou reassentamento. - cemetérios: apenas
para membros da
Estrada de comunidade (montanha
Mboza transporte Directamente sagrada), outro público.
- Origem: trabalhadores - Imigração faz - Rio Revubue - Principal: - Árvore e Montanha - Mulheres:
migrantes de Manica, alojados parte da (consumo de água, agricultura sagrada (cerimónia de machamba,
e satisfetios com o solo fértil história da terreno de irrigação - separação de chuva com Tsato, rio/fonte de
- crises: Guerra de 1976-1992 comunidade agrícola, pesca) áreas para a cerimónia da madeira). abastecimento
('83), luta de libertação, - presente: - montanha sagrada agricultura e Nova árvore cerimonial de água,
doenças (malária, cólera, mais - área para a poderá ser escolhida se moinho,
Tenge- Área de disenteria, unidade hospitalar imigrações abastecimento de pastagem de a árvore anterior for floresta/
Makodwe Moatize Concessão Directamente distante), secas e cheias. (agricultura) do água gado + queimada. extração de
172
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL173/189
Comunidade Distrito Localização Afectada História da Comunidade Mapeamento Mapeamento de Uso do Solo Locais Históricos e Socialização
da Mobilidade Serviços e Sagrados
Recursos
- experiência temporária de que a - floresta (terreno, extração de - cemitérios públicos lenha.
desajolamento devido à emigração caça, precipitação) lenha (separação de áreas - homens:
Guerra, mas nenhum (busca de - escola para adultos/ crianças). barracas
alojamento permanente. emprego) - moinho Sepulturas poderão ser
- experiência de mineração: transferidas com
Capitol 2011. autorização do chefe
comunitário. .
- igreja
- Origem: migrantes de - As pessoas - Escola primária (1a - Principal: - Igrejas - Na sua
Chidzolomondo, à procura de partiram para a e 2a classe) agricultura. - cemitérios (2 para totalidade:
solo fértil, área inabitada cidade de Tete, - poço (actualmente Terrenos adultos e 2 para grande árvore
- crises: guerra (luta de Malawi, quebrado) agrícolas crianças). Cemitérios nteme,
libertação de '71, 1976-1992 Zâmbia, - moinho próximos ao não poderão ser moinho
guerra de '82), fome ('83), seca Zimbábue - machamba rego. Comida e transferidos. - mulheres:
('89), disenteria ('94), cheias devido à guerra (comida e lenha) lenha. - locais sagrados (rocha, machamba,
(2005), ataques de elefantes pós - rio (pesca, água - conflito baobá, monte dos leões, rio, igreja
(recentemente). independência. para o gado, homem/animal, montanha Muniamba): - homens:
- experiência prévia de Retornando irrigação) embora não cerimónia da chuva com machamba,
prospecção de recursos depois de '92 - encontro da haja disputa de Tsato, autorização momentos de
minerais, mas sem mineração. - Actualmente: comunidade na terreno. concedida para os celebração.
- experiência prévia de recebe árvore estrangeiros exercerem
desalojamento devido à fome e imigrantes à - igrejas mineração.
as cheias, mas sem procura de solo
Mbuzi Directamente assentamento permanente. fértil.
- Origem: migrantes de Mbuzi à - As pessoas - Terrenos agrícolas -Principal: - Igreja Abdulahamu - todos: árvore
procura de solo fertile, partiram para (próximos aos agricultura. - Montanha (cerimónia Ntalala
satisfeitos com o solo e a Tete, Malawi, regos) Terrenos da chuva Tsato,relação - mulheres:
proximidade com o rego de Zâmbia, - rio (pesca, água agrícolas da cobra com os terrenos
Chianga.O nome provém do Zimbábue para a irrigação) localizados antepassados) agrícolas e na
rego. devido à guerra - floresta (consumo junto aos - árvore ceremonial recolha de
- Crises: guerra (1976-1992), pós e venda de Madeira) quintais da Ntalala (também é ponto água ao rio
fome ('83, '92, '05), disenteria independência. casa e aos de encontro da - homens: nas
('93), malária (2012) e conflitos Retornando regos comunidade) barracas ou
homem-animal (ataques de depois de '92 - conflito - cemitérios públicos de na casa do
elefantes aos terrenos homem-animal Massamba and Mbuzi amigo
agrícolas, 2014), cheias (ataques de (próximos)
(inundações às machambas elefantes aos
2008) terrenos
- experiência prévia de agrícolas,
prospecção de recursos 2014).
minerais, mas sem mineração.
