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ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 71

CAPÍTULO V – ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E


FINANCEIRA DO PROJETO

5.1 – Introdução
As empresas (privadas ou estatais) necessitam investir para aumentar sua
competitividade no mercado e auferir lucros, ou seja, gerar riqueza. As instituições
(governamentais ou não governamentais), mesmo as filantrópicas, devem gerar “lucros”
que se traduzem em eficiência, superávites, aumento da produtividade, geração de
benefícios sociais, atendimento à expectativas do contribuinte, enfim, devem apresentar
resultados que justifiquem sua existência.

As empresas e as instituições se deparam com várias oportunidades de investimentos e


opções de projetos, e necessitam decidir pelo melhor negócio, aquele que apresente o
maior volume de geração de riqueza (sob a ótica empresarial), ou maior retorno social
(sob a ótica institucional).

Portanto, a análise econômica e financeira de projetos permite avaliar e decidir sobre


qual o melhor negócio em termos de geração de riqueza para a empresa ou instituição.

5.2 Analisando projetos


Vejamos um exemplo, no qual um administrador se vê diante de seis projetos
apresentados pelas diretorias da empresa (conforme TAB. 4) e dispõe de $ 300.000,00
que deverão ser aplicados integralmente. Alem disso, este administrador poderá optar
por aplicar numa alternativa com taxa de 15%. O custo de oportunidade de 16%, ou seja,
outra alternativa de investimento. Que decisão ele tomará?

TABELA 4
Projetos apresentados pela diretoria

Projeto Área Taxa de retorno Investimento ($) Retorno


(%) Financeiro
A Industrial 18 200.000,00 36.000,00
B Contabilidade 16 50.000,00 8.000,00
C Marketing 14 120.000,00 16.800,00
D Logística 22 100.000,00 22.000,00
E RH 23 250.000,00 57.500,00
F Informática 21 150.000,00 31.500,00
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 72

Considerando que o valor de $ 300.000,00 deverá ser todo aplicado, devemos fazer
diversas combinações para identificar a maior taxa de retorno:

Projetos = Retorno financeiro/Investimento

• A e D = (36.000 + 22.000) / 300.000 = 19,33%


• B e E = (8.000 + 57.500) / 300.000 = 21,83%
• B,D e F = (8.000 + 22.000 + 31.500) / 300.000 = 20,50%
• E + aplicação = (57.500 + 7.500) / 300.000 = 21,67%

Neste último caso, para aplicar os $ 300.000,00 optou-se por uma aplicação de $
50.000,00 pela taxa de 15%, que proporciona um retorno de $ 7.500,00.

A melhor opção é investir nos projetos B e E que proporcionam a maior taxa de retorno
(21,83%).

5.3 Utilização dos fluxos de caixas


Vamos considerar três tipos de fluxos de caixas:
a) Fluxo de caixa simples: É normalmente usado quando analisamos projetos onde
ocorre um único pagamento (ponto de vista do investidor, FIG. 17), ou recebimento
(ponto de vista do tomador, FIG. 18).

FV

0 1
PV
Figura 17 - Fluxo de caixa simples (ponto de vista do investidor)

: PV

0 1
FV
Figura 18 - Fluxo de caixa simples (ponto de vista do tomador)

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 73

Exemplo 1: um terreno à vista é oferecido por $ 4.500,00 e a prazo exige-se uma


entrada de $ 1.500,00 e uma única parcela de $ 3.500,00. Determine o fluxo de caixa
desta operação.
0

4.500
Figura 19 - Fluxo de caixa do exemplo 1 (à vista)
• 3.000

1
0
3.500
Figura 20 - Fluxo de caixa do exemplo 1 (a prazo)

b) Fluxo de caixa convencional. Neste caso, a partir de uma entrada ou saída inicial,
haverá uma série de pagamentos ou recebimentos.

