Você está na página 1de 2

Ter aprendiz em sua empresa é Legal!

Com o advento da lei federal nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000 – Lei da


Aprendizagem, que altera os dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, empresas de médio e
grande porte se tornam parceiras na contratação de adolescentes e jovens entre 14 e 24
anos como aprendizes para serem preparados e inseridos no mercado do trabalho.
Microempresas, empresas de pequeno porte, empresas de economia mista ou
instituições públicas podem optar por contratarem aprendizes.
Desde o ano 2000, mais de dez mil empresas de diversos segmentos contrataram
aprendizes permitindo que esses aprendizes tenham a oportunidade de ter
amadurecimento profissional, formação técnica, bem como seus seguros trabalhistas e
previdenciários assegurados. Em 2014, Brasília teve sua primeira experiência com
programa de aprendizagem em órgãos e secretarias públicas com a implantação da
primeira edição do Programa Jovem Candango que admitiu três mil jovens carentes, em
fator de risco social e/ou estudantes de escolas públicas de todo o Distrito Federal.

O contrato de admissão de aprendizagem pode durar por até dois anos, no qual o
aprendiz desenvolverá habilidades práticas na empresa e adquirirá conhecimentos em
um programa de formação profissionalizante dentro de arcos ocupacionais, de acordo
com as limitações legais para que desempenhe suas atividades práticas no ambiente em
que prestará seus serviços, conforme preleciona a Classificação Brasileira de Ocupações
- CBO, instituída pela Portaria Ministerial nº 397, de 9 de outubro de 2002 do
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.

O pacto contratual é feito entre uma empresa pública ou privada de qualquer porte e
uma instituição formadora, podendo ser do Sistema S (Serviço Nacional de
Aprendizagem), tais quais SENAI, SENAC, SENAR, SENAT e SESCOOP, ou então
por Entidades Sem Fins Lucrativos – ESFL, e cada uma dessas assume seu importante
papel:  as empresas contratantes são responsáveis pelas atividades práticas, onde o
adolescente ou jovem será supervisionado por uma chefia direta que o direcionará às
principais atividades do cargo dentro da empresa durante quatro dias na semana. Já as
empresas do Sistema S ou ESFL, capacitarão o menor aprendiz com a formação
profissionalizante de acordo com o arco ocupacional, com atividades teóricas e
avaliativas para mensurar seu aprendizado durante o período de contratação uma vez
por semana.

Mesmo com o currículo em branco, o aprendiz inicia um marco na sua


profissionalização. Para esse profissional em formação, surge um amadurecimento
diante das responsabilidades e compromissos da vida adulta. É enfatizada sua postura
ética em todos os ambientes sociais, busca-se também garantir o cumprimento dos
horários, das normas e das regras, tanto da empresa quanto da instituição formadora e o
aprendiz desenvolve a habilidade para administrar suas finanças, colaborar em casa e
iniciar um planejamento para seu futuro. É importante que, para sua permanência no
programa, o aprendiz deva possuir rendimento satisfatório nos estudos, seja no Ensino
Fundamental, no Ensino Médio ou no Ensino de Jovens e Adultos - EJA, em turno
oposto ao programa de aprendizagem, conforme disposto na Lei da Aprendizagem.
A jornada de trabalho de um aprendiz deve ser conciliada com seus estudos de modo
que, tanto no trabalho quanto na escola, não haja prejuízos ao aprendiz no processo de
aprendizagem. Erradicar o trabalho infantil e permitir que o menor trabalhe sob respaldo
legal, é um grande desafio para o Tribunal Superior do Trabalho - TST. Desde 2014, é
realizado o Seminário Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à
Aprendizagem, que reúne todas as instituições formadoras, empresas parceiras, órgãos
competentes e aprendizes, promovendo o debate de estratégias sobre como inserir mais
adolescentes e jovens no mercado de trabalho e combater o trabalho infantil de forma
exploratória. Umas das metas do TST foi colocar em prática a lei de forma educativa,
como campanhas nas redes sociais e veículos de comunicação, bem como fiscalizar e
mudar a postura dos empresários do País de modo que observem a lei e admitam
aprendizes, conforme preleciona a Lei nº 10.097/00.

O impacto social que um programa como esse traz é bastante significativo. A começar
pelos benefícios que as empresas garantem ao aderir ao programa de aprendizagem tais
quais incentivos fiscais e tributários. Para os aprendizes e suas famílias, o programa
possibilita a inserção ao primeiro emprego e o direito de uma renda capaz de ajudar em
seu lar. Já a sociedade, passa a ter um cidadão ocioso a menos, fora das ruas e de suas
influências negativas que poderiam seduzir o jovem para criminalidade.

A experiência de vivenciar a execução do programa de aprendizagem permite a inclusão


social do jovem no primeiro emprego, a capacitação para o mercado de trabalho, a
experiência profissional e a certificação técnico-profissionalizante dentro do
cumprimento da Lei. No dado momento em que uma empresa decide abrir suas portas
para que seja contratado um jovem, assinando sua carteira como aprendiz, constrói-se a
médio e longo prazo uma transformação no círculo social desse jovem surtindo impacto
para a sociedade como um todo. As atividades de um aprendiz fazem com que as
milhares de empresas existentes executem de forma mais dinâmica e positiva suas
operações diversas assegurando que tal legalidade não se torne compulsória ou
arbitrária, mas transformadora e espontânea por suas finalidades serem tão nobres.
Sendo assim, a Lei nº 10.097 de 19 de dezembro de 2000, também conhecida como Lei
da Aprendizagem, pode ser considerada um marco para o progresso do trabalho desses
jovens, por legalizar a aprendizagem como uma experiência profissional, transformando
a vida de milhares de adolescentes e jovens que dificilmente teriam a oportunidade de
inserção no mercado de trabalho com qualificação e experiência profissional.

®Jader Windson
Publicado no Linkedin em 30 de dezembro de 2016

Você também pode gostar