Você está na página 1de 34

x

o
o
LQ

es!

* v
•- v. '»» » . •> •*»*•*., " - • i •• w
03 AMANTES DO METRO

da Jean Tardieu

(O primeiro nu^dros se oassa no hall de uma estsçpo de Metro


e o segundo em um vagão e;n aoviaento.(p
PERSONAGENS:
ELA A
ELS \ vínteX e três Tuassageiro? anónimos, entre os quais, ura manequim,

£ F

- A orimeira mulher do r.unco. B


- A secunda mulher do mundo. C
A uenkora apressada, f -
- A senhora sianca0 t" ' ^
- O senhor ^retencioso. 2.
- A aaiga de coração. £ Ç- -
- C leitor eclesiástico Z
- C leitor litigo- 3
- O estudante, j .
- A
.-. :-studante
- A velkr? solteirona #f
- -. moça. 3 - *>J<Wc,
- T çrineiro senkor idoso.2
- .. t-riceira gstranpeira elegante. B .
- .. ::^-.ind- estrangeira elegante, c -
- ' iatéroreta. £ . FWV'W~*-
l e i t r r •*.e jornais.? V^*"0
- . ? fnaor^-of er. d i da-mas-arovocante. í>
— i- = •a.r-ir-.gir.ária (que não passa de uoa coBtureira.), , í— <=""<•
::a:?ir: ti -. r~'ulico . 2. • ^.p^^^ ,^.
>:"'
r:~^~.:r JE raneauia de vitriae'
•_S:IT^:_: -^'rtfs- 'i-f^ndir-se-na-nultidão. 3
t
f
JUADRO

.«.s *--.---? de Metro0 A extremidade do -«alço, ao inicio, qua


-• . -. - rir" rente ocupada Dor dois grandes "outdoors",' presos a
.'i:': l r v r = , cortateis, trazidos das cochi^s nor pessoas que não
f- : -: ? 7. .-rr. Sobre os "outdoors", em iaeio a imagens desordònadac
.- rétresentan diversos objetos tais como garrafas, cabeleiras,
52.t:s, IrcoaiDtivas, etc. lê-se essas palavras escritas em diversas
: - . : - - : es , a rr.ao :
- LCr.tre em cena do lado certo J j
- I-e b a r.inhps palavras! ^
£— <
- Bnfraouecidos, recuperem RS forças J
- Viva, r^e ne acreditn!
rsie-se i/malmente aqui e ali oendurar-se placares ar,uis so-
- M -uais estão escritos os nomes de estações de Metro ou dire-
: 7 -- i r.?, f; i r. n ri as . Por exeimlo:
- Hotafopo- Saens Pena, conexão en Estacio de La.
- ReooiRiceno—Palaira
- ?onaTarte-1ood-vear.
- Tatcher- Golbery
- Largo do ""schado - Clodovil etc.
I-. ?efuidn on "out. >orf?wr.e axaota..1. e desaparecem nos dois lo-
•?• cachias. Avista-se o saguno de u;na eatciçao de líetro onde

. ^-^ circulam
~ Iste ato TOde também se cassar diante do Pano de Boca, Èbastan
:r-.-e colocar a epnuerda um nraticavel que de diretamente na cochia,
-
r -: rtar.iD três ou ouatro degraus e simbolizando escadas que descen
-
= - ^_ = - s *-5 »-n p

^ / ."\s personagens <-ue repr

:ec e :e?-T-recea, sobew ou descen as escadas. Esse vai-e-vem de-


iar = ir.-?re~?~o de u"i movimento irregular e ^mprevisível, tudo
f _ - : i : ". ?r. i D r.- ra^ior precisão.
I'-ir?.-1 s *:5do esse ato, cenas curtas serão representados no
•"-tTir: ->l?rv: , ennuanto os ias:: ageiros anónimo g não cessarão de
~'~, '±r.~ ~"is outros T.enos depressa, e vi findo—se uns aos outros
tr
,

c) i
Alfun? cios atares bastam para esne jogo. Elea necessitai: a-e_
r.=s. na cochia, i ~ trocar raoidomente um detalhe de seu figurino
-. irào ct~-j:r, = :- 1^ ver, oersonpgens novoa, diferentes nclo toe
i= v:r, s: ta?.;;- e = ti tua e.
: or.;unt : l e v e ia.r s. impressão de uma esraecie de bale, côa
J
tr = -.; :: 51 :1: i realiiaie -?.ra o ritmo. • .

1 .f- . -í í -i - - :"
"_í. "."ll-ZIP. -
'::--- c n. r.te.
s-it: adirei' Zr.tão, até logo, siinka amiga!
w
;-.:== s - l t ? r T = i: -u.-.ic ?. iiantac-se lado a lado ate o meio tada

A
li. m-n?. - air.i' r = is acável) Você rueria dizer, ate logo, minka

li. '. '"L-.-? - ~:z.z azsiti? Su não disse èsso?


Ia.. :~.~1-Z7. - Iis--e, sim; você disse claramente: até logo minka a»iga!
-* li. 'V l "-"Z 7. - I r.= t era isso que eu deveria dizer?
T=. '.~1'-Z7. - Zx.-.fcamente isso oue você deveria dizer, E eu respondo...
1=. l'"i l HI P. - ~ você responde?...
Ta. "";i-r?. - Z.; respondo: Até logo, minka amiga. "*
IE. V." l'-"Z?. - Zlntão está bea asaina, \e logo!
Ia. ~"1-:ZH - Até logo!
Ia. '/"1-:Z°. - Até logo I
Ia. i": l "ZR - Até logo!
"_=. ir.Lr.r.R - Até logo!
(El?s se trocam vários bei jiiikos^ e vão cada uaa xiarn o seu
.-::. .-^ntes de sair, 'saram brusBaraente.)
Ia. '/"i:-:--, (voltando-se e gritando) - E até breve!
: = . i"." IH ZR (r a = su:>, acenando) - 5im, ate breve!

- :rf r z. l r. e - I A i e n-o 3 .ladas, adiantan-se, ouase que


---"-: =r.' D . H f ? v- - e T Ç K •.:_?. :u dua? ve?es a?sir.i p depois desa^area,
t
torrla4o.j
Z1I - ''-u.- ri t-.: ie valsa; "r., dois, três, amor.
ZLA - (zesio ;>0£o) U^i, dois, três, ardor.
ZLE - U:r., dois, três, âtor.
TLA _ Ua, dois, oternnmente.
i\ ( .H

Um, dois, ;rcs


Ura, dois,
ELE - Um, dois,
ELA - Ura, dois,
ELE - Um, i-15.
EL; -
ELI -
T *; r.' : canso

: : r. ~ e n t e .
mistério.

aaor.
t r ê s , ardor.
i : i s , i r e s , semore.
:LZ - Vg^ f j i s . eter-iaaente.JLgaeml. -^-fc
Zr. :ra u.~a senhora apressada seguida oor uma velha que manca. )H
Ir-sressa, C-enoveva. . . não vamos oerder..... o próximo! De«reaaí
= rt ~-T} - levagar. ^ devagar.... dor no calcanhar.
- (aborrecida) í* e u Dousí não chegar... jtudja^acabará ___ -
In:rã- us senhor e uma senhora que atravessam majestosamente

(j^^ : .--.-..-«fiusu -
- EU
Eu nv
tive urap durante muito temno...

^" '""-s «»*?*>-"» E como era?


P-.Z7Z7" 71 \T" - Era bonito. Muito bonito. Realmente muito bonito.
... z --
-~o, muito bonito...mas muito fr.ágil.., E muito difícil de enten-
-r. !'.uito, :nuito. Foi ^reciso acostumar... muito J
A AI-UGA - Quando che^a a esse oonto, meu caro, torna-se constran-
v gedor, muito constrangedor! Eu também tive ura desses oor muito tem
T o, tive um aor muito temoo. Mas uin dia, ouando eu estava limpando,
lindando... (Ela faz um festo vago, evocando seja a morte de um ser,
seja o ouebrar-sp de um objeto.)
5R; ?RET; - Ah, é? S onde ele estava?
A AMIGA - Em cima da lareira do salão, lareira do salno.' /
"
•y t/e,
- • - = estão p"h<-ortor; n:-- leitura de uia livro, H lê s ::;e oarocem, alias
... rteii-Jerite -IÍM IAÍ , mas um e r>adre e o outro, leigo. Eles se estar
^raa e oaram.)
. -r. - Oh, oerdao!
" 11 -j - Oh, nerdao!
~..l-~ (falando de seu livro como se ele ee apresentasse a si
Com umn lireira reverência.) são. Paulo!
ir:~° H(mes'-o j o
" - DfccuVirJ
- De , ,rn.tVp!
de 3ade í

í
.lês saúdam-oe gravemente e continuam seu caminho, retoman

-
: ei..;ras Qo:a seus livros í-ob os braçosU,, entram um estudante e
r = tuá?nte.) (^ ^ Q 1^0
I773A"~E (seriamente) - .... Você entende, a moça e sacerdotisa
vénus. Por aooim dizer, seus oais a obrigaram a consagrar-se.
- 77'7.A"."713 - (gozador) - O que? Ela entrou narn um convento?
;7"7A""TE _ NPO difa besteira!. Ela vive só, numa torre em Sestoa,
: :-. <na serva, a beira-mar.
Sr.TAV?]? - E daí?
~77'3A';7T? v Então, um dia, ela avista um jovem raoaz na cidade,
i.;r?.r.te urna esnécie de festa de caridade. Infelizmente ele
vive e:a Abidos, do outro lado do canal. Não tem oroblema,
v: c? sabe como é: e.lí: ama ele, ele ama ela. Ele decide ir vi_
5it=-la à noite, as escondidas.
- -57~3AN?-j ( r^iicioso) - ÀS escondidads de ouem, de Vénus?
TOANTE - 'ílaro rue não, idiota! Da sorva do temolá! E ai todas,
•as todas ^s noites ela faz oara ele sinais com ';.mp lanterna
?lt: i e sua torre, e entS> ele atravessa a nado o braço de
""-r -,:v =ei3r3 :s íois. Irn.o^ina só! De u'ii lado até o outro!
- - ---:: -r.:T.trar com ela! Passam a. noite juntos e de manha,
s

O BS1UDA''7I - I aí?
A :v5T"7A%"7Z - "7 31, tudo correá bem enquanto era verão. Mas no in-
verno, você sabe, quando o marinheiro recolkeu o seu barco no (

c^is, nunndo ^P vento? sor>raram furiosos nobre o elemento 0(0-


- 6-

73iro) - Estou entendendo, estou entendendo, con

:" " '; - —.-.iz t numa noite de tempestade, ele parte, como sem
- -. ^ -.li:. :, naturalmente, n~ao consegue vencer as acuas...

