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03 AMANTES DO METRO
da Jean Tardieu
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. ^-^ circulam
~ Iste ato TOde também se cassar diante do Pano de Boca, Èbastan
:r-.-e colocar a epnuerda um nraticavel que de diretamente na cochia,
-
r -: rtar.iD três ou ouatro degraus e simbolizando escadas que descen
-
= - ^_ = - s *-5 »-n p
c) i
Alfun? cios atares bastam para esne jogo. Elea necessitai: a-e_
r.=s. na cochia, i ~ trocar raoidomente um detalhe de seu figurino
-. irào ct~-j:r, = :- 1^ ver, oersonpgens novoa, diferentes nclo toe
i= v:r, s: ta?.;;- e = ti tua e.
: or.;unt : l e v e ia.r s. impressão de uma esraecie de bale, côa
J
tr = -.; :: 51 :1: i realiiaie -?.ra o ritmo. • .
1 .f- . -í í -i - - :"
"_í. "."ll-ZIP. -
'::--- c n. r.te.
s-it: adirei' Zr.tão, até logo, siinka amiga!
w
;-.:== s - l t ? r T = i: -u.-.ic ?. iiantac-se lado a lado ate o meio tada
A
li. m-n?. - air.i' r = is acável) Você rueria dizer, ate logo, minka
: : r. ~ e n t e .
mistério.
aaor.
t r ê s , ardor.
i : i s , i r e s , semore.
:LZ - Vg^ f j i s . eter-iaaente.JLgaeml. -^-fc
Zr. :ra u.~a senhora apressada seguida oor uma velha que manca. )H
Ir-sressa, C-enoveva. . . não vamos oerder..... o próximo! De«reaaí
= rt ~-T} - levagar. ^ devagar.... dor no calcanhar.
- (aborrecida) í* e u Dousí não chegar... jtudja^acabará ___ -
In:rã- us senhor e uma senhora que atravessam majestosamente
(j^^ : .--.-..-«fiusu -
- EU
Eu nv
tive urap durante muito temno...
í
.lês saúdam-oe gravemente e continuam seu caminho, retoman
-
: ei..;ras Qo:a seus livros í-ob os braçosU,, entram um estudante e
r = tuá?nte.) (^ ^ Q 1^0
I773A"~E (seriamente) - .... Você entende, a moça e sacerdotisa
vénus. Por aooim dizer, seus oais a obrigaram a consagrar-se.
- 77'7.A"."713 - (gozador) - O que? Ela entrou narn um convento?
;7"7A""TE _ NPO difa besteira!. Ela vive só, numa torre em Sestoa,
: :-. <na serva, a beira-mar.
Sr.TAV?]? - E daí?
~77'3A';7T? v Então, um dia, ela avista um jovem raoaz na cidade,
i.;r?.r.te urna esnécie de festa de caridade. Infelizmente ele
vive e:a Abidos, do outro lado do canal. Não tem oroblema,
v: c? sabe como é: e.lí: ama ele, ele ama ela. Ele decide ir vi_
5it=-la à noite, as escondidas.
- -57~3AN?-j ( r^iicioso) - ÀS escondidads de ouem, de Vénus?
TOANTE - 'ílaro rue não, idiota! Da sorva do temolá! E ai todas,
•as todas ^s noites ela faz oara ele sinais com ';.mp lanterna
?lt: i e sua torre, e entS> ele atravessa a nado o braço de
""-r -,:v =ei3r3 :s íois. Irn.o^ina só! De u'ii lado até o outro!
- - ---:: -r.:T.trar com ela! Passam a. noite juntos e de manha,
s
O BS1UDA''7I - I aí?
A :v5T"7A%"7Z - "7 31, tudo correá bem enquanto era verão. Mas no in-
verno, você sabe, quando o marinheiro recolkeu o seu barco no (
:" " '; - —.-.iz t numa noite de tempestade, ele parte, como sem
- -. ^ -.li:. :, naturalmente, n~ao consegue vencer as acuas...
y ,,,-
ELA - Cnde você está?
