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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO FULANO DE TAL

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DD RELATOR DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº. 000000/PR
4ª TURMA

FRANCISCO DAS QUANTAS (“Agravante”), já


devidamente qualificado no Agravo em Recurso Especial (AResp), em razão de
despacho denegatório de Recurso Especial Cível, ora em destaque, vem, com o
devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que
abaixo firma, para, com supedâneo no art. 28, § 5º da Lei nº. 8.038/90(LR) c/c arts.
258 e 259 do RISTJ, no quinquídio legal, interpor o presente

AGRAVO REGIMENTAL,

onde fundamenta-os por meio das Razões ora acostadas, tudo consoante as linhas
abaixo explicitadas.

Respeitosamente, pede deferimento.

Brasília (DF), 00 de janeiro de 0000.


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Beltrano de Tal
Advogado – OAB/PR 0000

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RAZÕES DO AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE: FRANCISCO DAS QUANTAS


Ref.: Agravo no Recurso Especial Cível (AREsp) nº 0000/PR

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PRECLARO RELATOR

1 - SÍNTESE DO PROCESSADO

O Agravante ajuizou ação de reparação de danos


morais, sob o fundamento de inserção indevida do nome do mesmo junto aos
órgãos de restrições. Sobreveio sentença do juízo monocrático de origem, o qual
determinou o pagamento de indenização pela Agravada no montante de 20(vinte)
vezes o valor da inscrição indevida, totalizando o montante de R$ 00.000,00(
.x.x.x.x.x. ).

A Recorrida interpôs recurso de apelação, em face de


decisão condenatória em espécie, maiormente quando argumentou que a
condenação fora exacerbada. O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,
por sua 00ª Câmara, em decisão unânime, acatou em parte o recurso interposto,
provendo-o para reduzir o valor da indenização ao patamar de R$ 3.000,00( três mil
reais), além de honorários advocatícios arbitrados em 15%(quinze por cento) sobre
o valor da condenação.

Contra a decisão do Tribunal local, ora citada, o


Agravante interpôs o devido Recurso Especial, alegando não consonância da
decisão com a orientação fixada no art. 186 e 944, ambos do Código Civil, além de

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colacionar divergência jurisprudencial sobre o tema em vertente. Todavia, o senhor
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do ___, ao examinar os pressupostos
de admissibilidade do REsp em estudo, ventilou sua inadmissibilidade, destacando
ser inviável a revisão do valor arbitrado a título condenatório por danos morais, por
meio da via recursal almejada, por demandar reexame de matéria fática, defeso em
Recurso Especial, nos termos da Súmula nº 7/STJ.

Em face da negativa de seguimento do Recurso


Especial em tablado, o ora Agravante interpôs Agravo ( CPC, art. 544 – com a nova
redação da Lei 10.322/10 c/c Lei 8038/90, art. 28)

Todavia, a decisão, ora guerreada, fora rechaçada,


quando a relatoria conheceu e negou provimento ao Agravo em Recurso Especial,
onde destacamos a seguinte passagem de ênfase:

“ Esta Corte Superior somente deve intervir para diminuir ou


majorar o valor arbitrado a título de danos morais quando se
evidenciar manifesto excesso ou irrisão do quantum, o que não
ocorre in casu.
casu. Incidência, pois, da Súmula 07 do STJ. Precedentes.

Neste contexto, NÃO CONHEÇO o Agravo.

Publique-se. Intimem-se. “

Entrementes, temos que a decisão monocrática, ora


vergastada, dissocia-se de entendimentos distintos para casos análogos já
consolidados nesta Egrégia Corte Especial, tudo abaixo demonstrado.

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( 2 ) – NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07
ÓBICE INAPLICÁVEL NA HIPÓTESE DE A CONDENAÇÃO
MOSTRAR-SE IRRISÓRIA

A pretensão trazida neste recurso enquadra-se nas


exceções que permitem a interferência desta Corte, uma vez que o valor arbitrado
pelo Tribunal Local, a título de indenização por dano moral, fora irrisório. Não há,
pois, o óbice contido na Súmula nº. 7 do STJ, maiormente quando a decisão
guerreada contrariou os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