- ~:~ I - TI - Ai, ar>enas o seu cdáver é depositado pelas ondas nn


»r3.ií... ~r.~?.3 ela, do alto da torre, ela vê eme ele esta morto'
T =1, à.^z ísisrada., se atira -oela janela e cai morta ao lado dele.
'.-. TI - I isso, como se chama?
^^^m ^^*~.
- 71 - Isso se chama Leandro e Hero. É um belo ooema, mas
—~it: iiíicil de traduzir!
- -»j

pãêm./Em seguida, do lado ooosto, anarecem os Amantesoí?


f
íetro, abraçados, eaminkando lenta e silenciosamente, era êxtase.
lies oara.- no fundo do na Iço e começam a falar em voz baixa, e e
^ __ _
~í :ei;sr, será sair do lugar. Passa ump rellaa solteirona acomoanka
ia r^r sua sobrinka. )
viLriA (tentando imTjedir que a moça veja o casal.)- Cecilia, olka
s: esse cartaz da gowa ICioixo.r-J Qf*^'
"I TA (sem tirar o ollao do casal) Eu não gosto de soua!
"•'i: HA - Não interessa. Olka mesmo assimí E sempre bom olkar os
cartazes. Cartaz é semore coisa boa de se olkar J *&v - '
:T:A - Mas você acabou de dizer o contrário agora mesmo!
g p r a_ ; que não se deve olkar. Vamos embora!
(Elas saem raoidamente , a moça muito a contragosto J mas • ainda
consegue dar uma última es-3iadela no casal de namorados». Estes avan
~ri-n Tara o orimeiro rçiano. Falam num estado de naravilkamento que
l]_y íeve ser nercentível, -sem ser ridículo; mas mesmo assim deve tirar
L- s:: risos da olatéia. De oualquer modo, deve-se achar os amantes sin
.• ~"-"iC33 e ;aes:io, e.e oossivel, comoventes.)
1-. - Cnde estou?
l-i - Pérb ie mira.

y ,,,-
ELA - Cnde você está?
Pêro de você.
-\JQCC ?
ELA - É você?
ELE - Sou eu.
„, .. n f
- 7-

I L.-. - Iu - -. .aia. Você aoareceus, Eu sou.

IL-. - I u .-.I: s :u -"ia sem você.


-- - :_ =

IL-. iz-l:r=r.í:' - Diz: Nos seremos!

ILA - lu -ueria ser você.


Ill - V:cê sou eu.
IL- - ?=r?. VOGO, r"i volt;: á t- você.
- Dcr você, orv você, através de você.
IA - 3:-r u.:i I;:ITT» o outro.
" -. - V- só ser.
'^les saem lentamente^. Entram dois senhores idosos, bem vesti
i:=. Provavelmente oolíticos.)
11 5I7-HCR - Então é ÍPSO o que o senkor preconiza?

.7
. ;í 5I''HOH - Bera, em suma, sim... Tjor ar^sim dizer...é isso.,.
l» S-.:."-^^ - O senkor é então um nreconi^ador? ;
-,> 2' ~I?'H"H (auade indignado) - Aks néío, não, francamente! Não me faç3
:irer aouilo oue eu não dissei
l* .ri'':-OR - Então o senkor acha oue se nossa lareconisar sem ser. um
Treconisador?
2= £i:.'HCH - Bera.. kmmm... aerdão.. .mas. . .bem. .. xireconisar, eu diria
e unp coisa..» mas... bem... ser um Preconúsador é outraj
1 í 5Z"'HOR - Então não oreconiae!
2 í SENHOR - Infelizmente, meu coro, essa é a niinka ocuoaçpo; queíí
seria de mira se eu não greconizasse mais?
12 5E!ÍHOH - Ent?o a já:.
2$ SE'-'HCR - Arir! Afirí M?s antes de agir e rsreciso refletir! Exi£
*e :• siz, existe o r.ao. Os r-ue são a favor, os rue são contra.
_* f
- ai -ur eu i.-.terver-Jao e -ue... \ a?, urr. ^;esto elegante) .... e
que eu ~reo"r.iso. /
12 SI'>riCH (co:r. .^a ::u£r.2e :le ies^reso)-Ora vamos! O senkcr vai a
bar na oele de um Preconis"dorl.
("nouanto o sepondo senhor nrotesta veementonionte contrn essa
L
insinuação inx>!r.e, eles saera. LOÍTO e;a set7uida reaparecera os Amantes
-

rãTÍ :p;nente, ela nun=' - fcitu


n.uie de inocência desamia
r--- .. - :la evidência de sua boa-fe.)
- - -. T: : -

-,- - - - ~i - ;- ~ c 3 na. i s v o c e J
A*. 1= : ;-' é demais! Você rue não é mais eu!
"as c: -3" !-!as oorne? f>Tas o oue?
Você sabe be~. nue!

II.-. - ?:i você mesmo ruem disse!.


Ill - 1 1 s s e o f. u e ?
IlA - V:cê sabe muito bera. Você s n deviaí
III - !-'?.s eu nío ruis! Eu di?se oue! Mas você entendeu oue não l
ELA - Zu entendnpue eu entendi!
Ill (cor.eoando a 7e esquentar) - E eu, sou o oue eu sou mesmo!
- 1_:. aceitando o desafio) Ah, voe" e o oue você el Poic bem, eu.
-.---.bem!
" l - - Ora, eme isso? Você ri~o node ser o oue eu souí..
~'.-. (censurando-o apaixonadamente, uase era lagrimas) - Eu era ap£
ff A f
-- -esnoí Eu e r.? XXKiíX seu "eu sou" e você era meu"voce e". Ah,
tudo mudou!
III (imolorando) Escutai.
Z IA (ciaoramingando) Não!. Vem, vamos embora! á aqui cue nós éramos! .
Será aqui que nós fornos!
Ill (enternecido)- Mas nós seremos, você sabe muito bem, nós seremos - •
_ nova.iente.1.
(Eles saem. Duas elegantes estrangeiras entrada em cena. Elas
tentam conversar entre si, mas como falam idiomas diferentes, não
conseg-uem ae entender.) Qji
Ia. ESTRANGEIRA v Ama mafc|. -oaka Rio?
2a. ESmRANGEIRA - (só tendo comoreehdido a oalavra Rio) Ak, Ri
- 9-

l ir - -T r.": :;--;reende) - Pa KOTS, na

"li - i -_. - r-.-i --. -r: ; ^rri::-i: clientela. Sua rou?)a dis-oarata_
.
i= rrTei= 5,3. f_r.;I:; ::r -r.-^-.i.^: um barrete, uma trança nas cos-
~.^= . -^ ? = ia e s c r e v a . . . lie avista as duas estrangeiras e se a -
^rT?f-7= a ela-, iferecer.do seus serviços.)
7 > ~:~--I7Z - Ir.tér-rete? Inténrete?
?-Il'ZI?.A - (farer.io ?inal oarn a segunda perguntando o oue eignifi^
:a e?se r.ovo oersona^rem.) Uiú ebeli maiiês?
II"•".';7JA - (fazendo sinal de oue não compreendeu nem a senkora-, nem
3 intérprete.) Pakoti, a^otoka, purukai
IMl.-.r?.ZlZ (informado assim sobre as línguas oue falara'as duas es-
rr=r.geiras, ^ar? ? primeira) - Interpret-ki?
7-I>'ZIRA - (denonstrando^ue compreendeu e concordando) - Mauí, maui l
INTÉRPRETE (nar? a segunda) - Intergretok?
5Z~-YN7JA (concordando ruidosamente) - duche.' Gucheí MogokJ. Beneik
:elez? Patroni coniae-ckek?
I?-"I~.R?RETE (traduzindo Tara a orimeira) - Mene-ki, mene-ka, e-oa-keil
PRIMEIRA (compreendendo) - Pe^ue-hi! Pegue-iiií (Vai mostrando suce£
sivamente as diversas oe-pas d- seu vestuário). - Evaz-ki, remen-
áko, o raiç ou dou you, leme ouií líadurei-kaí A dura - elle-et-
Lui.J
I'-"~ÍR°RETE (nara s segnnda, renetindo os gestos da nrimaira)- Guckeí
?ika! Gulasck! dende, pum rendai pum skaioat.! pum babalao! Kokorókaí
"7 "77;DA -(rindo) - Ackirra! Ackirra! Kedêj Kedeí Abróboras magók?
??7I-'"IRA (rindo) - Men^-hi, amama oui! Mamão í Maki!
INTÉRPRETE (rindo grosseiramente) POTJOX JâJ__Hai—ka4-
(Os três ré afastam rindo muito. Os amantes, voltam, densa vês
era olena
ELE (violento) Você, você, você, você,
ELA (idem) - Eu não, você, eu, não você!
ELV - Desculna. Você me í
ELA (furiosa) - Como eu te?
ELE - é, eu te: _
x
A) W - 10 -

LI -
- : :
::r
:
;
.:
T." T - "..
"J U. - :: . v:;-:, .-crmre vocêíT yirôriica) f Ah, realmente J ( C o m veernen
- v r l ú v e l ) E como ouem rue eu? E oor ruem? Parque?
Io) - Mas oor você, não nor mim! É você nue se, tf. • eiiq\i&XL

