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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

Prezado leitor,

É com imenso prazer que compartilho com você


parte do meu conhecimento sobre Perícias Judiciais
Fisioterapêuticas através deste E-book de Introdução à
Perícia Judicial Fisioterapêutica.

Aproveito para lhe convidar a conhecer a minha


escola de Perícias, a Unidade de Aprimoramento em
Perícias – UNAP (www.unapcursos.com), que possui
cursos presenciais e online sobre diversos temas inerentes à atividade pericial, sempre prezando
pela educação continuada com excelência profissional e de ensino. Desejo-lhe bons estudos!

Sobre a autora:

Dra. Rebeka Borba é Fisioterapeuta do Trabalho, Perita e Assistente Técnica Judicial


atuante no estado de Pernambuco. Graduada em 2008 pela Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE; Mestre em Fisioterapia pela UFPE; Pós-graduada em Fisioterapia do
Trabalho com ênfase em Ergonomia - Fac.Red; Pós-graduada em Recursos Terapêuticos
Manuais – UFPE. Leciona em diversos cursos de Pós-Graduação em Fisioterapia do Trabalho,
Ergonomia e Perícias Judiciais. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Perícias
Fisioterapêuticas – ABRAPEFI, Coordenadora da Comissão de Fisioterapia do Trabalho e
Perícias Fisioterapêuticas do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 1ª
Região – CREFITO-1, onde desenvolveu trabalho pioneiro e histórico para a Fisioterapia do
Trabalho e Perícias Fisioterapêuticas, na obtenção das únicas súmulas existentes no Brasil
acerca da validade de laudos periciais produzidos por Fisioterapeutas, nos Tribunais Regionais
do Trabalho da Paraíba, Alagoas e Pernambuco.

2020

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

Sumário

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO E RESPALDO LEGAL DAS PERÍCIAS FISIOTERAPÊUTICAS .................................................... 4


O que são Perícias Judiciais? ....................................................................................................................................... 4
Quem é o Perito Judicial? ........................................................................................................................................... 4
Quem são os Assistentes Técnicos? ............................................................................................................................ 6
Quais são os tipos de Perícias Fisioterapêuticas? ....................................................................................................... 7
Qual a diferença entre a Perícia Fisioterapêutica e a Perícia Médica? ....................................................................... 9
Qual o Respaldo Legal da atuação do Fisioterapeuta como Perito e Assistente Técnico Judicial? ........................... 10
Súmulas sobre Perícias Fisioterapêuticas ................................................................................................................. 15
Jurisprudências do TST que validam os Laudos Periciais elaborados por Fisioterapeutas ........................................ 16
O que é necessário para o Fisioterapeuta se tornar um Perito Judicial? .................................................................. 21
A Dinâmica Pericial ................................................................................................................................................... 22
Gostou do Conteúdo? ............................................................................................................................................... 24
Referências Bibliográficas ......................................................................................................................................... 26

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

CAPÍ TULO 1 – ÍNTRODUÇAO E RESPALDO LEGAL DAS PERÍCÍAS


FÍSÍOTERAPEUTÍCAS

O que são Perícias Judiciais?

A perícia é uma das provas mais importantes dentro de um processo judicial. Sempre que
o julgamento depender de um conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por um
perito1, que tem como função fornecer ao magistrado informações técnicas sobre a situação que
está em análise no processo.

Existem vários tipos de perícias na


justiça, desde perícias de contabilidade,
engenharia, tecnologia da informação,
grafotécnica e etc.
Novo CPC - Art. 156. O juiz
No caso dos Fisioterapeutas, estes
atuam nos processos em que a Saúde está será assistido por perito

sendo discutida na Justiça, quando há quando a prova do fato

necessidade de análise sobre Nexo de depender de conhecimento

Causalidade, Capacidade Funcional e/ou técnico ou científico.


Condições Ergonômicas.

Quem é o Perito Judicial?

O Perito é um auxiliar da justiça, reconhecido como múnus público de confiança do Juízo.

Os peritos são profissionais legalmente habilitados ou órgãos técnicos / científicos


(pessoas jurídicas) devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está
vinculado1.

A lei não determina a profissão do perito, não faz reserva de mercado para uma ou outra
profissão. Cabe ao magistrado escolher o melhor profissional a lhe assistir em cada caso.

Quando uma pessoa jurídica (órgão técnico ou científico) é nomeada para realização de
uma perícia, esta deve informar nos autos do processo qual profissional (pessoa física) vai de fato
conduzir os trabalhos periciais.
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O perito deve ser imparcial e equidistante às partes, e por isso, o perito está sujeito a
impedimento ou suspeição.