Pêro de você.
-\JQCC ?
ELA - É você?
ELE - Sou eu.
„, .. n f
- 7-
.7
. ;í 5I''HOH - Bera, em suma, sim... Tjor ar^sim dizer...é isso.,.
l» S-.:."-^^ - O senkor é então um nreconi^ador? ;
-,> 2' ~I?'H"H (auade indignado) - Aks néío, não, francamente! Não me faç3
:irer aouilo oue eu não dissei
l* .ri'':-OR - Então o senkor acha oue se nossa lareconisar sem ser. um
Treconisador?
2= £i:.'HCH - Bera.. kmmm... aerdão.. .mas. . .bem. .. xireconisar, eu diria
e unp coisa..» mas... bem... ser um Preconúsador é outraj
1 í 5Z"'HOR - Então não oreconiae!
2 í SENHOR - Infelizmente, meu coro, essa é a niinka ocuoaçpo; queíí
seria de mira se eu não greconizasse mais?
12 5E!ÍHOH - Ent?o a já:.
2$ SE'-'HCR - Arir! Afirí M?s antes de agir e rsreciso refletir! Exi£
*e :• siz, existe o r.ao. Os r-ue são a favor, os rue são contra.
_* f
- ai -ur eu i.-.terver-Jao e -ue... \ a?, urr. ^;esto elegante) .... e
que eu ~reo"r.iso. /
12 SI'>riCH (co:r. .^a ::u£r.2e :le ies^reso)-Ora vamos! O senkcr vai a
bar na oele de um Preconis"dorl.
("nouanto o sepondo senhor nrotesta veementonionte contrn essa
L
insinuação inx>!r.e, eles saera. LOÍTO e;a set7uida reaparecera os Amantes
-
-,- - - - ~i - ;- ~ c 3 na. i s v o c e J
A*. 1= : ;-' é demais! Você rue não é mais eu!
"as c: -3" !-!as oorne? f>Tas o oue?
Você sabe be~. nue!
"li - i -_. - r-.-i --. -r: ; ^rri::-i: clientela. Sua rou?)a dis-oarata_
.
i= rrTei= 5,3. f_r.;I:; ::r -r.-^-.i.^: um barrete, uma trança nas cos-
~.^= . -^ ? = ia e s c r e v a . . . lie avista as duas estrangeiras e se a -
^rT?f-7= a ela-, iferecer.do seus serviços.)
7 > ~:~--I7Z - Ir.tér-rete? Inténrete?
?-Il'ZI?.A - (farer.io ?inal oarn a segunda perguntando o oue eignifi^
:a e?se r.ovo oersona^rem.) Uiú ebeli maiiês?
II"•".';7JA - (fazendo sinal de oue não compreendeu nem a senkora-, nem
3 intérprete.) Pakoti, a^otoka, purukai
IMl.-.r?.ZlZ (informado assim sobre as línguas oue falara'as duas es-
rr=r.geiras, ^ar? ? primeira) - Interpret-ki?
7-I>'ZIRA - (denonstrando^ue compreendeu e concordando) - Mauí, maui l
INTÉRPRETE (nar? a segunda) - Intergretok?
5Z~-YN7JA (concordando ruidosamente) - duche.' Gucheí MogokJ. Beneik
:elez? Patroni coniae-ckek?
I?-"I~.R?RETE (traduzindo Tara a orimeira) - Mene-ki, mene-ka, e-oa-keil
PRIMEIRA (compreendendo) - Pe^ue-hi! Pegue-iiií (Vai mostrando suce£
sivamente as diversas oe-pas d- seu vestuário). - Evaz-ki, remen-
áko, o raiç ou dou you, leme ouií líadurei-kaí A dura - elle-et-
Lui.J
I'-"~ÍR°RETE (nara s segnnda, renetindo os gestos da nrimaira)- Guckeí
?ika! Gulasck! dende, pum rendai pum skaioat.! pum babalao! Kokorókaí
"7 "77;DA -(rindo) - Ackirra! Ackirra! Kedêj Kedeí Abróboras magók?
