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Resumo 
Direito 
Constitucional I 
 

Luan Monteiro 
21 de Janeiro de 2018 
 

   


 

Avisos ao leitor 
Esse resumo foi feito a partir de um caderno já existente com transcrições dos áudios das aulas 
do Moreira no ano de 2016, somado aos áudios de suas aulas no período de 2017.2, anotações 
de meu caderno e o livro de Direito Constitucional Contemporâneo do Luís Roberto Barroso. 

   


 

Tópicos da P1: 
● Conceito de Constituição 
● Visões acerca do Direito Constitucional 
● Poder constituinte e poder reformador 
● Classificações das constituições 
● Classificação das normas constitucionais 
● Metodologias constitucionais 
● Constitucionalismo e estado constitucional 
● Reforma constitucional 

Tópicos da P2:  
● Interpretação constitucional  
● Mudanças na fontes do direito acusadas pelas mudanças no direito constitucional  
● Direito constitucional intertemporal  
● História do constitucionalismo brasileiro  
● Constituição de 88  
● Proporcionalidade e razoabilidade  


 

1. Conceito de Constituição 
A ​constituição​ é um instrumento criado com o objetivo de conter o poder do Estado, atuando 
em favor das liberdades, num contexto de preservação da dignidade humana. 

De acordo com Moreira, a constituição é um conjunto de normas que inaugura o direito, assim, 
estruturando seus diversos campos, além de determinar as formas e as funções do Estado, suas 
competências, os limites impostos aos poderes e a previsão e defesa dos direitos humanos 
fundamentais. 

1.1 - A ideia de supremacia da Constituição: 


● É a ideia de que se qualquer norma, lei, decisão, ato administrativo contrariar a 
constituição ela vai ser tida como inconstitucional e consequentemente, anulada. É o 
chamado controle de constitucionalidade. Você garante o controle de 
constitucionalidade através de dois mecanismos:  

● A verificação de compatibilidade com as demais leis, você verifica se ela é compatível 


com a constituição, e caso não seja, a descarta. 

● O outro elemento que garante isso é a rigidez constitucional: o fato de que é mais difícil 
mudar a Constituição do que qualquer outra lei.  

2. Visões acerca do Direito Constitucional 


● O direito constitucional​ é a parte fundamental do Direito que estuda as formas e os 
poderes do Estado, os limites impostos aos poderes públicos e privados, e promove os 
direitos e garantias fundamentais. Você tem quatro formas de se estudar o direito 
constitucional: 

○ A primeira é a ​Teoria da Constituição​ que são as teorias que dão aporte aos 
conhecimentos do Direito Constitucional unificado. 

○ A segunda, são os ​artigos das normas​, é o Direito constitucional positivo. 

○ A terceira, é a ​justiça constitucional,​ é o desempenho de um tribunal 


constitucional, a jurisprudência acerca da do direito constitucional 


 

○ E a quarta, fala-se de uma ​filosofia constitucional,​ que enxerga os institutos e as 


questões do direito e democracia. 

3. Poder Constitucional e Poder Reformador 


● Poder Constituinte​ é a capacidade jurídico-política de se elaborar uma nova 
constituição, ele se dá por meio da Assembléia Nacional Constituinte, ele é 
ilimitado, pois, não tem barreiras nem nenhum tipo de limite, é incondicionado, 
uma vez que não tem de obedecer nenhuma condição imposta a ele, e por fim, 
também é originário, porque ele origina uma nova ordem jurídica. 
 
Obs: Há uma discussão sobre constituições ilegítimas, a conclusão é de que 
apesar de documentos constitucionais poderem ter sido impostos de forma ilegal, 
eles continuam sendo válidos, há uma separação entre legalidade e legitimidade. 
Senão, teria de se invalidar todos os efeitos jurídicos de décadas em que aquele 
documento ilegítimo esteve em vigor. 

● O poder reformador​,​ é o poder de modificar a constituição, podendo adicionar, 


subtrair ou modificar artigos. No Brasil, ele se faz por meio de emendas 
constitucionais. Ele é limitado, pois, obedece a todas as barreiras constitucionais 
impostas pela CF, é derivado, uma vez que não inaugura uma nova ordem 
jurídica, apenas complementa a existente, e por fim, ele é condicionado, já que 
obedece a todas as condições que lhe são impostas pela CF. 
 
Obs: Essa modificação pode acontecer de maneira formal, que são as emendas, 
ou por mudança na interpretação daquela norma constitucional. 

● Teoria da Recepção​: se trata da revalidação das normas jurídicas antigas à luz da 
nova constituição. Quando uma nova constituição é promulgada, se deve verificar 
a compatibilidade da nova constituição com as leis antigas, a fim de averiguar se 
são inconstitucionais ou não. 

● Limites ao poder reformador​:​ Limite material, que seria fato de que não se pode 
violar cláusulas pétreas, limite formal, que é o caráter procedimental da EC, isto é, 
se ela respeitou o devido processo, limite circunstancial, é a sua necessidade de 
só poder ser usada em paz, ou seja, não pode ser usada em estado de guerra, 
nem de sítio. 
 


 

● A legitimidade do poder reformador​:​ Se baseia na manutenção dos valores 


constitucionais e na legitimação das cláusulas pétreas. 

4. Classificação das Constituições 


● A classificação das constituições se dá de dezenas de formas diferentes, são fornecidas 
pela Teoria da Constituição, e tem como objetivo comparar as constituições. 

● Quanto à escrita​: Elas podem ser escritas e não-escritas.  

○ A escrita é caso elas estejam sistematizadas em um texto único, enquanto, as 


não-escritas ocorrem quando elas não estão codificadas, geralmente contidas em 
textos esparsos e costumes, como por exemplo a inglesa. 

