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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 2
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 25
1-1
APRESENTAÇÃO
1-2
de Conservação da Mata Atlântica na Região do Corredor de Biodiversidade Tinguá -
Bocaina”, aprovado pelo MMA/PDA sob financiamento do GTZ e KFW. Dentre outras
atividades previstas, sua meta nº 4, “Projeto Piloto de Implantação das Unidades de
Conservação Municipais do Corredor (APA PALMARES E APA RIO SANTANA)”, visa à
construção de uma metodologia simples e de baixo custo que permita às demais
unidades de conservação municipais, e seus respectivos responsáveis, iniciar seu
processo de implementação (Constituição do Conselho Gestor e construção do Plano de
Manejo) rumo ao cumprimento de seus objetivos enquanto unidades de conservação.
Este documento, portanto, trás a primeira proposta de planejamento para a
implementação da APA Municipal de Palmares – APA Palmares, Paty do Alferes - RJ,
colocando a disposição dos demais parceiros responsáveis pela evolução deste
programa regional um referencial, até então inexistente, e que pode subsidiar seus
futuros processo de planejamento e gestão de UCs municipais. O documento foi
subdivido em quatro (4) encartes de forma a condensar e objetivar as informações,
assim como, possibilitar maior praticidade, dinamismo e facilidades de utilização e
atualização de informações.
No primeiro encarte encontram-se reunidas as principais informações e
discussões teórico/conceituais que embasaram e devem embasar a gestão das unidades
de conservação da mesma categoria que a trabalhada. No segundo, são expostos os
resultados dos diagnósticos e análises técnicas e participativas, fornecendo subsídios a
uma correta interpretação dos processos ecológicos, culturais e de uso incidentes no
território da UC. Em seu terceiro encarte, é proposto o zoneamento e as normas de uso
da unidade e no quarto encarte, seu plano operacional, composto por programas, ações
e estrutura institucional para gestão e cumprimento dos objetivos propostos para a APA
Palmares.
Temos certeza da relevância do resultado obtido, especialmente pela riqueza de
discussões e a visibilidade alcançada pela unidade, assim como pelo município de Paty
do Alferes neste último ano, consolidando-se como uma referência ambiental, ainda com
poucos resultados efetivos, contudo com um processo de planejamento e gestão
participativa (Agenda 21) extremamente vitoriosa e que certamente evoluirá ainda mais
nestes próximos anos que estão por vir.
Vale deixar um agradecimento especial a todos os atores locais, relacionados ou
não à Agenda 21 de Paty do Alferes, que vêm se esforçando em busca de um modelo de
gestão com maior participação do cidadão e que garanta um desenvolvimento sob uma
nova ótica, a ótica da sustentabilidade social e ambiental dos ecossistemas da Mata
Atlântica.
1. Contexto Internacional
“Uma área de terra e/ou mar especialmente dedicada à proteção e manutenção
da diversidade biológica e de seus recursos naturais e culturais associados, e manejada
por meio de instrumentos legais ou outros meios efetivos” (IUCN, 1994), constitui-se em
uma unidade de conservação.
Este foi o conceito consolidado em 1994 durante a assembléia geral da IUCN em
Buenos Aires, Argentina, depois de um longo percurso de experimentações iniciado a
partir da criação do Parque Nacional de Yellowstone em 1872. Neste histórico
1-3
relacionam-se as primeiras discussões teórico/conceituais que definiram duas linhas de
atuação para a criação e manejo das unidades de conservação (preservacionistas e
conservacionistas); a criação de novas categorias nos Estados Unidos (Florestas
Nacionais, Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais); a difusão da importância
das áreas protegidas e a posterior criação em diversos países (Canadá em 1885, Nova
Zelândia em 1894, Austrália e África do Sul em 1898, México em 1898, Argentina em
1903...); a realização de grandes reuniões internacionais para debate e intercâmbio
científico, conhecimento mútuo entre pesquisadores e a proteção de determinados
grupos de animais (Paris, 1883; Viena, 1884; Londres, 1900; Suíça, 1913; Paris, 1923;
Londres, 1933; Washington, 1940); constituição da União Internacional para Proteção
de Natureza -IUPN (1948) que posteriormente teve sua denominação alterada para
União Internacional para Conservação da Natureza e Recurso Naturais (1956),
atualmente União Mundial pela Natureza – IUCN; criação da Comissão de Parques e
Áreas Protegidas – CNPPA (1960); organização da primeira listagem mundial de Parques
e Reservas Equivalentes (Seattle, 1962); realização da Conferência da Biosfera (Paris,
1968); estabelecimento do primeiro conceito mundial de Parque (Nova Deli, 1969);
assinatura da Convenção Ramsar (Ramsar, 1971); realização da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (1972); construção do primeiro sistema
internacional de classificação de Unidades de Conservação (Yellowstone, 1972),
consolidação em 1978 de um sistema internacional (CNPPA/IUCN) para a classificação
das áreas protegidas (ARAÚJO, 2007).