- experiência prévia de
desalojamento devido à fome e
as cheias, mas sem
Chianga Chiúta Directamente reassentamento permanente.
173
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 174
Comunidade Distrito Localização Afectada História da Comunidade Mapeamento Mapeamento de Uso do Solo Locais Históricos e Socialização
da Mobilidade Serviços e Sagrados
Recursos
- Origem: migrantes de Zumbo/ - As pessoas - Próximos ao: regos - separação de - Ruínas de prisões - todos: árvore
Macanga, satisfeitos com a boa partiram para a de Revubuè áreas para a coloniais (ntowe),
zona de habitação. cidade de Tete, - bomba manual de agricultura e - carro à vapor encontros da
- Presença Colonial, luta de Malawi, água para a - igrejas comunidade
libertação ('71), 1976-1992 Zâmbia, - mercado pastagem de - árvores sagradas - mulheres:
guerra ('82). Zimbábue - rio (água para gado (proteção dentro do cemitério terrenos
- crises: Guerra, cólera. Não há devido ao consumo, irrigação, das plantações (cerimónia da chuva agrícolas,
conflitos de terreno. tratamento de pesca) contra animais) Tsato, culto aos bombas
- não há experiência de doenças - posto de saúde - madeira: antepassados, manuais de
mineração (regime colonial (para além da casa lenha (e anualmente) abastecimento
- não há experiencia de / ataques do Chefe da carvão) e - local de ritos de de água
reassentamento involuntário armados/ Localidade) materiais de iniciação (entrada - homens:
(desalojamento temporário guerra). - madeira: lenha (e construcção proibida na floresta) locais de
devido à guerra mas sem Retornando carvão) e materiais - posse da - lago (punição) consumo de
reassentamento permanente) depois de '92 de construcção. terra: - cemitérios (público, bebidas
- imigração customizada próximo ao rio e aos
(trabalho/Tete) terrenos agrícolas)
e emigração - sepulturas
(agricultura) (antepassados):poderão
acontecendo ser transferidos, mas
ainda nunca terá acontecido.
- Chewa (local) Deverão ser feitas
e Nhugue cerimónias.
Muchena Directamente (viente)
- Origem: migrantes do Chipire, - '85: - Machamba - Terreno: - Montanhas e árvores - ponto de
à procura de solo fértil. desalojamento - montanhas e agricultura, sagradas para encontro das
- Luta de libertação, 1976-1992 forçado para árvores sagradas pastagem de cerimónia da chuva mulheres:
guerra ('85). Kazula. - cemitérios gado, lenha Ndzingoe com Tsato. machamba,
- crises: guerra, seca Ataques - Escola - separação da Locais cerimoniais não rio/ recolha de
- conflictos man/animal. Sem armados, as - rio, regos área para deverão ser água.
disputa de território. pessoas (consumo de água, agricultura e transferidos. - ponto de
- experiência de desalojamento partiram para irrigação, pesca, da área para - cemitérios (2): um para encontro dos
voluntário e forçado (seca e Tete, Malawi, água para o gado) pastagem + adultos, um para homens:
guerra) mas sempre retornado. Zâmbia, - igrejas extração de crianças. Públicas. barracas
- experiência prévia de Zimbábue - área de pastagem lenha Sepulturas poderão ser
prospecção mineral (2008). - Imigração: - estábulos removidas dependendo
Qualidade fraca do carvão fez solo fértil da concordância da
com que a mineração (passado e família, culto aos
terminasse. Foi postivo devido presente), antepassados e
a possibilidade de empregar seca, guerra compensação
mão-de-obra local. (passada) financeira.
- nenhuma experiência de provenientes - igrejas
reassentamento permanente. de localidades
próximas.