Neste sentido:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


AGRESSÃO FÍSICA AO CONDUTOR DO VEÍCULO QUE COLIDIU COM O
DOS RÉUS. REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS. ELEVAÇÃO. ATO
DOLOSO. CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO E COMPENSATÓRIO.
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Na fixação do valor da reparação do dano moral por ato doloso,
atentando-se para o princípio da razoabilidade e para os critérios da
proporcionalidade, deve-se levar em consideração o bem jurídico lesado e
as condições econômico-financeiras do ofensor e do ofendido, sem se
perder de vista o grau de reprovabilidade da conduta do causador do
dano no meio social e a gravidade do ato ilícito.
2. Sendo a conduta dolosa do agente dirigida ao fim ilícito de causar dano
à vítima, mediante emprego de reprovável violência física, o arbitramento
da reparação por dano moral deve alicerçar-se também no caráter
punitivo e pedagógico da compensação, sem perder de vista a vedação do
enriquecimento sem causa da vítima.
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3. Na hipótese dos autos, os réus espancaram o autor da ação
indenizatória, motorista do carro que colidira com a traseira do veículo
que ocupavam. Essa reprovável atitude não se justifica pela simples culpa
do causador do acidente de trânsito. Esse tipo de acidente é comum na
vida diária, estando todos suscetíveis ao evento, o que demonstra, ainda
mais, a reprovabilidade da atitude extrema, agressiva e perigosa dos réus
de, por meio de força física desproporcional e excessiva, buscarem vingar
a involuntária ofensa patrimonial sofrida.
4. Nesse contexto, o montante de R$ 13.000,00, fixado pela colenda Corte
a quo, para os dois réus, mostra-se irrisório e incompatível com a
gravidade dos fatos narrados e apurados pelas instâncias ordinárias, o que
autoriza a intervenção deste Tribunal Superior para a revisão do valor
arbitrado a título de danos morais.
5. Considerando o comportamento altamente reprovável dos ofensores,
deve o valor de reparação do dano moral ser majorado para R$ 50.000,00,
para cada um dos réus, com a devida incidência de correção monetária e
juros moratórios.
6. Recurso Especial provido. (STJ
(STJ - REsp 839.923; Proc. 2006/0038486-2;
MG; Quarta Turma; Rel. Min. Raul Araújo; Julg. 15/05/2012; DJE
21/05/2012)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544 DO CPC) AÇÃO


INDENIZATÓRIA. LABORATÓRIO. RESULTADO FALSO-POSITIVO PARA
HIV. DANO MORAL CONFIGURADO RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
LABORATÓRIO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. EXCESSIVO. INTERVENÇÃO
DO STJ REDUÇÃO A VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

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1. Esta Corte Superior deve intervir para diminuir ou majorar o quantum
arbitrado a título de danos morais quando se evidenciar valor excessivo ou
irrisório, o que ocorre no caso presente. Precedentes.
2. Agravo regimental improvido. (STJ
(STJ - AgRg-AREsp 18.390; Proc.
2011/0144439-0; BA; Quarta Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; Julg.
19/06/2012; DJE 26/06/2012)

O abalo sofrido pelo Agravante, em razão dos indevidos


apontamentos nos órgãos de restrições é evidente e inarredável. A angústia, a
preocupação, o incômodo são inevitáveis e inegáveis. Ademais, o fato de ser
cobrado injustamente trouxe à mesma uma sensação de impotência e alteração de
ânimo que devem ser consideradas para efeitos de estipulação do valor
indenizatório. É presumível e bastante verossímil o alegado desconforto e abalo
sofrido pelo Recorrente, ao perceber que seu nome estava inserto no rol de
inadimplentes, quando originário de empréstimos que jamais contratara.

Nesse compasso, o valor indenizatório, arbitrado em


módicos R$ 3.000,00 (três mil reais), não repara os danos sofridos pelo Agravante,
muito menos oferece caráter pedagógico em face da Recorrida.

( 3 ) – VIOLAÇÃO INQUESTIONÁVEL DO ART. 186 e 944 DO


CC

De outro plano, o Código Civil estabeleceu-se a regra


clara de que aquele que for condenado a reparar um dano, deverá fazê-lo de sorte
que a situação patrimonial e pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior.
Assim, o montante da indenização não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser
integral, portanto.
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CÓDIGO CIVIL

Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.

É consabido que a moral é um dos atribudos da


personalidade, tanto assim que Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald
professam que:

“Os direitos da personalidade sã o tendentes a assegurar a integral


proteçã o da pessoa humana, considerada em seus mú ltiplos aspectos
(corpo, alma e intelecto). Logo, a classificaçã o dos direitos da
personalidade tem de corresponder à projeçã o da tutela jurídica em
todas as searas em que atua o homem, considerados os seus mú ltiplos
aspectos biopsicoló gicos.
Já se observou que os direitos da personalidde tendem à afirmaçã o da
pelna integridade do seu titular. Enfim, da sua dignidade.
Em sendo assim, a clssificaçã o deve ter em conta os aspectos
fundamentais da personalidade que sã o: a integridade física ( direito à
vida, direito ao corpo, direito à saú de ou inteireza corporal, direito ao
cadá ver . . . ), a integridade intelectual (direito à autoria científica ou
literá ria, à liberdade religiosa e de expressão, dentre outras
manifestaçõ es do intelecto) e a integridade moral ou psíquica (direito à
privacidade, ao nome, à imagem etc). (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nélson. Curso de Direito Civil.
Civil. 10ª Ed. Salvador:
JusPodvim, 2012, pp. 200-201)

