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O café e a geada

Plantação próxima da cidade de São João do Manhuaçu - Minas Gerais - Brasil

O café foi plantado no oeste do estado de São Paulo, nos lugares mais altos, os
espigões, divisores das bacias dos rios que desembocam no rio Paraná, lugares menos
propensos à geadas que as baixadas dos rios. Nestes espigões foram também
construídas as ferrovias e as cidades do Oeste de São Paulo, longe da malária que
era comum nas proximidades dos rios. O café em São Paulo sofreu sobremaneira com a
"grande geada de 1918" e a geada de 18 de julho de 1975, que atingiu também o norte
do estado do Paraná, dizimando todos os cafezais das regiões de Londrina e Maringá.
[14]
A valorização do café

O mais conhecido convênio de estados cafeeiros para obter financiamento externo


para estocagem de café em armazéns a fim de diminuir a oferta externa e conseguir
preços mais elevados para o mesmo foi o Convênio de Taubaté de 1906. O pressuposto
da retenção de estoques de café era a crença de que depois de uma safra boa,
seguiria-se uma safra ruim, durante a qual o café estocado no ano anterior seria
exportado. A partir da década de 1920, a valorização do café tornou-se permanente,
aumentado muito o volume estocado, fazendo os preços se elevarem, atraindo com isso
novos países produtores ao mercado fazendo concorrência ao Brasil. Com a crise de
1929, a partir do governo de Getúlio Vargas, todos os estoques de café tiveram que
ser queimados para os preços subirem. A escolha foi feita de modo a manter o café
como um produto destinado às elites. Ou seja, o governo preferiu queimar o café à
vendê-lo por um preço mais baixo, o que o tornaria acessível a qualquer cidadão da
época. Foram queimados de 1931 a 1943, 72 milhões de sacas, equivalentes a quatro
boas safras. A partir de 1944, a oferta de café passou a ser regulada por convênios
entre países produtores.[15][16]
Consumo e produção atual no Brasil
Distribuição geográfica dos diferentes cultivos (r: robusta, m: robusta e arábica e
a: arábica)

Atualmente o Brasil consome anualmente 20 milhões de sacas de café, o que


corresponde a 173 bilhões de xícaras.[17] Apesar de ser o principal exportador do
grão sem valor agregado, o volume de café torrado e moído exportado diminui a cada
ano.[17] Com o aparecimento dos cafés blends, que misturam cafés de várias
procedências, o café brasileiro perde competitividade, já que a lei brasileira
impede a importação de café verde de outros países.[17]

Em 2020, Minas Gerais era o maior produtor de café arábica do país, com 74% do
total nacional (1,9 milhão de toneladas, ou 31,2 milhões de sacas de 60 kg). Já o
Espírito Santo era o maior produtor de café conillon, com participação de 66,3% do
total (564,5 mil toneladas, ou 9,4 milhões de sacas de 60 kg).[18] Em 2017, Minas
respondia por 54,3% da produção nacional total de café (1º lugar), Espírito Santo
respondia por 19,7% (segundo lugar) e São Paulo, 9,8% (terceiro lugar).[19]
Na Europa
Café Nicola, em Lisboa

Os estabelecimentos comerciais na Europa consolidaram o uso da bebida do café, e


diversas casas de café ficaram mundialmente conhecidas, como o Café Nicola, em
Lisboa, onde se encontravam políticos e escritores, sendo de realçar o poeta
Bocage, o Virgínia Coffee House, em Londres, e o Café de La Régence em Paris, onde
se reuniam nomes famosos como Rousseau, Voltaire, e Diderot.

O invento da cafeteira, já em finais do século XVIII, por parte do conde de


Rumford, deu um grande impulso à proliferação da bebida, ajudada ainda por uma
outra cafeteira de 1802, esta da autoria do francês Descroisilles, onde dois
recipientes eram separados por um filtro.
Em 1822, uma outra invenção surge em França, a máquina de café expresso (do
italiano spremutom ou seja, espremido), embora ainda não passasse de um protótipo.
Em 1855, foi apresentada em uma exposição, em Paris, uma máquina mais desenvolvida,
mas foi em Itália que a aperfeiçoaram.

Assim, coube aos italianos, apenas em 1905, comercializar a primeira máquina de


expresso, precisamente no mesmo ano em que foi inventado um processo que permitia
descafeinar o café. Em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, a Itália
continua tendo a primazia sobre os expressos e Giovanni Gaggia apresenta uma
máquina onde a água passa pelo café depois de pressionada por uma bomba de pistão.
O sucesso foi notório.[20][21]
A crise de 1929

Com a "quebra" da Bolsa de Valores americana em 1929, o Brasil teve a primeira


grande crise de superprodução do café, tendo que o governo brasileiro promover a
queima de estoques para tentar segurar os preços. Nos finais da década de 1930, o
Brasil tinha-se visto a braços com outro excedente de produção que foi resolvido
com ajuda da Nestlé, quando esta inventou o café instantâneo.[22]

Superada mais essa crise, o Brasil continuou a ser o maior produtor mundial de
café, embora nos últimos anos tenha de concorrer com outros países da América
Latina e Ásia, como Colômbia, Vietnã e Indonésia.

O café é, atualmente, a bebida preparada mais consumida no mundo, sendo servidas


cerca de 400 bilhões de xícaras por ano. O tipo de café mais comum é o arábica,
ocupando cerca de três quartos da produção mundial, seguido do robusta ou conilon,
que tem o dobro da cafeína contida no primeiro.
Valor nutricional
Valor nutricional por cada 100g kJ 2
Carboidratos 0
Gordura 0,02 g
Gordura saturada 0,02 g
Gordura trans 0 g
Gordura monoinsaturada 0,015 g
Gordura polinsaturada 0,001 g
Água 99,39 g
Proteínas 0,12 g
Cafeína 40 mg
Vitamina A 0 ug
Betacaroteno 0 ug
Vitamina B1 0,014 mg
Vitamina B2 0,076 mg
Vitamina B3 0,191 mg
Vitamina B5 0,254 mg
Vitamina B6 0,001 mg
Vitamina E 0,01 mg
Vitamina K 0,0001 mg
Cálcio 2 mg
Ferro 0,01 mg
Magnésio 3 mg
Manganês 0,023 mg
Fósforo 3 mg
Potássio 49 mg
Sódio 2 mg
Zinco 0,02 mg

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