O Perito Judicial deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades com
imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou ocorrendo uma das seguintes
situações1:

I. For parte do processo;

II. Tiver atuado como Assistente Técnico ou prestado depoimento como testemunha no
processo;

III. Tiver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral
até o terceiro grau, postulando no processo ou entidades da qual esses façam parte
de seu quadro societário ou de direção;

IV. Tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, seu cônjuge ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro
grau, no resultado do trabalho pericial;

V. Exercer cargo ou função incompatível com a atividade de Perito Judicial, em função


de impedimentos legais ou estatutários;

VI. Tiver mantido, nos últimos cinco anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus
procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador
assalariado;

VII. Tiver atuado, pessoalmente, como advogado de uma das partes ou de algum de
seus procuradores.

Os casos de suspeição configuram:

I. Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II. Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III. Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV. Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

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O perito poderá declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.

Nas situações previstas acima, o Perito deve escusar-se ou ser recusado do encargo por
impedimento ou suspeição. Nestes casos o juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a
impugnação feita pela parte, nomeará um novo perito.

Quem são os Assistentes Técnicos?

A lei diz que os assistentes técnicos são profissionais de confiança das partes e não estão
sujeitos a impedimento ou suspeição1.

Ou seja, os Assistentes Técnicos auxiliam as partes litigantes do processo, defendem seus


interesses e pontos de vista.

As partes têm o direito de indicar peritos assistentes, no entanto isso não é um dever. Elas
não são obrigadas a contratar assistentes técnicos, mas é altamente recomendado que o faça.

Como já dito aqui, a perícia é uma das


provas mais importantes dentro de um
Ampla Defesa e Contraditório são direitos processo judicial, sendo assim, a função do
constitucionais.
Assistente Técnico é de suma importância para

Ampla Defesa: consubstancia-se no garantir a ampla defesa e o contraditório da


direito das partes de oferecer argumentos parte que representa.
em seu favor e de demonstrá-los, nos Pois cabe ao Assistente Técnico
limites legais em que isso for possível. apresentar o seu Parecer Técnico que poderá
Existe, portanto, uma conexão do princípio assumir papel de “contra-laudo” no processo,
da ampla defesa com os princípios da
indo de encontro ao laudo do Perito do juízo.
igualdade e do contraditório.
Através do Parecer Técnico, o
Contraditório: Significa que cada ato Assistente tem a possibilidade de apresentar
praticado durante o processo seja ao magistrado argumentação divergente
resultante da participação ativa das partes. daquela utilizada pelo Perito, enriquecendo a
Surge como uma garantia de justiça para discussão sob diversas óticas.
as partes e tem, como ponto de partida, o
O magistrado não está restrito ou
brocardo romano audiatur et altera pars –
a parte contrária também deve ser ouvida.
vinculado ao laudo pericial e poderá tomar sua
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decisão final baseado no parecer do Assistente Técnico ou qualquer outra prova que esteja
anexada aos autos do processo.

Os Assistentes não estão sujeitos às situações de impedimento ou suspeição previstas


para a função de Perito, pois a função de assistente da parte naturalmente já configura
parcialidade, uma vez que, o profissional está sendo contratado para defender os interesses de
uma das partes.

Portanto, é possível ser Assistente Técnico em processo do cônjuge, amigo íntimo,


paciente ou empresa em que trabalhe.

Tanto o Perito quanto os Assistentes têm o direito de colher depoimentos, ter acesso a
documentos públicos ou privados, ilustrar seus laudos com fotografias, planilhas e tudo mais que
julgarem necessário para o bom exercício das suas funções.

Devendo ainda, o perito conceder aos assistentes acesso a todas as diligências que
realizar e com comunicação prévia de pelo menos 5 dias de antecedência.

Por fim, não cabe ao Perito do Juízo aceitar ou


recusar os Assistentes das partes, cabe somente à parte
escolher e indicar o profissional em que confia para
exercer esta função de extrema importância.

Quais são os tipos de Perícias Fisioterapêuticas?

Segundo a Associação Brasileira de Perícias Fisioterapêuticas – ABRAPEFI2, considera-se


Perícia Fisioterapêutica, para todos os fins, a análise de circunstâncias sob a ótica profissional da
Fisioterapia, com o emprego de métodos técnico-científicos atendendo a determinada demanda,
que ao final, resta consubstanciada em um documento próprio, tal como: laudo, parecer, relatório,
opinião técnica, dentre outros.

Atualmente as Perícias Fisioterapêuticas representam uma das áreas mais promissoras da


Fisioterapia, apresentando um universo de possibilidades a ser explorado pelos fisioterapeutas.
Ainda existe muito espaço a ser conquistado e também muita carência por profissionais
qualificados.

Portanto, compete ao fisioterapeuta, no âmbito de sua expertise, realizar perícias judiciais


e assistência técnica em todas as suas formas e modalidades3:

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

I- Perícia extrajudicial é a análise sob a ótica da Fisioterapia, em um contexto fora da justiça.


São as Perícias Administrativas. De acordo com a demanda, o Fisioterapeuta realizará a
avaliação funcional do indivíduo em diversos contextos.

II- Perícia Judicial, em geral, constitui a análise das capacidades e incapacidades funcionais
do indivíduo, bem como, o nexo com o trabalho ou acidente, atendendo a demandas judicias
de qualquer natureza.

