Você está na página 1de 22

FACULDADE REDENTOR

INSTITUTO DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA BRASILEIRA

TURMA IV

Marcus Antonio Schifino Wittmann

Barro e Ossos, Divindades e Pessoas: apontamentos sobre a


morte entre os Guarani

Belford Roxo

2016
Marcus Antonio Schifino Wittmann

Barro e Ossos, Divindades e Pessoas: apontamentos sobre a morte


entre os Guarani

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito


parcial para a obtenção de grau de Pós-Graduado em
Arqueologia Brasileira pelo Instituto de Arqueologia Brasileira e
a Faculdade Redentor.

Orientadora: Prof. Dra. Sheila Mendonça de Souza

Belford Roxo, 2016


Resumo

O presente trabalho de conclusão de curso pretende discutir a questão da morte e


das práticas funerárias entre os Guarani da região sul do Brasil. Leva-se em conta
tanto dados arqueológicos quanto etnológicos no que tange essa problemática. O
objetivo é um diálogo entre duas formas distintas de analisar e obter dados a
respeito desta temática a fim de obtermos um panorama mais amplo sobre esta
questão, podendo notar continuidades, rupturas e sincretismos destas práticas ao
longo do tempo. Questões éticas da pesquisa com restos humanos Guarani também
são discutidos.

Palavras-Chave: Arqueologia, Etnologia, Guarani.

Abstract

This monograph intends to discuss the issue of death and burial practices among the
Guarani of southern Brazil. It takes into account both archaeological and ethnological
data regarding this issue. The goal is a dialogue between two different ways to
analyze and obtain data on this subject in order to obtain a broader view on this
issue, and also note continuities, ruptures and syncretism of these practices over
time. Ethical issues concerning researches with Guarani human remains are also
discussed.

Key-Words: Archaeology, Ethnology, Guarani.

2
Sumário

Introdução..........................................................................................................4

Sobre pessoas e divindades.............................................................................7

Sobre barro e ossos........................................................................................11

Conclusão.........................................................................................................15

Referências ......................................................................................................17

3
Introdução

A primeira cena do filme “Tava, a Casa de Pedra” (2012), dos cineastas


Guarani Ariel Ortega e Patrícia Ferreira, mostra um ritual funerário no qual ocorre
uma procissão pela mata com diversos Guarani carregando um caixão até o local do
enterro. Durante todo o processo se canta, se chora, se lamenta e se fuma o
petyngua (cachimbo) atirando sua fumaça no esquife e na terra. É uma imagem
muito forte e simbólica, e talvez a primeira vez que tenha se gravado em filme tal
ato. Este acontecimento gerou certo desconforto em alguns Guarani que não
concordaram que esse episódio tivesse sido mostrado e disponibilizado para
espectadores juruá (não indígenas). Um cacique expressou publicamente sua
insatisfação com o ocorrido dizendo que aquelas imagens e, principalmente, os
cantos não deveriam ter sido vistos e ouvidos pelos juruá, que nós, não indígenas,
não devemos saber tudo sobre os Guarani, principalmente no que tange um assunto
tão delicado como a morte1.

Tal episódio serve como ponto de partida e balizador deste trabalho que
pretende fazer um levantamento etnológico e arqueológico do que se sabe sobre a
morte entre os Guarani, tanto em questões rituais, materiais e cosmológicas. A partir
disso se traça um panorama dos processos de mudança, continuidade e sincretismo
que as práticas funerárias Guarani passaram ao longo do tempo. Porém, leva-se em
conta que ainda se tem muitas lacunas dentro deste campo e que muitas destas não
serão preenchidas, afinal, não devemos conhecer tudo sobre os Guarani, o mistério
faz parte do ethos deste povo. Além disso, em tempos de genocídio Guarani,
quando a morte destes parece ser algo tão banal para alguns, devemos pensar nas
questões éticas do trabalho arqueológico quando da análise dos restos mortais e
dos contextos funerários desse povo.

Ao longo do texto se usará o termo Guarani de forma geral, suas


especificações e parcialidades (Mbya, Kaiowa, Nhandeva, Apapocuva, etc) serão
apontadas quando cabíveis. Antes de nos adentrarmos especificamente nos dados
referentes a este povo, devemos traçar um panorama sobre a pesquisa, tanto
arqueológica quanto antropológica, sobre a morte.

1
Relato registrado pelo autor.
4
As duas disciplinas, Arqueologia e Antropologia, devem ser complementares
quando queremos falar sobre a morte. Como afirma Beltrão et al. (2015, p. 208),
devemos estar atentos tanto ao diálogo entre os vivos, ou seja, os indígenas e
quilombolas atuais, quanto entre os mortos, aqueles que se encontram em sítios
arqueológicos nos mais diversos contextos. Apenas deste modo, podemos, ao falar
sobre a morte e os mortos, indicar a humanidade dos povos indígenas (op. cit., p.
209), característica esta às vezes esquecida ou deixada de lado pela Arqueologia.

Deste modo, na análise arqueológica devemos pensar o lugar a ser escavado


não apenas como “o lugar onde estava o morto”, mas sim como um espaço que
representa gestos, cenas e rituais funerários (SOUZA, RODRIGUES-CARVALHO,
2013, p. 555). Além disso, não podemos entender o funeral como algo pontual, mas
sim como cerimonia relacional entre os vivos e os mortos que poderia se prolongar
no tempo e modificar gradualmente o espaço (op. cit., p. 556). Deste modo, entender
também o novo estatuto e estado no qual o morto adentra, e as reações e
significados dados pelos vivos a esse processo, nos auxilia a perceber as diferenças
e semelhanças entre as diversas práticas funerárias (BELTRÃO et al, 2015, p. 207).