•". - ^u ~e sim, e verdade, eu me, eu me, eu me, sempre eu :ne l


~-~. ', continuando seu esforço de exnlicpçao sincera) Ora, vamos p eu
•:, ^orque você se! ,
IL.- l, enlouquecida) - Não tem essa de você se! Acabou-se o eu te,
?cabou-se o te, acabou-se o me í (Cai'aos prantos).
-.Li (comovido) - rãs você' sabe muito be^m oue eu!
- ' ; ro, eu nno, vranca!|
(.inouiero) - ;oc;; na c
/~^
ELA - V O' I Nu voa te^S }
: li . piorando) '
LA ' a_as"ca-:-t u.;; ; no, chorando) - ?!ao!
ILE llancinante) Alice!
BLA (afasta-se mais um Ta?so) Não!
"Lh (cada ve^ riais forte) - JulietaJ Carlotai
ELA (Tads vê? mais distante) N'"o! Tíão!
~:'. ~. - Laura! Beatrif! Cleóiatra!
BLA - ""~o, não, n~o, não! (Sai riL. cfeni' correndo.)
itando e correndo irerês dela) - Ema J Elos! Heloísa! Dioti.";aí
r^ io ilda! (Desaparece na cochia. iilp reaoarece na frente,
descendo os de/ raur- , fr-c:.'Mrc en meio ao vai— e-vem da multidão e
.'•- dirife iara o lado onosto do v>alco. No momento em rue ela vai
sair de cena, ELE reanarece, correndo atrás dela e fazendo si-
nal nara ela -prar. Grita de lonf:e.) Então quando?
ILA (gritando dolorosamente) - Era oarte alguma!
BI.E - Ir. t ao aonde?
ELA - Nunca!... (Eles realizam então duas ou três evoluções da co-
chia Dará o -alço, ELE tentando pegá-la e traduzindo -oor sua
crescente o sentimento trágico de oerda de seu amor e seu desejo
natetico de recuoerá-lo. Durante o?se .inpo de cena. VOí
ré l io, continua n enumerar no-

•'T •
- -. . -.-r - Elisa, Emilia, Ana, Julia,
"ania, »?ina, 'lelemt, Ainanda, Ofeli?,
. : -.-: , Varia, Cláudia, Sus anã,

: _ - = r.ates ieve acelerar ao mesmo

:"::-- v=zi3. ; oraticável da esquerda desa


%
- • -.1 ' :- "iiti^rrs" voltem ao primeiro

IUADRO

[A: lataforma ckega um vagão de Metro, aberto como


ST -ivesse ;iio ccrtado longitudinalmente.
"-- fil- de -r^neruins em t>é, com o olkar fixo, já enche;n o íí
?:-"?. r r i r. e r.*:; ^uase rue inteiramente, deixando lugar apenas cara
-" fileira de -larsa^eiros espremidos, Aroenas uma excessão: no isri.
-eir: -l-.r.o, ura manequim está de né (o oue faz o oaoel do "protetor")
ocunando o sexto lufar da nrimeira fila contando-se da esouerda varêi.
i tirei ta.
:.lé~ i? Tripeira e sefunda filas, silhuetas de oapelão reco.r-
tac: ~i-.ulam unia multidão He nassageiros esoremidos, uns ao lado
: J 7-i-ros.
'-~ ----- ~-^ cueérsrr. correndo um aios o outro, sobem ra^ida-
.r.e-.-;e no MMQKrti -.".:: c- se colocara em oe, lado a lado, àe frente

Tablico, r=p ie r.= r.eira a deixar u~ lugar livi-e de csda ex
trenidade do ->alco.
Eles nodeni t^-nibem se colocar a "jrincíriio de costas voltadas^
^ára o oúblico. ?,*este caso, 'uma mascara de aaÔE»iii© anónimo, idênti-
ca nara todos, será faixada sobre a VVU&a e eles poderiam ter nas
costas um "uniforme de anónimo". Mais tarde, ou seja, no momento
- 12 -

se voltará e então o nassageirc nos mostrará sua «roeria mascara


e seu oróprio figurino. Atjenns o manequim representando "o protetor"
ficará o ternoo todo de frente -ia r R o público.
Esses oassageiros esião distribuídos em seus respectivos lusa
rés, da esruerda nara a direita, -a seguinte maiíeii^a:
- O Leitor de Jornais;
- A Senhora-of endida-~a.~- provocante;
%
- O Trabalhador Coimreensivo;
- A "star" Imaginaria;

- O "Protetor" (u-níí mano rui.-a);


- O indivíduo-orestes-a-fur.iir-se-r.a-multidaOo
Esses seis oassageiros, mesmo encu?nto estiverem de frente oara
o publico serpo a trineiDÍO anónimos, eu seja, despersonalizados,
inexpressivos ausentes, como se fossem todos bonecos<> Permanecera'7
s.csim, enquanto não estiverem conversando en carticular co^a ELE .
"este momento, eles abandonarão seu anoniinato e oassar;-o a se com
icrtar corn .• seres humanos, caracterizados, distintos, vivos.
A nrincír)io voltando mecanicamente a cabeça um nara o outros
como robôs, os seis passageiros se interpelam e se respondem raxji-
:a~ente, num tom idêntico, cadenciado; vozes de marionetes, estri-
dentes, acudas, irreais, diferentes das vozes normais que eles te-
rão no momento em que se tornarem seres kumanos particulares o
C LEITOR ("voltando-se oara a senkora ofendida) - A senkora me
conkece?
j^3&Pt'HCRA (voltando-se nara o Leitor)- - Eu não o conkeço! (Logo
= ~ seguida, volta-se ->ara a star imaginária) (B. senko#R me conke
cê?

c A 5 Ai3. - (mesmo comportamento) - Eu não o conkeço.1 (Jíecete o mesmo


rara o trs.bplhador) O senhor me conkece?
C T:;.A:-ALHA£GR - ~u não a conheço. (Para o vizinho) /} senkorçme c£
nÂece?
t
(C Prctetrr, pendo um boneco, não responde.)
^íAR^I^W?* (aoontando oara o viziníao) Ele não me conkece! (In-
clina-se -ar=> ir.tFmelar o sexto oassaí-eiro) n ac-mifrr W conhece?
C INDIVÍDUO - Eu r.^o o conkeço! Eu não conheço o senhor! Eu,não
. i r -: e jo^o Joi cena, os sois oasra
; . : rsaner-uins.. ELA chega correndo, e sobe,
.;_-;- -- . 3 mie licn n& estreraidade direita do vê.—
~ •_ . ~ri= -^~~ .:-•- '-r.s findem espremer-se ao máximo uns contraS
:= tr:= - . -er~itir rue ela se encaixe, mantendo o outro lu^ar
í: r.= rxirerii-ie esruerda do comnartdimento.| Logo em seguida, ELE
:*ffa : rrrr.-.i:. Ter.ta subir ao lado dela: impossível; ele é retjelido.)
Ill - '-"ã: vá e.-': o rã sem mim! Não vai embora sem mimí... (Ele tenta
' 'r a fila e~ diferentes oontos do "front" de nassageiros, semi
- - r 5-:esr: sigum. Decide enfim ocupar o lugar SLDflíIíil deixado va-
uerfa. Está assim separado dela nelos seis passageiros em
3. l?ic, rue renresentaiji a multidão. A jovem a direita^cbiora
. ELE, na outra nonta, enxuga, o rosto, í Dois
r= -iráveis estreitos, de 40 a 50 cm. de altura, um puxado da codda
f=. :ireit~ e D outro da cochia da esruerda, representando portas
- ~ ia.Tic°s, vem F e reunir no centro do oalco, escondendo a -oarte
i .ferirr ^as ternas dos oassageiros, dando ansim a. impressão de um
-^:rs-?.l -a-- grandes bonecos ou de um "jogo de raassacre".j Ouve-se
^-.'--~ i z rAefg da estação. Os oito viajantes exoressam a partida
:: zr~r:. inclinando-se todos juntos bruscamente cara o mesmo
V:l- - -. : â r.es:r.a nosi^ão, continuarão de ouando era vez a nos relenux
-• r f-rar.te -.s cenas que se seguem, que o vagão está em movimenta,
- ~ ~ ~ .*r--; = s ?. diversos movimentos : Abalançar de ombros, da cr-beça,
e". A: ~es~3 ~e.Tno eles devem emitir, com a boca fechada, uma e_s
~e:ie ;e -ur~urio ritmado (Quatro termos, sendo o primeiro um tempo
f: r:? representando um movimento de rodas. (A fim de simbolizar a
-:- r v_-:- -:ie-se também .fazer oassar lenta e sucessivamente da direi_
ta -ar?- s e = ~.:eria do nalco os "outdoors" do início oara significar
rue : -e~r: ar.: a i?, esnuerda t>ara a direita. Finalmente os r>lacares
-r is ir. ii r ar. i: -3 estações desaoarecem. J J
/n
- l >. .Ter.Tr.l: arrir ca~inho na multidão e falancio a seu vizinko
i-e".i?.Tr N . - Periãc, senkcrj Permita nue eu. .^i (nenhuma resno
ta) Periã:, ser.arrJ ?er.-ita que eu.*Tt Senkor, por favor.' . .<
(T vizir..i: r.ar 5 e ~exe).
A WLTlDÃO (em coro, se- r;ue se distinga alguém, nois os personagens
^
^,,~ K c' ' ' *lõ ,
x* . ' ••-.'• /°^i - lê -
tf f J.)
_

-:leria.. ~e deixar t>assar. .. uor

:~-e-T = .
.711.-. I - I r e r * : ! .' ..li:!, '-as tão !

' v:"_--r.::-." --rr- as outras ^espoas do vagão) Minha senhora!


