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LADRÃO
DE
ALEGRIA
Jorge Linhares
Primeira edição – 2004
Loja Virtual:
www.editoragetsemani.com.br
e-mail:editora@getsemani.com.br
1. A Alegria do Senhor
2. A Tristeza da Inveja
3. Entristecendo os Pais
4. 0 Desperdício
Conclusão
"Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai
bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada
preparado para si; porque este dia é consagrado ao
nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a
alegria do Senhor é a vossa força." (Neemias 8.10.)
(Salmo 32.11)
1
A ALEGRIA DO SENHOR
"Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da
terra?
"Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se
é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?
"Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe
assentou a pedra angular,
"quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e
rejubilavam todos os filhos de Deus?" (Jó 38.4-7.)
A alegria é algo que Deus inventou. A Bíblia mostra que,
mesmo antes de a Terra existir, a alegria já se fazia presente. Era
com alegria que os anjos cantavam e manifestavam seu amor a
Deus.
DAVI
"Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles,
quando lhes há fartura de cereal e de vinho." (Salmos 4.7.)
"Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso,
estamos alegres." (Salmos 126.3.)
ISAÍAS
"Também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na
minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios
serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada
Casa de Oração para todos os povos." (Isaías 56.7.)
JOEL
"Não temas, ó terra, regozija-te e alegra-te, porque o Senhor
faz grandes coisas." (Joel 2.21.)
"Assim diz o Senhor: Neste lugar, que vós dizeis que está
deserto, sem homens nem animais, nas cidades de judá e nas ruas
de Jerusalém, que estão assoladas, sem homens, sem moradores e
sem animais, ainda se ouvirá a voz de júbilo e de alegria, e a voz de
noivo, e a de noiva, e a voz dos que cantam:
"O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-
te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor,
regozijar-se-á em ti com júbilo." (Sofonias 3.17.)
O Senhor se deleita em nós com alegria e vibra de júbilo!
Alegremos, portanto, o coração de Deus.
No Novo TESTAMENTO
O começo do Novo Testamento é alegre. O nascimento do
Senhor Jesus seria motivo de alegria para todos - não apenas
alegria, mas grande alegria:
A TRISTEZA DA INVEJA
"Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e
deu à luz a Caim...
"Depois, deu à luz a Abel, seu irmão.
“Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador.
"Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da
terra uma oferta ao Senhor.
"Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da
gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao
passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois,
sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.
"Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que
descaiu o teu semblante?...
"Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando
eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu
irmão, e o matou." (Gênesis 4.1-8.)
ENTRISTECENDO os PAIS
Certa ocasião, eu fui visitar uma irmã querida aqui da igreja.
O sonho dela era que o pastor a visitasse. Ela estava sempre me
convidando para ir à casa dela. Aquela irmã demonstrava que se
alegraria muito com uma visita minha à sua casa. Eu ficava muito
comovido com o carinho dela.
Algum tempo depois, num momento de grande alegria, de
grande satisfação, ela tornou a me convidar:
"Pastor, eu ficaria muito feliz se o senhor pudesse ir à minha
casa."
Eu tinha muita vontade de ir à casa dela, mas faltava-me
oportunidade, pois naquela ocasião a minha agenda estava
sempre cheia. Naquele dia, contudo, eu senti que já havia passado
da hora de eu dar uma alegria àquela irmã. Na verdade, eu
também me regozijaria muito, pois é bom saber que somos
amados e que nossa presença é desejada.
Então, marquei com ela o dia da visita. Na hora marcada,
cheguei à casa dela, e fui recebido com muita atenção.
Ela preparou um pão de queijo, e um cafezinho. Achava-se
muito feliz - o pastor estava na casa dela! Coisa tremenda, não é?
Quando eu não era pastor, eu ficava imaginando como seria
bom se o pastor fosse à minha casa. Devia ser um negócio
tremendo.
E ela estava regozijante, feliz. Quando estávamos no auge da
conversa na sala, comendo um pão de queijo, tomando um
cafezinho, naquela alegria, a filha dela chegou.
A mãe disse para ela:
"Filha, olha o pastor aí. Cumprimenta o pastor.
E a moça me dirigiu um olhar frio e disse:
"Oi, tudo bem?"