● Quanto ao conteúdo​: Elas podem ser analíticas ou sintéticas. 

○ Analíticas são as mais detalhadas, que cuidam de muitos assuntos 


minuciosamente, enquanto as sintéticas trazem apenas o essencial que diz 
respeito ao funcionamento do Estado, como a constituição norte-americana. 

● Quanto à trajetória​: Elas podem ser dogmáticas ou históricas. 

○ Dogmáticas são as que encontram seu significado no direito aplicado, tem uma 
intenção jurídica. Em oposição, às históricas são as feitas que contém vários 
documentos escritos ao longo da história. 

● Quanto à sua origem​: Elas podem ser promulgadas, outorgadas, ditatoriais e cesaristas. 

○ As promulgadas são as constituições que tem origem democrática, as outorgadas 


são escritas pelo chefe do executivo e aprovadas pelo Congresso (ex CF 37), as 
ditatoriais são as feitas exclusivamente pelo Poder Executivo, e as cesaristas são 
feitas pelo chefe do executivo mas com aprovação do povo através de referendo. 

● Quanto à sua rigidez​: Elas podem ser rígidas, flexíveis, semirrígidas e superrígidas. 
 

○ As rígidas são as que possuem uma dificuldade maior para mudar suas normas 
constitucionais do que as demais leis. Em oposição, flexíveis são as que se muda 
uma lei constitucional da mesma forma que qualquer outra lei. 
 


 

○ As semirrígidas são as que possuem um quórum qualificado para leis 


materialmente constitucionais mas para as normas constitucionais que não 
possuem conteúdo essencialmente constitucional, o quórum é como o de uma lei 
comum. Em paralelo, a superrígida são as constituições que detém muitas 
cláusulas pétreas. 

● Quanto à sua estabilidade​: Elas podem ser estáveis ou instáveis 

○ As estáveis recebem poucas modificações ao longo dos anos, enquanto as 


instáveis sofrem uma série de emendas. 

● Quanto ao sentido​: Elas podem ser formais e materiais 

○ As materiais cuidam somente do funcionamento do Estado e direitos 


fundamentais, enquanto as formais cuidam de assuntos além da Constituição. 

● Quanto à finalidade​: Elas podem ser diretivas ou dirigentes. 

○ As diretivas somente organizam o Estado, seus princípios e objetivos, enquanto a 


dirigente determina a vida privada, o Estado, e as relações econômicas, isto é, é 
um Estado interventor. 
 

5. Classificação das normas constitucionais 


 
● Quanto a aplicabilidade das normas constitucionais: Existem quatro tipos. 

○ E do que isso se trata? É se uma norma pode diretamente produzir efeitos ou não. 
As normas constitucionais de eficácia plena são normas automaticamente 
aplicáveis​, como direito à vida ou à propriedade, elas não necessitam de 
regulamentação do legislador, isto é, não precisam de leis para existirem, e 
também não tem de esperar nenhum prazo. 

○ Segunda classificação​: normas constitucionais de eficácia contida. São aquelas 


que teriam uma eficácia plena até que uma lei ulterior reduzisse a aplicabilidade 
dela. Em outras palavras, é uma norma que sempre funcionou até ter algum 
requisito como um prazo, esgotamento da via administrativa ou critérios legais. 
 


 

○ Terceira classificação​: normas constitucionais de eficácia limitada. São de dois 


tipos, aquelas que dependem de uma regulamentação do legislador para 
funcionar, e aquelas meramente programáticas(4), isto é, somente anunciam 
programas de Estado que podem se concretizar em coisas públicas, por exemplo: 
garantir o desenvolvimento nacional 
Obs: Quando o legislador se omite, e com isso, nega a lei, não regulamenta a 
norma constitucional, se têm um fenômeno denominado omissão inconstitucional, 
que pode ser combatido mandado de injunção e ADI por omissão. 

● A força normativa da constituiçã​o:​ é a defesa de que todas as normas constitucionais 


devem produzir efeitos, é a forma com que se resolvem os problemas da constituição de 
maneira que isso aconteça. São basicamente 7 princípios que o fazem: a supremacia da 
constituição; a unidade da constituição; efetividade das normas constitucionais; 
proporcionalidade das normas constitucionais ou ponderação; razoabilidade das normas 
constitucionais; bloco de constitucionalidade e presunção de constitucionalidade das leis. 
Todos esses são princípios de métodos de trabalho constitucional, são transmitidos pela 
teoria da constituição. 

○ Supremacia da constituição​: é a capacidade da constituição de invalidar 


qualquer ato contra ela. Todas as normas devem estar em convergência com a 
constituição, senão, são inválidas. Duas práticas garantem a supremacia da 
constituição, o controle de constitucionalidade das leis e a rigidez constitucional. 

○ Unidade da constituição​: É a ideia de que se deve olhar a constituição como um 


todo, ela deve ser interpretada em sua unidade, prezando pela integração das 
normas, a fim de que não se distorça o real significado da constituiçãdeo.  

○ Proporcionalidade ou ponderação​: é uma metodologia para averiguar o 


confronto de normas constitucionais, eles são postos em proporcionalidade de 
maneira a resolver a colisão entre eles. 

○ Razoabilidade​:​ É um exame entre o meio de o fim, verifica-se se os meios 


propostos são razoáveis para alcançar o fim pretendido, dessa forma, vê-se se a 
aplicação de uma determinada norma em um determinado momento é razoável. 

○ Bloco de constitucionalidade​: É a reunião de todas as normas que tem força e 


possibilidade de produção de efeitos constitucionais, se trata de dizer que há 
normas constitucionais além daquelas codificadas, isto é, normas não codificadas 
também teriam efetividade, é uma maneira da constituição desatualizada se 
manter no tempo. 


