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INTRODUCAO

O presente artigo foi elaborado com objetivo de um estudo que vise a compreensão a cerca do
processo de aprendizagem e desenvolvimento de crianças com deficiência física, dentre os
quais envolvem não só adaptações de politicas como também de materiais didáticos.

A ampliação dos direitos relacionados aos deficientes no âmbito educacional possibilitaram a


inclusão e o crescimento de possibilidades que estimulem o desenvolvimento de novas
habilidades para as crianças com deficiência física. Propondo assim que, embora necessitem
de estímulos diferentes, precisam da inter-relação que o contexto escolar oferece

Objectivos e metodologia. O objectivo primordial deste trabalho é inferir acerca do modo


como se processa a integração/inclusão de crianças com NEE em turmas do ensino regular.
Para o efeito, visitámos duas escolas básicas onde levámos a cabo entrevistas a membros da
comunidade educativa que estão directamente relacionados com esta temática. A ideia inicial
seria entrevistar também com alunos com NEE, objectivo este que não foi atingido devido a
inúmeros entraves que nos foram colocados pelas diversas instituições que contactámos.
Além das escolas básicas, visitámos também uma instituição de ensino especial que trabalha
apenas com indivíduos com deficiências
1.1.NECESSIDADES EDUCATIVAS ÁREA SENSORIAL

Algumas das dificuldades relacionadas ao desenvolvimento de crianças com deficiência estão


relacionadas à indefinição do conceito de deficiência tanto para o modelo médico quanto
social, de acordo com Maciel (2000), este fato transforma as pessoas deficientes (seja qual for
o tipo de deficiência) em alguém incapaz e sem direitos, sempre deixado em segundo plano.

Segundo Nogueira (2008) citado por Souza e Tavares (2010), no decorrer da história da
humanidade o deficiente sempre foi visto como vítima, no século XV, na Roma Antiga as
crianças que nasciam com alguma deformidade eram jogadas nos rios ou esgotos ou ainda
deixadas nas igrejas, em abrigos onde em que ficavam isoladas da convivência social. Estas
pessoas eram vistas pelo oque faltava no seu funcionamento, não havia o pensamento
contemporâneo em suas habilidades ou capacidades, eram desprezadas por não saber ou
conseguir nenhuma função ativa na sociedade (JANUZZI, 2004).Este grupo abrange crianças
e adolescentes cujas capacidades visuais ou auditivas estão afectadas. Quanto aos problemas
de visão podemos considerar os cegos (não lhes é possível ler, e por isso utilizam o sistema
Braille) e os amblíopes (são capazes de ler dependendo do tamanho das letras).
Relativamente aos problemas de audição, temos os surdos (cuja perda auditiva é maior ou
igual a 90 decibéis) e os hipoacústicos (cuja perda auditiva se situa entre os 26 e os 89
decibéis).

Para além destes grupos podemos ainda indicar as crianças e adolescentes com problemas de
saúde (que podem estar na origem dificuldades de aprendizagem - diabetes, asma, hemofilia,
SIDA), com problemas provocados por traumatismo craniano e os autistas.
Segundo Brennan (in Correia, 1999, p. 48) ”Há uma necessidade educativa especial quando
um problema físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…) afecta a aprendizagem ao
ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo (…) para que o aluno possa receber
uma educação apropriada.”

De modo facilitar a comunicação entre aqueles que lidam com estas crianças, agrupam-se
geralmente as Necessidades Educativas Especiais nas seguintes categorias: o Problemas
motores o Dificuldades de aprendizagem o Cegos-surdos o Deficiência mental o Deficiência
auditiva o Perturbações emocionais graves o Problemas de comunicação o Deficiência visual
o Multideficiência o Dotados e sobredotados o Autismo o Traumatismo craniano o Outros
problemas de saúde

1.2 Atendimento de crianças com Necessidades educativas especiais

Segundo Piaget, Bruner e Hunt o desenvolvimento das crianças e adolescentes com


necessidades educativas especiais processa-se através de uma sequência de estádios idêntica à
dos alunos “normais”. Contudo, este desenvolvimento dáse a um ritmo mais lento nas áreas
de aprendizagem em estas crianças e adolescentes apresentam problemas. Segundo estes
autores o seu desenvolvimento será favorecido por um ambiente de aprendizagem activo e
está condicionado pelo tipo de interacção com o meio que a rodeia. Piaget defende ainda que
deve existir um ajustamento construtivo entre o estádio de desenvolvimento da criança e o
ambiente de aprendizagem, através de uma prática educativa cuidada designada por
“processo de equilibração”.