Logo, de modo bem amplo, para pensarmos arqueologicamente e


antropologicamente a relação entre vivos e mortos e assim inferir algo sobre a
morte, podemos levar em conta diversos fatores, mesmo que nem todos possam ser
utilizados para todas as culturas. Silva (2005, p. 28-38) levanta múltiplos
questionamentos e categorias dentro dessa problemática. Dividimos aqui os pontos
mais vinculados ao registro arqueológico e ao antropológico, embora na análise
ambos devam entrar em diálogo. Para o primeiro temos: 1) Mortalidade (causas da
morte); 2) Patologias e anomalias; 3) Dieta e indicadores de saúde; 4) Formas de
deposição do morto; 5) Formas de tratamento dado ao cadáver; 6) Habitação
funerária (cabana, tenda, simulacro de habitação construído sobre a cova); 7) Festas
ou banquetes funerários; 8) Culto aos mortos (visitações, cerimônias de recordação,
oferendas pós-funeral); 9) Orientação do corpo afetada pela diferenciação
hierárquica; 10) Diferença sexual; 11) Diferença etária; 12) Influência na deposição
funerária das condições ambientais; 13) Deposição influenciada pelas condições
físicas do morto; 14) Acompanhamentos funerários; 15) Distribuição espacial do
cemitério (localização, inserção ambiental, período de uso).

5
Já em relação à Antropologia podemos citar: 1) Origens da morte (mitos de
origem); 2) Temor pelo espírito ou fantasma do morto; 3) Funeral; 4) Destruição da
propriedade (plantação, bens, animais) do falecido; 5) Formas de purificação (pelo
fogo, água, referentes aos vivos e aos mortos); 6) O poder dado ao nome do morto;
7) Festas ou banquetes funerários; 8) Crenças na vida após a morte; 9) Tabus
(estatutos de pureza e perigo referentes às práticas funerárias); 10) A participação
feminina no ritual fúnebre; 11) Concepções mortuárias de origem totêmica (animais,
plantas, entidades naturais); 12) Culto aos mortos (visitações, cerimônias de
recordação, oferendas pós-funeral); 13) Cerimônias fúnebres conectadas com o
espírito do clã; 14) Tipos de deposição funerária determinados pelo espírito do clã;
15) Orientação do corpo identificada com a afiliação clânica; 16) Relações fratridas,
clânicas2; 17) Relações de parentesco, familiares; 18) Sepultamento de acordo com
a classe e subclasse do morto; 19) Cerimônias fúnebres conectadas com o grupo
local; 20) Relações com as lendas locais; 21) Relação com os mitos de origem; 22)
Relação com os mitos relativos aos ancestrais totêmicos; 23) Influencias das
condições morais; 24) Conexão entre o método de sepultamento e o culto ou
adoração ao sol/lua; 25) Deposição dos ossos relacionada a crenças em animais;
26) Conexão com infrações sociais; 27) Conexões com a reputação do morto; 28)
Conexão com a divinização do morto; 29) Associações com considerações éticas;
30) Cerimônias conectadas com o status social do morto; 31) Orientação do morto
correlacionada com a sua habitação em vida; 32) Conexão com o local de
nascimento ou de origem do morto; 33) Deposição influenciada pelas exigências da
ocasião; 34) A maneira de escavar a cova conectada com a concepção do lugar de
descanso ou túmulo do morto; 35) Deposição afetada pela localização das
propriedades do morto.

Partindo dessa grande gama de possibilidades analíticas trataremos a seguir


os diferentes dados referentes à morte entre os Guarani, iniciando pelas
informações antropológicas, a fim de pontuar certos aspectos a respeito da
cosmologia Guarani, e a seguir, à luz desses dados, relatar e interpretar informações
provenientes da Arqueologia.

2
Os quatro itens referentes às questões clânicas não se adequam aos Guarani, que não possuem
tais divisões. Tais características seriam importantes ao analisarmos a morte entre os grupos Jê, por
exemplo.
6
Sobre pessoas e divindades

A morte para os Guarani não é o final da pessoa, mas sim mais uma fase do
processo de transformação dessa, do tornar-se algo. Para Viveiros de Castro (1992,
p. 4), enquanto as sociedades Jê postulam as pessoas através de um método
dialético onde os mortos são os outros que se opõem ao “nós”, os vivos, os Tupi-
Guarani de forma geral constroem a pessoa em um processo continuo que não se
restringe apenas ao período em vida, mas ultrapassa isso e segue durante a morte.
Essa concepção não se baseia em oposições dialéticas, mas sim em uma filosofia
na qual os vivos e os mortos, o ego e o inimigo, homens e deuses estão interligados
e entrelaçados. Logo, falar dos mortos é falar dos vivos, e falar dos vivos, dos
humanos, é falar dos deuses, das divindades.

Essa dualidade não oposicional pode ser vista no conceito de alma dos
Guarani, na qual há duas partes concomitantes. Nas palavras de Artur Benites: “a
alma é feita de duas partes: tem uma que é boa, o nhe’e3, que vem de
Ñanderukuery/Deuses, e outra que é muito perigosa, que vem do buraco, de
debaixo da terra, chamada Mbogua4” (GARLET, 1997, p. 168). Assim, uma delas
tem origem divina, e segue o caminho para a morada de Nhanderu após a morte5, e
a outra tem origem telúrica, ficando no mundo para atentar contra as pessoas
através de gritos e sonhos, trazer doenças, medo e querendo arrastar os vivos junto
com ela, pois o mbogua tem o poder de desalojar o nhe’e, a palavra-alma, das
pessoas (op. cit., p. 169; SCHADEN, 1998, p. 141-142, 164).