??7I-'"IRA (rindo) - Men^-hi, amama oui! Mamão í Maki!
INTÉRPRETE (rindo grosseiramente) POTJOX JâJ__Hai—ka4-
(Os três ré afastam rindo muito. Os amantes, voltam, densa vês
era olena
ELE (violento) Você, você, você, você,
ELA (idem) - Eu não, você, eu, não você!
ELV - Desculna. Você me í
ELA (furiosa) - Como eu te?
ELE - é, eu te: _
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"J U. - :: . v:;-:, .-crmre vocêíT yirôriica) f Ah, realmente J ( C o m veernen
- v r l ú v e l ) E como ouem rue eu? E oor ruem? Parque?
Io) - Mas oor você, não nor mim! É você nue se, tf. • eiiq\i&XL
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- -. . -.-r - Elisa, Emilia, Ana, Julia,
"ania, »?ina, 'lelemt, Ainanda, Ofeli?,
. : -.-: , Varia, Cláudia, Sus anã,
IUADRO
:~-e-T = .
.711.-. I - I r e r * : ! .' ..li:!, '-as tão !
SLE (r-::r: do—se -jpra gritar em sua impotência, ouase oi>i' desea-
-.--. - lie? -u e J ?íão é um sój Não são dois! 1-íem três! São três
iTi-licadDs -10 r cem, multiplicados ^or três... multiplicados
-»or LI • 5 ruÊ"(a-atlO| que é inulti Tlicodo por dez mais trindta, nie
M>£ .,?.-_: rse, mr-is dois mil I Não sou eu, não c você! Sou eu mais
-...ê, :or todos í Todos mais todos ipjual a U'IIP oarede! Todos rnais
t^dcs, o/ areia, mais todos, o mnivííiais os outros, ninguém2< (Ho
auge da exageração) Eu quer___o_^^me juntar a vocês Eu não consigo!
(Bruscamente, cessa o murmúrio dos passageiros)
VOZ HOMEM - (Num tom quase normal e gentil) Raimunda?
VOZ T-TJLHER (idem) Rogério!
A MÊS?'1 A VOZ H. - Raimunda?
A VESVA VOZ M, - Rogério.....
A MESNiA VOZ H. - Raimunda?
A KESMA VOZ M. - Rogério...
ELA (Levantando-se rjor sobre os passageiros com a voz ouase normal)
Todos igual a um mais umJ
A MULTIDÃO (num murmúrio anasiguador que vai decrescendo até tor
• .
nar-se quase indistinto.) - Um mais um!. Ura mais um...! Um mais
um!... U:a mais um l Um mnis um! Uui mais um! (Silêncio),
• • v;- - '
- tara ELE . T,'u;a tom brusco e falando depre'sa.) ^ico, ti::, ti::
tioc,-tioc, oolítica...
ELE (Num tom de olg-uém rue ruer aprender e interroga COE restait:
uma nessoa mais bem informada.) Bem, bem, bems bem, beni, te~,
bem, bem,/boas notícias?
O LEITOR (ainda bastante áspero) - Dac, dac,'dac, dac, dac,dac,
más notícias!
ELE (sinceramente desolado) Oh! dz,d7,dz,d,EÍ (curto silêncio. "De
rebente, mostra bruscamenre com o dedo um trecko do jornal dom
uma curiosidade onde se nressente uttfA. certa emoção) - Vê, vê,
vê, vê, vê, vê, fa^fcos—ríl yprFiOR9
O LEITOR (concordando) Po o- oop - pop -crime! Po-pop, crims de amor!
ELE - Dab, daby dor,' me ccr.tej
C LEITOR (tomado de súbit^ sinoatia nor ELE) - Lhe interessa?
ELE - Muito!
O L5ITCR (cetois de ter redobrado seu jornal e recolocado no bolso-.