Nhambia Diirectamente - hoje em dia:
174
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL175/189
Comunidade Distrito Localização Afectada História da Comunidade Mapeamento Mapeamento de Uso do Solo Locais Históricos e Socialização
da Mobilidade Serviços e Sagrados
Recursos
emigração
temporária
(casamento)
- Origem: migrantes de áreas - Parte de - Estrada para a - Machambas - Montanhas Chitongue - Ponto de
próximas, à procura de solo origem mítica cidade com pontes. nas margens com Tsato: cerimónia da encontro de
fértil - hoje-em-dia: - rio (consumo de dos rios, regos. chuva Colole mulheres:
- Presença colonial, luta de maior água,pesca, água - duas (participação de toda a machamba e
libertação, guerra de1976- imigração para o gado, empresas comunidade). nas fontes de
1992. Ataques armados: as (trabalho) do irrigação) activas de - Locais cerimonias não água.
pessoas partiram para a cidade que emigração - escola Madeira podem ser transferidos. - ponto de
de Tete, Malawi, Zâmbia, (casamento, - igreja (fonte de serrada na – cerimônias da chuva encontro de
Zimbábue trabalho) ajuda) área. também são realizadas homens:
- Crises: guerra, cólera, fome, - Posto de Saúde - Montanhas nos regos. mercado,
seca Kazula (medicação, Chitongue: -cemitérios: um para barracas.
- conflito territorial devido ao cloro para surtos de mineração adultos e um para - todos: nas
projecto. Matacale proclamou cólera) (Capitol) crianças. Públicas. sombras das
ser proprietário do local mas - floresta (chuva, - Sepulturas não devem mangueiras.
não terá sido beneficiado, ao paus de madeira ser transferidas.
contrário de Massamba. O para construcção,
Chefe do Posto Administrativo lenha).
verificou os limites territoriais e - montanha com
provou que o local pertencia ao recursos minerais
Matacale, que agora está a (atraem companhias
beneficiar com o projecto. mineiras que
- 2009: Capitol inicia a empregam mão-de-
mineração. Boa experiência, obra local)
empregou-se mão-de-obra - mercado
local (embora tenha havido - bomba de água
conflitos com Massamba). - cemitério público(1
- experiência temporária de para adultos, 1
desalojamento (guerra), sem crianças)
reassentamento involuntário
Matacale Directamente permanente.
- Origem: migrantes Sena, - Passado: - Escola primária - Principal: - Cemitério público Todos:
satisfeitos com a fertilidade do emigração para completa agricultura - cemitério familiar/ ritos sombra das
solo e com os animais de caça fazendas - Machamba - separação do de iniciação para magueiras/
- crises: cheias, fome, guerra Zimbabweanas, - lagoa e regos terreno para rapazes. Madgiga
(luta de libertação '63, guerra desalojamento (consumo de água, agricultura, - árvores Mteme / ritos
de 1976-1992), anemia devido à guerra pesca e irrigação) pastagem de de iniciação para
- experiência de prospecção civil - Floresta (lenha, gado e meninas
mineral: prospecção - hoje-em-dia: paus de madeira) extração de - Rego Canditi / culto
(Gondwana, 2009), exploração procura de lenha. dos antepassados
(Capitol, 2010) emprego na - Floresta: - É possível remover
- não há experiência de cidade de Tete, lenha e paus sepulturas após
Massamba Indirectamente reassentamento permanente Malawi. de madeira autorização, rituais e
175
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 176
Comunidade Distrito Localização Afectada História da Comunidade Mapeamento Mapeamento de Uso do Solo Locais Históricos e Socialização
da Mobilidade Serviços e Sagrados
Recursos
compensação
monetária.
176
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL177/189
177
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 178
Comunidade Distrito Localização Afectada Actividades Matriz de Grupos Casa e vizinhança Coesão Social Árvore de análise de
Económicas Hierarquia de Vulneráveis Problemas
Autoridade
- Principal: 4 bairros Crianças órfãs - 3 quartos (sala de - Conflitos - Projecto deve comunicar
agricultura (milho, - matriz de estar + 2 quartos (domésticos, e coordenar com a
amendoim, milho- autoridade: de dormir). Feitos violência, comunidade.
miúdo, feijão- 1. líder da com lama e paus embriaguez), - comunidade: preocupação
frade, batata comunidade nfumo de madeira. resolvidos acerca do reassentamento
doce, cassava) (solucionador de - quintal: cozinha, internamente. (querem proteção, não
- criação de gado problemas) celeiro (parte - parentes querem ser afastados).