Esses perigos demandam certos cuidados com o morto, o que define rituais
que devem ser feitos e demonstram como a pessoa é construída mesmo após o
falecimento. A parte telúrica da alma fica circunscrita ao local onde o indivíduo
morava em vida e ao seu grupo familiar, sendo assim estes deveriam queimar a
casa onde o morto habitava e mudar de lugar. Porém, essa mudança não pode

O Nhe’e, a palavra-alma, refere-se tanto a pessoa como ser quanto ao nome desta, a qual provém
3

das divindades, sendo assim uma entidade autônoma e livre do corpo (SUSNIK, 1983, p. 54;
SCHADEN, 1998, p. 145).
4
Mbogua é o termo usado pelas Mbya para esta parte da alma, já os Nhandeva usam Anguery
(SCHADEN, 1998).
5
Para um relato cosmológico desta viagem ver Nimuendaju (1987, p. 37-38).
7
ocorrer logo em seguida, deve-se cuidar do morto, compromisso esse que deve
durar em torno de um ano. Deve-se limpar o local, levar água e comida, deixar os
pertences do morto em sua sepultura e nunca mais usá-los, seguir os rituais
funerários devidos para que a alma possa alcançar o estado de aguyje, quando
alcança a morada de Nhanderu (op. cit., p. 170-173; SCHADEN, 1998, p. 161).
Segundo Montoya os termos Guarani referentes ao falecimento, podem significar
tanto “dispor-se a morrer” ou “pôr-se em viagem”, viagem esta relativa à Terra Sem
Males, yvy mara’ey (1722, p. 251 apud. SOARES, MILDER, 2014, p. 276). Logo, a
morte gera uma série de trocas simbólicas entre o mundo interior, dos vivos, e o
mundo exterior, dos mortos, entre os humanos e os deuses, entre o plano terreno e
o plano divino. Trocas essas que formam uma economia política que produz
pessoas, e não bens (MANO, 2009, p. 124).

O tipo de tratamento dado ao morto e os cuidados que devem se tomar


dependem também do tipo de morte ocorrida. A morte natural, aquela dos anciões e
anciãs já carentes de força vital, é causa de dor, sofrimento e perda para a
comunidade, porém também desejada por ser uma oportunidade de transcendência.
Já a morte antinatural é causada por poderes sobrenaturais negativos, vingativos ou
punitivos provindos de xamãs ou de espíritos malévolos (SUSNIK, 1983, p. 54;
MÜLLER, SOUZA, 2011, p. 167, SCHADEN, 1974).
Esses receios e ambiguidades referentes à morte entre os Guarani tornam de
difícil acesso aos pesquisadores maiores informações sobre a mesma (MÜLLER,
SOUZA, 2011, p. 168), ainda assim há na literatura informações importantes para
entendermos os diferentes tratamentos e relações para com a morte. Susnik (1983,
pp. 54-69) faz um levantamento dos ritos funerários de diversos grupos Guarani do
Paraguai em diferentes contextos históricos baseado em relatos etnográficos.
Podem-se ver através disso alguns comportamentos e práticas mais corriqueiras,
como por exemplo: uso de uma esteira (provavelmente de taquara) por cima da cova
e deposição de vasilhas cerâmicas preenchidas com água e alimentos como dadiva;
quando os sintomas da morte eram notados em vida, se realizava rituais e
cerimônias para preparar a pessoa para o falecimento; a casa e os pertences do
morto eram queimados, embora a cremação do corpo seja uma prática pouco usual;
a posição de deposição do morto varia entre deitado e sentado; o enterro varia entre
primário e secundário; há alguns cemitérios fixos, mas geralmente o local dos
8
enterros varia; em alguns casos os parentes do morto mudavam de nome por temor
as aflições provindas da alma do morto6; quando o enterramento ocorria em urnas
de cerâmica, estas geralmente já eram usadas para outras atividades, sendo assim
reaproveitadas como invólucro para o morto. Tal prática de enterro ainda gera
dúvidas se era apenas para indivíduos com algum status especial, ou se ligado com
o sexo e/ou idade.

Algumas especificidades relatadas por Susnik (Idem) são interessantes para


pensarmos como o registro arqueológico referente aos Guarani pode ser plural e
apontar a parcialidade do grupo: os Guaycuru, por exemplo, quando da morte de
algum líder, cacique ou guerreiro importante enterravam o seu cavalo junto ao
morto; os Lengua-Maskoy cortavam e abriam o corpo do morto para colocarem uma
pedra quente, cascos de tatu ou ossos de cachorro em suas entranhas. Tal
procedimento se deve a crença da morte de tal individuo ter sido por meios
antinaturais, assim, a pedra poderia ascender até a Via Láctea e cair como uma
estrela cadente no culpado da morte7, os cascos de tatu cavariam a terra a procura
do culpado e os ossos do cachorro o rastreariam. Em enterramentos em urnas de
alguns grupos se encontram pequenas pedras de quartzo ou grãos de milho que
eram usadas para preencher o mbaraka (chocalho), os quais talvez façam referência
ao funeral de um xamã.