0 1 2 3 4 5 6 7

Figura 21 - Fluxo de caixa convencional com saída inicial

0 1 2 3 4 5 6 7

Figura 22 - Fluxo de caixa convencional com entrada inicial

Exemplo 2: um projeto de investimento inicial de $ 120.000,00 gera entradas de caixa de


$ 25.000,00; nos próximos dez anos, em cada ano, será necessário um gasto de $
5.000,00 para manutenção. Pede-se determinar o fluxo de caixa desta operação.
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 74

20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
120
Figura 23 - Fluxo de caixa do exemplo 2

Cálculo das parcelas: 25 (entrada de caixa) – 5 (saída de caixa) = 20 (entrada de caixa).

c) Fluxo de caixa não convencional: Onde a partir de uma saída ou entrada principal,
haverá uma série de pagamentos ou recebimentos alternados, ou seja, poderão
ocorrer pagamentos ou recebimentos no mesmo fluxo.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 24 - Fluxo de caixa não convencional

Neste caso podem ocorrer as chamadas séries mistas, onde os pagamentos e


recebimentos podem apresentar diferentes valores.

Exemplo 3: um investimento inicial de $ 200.000,00 com entradas anuais de $ 300.000,00


nos próximos dez anos, no final do 10º ano terá o ativo vendido por $ 50.000,00. As
saídas de caixa devem ser de $ 20.000,00, exceto no 6º ano quando uma reforma exigirá
uma saída de caixa complementar de $ 500.000,00. Determine o fluxo de caixa da
operação.

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 75

280 280 280 280 280 280 280 280 330

0 6
1 2 3 4 5 7 8 9 10
200 220
Figura 25 - Fluxo de caixa do exemplo 3

Cálculo das parcelas anuais: 300 – 20 = 280


Cálculo da 6ª parcela: 300 – 20 – 500 = -220
Cálculo da 10ª parcela: 300 + 50 – 20 = 330

5.4 – Métodos de avaliação de alternativas de investimento


Os métodos de avaliação de alternativas ou técnicas de análise de investimento são
maneiras de medir o retorno, dentro de um prazo limite determinado no projeto, dos
investimentos.

Os métodos que apresentaremos a seguir buscam responder as seguintes questões:


a) Qual investimento selecionar diante de duas ou mais opções?
b) Quantos projetos (investimentos) a organização tem capacidade de bancar?

Neste capítulo apresentaremos os métodos de Taxa de Retorno ou Payback, o método


do Valor Presente Líquido (VPL) e o método da Taxa Interna de Retorno (TIR).

5.4.1 – Método do Período de Retorno (PR/Payback)


Este método permite verificar em quantos períodos (j), um investimento (I0) retorna ao
aplicador a partir da análise do fluxo de caixa, ou seja, o payback é o tempo exato de
retorno necessário para se recuperar um investimento inicial.

Os critérios de decisão são os seguintes:


a) Se o payback for menor que o período de payback máximo aceitável, aceita-se o
projeto.
b) Se o payback for maior que o período de payback máximo aceitável, rejeita-se o
projeto.
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 76

Vejamos o exemplo a seguir. Um mesmo investimento de $ 1.000,00 pode ser aplicado


em duas carteiras distintas que apresentam o seguinte fluxo de caixa líquido:

TABELA 5
Fluxo de caixa normal e acumulado

Fluxo de caixa da carteira A Fluxo de caixa da carteira B


Período (n)
Normal Acumulado Normal Acumulado

0 -1.000,00 -1.000,00 -1000,00 -1000,00

1 150,00 -850,00 50,00 -950,00

2 200,00 -650,00 100,00 -850,00

3 250,00 -400,00 150,00 -700,00

4 400,00 0 200,00 -500,00

5 550,00 550,00 500,00 -0

6 800,00 1.350,00 1.500,00 1.500,00

Por simples leitura é possível verificar que o investimento aplicado na carteira A retorna
no período 4 e na carteira B o retorno ocorre no período 5. Qual a melhor aplicação? Pelo
método apresentado a melhor aplicação é a que apresenta um retorno mais rápido, no
caso a carteira A. Mas esta resposta não considera o comportamento do investimento
após o período de retorno do capital e nem a estratégia de investimento da empresa. Na
carteira A o retorno é mais rápido, mas o lucro no final do sexto período é menor que na
carteira B, que por sua vez tem um retorno mais atrasado (no período 5).