 

6. Metodologias Constitucionais 
● Seriam métodos de resolução de conflitos constitucionais: 

○ Supremacia da Constituição​: controle de constitucionalidade 

○ Presunção de constitucionalidade das leis​: é a ideia de que todas as leis são 


constitucionais e devem ser obedecidas até que um órgão competente como um 
tribunal, um juiz ou o STF afirma que a lei é inconstitucional. Antigamente, o poder 
executivo poderia desobedecer uma lei alegando sua inconstitucionalidade se a 
considerasse inconstitucional, hoje, ninguém pode deixar de cumprir uma lei por 
entender que ela é inconstitucional, pois vigora o princípio de presunção da 
constitucionalidade das leis. Assim, se garante a segurança jurídica. 

○ Unidade constitucional​: deve-se olhar para o todo 

○ Proporcionalidade ou ponderação​: uma metodologia para averiguar o confronto 


de normas constitucionais, ela se constitui em duas etapas, a razoabilidade e a 
argumentação jurídica-constitucional. 

■ Razoabilidade​: A verificação se a aplicação de determinado meio para 


atingir determinado fim almejado pelo operador do direito é razoável. É 
uma investigação dos meios e fins. 

■ Argumentação jurídico-constitucional​:​ É uma percepção de que o 


desenrolar do direito vem do argumentar. Se trata de convencer a 
universalidade.  

○ Interpretação conforme a constituição​: É a tentativa de contextualizar 


determinada norma constitucional que está sofrendo contestação, se passa a ler 
essa norma sob à luz da constituição, assim, tentando interpretar ela em 
convergência com os valores constitucionais. Na visão de Moreira, é uma técnica 
que permite a sobrevivência da norma através de possibilidades interpretativas. 

7. Constitucionalismo e Estado Constitucional 


 
● Constitucionalismo​, segundo Canotilho, é um movimento jurídico-político que visa 
estabelecer um regime constitucional, ou seja, um sistema no qual o governo tem seus 


 

limites traçados, e o indivíduo tem seus direitos fundamentais garantidos. 


 
● Para descobrir sua forma, é necessário observar a natureza de um movimento 
político-constitucional, visto que o direito constitucional vai ser influenciado pela política 
ideológica do momento.  
 
● No pré-constitucionalismo você percebe alguns elementos constitucionais, mas não 
todos reunidos na forma de um documento constitucional. 
 
● O constitucionalismo tem como pilares a separação de poderes a fim de limitar o poder 
dos governantes; a garantia dos direitos individuais e a necessidade de se legitimar o 
governo através do voto, sem o consentimento dos governados pelo voto então o 
governo não seria legítimo. 

● Constitucionalismo norteamericano (liberal) 


○ Em virtude da colonização, as maiores preocupações de seu 
constitucionalismo foram a independência e manter os estados reunidos, 
no caso, a união deles. Por isso, o objetivo do documento foi fundar um 
Estado forte, que priorizasse o livre mercado, e a força individual de cada 
estado.  

○ Não há direitos fundamentais no constitucionalismo norte-americano 

○ Foi o primeiro a ter mutação constitucional através de decisões da 


Suprema Corte, e os direitos fundamentais eram muito bem definidos. 

○ Suas conquistas foram:  

■ Ser um documento claro e seguro 

■ Proteção de seus estados membros por um federalismo forte 

■ Não há uma mínima dimensão, ou seja, não tem qualquer ligação 


com religião ou títulos de nobreza. 

■ Criou uma política constitucional de freios e contrapesos, a 


possibilidade de um poder controlar o outro. 

■ A inserção de igualdade formal na constituição praticamente em 


tudo. 


 

■ Ênfase na representação democrática, o voto era muito importante 


para o constitucionalismo americano. 

● Constitucionalismo francês(liberal) 
○ Acontece num contexto de revolução, visando acabar com os privilégios 
da nobreza, colocar o debate religioso no ambiente privado, com 
preocupações direcionadas a formar uma nação, um novo estado, e uma 
nova sociedade permeada pelos direitos fundamentais de Liberdade, 
igualdade e fraternidade. 

○ Daí, nasce o constitucionalismo liberal, que segundo Canotilho, foi o 


movimento gerador das constituições modernas, que prega a necessidade 
de um governo limitado e garantidor de direitos individuais-fundamentais 
e organizados de acordo com o princípio da separação dos poderes e 
organização do Estado. 

○ Suas principais conquistas foram: 

■ A universalidade, ou seja, ela não limita os direitos. Todos, sem 


exceção, mesmo sem serem franceses recebem os direitos da 
liberdade, igualdade e da fraternidade. Apesar de os americanos 
os criticarem, pois, segundo eles, mesmo que a Constituição 
francesa desse esses direitos, a legislação francesa carecia de 
instrumentos de efetividade jurídica, isto é, institutos jurídicos que 
garantem esses direitos. 

■ A ideia de formar um documento constitucional preocupado em 


formar uma nação. No caso, enquanto os franceses se preocupam 
com o fortalecimento do Estado Nacional, centralizador, os EUA é 
federalista e somente querem unificar seu território. 

■ O princípio da igualdade formal, somente na constituição francesa 


aparece pela primeira vez que todos são iguais perante a lei. 

○ É necessário ressaltar que os direitos fundamentais eram individuais, não 


existiam direitos sociais. 

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● Constitucionalismo alemão(social) 
○ Em virtude das revoluções industriais, se exige uma constituição social 
para que se controle o proletariado com medidas paliativas e impeça a 
revolução. 

○ Liberalismo e comunismo são vistos como inimigos. 