Pesquisas referentes aos Guarani da região sul-brasileira também trazem


dados interessantes para entendermos os tratos e comportamentos em frente à
morte. Pequenas estruturas sobre sepulturas foram confirmadas etnograficamente
por Garlet no município de Viamão, Aldeia do Cantagalo. Junto à sepultura havia
uma pequena fogueira e uma cuia (MONTICELLI, 1995, p. 88). Schaden (1998, p.
163) relata enterramentos no mato distantes entre si, estes seriam demarcados por
montículo de terra, choças de guarucanga e com presença de cruz de madeira nos
pés. Tal ato ocorre apenas em caso de morte fora da casa da pessoa, quando isso
ocorre dentro dela, o indivíduo é enterrado no solo da habitação. A fogueira acesa
no local serve para guiar a alma do morto, a qual é mantida por uma semana

6
Tal informação á interessante para pensarmos a relação entre morte e nome, principalmente em
relação com os Tupinambá descritos por Florestan Fernandes (1970), para os quais um nome novo
era ganho quando se matava um cativo.
7
Müller e Souza (2011, p. 192) analisam uma urna funerária em Santa Catarina onde foi depositada
uma pedra de basalto, talvez a explicação para tal achado seja este.
9
conjuntamente com depósito de comida e água (MÜLLER, 1989, p. 30 apud
MONTICELLI, 1995, p. 85-86). Os objetos encontrados em volta das tumbas são os
pessoais do morto, sendo eles cuias, garrafas, arcos, sapatos, pratos, panelas8
(SCHADEN, 1998, p. 165).
Na bibliografia arqueológica referente à região sul-brasileira o foco das
pesquisas sobre enterramentos Guarani recaí nas urnas funerárias feitas de
cerâmica. Abordaremos esse tema mais a fundo no próximo item, no presente
momento apontaremos algumas explicações cosmológicas sobre tal ato. Para Kern
(1994, p. 110) este ritual de enterrar os mortos em vasilhames cerâmicos se dá
devido ao mito referente ao nascimento dos homens, os quais teriam sido retirados
de um recipiente cerâmico por um personagem mítico. Nimuendaju (1987, p.143)
redige o mito de origem dos Apapocuva-Guarani, no qual Ñandeci (divindade
feminina) é encontrada por Nhanderu em um pote de cerâmica. Já para Schmitz
(1991, p. 300) as urnas funerárias tampadas por outro vasilhame serviam para reter
a alma do morto quando esta se separava do corpo. De qualquer modo, pode-se
interpretar o enterro em urnas como um meio de transposição de um plano humano
para um divino, de relação entre o corpo orgânico e a alma etérea do morto com os
deuses.
Durante o período jesuítico, quando uma grande parcela dos Guarani
encontrava-se reduzido em Missões, o entendimento e o comportamento dos
indígenas frente à morte entrou em disputa frente à religião cristã. No caso dos
Tupinambás há relatos de exumação de corpos para serem enterrados novamente
da maneira nativa (KOK, 2011, p. 168). Já os Guarani da região sul-brasileira
continuaram em alguns casos a enterrar em urnas cerâmicas, fato este comprovado
pela presença de materiais de metal (duas lâminas, uma faca e uma cunha) e contas
de colar feitas de vidro encontradas dentro de urnas funerárias datada do século XVI
e XVII (SOARES, MILDER, 2014). Além da continuidade dessa prática funerária,
ocorreu o inicio de outra: o culto aos ossos. Com o aumento do poder e influências
dos xamãs, que faziam contraponto aos padres jesuítas, os restos mortais deles se
transformaram em signos cosmológicos que representavam poderes mágicos e a
possibilidade da ressureição dos mortos (KOK, 2011, p. 167-168). Se no período
jesuítico tal prática era sinônimo de resistência, os relatos mais atuais de tal
8
Na mesma obra (p. 238) há uma foto de um cemitério Guarani Kaiová mostrando estes itens, além
de uma pequena estrutura de taquara demarcando a cova.
10
fenômeno mostram que ele serve para desenvolver a fortaleza e o valor espiritual e
alcançar o estado de aguyje/perfeição. Porém, do mesmo modo que o enterramento
em urnas cerâmicas, não se sabe exatamente porque apenas algumas pessoas são
“veneradas” e “escutadas” após sua morte em tal ritual (GARLET, 1997, p. 174).
Se o culto aos mortos permanece ainda hoje, mesmo que de forma mais
discreta e em menor número, o uso de urnas cerâmicas para enterramento foi
abandonado pelos Guarani junto com a confecção de forma geral de vasilhames nos
tempos mais atuais. Para Schaden (1969, p. 23) isso se deu pela introdução pós-
contato de panelas de ferro. Já relatos de guaranis mostram que o abandono se deu
devido aos problemas de demarcação de terras indígenas, assim, sem a segurança
de se poder habitar em um local não se produz mais cerâmica e os mortos são
apenas enterrados em locais longe das habitações (Tembykyryguá, 1995, p. 2 apud
MONTICELLI, 1995, p. 46; MÜLLER, SOUZA, 2011, p. 168). Atualmente usam-se
caixões de cedro, árvore considerada sagrada, para enterrar 9. Segundo Cadogan, o
uso de tais esquifes e seu depósito na Opy (casa de cerimônias) seria uma
reminiscência do enterro em urnas (CADOGAN, 1992, p. 78 apud MONTICELLI,
1995, p. 105). O enterramento secundário ainda ocorre, sendo o descarne do
defunto realizado em imersão em água parada (lagos, lagoas ou rios)10.
No próximo item abordaremos questões mais voltadas para a Arqueologia e o
enterro em urnas funerárias.