Vejamos um outro exemplo (4). Uma empresa está considerando a aquisição de um ativo
de $ 10.000,00, que gera entrada de caixa de $ 4.000,00 para os próximos 5 anos (vida
útil do ativo). Determinar o payback deste projeto.

Foram dados:
a) Investimento inicial (PV): $ 10.000,00
b) Entradas de caixa (PMT): $ 4.000,00
c) Prazo do projeto (n): 5 anos
d) Payback (tempo de retorno): ?

Considere que cada período é de 12 meses. No final no primeiro período retorna $


4.000,00 e assim sucessivamente. Vejamos o fluxo de caixa.

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 77

4.000 4.000 4.000 4.000 4.000

0 1 2 3 4 5
10.000
Figura 26 - Fluxo de caixa do exemplo 4

Portanto, o investimento retornará após dois períodos ($ 8.000,00), mais alguns meses
correspondente aos $ 2.000,00 restantes, que situa-se entre o 2° e 3° períodos. Vamos
calcular através de uma regra de três:

4000 12 meses
2000 X meses

Portanto, X = 12 x 2000/4000 = 24000/4000 = 6 meses

Neste caso o investimento retornará em 2 anos e 6 meses.

5.4.1.1 Comentários
Do exposto, algumas observações merecem destaque:
a) O método ignora o valor do dinheiro no tempo.
b) O método ignora o que ocorre após o período de retorno.
c) Se o investidor tem pouca disponibilidade de caixa, provavelmente optará por
alternativas que gerem caixa num menor número de períodos.
d) O método é simples, de fácil aplicação e pode ser utilizado como apoio para a tomada
de decisão sobre pequenos investimentos.
e) A maior vantagem do payback é a facilidade de se fazer o cálculo, pois são
considerados apenas os valores de entradas e saídas de caixa, demonstrados em
diagrama de fluxo de caixa (BRANCO, 2002).
f) O método pode ser usado como indicador de risco em ambientes econômicos
instáveis.
g) Trata-se de uma técnica de análise não sofisticada (BRANCO, 2002)
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 78

5.4.2 – Método do Valor Presente Líquido (VPL/NPV)


O Valor Presente Líquido (VPL) (Net Present Value – NPV), é obtido calculando-se o
valor presente de uma série de fluxos de caixa (pagamentos ou recebimentos) com base
em uma taxa de custo de oportunidade conhecida ou estimada, e subtraindo-se do
investimento inicial. Em síntese:

VPL = valor presente das entradas ou saídas de caixa – investimento inicial

O enunciado é representado pela seguinte fórmula:

VPL = Σj FCn/(1+i)n - PV0 (j=1 a n)

Onde: PV0 é o valor do investimento inicial


FCN é o fluxo de caixa para n períodos

Critérios de decisão:
a) Se VPL > 0, o projeto deve ser aceito.
b) Se VPL < 0, o projeto deve ser recusado.
c) Se VPL= 0, o projeto não oferece ganhos ou prejuízo.

Vejamos o exemplo (5) a seguir.


Um projeto necessita de um investimento inicial de $ 70.000,00 e gera entradas de caixa
de $ 25.000,00 pelos próximos cinco anos. Em cada ano será necessário um gasto de
$ 5.000,00 para manutenção. O custo de oportunidade é de 8% ao ano. Determinar o
VPL desta operação.

Solução:
Investimento inicial (PV0) = $ 70.000,00
Entradas de caixa (FCN) = $ 25.000,00
Despesas de manutenção = $ 5.000,00 (saída de caixa)
Prazo (n) = 5 anos
Custo da oportunidade (i) = 8% ao ano
VPL = ?