- pesca 2. Vice-líder dianteira), latrina, contribuiem em - projecto: prioritizar
- produção e 3. Chefe da Zona casa-de-banho, espécie em empregos para a mão-de-
venda de carvão, (divulgação de curral (galinha, momentos difíceis obra local e abordar as
lenha,esteiras informação) goat, porco, vaca) necessidades sociais.
4. Chefe de (traseiras)Tudo Evitar falsas promessas.
Quarteirão (resolve feito de caniço - necessidades de infra-
problemas diários) excepto a cozinha estruturas sociais: hospital,
5. Chefe da OMM (lama e paus de escola, fontes de
Havia um juíz mas madeira) abastecimento de água,
após a sua reforma, - vizinhos: mercado.
Estrada de não foi substituído. parentes, boas
Mboza transporte Directamente relações
- Principal: 5 bairros Idosos, órfãos, - 4 quartos (sala de - Conflitos e crises - Abordar necessidades
agricultura 608 residentes deficientes estar, quarto dos resolvidas sociais da comunidade.
(cebola, tomate, Matriz de pais, quarto das internamente. - uma pessoa deverá tomar
milho, feijão, autoridade vertical: crianças, - parentes conta da outra (respeito
alface, cana de 1. Líder comunitário despensa). Feitos contribuiem em mútuo)
açúcar, banana, 2. Chefe do bairro com paredes de espécie em - Evitar falsas promessas
batata, batata 3. Chefe 10 casas lama e paus de momentos difíceis - Mostrar uma attitude "Até
doce, tabaco) 4. Secretário partido madeira. aqui tudo bem" perante o
- criação de gado + Adjunto - sem vedação, projecto.
- pesca Secretário mas com árvores
5. Polícia - vizinhos:
comunitária (abaixo parentes, membros
do líder comunitários. Boas
comunitário) relações.
Tenge- Área de 6. Chefe da OMM &
Makodwe Moatize Concessão Directamente adjuntos.
178
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL179/189
Comunidade Distrito Localização Afectada Actividades Matriz de Grupos Casa e vizinhança Coesão Social Árvore de análise de
Económicas Hierarquia de Vulneráveis Problemas
Autoridade
- Principal: 5 bairros Idosos - 4 quartos (sala de - Conflitos e crises - Respeito mútuo
agricultura (milho, Matriz de estar, quarto dos resolvidos - Comunicação clara,
repolho, alho, autoridade vertical: pais, quarto das internamente. regular e de antemão e
tomate, cebola, 1. Líder comunitário meninas, quarto - Contribuição em consulta à comunidade
feijão-frade, feijão (governa). dos meninos). espécie por familiares (estabelecer as
manteiga, 2. Líder religioso/ Rapazes com mais em momentos de dor. necessidades, o papel da
mandioca, vice-líder de 9 anos vivem empresa, e a contribuição
amendoim, comunitário (resolve em quartos da comunidade)
quiabos, alface, conflitos). separados fora no - Marcar uma reunião inicial
batata-doce, 3. 1º Secretário quintal. Feitos com com a comunidade, com
caphodza, Partido paus de madeira. agenda pré-definida
tabaco) (propaganda) Quintal: área de - Empresa: priorizar a mão-
- Pesca 4. Chefe da OJM refeições, celeiro de-obra local e abordar as
- Produção e (mobilizar os (frente), casa de necessidades sociais
venda de carvão jovens) banho c / latrina, (posto de saúde, bomba de
5. Chefe do curral (cercado água)
quarteirão (resolver com porcos, - Se surgirem problemas:
problemas diários) cabras, patos, identificar as causas e as
6. Chefe 10 casas frango, vaca), soluções em conjunto
(disseminar galinha (traseiras).
informação) - Vizinhos:
parentes. Boas
Mbuzi Directamente relações.
