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Cena 1

PRÉMIO PARA A HOSPITALIDADE

Narrador : Dizem que quem bem começa, já está a metade da sua obra… por isso, a nossa
historia sobre são João Maria Vianney, o Cura de Ars, não podia começar se não lembrando
quem eram o seus pais: pessoas com muita fé, simples e com um coração grandíssimo. De
facto, eram sempre disponíveis, para ajudarem o próximo, lembrando o que dizia Jesus:
«Quem vos receber é a mim que recebe, e quem me receber recebe aquele que me enviou.
Quem receber um profeta, por ser profeta, terá uma recompensa de profeta; e quem receber
um justo, por ser justo, terá a recompensa de justo. E aquele que der um simples copo de
água fresca a um dos mais pequeninos destes meus discípulos, por ser meu discípulo,
garanto-vos que não ficará sem a sua recompensa.» Foi assim que um dia,
inconscientemente, fieis à palavra de Jesus, que receberam na sua casa, um pobre
peregrino… Muitos anos depois, souberam que aquele que tinha batido à sua porta, quando
ainda eram só um jovem casal era São Bento José Labre, que mais tarde seria canonizado pela
Igreja como modelo de entrega ao cuidado dos mais pobres

Bento Labre: "Por favor, dêem-me um pedacinho de chão para poder passar esta noite… há
muito frio no exterior…
Mãe: Sim, sim, não apenas um pedacinho de chão, mas uma cama quente, pois você vem em
nome do Senhor".
Pai: venha, venha senhor, esteja a vontade! Na nossa casa haverá sempre um lugar e um
bocado de pão para todas as vezes que Jesus, através de vós, nossos irmãos, baterá na
nossa porta.
Narrador: alguns anos mais tarde, este casal seria generosamente abençoado por esta e
outras virtudes com o dom dum precioso rebento, ao qual foi dado o nome de JOÃO. Foi no
dia 8 de Maio de 1786 que numa pequena aldeia do sul de França, chamada Dardilly, veio ao
mundo este menino que, com o tempo, seria proclamado Padroeiro de todos os párocos do
mundo.

Cena 2 TEMPOS DE PERSEGUIÇÃO

Narrador: quando aquele abençoado menino tinha apenas três anos, no dia 5 maio do
ano1789, começou uma das piores revoluções da história europeia: a revolução francesa.
Liberdade, Igualdade, fraternidade. Um ótimo slogan, tirado do Evangelho, mas que não
tinha nada a ver com Cristo, e que deixou, atrás de si, um imenso rastro de sangue: o sangue
dos adversários políticos, o sangue dos culpados, mas sobretudo o sangue de inúmeros
inocentes, mártires da fé, e de inúmeros sacerdotes, freiras e freires, que não quiseram
submeter-se à Igreja do estado, que tinha sido criada para destruir a verdadeira fé cristã.
João: Porque é que a igreja está fechada? Papá, no caminho eu vi uma cruz no chão, como para
ser pisada... Quem terá feito uma coisa destas?

Narrador: Quem o perguntava era o pequeno João que ainda não podia compreender - era
demasiado criança - os ares de revolução e perseguição religiosa que varriam a França…
Todos os dias chegavam notícias de pessoas cristãs e honradas que eram guilhotinadas... e
igrejas que iam sendo incendiadas por todo o lado...
Camponese 1: "Até onde chegaremos? É incrível!!! O padre da nossa Igreja foi morto" -
Camponese 2: “ E foram guilhotinadas também todos as freiras do mosteiro das carmelitas da
aldeia aqui perto!
Camponese 1: “ se continuarmos assim, irão morrer também os andorinhas e as pombas que se
apoiam acima da Igreja!”
(Vão-se embora)

Narrador: Apesar da perseguição, alguns sacerdotes zelosos visitavam as famílias, animando


os cristãos a perseverarem na fé dos seus antepassados. Certo dia, um desses sacerdotes disse
a João

Sacerdote 1: "Quantos anos tens?

João: Onze.

Sacerdote 1:Já fizeste a primeira comunhão?

João: Não. A igreja está fechada.