"i.-..ias ?enAora~! !-'eu senhor, r)Or favor.. Eu Dreciso^/. Eu tenho:
rue -e er.conttrar com uma -oessoa... -Por favor., láí Perdão, mfc**.
^s^ senhor^.' (''lê se escora, se acotovela, mas em vão; de rerien
t = , suTÍic5.nte.) Minhas senkoras, meus senhores, nor favor, eu
laes oeço! Eu lhes neco, nor favor, me deixem passar... Ura pe-
^uer.o espaço, um caminho z inlio!. .. (Paz mímica de nadador) Uma
braçada! SÓ u".r bragada! SÓ até a margem, mais nada?.., (Nada
acontece.)
A T-iuLTIDÃO (subindo rie tom, num ritmo mais apressado.)
Xaria! Ines! Hortència!
E'.'a! Racmel! Justina! s
Irene! Isolda! ^ídia!
ÁfataJ Olfa! Sofia!
ELE (ficando na ionta dos nés e tentando falar com sua amiga nor
cima das cabeças dos demais oassa^eiros. Ve-se rue ele rrita,
~ns or POHP ru<~ e-iite, apesar de nerem num tom de grito, oarecem
•fracos. Sua voz, alias, está e-.\e encoberta Telo murmúrios
contínuo da multidão.) Sou eu!' Eu estou aruií No mesmo va^ão!
Eu vou nartiJr com você! Me esoera! Não desça antes de mi m I Hem
^ (
depois!
(Vozes se resoondem raniríamente, lançando-se nomes urnas
as outras corno bolas de ténis: os homens falam n6mes de mulher;
as mulheres, nomes de homema.)
VOZ HOMEM - (crescendo) - Denise! CarmeIa J
VOZ MULHER -(idem) - Lourenço! Emílio.1
VOZ HOMEM (gritando) - Cristina! Edite:
- i i; aei! Vroncisco!
-si i.vJ.istiiita:-;, )0iv. .'.i continuam a murmurar no

SLE (r-::r: do—se -jpra gritar em sua impotência, ouase oi>i' desea-
-.--. - lie? -u e J ?íão é um sój Não são dois! 1-íem três! São três
iTi-licadDs -10 r cem, multiplicados ^or três... multiplicados
-»or LI • 5 ruÊ"(a-atlO| que é inulti Tlicodo por dez mais trindta, nie
M>£ .,?.-_: rse, mr-is dois mil I Não sou eu, não c você! Sou eu mais
-...ê, :or todos í Todos mais todos ipjual a U'IIP oarede! Todos rnais
t^dcs, o/ areia, mais todos, o mnivííiais os outros, ninguém2< (Ho
auge da exageração) Eu quer___o_^^me juntar a vocês Eu não consigo!
(Bruscamente, cessa o murmúrio dos passageiros)
VOZ HOMEM - (Num tom quase normal e gentil) Raimunda?
VOZ T-TJLHER (idem) Rogério!
A MÊS?'1 A VOZ H. - Raimunda?
A VESVA VOZ M, - Rogério.....
A MESNiA VOZ H. - Raimunda?
A KESMA VOZ M. - Rogério...
ELA (Levantando-se rjor sobre os passageiros com a voz ouase normal)
Todos igual a um mais umJ
A MULTIDÃO (num murmúrio anasiguador que vai decrescendo até tor
• .
nar-se quase indistinto.) - Um mais um!. Ura mais um...! Um mais
um!... U:a mais um l Um mnis um! Uui mais um! (Silêncio),

PRIMEIRO OBSTÁCULO A ULTRAPASSAR OU O LEITOR DE JORNAIS.


ZLE (de~>oi^ de ter observado alguns instantes seu vizinho, t>i£arre- "D )
ando o=ra chamar sua atenção t ) .Fm! Hm! (nenhuma resnosta) Hum* \^s
Hu~! H~! (!iTenii\i~- resnosta) . (O Leitor de jornais gira sobrs s si'
mesmo e aparece CDT seu verdadeiro rosto; um horriera de meia-id^ia,
cem vestiic. E^~. ainda sair de seu anonimato, con gestos secos,
ouase mecar.icos, ele tira u n jorr.al de seu boleo, o desdobra e
começa a lê-lo. A aterão oue oresta ã leitura é simbolizada,mais
que ré iresentada, oor brusco? movimenteos de cabeça de alto a
baixo ou da asnuerda oara a direita do jornal. Seus festos
tornam-se nouco a pouco mais suaves e humanos ao longo da con'*.
t -A, -St» L*

• • v;- - '
- tara ELE . T,'u;a tom brusco e falando depre'sa.) ^ico, ti::, ti::
tioc,-tioc, oolítica...
ELE (Num tom de olg-uém rue ruer aprender e interroga COE restait:
uma nessoa mais bem informada.) Bem, bem, bems bem, beni, te~,
bem, bem,/boas notícias?
O LEITOR (ainda bastante áspero) - Dac, dac,'dac, dac, dac,dac,
más notícias!
ELE (sinceramente desolado) Oh! dz,d7,dz,d,EÍ (curto silêncio. "De
rebente, mostra bruscamenre com o dedo um trecko do jornal dom
uma curiosidade onde se nressente uttfA. certa emoção) - Vê, vê,
vê, vê, vê, vê, fa^fcos—ríl yprFiOR9
O LEITOR (concordando) Po o- oop - pop -crime! Po-pop, crims de amor!
ELE - Dab, daby dor,' me ccr.tej
C LEITOR (tomado de súbit^ sinoatia nor ELE) - Lhe interessa?
ELE - Muito!
O L5ITCR (cetois de ter redobrado seu jornal e recolocado no bolso-.
Ele cor.ta fatos diversos com todos os gestos desejados.) - ZÓ,
EÓ, 20, E Ó , z : , ::ve~, zó, FÓ, em sua casa, EÓ„ zó, zó, sozinha,
20, 20, o ?ai estava fora, zó, eó, hipócrita. Pata'', rsata', gra_c_i
sã, *:atá, s = iu de oasa, oatá, a festa forasteira, pata^ as fri
taa, pata, ?.= -1-25, oatá, os cavalos de pauy Pan, pan, jovem ,
ra-ar, --~.t ~~r., cabelos ondulados, oan, boné./ E natati, senlio
rita, e - = -'tá, se ...:r, e natati, uma dansa, e Batata, uma taça
e cv.a- - ..:. atati, o eme eu acho, e oatatá, a noite inteira»
ré, ca = 3., ré, -ai volta, be, a filha não esta, be, furioso, be -
er.louruecid: . Padada.-., -olicia, oadadam, investigações... ding,
•, iir.g, 'i~itar.d: o som da Ave-Mar ia) dittg-»—ding, dinfe, de
ir.anh? ].a, lá, j.a,y apaixonados, Ia, Ia, Ia, í
cansados! '_?., Ia, Ia, sono feliz í Rrrr! Rrrr! Plic-e! Rrrr.' Rrr!
^ai! bum! Bumj r ij=o! toe, toe, abram'» norta! Ia, Ia, Ia,
nobres amantes!/ Pa tatrás, E-cordp^or.i. La, Ia, Ia, moça: "voltar...
/
casa... nunca" jovem ranaz : "amor. . . sexjaradoso . » nuncaí" Toe,
t o e , t o e , "...a lei! " toe, t o e , toe, "abram, abram!" Ele, ela,
"nunca!" e pan! " e u t e amo" e r>an! "eu te mato!" e nanj "eu ~e
mato!" e dong, dong, dong, dong,dong, dong (imita o som de vidro)
-K >-«>i>,
o nai, os -fl i c s-, os amantes, o cortejo!....
1

, :z, ->om, adeus prudência!"

^ . ií'~, iac, eu também.


: LIIT'7" •_-.TÍ.-T-- -.: - .M, TU, tu, tu, o senhor também?
II - I- —:•=-. El=. t ame em. Zu_ a amo. . . Grande, grande amor...
• : - 1=. A-:.-.T = r~-r? s outra extremidade do compartimento,)
LSI TOS (?t;?-: : .-.-- -ror.ta dos pés para perceber a jovem) - Kum!
.-. "-'..-.' Tfrlaí HumJ HumJ Bela! Bela! (subitamente inquieto)
- :.. T r..1 "--.-.a ruim? Puh! Nada perigo? Nada fatoc diverooc?
~',~ - Si-..' "uito medo, muito medo.
III?; R (compadecido) - Oh, como?
Ill - II?, zi;7,ri", .'i-', f-ui^ otfrtir, eu, tic, tic, tic, oe.i;ar elaj
aoontrnrl"- na direção da moça) Rápido, zu, zu, zu, zu,
; - - . . . '..'.r-r ela.
ELÍ - IniTOPSivel! Kuito poertadoj
"-.I"-; .í - Tro - -e lu:-ar comigo!
KL! - Otrirado, meu senhor!
(:71e e o Leitor de Jornais, com os braços comprimidos contra
z c;rpo, giram com cuidad"em volta um do outro de maneira a trocar
ré lugares e rue ELE avance usa etapa.)
III703 - Seja feliz, meu jovem, e sempre apaixonadoí
ELE _ O senhor é muito bom, meu senhor. Nos pensaremos no senhor
quando formos"nós dois".
(O Leitor, ocupando o lugar onde Ele estava antes, ou se já,a
:-xtremidade esruerda do comnarti lento, retorna imediatamente rosto
e gestos de auto >ato, voltando n mergulhar inteiramente na leitura
do jornal.)