Ele cor.ta fatos diversos com todos os gestos desejados.) - ZÓ,
EÓ, 20, E Ó , z : , ::ve~, zó, FÓ, em sua casa, EÓ„ zó, zó, sozinha,
20, 20, o ?ai estava fora, zó, eó, hipócrita. Pata'', rsata', gra_c_i
sã, *:atá, s = iu de oasa, oatá, a festa forasteira, pata^ as fri
taa, pata, ?.= -1-25, oatá, os cavalos de pauy Pan, pan, jovem ,
ra-ar, --~.t ~~r., cabelos ondulados, oan, boné./ E natati, senlio
rita, e - = -'tá, se ...:r, e natati, uma dansa, e Batata, uma taça
e cv.a- - ..:. atati, o eme eu acho, e oatatá, a noite inteira»
ré, ca = 3., ré, -ai volta, be, a filha não esta, be, furioso, be -
er.louruecid: . Padada.-., -olicia, oadadam, investigações... ding,
•, iir.g, 'i~itar.d: o som da Ave-Mar ia) dittg-»—ding, dinfe, de
ir.anh? ].a, lá, j.a,y apaixonados, Ia, Ia, Ia, í
cansados! '_?., Ia, Ia, sono feliz í Rrrr! Rrrr! Plic-e! Rrrr.' Rrr!
^ai! bum! Bumj r ij=o! toe, toe, abram'» norta! Ia, Ia, Ia,
nobres amantes!/ Pa tatrás, E-cordp^or.i. La, Ia, Ia, moça: "voltar...
/
casa... nunca" jovem ranaz : "amor. . . sexjaradoso . » nuncaí" Toe,
t o e , t o e , "...a lei! " toe, t o e , toe, "abram, abram!" Ele, ela,
"nunca!" e pan! " e u t e amo" e r>an! "eu te mato!" e nanj "eu ~e
mato!" e dong, dong, dong, dong,dong, dong (imita o som de vidro)
-K >-«>i>,
o nai, os -fl i c s-, os amantes, o cortejo!....
1
Ktí: oIVU.
(Ele, co. u ;-• t -H >orau ;," ( novadíi , volta-se com vivacidade nara
c operário, seu novo vizinho: encara-o um instante c
te í- m seu ombro.)
ELE - O senhor me conhece, ri^o é?
(O ooerario í"ira e r n torno de si mesmo. Traz a tiracolo umn sã
coln de ferramentas,)
OPERÁRIO - K..I conheço o senhor..
.jLE - u senhor :.aora; no meu ^airro?
/
LPUltARIO - -o seu pu uo r.iev., com certeza. ACJIO f-ue já fui consertar
/
? torneira u a t., u a co?,iriiia!
- " ~-& vendo? Ê o senhor
0°ERARIO (rir.io) - São todos ifuais os fregueses! Vocês não imagi
" V
íi
o. sã: íue :_- trabalhar T)ra vocês..
ELE Odefendendp—se) - Eu lhe pejjo desculpas»
CPERA RIO - -Y.rup-r.to -ue ?( gente^ ahí A gente não ^ara de observar
vocês. E aí?
•*•
Tc sabendo r>ue a mocinha ali não tá muito legal.
ELE - Ah, o senhor nos conhece? .
OPERÁRIO - Eu acabei de ver vocês cassarem agora há ^ouco. Ela ama
Ml^KHM
"í----,r. - .
;?!'.-/: - - : - r ;--. : ^rro! O senhor sabe muito "bem que ela gostaS
--. ==.-_-:.- :?- = ó as mulheres... etcétera e tal... Anosto oue
= !:-. ~SA râÃAA - :. :' oue o senhor a elal
III .-.__-£; - i l t o ) - ' T ~o d i c. n isso í
,-*•
(Ile iiri.-e " : = l = vr- ? sua nova vizinha, ue está vestida sim
olesmente. Ela rirq :-~ toino ie si mesma, adquire'vida e vai resoon.
dendo sen-r.ic :i ^rogre-sao r.e títulos que ele vai lhe conferindo.)