Em 1992, no III Congresso Mundial de Parques, realizado na cidade de Caracas
na Venezuela, a IUCN encaminhou para discussão e consolidação uma proposta
contendo cinco categorias, tendo como base a proposta em 1978 sob a liderança de
Kenton Miller. Os resultados do congresso definiram uma classificação em seis
categorias (QUADRO 1) com base nos seguintes objetivos de manejo: a) investigação
científica; b) proteção de zonas silvestres; c) preservação de espécies e da diversidade
genética; d) manutenção dos serviços ambientais; e) proteção das características
naturais e culturais; f) turismo e recreação; g) educação; h) utilização sustentável dos
recursos derivados dos ecossistemas naturais; i) manutenção de atributos culturais e
tradicionais.
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Até 2003, o sistema internacional de áreas protegidas contava com algo em
torno de 102 mil unidades, abrangendo uma área de 18,8 milhões de Km 2, equivalente a
12,65% da superfície terrestre. Deste total, 67% se enquadram dentro das categorias
de manejo propostas pela IUCN em 1994, totalizando mais de 15 milhões de Km 2.
Também foram identificadas 436 áreas declaradas como Reservas da Biosfera, 172
como Patrimônio da Humanidade e 1305 como sítios Ramsar (Chape et. al. in ARAÚJO,
2007).
Atualmente o sistema internacional que temos resulta de uma série de
aperfeiçoamentos e adaptações quanto aos objetivos e foco das unidades de
conservação. O que parece consenso, é que ao longo de seu desenvolvimento surgiram
tendências que apontam para um novo paradigma na gestão (QUADRO 2), incorporando
a possibilidade de gestão compartilhada e participativa com a sociedade beneficiária e
interessada (IBAMA, 2001; ARAÚJO, 2007).
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burocrática.
- Geridas por cientistas e - Geridas por indivíduos dotados
Capacidade de especialistas em recursos de múltiplas capacidades;
Manejo naturais; - Geridas levando-se em conta os
- Dirigida por especialistas. saberes locais.
Finanças - Tesouro nacional. - Múltiplas fontes.
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"área em geral extensa, com
certo grau de ocupação i) objetivam a conservação da
humana, dotada de atributos biodiversidade
abióticos, bióticos, estéticos
ou culturais especialmente
importantes para a qualidade
de vida e o bem estar das
APA populações humanas, e tem
como objetivos básicos
proteger a diversidade ii) admitem o uso sustentável dos
biológica, disciplinar o recursos naturais
processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade
do uso dos recursos naturais"
(SNUC, 2000).
2. Contexto Nacional
1-7
“Regimento do Pau-Brasil” de 1605 e a Carta Régia de 1797 mas, todavia, tem-se como
consenso que a criação do Parque Nacional do Itatiaia configurou-se na materialização
de longos anos de debates e mobilizações iniciados ainda durante o período colonial e
imperial, mas que efetivamente não se traduziram em ações concretas pelo governo
federal até 1937 (MEDEIROS, 2006).
A partir da criação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos em
março de 1872, também no Brasil surgiram movimentações de apoio à proteção de
áreas naturais, sendo a primeira proposição, data de 1876, atribuída ao engenheiro
André Rebouças. Todavia, o conjunto de condições legais, políticas, sociais, econômicas
e culturais que prevaleceram até o fim Primeira República (1889-1930), originárias de
nossa herança lusitana de ânsia de prosperidade inconseqüente e sem custos, de
riquezas fáceis, impediam qualquer efetivação de unidades de conservação por estarem
incorporados na sociedade daquela época somente preceitos para a expansão
econômica com a degradação da natureza.
A criação do Parque Estadual de São Paulo em 1896 foi uma demonstração do
anseio preservacionista que surgia na época, contudo o cenário nacional ainda
permanecia congelado pela conjuntura econômica e política preponderante (MEDEIROS,
2006).