O SEGUNDO OBSTÁCULO A SER ULTRAPASSADO OU A SENHORA-


-0 ^ENDlDA-MAS- f'ROVOOAN TE.
/-5° l •---
(Aooytcs ELE se coloca ao lado da senhora, esta jjica em torn
de F i mesma corno um mecanismo que dispara e torna-se a pessoa mais
volúvel, ruidosa e animada nue se possa imaginar. Ela inicia um
de monologo or.fle o rã ia? ]i~o consegue inserir uma palavra. iCLE se
contentar;' em exprimir seur sentimentos: e soante, indignação, escár
nio, pena, etc.)
A», acata bonito! C ...:r pensa oue eu não vi sua ar-
: - • . - . -: .r.3.'. J ré feria nr~o ter visto! É preci
------ --- :-- -::rr -e^er.a que não Ike fez mal algum?.
E~r:- ?- e Ia. l I=so não se fac! Abandonar a coi-
:_.::: -~ -ler.o metro J Sem ninguém!' l_Ainda
)• por
: r_Hi '. :ril7ratando! Isso mesmo, maj. tratando a
-T.-..-.: r e _~ -altratante! (Fazendo comolo com os
_--- - ue -.er.T.anecem imoassíveis.) E depois disso,
-:*e ser.hor vem perseguir , sua vítima até aqui"
^ :T -e-_:r = -la ouieta, no seu canto, logo ele que acabou
:= =: - - ; :r - :;it^cia! Até aqui! No nosso próprio vagão! Um
-": : _í .-. = : fez n?da a ele e onde ele não tem nada a fazer e
- -rs -^rTer.ce.' A nos ue somos contribuintes! íia.o como esse
-'--.-_*-. -'.'. í, t penhor mesmo, meu jovem, de auem eu'estou falan
: : I-;: -esr.o! Além disso eu não falo cora o senhor, eu neo lhe
fcLrijo a -<=lavrs! ISFO mesmo! Ao senhor! É ao senhor que eu n-%o
:.i;: - ?l^vrn! Como? Porque? O que é que o senhor fez a mim?
T inscler.cia! Braças a Deus o senhor não me fez nadai Hão, mas
- -. ele 3ensa que e? E uejn o seniioi- leziso que eu sou?, Ah, se mi
r.:.? ir-": LIPÍP velha ÉÈiixRssRxacfKi vi^se isso! O senhor não ia
55 -éter anui! Muito menos comigo! Canalha! Olha só um aqçiil
'.'--.'- só um aí J Ou melhor, um cafageste!?Ah, se a tia-avó da mi
r..-. SYS irmã mais velh" visse isso í. Era uma mulher de verdade,
saci?, un verdaeiro armário, um armário, um armário de segredos,
e rraito incomoda, uma verdadeira cómoda, um verdadeiro túmulo,
3 túmulo dos segredos y Mas não seria ela nue estaria aquil Ela
.;- rr.crreu faz tenno! Ela morreu antes de nascer. Eu a conheço
se- conhecê-la. Naquele temoo. na existia nem metro, nem malcri-
adas, r. e T. malfeitores, nem raaltratores! E além disso, eu não r
quero saber do senhor,ao senhor e mais burro do que mou! E
nroirio d- idade, é nreciso vomitar sua gosma! Ai, meu Deus!.
Minha "bolsa ccsiu. . . o senhor me ajuda a procurar?
(A senhora e o raoaz dobram os joelhos de modo a descer de
frente, comicp.mente, mantendo o busto ereto para procarar a bolsa
< ~
de cócoras eles tateiam com as duas mãos, continuando a olhar cara
frente.
^:^ '.-_-_ -ercebe-se oue ELA tira um papelzinho de neu
z~- ---.r •-- - - I r r u e r coisa, passa o bilhete a seu vizinho e in-
-'-. • - -.:- = - ---r- frer.te aponta para ELE como sendo o destinatário.)
I'—- - ?:r :~ - r. ~as^e para aquele senhor ali f
- i l -'.--.- '-f r.^o vá o senhor Re aproveitar para ser atrevido!
I- -.-: aintiria. . . Olha, minhp bolsa! Eu na'o tinha bolsa. Pui
e- - - e -r.rrr.trei essa! Obrigada, o senhor é muito amável. 'Mas
: rue : -er.nrr está esperando? O nue está esperando oara voltar
-- 5-:erf.:^e? Socorro! Eu estou sufocando! Me acudam! (Eles se
'.-.' • - - - ;.;r.tos, da mesma maneira que se agacharam, enquantOMSs
-=.-=- e ir:- da direita passam o bilhete de mão em mão mecânica
-er.tr e ?.~~\) Ufa! Eu já ia passar malj E o senhor cer-
ta-er.te teria se aproveitado da situação! Eu aposto que o senhor
teria 55 aproveitado!
Ill 'eiutr.i?, mps frio) - Desculpe, madame, mas a sua gola está d£
parrurr.ada. Se a senkora me permite vou passar para o outro lado
-'.TB con?ertá-la.
(Ele efetua um movimento de rotação que permite que troque de
lu.f = r ccr. a senhora. Dessa maneira ele vence mais uma etapa. Duran
te esta ~.anobra a senhora continua alguns instantes o seu monólogo.)
.:. JI'-Hr?.A - Sstp pensando oue istca aqui é um baile, é? O que é oue
: : se.-.r.Dr r-uer aí nas minhas costas? Parece aue a gente está num
; = ile.' E se nós dançássemos mais uma valsa? Ah, meu amigo, que
r.cite inesouecivel! Esses violinos! Esse champagne! Esse luarí
Ar., esse l...
f. lia para bruscamente, pois acaba de checar a seu novo posto,
'. : l?, i: - :• L--itor de Jornais, voltando a. ser rauda e anónima,)
~'..l - -T.-~r.do o bilhete que acaba de lhe ser entregue por sua
vizir.r.a ia ciirita. Lê.) "Já nue você..." já oue você! (Ele ten
ta er.ter.ier, cem a testa franzida) já nue.... Já oue... você...
Já cue você o nue? (Tentando reconstruir a frase) "já oue você..."
não r-e fr.teníe... Já aue você.... não me entendeu... Já oue você
é injusto... eu te digo adeus... Não, isso ela já disse. (Subi-
tamente, tranquilizado.) Ah, já sei! Já oue você... fez um esfor
ço para me reencontrar, já rue você se aproxima... eu não te_
ro mais. (Escrevendo
que eu percorri... a metaie io caminho..." Será que é isso mesmo?
"... Peço que ternine a frasel" ' re-e~er.lo o bilhete a sua vi70.
nhã) n'eleframaj
(Os nersonj" ens .IP direir: ? ~7=a~ silenciosa e tnecanicaraBB—
Av te o bilhete, sem sair de - : i . iferença, até rue o último o entr_e
rã p ELA.)
ELA (lê o bilhete e e r. segui ia r^:is:a -uslquer coisa nele e entr_e
í~ a a seu vizinho) - Te lê x í
ELE (lendo o bilhete) "Si-.... eu -^ es~er::." (Ele narece contente
mas um nouco deceici?:." :" : 3i~... eu te esoero... Sim... eu te
esperoj Sim... eu te er-ero.' Te rar.ro re-etisr essas palavras
ele atinge uma esoécie ie êxtase) Já r-ue você... JÁ que você...
Sim, eu te espero.' J= jue você rim, eu te esoeroí É claroj Já-que-
-vocè-sim-eu-te-esoeroJ í ::-.arr/ilhoso!

O '"T-ííMCl : 5'",-\CTTLO A 'vER ULTRAPASSADO UU O O P E R Á R I O

Ktí: oIVU.

(Ele, co. u ;-• t -H >orau ;," ( novadíi , volta-se com vivacidade nara
c operário, seu novo vizinho: encara-o um instante c
te í- m seu ombro.)
ELE - O senhor me conhece, ri^o é?
(O ooerario í"ira e r n torno de si mesmo. Traz a tiracolo umn sã
coln de ferramentas,)
OPERÁRIO - K..I conheço o senhor..
.jLE - u senhor :.aora; no meu ^airro?
/
LPUltARIO - -o seu pu uo r.iev., com certeza. ACJIO f-ue já fui consertar
/
? torneira u a t., u a co?,iriiia!
- " ~-& vendo? Ê o senhor
0°ERARIO (rir.io) - São todos ifuais os fregueses! Vocês não imagi
" V
íi
o. sã: íue :_- trabalhar T)ra vocês..
ELE Odefendendp—se) - Eu lhe pejjo desculpas»
CPERA RIO - -Y.rup-r.to -ue ?( gente^ ahí A gente não ^ara de observar
vocês. E aí?
•*•
Tc sabendo r>ue a mocinha ali não tá muito legal.
ELE - Ah, o senhor nos conhece? .
OPERÁRIO - Eu acabei de ver vocês cassarem agora há ^ouco. Ela ama
Ml^KHM

"í----,r. - .
;?!'.-/: - - : - r ;--. : ^rro! O senhor sabe muito "bem que ela gostaS
--. ==.-_-:.- :?- = ó as mulheres... etcétera e tal... Anosto oue
= !:-. ~SA râÃAA - :. :' oue o senhor a elal
III .-.__-£; - i l t o ) - ' T ~o d i c. n isso í
,-*•

- " : : c?só, é diferente.


Ill - Ir.t?:, -ue o senhor sabe de tanta coisa, me diga o oue a-
: .--tece., r:~ ria agora!
7 i: - :-:ie ~er oue o senhor tenha falado com ela com nalavras...
T: ' - :-.--. =—ira? E ela?
- -.1: - lia? Ela resoondia com palavras oue não sáo nalavras.
III - .-.- •= lavra s são oa lavras. ~^-~>^^.
"?I?_A.-.I" - Ixistem nalavras e nalavras; as dela e as do senhor. Não
=lz =s -esmas! —-
Ill - I senhor vai me imnedir de falar com ela?
~.-rI~-ARIC - Isso não iria niorar as coisas. C Ct^-J^T^fsÇ/
III '"i';7:i3 de refletir) Mas como dizer a ela?
"I.'A?.IZ - Ah, as oalavrns; as nalavras não são nalavras - são coi
=as. Cuando a rente diz um cano, ouer dizer -um cano; quando diz
-.= ~.srreta, t^^rnbem; e ouando a gente diz ura ne esmagado ou uma
;=: iecetada, ÍPSO nuer dizer o oue isso ouer dizer. (Mudando
- ter.) Olha PO, minha sacola de ferramentas escorregou. O s_e
ajudar a colocar ela de volta no meu ombro?
zer, ;a ^-.le uma mala de ferramentas ouer dizer..»
1*2BABIC (rindo)x- ^uer di^er: um serviço isrestado... (Pisca o olho
-5.1ici3sa~e.-.te} jira en volta de mim. Assim vai ser mais cómodo*. ..
lie tr~ra de lu ~=r cor. o onerário.)
.