Sobre barro e ossos

Em 1993 Francisco Noelli afirmou que a Arqueologia Guarani é uma “criança


de 121 anos, marcada profundamente por atitudes ingênuas” (p. 3). Talvez possa se
dizer que, em relação às pesquisas referentes aos enterramentos, muito mais
voltados à análise das urnas (MONTARDO, NOELLI, 1995-1996, p. 493), a
Arqueologia Guarani continue uma criança de 143 anos, embora cada vez mais
surjam estudos voltados à bioarqueologia, área esta que pode responder diversas
perguntas antes sem resolução. Um desses trabalhos é o de Müller e Souza (2011),
as quais analisam 3 estruturas funerárias no oeste catarinense e apontam para um
9
Um relato sobre a preparação deste caixão e o modo de enterrar pode ser visto em Nimuendaju
(1987, p. 36-37).
10
Comunicação pessoal de José Otávio Catafesto para o autor em 11/2014.
11
dos maiores problemas dentro desse tipo de estudo: a perda das evidências (de
ossos ou microresiduais) devido ao problema de conservação em clima tropical e
solos extremamente ácidos (p. 174). Veremos a seguir então os dados referentes à
forma de enterrar entre os Guarani.
No livro “Tesoro de la Lengua Guarani”, do Padre Ruiz de Montoya, aparecem
dois termos ligados ao modo de enterrar: Tyby que significa “sepultura, sepulcro,
cova” (interessante salientar que não se conhece um nome específico para a vasilha
usada como urna funerária); e Peipytaqua teonguera, “ata o defunto em um pau na
rede”, o qual se refere a uma prática de enterramento, a um culto ao morto, o culto
dos ossos talvez, ou a putrefação da carne do defunto (NOELLI, 1993, p. 101-102).
Esta última opção é validada pela Arqueologia, pois em seu registro predomina
enterramentos secundários, ou seja, o corpo do morto passa por uma etapa de
decomposição antes de ser devidamente enterrado, seja dentro da vasilha de
cerâmica, de invólucros como a rede de dormir, tecidos, esteiras e/ou madeiras e
folhas (MONTARDO, NOELLI, 1995-1996, p. 494), além do uso de corpos d’água
como relatado acima. Mesmo assim, o enterramento secundário não é
necessariamente predominante quando do uso de urnas cerâmicas. A utilização da
rede como um envoltório para o corpo pode se referir ao binômio
repouso/mobilidade que seria levado ao túmulo, já que os grupos Tupi-Guarani
levavam suas redes consigo nas viagens e a morte para eles seria também uma
viagem (CYMBALISTA, 2011, p. 136).
As urnas funerárias são enterradas em covas superficiais, o que gera diversos
achados fortuitos por agricultores e/ou pela população em geral em plantações, o
que muitas vezes leva a destruição ou ao re-enterramento destas, privando estudos
mais aprofundados (NOELLI, 1993, p. 103; MÜLLER, 2014, p. 101-102). Os relatos
etnográficos apontam para estruturas de madeira, pequenas “casas” retangulares
sobre as sepulturas. Porém, não há no registro arqueológico dados sobre marcas de
postes no entorno dos enterramentos (MONTARDO, NOELLI, 1995-1996, p. 496-7).
Aqui devemos apontar talvez para um problema no método de escavação e/ou de
problemática de pesquisa.
Além desse tipo de enterramento, há a deposição do corpo diretamente sobre
o solo. Nesse caso predomina as posições estendidas e fletidas no registro
arqueológico (MONTARDO, NOELLI, 1995-1996, p. 495). Em alguns casos foram

12
encontrados restos humanos descartados em fogueiras, o que pode se referir à
prática do exocanibalismo, a antropofagia dos inimigos, ou até ao endocanibalismo,
a absorção das cinzas do morto pelos seus parentes (op. cit., p. 496).
Os dados arqueológicos corroboram com os etnológicos no que diz respeito
ao local dos enterramentos, os quais podem ser tanto dentro das casas, nos pátios
das casas, na periferia da aldeia ou em lugares isolados11 (op. cit., p. 498). As
pesquisas arqueológicas ainda não mostraram relação entre os enterramentos e as
manchas de terra preta em sítios guarani (NOELLI, 1993, p. 102). Poucas pesquisas
são voltadas à espacialidade dos sítios arqueológicos relacionando a área de
habitação com outras áreas de atividade, por exemplo, de enterramentos. Klamt
(2004) levanta e esquematiza alguns achados de estruturas funerárias (uma ou mais
urnas funerárias encontradas em conjunto) no Rio Grande do Sul, mas não relaciona
com outras áreas de atividade no entorno.
Os materiais não perecíveis associados aos enterramentos, sejam eles dentro
ou sobre as sepulturas, são segundo a bibliografia: vasilhas cerâmicas, contas de
colar de concha ou vítreas, pingentes de moluscos, lâminas de machado polido,
tembetás de quartzo e de resina, implementos de osso. Porém, sabemos que
etnograficamente há relatos também de machados, arcos e flechas, adornos,
tembetás, vasilhas cerâmicas com água e cabaças com alimento (MONTARDO,
NOELLI, 1995-1996, p. 497). Não há estudos relacionando a cultura material
encontrada e/ou depositada com o status e a construção da pessoa entre os
Guarani. Noelli propõe através de analogias etnográficas, mas sem comprovação
arqueológica, que: a panela, de exclusivo uso feminino, seria a “urna” de sua
proprietária; as talhas e os cântaros, para fermentar bebidas, serias as “urnas”
masculinas; os “anexos funerários”, vasos e pratos individuais, seriam mistos; restos
masculinos na panela (Yapepó) e restos femininos nos cântaros (Cambuchi)
poderiam representar enterramentos de homossexuais (NOELLI, 1993, p. 108). Em
relação às crianças há trabalhos antropológicos relacionando objetos,
especificamente adornos, com ritos de passagem e formação do corpo (LADEIRA,
2007), mas ainda não se pensou no simbolismo da deposição de certos objetos em
enterramentos infantis.
11
Não há estudos sobre uma provável diferenciação relacionada ao local do enterro e o status do
morto, porém há um relato interessante sobre isso: “Fui informado ainda que os executados como
feiticeiros ruins não são sepultados dentro da casa, mas soterrados sem solenidade na mata onde os
parentes os podem ir lastimar” (BALDUS, 1970, p. 302 apud SOARES, MILDER, 2014, p. 282).
13
Como já comentado anteriormente, as vasilhas utilizadas como urnas
funerárias não eram específicas para isso, sendo antes utilitárias para armazenar
comida ou líquidos. Tal dado é comprovado pela análise arqueológica, a qual mostra
que algumas quebras e rachaduras nas urnas são precedentes ao enterro
(MÜLLER, SOUZA, 2011, p. 172), além disso, marcas superficiais na face interna
das paredes da metade inferior e no fundo do vasilhame constatam o uso deste para
a fabricação e fermentação de bebidas (MÜLLER, 2014, p. 89-90).