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 79

20 20 20 20 20

0
1 2 3 4 5

70

Figura 27 – Fluxo de caixa do exemplo 5 (: mil)

Calculo das parcelas: $ 25.000,00 - $ 5.000,00 = $ 20.000,00

VPL = Σ 20000/(1+0,08)1 + 20000/(1+0,08)2 + 20000/(1+0,08)3 + 20000/(1+0,08)4 +


20000/(1+0,08)5 – 70000 = $ 9.854,20

Quadro 4
Cálculo do VPL do exemplo 5 na HP-12C

Cálculo na HP-12C Principais funções


f →[REG]
CFo: Cash flowo = Fluxo de caixa inicial
70000 →CHS →g → [CFo]
CFj: Cash flowj = jésimofluxo de caixa inicial
20000 →g → [CFj]
Nj: number j = número de fluxo de caixas iguais
5 → g → [Nj]
consecutivos
8→i
NPV: Net Present Value = Valor Presente Líquido
f → [NPV]
I: taxa de juros
9,854.20

Vejamos um exemplo (6) onde os valores das entradas de caixa são diferentes.

Um investimento de $ 1.200,00 gera três entradas de caixa consecutivas de $ 650,00, $


250,00 e $ 450,00. Considerando uma taxa de 5% ao ano, determinar o Valor Presente
Líquido.
Foram dados:
a) Investimento inicial (PV0): $ 1.200,00
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 80

b) Entradas de caixa (FCn): $ 650,00; $ 250,00 e $ 450,00


c) Prazo (n): 3 anos
d) Custo de oportunidade (i) = 5% ao ano.
VPL = ?
650 250 450

0 1 2 3

1200
Figura 28 - Fluxo de caixa do exemplo 6

VPL = 650/(1+0,05)1 + 250/(1+0,05)2 + 450/(1+0,05)3 – 1200 = 1243,50 – 1200 = $ 34,54

Como VPL > 0, o projeto deve ser aceito.

Quadro 5
Cálculo do VPL do exemplo 6 na HP-12C

Cálculo na HP-12C Principais funções


f →[REG] CFo: Cash flowo = Fluxo de caixa inicial
1200 →CHS →g → [CFo] CFj: Cash flowj = jésimofluxo de caixa

650 →g → [CFj] inicial

250 →g → [CFj] NPV: Net Present Value = Valor Presente


Líquido
450 →g → [CFj]
I: taxa de juros
5→i
f → [NPV]
34.53

Vejamos um exemplo (7) onde os valores das entradas e dos prazos são diferentes.

Um investimento de $ 6.000,00 efetuado no dia 01/09/01 gera entradas de caixa nos


valores de $ 1.200,00, $ 2.000,00 e $ 3.700,00, com vencimento a 35 dias, 55 dias e 120

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 81

dias respectivamente. Calcular o Valor Presente Líquido da operação, considerando um


custo de oportunidade de 6% ao mês.

Foram dados:
a) Investimento inicial (PV0): $ 6.000,00
b) Entradas de caixa (FCn): $ 1.200,00; $ 2.000,00 e $ 3.700,00
c) Prazo (n): 35, 55 e 120 dias
d) Custo de oportunidade (i): 6% ao mês
VPL = ?
1200 2000 3700

0 30 35 55 60 90 120

6000
Figura 29 - Fluxo de caixa do exemplo 7

VPL = 1200/(1+0,06)35/30 + 2000/(1+0,06)55/30 + 3700/(1+0,06)120/30 – 6000 =


= 5849,24 – 6000 = $ -150,76
Portanto, o projeto deve ser recusado porque o VPL < 0.