O QUARTO C?-TÁ:ULO A SER ULTRAPASSADO OU A "STAR" IMAGI

(Ile iiri.-e " : = l = vr- ? sua nova vizinha, ue está vestida sim
olesmente. Ela rirq :-~ toino ie si mesma, adquire'vida e vai resoon.
dendo sen-r.ic :i ^rogre-sao r.e títulos que ele vai lhe conferindo.)
ELE - Ei, moça?... (venhu~? resnosta) Ei, senhorita... (Ela gira
e fica de frente) Perdão, minha senhora... (Ela permanece cala
da) Me dirá oor favor, I>'adame... (Ela narece adouirir vida.) Me
t/ íit]
-
- -

.' ."l
_•..":"- - — :- .;-.~sa; que nisca muito e acen--
: - -: - - - -- .: -- Hás claro, mau ouerido, sou eu

:i _ i - . - . : - _ - ir: i - —.n to nor ai-, Só ou roube r se ?!

11^ -.-.-'- -' bolse anã caderneta e uma caneta e se faz de re~
/ - - -ande ;?rnal entrevistando uma personalidade.)
'..- - T : - -: : -v.-.-? r e 2^ onde eu estou, isso eu dipo "en nassant";
-_€ : -v-, ri ": : é nane i r-1'-: "'ais certa <~ e me encontrar.
~~ - '-: -, ro , ": \-.r. "o futuro eu saberei onde encontrá-la. Se a
E r.rrita ?-""oveitasse esse reencontro oara mo dizer suas imoress
r : : re . . .
.-. ~".-'.z. - Zu :iá? tenho imoressoes»
II" - Se- iúvida... sem dúvida..., Entretanto, eu gostaria de falar
re?-5ito de réu nroximo filrrie...
A STAR - Meu -iró^i"io filmo? '•!'>. - r - o vou v r-tioi oarl
.1 - : : - i ;i?
-r Bu -)?-e-;'iri emore-frcrir niou no-.io ; iimlcr'."iento0 Isso basta,
a~re73 no c:3rta?. Isso já valem alguns milhões. Então todos
'.r? z =~ -'-r--; !.ie ver e,..
'-.li - ? a : s n hD_r_l±£L não esta!
A T -.~ - ~\\o estarei! É um-1 nublicidade louca, essa! A nublici-
lade ?el?. ausência! Sern maravilhoso! Ma-ra-vi-lho-soS. (Mudando
: • e refer'indo—se em vo7 baixa no maneouim\/Elo e um ti^inho
, /
íeic '''.isito, n^o e?
letx>is r- ^ar uma e s n i a d a no boneco) - Ele IIPO tem oarn de GS
: ~ r entra -n.io grandes c o i s a s , , . (Voltando ao deu nanei de repor
ter r :• : ~ "enhorita esta.va, carp e ilustre amifra, onde a se_
ihorit; " '." "-cora há T O U C O , Ir» onde a senhorita estava anta o
:? éster '-' i .r.-::e ?í senhorita está?
A TAH - I " "i::- você ^ue eu estava gj[jno_ç.aad_g, maw. querido; é, as
v e z e s eu n l m o p o . . . Zu estava lanchando, eu gosto muito de l r m c h ? r . «
ELI-, (f infindo r v.-ré anotar ei:. sua caderneta, meio como r e n õ r t e r ,
:neio como um .'nnitre oue fas a comanda) - E o inenu?
A STAR - ( e n t r a n d o no j o r o ) V e j a m o s ! Primeiro o liors-d 'ceuvre:
- ^ _J r_ --..

i- -

de " ' ' C J l O í - ' , bandolins /riton. «

(..: :' • ol "tí i i i r i l r e ) - tirito muito, m-?. s ivo ter.cs e»ia


fritos.
A. '.'~n7í - Ah, r-ue ti eco1 rio ~o í T!e:n, ent.-r.o deixr-mos de Indo o?! hors-c '
oeuvre e entremos n.ns entradas. Vejamos: crina de cavalo trata-
da no estábulo...
ELE (continua a anotpr) - Eu sugiro à Madame nossos excelentes pên
x

dulos de cabrito montes.


- - 7
A STAR - Estço bons?
ELE (retomando de repente um tom natural) - A senhora quer lanchar
ou almoçar?
A STAR (rindo e voltando a ser ela mesma) - Eu compro as coisas...
as vezes um ovo, as vezes um sanduíche, um docinho, uma banana..
Eu não tenho teimo... (Vendo rue ele continua a anotar) Ei , não
A A $>J< ^ H *
va^Le a t>ena escreve^ tudo isso! Mrfff ^-g-^gm^g mais representando!'
ELE - Estsmos sim, apesar *e tudo.
A STAR - Eu trabalho de costureira durante o dia.
ELE - A senhora mora sozinha?
A STATí - Eu sustento meu irmão zinho .
ELE (ao ntando .r>ara o boneco) Quem é eese aí?
A STAR - É um idiota. Ele me chutou.
"L2 - Talvez tivesse sido melhor fingir pra ele oue você^j fosse me^
:no uma estrela de cinema J
(Neste momento, do o utro lado do comártimento Ela se inclina.
Vê ^ue ELE está conversando com a mulher, rabisea ainda depressa
um bilhete e rjassa adiante.)'
A 37AR ( entrgando-lhe o bilhete) - Olha sót Mais um telex dr> sua
amiga! Que escrevinhadora!
Z1Z (lê) - "Vejo tudoPT Conversa muito longaPT "
A STAR - 31- está com ciúmes, hein?
ELE - (escrevendo a resnosta nas costas do mesmo bilhete) "Se você
continuar ?T eu desçon na oróxima estação P3>" (Para a STAR )
Pas?e adiante!
A STAR (ieroi? ^e passar o bilhete aos vizinhos) Agora! O ?:-r.r.:r
deveria oa?sar oara o outro lado! (Olhando para ele seria-er.te
Nos dois teríamos nos divertido muito, anesar de tuíc!
t* — -
/ e/,Ã&*f í ¥-í<lf>o.

STAR troca= de lu.vir.)


Ill (-er.-=r.io Tiir.ia, durante esse movimento, falar coro sua vizinha.
Í veri-ie! Existia entre você e... mas porque estou falando ro
-assado? (O movimento de rotação termina, ele oercebe então, en
cuE-r.to fria, que ela voltou a ficar "anónima" e muda. Com um
-
-cuco de melancolia.) Tarde demais!

O QUINTO OBSTÁCULO A ULTRAPASSAR OU O PROTETOR.


(Dirige-se ao manequim que esta a seu Udo com uma raiva conti^
L
da. Logicamente o Protetor nndn resoonde Q continua a olhar'fixo.)
ELE (falando baixo a nrincíoio, mas como se dirigisse a uma oessoa
viva.) O senhor não tem remorsos? Hão? Nenhum escrúnulo de con
ciência? Não tem vergonha de ter abandonado (aponta nara a Star
Imaginará'-) essa rieruena? Anda, responde, estou falando com o
senhor! (Elevando a voz) Eu estou falando com o senhor! ResoondaJ
Vai continuar assim, olhando o teraoo todo para o nada? Como se
a ruestao não lho dianense respeito?lMaa oue falta de educação!
• i
Estou anui ao seu lado. Estamos falando de homem oara homem' lOh,
«
não tenha medo, ninguém e livre de seus movimentos e eu não o
conheço! Eu não tenho nortanto o direito de censurá-lo! O que
eu postaria, veja bem, era rue o senhor me explicasse simolee-
~
Í
Vamos5 diga: a razão» O
oue e que o senhor está vendo lá? (Aoonta nara & frente) Exoli-
II
f
* que-se.' Eu esnero! Estou escutandoí\ senhor não qode abrir a
boca? Fica sempre assim, calado? Constrói seu pequeno mistério,
sua oeouena distância, seu oequeno universo? Fácil, HPO e, para
l r
o traidor, nara o assassino!.. l Miriguem! Nem um gesto! liem um
ib^tMW
frito.' O rrito é nara os outros, não é? Decididamente o senhor
est-1- r.: lado do silêncio, o senhor é um desses oue náo têm a a—
humana I (inútil ingistiri l Vamos, me deixa nassar! Egoí_s
ta! Irr.becil! Covarde!. Crápula! Sociedade anónima! Resoonsabili-
/
àaâe LjjELtada!!Ah, eu não sei o que me imnede! . „... (Ele carrega
o boneco c troca de lu/rar com ele.)
O SSXTO 0?STÁU"LO A ST5R ULTRAPASSADO OU O INDIVÍI7JC-
~~.I2 T "."-.'.- .'.'N JlK-SE-NA-^ULTIDÁO .
'I ~~ •ersonsgem, sem rosto e sem roupa, deve ser tão banal
.~3 TOSPÍvel, nas nua vo:;; arfante, seu discurso retalhado e oríí
si ...---.. :i&ve::i exorimir u::ia :;iit.u;,'L,io terrível, como'ele estivesse
endo engolido nelas chamas do inferno. Logo oue ELE se encontrea
ao seu lado, o Tersonagem começa atremer pelo corpo todo. Parecea
acometido de urir febre intensa, cue o. imoede de se movimentai-.)
EL3 - C tcúlior esta 'oassando <.ial?
c l:'DIV]l)'C - ' i ; o MIC- tooue! :'no se aproximei Eu catou em oeri£;oí
i-Jstou oueimando!
^ILE (alarmado) v ^ue é cue o senhor tem?
O INDIVÍDUO (batendo o oueixo) A... nior.. ., cois!
ELE - Quer oue eu pergunte se há um médico aqui?
O INDIVÍDUO (rindo com ura riso forçado, atroz) - Um médico! HaíHa!
Ha! Não existe um médico.... para um nal assi m tão abominável!
KLÊ - Que mal é esse?
C INDIVÍDUO - Ele não tem nome! Ainda não tem nome! Mas eu estou
queimando.' Estou assolado rior essa oueimadura! Ela me rodeia!
^la já esta rueimando as minhas roupas!
ELE — O senhor está doente? Está com medo de morrer?
O INDIVÍDUO (cada vez mais febril) Morrer, não C Não, não é doença!
2 oior nue tudo isso! Existe nualquer coisa de ausente, de vazio,
de anónimo oue /rira, f. i rã, gira, ao redoE de mim! Dentro de mim!
Z\ vou desanarecer! De uma hora para outra! De-sa--oa-re-cer! O
= -r::hcr na D entende?
ELE - Corno desaparecer sem morrer?
O INDIVÍDUO - IJaJ Jla! Ha! Mas existem mil maneiras de desaparecer
se- rr.crrer! Quando um oedaço de p;elo derrete no chão, ele morre?
Ill - H=: -cios de falar!
O i;'jIVIl"C - Não, senhor, não! Morrer "nãoJÉ desaoarecerí Fundir-
r=e, se o sc-r.hor orefere. ^J^undir-seii Confundir-se com o ar, com
o solo, com os outros, rjrinciDa.lmente com os outros! (Gritando^
Com os outros! Os outros! Todos! Todos eles! (Mais baixo) Olha,
meu senhor, olh? be:n oara mim. Q senhor ainda me vê. O senhor
^<
arrha r-ue -?u ai/rida r e j a o senhor Fulano-de-Tal? Senho.f Pulano-de-
,-^ T^Í < '
A . s , .- r