A variedade de diferentes vasilhames cerâmicos utilizados para enterrar ou


em enterramentos é grande. Das dez principais classes de vasilhas estudadas por
Brochado, Monticelli e Neumann (1990, p. 730-731), as quais vão desde panelas,
vasos, jarros, pratos e tostadores, nove destes foram encontradas em
enterramentos: três como urnas, duas como tampas de urna e quatro como anexos
funerários. O único tipo que não foi encontrada em estruturas funerárias é o
ñamôpyu, o tostador de farinha (NOELLI, 1993, p. 107). Infelizmente Noelli não
especifica qual tipo de vasilhame foi usado para qual função.

Além da análise tipológica das vasilhas e seus usos em contextos funerários,


devemos pensar sobre a relação entre elas e o individuo sepultado. Variáveis como
papel social, condições da morte, idade, diferenças sociais, segregações de diversos
tipos e variações entre grupos locais devem ser levadas em conta e problematizadas
nas pesquisas (MÜLLER, SOUZA, 2011, p. 205). Outra questão é a quantidade de
dados sobre práticas funerárias no registro arqueológico. No levantamento feito por
Müller (2014, p. 101-102), dos 137 sítios levantados em bibliografias apenas 47
apresentavam menções sobre urnas funerárias ou enterramentos fora delas. Ao
mesmo tempo em que isso pode ser justificado pela destruição de tais estruturas
pela ação humana recente ou pela acidez do solo, as questões sobre diferenciações
de tratamento ao corpo do morto, mas não de sua alma, como exposto no item
anterior, devem entrar no rol de perguntas da Arqueologia Guarani.
O trabalho de Rizzardo e Schmitz (2015) talvez seja um dos primeiros e
únicos a se focar nas diferenciações regionais de enterramentos. Os autores
analisam várias fontes bibliográficas que relatam urnas funerárias nos estados do
Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grandes do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul,
diferenciando duas subtradições cerâmicas, a Pintada, relativa aos dois primeiros

14
estados, e a Corrugada, aos outros três. A conclusão deste estudo é que, enquanto
a subtradição Pintada, relativa á uma variação regional, sepultava geralmente os
mortos em estruturas funerárias compostas (urna funerária, tampa, sobre-tampa e
tigelas de reforço em volta da urna), a subtradição Corrugada utilizava apenas a
urna com uma tampa ou protegia apenas a cabeça do morto com uma pequena
tigela, não o colocando dentro de uma vasilha. Nota-se assim, por um lado uma
preocupação com todo o corpo do morto e por outro mais especificamente com sua
cabeça (op. cit., p. 167).
Outro dado interessante relacionado às variáveis propostas acima é
pensarmos no contexto histórico das práticas funerárias. A pesquisa de Chmyz
(1974) em sítios do baixo Rio Paranapanema e do alto Rio Paraná relata um sítio
arqueológico com diversas sepulturas em urnas e fora delas e com diferentes
posições do corpo. As datações retiradas do local mostram que tal episódio é pós-
contato com o europeu, o que levanta a questão de tal diversidade ser causada por
uma epidemia, o que acarretaria em um grande número de mortos e uma pressa
para enterrá-los (MONTARDO, NOELLI, 1995-1996, p. 495).

Conclusão

Através deste levantamento, podemos elencar dez práticas funerárias


diferentes referentes aos Guarani ao longo do tempo. Pensando em termos de
continuidade, ruptura e sincretismo, elas se comportam deste modo:

Enterramento Secundário: Permaneceu a prática de descarne do corpo em alguns


casos, porém a cremação não é mais praticada.

Urnas de Cerâmica: Não são mais produzidas, logo não são usadas como
recipientes para colocar o morto. Porém, atualmente são usados caixões de cedro,
que também possuem uma significação cosmológica assim como a cerâmica. Deste
modo, podemos pensar que o enterro Guarani em algum tipo de recipiente é uma
continuidade, porém com alguns sincretismos ou mudanças.