Eu pensei: "Tem ladrão de alegria no pedaço". Daí a pouco,
ela passa pela sala e vai lá para o quarto. É evidente quando uma
pessoa quer estragar a alegria dos outros. Daí uns cinco minutos,
ela gritou:
"Mãe! Vem cá! Mãe!"
E a mãe disse:
"Pastor, espera um pouquinho que eu vou ali, tá? Minha
filha chegou do serviço."
Aí a mãe entrou e demorou uns dez minutos. A gente escuta
um cochicho, não é?! Mesmo sem querer, senti que ela estava
tentando acalmar a filha. Pouco depois, escutei a batida da porta.
A mãe veio e disse:
"Não repara não, pastor, essa porta vem e bate mesmo. Essa
porta é assim mesmo. Eu vou buscar mais pão de queijo."
Ela buscou o pão de queijo, pôs o cafezinho. E continuou a
conversar:
"Mas, pastor, como agente estava contando..."
A alegria daquela irmã era visível. Como era bom saber que
éramos causa da alegria de alguém! Pouco depois, a moça chega
na sala e, irada, diz:
"O mãe, cadê a minha blusa? Eu já falei com a senhora que
eu não quero a minha irmã usando a minha blusa!"
"Ah, filha, espera aí, vai com outra. Usa outra roupa.
Aquela moça era uma "jararaca" mesmo, cheia de veneno.
"O mãe, depois a senhora conversa aí, depois vê essas coisas
da igreja aí. Eu quero minha blusa. Agora! Se vira."
Ah, eu vi como a alegria vai embora. Como aquela pessoa
roubou a alegria! Eu não sabia se ia embora, porque quando
alguém está brigando assim, você é visita, não sabe se vai embora,
não sabe se fica, não sabe se ora, não sabe se tenta separar a
briga, se tenta acalmar. Então fiquei quieto. Fiquei ali calado. A
gente fica sem ação. E a mãe:
"Pastor, ela está nervosa, ela está... Essa menina está meio
nervosa esses dias. Vamos lá, minha filha."
"Não, eu quero a blusa! Quando ela chegar, a senhora vai
ver."
E ela abria e fechava a porta do quarto, batendo com força,
reclamando e fazendo ameaças. Uma confusão, uma coisa feia.
Aquela mulher havia programado uma noite de alegria, uma
noite de festa. E a filha dela não sossegou enquanto não roubou a
alegria daquela noite.
No final da história, lá pelas nove e meia, quinze para as dez,
eu levantei para ir embora, e a mãe me disse:
"Pastor, o senhor me perdoa; o senhor perdoa minha filha?"
"Perdôo, irmã. Eu estou acostumado com esses ladrões de
alegria."
Mas ela me acompanhou lá fora, chorando. Foi terrível. Era
uma noite de festa, noite de satisfação. Aquela moça, porém,
roubou a alegria, roubou o direito da mãe de ser feliz.
Quem tem irmãos, deve tomar muito cuidado para não ser
uma pessoa que rouba a alegria da sua casa. Tem de respeitar as
visitas. Precisa respeitar as situações dentro de casa. Foi isso que
o irmão do filho pródigo fez. Ele tirou a alegria da casa.
Muitos fazem isso. São filhos problemáticos. Roubam a
alegria dos outros, não têm prazer e não gostam que os outros
tenham prazer. São intragáveis, carrancudos, nervosos,
chateados. Ninguém pode mexer nas coisas deles.
Precisamos aprender a viver bem. Temos de compreender
que uma vida dentro de casa tem de ser bem-vivida, com alegria,
compreensão e camaradagem.
Os pais não podem roubar a alegria dos filhos; o esposo não
pode roubar a alegria da esposa; nem a mulher, a alegria do
marido. O lar foi projetado por Deus para ser um lugar de alegria,
não de discussões, brigas e desentendimentos.
O DESPERDÍCIO
Certa vez, ouvi falar de um senhor que estava descontente
com seu trabalho, com sua família, com a vida de um modo geral,
e resolveu fugir de tudo. Entrou para um mosteiro onde fez voto
de silêncio. Era-lhe permitido dizer apenas duas palavras a cada
cinco anos.