No período seguinte foi criado o Instituto Florestal Brasileiro (1921) sob
justificativas relacionadas à ótica de exploração dos recursos florestais, contudo,
inaugurando a ação oficial para o uso racional e a preservação de porções do território
nacional. Dentre suas incumbências configurava a de estudar e propor ao governo as
melhores situações para a criação dos parques nacionais, o que na prática não se
verificou.
Com o golpe em 1930, amparado pelo decreto nº 19.398, o governo de Vargas,
além de suas atribuições executivas democráticas, passa também a ter uma intensa
atuação legislativa. Neste contexto são promulgados importantes instrumentos
relacionados à ordenação de uso para a preservação ambiental. Destaca-se o primeiro
código florestal brasileiro (Decreto nº 23.793/1934), que previa a limitação do direito de
propriedade em detrimento das florestas do território nacional, bens de interesse
comum, e classificava as florestas como protetoras, remanescentes, modelo e de
rendimento descrevendo a classe remanescente como aquelas que formassem os
parques nacionais, estaduais e municipais. Por fim, com a Constituição de 16 de julho de
1934, onde em seu artigo 10 foi atribuída ao poder público a responsabilidade pela
proteção das “belezas naturais e monumentos de valor histórico ou artístico” estava
criada a base legal para a criação das unidades de conservação no Brasil.
Em 1937 é criada primeira unidade de conservação brasileira o Parque Nacional
do Itatiaia, resultado de alguma mobilização de setores da sociedade e do contexto legal
agora estruturado. Nos anos que finalizam a década de 30 ocorreram ainda a criação do
Parque Nacional de Foz do Iguaçu em janeiro de 1939 e em outubro do mesmo ano o
Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
No período entre 1940 e 1959 com atenções voltadas para a guerra e depois
para a redemocratização do país, com o surto de desenvolvimento promovido pelo
governo Kubitschek poucos avanços quanto à evolução da estrutura para a existências
de áreas protegidas em nosso país foram alcançados. Com exceção da Floresta Nacional
do Araripe-Apodi, criada em 1940 no Ceará, somente após um período de 20 anos sem
novas unidades de conservação é que o Brasil teve novos processos para o
estabelecimento de áreas protegidas. Em 1959 são criados os Parques nacionais de
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Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; Araguaia (Ilha do bananal),
em Tocantins; e Ubajara, no Ceará. Em 1961 foram criados os Parques nacionais das
Emas (GO), Chapada dos Veadeiros (GO), Caparaó (MG e ES), Sete Cidades (PI), São
Joaquim (SC), Tijuca (RJ), Sete Quedas (PR), de Brasília (DF) e Monte Pascoal (BA)
(ARAÚJO, 2007).
Até este período, prevalece o caráter protecionista signatário de uma tradição de
proteção vinculada essencialmente à ótica da administração florestal, onde a floresta é
encarada como recurso econômico ou resguardada em função dos serviços ambientais
por ela prestados. Todavia, deve-se valorizar um importante aspecto do modelo de
proteção experimentado, que foi a sua capacidade de ter estabelecido desde o início,
distintas tipologias e categorias de áreas protegidas objetivando, ao menos
conceitualmente, a preservação e intocabilidade de áreas estratégicas assim como a
conservação através da utilização controlada dos recursos naturais em áreas específicas
(MEDEIROS, 2006).
Nos anos que se seguiram, passando-se pelo período de golpe militar a partir de
1964, curiosamente, todos os instrumentos que possibilitaram a criação de áreas
protegidas no Brasil foram mantidos em um primeiro momento e até mesmo
aperfeiçoados posteriormente. O QUADRO 5 sistematiza os principais instrumentos
legais instituídos durante a República, destacando sua evolução que subsidiou a criação
e gestão das áreas protegias no Brasil (MEDEIROS, 2006).
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Quadro 5: Evolução dos principais instrumentos de criação de áreas protegidas no Brasil. (Fonte: MEDEIROS, 2006)
INSTRUMENTOS
PERÍODO INSTRUMENTOS TIPOLOGIAS CATEGORIAS
INCORPORADOS
Parque Nacional; Floresta
Floresta Protetora; Floresta
Código Florestal (Dec. Nacional; Reserva de
X Remanescente; Floresta de
23793/1934) Proteção Biológica ou
De 1934 até rendimento; floresta modelo
Estética
1964
Parque de Reserva, Refúgio
Código de Caça e Pesca Parques de Criação e Refúgio
X e Criação de Animais
(Dec. 23793/1934) de Animais
Silvestres
Parque Nacional; Floresta
Novo Código Florestal (Lei Código Florestal (Dec. 23793/
Nacional; Área de Preservação x
4771/1965) 1934)
Permanente; Reserva Legal
Lei de Proteção aos Animais
Lei de Proteção aos Animais Reserva Biológica; Parque de
(Dec. x
(Lei 5197/1967) Caça Federal
24645/1934)
Programa MaB, 1970 (Dec.