Posição do corpo: O registro arqueológico mostra tanto a posição fetal do corpo,


quando enterrado em urnas cerâmicas, quanto estendida quando enterradas fora
das urnas. Atualmente, o uso de caixões limita a posição do corpo ao estendido.

15
Deposição de objetos em volta do local do enterramento: Há muitos relatos
etnológicos sobre essa prática, porém os registros arqueológicos não são
conclusivos a esse respeito. Alguns objetos de pedra já foram encontrados no
entorno de urnas funerárias, porém se havia artefatos de madeira ou de fibra vegetal
estes não são mais passíveis de serem encontrados. Mesmo assim, podemos
caracterizar essa prática como uma continuidade, principalmente devido ao próximo
item.

Deposição de objetos dentro da urna/caixão: Os registros arqueológicos apresentam


diversos casos desta prática, assim como os etnográficos. É uma continuidade.

Destruição dos bens do morto: Podemos considerar que o enterramento de objetos,


provavelmente pessoais, com o morto é um tipo de destruição destes. O relato sobre
a queima das casas dos falecidos com alguns objetos pessoais aparece apenas nos
registro etnográfico, não há como relacionar ou comprovar isso com dados
arqueológicos. É uma continuidade.

Estrutura em cima do local do enterramento: A etnografia relata este tipo de


estrutura, geralmente uma pequena cabana ou teto de palha, porém nenhum dado
arqueológico corrobora com esta informação. Apontamos aqui para um possível
problema no método de escavação ou da destruição ou apagamento destas marcas
de postes que poderiam existir.

Local do Enterramento: Continua ocorrendo na periferia das aldeias ou em locais


isolados, porém não mais dentro das casas.

Diferenciações regionais: Tanto no registro arqueológico quanto no etnográfico há


dados sobre especificações das práticas funerárias dependendo da região e da
parcialidade Guarani.

Culto aos Ossos: Tal prática aparece primeiramente nos registros jesuíticos,
podendo ser considerada como algum tipo de sincretismo. Alguns registros
etnográficos das primeiras décadas do século XX continuam relatando este
fenômeno. Atualmente, há pouquíssimas informações a respeito dessa prática,
porém sabe-se que ainda ocorre de alguma forma.

16
Há poucas reflexões sobre as questões éticas da prática de exumar restos
mortais das populações Guarani, sabemos, de forma mais geral dos impedimentos,
da forte regulação e restrições de diferentes naturezas e também das forçosas
devoluções para reinumação de materiais humanos existentes em acervos e
museus, assim como dificuldades de acesso a sítios funerários (SOUZA,
RODRIGUES-CARVALHO, 2013, p. 552). Mesmo concordando que restos humanos
são uma fonte científica muito rica, e que devem ser preservados do melhor modo
possível, a decisão sobre o que fazer com este material deve ser dos descendentes
(LARSEN, WLAKER, 2005, p. 114), e isso leva em conta como preservar ou não os
ossos e como efetuar ou não efetuar a pesquisa. No caso específico dos Guarani
isso ainda deve ser debatido e pesquisado, levando em conta a heterogeneidade
das parcialidades e das aldeias.
Como avisado pelo cacique no trecho inicial deste artigo, nós, os juruá, não
devemos saber tudo sobre os Guarani, muito menos sobre a morte. Porém, se
quisermos falar sobre ela, que saibamos que os fragmentos de osso e de artefatos
sepultados nos apresentam indícios de uma sociedade dinâmica e autônoma
(MÜLLER, 2005, p. 30) e também que analisar um enterramento não é falar apenas
sobre barro e ossos, sobre as características da urna funerária e dos restos
humanos, mas também sobre divindades e pessoas, sobre eventos temporais
(desocupação de um lugar, rituais de cuidado com o morto) e cosmológicos (a
relação entre os mortos, os vivos e os deuses).

Referências

BELTRÃO, Jane Felipe; LOPES, Rhuan Carlos dos Santos; CUNHA, Mainá Jailson
Sampaio; MASTOP-LIMA, Luiza de Nazaré; DOMINGUES, William César Lopes;
TOMÉ, Tiago Pedro Ferreira. Vida & Morte entre Povos Indígenas. Espaço
Ameríndio, Vol. 9, n. 1. Porto Alegre, jan./jun. 2015, pp. 206-238.

BROCHADO, José Proenza; MONTICELLI, Gislene; NEUMANN, Eduardo Santos.


Analogia Etnográfica na reconstrução gráfica das Vasilhas Guarani Arqueológicas.
Veritas, v. 35, n. 140, Porto Alegre, dez. 1990, pp. 727-743.

CHMYZ, Igor. Dados Arqueológicos do Baixo Rio Paranapanema e do Alto Rio


Paraná. Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas 5: Resultados
17
Preliminares do Quinto Ano 1969-1970. Museu Paraense Emílio Goeldi, Publicações
Avulsas, n. 26, Belém, 1974, pp. 71-90.

CYMBALISTA, Renato. Antropofagia, incisões corporais, Terra sem Mal: os mortos e


a territorialidade Tupi nos séculos XVI e XVII. Oculum Ensaios, n. 13. Campinas:
jan./jun. 2011, pp. 132-152

FERNANDES, Florestan. A função social da guerra na sociedade Tupinambá.


São Paulo: USP, 1970, 425p.

GARLET, Ivori José. Mobilidade Guarani: história e significação. Dissertação de


Mestrado em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: PUCRS, 1997, 197 f.