-::---- -'...- ->ara mim com atenção, Senhor: eu estou nrestes a tor-
r.ar-~e r-inguém, nem mesmo ura número, uma ideia, uma abstraçao,
-L- va-orzinho, um offú, um pú, nu, um nifff! Um zzzzzj Eu era
;-"indivíduo", um"cidadao", eu me chamava : Senhor... 'Senhor....
ééé... é.... Ah, Senhor o oue? O quê? (Tomado de pânico) Está
vendo, eu não condigo nem mais me lembrar do meu nome...'O nome
desse... Cicrano! Eu, tu, ele, nós, vós, £ulano! Oh! Ohí e o
sintoma!É isso! É a crise! A crise final!. Eu vou desaparecer,
estou lhe dizendo, vou desaoarecer!' De-sa-pa-re-cer na multidão!
Olhe tiara mim nela última vez: Daoui &a um instante ... Pffuitt!
Eu terei desaparecido na multidão, o senhor está ouvindo? (Aos
berros) De-sa^a-re-ci-do! De-sa-oa-re-ciiiiiiiiiii....
(O personagem, com efeito, escorregando por entre .os bonecos L\e estã

Enouanto isso, ELA, que até eese nonto tinha ficado em seu can
to anenas viva, tornou-se cada vez mais coalhada, cada vez mais i-
movel, como se tivesse sido possuída ->elo demónio da aniouilação,
da irrealidade e do anonimato oue acaba de levar seu vizinho. Tal-
vez ate mesmo tenha discretamente girado de costas para o público.
v •.:=..;: d o ELE dirigir-lhe a or-'lavra, Ela voltará à oosição original,
= inicio ausente, sendo denois desencantada oelo aoito do chefe da '
estação. Aoóa curto silêncio Ele se inclina para Ela. mas sem ul-
tranapsar o estreito esnaço oue os seoara.)
III (com uma voz infinitamente doce) - Eu estou perto de você!
iu estou a^ui, nerto de você... Me escuta... Me responde!
ZIA f com uma VOT; de sonho, sem virar a cabeça, o olhar fixo, como
~ ie enfeitiçada.) - Quem é você? Eu estou te eceutrndo tão lon^e...
- ^a i" estou checando! Eu já estou cherando! fP reconheça!
ELA - E u r.áo o conheço, Senhor!...
ELE - I'.: vi- -.Te ---ui... Lembra: o multiplicando! O maltinlicador!
A •oltiolicação*
ELA (com esfcrç:J c c. -n o tom de uma menininha triste que repete sua
lição) - "- ~j.ltiolicado por zero... igual a zero!...
ELE - sai desse resaielo! Tenta se lembrar! Para te reencontrar,
eu acabo cie Tassar -ocr eles, um deoois _do outro!
ELA - Os outros? Sou eu! ^^ — /VÍo|^^^ d 0 1 1,^ *•'•&. tut
.. " - ,' _' -
- SL -
LA - 3u não entendo... Eu estou uora medo!
-2LE - Volta, se recobre, meu amor! Você bem sabe que eu sou, que
você é J
ELA - Eu não sou nada; você não é nada; não existe ninguém.
ELE - Me dá a mão. Me reconheça!
ELA .(No jauge do t-errpr) Não se aproxime! O deserto.' O fogo!.
ELE - Onde você está?
ELA (gritando) Eu estou deaaoarecendo.!....
ELE - Mas você me esperou!-
ELA - Ejitão adeus, se o senhor me conheceu alguma vez.
(Um apito. Os personagens se chocam uns contra os outros, por
causa do vagão que oara bruscamente.)
ELE (atravessando com ura r>ulo o curto esnaço que os separam.) Onde
você estava, meu an.or? Eu estava aqui...
V
ELA (espreguiçando) Eu devo ter dormido. Eu estava sonhando.. Eu não
sabia mais cuem eu era.
ELE (cheio de solicitude) E nrora?
ELA (sorrindo iara Ele) Eu olho -ora você e me reconheço: eu sou,
^orque você é.
ELE - O homeme é visível de perto. nada um, por cada um!
ELA (rindo) Cada um sua cada uma!
(Os passageiros, desencantados, descem e dispersam com oreci-
TÍ tacão. ELE e ELA nassam lentamente para a frente da cortina que
se fecha, sempre de mãos dadas, como no início.)
EL?: (\'o mesmo ritmo de valsa do início) - Um, dois, três, ninguém.
ELA - Um, dois, três, alguém.
ELE - Um, dois, três, conheser.
ELA - U:n, dois, três, renascer.
ELE - Um, dois, três, amor.
ELA - Um, dois, três, ardor.
ELE - Um, dois, três, a pente.
E T A - Um, dois, eternamente.
(Desaparecem pela cochia.)

PANO
- Aqui vai começar a. s i n f o n i a da grande c i d a d e . Sinfonií

sem música, feita de. palavras, g r i t o s . e m u r m ú r i o s .

Aqui, nesta es t a-.; Ião d/-;netro nas^ntranhas '.da -'ir.etfoc-c-.le

cidadãos- apressados tarigeip suas vidas confusas ' •;

_ • _ • - . . 10:139 dos sonhos, da liberdade ao' vento, das árvores, do :ar.r .

. s o burburinho da ^cidade não os deixa es-Eápar:. '


. ', • - • *

estão presos â implacável m u l t i d ã o , /


• .. • . . , \- v • • - ~-V".
- ...'.' -.. * • • . . . • " '• . ' \- •• \ ••'>•• ''•'
..• :. • açorr'erijado,3. ao- nmnao, ao aconteeiiiie-nto, .'ao que- não .Gonhecer
ao que se passa longe, deles. ••."/ . . v - . '
.í.pen:;.3 o amor reco.aeça, esquecido e n o v o . . - . . • . .
• ' • • • ' - •- "' • •• : ' " . . ' . - ' -. - :
:L, como no p r i a e i r o dia' do :r ; undo. (Breve . silêncio). ,

.... não, O ho^-era não escapa ao hodierna. 1 ' ...


- •- .. ' ..
isie e su?;. " r o ^ r i . o a i s a e.T;
•^ T ' * ' • s'

' .." ' •'-


, >

e o jiur.úúrio c .-.e o adormece "•'••


•'•-"' ,'•'• • - - '. "•'- ' i: '•"• .
depois, de t a n t o t u m u l t o e tormento. . ;/ •;.

• . . -3' ouces.no cê palavras é o seu próprio muíiaúriOY • • • " . . • :

monótono e ser- sentido, ..:'• .'.-,'.>• ;:

cooio o riuaor do vento na f l o r e s t a .

'' /.., ; ' " ; ' • ' . ' ' : - : - ' "• : ••- : V§5§ '-'"''-'• '•

ELE - A m o r . . .

SLA - A u r o r a . . . -

ZLZ

- ,........

-
_ . . -
— - -.
*•, j-


-C
~* •• .r_. --" .c. ~
w _ • • •
^,
„.
t"'"* r» G Kt " ""
» w O \ XlCLU »

;.- .'.ro Vr ; io! :7u te esperei... eu ta A s p a r e i . . v c c T /.ã:

E voo" não v e i o . . . e você não v e i o . . . não veio! "ao YÍ

perei. .. n.ao veio! *!ao veio( Não veio!

Ia.. 'HULHER DO COPO - Os animais!- O inimigo !•'Hãci me' toque!' ^oces não

irão...me alcazioar!' (Debatendo-seJ Não! Não.! Mo deixa!'- MJ deixai

;.-• Ah, .o rio! Depressa, ramos, -escondam-me. Salva?'•I-'-as-' porque? 'For_

. . ' - que?, (cai em p r a n t o ) Deixei 'o mundo lá na .margem. Sr:, a.- vida!
'.-'-. • .'. •- *• . • ./ \ • \
-' Jafaais voltarei lá. Jaiuais! A q u i , tudo .qe .ap^a, tudo foje, não

' vojo' m-j.ís nada...'. Socorro! -A.__água-está me-levaiido! A arèiiai O


..;•'vento! O espaço! O abiii . . iicriio! •/•/

12 KOr:SI" Du 'CÒ-RO - Uma porta!_ O u t r a porta! .Kài-3 outra! Duo;:5.' .Três!

Cinco p o r t a s ! Sempre portas! D i a n t e àe .nirn, '"..direita, à escuer-da,

tudo ee fechaJ Para onde ir? (chamando )Hoi! ?le di.o,a! 21o íião rcíòpon

de, ele não se movo! Duro! ?ranco! U;jr: estátua? : A estátua se *ni -

ma, avança! Ela vacila, .: t o m b a - d e s f e i t a em pó. '.S eu, o que sou?