Áreas de Reconhecimento
74685/74 e Dec. Pres. X Reserva da Biosfera
Internacional
21/09/99)
De 1965 até
Convenção sobre Zonas
1999 Áreas de Reconhecimento
Úmidas, 1971 (promulgada x Sítios Ramsar
Internacional
pelo Dec. 1905/96)
Conv. Patrimônio Mundial,
Áreas de Reconhecimento Sítios do Patrimônio Mundial
1972 (promulgada pelo Dec. x
Internacional Natural
80978/1977)
Reserva Indígena, Parque
Estatuto do Índio (Lei nº Indígena, Colônia Agrícola
x Terras Indígenas
6001 de 19/12/1973) Indígena e Território Federal
Indígena
1-10
Lei de Criação das Estações
x Estação Ecológica x
Ecológicas (Lei 6902/1981)
Lei de Criação das Áreas de
Proteção Ambiental (Lei x Área de Proteção Ambiental x
6902/1981)
Decreto de Criação das
Reservas Ecológicas (Dec. x Reserva Ecológica x
89336/1984)
Lei de Criação das ARIEs Área de Relevante Interesse
x x
(Dec. 89336/1984) Ecológico
Lei de Criação das RPPNs Reserva Particular do
x x
(Lei 1922/1996) Patrimônio Natural
1-11
1) ao longo dos rios ou de
qualquer curso d’água; 2) ao
redor das lagoas, lagos ou
reservatórios d’água; 3) nas
nascentes e “olhos d’água”
num raio de 50m de largura;
4) no topo de morros,
montes, montanhas e serras;
5) nas encostas ou partes
destas, com declividade
superiora 45o, equivalente a
Novo Código Florestal (Lei Código Florestal (Dec. Área de Preservação 100% na linha de maior
A partir de 2000
4771/1965) 23793/1934) permanente declive 6) nas restingas,
como fixadoras de dunas
ouestabilizadoras de
mangues; 7) nas bordas dos
tabuleiros ou chapadas, a
partir da linha de ruptura
dorelevo, em faixa nunca
inferior a 100m em
projeçõeshorizontais; 8) em
altitude superior a 1800m,
qualquerque seja a
vegetação.
1-12
1) 80% da PR3 na Amazônia
Legal; 2) 35% na PR em
área de cerrado localizada na
Amazônia Legal; 3) 20% na
Reserva Legal PR em área de floresta ou
vegetação nativa nas demais
regiões; 4) 20% na PR em
área de campos
gerais em qualquer região.
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Conv. Patrimônio Mundial,
Áreas de Reconhecimento Sítios do Patrimônio Mundial
1972 (promulgada pelo Dec. x
Internacional Natural
80978/1977)
Reserva Indígena, Parque
Estatuto do Índio (Lei nº Indígena, Colônia Agrícola
x Terras Indígenas
6001de 19/12/1973) Indígena e Território Federal
Indígena
1-14
A estrutura de gestão também experimentou diversas adaptações e evoluções
destacando-se os principais acontecimentos que impulsionaram este processo
(MEDEIROS, 2006; ARAÚJO, 2007):
1-15
Quadro 6: Unidades de Conservação no Brasil em Março de 2007. (Fonte: ISA, 2007)
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Reserva Extrativista 24 1.393.586
Subtotal 257 38.390.922
Total de UCs Estaduais 548 47.680.484
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teria que superar para seu efetivo reconhecimento: a compatibilização dos usos com a
conservação dos atributos ambientais, ou seja, a restrição à propriedade privada.
A Lei no 6.902/81 foi regulamentada pelo Decreto nº 88.351 de 01 de junho de
1983, pela Resolução CONAMA nº 10, de 14 de dezembro de 1988 e, posteriormente,
pelo Decreto no 99.274, de 06 de junho de 1990. Acrescente-se, ainda, a Lei Federal no
6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, que estabelece, dentre outros, as
APAs como um de seus instrumentos, consolidando o arcabouço legal para a existência
das Áreas de Proteção Ambiental no Brasil (CÔRTE, 1997).