ELE - Ei, moça?... (venhu~? resnosta) Ei, senhorita... (Ela gira
e fica de frente) Perdão, minha senhora... (Ela permanece cala
da) Me dirá oor favor, I>'adame... (Ela narece adouirir vida.) Me
t/ íit]
-
- -
.' ."l
_•..":"- - — :- .;-.~sa; que nisca muito e acen--
: - -: - - - -- .: -- Hás claro, mau ouerido, sou eu
11^ -.-.-'- -' bolse anã caderneta e uma caneta e se faz de re~
/ - - -ande ;?rnal entrevistando uma personalidade.)
'..- - T : - -: : -v.-.-? r e 2^ onde eu estou, isso eu dipo "en nassant";
-_€ : -v-, ri ": : é nane i r-1'-: "'ais certa <~ e me encontrar.
~~ - '-: -, ro , ": \-.r. "o futuro eu saberei onde encontrá-la. Se a
E r.rrita ?-""oveitasse esse reencontro oara mo dizer suas imoress
r : : re . . .
.-. ~".-'.z. - Zu :iá? tenho imoressoes»
II" - Se- iúvida... sem dúvida..., Entretanto, eu gostaria de falar
re?-5ito de réu nroximo filrrie...
A STAR - Meu -iró^i"io filmo? '•!'>. - r - o vou v r-tioi oarl
.1 - : : - i ;i?
-r Bu -)?-e-;'iri emore-frcrir niou no-.io ; iimlcr'."iento0 Isso basta,
a~re73 no c:3rta?. Isso já valem alguns milhões. Então todos
'.r? z =~ -'-r--; !.ie ver e,..
'-.li - ? a : s n hD_r_l±£L não esta!
A T -.~ - ~\\o estarei! É um-1 nublicidade louca, essa! A nublici-
lade ?el?. ausência! Sern maravilhoso! Ma-ra-vi-lho-soS. (Mudando
: • e refer'indo—se em vo7 baixa no maneouim\/Elo e um ti^inho
, /
íeic '''.isito, n^o e?
letx>is r- ^ar uma e s n i a d a no boneco) - Ele IIPO tem oarn de GS
: ~ r entra -n.io grandes c o i s a s , , . (Voltando ao deu nanei de repor
ter r :• : ~ "enhorita esta.va, carp e ilustre amifra, onde a se_
ihorit; " '." "-cora há T O U C O , Ir» onde a senhorita estava anta o
:? éster '-' i .r.-::e ?í senhorita está?
A TAH - I " "i::- você ^ue eu estava gj[jno_ç.aad_g, maw. querido; é, as
v e z e s eu n l m o p o . . . Zu estava lanchando, eu gosto muito de l r m c h ? r . «
ELI-, (f infindo r v.-ré anotar ei:. sua caderneta, meio como r e n õ r t e r ,
:neio como um .'nnitre oue fas a comanda) - E o inenu?
A STAR - ( e n t r a n d o no j o r o ) V e j a m o s ! Primeiro o liors-d 'ceuvre:
- ^ _J r_ --..
i- -
-::---- -'...- ->ara mim com atenção, Senhor: eu estou nrestes a tor-
r.ar-~e r-inguém, nem mesmo ura número, uma ideia, uma abstraçao,
-L- va-orzinho, um offú, um pú, nu, um nifff! Um zzzzzj Eu era
;-"indivíduo", um"cidadao", eu me chamava : Senhor... 'Senhor....
ééé... é.... Ah, Senhor o oue? O quê? (Tomado de pânico) Está
vendo, eu não condigo nem mais me lembrar do meu nome...'O nome
desse... Cicrano! Eu, tu, ele, nós, vós, £ulano! Oh! Ohí e o
sintoma!É isso! É a crise! A crise final!. Eu vou desaparecer,
estou lhe dizendo, vou desaoarecer!' De-sa-pa-re-cer na multidão!
Olhe tiara mim nela última vez: Daoui &a um instante ... Pffuitt!