III- Perícia Judicial do Trabalho é o tipo mais comum de Perícias judiciais e onde existe maior
demanda por peritos Fisioterapeutas.
É a análise do litígio, de natureza laboral, referente ao estabelecimento ou não do nexo
causal, para tanto, no campo da atuação profissional, é dividida em Perícia de Capacidade
Funcional e Perícia Ergonômica. A Perícia de Capacidade Funcional envolve o exame físico
do periciado no objetivo de qualificar e quantificar sua capacidade ou incapacidade funcional
residual. A perícia ergonômica é a análise dos aspectos do trabalho, utilizando metodologia
científica própria e consagrada na literatura atualizada e as normas e leis do trabalho
vigentes.

IV- Perícia Previdenciária pode ser administrativa no INSS ou judicial, quando o indivíduo
descontente com a decisão do INSS sobre a concessão do seu benefício previdenciário,
ingressa com ação contra o órgão previdenciário. Em geral é a análise da incapacidade
funcional do indivíduo, mas nesse tipo de perícia, também pode haver análise sobre o nexo
laboral, caso esteja sendo discutido no processo acidente de trabalho ou doença
ocupacional.

V- Perícia Securitária também pode ser administrativa, dentro das empresas de seguro ou
judiciais, quando a discussão vai parar na justiça. Esse tipo de perícia trata das
incapacidades funcionais decorrentes de acidentes, sequelas e desfecho de doenças
multifatoriais que acometem o ser humano.

VI- Perícia para Pessoas com Deficiências pode estar presente em vários contextos distintos.
Seja, a perícia para caracterização de deficiência física, seja a perícia de pessoa com
deficiência inserida no contexto laboral, previdenciário ou securitário.
Em geral é a análise da capacidade e incapacidade funcional do indivíduo para atividades
laborais, processos administrativos para fins de isenção e redução fiscal e benefícios em
geral.

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Qual a diferença entre a Perícia Fisioterapêutica e a Perícia Médica?

Primeiramente é importante frisar que as perícias que ocorrem no meio judicial, tratam-se
de PERÍCIAS TÉCNICAS JUDICIAIS, pois a lei determina a realização de Perícia Técnica, e não
determina, de forma alguma, que esta deva ser médica, ou fisioterapêutica, ou fonoaudiológica,
ou psicológica e etc. cabendo ao juiz escolher o melhor profissional a lhe assessorar em cada
caso. Nós estudaremos isso melhor no próximo tópico.

Portanto, o Fisioterapeuta não realiza Perícia Médica, o Fisioterapeuta realiza Perícia


Fisioterapêutica, que quando realizada dentro de um processo judicial é tida como Perícia
Técnica Judicial, que é a prevista na lei.

Sendo assim, o Fisioterapeuta no âmbito de sua atuação, realiza: o diagnóstico


cinesiológico funcional, a análise e quantificação das capacidades e incapacidades
funcionais do indivíduo e a análise do Nexo de causalidade entre um acidente ou doença já
diagnosticada pelo médico, e comprovada nos autos do processo, e os aspectos ergonômicos
em que o trabalhador esteve submetido durante o exercício da sua atividade laboral.

Cabe ao médico realizar as perícias técnicas judiciais quando houver controvérsia no


processo judicial sobre a presença ou não de determinada doença, então, embora a realização do
diagnóstico nosológico (diagnóstico da doença) não seja um ato privativo médico, este tipo de
perícia geralmente é realizada por um profissional da medicina.

Por tanto, quando a doença já tiver sido diagnosticada e claramente comprovada nos
autos, e a dúvida remanescente for sobre o nexo causal e/ou a incapacidade funcional, a
perícia deve ser realizada por um profissional Fisioterapeuta.

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

Qual o Respaldo Legal da atuação do Fisioterapeuta como Perito e Assistente Técnico


Judicial?

Em primeiro momento é importante destacar que a Constituição Federal Brasileira garante


o livre exercício profissional para todos os ofícios e profissões nos termos que a lei estabelecer 4 e
por óbvio, a isto também se enquadra a profissão da Fisioterapia.

Artigo 5º. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;

(Grifos nossos)

Então é preciso analisar se a Lei que regulamenta a profissão da Fisioterapia prevê a


atuação deste profissional como auxiliar técnico que seria o perito e assistente técnico judicial.

Por sua vez, o decreto-lei 938/695 que regulamenta a profissão da Fisioterapia, em


seu artigo 5º, inciso I, reconhece expressamente a possibilidade de assessoria do
fisioterapeuta, perante órgãos públicos, dentro do seu segmento de competência,
estabelecendo assim, a competência do Fisioterapeuta em atuar como Perito ou Assistente
Técnico Judicial:

Art. 5º Os profissionais de que tratam os artigos 3º e 4º poderão, ainda, no campo de atividades


específica de cada um:

I - Dirigir serviços em órgãos e estabelecimentos públicos ou particulares, ou assessorá-los


tecnicamente;

(Grifos nossos. Decreto-lei 938/1969)