Quadro 6
Cálculo do VPL do exemplo 7 na HP-12C

Cálculo na HP-12C Principais funções


f →[REG] CFo: Cash flowo = Fluxo de caixa inicial
6000 →CHS →g → [CFo] CFj: Cash flowj = jésimofluxo de caixa
0 →g → [CFj]
34 → g → [Nj] inicial
1200 →g → [CFj] NPV: Net Present Value = Valor Presente
0 →g → [CFj]
Líquido
19 → g → [Nj]
2000 →g → [CFj] i: taxa de juros
0 →g → [CFj]
64 → g → [Nj]
3700 →g → [CFj] Como os prazos trabalhados estão em
dias, a taxa também terá que ser
1,06 → ENTER → 30 →1/X →YX → 1 → -
→ 100 →X → i informada ao dia.
f → [NPV]
- 150,76
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 82

Neste exercício nos deparamos com a necessidade de estabelecermos uma equivalência


de taxas. Nos foi apresentada uma taxa aplicada ao mês e os prazos estão apresentados
em dias. Duas taxas são consideradas equivalentes, a juros compostos, quando
aplicadas a um mesmo capital, por um período de tempo equivalente e geram o mesmo
rendimento. A fórmula a seguir nos permite estabelecer esta equivalência:

i(eq) = {(1+ ic)QQ/QT – 1} x 100

Onde:
I(eq) = taxa equivalente
Ic = taxa conhecida
QQ = quanto eu quero
QT = quanto eu tenho

Vejamos o seguinte exemplo, necessitamos calcular a equivalência de uma taxa


conhecida de 0,5% ao dia quando aplicada ao ano.

i(eq) = {(1+ 0,005)360/1 – 1} x 100 = 502,26 ao ano

Quadro 7
Cálculo de equivalência de taxas na HP-12C

Cálculo na HP-12C

1,005 → ENTER → 360 → YX →1→ - → 100 → X


502.26

5.4.2.1 Comentários
Algumas considerações sobre o método do VPL:
a) O VPL maior que zero significa que o projeto remunera o investidor a uma taxa igual
ou maior que a taxa mínima exigida (i).
b) Diante de duas ou mais alternativas, decide-se pela que apresentar maior VPL. Em
outras palavras, o patrimônio líquido da empresa ficará acrescido do VPL depois que
o investimento propriamente dito e seus custos financeiros forem pagos.
c) Trata-se de uma forma sofisticada de análise de projetos.

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 83

5.4.3 – Método da Taxa Interna de Retorno (TIR/IRR)


A Taxa Interna de Retorno (TIR) (Internal Rate of Return – IRR), pode ser definida como
a taxa de desconto que iguala os fluxos de caixa ao investimento inicial, ou como a taxa
que faz com que a VPL seja igual a zero. A TIR é a “rentabilidade” em termos percentuais
do investimento realizado. A TIR é calculada algebricamente pelo processo de tentativa e
erro.

Vejamos o exemplo (8) a seguir. Considere um investimento inicial (PV0) de $ 1.000,00


com o fluxo de caixa (FCj) no período 1 de $ 500,00 e no período 2 de $ 660,00. Qual a
taxa que igualaria o fluxo de caixa ao investimento inicial?

Considere a equação:

PV0 = FC1/(1+i)1 + FC2/(1+i)2 + ...+ FCn/(1+i)n

Portanto, precisamos determinar a taxa (i) que iguale a equação.

1.000 = 500/(1+i)1 + 660/(1+i)2

A solução desta equação é obtida por tentativa e erro, isto é, precisamos atribuir valores
à i procurando “cercar” o valor correto. Para o nosso exemplo o valor de i é 10%.

1.000 = 500/(1+10)1 + 660/(1+10)2 = 500/1,10 + 660/1,21 = 454,55 + 545,45 = 1.000

Portanto a Taxa Interna de Retorno é 10%.

Critério de decisão:
a) Se a TIR > custo de oportunidade, o projeto deve ser aceito.
b) Se a TIR < custo de oportunidade, o projeto deve ser recusado.
c) Se a TIR = custo de oportunidade, o projeto não oferece ganho em relação ao custo
de oportunidade.
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 84

Vejamos o seguinte exemplo (9): um projeto está sendo oferecido nas seguintes
condições: um investimento inicial de $ 1.000,00 com entradas de caixas mensais
de $ 300,00, $ 500,00 e $ 600,00 consecutivas, sabendo-se que um custo de
oportunidade aceitável é de 10% ao mês. O projeto deve ser aceito?

