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Vida útil e percentagem de perda de massa em diferentes variedades de

tomate.
Jamille Casa¹; Érika Fujita¹; Regina M. Evangelista¹; Francisco Luiz Araújo Câmara¹;
¹ UNESP/FCA, Depto. de Produção vegetal, Rua: José Barbosa de Barros 1780, 18610-307, Botucatu
– SP. millec@fca.unesp.br

RESUMO
Objetivou-se neste trabalho avaliar a vida útil e a perda de massa de frutos de tomateiro
de diferentes variedades cultivado a campo. As plantas não obtiveram nenhum tratamento
fitossanitário e nutricional a campo. As variedades comerciais utilizadas foram: Flora e
Santa Clara Miss Brasil e selecionadas por agricultores: Tomate de casa, Epagri 17 e
Epagri 19. Os frutos foram colhidos 72 dias após o plantio e acondicionados numa sala à
temperatura ambiente (25 -30ºC). Os resultados mostraram que a variedade comercial
Santa Clara Miss Brasil teve menor tempo de vida útil nas 3 colheitas com tempo de
armazenamento de aproximadamente de dois a quatro dias. As variedades selecionadas
por agricultores: Tomate de casa e Epagri 19 na 4º colheita obtiveram tempo de
armazenamento maior que 10 dias.
Palavras-chaves: Lycopersicon esculentum, Tempo de armazenamento, perda de massa,
pós-colheita.
ABSTRACT – Useful life and percentage of loss mass of different varieties of
tomato.
The objective in this work to evaluate the useful life and the mass loss of fruits of tomato
varieties cultivated to field. The plants didn't obtain any treatment preparations to control
and nutrition to field. The used commercial varieties were: Flora and Santa Clara Miss
Brasil and selected by farmers: tomate de casa, Epagri 17 and Epagri 19. The fruits were
conditioned in ambient temperature (25 -30ºC). The results showed that the commercial
variety Santa Clara Miss Brasil had smaller time of useful life of shelf in the 3 crops with
time of storage of approximately of two to four days. The varieties selected by farming
tomate de casa and Epagri 19 in to 4° crop they obtained time of larger storage of 10 days.
Keywords: Lycopersicum esculentum, Time of storage, mass loss, Postharvest.