○ O constitucionalismo social que seria o movimento jurídico-constitucional 


que incorporou direito econômicos e sociais com posição ideológico 
comprometida com os desfavorecidos.  

○ Ela tem como características: 

■ A constituição tem de ser intervencionista. Não basta fazer 


regulação do mercado. 

■ Um comprometimento com os desfavorecidos, em especial, o 


trabalhador. 

■ Os direitos sociais não são neutros uma vez que emanam valores, 
e estavam conectados a direitos econômicos, o que é proibido ao 
final da guerra 

● Constitucionalismo positivista 
○ Não é propriamente um constitucionalismo, entretanto, deve ser explicado 
como movimento constitucional que influenciou a visão das condições de 
uma determinada época. 

○ O conceito do constitucionalismo positivista de que todo o Estado 


moderno, possui uma constituição, independentemente do perfil jurídico e 
do caráter ideológico que ele possa manifestar.  

○ O constitucionalismo positivista foi uma associação que o direito 


constitucional só era possível a partir dos pressupostos do direito, do 
positivismo jurídico, dentre eles emanados por uma autoridade 
competente, a Constituição como Norma Suprema, o não cumprimento de 
uma Norma como uma sanção. 

○ Suas principais características foram: 

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■ A defesa da supremacia constitucional 

■ O respeito máximo à lei. 

■ Uma defesa do positivismo, do respeito à autoridade e a 


contrapartida dela. 

■ A ideia de um tribunal constitucional que teria a competência para 


julgar a validade das leis. 

■ Neutralidade. Ele é não-ideológico, seria neutro, aconteceria 


apartir do que a norma diz que é. 

● Constitucionalismo material 
○ Seria onde o direito e realidade se misturam, ele surge em oposição ao 
positivismo. Tem como principal contribuição vincular a Constituição a 
elementos como cidadania, dignidade humana, etc. 

○ Ele se baseia no materialismo histórico e por isso enxerga as práticas 


jurídicas numa relação de dominância e exclusão. 

○ Possui críticas ao direito neutro, ele acreditava que o direito não era linear, 
além de possuir uma linguagem hermética que não era feita para o 
homem comum.  

○ Além disso, é contra tendências unidimensionais, ou seja, é contra a ideia 


de só um direito como só liberdade ou só igualdade. Por isso, ela é a favor 
de elementos integrativos, em que se misture e integre os direitos como 
liberdade com igualdade. 

● Comunitarismo 
○ É uma proposta de bases socialistas das práticas de defesas da 
comunidade dentro de uma sociedade capitalista. Ou seja, a economia é 
capitalista, mas as práticas sociais não. É o caso do Canadá. 

○ Suas principais características são: 

■ Possui um compromisso com a sociedade, e não com o indivíduo. 


Ela busca objetivos comuns a nação e não individuais. 

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■ Defende o multiculturalismo, formação plural. Com uma política de 


reconhecimento. 
 

○ Através dele surge o constitucionalismo comunitário, que defende a 


formação de um bloco supranacional na defesa de elementos comuns na 
constituição. Ele advoga por uma maior integração no plano constitucional 
e é vanguarda na interpretação através de uma pluralidade de intérpretes. 
 

● Constitucionalismo liberal renovado 


○ Na tentativa de se renovar para fazer oposição ao constitucionalismo 
comunitário, nascem três vertentes do constitucionalismo liberal. O 
constitucionalismo liberal libertário, o igualitário e a escola de chicago. 

○ O chamado constitucionalismo liberal libertário se define por uma política 


que enxerga a intervenção do Estado, as políticas públicas constitucionais, 
os impostos e tudo proveniente dele como algo ruim que seria contra o 
empresariado e o equilíbrio econômico. O Estado é visto como um mal e 
as políticas econômicas devem prevalecer sobre as sociais. 

○ A chamada escola de chicago seria uma análise econômica do direito. É 


uma tentativa de estabelecer um raciocínio jurídico a partir de cálculos 
pressupostos e teorias advindas da microeconomia.  

○ No caso do liberalismo igualitário, é um liberalismo que preza a defesa das 


liberdades e ao mesmo tempo quer diminuir as desigualdades existentes. 
Segundo Rawls, ele e sua distribuição sempre deve visar aqueles que 
estão em pior situação.  

■ Por fim, são reações às teorias dominantes preocupadas com os 


direitos fundamentais, que tenta prescrever um modelo de regras 
para um modelo mais amplo, e percebe que existe um problema 
de desigualdade muito grande que só pode ser corrigido com uma 
revisão na distribuição de direitos bens e riquezas. 

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● Diferenças entre Estado Constitucional e Constitucionalismo 


○ O Estado, para ser um Estado Constitucional, deve cumprir seu dever de 
empregar, respeitar a garantir a justiça. Em virtude disso, Estados 
ditatoriais podem ter constituição mas não serão estados constitucionais.  

○ O estado constitucional tem como características: 

■ A divisão dos poderes com a participação da sociedade. 

■ Democracia pluralista, vem de uma sociedade aberta de 


intérpretes da constituição. Ou seja, qualquer um pode interpretar 
a constituição e seus problemas são resolvidos segundo seu 
modelo constitucional. 

■ Vinculação de todos, inclusive os entes privados. Todos sem 


exceção, estão vinculados a constituição.  

■ O Estado Constitucional também tem o chamado Controle de 


Constitucionalidade expandido, além de duas outras coisas: a 
abertura das normas constitucionais e a irradiação dos princípios 
constitucionais.  

○ Dado tudo isso, vale destacar as cinco principais diferenças: 

■ Enquanto o constitucionalismo é o estudo dos movimentos 


político-jurídicos na história, o estado constitucional é uma forma 
de concretização do Estado. O constitucionalismo são ideais, em 
paralelo, o estado constitucional é um estudo da realidade e do 
funcionamento real do estado. 