Os estudos desenvolvidos por Harold Skeels ou pelo Programa Perry para a Préescolar
indicam que o funcionamento intelectual e o desenvolvimento geral das crianças com NEE
podem ser influenciados por um ambiente rico e estimulante que induz aumentos
consideráveis no funcionamento cognitivo destas crianças.

Assim, os objectivos educativos para as crianças com Necessidades Educativas Especiais


devem ser semelhantes aos objectivos educacionais das outras crianças, ou seja: melhorar a
cognição e a capacidade de resolução de problemas.

1.3 Legislação

Embora a Constituição da República Portuguesa referisse a igualdade de oportunidades ao


acesso e sucesso escolar, só com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo em 1986
é que se processaram transformações significativas na concepção de “Educação Integrada”.
Após esta publicação a escola e o professor do ensino regular passam a ser responsabilizados
pelo desenvolvimento de uma estratégia que vise a integração e o ensino de todos os
indivíduos, inclusive daqueles “com necessidades educativas específicas”.

Em 1988 é publicado o despacho Conj. 38/SEAM/SERE/88, que cria e define as “Equipas de


Educação Especial” como “serviços de educação especial a nível local, que abrangem todo o
sistema de educação e ensino não superior” e que, no âmbito das suas atribuições “tem como
objectivo genérico contribuir para o despiste, a observação e o encaminhamento,
desenvolvendo o atendimento directo, em moldes adequados, de crianças e jovens com
necessidades educativas decorrentes de problemas físicos ou psíquicos”.

De acordo com o Decreto-lei n.º 43/89 compete à escola “Desenvolver mecanismos que
permitam detectar a tempo dificuldades de base, diferentes ritmos de aprendizagem ou outras
necessidades dos alunos que exijam medidas de compensação ou formas de apoio adequadas
nos domínios psicológico, pedagógico e sócio-educativa.

1.4 A Integração e o princípio da Inclusão

A Educação integrada é entendida como o atendimento educativo específico prestado a


crianças e adolescentes com NEE no meio familiar, no jardim-deinfância, na escola regular
ou noutras estruturas em que a criança ou o adolescente estejam inseridos (Correia, 1999,
p.19). Neste contexto, a escola surge como espaço educativo aberto e diversificado apto a
proporcionar respostas adequadas à individualidade e à diferença das crianças com
Necessidades Educativas Especiais. Deste modo e segundo a filosofia de integração só se
deverá recorrer às classes especiais quando as necessidades da criança não são satisfeitas num
meio que inclua crianças normais, mesmo na presença de apoios de serviços suplementares.