Portanto, não restam dúvidas que a lei que regulamenta a profissão estabelece a
competência para o Fisioterapeuta atuar como Perito Judicial ou Assistente Técnico
assessorando tecnicamente órgãos públicos ou privados, atendendo a norma legal constitucional,
sendo direito do Fisioterapeuta o seu livre exercício profissional.
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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

Associado a isto, é importante frisar que é expressamente vedado ao Fisioterapeuta Perito


ou Assistente Técnico Judicial renunciar à sua liberdade profissional3, se não vejamos:

Art. 5º. III- O Fisioterapeuta não pode, em nenhuma circunstância, ou sob nenhum pretexto,
renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que
possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho;

(Grifos nossos. Resolução COFFITO 466/2016)

A figura do Perito Judicial é estabelecida no Novo Código Processo Civil Brasileiro1 –


NCPC, no Capitulo III – Dos Auxiliares da Justiça, Seção II – Do Perito, em seu artigo 156:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico.

§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos


técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está
vinculado. (Grifos nossos)

Resta comprovado que o CPC não estabelece restrição de natureza profissional


quanto à escolha do perito, determinando que o profissional em apreço apresente habilitação
legal e esteja cadastrado no tribunal, cabendo ao juiz escolher o melhor profissional a lhe
assessorar em cada caso.

Em relação aos Assistentes Técnicos, o CPC1 também não faz restrição de natureza
profissional, sendo estes escolhidos profissionais de confiança das partes, não havendo
previsão legal acerca de sua recusa.

Art. 466. §1º - Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a
impedimento ou suspeição.

§2º - O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento
das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos,
com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. (Grifos nossos. Novo CPC)

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

Como também, é garantido por lei o acesso integral dos Assistentes das partes às
diligências e exames praticados pelo perito do juízo, não cabendo impedimento ou
suspeição1. Portanto, não cabe ao perito do juiz aceitar ou recusar os assistentes técnicos
das partes.

Em se tratando de realização de Perícia Técnica Judicial para apuração do nexo de


causalidade e possível extensão do dano, nas lides relacionadas à saúde, é importante
salientar que esta não se trata de “perícia médica”, mas sim de “PERÍCIA TÉCNICA
JUDICIAL” conforme o previsto no CPC, que em parte alguma determina a realização de
perícia médica, assim como não especifica qual
seja a Perícia necessária, visto que a designação
da mesma é norteada pelo objeto a ser apreciado
em cada lide e de escolha do juiz, no caso do
Perito, ou das partes do processo, no caso dos
Assistentes.

Por sua vez, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO possui
diversas resoluções que tratam desta competência, destacamos a de nº 466/2016 3, que exacerba
esse entendimento:

Art. 2º Compete ao fisioterapeuta, no âmbito de sua expertise, realizar perícias judiciais e


assistência técnica em todas as suas formas e modalidades, nos termos da presente
Resolução.

Art. 3º Para efeito desta Resolução, considera-se perícia fisioterapêutica e assistência técnica, de
acordo com as áreas de atuação:

I- Perícia extrajudicial é a análise cuidadosa e sistemática da capacidade funcional do indivíduo


no âmbito das atividades funcionais do ser humano;

II- Perícia Judicial, em geral, constitui a análise da incapacidade funcional do indivíduo em


processos judiciais de qualquer natureza;

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III- Perícia Judicial do Trabalho é a análise do litígio, de natureza laboral, referente ao


estabelecimento ou não do nexo causal, para tanto, no campo da atuação profissional, é dividida
em Perícia de Capacidade Funcional e Perícia Ergonômica. A Perícia de Capacidade Funcional
envolve o exame físico do periciado no objetivo de qualificar e quantificar sua capacidade ou
incapacidade funcional residual. A perícia ergonômica é a análise dos aspectos do trabalho,
utilizando metodologia científica própria e consagrada na literatura atualizada e as normas e leis
do trabalho vigentes;

IV- Perícia Previdenciária é a análise da incapacidade funcional do indivíduo em pleito


administrativo para concessão de benefício previdenciário ou em ação judicial de natureza
previdenciária;

V- Perícia Securitária, que trata das incapacidades funcionais decorrentes de acidentes,


sequelas e desfecho de doenças multifatoriais que acometem o ser humano;

VI- Perícia para Pessoas com Deficiências é a análise da capacidade e incapacidade funcional
do indivíduo para atividades laborais, processos administrativos para fins de isenção e redução
fiscal e benefícios em geral;

(Resolução COFFITO nº 466/2016. Grifos nossos)

Outra importante norma redigida pelo COFFITO que regulamenta a atividade de Perícia pelo
Fisioterapeuta é a de N° 259 de 20037 que estabelece:

Art. 1º - São atribuições do Fisioterapeuta que presta assistência à saúde do trabalhador,


independentemente do local em que atue:

IV – Realizar a análise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as


diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, avaliando os seguintes
aspectos:

a) No Esforço Dinâmico - frequência, duração, amplitude e torque (força) exigido.

b) No Esforço Estático – postura exigida, estimativa de duração da atividade específica e sua


frequência.

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VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios
cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia.

