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Sapatas Rígidas

Prof.Dr. José Luiz P. Melges


Departamento de Engenharia Civil
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP 01
Janeiro/2016

• Importante:
1) Estas notas de aula foram adaptadas de trabalhos desenvolvidos
pelo Prof.Dr. José Samuel Giongo, pelo Estagiário Eng. Romel
Dias Vanderlei, e pelo Prof.Dr. Libânio Miranda Pinheiro, do
Departamento de Engenharia de Estruturas, da Escola de
Engenharia de São Carlos – USP.
2) Também foram usadas recomendações apresentadas no
livro “Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de
Concreto Armado”, vol. 2, de autoria dos Professores
Doutores Roberto Chust Carvalho e Libânio Miranda
Pinheiro.

3) Várias figuras foram retiradas de sites da internet


02
utilizando-se o site de busca google.com.br

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1. Recomendações da NBR 6118:2014
1.1. DEFINIÇÃO DE SAPATA RÍGIDA

 A sapata é rígida quando, nas duas direções, tem-se que:


 
h  a  ap / 3

h = altura da sapata
a = dimensão da base da sapata em uma determinada direção
ap= dimensão do topo da sapata (na região da ligação com o
pilar) na mesma direção 3

1.1 Definição de sapata rígida – cont.

 Ou seja, dizendo de uma outra forma, a sapata é rígida


quando:
c  1,5 h

h = altura da sapata
c = distância da face do pilar à extremidade da sapata

 Neste módulo iremos trabalhar apenas com sapatas rígidas.


Para sapatas flexíveis, recomenda-se a consulta ao livro dos
Professores Chust e Pinheiro. 4

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1.1 Definição de sapata rígida – cont.

 A altura (h) deve ter um valor de modo que:

a) a sapata seja rígida;

b) seja suficiente para permitir a ancoragem da armadura de


arranque do pilar.
compr.
de ancoragem
(ancoragem reta)
Junta de concretagem

compr.
de ancoragem
h h   b  cobr.
(ancoragem reta)
(a favor da seg.)
cobrimento
Gancho tipo C ("pata") - construtivo
10 a 15 cm
Estribos (situação desejável, embora não essencial - volume de concreto impede flambagem da barra)
Estribos: situação RECOMENDÁVEL 5

(Obs: é possível diminuir o


valor de h caso se aumente a
área de armadura do arranque.
Nesse caso, usa-se o lbnec ao
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invés do lb)

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1.2. TENSÕES NA BASE DA SAPATA

 “Para sapata rígida, pode-se admitir plana a distribuição de


tensões normais no contato sapata-terreno, caso não se
disponha de informações mais detalhadas a respeito” .
 “Para casos extremos de fundação em rocha, essa hipótese
deve ser revista”.
(NBR 6118:2014)

2. Comportamento Estrutural em
relação à Flexão

“Com relação à flexão, o comportamento estrutural pode ser


caracterizado por trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se
que, para cada uma delas, a tração na flexão seja uniformemente
distribuída na largura correspondente da sapata. Essa hipótese não se
aplica à compressão na flexão, que se concentra mais na região do
pilar que se apoia na sapata e não se aplica também no caso de
sapatas muito alongadas em relação à forma do pilar.

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Exemplo: Cálculo do Momento Solicitante , para força centrada Pk

Msk

Exemplo: Cálculo do Momento Solicitante , para força centrada Pk – cont.

● O momento solicitante é calculado em relação à face do pilar


P
e em função da tensão que atua na base da sapata:  k
a.b
Direção x: Direção y:
a
cx
MSk, y
y a
b
ASx x cy
y b
MSk, x x
ASy

cy2
c 2 MSk, y   . a.
MSk, x   . b. x 2
2
MSd, y  1,4 . MSk, y
MSd, x  1,4 . MSk, x 10

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Exemplo: Cálculo do Momento Solicitante, para força excêntrica
(Pk e Mk)
Sugestão a favor da segurança: calcular 1, considerar como se ela fosse
constante e prosseguir com os cálculos.

Msk

1

As
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 Cálculo da Área de Armadura


Sapatas com altura constante: usar tabelas para seções retangulares

bw  d2 TABELA
kc    
 ks Md
Md As  k s 
d

ap
Seção transversal:

d h

( É recomendável utilizar uma taxa mínima de armadura igual a 0,15%) 12

6
 Cálculo da Área de Armadura - cont.
Para sapatas com altura variável
Região do concreto comprimido na seção transversal não é mais retangular!