Na década de 80 surge nos Estados Unidos da América o conceito de Inclusão, que defende a
inserção do aluno com qualquer tipo de Necessidade Educativa Especial na classe regular,
independentemente dos seus níveis académico e social, com o apoio dos serviços de educação
especial. Segundo esta perspectiva, desde que a escola regular forneça os serviços adequados
e apoios suplementares, o aluno com Necessidades Educativas Especiais (incluindo aquele
com NEE moderada e severa) pode atingir os objectivos que lhe foram traçados de acordo
com as suas características. A óptica da inclusão assume que a heterogeneidade existente
entre os alunos é um factor positivo, que maximiza o potencial do aluno com NEE. O
conceito de inclusão advoga uma educação adequada e apropriada, que respeite as
características e necessidades específicas dos alunos. A percepção pode ser definida como o
resultado de um complexo processo de discriminação de indícios ou atributos de objetos ou
seres, possibilitada pela síntese das nossas sensações primariamente isoladas e específicas,
organizadas e mediadas pelos nossos sistemas psíquicos. Dentro desse contexto, a percepção
deixa de ser considerada como o resultado de simples associações cerebrais de diferentes
sensações, para ser vista como um processo complexo que se baseia em experiências
anteriores, o que possibilita a criação de hipóteses e a integração com outros processos
mentais e que, na comunicação, aparece mediada pela fala. A percepção integral é
possibilitada pela recepção sensorial, pela síntese das sensações isoladas e pelos complexos
sistemas psíquicos, o que reforça a natureza ativa da percepção com uma organização
cerebral sem uma localização única (LURIA, 1981). No processo de ensino e aprendizagem
dos alunos com necessidades educacionais especiais, o professor deve ter o cuidado em
avaliar, selecionar e adequar os recursos pedagógicos e comunicativos frente às
especificidades de cada aluno. Neste sentido, os objetivos desta pesquisa são avaliar,
selecionar e adequar recursos e procedimentos pedagógicos e comunicativos para crianças,
adolescentes e adultos de diferentes Instituições de ensino e/ou de reabilitação frente às
especificidades perceptuais: auditiva, visual, tátil e inserir o professor e estagiários neste
contexto teórico e prático.

De acordo com a UNESCO, as Necessidades Educativas Especiais referem-se a toda e qualquer ajuda
pedagógica que os alunos (excluídos ou não do sistema escolar regular) necessitam para aprender. Isto
é, há uma necessidade educativa especial, quando um problema (físico, sensorial, mental, emocional,
social, cultural, ambiental ou qualquer combinação destes factores) afecta a aprendizagem, ao ponto
de serem necessários acessos especiais ao currículo e condições de aprendizagem especialmente
adaptadas, para que o aluno possa receber uma educação apropriada. As Necessidades Educativas
Especiais estão relacionadas com as dificuldades de aprendizagem apresentadas por qualquer aluno.
Quer isto dizer que, qualquer aluno, ao longo do seu processo de escolarização, pode sentir algum
desconforto ou problema para assimilar algum conteúdo, resultando daí o seu baixo ou parcial
desempenho.

É de realçar que o conceito de Necessidades Educativas Especiais começa a ser utilizado no


fim dos anos 70, mais especificamente em 1978, através da sua adopção no Relatório
Warnock, apresentado, no mesmo ano, ao Parlamento do Reino Unido.

No concreto, quanto à classificação das necessidades educativas especiais, estas podem ser:

1. No que concerne ao nível de permanência, as NEE podem ser:


1. Permanentes: as Necessidades Educativas Especiais permanentes são
apresentadas por alunos que experimentam dificuldades em aprender por
terem uma ou mais deficiências relativamente insanáveis, de tipo sensorial,
mental, físico-motor e emocional ou psicossocial.
2. Parciais ou transitórias: asN Educativas Especiais que ocorrem num período
de tempo relativamente curto. São aqui enquadrados os alunos que,,
apresentando habitualmente rendimento escolar regular ou acima da média, de
maneira progressiva ou súbita, experimentam dificuldades para aprender.
2. No que concerne às tipologias das NEEexistem várias classificações, mas no presente
manual apresentam-se as seguintes, de acordo com a problemática das deficiências ou
dificuldades de aprendizagem e comportamento:

o as dificuldades de aprendizagem específicas;


o os problemas de comunicação;
o a deficiência intelectual (deficiência mental);
o as perturbações emocionais e de comportamento;
o a multideficiência;
o a deficiência auditiva;
o a deficiência físico-motora;
o os problemas de saúde;
o a deficiência visual;
o as perturbações do espectro do autismo;
o a surdo-cegueira;
o o traumatismo craniano; e
o a superdotação.

As dificuldades de aprendizagem específicas

As dificuldades de aprendizagem específicas verificam-se quando um aluno não está a


progredir de acordo com os objectivos curriculares da classe que frequenta. O professor não
deve cruzar os braços ou ficar alheio ao seu problema. Para isso, necessita de ter ideias claras
e objectivas sobre a natureza das dificuldades de aprendizagem, para poder identificá-las e
diagnosticá-las, promovendo a intervenção adequada para com os alunos que lhe são
confiados.