Atualmente temos algo entorno de 30% da área das unidades de conservação
representados pela categoria APA contabilizando um total de 207 unidades, não
contabilizadas aquelas criadas em esfera municipal onde se constata uma lacuna de
informação recente.
Os dados mais recentemente sistematizados sobre áreas de proteção ambiental
municipais do Brasil foram apresentados por BRUCK, FREIRE e LIMA em 1995
(QUADROS 7 e 8). Certamente esta informação encontra significativamente defasada,
especialmente pelo incremento de unidades de conservação desta categoria, sobretudo
em estados onde se instituiu o ICMS Ecológico (QUADRO 9).
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Federal 4 0 4
Estadual 6 7 13
Municipal 6 149 155
TOTAL 16 156 172
o
*Obs: a Lei Robin Hood (Lei Estadual n 12.040), que instituiu o ICMS Ecológico no
estado de Minas Gerais foi criada em 28 de dezembro de 1995.
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viii. permitem que a população residente e do entorno seja integrada nas medidas
práticas conservacionistas, através de ações de Educação Ambiental ou participação
no processo de planejamento e gestão;
ix. permitem o estabelecimento de um processo de co-gestão entre órgãos
governamentais, não-governamentais e setores organizados da sociedade.
Todavia, até os dias atuais, não tem sido fácil o entendimento e aceitação a esta
categoria de Unidade de Conservação. Problemas criados pela criação e gestão
equivocada das primeiras APAs, regidas por fundamentos preservacionistas que as
assemelhavam com Parques ou outras categorias mais restritivas, ainda são proferidos
como justificativa ou argumentação contrária às APAs. Sob esta ótica, tentava-se que as
atividades e equipamentos de caráter urbano, ou ainda a própria dinâmica urbana
fossem ignorados ou, às vezes, excluídos do território da APA e assim, a proposta
conservacionista trazida por esta categoria de unidade de conservação ganhou
contestadores ferrenhos, especialmente aqueles que defendem o direito de propriedade
e o desenvolvimento aquém a manutenção do ambiente (CÔRTE, 1997; IBAMA, 2001).
Com o passar do tempo, os conceitos base para a gestão e os processos de
criação das APAs têm amadurecido e, atualmente, buscam origens nas demandas e
anseios locais, de forma a permitir a utilização territorial com menor viés socioambiental,
juntamente com a constante mediação e gestão das expectativas dos diferentes atores
envolvidos.
Esse exercício vem consolidando o papel e cristalizando o conceito dessa unidade
de conservação de uso sustentável, conforme proposto ideologicamente pelo Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, cumprindo importante papel complementar de
suporte às UCs de proteção Integral, como corredores ecológicos, zonas de
amortecimento ou mesmo possibilitando a conservação de atributos ambientais em
locais cuja condição de ocupação humana não permitiria a existência de uma unidade de
proteção integral.
Resta portando o desafio associado ao conceito em consolidação, de se viabilizar
esta proposta de um papel complementar a ser desempenhado pelas unidades de
conservação da categoria de Uso Sustentável como as APAs, emergindo, daí, a
importância da implantação de um eficiente processo de gestão que leve em conta os
diversos aspectos envolvidos (CÔRTE, 1997).
2. Planejamento e Gestão
O pleito do estabelecimento de uma categoria de unidade de conservação que
permitisse a pesquisa e a conservação em terras privadas e, ao mesmo tempo,
contornasse uma das grandes barreiras que é a desapropriação de terras, a partir dos
anos 80, se materializou na complexidade de uma efetiva gestão das Áreas de Proteção
Ambiental.
A conservação de bens coletivos em domínios da propriedade privada trouxe
desafios e contestações às tímidas, mas necessárias ações restritivas compatíveis com
as APAs. Ademais, visto que o uso é permanente e os diversos atores participam e
influenciam ativamente na conservação ou degradação do ambiente da unidade torna-se
necessário o estabelecimento de um sistema de gestão que permita gradual integração
e participação social no processo de gestão da unidade.
1-20
Com tais características, para a administração das APAs, deve-se ter claro,
conceitual e praticamente, os conceitos de manejo e gestão, onde no caso das Áreas de
Proteção Ambiental é sugerido pelo IBAMA a utilização do termo gestão.