Isso é ótimo! pensou. Não terei estresse, ninguém irá
incomodar-me, e tudo à minha volta é silêncio.
Lá permaneceu cinco anos sem dizer uma única palavra. Ao
final do período, seu superior o chamou e disse:
"Você tem direito a duas palavras. Gostaria de dizer alguma
coisa?"
Respondendo que sim com um gesto de cabeça, disse:
"Comida ruim!"
Passados mais cinco anos, durante os quais não pronunciou
uma única sílaba, mais uma vez seu superior o chamou e
indagou-lhe se desejava dizer alguma coisa.
Novamente, anuindo com um gesto de cabeça, disse:
"Cama dura!"
Seguiram-se ainda mais cinco anos e, como das vezes
anteriores, seu superior o chamou e perguntou-lhe se desejava
falar alguma coisa.
Desta vez, ele disse:
"Eu desisto!"
Seu superior respondeu:
"Não me surpreendo nem um pouco. Desde que você chegou
aqui a única coisa que fez foi reclamar!"
Desperdício: esse homem desperdiçou duplamente sua vida:
afastou-se do mundo e dos seus por causa da insatisfação, e no
mosteiro continuou insatisfeito. E, apesar de não falar, mostrava
sua insatisfação, tirava a paz dos outros.
O dicionário diz que pródigo é aquele que "despende com
excesso; dissipador, esbanjador".
Apesar de conhecermos só o filho mais novo como pródigo,
aquele que dissipou o dinheiro que recebera do pai e se afastara
da presença paterna, o mesmo pode ser dito do mais velho.
Ele também era um desperdiçador. Como seu irmão mais
novo, não soube aproveitar as bênçãos e a comunhão do lar
paterno. O caçula estava insatisfeito com a vida e saiu de casa; o
mais velho, no entanto, estava insatisfeito e não fez nada.
Continuou em casa - morto, perdido e frustrado.
E, como esse rapaz, muitos estão descontentes e frustrados.
Vivem a murmurar, a reclamar, as remoer os insucessos, as
injustiças, com a alma amarga e sombria.
São os ladrões de alegria. E, infelizmente, a igreja está cheia
deles. Quantas vezes, tive de consolar um irmão ferido por um
desses ladrões de alegria! Eles ferem, magoam, tiram a alegria.
Os exemplos são muitos: Alguém passa no vestibular, e vem
todo feliz contar para alguém:
"Olha, passei no vestibular!"
"Passou em quê?", o "ladrão" pergunta.
"Em pedagogia."
"Ah! Qualquer um passa em pedagogia. Eu li no jornal que
não era nem um por vaga."
Isso é terrível! Mata a alegria da pessoa. Ela estava tão feliz,
conseguira algo que sonhava há tanto tempo!
Ou então, um irmão chega todo feliz na igreja, convidando
para a sua formatura. Então, um "ladrão" pergunta:
"Você está formando em quê?"
"Direito. Vou ser um advogado, para honra do Senhor!"
"Ih! No meu serviço está 'assim' de advogado vendendo
enciclopédia, trabalhando até de auxiliar administrativo."
Ladrão de alegria! Rouba a alegria dos outros.
Quando eu comprei o meu Fiat 147, fiquei todo feliz. Ele
estava inteirinho, bonito. Eu parei na frente da igreja, satisfeito,
mostrando para os irmãos. Aí alguém chegou e disse:
"Pastor, o senhor sabe o que significa Fiat?"
"Não."
"Fui Iludido, Agora é Tarde."
Ladrão de alegria. Mas, graças a Deus, aquele carrinho me
deu muitas alegrias. Foi muito útil na construção da igreja.
Poderia escrever muito mais páginas sobre os "pródigos", os
"ladrões de alegria". Infelizmente, exemplo é o que não falta.
Todos têm uma característica em comum: perdem a bênção
de se relacionarem com as pessoas. Desperdiçam o amor, o
carinho, a paz de uma boa convivência.
Foi o que fez o irmão do filho pródigo: da mesma forma que o
seu irmão, apesar de estar junto do pai, vivia isolado, só,
insatisfeito, triste. E fazia tudo para que os outros se sentissem
assim também.
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