Um dos papéis do professor na Educação Inclusiva é compreender que a dificuldade de


aprendizagem específica significa uma perturbação num ou mais dos processos psicológicos
básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode
manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer
cálculos matemáticos.

O termo inclui condições como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral
mínima, dislexia, disortografia, disgrafias, discalculias, dislalias e afasia de desenvolvimento,
mas não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes principalmente
de deficiência visual, auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou
de desvantagens ambientais, culturais ou económicas.

As dificuldades de aprendizagem específicas têm a sua origem em quatro tipos de problemas


fundamentais a citar: factores externos ao aluno, factores intra-individuais conjugados com
factores ambientais e factores associados.

Os problemas intelectuais ou deficiência mental

Os problemas intelectuais ou deficiência mental correspondem às dificuldades no


desenvolvimento, sendo entendidas como um funcionamento intelectual inferior à média e
manifestam-se antes dos 18 anos de idade. As suas principais causas são: genética, carência
hormonal, gravidez conturbada, infecção por vírus durante a gravidez, falta de oxigenação no
cérebro do bebé durante parto ou desnutrição crónica nos primeiros anos de vida.

Este tipo de problemas apresenta-se em quatro níveis que são: o retardo mental leve,
moderado, severo ou profundo, de acordo com a sua implicação.

O professor desempenha uma função fundamental na observação das manifestações das duas
ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal;
habilidades sociais; utilização e preservação do bem comum escolar; saúde e segurança;
habilidades académicas; lazer e trabalho com os colegas.

Os problemas de comunicação

Os problemas de comunicação constituem a perturbação da fala e da linguagem. A


dificuldade da fala inclui dificuldades da voz, da articulação e da fluência. Enquanto isso, a
perturbação da fala envolve perturbação da voz, da articulação e de fluência e as perturbações
de linguagem envolvem a forma, fonologia, morfologia, sintaxe, conteúdo, uso, a
comunicação social e cultural. Para haver comunicação, é necessário recorrer a um sistema de
sinais.

Esses sinais têm todos em comum o facto de possuírem uma face material, passível de ser
apreendida pelos sentidos (o significante) e uma face não-material, estritamente mental,
inapreensível pelos sentidos (o significado).

Perante a dificuldade na comunicação, o professor precisa de estar atento aos factores que
condicionam a comunicação, factores físicos, fisiológicos e psíquicos, individuais e sociais. É
fundamental perceber que a linguagem é um processo cognitivo inerente a todo e qualquer ser
humano.

Assim, um aluno que apresente um forte défice na sua comunicação verbal pode requerer
alguma forma de comunicação alternativa ou aumentativa. É também importante notar que
a capacidade de o aluno se expressar está intimamente ligada a sentimentos de autonomia,
autoestima e valorização pessoal. Assim, os alunos que, devido à sua deficiência motora não
conseguem comunicar, podem desenvolver uma atitude de extrema passividade e à grande
dependência dos outros, devido às experiências negativas e à sua incapacidade de transmitir
os seus desejos, interesses e sentimentos.

As perturbações emocionais

As perturbações emocionais e de comportamento compreendem um grupo de alunos que


apresentam incapacidade que envolve uma ou mais das características seguintes, durante um
longo período de tempo, de tal forma acentuada que venha a afectar significativamente a
realização escolar:

 A dificuldade inexplicável para a aprendizagem que não é causada por factores


intelectuais, sensoriais ou problemas de saúde;
 A incapaciadade para se comportar a um nível adequado ao seu desenvolvimento,
sobretudo no que diz respeito à sua interacção com companheiros e professores;
 Os problemas na demonstração de comportamentos ou sentimentos adequados em
circunstâncias normais;
 A incapacidade para demonstrar segurança e confiança em si mesmo ou para superar
sentimentos de tristeza;
 A dificuldade para se confrontar com situações pessoais ou escolares tensas, tendendo
a desenvolver reacções de medo ou psicossomáticas.

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