INTRODUÇÃO
A produção de tomate (todas as variedades) no Brasil, em 2001, alcançou 2,7 milhões de
toneladas, sendo a maior produtora a região sudeste, responsável por pouco mais de
50% do total produzido, ou seja, a maior produção de tomate no Brasil está concentrada
no estado de São Paulo que é o maior produtor representando 60% da produção da
região sudeste (Agrianual, 2002).
Ao contrário dos produtos de origem animal, como leite ou carne, frutas e hortaliças
continuam vivas depois de sua colheita, mantendo ativos todos seus processos biológicos
vitais. Devido a isso e por causa do alto teor de água em sua composição química, frutas
e hortaliças como o tomate são altamente perecíveis (Chitarra ; Chitarra, 1990).
No Brasil, estima-se que entre a colheita e a mesa do consumidor ocorrem perdas de
40% das frutas e hortaliças produzidas (Costa; Caixeta, 1996).
A temperatura pode ser considerada como sendo o principal fator externo na conservação
das frutas e hortaliças, este fator age sobre os produtos alimentícios, em prol ou contra
uma boa conservação pós-colheita. A cada aumento de 10 ºC na temperatura, ocorre um
aumento de 2 a 3 vezes na velocidade de deterioração dos produtos (Kader, 1992)
Atualmente nas condições brasileiras de comercialização, o tomate é produzido ao longo
do ano todo, e inúmeras são as variedades que atendem as mais diferentes demandas e
que podem diferir em termos de vida útil de prateleira, sendo importantes estudos e
pesquisas que indiquem variedades que obtenham maior tempo de armazenamento.
Esse trabalho teve por objetivo avaliar a vida útil e a percentagem de perda de massa de
frutos de tomateiro cultivado a campo e mantidos sob temperatura ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no laboratório de Fisiologia pós-colheita do Departamento de
Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Ciências Agronômicas FCA/UNESP-
Botucatu entre os dias 23 de fevereiro a 28 de março de 2006, incluindo as 3 colheitas.
Os frutos de tomate foram colhidos do experimento “Identificação de cultivares de tomate
adaptadas ao cultivo orgânico a campo” onde as plantas não obtiveram nenhum
tratamento fitossanitário e nutricional. As variedades comerciais utilizadas foram: Flora e
Santa Clara Miss Brasil e selecionadas por agricultores: Tomate de casa, Epagri 17 e
Epagri 19. Os frutos foram avaliados apartir da 2° colheita em frutos comerciais e
selecionados uniformemente pela cor, na mudança de cor verde para vermelha, a
variedade Santa clara foi acondicionada em bandeja de poliestileno, contendo 3 frutos em
2 repetições e as demais variedades tipo cereja acondicionadas em bandeja de
poliestireno contendo 6 frutos com 2 repetições. Foram armazenados aleatoriamente em
prateleiras a temperatura ambiente (25-30º). Os dados foram obtidos de dois em dois dias
avaliando visualmente o estado de conservação dos frutos, descartando os deteriorados,
murchos e os atacados por doenças e a % de perda de massa (Pinicial - Pfinal /Pinicial x100).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados (tabela 1) mostram que a variedade comercial Santa Clara
Miss Brasil teve menor tempo de vida útil nas 3 colheitas com tempo de armazenamento
de aproximadamente de dois a quatro dias com elevada perda de massa. Na avaliação
visual essa variedade apresentou logo nos primeiros dias amolecimento e exsudação de
liquido, levando a perda de massa rapidamente. A conservação pós-colheita depende da
quantidade de água das variedades, assim variedades com maior conteúdo de água em
sua composição respiram mais e se conservam por menos tempo (Mukai; Kimura, 1986).
As variedades selecionadas por agricultores; Tomate de casa e Epagri 19 na 4º colheita
obtiveram tempo de armazenamento maior que 10 dias, na avaliação visual as variedades
Epagri 17 e 19 apresentaram-se firmes por mais tempo, e com coloração uniforme.
Apenas a variedade Flora apresentou menor tempo de armazenamento na 4º colheita.
É de grande importância para o agricultor e consumidor o uso de variedades com maior
vida útil pós-colheita.

LITERATURA CITADA
AGRINUAL 2002. FNP. Consultoria e Comércio. Anuário da Agricultura Brasileira. São
Paulo, 2001.
COSTA, F.G.; CAIXETA FILHO, J.V. Análise das perdas na comercialização de
tomate: um estudo de caso. São Paulo (SN) 1996. 26p.
CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e
manuseio. Lavras: ESAL; FAEPE, 1990. 320p.
KADER, A.A. Postharvest Technology of Horticultural Crops. Secon Edition,
University of California. Division of Agriculture and Natural Resources Publication 3311,
1992. 296p.
MUKAI, M.K.; KIMURA, S. Investigações das práticas pós-colheita e
desenvolvimento de um método para análise de perdas de produtos hortícolas.
Viçosa: CENTREINAR, 1986.

AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela concessão de bolsa ao primeiro autor.
Tabela 1. Percentagem de perda de massa (%) de frutos de tomateiro armazenados a
temperatura ambiente (25 - 30ºC), FCA/Botucatu-2006.

Tempo de Armazenamento (dias)

Variedades Época
Colheita 2 4 6 8 10 12 14 16
2° 1,32 3,56 6,4 18,81

Tomate de 3° 1,77 3,86 12,66 20,07


casa
4° 1,37 2,55 3,33 4,31 5,29 5,88 6,66 46,86

2° 0,88 0,41 1,91 3,37 5,4 19,49

Epagri 17 3° 1,77 3,86 12,66

4° 3,48 4,98 5,79 8,34 13,91

2° 0,48 0,96 2,24 3,52 4,48 20,32

Epagri 19 3° 2,02 5,15 6,17 7,27 35,91

4° 1,40 2,63 4,83 4,92 6,41 43,14

2° 4,40 1,42 2,94 4,55 11,65

Flora 3° 3,40 10,66 13,30

4° 2,04 21,93

2° 1,10 69,59

Santa Clara 3° 2,93 20,8


Miss Brasil
4° 1,87 4,35 27,70

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