Seção transversal:

● Como largura da seção diminui quando se afasta da linha neutra em direção à


borda comprimida, a tensão que atua na região comprimida deve ser igual a 0,8 fcd

 Sugestão: MSd
As 
0,8  d  f yd
( É recomendável utilizar uma taxa mínima de armadura igual a 0,15%) 13

3. Comportamento Estrutural em
relação ao Cisalhamento
Com relação ao cisalhamento, tem-se que comportamento
estrutural pode ser caracterizado por trabalho ao cisalhamento
também em duas direções, não apresentando ruptura por
tração diagonal, e sim por compressão diagonal verificada
conforme o item 19.5.3.1. Isso ocorre porque a sapata rígida
fica inteiramente dentro do cone hipotético de punção, não
havendo, portanto, possibilidade física de punção.” (NBR
6118:2014)

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3.1. TEORIA DE BIELAS E TIRANTES

 Elemento estrutural é constituído por barras comprimidas e


tracionadas, ligadas entre si por meio de nós.
 As barras comprimidas (ou bielas) representam os campos de
compressão a serem resistidos pelo concreto.
 Já as barras tracionadas (ou tirantes) representam os campos de
tração a serem absorvidos pela armadura.
 Em alguns casos específicos, os campos de tração também podem
ser absorvidos pelo concreto.

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 Para que a estrutura não entre em colapso, deve-se verificar:


possibilidade do esmagamento da biela, cuja resistência está
relacionada à resistência do concreto à compressão
possibilidade da ruína do tirante inclinado, cuja resistência está
relacionada à resistência do concreto à tração .

a)Biela Comprimida b) Tirante tracionado 16

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 Para simplificar essas verificações, ao invés de se trabalhar com
tensões em bielas e em tirantes, comparam-se determinadas tensões
de cisalhamento com parâmetros de resistência.

 Pelo fato da sapata ser rígida, necessita-se apenas de verificar a


compressão diagonal das bielas.

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3.2. VERIFICAÇÃO DO CISALHAMENTO EM SAPATAS


RÍGIDAS (ITEM 19.5.3.1)
Tensão de cisalhamento que atua  Tensão de cisalhamento que resiste

a) Tensão de cisalhamento que atua (Sd):

b) Tensão de
cisalhamento que resiste
(Rd2):

(sugestão para unidades: fck, fcd e Rd2 em MPa) 18

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4. Detalhamento
 A armadura de flexão deve ser uniformemente distribuída ao
longo da largura da sapata, estendendo-se integralmente de face a
face da mesma e terminando em gancho nas duas extremidades

 Para barras com  ≥ 25 mm deve ser verificado o


fendilhamento em plano horizontal, uma vez que pode ocorrer o
destacamento de toda a malha de armadura.

 A sapata deve ter altura suficiente para permitir a ancoragem da


armadura de arranque. Nessa ancoragem pode ser considerado o
efeito favorável da compressão transversal às barras, decorrente
da flexão da sapata. 19

5. Exemplos
5.1. SAPATA SUBMETIDA A UMA FORÇA CENTRADA

Sapata rígida c/ altura constante


Dimensões da sapata (planta):
2m x 2,4m.
Pilar: 20cm x 60 cm.
Pk = 1500 kN.
Aço CA 50 (A).
Concreto C25, Britas 1 e 2
Cobrimento: 5 cm.
Armadura longitudinal do pilar:
10  10 mm.
20

10
5.1.1) Definição da altura da sapata

 Condição 1 (Sapata rígida):


 Direção x:  Direção y:
NBR 6118 : 2014 : cx  1,5 h NBR 6118 : 2014 : cy  1,5 h

 h  cx / 1,5  60 cm  h  cy / 1,5  60 cm

 Condição 2
(Ancoragem armadura do pilar):

h  37,7  + cobrim.
h  37,7 . 1 + 5
h  43 cm

 Adotar: h = 60 cm

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5.1.2) Estimativa da altura útil

 d = 60 – 5 = 55 cm (simplificação).
240 cm
 Adotar: dx = dy = d = 55 cm

200cm Asy

y Asx

x
Pd

Asy dy dx
Asx
22

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5.1.3) Verificação do Cisalhamento

a)

uo = 2 . (20 + 60) = 160 cm


1, 4 . 1500 kN
 Sd   0 , 239 kN / cm 2  2 ,39 M Pa
160 cm . 55 cm

b)