Sacerdote 1Não te preocupes. Como não podemos fazê-la aqui, vamos a Eculy. Aí, num
salão com as janelas fechadas, eu te darei Jesus Eucaristia pela primeira vez".

Narrador:E assim aconteceu, que o nosso Joãozinho recebeu a Eucaristia, com imenso
fervor, às escondidas dos guardas que iam matando todos os cristãos.

Cena 3 VO C A Ç Ã O SA C E R D O TA L

Narrador: Ao passar dos anos, a fé do João fortalecia-se, e ao ver a coragem e a fé dos


sacerdotes que arriscavam a sua vida para difundirem o amor de Cristo na França,
nasceu um grande desejo no coração daquele menino.
Mãe: “O filho, que tens? Há muitos dias que tu andas muito pensativo”
João: “O pai, o mãe, já pensei muito nisso… eu gostaria muito de ser padre"
Mãe: “Oh, que lindo!!! Nunca te disse isto… mas, João, este era o meu maior desejo”

Pai : “O João, eu não posso fazer nada mais que abençoar este teu santo desejo. Amanhã a tua
mãe irá ter com o nosso bom pároco, para pedir que comece a tua preparação”

Narrador: o dia seguinte…


Mãe: “Senhor padre, não poderia aceitar o meu filho João nas suas aulas, como ouvinte, para
se preparar para entrar no seminário?"
Pe. Balley: minha senhora, eu gostaria tanto, mas já tenho outros compromissos, e agora não
posso aceitar outras pessoas aqui…
Mãe: o meu filho não podia vir aqui de vez em quando? Pelo menos, já começava a estudar!
Pe. Balley: Vamos ver, senhora… espere alguns semanas…
Narrador: Alguns tempos depois, o padre Balley aceitou o João na sua casa, e começou a
sua formação. Tudo ia bem, mas o único problema era o Latim, uma língua antiga, mas que
era a língua oficial da Igreja: a Missa era em latim, as aulas eram em latim, na escola falava-
se só latim…. Com grande pena, esta mãe via os anos passarem, e considerava uma pena que
seu filho tão bom, trabalhador e obediente, não obtivesse os conhecimentos necessários para
abraçar o estado sacerdotal que tanto desejava. Ainda por cima, no ano 1809 chegou a sua
chamada para a tropa… A revolução tinha acabado, mas não tiveram acabado as guerras do
Napoleão…

Pe. Balley: Senhores pais, João, estou mesmo desesperado… já tentei de tudo, escrevi o
nome do João na lista dos seminaristas, que são isentes do serviço militar, mas não há
esperança… João é mesmo obrigado a ir para a tropa. Se ele não for, seria deserção, e
poderia ser punido com a prisão, ou também a pena de morte!

João: padre, significa que é vontade de Deus… Vou para a tropa. O Senhor livrar-me-á das
mãos dos inimigos, como diz a Escritura.

Narrador: um dia de outubro do 1809 chegou para a quartel. Mas alguns dias depois da sua
chegada, uma terrível febre obrigou-o a ficar acamado, até chegar ao hospital. Um dia,
curado parcialmente, foi obrigado a juntar-se a um batalhão, que tinha partido só algumas
horas atrás. Mas, a caminho, já débil e cansado, perdeu as poucas forças que tinha, e foi
obrigado a parar-se a beira da rua.

João: já não aguento mais. Não consigo… O Jesus! Estou a morrer! E aqui estou no meio
de uma floresta! Ajudai-me vós! (e cai no chão)

Narrador: mas a providência quis que passassem por ai alguns jovens desertores….

Desertor: afinal, as guardas do imperador, também esta vez não conseguiram a apanhar-
nos! Esse Napoleão! Queria desejar-lhe qualquer mal!

Guido: pois, pois… mas foi por pouco!!! Acho era a primeira vez que aquele guarda
atirava… Oh!! (Olha para o João no chão) olhem!!! Quem este jovem? Anda vestido como
um guarda, mas os guardas nunca andam sozinhos… talvez seja um desertor como nós…!!
ó homem! O que é que se passa?

João: eeee…. A tropa… o batalhão… tenho de alcançar os outros… ajudai-me…. (e cai de


lado)

Guido: eh pá! Este está mesmo perdido! Será melhor que o levemos ao nosso abrigo!