- Agricultura 3 Bairros - Idosos, - 3 quartos, - Funeral: apoio em - Respeito mútuo
(consume Matriz de jovens construídos com espécie ou em - Comunicação antecipada
principal) autoridade vertical: desempregados paredes feitas com dinheiro dos membros e realizar consulta à
- Criação de gado - Chefe (n'fumo), lama e paus de da comunidade comunidade (estabelecer
- Pesca - Líder com Vice- madeira ( quarto - Cheias de 2008: as necessidades, o papel
(consumo) líder. dos pais, quarto membros da da empresa, e a
- Produção e - Chefe de das criança, sala comunidade contribuição da
venda de carvão Quarteirão de estar). Crianças contribuíram e comunidade)
- 10 Casas. com 9 anos ou compraram milho - Respeitar as datas de
mais velhas: quarto juntos início da actividade
separado no mineradora
quintal. - Empresa deve resolver as
- fora do quintal: necessidades da
cozinha, latrina, comunidade
quarto de banho, - Comunidade deve
curral (com cabras, contribuir com o trabalho
vacas, porcos)
(traseiras), celeiro,
galinha (frente).
- Quintal não
cercado (mas
Chianga Chiúta Directamente limitado por
179
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 180
Comunidade Distrito Localização Afectada Actividades Matriz de Grupos Casa e vizinhança Coesão Social Árvore de análise de
Económicas Hierarquia de Vulneráveis Problemas
Autoridade
árvores)
- Vizinhos:
parentes. Boas
relações.
- Principal: 2 bairros, blocos(40 Idosos, - Casa com 2 - Comunidade unida, - Projecto: responder as
agricultura casas) deficientes, quartos (sala de os vizinhos se necessidades da
(homens, Matriz de pessoas estar + quarto), reúnem para comunidade (escola,
mulheres, autoridade vertical: 'preguiçosas' feitos com paredes conversar à noite, e hospital, pontes, rede de
crianças) 26 Lideres locais: de lama e paus de dar apoio nos telefonia celular, furos,
1 nfumo/ 1º escalão madeira com momentos de tristeza posto policial)
3 nhankawa/ 2º telhado de palha - Seguir os líderes, - Governo deve contribuir
escalão - Crianças +7 contar com a sua com recursos humanos
10 Nhankawa/ 3º anos: casa orientação para construção de
escalão 1 chefe + separada (1 serviços sociais
12 chefes de quarto), rapazes & - Empregar mão-de-obra
quarteirão raparigas local - Respeito as
separados tradições locais
- Fora do quintal: - Atribuir subsídios aos
cozinha líderes (apoiam os
(c/armazenamento interesses da empresa)
de água), latrina,
casa de banho,
celeiro, aterro
sanitário, curral
(tudo caniço)
- Quintal cercado
com plantas
- Vizinhos: boas
Muchena Directamente relações
180
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL181/189
Comunidade Distrito Localização Afectada Actividades Matriz de Grupos Casa e vizinhança Coesão Social Árvore de análise de
Económicas Hierarquia de Vulneráveis Problemas
Autoridade
- Principal: 4 Bairros Idosos, - 3 Quartos, com - Conflitos resolvem- - Projecto; priorizar o
agricultura 213 residentes crianças órfãs, paredes feitas de se através do tribunal emprego de mão-de-obra
(sorgo, milho, Matriz de deficientes. lama e paus de de costumes e local, fornecer infra-
amendoim, feijão- autoridade vertical; madeira (quarto direitos estruturas sociais (escolas,
frade, abóbora, 1. Líder comunitário dos pais, quarto - Toda a comunidade estradas, bombas de água,
quiabos, repolho, (Nhakwawa, das crianças, sala participa e contribui apoio a crianças órfãs e
tabaco, batata, governa) e chefe do de estar) para as cerimónias idosos)
batata-doce). tribunal (resolve - Quintal: cozinha, sagradas e - Papel da comunidade:
- criação de gado conflitos). latrina, quarto de celebrações fornecer trabalho para a
- pesca 2. Vice-líder banho, currais - Apoio em espécie construção de infra-
(documenta) (com cabra, vaca, dos membros da estrutura social.
