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QUE LUGAR É ESSE DE QUE ESTAMOS FALANDO?

A atual sociedade tem sido marcada por diversos emblemas que permeiam
as diferentes esferas da vida humana. Seja na perspectiva social, política, cultural e
educacional, as transformações no globo têm ensejado processos e mudanças que
exigem de nós, homens, mulheres, cidadãos, cidadãs, professores – novos olhares,
ações e práticas pedagógicas – de acordo e em junção com as particularidades
macros, mas, sobretudo micros (locais) na produção de conhecimentos.
Entende-se que, desse modo, pensar a partir desta ótica, no campo da
geografia escolar, significa analisar de que forma a compreensão do espaço
geográfico, na sua multiplicidade de sentidos e perspectivas, pode agregar ao
processo e ensino e aprendizagem dos alunos – que carregam consigo – “marcas”
da vida em sociedade, em família, comunidades e territórios.
Para estes aspectos o conceito de lugar tem abarcado essa nova
possibilidade do entendimento da importância deste para a produção de sentidos e
entendimento da realidade, a partir de “uma cor local”, deveras, como lembra Leite
(2018), numa articulação contraditória entre o mundial (pulsante) e as
particularidades do histórico (particular).
Sobrinho (2018) refuta que a partir que o conceito de lugar oportuniza a
operacionalização de outras categorias. Desse modo, são acionadas por seu
intermédio, a exemplo, as dimensões de território, região, paisagem, espaço.
Destaca ainda, o autor, que o lugar envolve uma série de fatores cujo objetivo deve
refletir na compreensão da espacialidade. Assim, esses aspectos, se constituem de
forma a fazer com que as vivências em determinados contextos e locais (cidades,
comunidades, bairros, territórios) sirvam como instrumentos de apreensão da própria
realidade, num movimento de produção e reprodução, neste caso, do próprio
espaço.
Desse modo, pode-se observar que, como já apontado, a categoria lugar
como conteúdo didático, a partir da geografia escolar se faz de extrema relevância,
uma vez que, se constitui como suporte de mediação pedagógica no estudo,
compreensão e internalização dos conhecimentos geográficos. Para Leite (2018, p.
9)
o estudo do lugar constitui-se um conteúdo significativo para este período
escolar, pois confere concretude ao lugar onde vive o estudante, ao
delimitar um determinado tempo e espaço e, por conseguinte, permitir a
análise de todos os aspectos da complexidade de uma determinada
localidade. Assim, os elementos que expressam as condições sociais,
econômicas, políticas do nosso mundo, tornam-se concretas, por estarem
próximos ao estudante. Por isso tornam-se decodificáveis, adquirem
sentido, permitem constatações, comparações, deduções, conclusões, por
conter elementos simbólicos já conhecidos. Desse modo, o conhecimento
da realidade consiste no processo de reconhecimento do que existe no
lugar, com as devidas explicações para o que acontece e a análise crítica
de como se dispõem as coisas.

. Desse modo, como conteúdo didático, o conceito e lugar poderá ter como
pressuposto a ideia de que a elaboração e formulação dos conhecimentos
científicos, na geografia, devem ser operacionalizados a partir dos conhecimentos
geográficos que emergem do cotidiano ou que se aproximam da realidade que é
vivenciada pelos alunos. Assim, nesse constante devir, “o lugar” toma a forma e a
cor local, com experiências de vida cultural, histórica, familiar, política dos educados,
para assim, fazermos com que os alunos compreendam as ações, arranjos e
desarranjos dos espaços geográficos, e como cidadãos, formados a partir de suas
realidades de vida, possam ensejar, interferir na produção, reprodução e
organização dos locais e espaços de vida.

Referências:
SOBRINHO, Hugo de Carvalho. Geografia escolar e o lugar: a construção de
conhecimentos no processo de ensinar/aprender geografia. In: Geosaberes.
Fortaleza, v. 9, n. 17, p. 1-17, jan./abr. 2018. ISSN 2178-0463. Disponível em:
<http://www.geosaberes.ufc.br/geosaberes/article/view/625>. Acesso em: 21 set.
2019.

LEITE, Cristina Maria o conceito lugar na perspectiva da geografia escolar. In:


Itinerarius Reflectionis. 14(2), 01 -15, 2018. Disponível:
https://doi.org/10.5216/rir.v14i2.51792. Acesso em: 21 de set. 2019.

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