Desertor: talvez seja melhor. E se for um espião?


Guido: com aquela cara ali? Parece mais um seminarista, do que um espião!

Narrador: esses jovens levaram consigo o nosso João, e, sem desejá-lo, ele tornou-se um
desertor, mas sem querer… já que não foi mais possível alcançar o batalhão… Depois de ter
recuperado as suas forças, foi obrigado a esconder-se por dois anos, na casa de uma viúva, a
senhora Claudina Fayot. Aproveitou do tempo para estudar e trabalhar. Mas muitas vezes
correu o perigo de ser descoberto…

Senhora Fayot: as guardas João!!! Vais esconder-te, rápido!!! Vais no palheiro!!

Guardas: Bom dia, senhora Fayot. Ouvimos dizer que de vez em quando aparece aqui
perto um jovem, em idade militar… e não é um seu filho. Podemos vasculhar a sua casa?

Senhora Fayot: Claro, podem. Eu não tenho nada a esconder!

(os guardas picam a palha, picam João, que não diz nada. O guarda vê que está qualquer
coisa mas encolhe os ombros e vai-se embora)

Guardas: obrigado, senhora…. Se calhar passou só perto da sua casa… ( e saem)

Senhora Fayot: O João!!! Tudo bem? Mas este é sangue!!!! ai meu Deus! E agora?!

João: não é nada… não se preocupe… agradecemos o Senhor que, se Ele não intervinha…
era já morto!

Narrador: Finalmente, no 2 de abril de 1810, em ocasião do casamento entre Napoleão


Bonaparte e Maria Luísa de Habsburgos para selar a paz de Viena entre a França e a Áustria,
o imperador concedeu uma amnistia aos desertores pertencentes às classes 1806-1810. João
Maria Maria foi, portanto, libertado de seu compromisso e substituído, por sua livre escolha
e ao preço de três mil francos, por seu irmão mais novo Francisco, mas que nunca mais
voltou. Os pais e irmãos acreditavam que ele havia caído em batalha. No início de janeiro
de 1811, ele se despediu da viúva Fayot e voltou à sua casa. Poucas semanas após seu
retorno a Dardilly, a mãe Maria expirou aos 58 anos.

Cena 4

Narrador: Depois de tudo, finalmente entrou no seminário…. Fortalecia-se nas virtudes…


mas os estudos não lhe entravam na cabeça. Os companheiros faziam progressos visíveis e
ele, nada. Apesar de tudo, não desanimou. João sabia que o que custa é o que tem valor e que,
para chegar às coisas difíceis, é necessário sacrifício e até heroísmo… Os companheiros,
porém, olhavam-no com sobranceria por verem que já era tão crescido e que o latim não lhe
entrava na cabeça…

Colega 1: ó Vianney! Força!! Sabes o que diziam os antigos? Si isti et illi, cur non ego?
Sabes que significa? Se conseguiram estes e esses, porque é que não devo conseguir
também eu?

João: tem razão, mas eu não compreendo mesmo nada!!! sabes que significa? Nada!
Colega 2: tranquilo… João! Se tu quiseres posso ajudar-te eu!

João: em latim?

Colega 2: que dizes?! Pois não, em franzes!

Narrador: apesar de tudo, após cinco ou seis meses de falhas continuas, os diretores foram
forçados a mandá-lo para casa. Foi um duro golpe para o jovem seminarista e seus
companheiros, muito afeiçoados a ele… então devia contentar-se com ser um freire… um
irmão leigo. Mas o padre Balley, que era seguro dos dons daquele jovem, chamou-o ainda
na sua casa como discípulo. Apesar dos esforços, chumbou outra vez…

Pe. Balley: joão, vais ali a rezar o terço. Eu vou falar com o monsenhor Courbon… Tem de
admitir-te ao sacerdócio. Não é possível toda esta incopreensão.

Pe. Balley: toc.toc… com licença, senhor monsenhor! Bom dia! A sua bênção!

monsenhor Courbon: seja bem-vindo pe. Balley! A que devo a honra da sua visita?

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