Foram dados:
a) Investimento inicial (CFo): $ 1.000,00
b) Entradas de caixa (CFj): $ 300,00; $ 500,00 e $ 600,00
c) Custo de oportunidade: 10% ao mês
Qual é o valor da TIR ?

Quadro 8
Cálculo da TIR na HP-12C

Cálculo na HP 12-C
f →[REG]
1000 →CHS →g → [CFo]
300 →g → [CFj]
500 →g → [CFj]
600 →g → [CFj]
f → [IRR]
16,79%

Portanto, o projeto deve ser aceito porque a TIR é maior que o custo de oportunidade
(10%).

5.4.3.1 Comentários
a) O método de análise pela Taxa Interna de Retorno é considerada uma técnica
sofisticada.
b) A solução algébrica é complexa.

5.4.4 Análise conjunta (VPL, TIR e Payback)


Quando analisamos um projeto devemos aplicar os três métodos. Vejamos o exemplo 10.

Dois projetos A e B de mesmo valor, correspondente a $ 45.000,00 são oferecidos a um


investidor com 10 entradas de caixa. O projeto A tem as seguintes entradas: $ 4.500,00;
$ 5.500,00; $ 6.500,00; $7.500,00; $ 8.500,00; $ 9.500,00; $ 10.500,00; $ 11.500,00;
$ 12.500,00 e $ 13.500,00. Para o projeto B o fluxo é o inverso do projeto A;

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO 85

considerando um custo de oportunidade de 13,5% ao ano, calcular o VPL, TIR e Payback


dos dois projetos.

a) Cálculo do payback para o projeto A.

4500 + 5500 + 6500 + 7500 + 8500 + 9500 = 42000 (45000 – 42000 = 3000)

Portanto, o payback situa-se no sétimo período. Vamos aplicar a regra de três.

10500 12 meses
3000 X meses

X = (3000 x 12)/10500 = 3,428571 meses, devemos transformar a parte fracionária em


dias.

0,428571 X 30 = 12,857143 dias (13 dias)

Portanto o payback do projeto A é de 6 anos, 3 meses e 13 dias.

b) Cálculo do payback para o projeto B.

13500 + 12500 + 11500 = 37500 (45000 – 37500 = 7500)

Portanto, o payback situa-se no quarto período. Aplicando a regra de três temos:

10500 12 meses
7500 X meses

X = 7500 X 12/10500 = 8,5714286 meses, transformando a parte fracionada em dias


temos:

0,5714286 X 30 = 17,1428580 dias (18 dias).

Portanto o payback do projeto B é de 3 anos, 8 meses e 18 dias, consideravelmente mais


atraente que o payback do projeto A.
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E GERÊNCIA DE PROJETOS 86

Quadro 9
Cálculo do VPL e TIR do exemplo 10 na HP-12C

Cálculo do VPL e TIR do projeto A Cálculo do VPL e TIR do projeto B


f → [REG] f → [REG]
45000 → CHS →g → [CFo] 45000 → CHS →g → [CFo]
4500 →g →[CFj] 13500 →g →[CFj]
5500 → g → [CFj] 12500 → g → [CFj]
6500 → g → [CFj] 11500 → g → [CFj]
7500 → g → [CFj] 10500 → g → [CFj]
8500 → g → [CFj] 9500 → g → [CFj]
9500 → g → [CFj] 8500 → g → [CFj]
10500 → g → [CFj] 7500 → g → [CFj]
11500 → g → [CFj] 6500 → g → [CFj]
12500 → g → [CFj] 5500 → g → [CFj]
13500 → g → [CFj] 4500 → g → [CFj]
f → [IRR] 12,30% a.a. f → [IRR] 18,99% a.a.
13,5 → i 13,5 → i
f → [NPV]..........................- 2,537.24 f → [NPV]..........................8,288.55

Em todos os métodos o projeto B apresenta melhores condições de investimento,


portanto deve ser o escolhido.

Autor: Roberto Rafael Guidugli Filho

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