;- a mesma estátua! Kstou ameamçado, ameaçado!..;-ía.3 quê'música-sé-^

rá . asa..alegre (pr n u n c i a - a palavra alegre co;:; i n f i n i t a -'triste -

zs.) alouro, que nessoa para além 'da; muralhas'!. O' realejo" p-Às;sa

..ia rua conduzido por u.a pobro ce^o. .... Todos- o" saúdam.;. Sxoelon-

cia... excelência..'.. 3on eu o ' e e g o . - 0 ce^o sou-'eu. <.>

§§§
«7 v v . • '-'. ' •. - '*' ' ";
• - •"•"
.•

3RAN

v ::::' - U inoandio se alastra!

"Vi:: - 21a r.7.- -ui3 me oontar nada!

: - ;--. ao l lã o a^rsdável...
: -,. . .:.'-. :-. reconheci c - rse cnsaoo lê detetive

-- -. . . - . : . . ^- - . _ }U€fl . . ! &..
<-

M - - en^ra;.- ado l 2u fui colocar s. s flores no banco 5 saí eu encon-

trei U;:!;-, c r i a n ç a . morta! 2nt~o eu :ne virei e o aeu marido co^e-

• - ; çou a r i r ! . A rir! • . . . '

I - Olha -só. 3 e voe* quer aprender a roubar, terá que f afc.er. assina :

s e - i n c l i n a r p r a - . f r e n t e e » * . tá vendo?

K ' - Jaíaais~ vou te compreender. Jamais. Jamais! . .';...•_

y _ ] .,H - - N ã o . - 0 . _ M e t r ô n~p p á s j a . lá.; .S melhor a senhora' sair ej-pegar um-

onibus. £ '", .- .' .'• ' .

l--P H' -. Quem é que teai a cara de'pau' de cantar .aqui? •

M'.'- Vem! Ve;;iJ - Depressa, .^or--favor! • , ' • ' • .'

K - 2ss é o meu barco! Todo dia -~le me leva p e l o s - r i o s ^ubterrc-r-cos

.•«
^- r» i ^^.^
w JLu •- -^ S5r- •

/ ^^i Vi ••. /tOita.


17/~i l - r ^ , l
.*o, - is "o^•—.
T -^t
r^r
-'.^v,
*- -a^v, , ^ r . -.• —- .- -— » _pejLO
,^,1 _-!„
^, -. ~r_ _^
-'^
ueus
<^ ^1

' / i P - r K - Aí eu bati. !!a: ba-ci p r ^ valer!

Q — ilu _c!'. - ne ev ; "Jic.

<j (' H.r-' Su prí . -. : - - v : .


- ^C::;: se a ~ i v e 3 s e r.z fir.-=l -e iuaa ex. iicr.;So) 3 a j e - c o ^ o ó. Um

i c r i . i:;"r _es;es. . .
l -.•'-. ..' - • • • - - ' "'... ..;"'•'"' -"•''- • • ::
fr&- H - "ao d' reais pra continâar. Satã tudo acabado! '.' /
•' . -- . . " - - ' / • '.

tjft -p I-' -..Será cus ele vai- ficar boni?

J/f-^ K - Zu quer o aqueles nomes. ' ..'" '.•'

- - 3u estou 3CLT te^po a^ora. 2u tenho, muito o cuefazer,| ..'"•.

- 5 vocí? 2 você iie smo? (ri muito).

55?
15

PRCT - uorro sobre o aorso das ondas ']";

Fazendo brincar a ^sp.zna em minhas' mãos.

Falo

Digo o q.;c quero, f?.;o jestos, acordo.


.
"as ai.io" tra^o a cabeia cheia do murmúrio : todas cquelr.r
*
• r "j e vagueio..", e ir. ci .aãe.
. - esqueça. '. ~ ã. c : 3: u e;;• -_ : : u e eu t s _ i r s e,
'' ^ - ~t t " - ^ * ™ > - l ~ " * . » f " *

."ã: se esquepa! Não esquipa do que deve fczer! Voe" sabe! V;;!
abe! Sabe o que ^.u tedeiise? Não esqa eça! Não esquepa! Sabe c
que- de vá fazer! Não se -sque-ya do'que eu te doaisse{ Vocc- sabe...

PROT - Sonhei .com cigarras 'que me .despertavam.. :.


Cigarras co:n cabeias do homens \• v
, • . . ' . " - \ -\ ->•-•••;
•. ••,
'agòr.A vejo árvores que se "inovem.
> -' . - " ' . ''. * • .v - * * - ' " ' • "
Vejo árvores, eseapa-seoi da flor^rsta "ê- correr-.. • .
Ah.. COMO eu queria criar, raízes ; ; . :.-':'.
:^; e-não. ser nada maio que uma respiração-.imóvel, .
' cercada do vento e de 'montanhas. (Pausa). ' .•. \"
• Mão í N ~ o ' . J]u não quero deixar o solo'. ..', -. '."{.-.' '.-.'
'--.. .Ficarei aqui. ' . ".' .. /"."-••'•• . :• ''.' f ' - / - .
"Não quero '.r, ais ^;irc.r e xsp assar e- ir e vir!' . .' • • . - , '

Sou árvore, sou t e r r a e raízes. >'•","•'. •'"-' ' • •''..'•• -.•


b. S o solo quft'- 0 * redor de ainha. cabeça-..-. -.!'-;.:„._.___,j_v...-;;.l.

';.. ;'. O solo gira:.em, torno de; -inirn', ,'." .-i-" •''.-."-..': ^ - • / • " • ' • ; . - - . . . . • •
pois sou eu, por uá. dia, o eixo do mundo,' ,. ' .'•.'•.. .;
p-or ura dia apenas! V:-•••.-•...•-•'.'.-
* Su rj-ão me movo u;ais. .._ ':-;-•.'
\'ãó'5. ouero mais me. afastar.'

As horas passam!
2uv. maravilha não ter xe pressa nem projetos!
Cr.toji,o anar.h~., c formigueiro. Para sim 'e para mil o u t r : s .
Nas boje, a l i c e r i a i e
• • _- ,. ". .- . - —,._,_•
— —' .d.—- ^
^
^~
.<w
o v T *r -^>^A^ C
C. l
p »• *: '_*o^~ -— >A *-C—»
p" n í mti í^-Ti ^
iiJ.i«^M<_..«

- - - ~- • - "..".".-", " . _ •. r sol.


r i . - 1 3 - A "!UL'-:Zr\ riais um dia que começai Deus sabe o eu e vai r. c s

acontecer! S aonde á que vamos checar? H' senipreos que vi v..::.,

e 03 que morrem í há também os. qye descansam, e aproveitam a vi ia

e 03 que sofre.n e trabalham e - q u e passas dores e sofrimentos!

u.a dia e ura! Outro dia í o outro, tí p r-: que todo esse vai ç vem'.,.

- . . . - . toda. escá aflição e todo esse sofrimento, . p r a - q u e ? E quando a

caba, recomeça, E recomeça, tí recomeça. !i- isso n ã o - t e m fim nem •


'repouso. £ h o j e ! á amanhai u; sempre í h! mais j , 3 .uais ':í

.i,' hr:.. ainda os' que p a r t i r a m , os que morreram de forne e de sedè>

e os' feridos, e ^s que nunca voltaram: . uavia uai que dizia pra

iaulher:. "me espera 'que eu volto, logói" - e ele v o l t o u , de f a t o , •

.àas no'. caixão. .2 havia uma também que esperava, ^as ele, duran-

te auíiicia tempo, tinha ido embora com outra, e .acabou-se. ?ra o

sempre! E há também aquele que quando voltou encontrou a. ;uulher

com outro e matou- os dois! 3^-si falar. d.:, inu-aciaçao que levou L: i lha

rés," .o a ó u e r r a > e as explosões nas minas,' e as máquinas que de

cepam c as árvores -que cae:ii na sua cabeça e dos. atropelamentos -

e do j hospitalizados e. u aqueles que. .sofrem' a; sida .'toda» e dos

t o r t u r a d o s e .dç-3 • que morrem preuaturamentê' ; ho3""bDaí&ardeÍos, e

e os que gritam. -nos ^scombros _ s ^m que •ningusm j áraais venha res-

_ - - - . á - l o s ; Js-iiais! Ja.aais.! (Para q ...as e como sufocada) . Jamais!


• -"• r j? c* ' • ' " * » ' . «
§
«í 3§J§ ' . . • . - -' " •• • •- ' - - • ' ' " •' ' . - ' •

. - r ;! rie-iade! Piedade! H o j e eu^n^o quero saber de n a d a ' . De

..í--. '. i_:. a_ém do esplendor do dia, do dia que nasce, como

miai;
§§§

l".~s£ e nilhoes Je pessoas nesta cidade e eu todas as

:i iâes ;£_e; dois estão s5s! Para- eles o mundo ' um áeser

r:.. ; ; r . : :_^i se a J í e s l h a a u^ dianiante! Faleci "- .


. "r. : . * : . ' _. r.lr.vra í i n ú t i l ninju::. os
ROT — l ao, c . não e s t a v a aqui úesde o. aurora des.;e mundo.

' 3 í su sou? Será que eu e s x i s t o , eu, qae n Só coi/n^

j : . _. _ ...^ fé/: assim tal co.ao eu sou?

se serei eu erit~o nada, nada alé;n de u.na pau3a de urna hora

: esenroiar se:a rira?

-Z no entanto aqui está, co;no se nade. houvoss- existido -sntc

j c-stc, u.á rapaz e u.;;a inoçai ( R i j . Uin rapaz c. usa asooal Co:no'

õi Í3o0 nunca tivesse existido, co;:;o se fosse, a primeira vez,

co~;o se o núncio c o m c ^ a s s e coíi eles. (Pau.;.;n).

Co...o se fosse o ABC cia nossa vida.

2 r:.e coniiece?
v -

12 te c -..heeo: é voeC.

II" - Sxis - . ntos . u L r o s , o l h a . . .

:á apenas um: voe** e eu..

l — £í : procurei por anes e ano si

- .. sst^.va escondida nos teus p r ó p r i o s olhos, por isso

não ;.;e via.

: r ~ você desceu dos nieus olhos, para que eu possa te

r.r •

Você também pode gostar