Eu terei desaparecido na multidão, o senhor está ouvindo? (Aos
berros) De-sa^a-re-ci-do! De-sa-oa-re-ciiiiiiiiiii....
(O personagem, com efeito, escorregando por entre .os bonecos L\e estã
Enouanto isso, ELA, que até eese nonto tinha ficado em seu can
to anenas viva, tornou-se cada vez mais coalhada, cada vez mais i-
movel, como se tivesse sido possuída ->elo demónio da aniouilação,
da irrealidade e do anonimato oue acaba de levar seu vizinho. Tal-
vez ate mesmo tenha discretamente girado de costas para o público.
v •.:=..;: d o ELE dirigir-lhe a or-'lavra, Ela voltará à oosição original,
= inicio ausente, sendo denois desencantada oelo aoito do chefe da '
estação. Aoóa curto silêncio Ele se inclina para Ela. mas sem ul-
tranapsar o estreito esnaço oue os seoara.)
III (com uma voz infinitamente doce) - Eu estou perto de você!
iu estou a^ui, nerto de você... Me escuta... Me responde!
ZIA f com uma VOT; de sonho, sem virar a cabeça, o olhar fixo, como
~ ie enfeitiçada.) - Quem é você? Eu estou te eceutrndo tão lon^e...
- ^a i" estou checando! Eu já estou cherando! fP reconheça!
ELA - E u r.áo o conheço, Senhor!...
ELE - I'.: vi- -.Te ---ui... Lembra: o multiplicando! O maltinlicador!
A •oltiolicação*
ELA (com esfcrç:J c c. -n o tom de uma menininha triste que repete sua
lição) - "- ~j.ltiolicado por zero... igual a zero!...
ELE - sai desse resaielo! Tenta se lembrar! Para te reencontrar,
eu acabo cie Tassar -ocr eles, um deoois _do outro!
ELA - Os outros? Sou eu! ^^ — /VÍo|^^^ d 0 1 1,^ *•'•&. tut
.. " - ,' _' -
- SL -
LA - 3u não entendo... Eu estou uora medo!
-2LE - Volta, se recobre, meu amor! Você bem sabe que eu sou, que
você é J
ELA - Eu não sou nada; você não é nada; não existe ninguém.
ELE - Me dá a mão. Me reconheça!
ELA .(No jauge do t-errpr) Não se aproxime! O deserto.' O fogo!.
ELE - Onde você está?
ELA (gritando) Eu estou deaaoarecendo.!....
ELE - Mas você me esperou!-
ELA - Ejitão adeus, se o senhor me conheceu alguma vez.
(Um apito. Os personagens se chocam uns contra os outros, por
causa do vagão que oara bruscamente.)
ELE (atravessando com ura r>ulo o curto esnaço que os separam.) Onde
você estava, meu an.or? Eu estava aqui...
V
ELA (espreguiçando) Eu devo ter dormido. Eu estava sonhando.. Eu não
sabia mais cuem eu era.
ELE (cheio de solicitude) E nrora?
ELA (sorrindo iara Ele) Eu olho -ora você e me reconheço: eu sou,
^orque você é.
ELE - O homeme é visível de perto. nada um, por cada um!
ELA (rindo) Cada um sua cada uma!
(Os passageiros, desencantados, descem e dispersam com oreci-
TÍ tacão. ELE e ELA nassam lentamente para a frente da cortina que
se fecha, sempre de mãos dadas, como no início.)
EL?: (\'o mesmo ritmo de valsa do início) - Um, dois, três, ninguém.
ELA - Um, dois, três, alguém.
ELE - Um, dois, três, conheser.
ELA - U:n, dois, três, renascer.
ELE - Um, dois, três, amor.
ELA - Um, dois, três, ardor.
ELE - Um, dois, três, a pente.
E T A - Um, dois, eternamente.
(Desaparecem pela cochia.)