■ Constitucionalismo pode acabar longe de seus ideais quando é 


posto em prática, enquanto o Estado Constitucional, para sê-lo, 
deve ter suas características presentes na realidade. 

■ Enquanto o constitucionalismo tem um primado como liberdade ou 


inclusão social, o Estado Constitucional é ponderador, ele bota um 
princípio sobre o outro, um direito fundamental sobre o outro.  

■ O constitucionalismo é voltado para a ideologia e suas promessas. 


No estado constitucional, o olhar está nas revisões das relações de 
Estado. 

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8. Poder Reformador 
○ É a ferramenta que adapta a constituição à evolução histórica.Tem como 
finalidade regenerá-la e conservá-la. Geralmente se dá pelo poder de emenda ou 
pela mutação constitucional 

■ Mutação constitucional é quando a constituição é atualizada através de 


uma interpretação nova. 

■ Emenda é a ferramenta para alteração do texto constitucional. Elas podem 


ser aditivas, modificadores, supressivas, e substitutivas. 

○ Esse poder confere estabilidade a constituição, uma vez que ela pode ser 
alterada não é necessário trocá-la, por isso, todas as constituições no mundo 
possuem um poder reformador. 

○ No entanto, ele possui limites.  

■ Limite material​: Não pode violar cláusulas pétreas (atentar as correntes a 


favor e contra ele) 

■ Limite formal​: O caráter procedimental 

■ Limite circunstancial​: o contexto, ele não funciona em estados de sítio e 


guerra. 

■ Limite implícito​: não estão explícitos, mas seria o caso de não poder 
mudar a titularidade do reformador 

■ Limite temporal​: Segundo a teoria constitucional ela não existe, mas é a 


possibilidade de não poder se debater certo assunto da constituição por 
determinado período de tempo. 

○ Caso se proponha uma emenda que vá contra uma cláusula pétrea então se usa o 
Controle preventivo judicial, em que essa PEC é eliminada. 

○ A emenda só se legitima caso esteja em convergência com os valores 


constitucionais e seja legitimada pelas cláusulas pétreas. 

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9. Interpretação Constitucional 
● A hermenêutica constitucional é o campo de estudo da interpretação por natureza. A 
razão da interpretação é a real, maior ou diversa compreensão da norma. 

○ Antigamente, quando o positivismo jurídico predominava, não existia a ideia de 


interpretação livre. Ele acreditava que a norma era autossuficiente, e somente 
quando a norma não fosse clara ela deveria ser interpretada.  

○ Isso muda quando se percebe a insuficiência do positivismo, no contexto da 


segunda guerra.  

○ O processo de compreensão do texto se dá simultaneamente a interpretação 


segundo o filósofo Gadamer. 

○ A interpretação constitucional ganha destaque entre as interpretações jurídicas, 


pois, as normas constitucionais tem estrutura aberta, que pode ser preenchida 
pela argumentação jurídica para decidir um caso. São normas com valor 
substantivo, diferentemente da tributária ou penal.  

○ Somente ver o significado da palavra não é o bastante para interpretar a norma, 


porque a norma constitucional, diferentemente das demais, deveria ser 
interpretada à luz da sua população, ao invés de se usar o verbo, análise sintática, 
dá-se um peso maior à possibilidade de interpretação. A razão da interpretação é 
a real, maior ou diversa compreensão da norma. 

● “Quase toda interpretação jurídica é em alguma medida uma interpretação 


constitucional?” Não. Porque a interpretação civil, em regra, não prescinde do 
constitucional. Então, quando ocorre a interpretação constitucional? Em três momentos: 

○ Uso direto do texto​. Quando se interpreta, se cita, ou se defende um artigo da 


Constituição. É a chamada interpretação constitucional direta. 

○ A segunda possibilidade é a​ ​interpretação indireta finalística,​ ocorre quando a 


interpretação não menciona a norma constitucional mas o seu conteúdo é 
defendido, apesar de ser em diferentes palavras, é uma interpretação 
constitucional. 

○ O terceiro momento é toda vez que se faz um ​juízo de inconstitucionalidade​, é 


quando ocorre um exercício de verificação se uma norma é ou não constitucional 

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- independente do resultado desse exame -, pois, nesse contexto ocorre uma 


interpretação constitucional visando realizar esse exame. 

○ A partir dessa visão de interpretação constitucional, se vê que ela ocorre quando 


uma norma constitucional é usada, e ocorre também quando não é citada 
expressamente, mas algum objetivo da Constituição se mostra presente, então, 
se vê que a interpretação constitucional está presente em quase toda 
interpretação jurídica. 

● Os três momentos, os três caminhos diferentes da interpretação constitucional: 

○ O primeiro caminho é um ​estudo sobre a f​ igura do intérprete​, seja ele juiz, ou até 
do ministério público. É um processo de estudo do intérprete, seu contexto, seus 
preconceitos, seu modus operandi, suas preferências.. 

○ A segunda hipótese é a ​jurisprudência​. Você realiza um estudo das decisões 


reiteradas do tribunal, e quando se trata do STF se realiza um estudo das 
súmulas.  

○ A terceira possibilidade é a​ ​metodologia constitucional​ como por exemplo a 


teoria teleológica, valendo ressaltar que ela é neutra em si, não tem valor, 
também como o fato de os intérpretes serem obrigados a usar a mesma 
metodologia para decidir o mesmo tipo de caso sempre, sob pena de encontrar 
outros resultados para o mesmo tipo de caso. 