Art.2º - O Fisioterapeuta no âmbito da sua atividade profissional está qualificado e


habilitado para prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada.

(Resolução COFFITO nº 4259/2003. Grifos nossos)

Sendo assim, o Fisioterapeuta, no âmbito de sua atuação, realiza: o diagnóstico


cinesiológico funcional, a análise e quantificação das capacidades e incapacidades
funcionais do individuo, sejam transitórias ou definitivas e a análise do Nexo de
causalidade entre uma doença e o acidente sofrido ou as condições ergonômicas em que o
indivíduo esteve submetido.

Portanto, quando a doença já tiver sido diagnosticada e claramente comprovada nos


autos, e a dúvida remanescente for sobre o nexo causal e/ou a capacidade ou
incapacidade funcional residual, que a doença está provocando no periciado, esta perícia
deve preferivelmente ser realizada por um profissional Fisioterapeuta.

Este tem sido o entendimento maciço dos Tribunais Regionais do Trabalho, inclusive com
publicação de súmulas que VALIDAM as perícias realizadas por Fisioterapeutas, seguindo o
entendimento também já sedimentado do Tribunal Superior do Trabalho, tudo isso você verá mais
adiante ainda neste capítulo.

Por fim, o profissional Fisioterapeuta é reconhecidamente competente para atuar


como Perito Judicial e Assistente Técnico Judicial, realizando perícias técnicas judiciais
para investigação de nexo de causalidade, capacidade e incapacidade funcional, extensão
do dano e condições ergonômicas de trabalho, conforme a Constituição Federal4, Decreto-lei
938/19692, Código de Processo Civil1, resoluções COFFITO 259/20036, 466/20163, maciça
jurisprudência do TST 7 e súmulas já editadas por diversos TRTs.

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Súmulas sobre Perícias Fisioterapêuticas

Diversos Tribunais Regionais do Trabalho já uniformizaram o


entendimento de que é VÁLIDO o laudo pericial elaborado por Uma súmula é um
profissional Fisioterapeuta para análise do Nexo de Causalidade resumo da jurisprudência
bem como avaliar a extensão do dano sofrido pelo trabalhador, sobre certo assunto. Os
conforme súmulas transcritas abaixo. tribunais podem decidir
por elaborarem-na com a
Mas é importante salientar que se o Tribunal Regional do
finalidade de orientar.8
Trabalho do seu estado não possuir uma súmula como estas, não
significa que você Fisioterapeuta não possa ser Perito Judicial. Isso
porque, conforme vimos no tópico anterior, as leis conferem aos Fisioterapeutas esta
competência legal. Neste caso, as súmulas destes tribunais regionais somente vêm para
sedimentar ainda mais o entendimento que já está estabelecido pelas leis.

TRT 13 - SÚMULA N° 19
PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA. REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS JUDICIAIS.
POSSIBILIDADE.
Resguardadas as atividades próprias e específicas do médico, como a de
diagnosticar doenças, o profissional fisioterapeuta pode realizar perícias
judiciais, com os seguintes objetivos: a) estabelecer se existe relação de causa
e efeito entre o trabalho na empresa reclamada e o acometimento ou
agravamento da doença do trabalhador, previamente diagnosticada; e/ou b)
indicar o grau de capacidade ou incapacidade funcional, com vistas a apontar
competências ou incompetências laborais (transitórias ou definitivas),
mudanças ou adaptações nas funcionalidades (transitórias ou definitivas) e seus
efeitos no desempenho laboral.
Precedente IUJ – Processo 0018900-58.2014.5.13.0000

TRT19 – SÚMULA Nº 6
LAUDO PERICIAL. DOENÇA OCUPACIONAL. ELABORAÇÃO POR
FISIOTERAPEUTA. VALIDADE. Não há óbice a que o fisioterapeuta,
devidamente registrado no conselho de classe, atuando como auxiliar do Juízo,
examine as condições fáticas em que prestado o trabalho, de modo a identificar

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

possível nexo de causalidade, desde que seja diagnosticada a enfermidade por


documentação médica.

TRT 6 - SÚMULA Nº 27
PERÍCIA TÉCNICA. FISIOTERAPEUTA. VALIDADE.
É válido o laudo pericial elaborado por fisioterapeuta para estabelecer o nexo de
causalidade entre o quadro patológico e a atividade laboral, bem assim a
extensão do dano, desde que precedido de diagnóstico médico.
Precedente IUJ – Processo 0000430-37.2015.5.06.0000

TRT 20 – UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA


“Admitir o presente incidente de uniformização de jurisprudência e, por maioria,
unificar a Jurisprudência deste E. Tribunal, no sentido definido pela sua 1ª
Turma, ou seja, de que o profissional Fisioterapeuta pode realizar perícia,
exclusivamente de LER/DORT.”

Jurisprudências do TST que validam os Laudos Periciais elaborados por Fisioterapeutas

RECURSO DE REVISTA. 2. NULIDADE. PERÍCIA REALIZADA POR FISIOTERAPEUTA.