 25  25 M Pa
 Rd 2  0 , 27  1    4 ,34 M Pa
 250  1, 4

c)  S d (  2 ,3 9 M P a )   R d 2 (  4 ,3 4 M P a )
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5.1.4) Cálculo do momento que atua na direção y

 Tensão na base da sapata: 


1500 kN
 0 , 03125 kN / cm 2
200 cm . 240 cm

 Resultante: F = 0,03125 . 240 . 90 = 675 kN

90
 Momento: M = Resultante . braço = 675 .  30 375 kN .cm
2
240 cm

90cm 90
cm
200
y cm
x

24

12
 Portanto, na seção S1, tem-se que:

Myd = 1,4 . M = 1,4 . 30 375 = 42 525 kN . cm

25

240
5.1.5) Cálculo da armadura na direção y
90 60 90
 Seção transversal 200 20 y
x
relativa aos esforços
55 cm 60 cm
que atuam na
direção y Asy
240 cm

 Usando tabelas: adotar d = 55

240 . 552  ks = 0,0236


Interpolar o valor de kc,
kc   17,07 caso necessário
42 525
0,0236 . 42 525
Asy   18,25 cm 2
55

 Considerando uma taxa mínima de armadura (0,15%):


0,15
Asy  . 240 . 60  21,6 cm 2 ADOTAR ESSA!!!
100 26

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 Estimativa para determinar o diâmetro da barra usando a tabela de
área de armadura por metro de largura - as - , em cm2/m:

Se 21,6 cm2 correspondem a 2,4m


Então x corresponde a 1m

2,4 x = 21,6  x = 9 cm2 / m


Tabela:
 12,5 mm cd 13 cm (9,44 cm2 / m)

(Espaçamento adequado: menor ou igual a 20 cm e 2h=120cm).

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Continuação...

28

14
 Cálculo do número exato de barras :
60
Nro de barras = Área total / Área de 1 barra

= 21,6 / 1,23

= 17,6  18 barras

 Cálculo do espaçamento real:


240
Espaçamento real = faixa / (nro. de barras - 1)

Faixa = 240 – 2 . 5 – 2 . (1,25/2) = 228,75 cm

Faixa
Espaçamento real = 228,75 / 17 = 13,45  13,5 cm
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 Limitações do espaçamento:

2 h  120cm
espaçamento  13,5   ( OK ! )
20 cm

 Cálculo da distância livre entre barras:

13,5 – 2 . (1,25 / 2) = 12,25 cm

 Limitações da distância livre entre as barras:

2 cm
 ( OK ! )
distância livre  12,5  barra  1,25 cm
1,2 
 agregado  1,2 . 2 ,5  3 cm ( Brita 2 )

 Adotar: 18  12,5 mm cd 13,5 cm (As,tot = 22,14 cm2)


30

15
5.1.6) Detalhamento da armadura disposta na direção y

31

5.1.7) Detalhamento da armadura disposta na direção y

 trecho reto (TR) : 2 . 1,25= 2,5 cm

 Diametro interno de dobra (dobr.) :


(dobr.) : 5 . 1,25 = 6,25  6,5 cm

 L1 = 200 – 2 . 5 = 190 cm

 total=
= 2 . 2,5 + 190 + 2,142 . 6,5 + 1,142 , 1,25 = 215,4  215,5 cm
32

16
 Asy: 18  12,5 mm cd 13,5 cm (L = 215,5 cm)

7 cm
2,5 cm

Odobr. : 6,5 cm 9 cm

190 cm

33

5.1.8) Detalhamento da armadura disposta na direção x 240 cm


90 cm

(análogo ao que foi feito na direção y)


200
y cm
x
M = 25 312,5 kN . Cm  Mxd = 35 437,5 kN . cm
90 cm

Asx,calculada  15,21 cm 2 
 2
2
 Asx  18 cm
Asx,mínima  18 cm 
 240 cm

 Asx: 15  12,5 mm cd 13,5 cm (L = 250,5 cm)


y
200
cm x

7 cm
2,5 cm

Odobr. : 6,5 cm 9 cm

230 cm
34

17
240 cm

5.1.9) Detalhamento
60cm

200 20
cm cm

60 cm N2 N1

240 cm

35

36

18

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