○ O que todos esses momentos têm em comum é o fato de seu veículo de 
funcionamento ser a ​teoria da argumentação jurídica​, que é um processo de 
justificação, um processo que estabelece as premissas das metodologias, uma 
compreensão do porque aquele caso foi decidido daquela maneira. 

● Essa interpretação é tão importante porque é ela quem irá guiar o resultado do caso. 
Então, aí vai alguns conceitos acerca da interpretação constitucional. 
 

○ Mutação constitucional​: é a forma de se atualizar a constituição, isto é, mudar 


seu significado sem que seja necessária nenhuma alteração formal (emenda). Por 
exemplo: o mandado de injunção. Ela ocorre quando é atribuído um novo 
significado jurídico a uma norma constitucional.  

■ Ela pode se dar em razão de direito, isto é, o tribunal muda de ideia acerca 
de uma visão daquele direito, ou uma mudança de fato da sociedade, 
onde se lia interceptação de dados telefônicos e sigilo, hoje em dia se lê 

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dados cartas e e-mails, ou seja, se muda a compreensão da norma em 


virtude de uma mudança de fatos da sociedade. 

○ Construção constitucional​: é a norma dormente, isto é, a norma que não estava 


sendo utilizada, e que aí sendo usada pela primeira vez, é preciso interpretá-la, é 
preciso dar uma finalidade real para aquela norma. 

■ Diferentemente da mutação, a construção não precisa ter uma 


interpretação anterior.  

10. Mudança nas fontes do Direito 


● Basicamente, as fontes do direito são os elementos de integração do ordenamento 
jurídico.  
 
● A teoria de direito que reúne as novas transformações constitucionais é o 
neoconstitucionalismo​. 
 
○ Uma teoria de direito lida a partir do direito constitucional, e que é maximizada 
por elementos de filosofia de direito e de filosofia política, que permitem repensar 
os alicerces jurídicos: a teoria da norma, a teoria da interpretação, a teoria das 
fontes e, por fim, as transformações ocorridas nos diversos campos jurídicos 
(constitucionalização do direito). 
 
○ O neoconstitucionalismo como teoria do direito pode ser compreendido como 
paradigma que revisa a teoria da norma, a teoria da interpretação, a teoria das 
fontes, suplantando o positivismo, para, percorrendo as transformações teóricas e 
práticas nos diversos campos jurídicos, integrá-las sob uma base útil e 
transformadora. 
 
● Segundo a ótica da doutrina tradicional, que é a do juspositivismo, o direito era a sua 
própria fonte, e se originava através da lei, da analogia, princípio ou do costume. 
Enquanto hoje, o epicentro do estudo não está mais na lei, mas sim na Constituição, 
graças ao neoconstitucionalismo, além de a fonte do direito a partir do 
neoconstitucionalismo passar a ser também jurisprudência, princípios implícitos, etc. Para 
o positivismo, aquilo que é norma é o que está expresso no Código, enquanto passa o 
neoconstitucionalismo pode ser um princípio implícito, algo abstrato que se encontra no 
campo das ideias somente. 
 

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● O neoconstitucionalismo revela a verdadeira potencialidade da jurisprudência como 


fonte do direito, e torna costumes e analogia fontes secundárias. Além disso, os 
princípios que eram última fonte do direito positivado, passam a ser a primeira, até 
antecedendo e dando validade as leis. 
 
● Neoconstitucionalismo​ é um movimento teórico que realiza a transformação que ocorre 
na maneira de ver o direito a partir da década de 50, ele revaloriza o direito 
constitucional e muda o papel da constituição no sistema jurídico. 
 
○ Se antes o juspositivismo via a sociedade como homogênea, o 
neoconstitucionalismo passa a ver como plural, se antes o Estado era limitado, 
agora ele tem que oferecer direitos fundamentais às pessoas,  
 
○ Se antes a lei estava em primeiro plano e as demais fontes eram secundárias, 
agora a primazia é da constituição e da jurisprudência emanada pelo STF, se 
antes a teoria da interpretação era somente emanada pelas leis e caso não 
tivesse a liberdade de interpretação ao intérprete era irrestrita, agora existe uma 
metodologia constitucional apurada, e toda interpretação jurídica é constitucional. 
 
● Enquanto as regras são relatos objetivos, descritivos de determinadas condutas e 
aplicáveis a um conjunto determinado de situações, os princípios têm um maior grau de 
abstração, não especificam uma conduta e se aplicam a um conjunto amplo de situações. 

11.Direito Constitucional Intertemporal 


○ É a área do direito responsável pelo conflito das leis no tempo. O seu primeiro 
marco, que o constitui, é o poder constituinte, que cria as normas que irão regular 
o direito através do tempo.  

○ Vale destacar a irretroatividade das normas, isto é, o fato de as normas não 


podem retroagir, objetivando guardar a segurança jurídica daquele ordenamento. 

■ Ato jurídico perfeito​: quando o ato jurídico se adequa perfeitamente a lei 


vigente no momento 

■ Direito adquirido​: momento quando se ganha um direito, e ele passa a 


fazer parte do seu patrimônio, não podendo retroagir, como por exemplo: 
aposentadoria 

19 
 

● Emendas constitucionais afetam o direito adquirido? Com exceção 


das cláusulas pétreas que não afetam, se tem três correntes: a 
primeira acredita que nunca se pode afetar, a segunda e 
minoritária acredita que sempre pode afetar, e a terceira acredita 
que pode afetar mas somente de maneira proporcional. 

■ Coisa julgada​: aquela que não cabe mais recurso 

■ Por mais que se reconheça a irretroatividade das normas, o STF em alguns 


casos excepcionais admite que a lei retroaja. 