3. Chefe do porco) (nas comunidade em - Preocupação em relação
quarteirão (vice- traseiras), celeiro, tempos de dor (morte, ao reassentamento (há
líder) galinha (parte da incêndio) terra fértil, e o rio por perto
4. Chefe 10 casas frente). - não querem deixar a
(4): mobiliza a - Quintal não menos que o novo local
população cercado (limitado tenha as mesmas
por árvores) condições)
- Vizinhos:
parentes. Boas
Nhambia Directamente relações.
- Principal: 5 Bairros - Idosos, - 3 quartos, com - Membros da - Projecto: consultar a
agricultura 582 residentes crianças órfãs, paredes feitas de comunidade comunidade sobre 'coisas
(sorgo, milho- Matriz de viúvas e lama e paus de participam e que eles precisam'
miúdo, feijão autoridade vertical: deficientes madeira (quarto contribuem para as - Preocupação com a falta
manteiga, 1. Líder comunitário dos pais, quarto cerimónias sagradas de comunicação com a
abóbora, piri-piri, (Nhakwawa, das crianças, sala e celebrações Capitol. Devem tratar os
pepino, recolhe/ dissemina de estar) com - Celebrações Matacale da mesma forma
mandioca, batata informação) e chefe varanda - Apoio em espécie que tratam os Tenge e
doce, amendoim). de tribunal (nkulo - Fora do quintal: dos membros da Massamba (emprego, infra-
- Mas a seca: wa kote, resolve cozinha, latrina, comunidade em estrutura social)
fome, crianças conflitos). quarto de banho, tempos de dor (morte, - Infra-estruturas sociais:
saíram das 2. Vice-líder curral (s) (com incêndio) escolas, bombas de água,
escolas; HH (documenta) cabra, vaca, porco) - Conflitos resolvem- hospital, estradas para
compra comida 3. Chefe do (traseiras), celeiro, se através do tribunal mercado cobertura de
em Tete. quarteirão (resolve galinha (parte da de costumes e telefonia celular, transporte,
- pesca problemas) frente). direitos apoio aos idosos, banco
4. Chefe 10 casas: - Quintal com cerca - Papel da comunidade:
mobiliza a (de caniço, e paus fornecer mão-de-obra
população de madeira) (pedreiros, carpinteiros
- Vizinhos: disponíveis)
membros da
comunidade, não
parentes. Boas
Matacale Directamente relações.
181
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 182
Comunidade Distrito Localização Afectada Actividades Matriz de Grupos Casa e vizinhança Coesão Social Árvore de análise de
Económicas Hierarquia de Vulneráveis Problemas
Autoridade
- Principal: 4 bairros Deficientes - 2 quartos (sala de - Conflitos são - Consulta e coordenação
agricultura (milho, Matriz de estar + quarto) - resolvidos - Projecto deve abordar as
sorgo, milho- autoridade vertical; Quintal: cozinha, internamente (fome, necessidades da
miúdo, 1. Líder comunitário celeiro (na frente), embriaguez, comunidade (posto médico,
amendoim, feijão- 2. Polícia latrina, banheiro, problemas estradas, cobertura de
frade, cana-de- comunitária curral (com porco, domésticos) telefonia celular).
açúcar, feijão 3. Secretário do cabra, vaca), - Toda comunidade - Evitar falsas promessas.
boer., cassava) bairro galinha (nas participa, e contribui - Respeitar as lideranças
- Criação de gado 4. 1º Secretário traseiras). para as cerimónias locais
- Pesca partido - Sem vedação - sagradas e - A comunidade está
- Produção e 5. Chefe da OMM Vizinhos: em sua celebrações preocupada com a
venda de carvão 6. Chefe do maioria parentes, - Apoio em espécie ocupação das locais
quarteirão boas relações dos membros da sagrados devido as
7. Chefe de 10 comunidade em actividades do projecto
casas tempos de dor (morte, - Comunidade irá contribuir
Massamba Indirectamente incêndio) com trabalho
182
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL183/189
183
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 184
184
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL185/189
185
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 186
186
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL187/189
187
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL 188
188
INSTRUMENTOS QUALITATIVOS PARA ESTUDO DE IMPACTO SOCIAL189/189
189