KERN, Arno Alvarez. Antecedentes Indígenas. Porto Alegre: UFRGS, 1994, p. 142

KLAMT, Sérgio Celio. Uma contribuição para o sistema de assentamento de um


grupo horticultor da Tradição Cerâmica Tupiguarani. Tese de Doutorado em
História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
PUCRS, 2004, 267 f.

KOK, Glória. Memória dos osso: empréstimos simbólicos entra Xamãs e Jesuítas na
América Meridional (Séculos XVI e XVII). Revista Mosaico, v. 4, n. 2, jul./dez. 2011,
pp. 165-173.

LADEIRA, Maria Inês. Notas etnográficas sobre o uso dos adornos corporais
Guarani-Mbya na infância. Anais da VII RAM. Porto Alegre: UFRGS, 2007, s.p.

LARSEN, Clark Spencer; WALKER, Phillip L. The Ethics of Bioarchaeology. IN:


TURNER, Trudy R. (Ed.). Biological Anthropology and Ethics. From Repatriation
to Genetic Identity. Albany: State Universtity of New York Press, 2005, pp. 111-120.

MANO, Marcel. A cerâmica e os rituais funerários: xamanismo, antropofagia e guerra


entre os Tupi-Guarani. Interações, Cultura e Comunidade, v. 4, n. 5, 2009, pp. 111-
128.

MONTARDO, Deise Lucy O.; NOELLI, Francisco S. Sugestões para o Estudo dos
Enterramentos Guarani. Coleção Arqueologia, Anais da VIII Reunião Científica da
SAB, n. 1, vol. 1. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995-1996, pp. 491-502.
18
MONTICELLI, Gislene. Vasilhas de Cerâmica Guarani: um resgate da memória
entre os Mbyá. Dissertação de Mestrado em Arqueologia, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUCRS, 1995, 200 f.

MÜLLER, Letícia Morgana. Uma leitura das práticas de enterramento Guarani


através de suas fontes de estudo: Apresentação e discussão da documentação
histórica e arqueológica referentes ao atual território do Estado de Santa Catarina.
Monografia de conclusão de Curso de História, Universidade do Estado de Santa
Catarina. Florianópolis: USC, 2005, 107 f.

________. Dentro do pote de barro: reflexões sobre os enterramentos Guaranis


através da sua cultura material. Revista Cadernos do Ceom, v. 19, n. 24, 2014, pp.
83-108.

MÜLLER, Letícia Morgana; SOUZA, Sheila Mendonça de. Enterramentos Guarani:


problematização e novos achados. IN: CARBONERA, Mirian; SCHMITZ, Pedro
Ignácio (Orgs.). Antes do Oeste Catarinense: Arqueologia dos Povos Indígenas.
Chapecó: Argos, 2011, pp. 167-218.

NIMUENDAJU, Curt Unkel. As lendas da criação e destruição do mundo como


fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani. São Paulo: Hucitec, 1987, 156
p.

NOELLI, Francisco Silva. Sem Tekohá não há Tekó: Em busca de um Modelo


Etnoarqueológico da Aldeia e da Subsistência Guarani e sua Aplicação a uma área
de Domínio no Delta do Rio Jacuí – RS. Dissertação de Mestrado em História,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUCRS, 1993,
368 f.

RIZZARDO, Fabiane Maria; SCHMITZ, Pedro Ignácio. Formas de Sepultamento na


Tradição Cerâmica Tupiguarani. Revista Tecnologia e Ambiente, Dossiê IX
Reunião da Sociedade de Arqueologia Brasileira/Regional Sul, v. 21, n. 1, Criciúma,
Santa Catarina, 2015, pp. 140-161.

SCHADEN, Egon. Aculturação Indígena: ensaio sobre fatores e tendências da


mudança cultural de tribos indígenas em contacto com o mundo dos brancos. São
Paulo: USP, 1969. 333 p.
19
________. Aspectos Fundamentales de la Cultura Guaraní. Assunção:
Universidad Católica, 1998, 240 p.

SCHMITZ, Pedro Ignácio. Migrantes da Amazônia: a Tradição Tupiguarani. In:


KERN, Arno Alvarez (org.). Arqueologia Pré-Histórica do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991, pp. 295-330.

SILVA, Sergio Francisco Serafim Monteiro da. Arqueologia das Práticas


Mortuárias em Sítios Pré-Históricos do Litoral do Estado de São Paulo. Tese de
Doutorado em Arqueologia, Museu de Arqueologia e Etnologia, USP. São Paulo:
2005, 408 f.

SOARES, André Luis R.; MILDER, Saul Eduardo Seiguer. Arqueologia da morte:
enterro de índio, vida de jesuíta, história que se escreve em cacos. Cadernos do
CEOM, Ano 16, n. 16, 2014, pp. 275-298.

SOUZA, Sheila Mondonça de; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia. ‘Ossos no chão’:


para uma abordagem dos remanescentes humanos em campo. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi, Ciências Humanas, Vol. 8, No. 3. Belém: set./dez. 2013,
pp. 551-566.

SUSNIK, Branislava. “Los Aborigenes del Paraguay” – V – Ciclo Vital y Estructura


Social. Asunción: Museo Etnográfico “Andres Barbero”, 1983, pp.168.

TAVA, a Casa de Pedra. Direção: Ariel Ortega e Patrícia Ferreira. Produção: Vincent
Carelli; Vídeo nas Aldeias, 2012, 78 min.

20

Você também pode gostar