Segundo Yussef Said Cahali caracteriza o dano moral:


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“Parece mais razoá vel, assim, caracterizar o dano moral pelos seus
pró prios elementos; portanto, ‘como a privaçã o ou diminuiçã o
daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são
a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e demais sagrados afetos’;
classificando-se, desse modo, em dano que afeta a ‘parte social do
patrimô nio moral’ (honra, reputaçã o etc) e dano que molesta a ‘parte
afetiva do patrimô nio moral’ (dor, tristeza, saudade etc); dano moral
que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz
deformante etc) e dano moral puro (dor, tristeza etc.). “ (CAHALI,
Yussef Said. Dano moral.
moral. 4ª Ed. Sã o Paulo: RT, 2011, pp. 20-21)

Quanto ao valor da reparação, tocantemente ao dano


moral, assevera Caio Mário da Silva Pereira, que:

“Quando se cuida de reparar o dano moral, o fulcro do conceito


ressarcitó rio acha-se deslocado para a convergência de duas forças:
`caráter punitivo` para que o causador do dano, pelo fato da
condenaçã o, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o `caráter
compensatório` para a vítima, que receberá uma soma que lhe
proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido. “ (PEREIRA,
Caio Mário da Silva (atualizador Gustavo Tepedino). Responsabilidade
Civil.
Civil. 10ª Ed. Rio de Janeiro: GZ Ed, 2012, p. 78)
(destacamos)

Nesse mesmo compasso de entendimento, leciona


Arnaldo Rizzardo que:

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“Nã o existe uma previsã o na lei sobre a quantia a ser ficada ou
arbitrada. No entanto, consolidaram-se alguns critérios.
Domina a teoria do duplo cará ter da repaçã o, que se estabelece na
finalidade da digna compensaçã o pelo mal sofrido e de uma correta
puniçã o do causador do ato. Devem preponderar, ainda, as situaõ es
especiais que envolvem o caso, e assim a gravidade do dano, a
intensidade da culpa, a posiçã o social das partes, a condiçã o
econô mica dos envolvidos, a vida pregressa da pessoa que tem o título
protestado ou o nome negativado. “ (RIZZARDO, Arnaldo.
Responsabilidade Civil.
Civil. 4ª Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2009, p. 261)

É certo que o problema da quantificação do valor


econômico a ser reposto ao ofendido tem motivado intermináveis polêmicas,
debates, até agora não havendo pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina
e jurisprudência são pacíficas no sentido de que a fixação deve se dá com prudente
arbítrio, para que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas
também para que o valor não seja irrisório, dentro dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.

Ademais, a indenização deve ser aplicada de forma


casuística, supesando-se a proporcionalidade entre a conduta lesiva e o prejuízo
enfrentado pelo ofendido, de forma que, em consonância com o princípio neminem
laedere, inocorra o lucuplemento da vítima quanto a cominação de pena tão
desarrazoada que não coíba o infrator de novos atos.

O valor, pois, definido pelo acórdão recorrido é ínfimo e


merece a revisão, mediante provimento deste recurso para majorar o valor da
condenação para R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

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3 – PEDIDOS

Posto isso, o presente Agravo Regimental merece ser


conhecido e provido, maiormente quando foram comprovados os pressupostos de
sua admissibilidade, onde pede-se que:

a) Vossa Excelência, na qualidade de Relator, dê


provimento ao presente recurso, ofertando juízo de
retratação (RISTJ, art. 259), e, em face dos
fundamentos levantados neste Agravo Regimental,
determine o processamento do presente Agravo,
acolhendo-o para determinar o regular seguimento ao
Recurso Especial, ou, passe análise do mérito deste
Agravo no Recurso Especial (CPC, art. 545 c/c art. 557, §
1º, parte final ), majorando o valor da condenação para
R$ 50.000,00 ;

b) não sendo este o entendimento de Vossa Excelência,


ad argumentandum , pede-se a que o presente recurso
seja submetido a julgamento pela Turma, de sorte que
requer seja aumentado o valor da condenação para o
montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) .

Respeitosamente, pede deferimento.

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Brasília (DF), 00 de janeiro de 0000.

Beltra de Tal
Advogado – OAB/PR 0000

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