○ Desconstitucionalização​: é o entendimento que quando uma nova constituição 


não trata de determinado tema, a antiga constituição, naquele capítulo 
especificamente continua valendo, porém, como infraconstitucional. Por exemplo: 
uma constituição B é aprovada pela assembléia constituinte, e a norma A da 
constituição A é recepcionada por ela, passa a fazer parte de seu ordenamento, 
mas de maneira infraconstitucional. 

■ A teoria brasileira diz que essa desconstitucionalização só acontece caso 


ela seja expressa. 

○ Recepção​ é a ideia de que uma norma só continua a vigorar na ordem jurídica 


atual se ela for compatível com a constituição. Além disso, a recepção é diferente 
da teoria da recepção. Enquanto a teoria da recepção ocorre sobre as leis que 
são anteriores a constituição, a recepção ocorre somente sobre as leis que são 
posteriores a ela, sempre se dando sobre a matéria da norma recepcionada, não 
sobre a forma como ocorre na teoria.  

■ Todo juiz pode reconhecer a não recepção de uma norma por ofício. 

○ Efeitos repristinatórios​: se trata de quando a norma não é recepcionada pela 


constituição, em regra, ela não acontece, a não ser que esteja expressamente 
escrita. Por exemplo: quando uma lei A que revogava uma lei B, é revogada, aí a 
antiga lei B passa a valer. A discussão é se quando acontece a não recepçãop de 
uma norma deve ocorrer inconstitucionalidade superveniente ou uma mera 
revogação. 

■ Inconstitucionalidade superveniente​: Tendo em vista que isso não é 


aceito no Brasil, é quando uma norma é editada de maneira incompatível 
com a constituição, se aprova uma emenda e aí ela passa a se tornar 
compatível com a constituição. 

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■ Mera revogação. 

12. História do Constitucionalismo brasileiro 


○ A história do constitucionalismo brasileiro é uma história de golpes, a ordem 
constitucional e democrática não é respeitada, basicamente uma história de 
golpes com pequenas pausas democráticas.  
 
■ O Brasil teve 8 constituições, um alto número de constituições, mas pouco 
constitucionalismo, isto é, respeito pelas constituições 
 
○ Constituição de 1824 
 
■ Inspirada na constituição da França, muito conservadora politicamente, 
analítica, adotava a irresponsabilidade do governante e o poder 
moderador, era o que se considera semi-absolutismo. Mantinha relações 
do Estado com a Igreja. Era um estado unitário, o que levava a 
concentração de poder dentro da metrópole, consequentemente, 
também, centralizadora. 
 
■ Mantinha a escravidão. Ausência de controle de constitucionalidade das 
leis e cláusulas pétreas. Quem votava eram homens maiores de 25 e com 
alta renda. Constituição semirígida e obrigava os candidatos a terem 
compromisso com a igreja. 
 
○ Constituição de 1891 
 
■ Extremamente influenciada pelos EUA e pelo positivismo filosófico, ao 
ponto do país se chamar Estados Unidos do Brasil. Além disso, era 
federalista e republicana. Nela, pela primeira vez se cria o STF, e a criação 
da Justiça Federal e Estadual. Adota também um controle de 
constitucionalidade difuso. Igualdade entre os estados membros da união, 
eleição direta para presidentes e senadores, passa a defender direitos de 
primeira dimensão, como liberdades públicas, a despeito de ainda ser 
ausente de direitos sociais. 
 

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■ Apesar da abolição do voto censitário, as mulheres ainda são incapazes, 


isto é, não votam. Além disso, constituição era rígida. Tem uma única 
emenda em 1926, que diminui o poder federalista, anti-garantista, diminui 
os direitos e limita o habeas corpus. 
 
○ Constituição de 1934 
 
■ Primeira constituição social do Brasil. Ela cria um regime classista no 
direito do trabalho, adota o voto feminino, cria os ministérios da saúde e 
do trabalho, fortalece os empregados dos sindicatos, nacionaliza fontes 
energéticas como o petróleo e minerais, prevê eleições para 38. Tenta 
criar um federalismo cooperativo que é fraco, as competências legislativas 
importantes continuam com a União, e os interventores do Vargas 
impedem a liberdade plena do Estado. 
 
■ Aperfeiçoa o controle de constitucionalidade difuso através da reserva de 
plenário, suspensão de eficácia da lei pelo plenário e controle interventivo. 
Supressão do Senado como órgão legislativo (não elabora mais leis), STF 
com 11 ministros. Era uma constituição nacionalista, previa uma gama 
enorme de direitos sociais ao trabalhador.  
 
○ Carta de 1937 
 
■ É outorgada por Vargas com o objetivo de evitar o comunismo, contexto 
de autoritarismo e ascensão do fascismo com concentração de poder no 
executivo, uma vez que durante a maior parte de sua vida constitucional o 
poder legislativo estava dissolvido. O presidente escolhia os 
governadores/interventores. Um senador por estado, sendo que ele 
passou a se chamar conselho federal e o presidente escolhia 10 
senadores. 
 
■ Justiça do Trabalho saiu do poder judiciário e foi para o ministério do 
trabalho, o controle difuso das leis continuou porém estaria sujeito a 
reexame do Congresso, caso o presidente quisesse. Caso uma emenda 
do presidente fosse rejeitada, iria para o plebiscito. E com o congresso 
fechado, o presidente poderia promulgar sozinho normas constitucionais. 
Admitia pena de morte para crimes políticos. 
 

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■ A partir do final da guerra, se criam outros partidos além do de Vargas, 


como o UDN, PSB, PTB e PC do B. 
 