PANO
- Aqui vai começar a. s i n f o n i a da grande c i d a d e . Sinfonií
'' /.., ; ' " ; ' • ' . ' ' : - : - ' "• : ••- : V§5§ '-'"''-'• '•
ELE - A m o r . . .
SLA - A u r o r a . . . -
ZLZ
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_ . . -
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*•, j-
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~* •• .r_. --" .c. ~
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t"'"* r» G Kt " ""
» w O \ XlCLU »
Ia.. 'HULHER DO COPO - Os animais!- O inimigo !•'Hãci me' toque!' ^oces não
. . ' - que?, (cai em p r a n t o ) Deixei 'o mundo lá na .margem. Sr:, a.- vida!
'.-'-. • .'. •- *• . • ./ \ • \
-' Jafaais voltarei lá. Jaiuais! A q u i , tudo .qe .ap^a, tudo foje, não
tudo ee fechaJ Para onde ir? (chamando )Hoi! ?le di.o,a! 21o íião rcíòpon
de, ele não se movo! Duro! ?ranco! U;jr: estátua? : A estátua se *ni -
zs.) alouro, que nessoa para além 'da; muralhas'!. O' realejo" p-Às;sa
..ia rua conduzido por u.a pobro ce^o. .... Todos- o" saúdam.;. Sxoelon-
§§§
«7 v v . • '-'. ' •. - '*' ' ";
• - •"•"
.•
3RAN
: - ;--. ao l lã o a^rsdável...
: -,. . .:.'-. :-. reconheci c - rse cnsaoo lê detetive
-- -. . . - . : . . ^- - . _ }U€fl . . ! &..
<-
I - Olha -só. 3 e voe* quer aprender a roubar, terá que f afc.er. assina :
s e - i n c l i n a r p r a - . f r e n t e e » * . tá vendo?
.•«
^- r» i ^^.^
w JLu •- -^ S5r- •
i c r i . i:;"r _es;es. . .
l -.•'-. ..' - • • • - - ' "'... ..;"'•'"' -"•''- • • ::
fr&- H - "ao d' reais pra continâar. Satã tudo acabado! '.' /
•' . -- . . " - - ' / • '.
55?
15
Falo
."ã: se esquepa! Não esquipa do que deve fczer! Voe" sabe! V;;!
abe! Sabe o que ^.u tedeiise? Não esqa eça! Não esquepa! Sabe c
que- de vá fazer! Não se -sque-ya do'que eu te doaisse{ Vocc- sabe...
';.. ;'. O solo gira:.em, torno de; -inirn', ,'." .-i-" •''.-."-..': ^ - • / • " • ' • ; . - - . . . . • •
pois sou eu, por uá. dia, o eixo do mundo,' ,. ' .'•.'•.. .;
p-or ura dia apenas! V:-•••.-•...•-•'.'.-
* Su rj-ão me movo u;ais. .._ ':-;-•.'
\'ãó'5. ouero mais me. afastar.'
As horas passam!
2uv. maravilha não ter xe pressa nem projetos!
Cr.toji,o anar.h~., c formigueiro. Para sim 'e para mil o u t r : s .
Nas boje, a l i c e r i a i e
• • _- ,. ". .- . - —,._,_•
— —' .d.—- ^
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C. l
p »• *: '_*o^~ -— >A *-C—»
p" n í mti í^-Ti ^
iiJ.i«^M<_..«
u.a dia e ura! Outro dia í o outro, tí p r-: que todo esse vai ç vem'.,.
e os' feridos, e ^s que nunca voltaram: . uavia uai que dizia pra
.àas no'. caixão. .2 havia uma também que esperava, ^as ele, duran-
com outro e matou- os dois! 3^-si falar. d.:, inu-aciaçao que levou L: i lha
..í--. '. i_:. a_ém do esplendor do dia, do dia que nasce, como
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:i iâes ;£_e; dois estão s5s! Para- eles o mundo ' um áeser
j c-stc, u.á rapaz e u.;;a inoçai ( R i j . Uin rapaz c. usa asooal Co:no'
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