Entende-se por manejo “o conjunto de ações e atividades necessárias ao
alcance dos objetivos das áreas protegidas; ou seja, em um sentido técnico, as
atividades fins, (...), aquelas que dizem respeito ao manuseio, controle ou direção de
processos nas unidades de conservação, tais como proteção, recreação, educação,
pesquisa e manejo de recursos” e gestão “o conjunto de atividades administrativas e
seu próprio controle, ou seja, atividades relacionadas à gerência, gestão ou
administração dos negócios e atos necessários à efetiva realização do manejo, tais como
controle de pessoal, licitação, contabilidade, aquisição e manutenção de bens, entre
outras” (MILANO, BERNARDES e FERREIRA, 1993).
De acordo com IBAMA (2001), o processo de implementação das APAs deve
evoluir em fases, mediante o acúmulo de conhecimento, aumento na mobilização e
participação social e desenvolvimento de ações demonstrativas (FIGURA 1).
ç ções
1-21
Fase 3
Fase 2
Fase 1 Aprofundar o conhecimento e as
Ampliar o conhecimento e as ações de proteção da biodiver-
Sistematizar o conhecimento ações de proteção da biodiver- sidade
existente sobre a APA sidade
Promover o aperfeiçoamento do
Ampliar ações prioritárias para Zoneamento e das Normas
Definir áreas estratégicas e toda a APA Ambientais
homogêneas no território e
estabelecer as normas
Definir o Zoneamento e as Consolidação do Plano de Gestão
Normas Ambientais para a proteção da biodiversidade
Implementar o sistema de
gestão e o desenvolvimento sustentável
Estabelecer programas de ação com alcance regional
Priorizar ações em caráter para gestão
piloto Ampliar a descentralização e a
Aperfeiçoar o sistema de gestão autonomia do Processo de Gestão
1-22
iniciaram o processo de mobilização, capacitação e discussão em torno das questões
ambientais do município.
Para impulsionar o processo em construção, no ano de 2002 foi realizado o II
Fórum de Meio Ambiente de Paty do Alferes cujo tema foi a “A Agenda 21 e as Águas”
uma vez que já era perceptivo à sociedade os prejuízos causados ao município pelo
processo histórico de desenvolvimento. Neste mesmo ano um extenso período seco no
município, exaltando o problema do desabastecimento causado pela degradação do
ambiente, sensibilizou ainda mais a sociedade local. O Fórum contou com 152
participantes, e teve como principais resultados a afirmação do tema chave para a
agenda 21 do município (Água) e o fortalecimento do Fórum 21 de Paty como espaço de
articulação, planejamento e participação social.
Em 2003 a diretoria de meio ambiente, naquele período ainda como parte da
Secretaria Municipal de Agricultura, apoiada nas discussões emergente neste processo,
contrata uma consultoria para a realização dos estudos para a criação da primeira
unidade de conservação do município. Os resultados destes estudos embasaram o termo
de referencia para a criação e implementação da Área de proteção Ambiental de
Palmares o que posteriormente foi consolidado em decreto do executivo.
Por este caminho, verifica-se a importância do processo de discussão acerca da
realidade cotidiana, impulsionado pelo processo da Agenda 21 que até o momento vem
se consolidando como fundamental para o fortalecimento institucional e para a
efetivação de ações consensuadas em prol do desenvolvimento sustentável e da
restauração do ambiente de Paty do Alferes.
a) Federais
- Constituição Federal
- Lei 6.902 de 27 de abril de 1981
- Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981
- Lei 9.795 de 27 de abril de 1999
- Lei 9.985 de 18 de julho de 2000
- Lei 10.257 de 10 de julho de 2001
- Decreto 99.274 de 06 de junho de 1990
- Decreto 88.351 de 01 de junho de 1993
- Resolução CONAMA nº 011 de 03/12/87
- Resolução CONAMA nº 010 de 14/12/88
- Resolução CONAMA nº 013 de 06/12/90
- Resolução CONAMA nº 010 de 01/10/93
- Resolução CONAMA nº 06 de 04/05/94
- Resolução CONAMA nº 302 de 20/04/2002
- Resolução CONAMA nº 303 de 20/04/2002
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b) Estaduais
- Constituição Estadual
c) Municipais
- Lei Orgânica
- Lei de Diretrizes Urbanísticas
- LUPOS
- Código de Obras e Edificações
- Plano Diretor Municipal
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BIBLIOGRAFIA
IUCN. Guidelines for Protected Área Management Categories. The Word Conservation
Union. Gland, Switzerland. Part II. 8p. 1994.
1-25
ANEXO 1 – Decreto de criação da APA PALMARES.
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1-29