DOENÇA OCUPACIONAL. NÃO CONHECIMENTO. O artigo 156, § 5º, do NCPC estabelece
que, quando a prova dos fatos alegados nos autos depender de conhecimento técnico ou
científico, o juiz será assistido por perito inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, ou, na
falta deste, por profissional ou órgão técnico ou científico que detenha conhecimento necessário à
realização da perícia, a ser escolhido livremente pelo magistrado. Assim, como se observa, não
há qualquer vedação legal para que a perícia seja realizada por profissional especializado em
fisioterapia, desde que seja comprovadamente detentor do conhecimento necessário.
Precedentes. Recurso de revista de que não se conhece.
(22/05/2019 - CAPUTO BASTOS Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-RR-
8413.2011.5.20.0003)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO
POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. 2. NULIDADE
DA PERÍCIA REALIZADA. NÃO CONFIGURAÇÃO. LAUDO CONCLUSIVO ELABORADO
POR FISIOTERAPEUTA. POSSIBILIDADE. O art. 145, § 1º, do CPC/73 (atual art. 156, § 1º, do
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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

CPC/2015) não exige que o auxiliar do Juízo tenha, necessariamente, formação específica na
matéria que constitui objeto da perícia, bastando que ele possua o conhecimento técnico ou
científico indispensável à prova do fato e que seja escolhido entre profissionais de nível
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, o que foi observado pelo
Juízo. Verifica-se, dos elementos dos autos, que, no caso concreto, a questão a ser apurada pelo
perito se relaciona a problemas de ordem ortopédica. Inclui-se, na área da fisioterapia, o estudo
e diagnóstico, entre outros, de disfunções em órgãos e sistemas do corpo humano. Portanto a
investigação do problema clínico da Reclamante está circunscrito no âmbito da atuação científica
do profissional fisioterapeuta especializado. Pontue-se que não consta qualquer informação que
desabone a idoneidade do profissional que elaborou o laudo pericial. Em face desses elementos,
deve prevalecer a perícia judicial realizada para apuração dos fatos relacionados ao problema de
saúde relatado pela Reclamante. Julgados desta Corte. Agravo de instrumento desprovido.
(25/04/2018 - MAURICIO GODINHO DELGADO Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-AIRR-
1883-87.2013.5.07.0007)

RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DA PERÍCIA REALIZADA. NÃO CONFIGURAÇÃO.


LAUDO CONCLUSIVO ELABORADO POR FISIOTERAPEUTA. POSSIBILIDADE. O art. 145, §
1º, do CPC/73 (atual art. 156, § 1º, do CPC/2015) não exige que o auxiliar do Juízo tenha,
necessariamente, formação específica na matéria que constitui objeto da perícia, bastando que
ele possua o conhecimento técnico ou científico indispensável à prova do fato e que seja
escolhido entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe
competente, o que foi plenamente observado. Verifica-se, dos elementos dos autos, que, no caso
concreto, a questão a ser apurada pelo perito se relaciona a uma queda sofrida pelo obreiro, o
que teria lhe ocasionado um problema no joelho direito. Inclui-se, na área da fisioterapia, o estudo
e diagnóstico, entre outros, de disfunções relacionadas a traumas sofridos em órgãos e sistemas
do corpo humano. Portanto a investigação do problema clínico do Reclamante está circunscrito
no âmbito da atuação científica do profissional fisioterapeuta especializado. Pontue-se que não
consta qualquer informação que desabone a idoneidade do profissional que elaborou o laudo
pericial. Ademais, nenhuma das partes se insurgiu contra o ato do Juiz de 1º grau, que deliberou
sobre a realização da perícia por fisioterapeuta e nomeou o técnico entre profissionais da
confiança do Juízo. Naturalmente que o fisioterapeuta não tem aptidão para lavrar laudo pericial
sobre disfunções e doenças da pessoa humanas situadas fora do âmbito de sua formação
Professional específica, porém ostenta, sim, essa aptidão para casos como o destes autos.
Julgados desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
(25/04/2018 - MAURICIO GODINHO DELGADO Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-RR-
49500-18.2013.5.13.0026)

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMADA. 1. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE DA PERÍCIA REALIZADA POR
FISIOTERAPEUTA. O acórdão regional foi prolatado em consonância com a jurisprudência deste
Tribunal Superior do Trabalho, no sentido de que não há óbice legal à realização da perícia por

17
Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

profissional especializado em fisioterapia, desde que seja comprovadamente detentor do


conhecimento necessário. Agravo de instrumento conhecido e não provido.
(13/12/2017 - DORA MARIA DA COSTA Ministra Relatora - PROCESSO Nº TST-AIRR-1397-
20.2014.5.02.0262)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. 2. NULIDADE DA
PERÍCIA REALIZADA. NÃO CONFIGURAÇÃO. LAUDO CONCLUSIVO ELABORADO POR
FISIOTERAPEUTA. POSSIBILIDADE. 3. HONORÁRIOS PERICIAIS. SUCUMBÊNCIA NA
PRETENSÃO DO OBJETO DAS PERÍCIAS. A circunstância de a perita não ser médica não
favorece o Autor, uma vez que o art. 145 do CPC não exige que o auxiliar do juízo tenha,
necessariamente, formação específica na matéria que constitui objeto da perícia, bastando que
ele possua o conhecimento técnico ou científico indispensável à prova do fato e que seja
escolhido entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe
competente, o que foi plenamente observado. Julgados. Agravo de instrumento desprovido.
(22/11/2017 - MINISTRO RELATOR MAURICIO GODINHO DELGADO - PROCESSO Nº TST-
AIRR-37-89.2010.5.02.0262)

ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO LAUDO PERICIAL - PERÍCIA MÉDICA - PERITO


FISIOTERAPEUTA - PRECLUSÃO Não há como afastar um dos fundamentos suficientes à
manutenção do acórdão recorrido, atinente à preclusão da arguição de nulidade do laudo pericial,
pois o Recurso de Revista, no particular, não cumpre o requisito do art. 896, § 1º-A, I, da CLT,
nem observa a fundamentação vinculada exigida pelo art. 896 da CLT.
(22/11/2017 - MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI Ministra Relatora - PROCESSO Nº TST-
ARR-552-77.2012.5.05.0131)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA


LEI Nº 13.015/2014. DOENÇA OCUPACIONAL. NULIDADE DO LAUDO TÉCNICO
REALIZADO POR FISIOTERAPEUTA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 195 DA CLT E DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. NÃO OCORRÊNCIA. I – Constata-se que, ao decidir “que a profissional
fisioterapeuta pode realizar perícia de LER/DORT”, validando o laudo realizado na origem, o
acórdão recorrido está em consonância com o entendimento consolidado por esta Corte no
sentido de que, para se aferir eventual culpa do empregador na moléstia ocupacional adquirida
pelo empregado, não há exigência legal de que o laudo pericial seja realizado por médico do
trabalho para sua validade, podendo ser elaborado por fisioterapeuta. Precedentes. II - Com isso,
o recurso de revista não logra conhecimento, quer a guisa de violação legal, quer de dissenso
pretoriano, a teor do artigo 896, § 7º, da CLT, pelo qual os precedentes desta Corte foram
erigidos à condição de requisitos negativos de admissibilidade do apelo. III – Recurso de revista
não conhecido.

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

(08/11/2017 - ROBERTO NOBREGA DE ALMEIDA FILHO Desembargador Convocado Relator -


PROCESSO Nº TST-RR-1191-37.2013.5.20.0004)

RECURSO DE REVISTA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DOS PEDIDOS


DE SUBSTITUIÇÃO DO PERITO E REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIA. DOENÇA
OCUPACIONAL CONSTATADA. 1. Cinge-se a controvérsia a verificar se há óbice à elaboração
de laudo pericial por profissional de saúde, fisioterapeuta, para avaliação de nexo de causalidade
entre LER/DORT e o trabalho desempenhado pela reclamante. 2. Como se infere do artigo 145
do Código de Processo Civil de 1973, o juiz escolherá o expert dentre profissionais de nível
universitário inscrito no órgão de classe, e desde que seja especialista na matéria sobre a qual
deverá opinar. 3. Não há falar em nulidade do julgado que teve como único objetivo avaliar o nexo
de causalidade entre LER/DORT e o trabalho desempenhado pela obreira. Verifica-se que a
atividade desenvolvida pelo perito que elaborou o laudo ora impugnado relaciona-se diretamente
à habilitação do referido profissional, mormente considerando que o fisioterapeuta está apto à
emissão de laudo pericial envolvendo doença ocupacional correlata ao ambiente ergonômico do
trabalho (Decreto-Lei nº 938/1969 e Lei Federal n.º 6.316/1975 c/c as Resoluções do Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional n.º 318/2010, n.º 259/2003 e n.º 80/1997). 4.
Recurso de Revista não conhecido.
(11/10/2017 - LELIO BENTES CORRÊA Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-RR-1729700-
17.2004.5.09.0011)

B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA PERÍCIA REALIZADA POR FISIOTERAPEUTA.


A jurisprudência desta Corte é a de que não há óbice legal à realização da perícia por profissional
especializado em fisioterapia, desde que seja comprovadamente detentor do conhecimento
necessário. Recurso de revista não conhecido.
(28/06/2017 - DORA MARIA DA COSTA Ministra Relatora - PROCESSO Nº TST-RR-102-
29.2015.5.19.0006)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES


DA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. Em que pese a CLT dispor
que os recursos serão interpostos por simples petição, também atribui ao recurso de revista
natureza extraordinário, com pressupostos rígidos de cunho formal, entre os quais, a indicação
expressa do dispositivo de lei ou da Constituição literalmente violados ou das divergências
jurisprudenciais havidas em relação à decisão impugnada, cuja inobservância enseja o seu
inevitável não conhecimento. Agravo a que se nega provimento. NULIDADE DO LAUDO
PERICIAL. FISIOTERAPEUTA. Esta Corte já sedimentou o entendimento de que não há
qualquer vedação legal para que a perícia seja realizada por profissional especializado em
fisioterapia, desde que seja comprovadamente detentor do conhecimento necessário. Agravo a
que se nega provimento.
(10/05/2017 - MARIA HELENA MALLMANN MINISTRA RELATORA - PROCESSO Nº TST-Ag-
AIRR-62800-84.2012.5.13.0025)

