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RELATO DE CASO

Sr. João tem 54 anos de idade tem diagnóstico clínico de Impacto fêmuro- acetabular esquerdo por
conta de um aumento de 20o da sobrecobertura do seu acetábulo em relação ao femur. O diagnóstico clínico
foi dado há 4 anos e desde então ele busca a fisioterapia como tratamento conservador, mas as perdas
funcionais vêm se agravando, ao ponto dele decidir, junto com seu médico, em realizar uma cirurgia
reparadora. Sua principal queixa deve-se ao agravamento de sua dor articular ao subir e descer escadas.

Após 2 dias de internação por conta da artroscopia no quadril esquerdo para reestruturação da
articulação, Sr. João, que estava deambulando com muletas axilares bilaterais (o suporte de peso no MIE está
contra indicado por 30 dias) foi encaminhado para o cuidado de seu médico da atenção primária e da Equipe
do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF). Ele voltará ao seu domicílio, que é num apartamento no 2º
andar de um edifício, onde vive com sua esposa há 30 anos.

Numa avaliação fisioterapêutica feita em sua residência, no 10º dia de PO, foi percebido uma disfunção
cognitiva. Ele tem moderada dificuldade de entender o que lhe é perguntado e ele não fornece respostas
adequadas a perguntas e comentários de outros. O diálogo com ele é prejudicado por sua falta de atenção.
Além desta disfunção, o Sr. João tem hipertensão arterial não controlada e diabetes tipo 2 controlada. Está
tomando medicamentos que se relacionam com sua condição médica atual (colesterol, pressão arterial,
diabetes e dor).

Fisicamente, o Sr. João refere dor articular no quadril (EVA 7), que se intensifica (EVA 9) ao tentar
realizar ativamente movimentos de Flexão, Abdução e Rotação Externa do quadril E. Na movimentação
passiva, mostrou-se bastante inseguro e só permitiu que, praticamente 50% da ADM dos movimentos do
quadril fossem realizados. Apresenta encurtamento muscular da cadeia muscular posterior bilateralmente,
mais a esquerda.

Quanto à força muscular, observou-se uma fraqueza moderada bilateral dos músculos quadríceps. No
MIE verificou-se grau 3 de glúteo médio e gluteo máximo. Quanto ao seu deslocamento, deambula com
muletas axilares bilaterais, com transferência de peso total para o MID, já comprometendo de forma grave a
sua postura simétrica na posição bípede, além de manter no MIE o quadril e joelhos com leve flexão, com o pé
apoiado nos artelhos.

Ele relata sentir-se deprimido e está tendo uma dificuldade significativa para começar a dormir. O Sr.
João trabalha num supermercado próximo a sua casa, como embalador, há mais de 20 anos. Atualmente está
afastado, mas como seu emprego é informal, precisa retornar o mais rápido possível para suas atividades.

Ele é casado e mora com os dois filhos, já adultos, em sua residência. Todos trabalham, o que não
permite que tenha acompanhante de 7 às 19h, de segunda a sexta feira, durante esse período de recuperação
do PO. Antes da cirurgia, Sr. João gostava muito de jogar dominó, diariamente, à noite, embaixo de seu prédio,
onde aproveitava para conversar com os vizinhos. A esposa parece estar angustiada com as mudanças nas
habilidades funcionais do marido.

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