○ Constituição de 1946 
 
■ Ocorre no contexto do final da segunda Guerra Mundial, é influenciada 
pelo início do constitucionalismo global, tem a pretensão de romper com o 
autoritarismo passado, fazendo com que ela tente dar um ar mais 
democrático a constituição. Tem direitos humanos sendo postos em 
prática,  
 
■ Concilia liberalismo político, com pluralidade de partidos, separação de 
poderes, ausência de autoritarismo com o Estado Social que existia. 
Finalmente ocorre o sufrágio universal com exceção de analfabetos. 
 
■ Bicameral, Justiça Eleitoral na CF, e Justiça do Trabalho. 
 
○ Constituição de 1967 
 
■ Contexto de golpe militar, com uma ascensão do autoritarismo em virtude 
do regime militar. Concentração de poder no executivo pela possibilidade 
de edição de decretos-lei. 
 
■ Eleições indiretas, regime Castelo Branco, federalismo dimensional 
(apenas União e Estados) 
 
○ Constituição de 1969 
 
■ Contexto de regimes mais autoritários como o Médici, Geisel, Figueiredo 
etc. É nela que se tem o AI-5 e os outros atos institucionais. Ocorre um 
regresso dos direitos fundamentais, ingresso em juízo apenas após o 
esgotamento das vias administrativas, restrição da liberdade de expressão 
 
■ Essa constituição foi uma violação e regresso dos direitos fundamentais. 
 
■ Há uma discussão na doutrina para saber se ela é uma emenda 
constitucional ou uma constituição. No entanto, está consolidada como 
constituição. 

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13. Constituição de 88 

○ Palavras de Moreira: A constituição de 88 qual foi o contexto? Foi uma transição 


do contexto autoritário para um contexto democrático, ou seja, a de 88 retomou a 
de 46, foi um resgate a democracia. A influência também igual de 46 foi Portugal 
e Espanha, e diferente de todas as outras a de 1988 foi uma compromissária. As 
outras constituições diziam mais respeito a falar sobre as funções do Estado 
enquanto a de 88 fala sobre todas as esferas da vida civil. A de 88 também 
apresenta direitos negativos, com o objetivo de conter o Estado, proteger o 
indivíduo do Estado.  

14. Proporcionalidade 
 
○ Proporcionalidade e razoabilidade, na visão de Moreira, não são sinônimos, são 
semelhantes mas possuem importantes distinções. 
 
○ O princípio da razoabilidade​ surge nos anos 40 como um exame dos meios e 
fins, isto é, se os meios eram adequados pelos fins pretendidos. Quando os meios 
são absurdos ou excessivos, não se estabelece uma relação. Ele é usado quando 
o julgamento objetiva fugir de uma resposta ou conduta de investigação absurda, 
ou seja, que seja irrazoável. Ele não é positivado. Além disso, ele não tem 
valoração, ele é neutro, você nunca extrai um valor dele como igualdade ou 
justiça como acontece em outros institutos, ele resolve essas questões 
constitucionais sem se extrair valor algum. 
 
■ Em virtude dessa ausência de valoração, eles são tidos como critérios 
procedimentais​ ou metodologias, e não com princípios, a despeito de a 
jurisprudência e a doutrina consagra tais institutos como princípios. Então, 
o ideal seria princípio procedimental. 
 
 
○ O princípio da proporcionalidade​ surge à cena constitucional através de teóricos 
alemães, incluindo Robert Alexy, é empregada na resolução de colisões entre 
normas constitucionais, pondera os interesses protegidos. É mais técnico que a 

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razoabilidade, é mais fechado nesse sentido, por isso, é mais a prova de 
arbitrariedades que a razoabilidade uma vez que para ser válida vai ter que 
obedecer a certos procedimentos, porque há como saber se a cadeia lógica foi 
respeitada. 
 
■ Sua primeira aparição foi na Magna Carta. 
 
■ Alexy usou de fórmulas matemáticas para integrar sua teoria, no entanto, 
ninguém as usa, além de não ganharem aplicação na Alemanha. Na visão 
dele, é a melhor forma de se resolver conflitos constitucionais. 
 
■ A professora Ana Paula Barcellos acredita que é um conteúdo de mão 
dupla, caso seja bem aplicada tem ótimos resultados na resolução de 
conflitos constitucionais, no entanto, caso tenha um mínimo erro, é levado 
a uma decisão ruim, a uma discricionariedade ignorante. 
 
■ Assim como a razoabilidade, não tem valoração. É somente um princípio 
procedimental. 
 
■ Deve obedecer a três critérios da racionalidade prática para se alcançar o 
fechamento da discricionariedade: 
 
● Adequação​: pressupõe a análise de que os meios usados são 
hábeis para alcançar os fins buscados e se esses fins são 
constitucionais. Segundo Canotilho, trata-se de controlar a relação 
de adequação medida-fim.  
 
● Necessidade: ​se trata de quando o fim almejado não pode ser 
cumprido, com a mesma intensidade, através de medida diversa 
que atinja em menor potencial o direito fundamental em questão. 
Isto é, se é necessário mesmo interferir naqueles direitos 
fundamentais, sempre se opta pelo meio menos gravoso para se 
cumprir aquele fim. 
 
● Proporcionalidade em sentido estrito​: ela verificar se o meio 
utilizado é ou não proporcional ao fim almejado, ou seja, pesar as 
desvantagens dos meios em relação às vantagens do fim, análise 

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dos custos e benefícios da medida. 


 
a. Segundo Alexy, a fórmula mais simples para definir tal 
postulado, voltando-se aos direitos fundamentais, 
resume-se na seguinte idéia: quanto mais intensa se 
revelar a intervenção em um dado direito fundamental, 
maiores há de se revelar os fundamentos justificadores 
dessa intervenção. Essa é a Lei da Ponderação, difundida 
pelo Tribunal Constitucional Alemão. 
 

 
 

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