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA


LEI Nº 13.015/14 – PERÍCIA TÉCNICA. LAUDO ELABORADO POR FISIOTERAPEUTA.
PRECLUSÃO PARA A RECUSA DO PERITO. ART. 896, § 1º-A, III, DA CLT. Nega-se
provimento ao agravo de instrumento que não logra desconstituir os fundamentos da decisão que
denegou seguimento ao recurso de revista. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(29/03/2017 - MÁRCIO EURICO VITRAL AMARO Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-AIRR-
399-25.2013.5.02.0444)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE.


CERCEAMENTO DE DEFESA. LAUDO PERICIAL ELABORADO POR FISIOTERAPEUTA.
INDEFERIMENTO DA REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIA POR MÉDICO. VIOLAÇÃO DO
ARTIGO 5º INCISO LV, DA CONSTITUIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. I – Nos termos do artigo 370
Do CPC de 2015, cabe ao magistrado. Determinar quais as provas necessárias À instrução do
processo, indeferindo as diligências que considere inúteis à Elucidação dos fatos submetidos a
Juízo, por conta do princípio Da. Persuasão racional de que cuida o artigo 371 do CPC de 2015. II
- É evidente que Convém ao julgador somente dispensar a Produção de provas se, a título.
Exemplificativo, já estiver convencido. Pelo conjunto probatório apresentado, Se a matéria fática
não for Controvertida ou mesmo se a questão for Somente de direito. III - Com efeito, na.
Hipótese dos autos, o Tribunal a quo rejeitou a preliminar de nulidade do Laudo pericial, a
despeito de não ter sido elaborado por um médico, por entender que, de acordo com a Súmula
nº. 19 do TRT da 13ª Região, o profissional Fisioterapeuta pode realizar Determinadas perícias
judiciais. IV – Diante do contexto factual firmado no Acórdão regional de que, ao realizar apenas a
avaliação da capacidade física Do autor e dos riscos a que esteve Submetido no exercício de
suas atividades profissionais, a fim de averiguar o nexo de causalidade entre a moléstia contraída
pelo autor e as atividades laborais por ele executadas, a perita desempenhou suas tarefas dentro
de sua área de atuação, insuscetível de reexame em sede de recurso de revista, a teor da
Súmula nº. 126/TST sobressai à certeza de que o indeferimento de nova perícia não causou
prejuízo à agravante nem violação literal e direta do artigo 5º, inciso LV, do Texto Constitucional,
nos termos do artigo 896, alínea “c”, da CLT. V - Cumpre salientar que, tal como o TRT da 13ª
Região, esta Corte Superior tem entendido que o profissional de Fisioterapia também detém
capacidade suficiente para constatar a existência de nexo de causalidade entre a moléstia
adquirida pelo trabalhador e as atividades por ele desenvolvidas. Precedentes. VI - Agravo de
instrumento A que se nega provimento.
(08/03/2017 - MINISTRO RELATOR BARROS LEVENHAGEN - PROCESSO Nº TST-AIRR-
130696-70.2014.5.13.0027)

PRELIMINAR DE NULIDADE. PERÍCIA REALIZADA POR FISIOTERAPEUTA. NÃO


CONHECIMENTO. Este Tribunal Superior têm firme jurisprudência no sentido de que o
profissional de fisioterapia possui a expertise necessária para constatar a existência de nexo de
causalidade entre a moléstia que aflige a empregada (LER/DORT) e as atividades por ela
desenvolvidas na empresa. Precedentes.
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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

(TST-ARR-398-53.2011.5.06.0006. 5ª Turma. CAPUTO BASTOS Ministro Relator. Data da


publicação: 26/10/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE. PERÍCIA REALIZADA


POR FISIOTERAPEUTA. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade a ser declarada. A Resolução
259/2003 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia ocupacional prevê que ao fisioterapeuta
do trabalho compete estabelecer o nexo causal e emitir parecer técnico para os distúrbios
funcionais.

(TST-AIRR-36500-91.2008.5.06.0002. 3ª turma TST. Relatora Des. VANIA MARIA DA ROCHA


ABENSUR. Data de Publicação: 24/08/2015.)

O que é necessário para o Fisioterapeuta se tornar um Perito Judicial?

Diferente do que muitos pensam, não é necessário realizar concurso público para se tornar
perito da justiça.

A lei determina que o exercício da função de perito deva ser realizada por profissional
legalmente habilitado e que esteja inscrito no cadastro mantido pelo tribunal no qual o juiz é
vinculado.1

Nós já vimos nos itens anteriores, que o Fisioterapeuta é um profissional legalmente


habilitado para esta função, conforme competência prevista no artigo 5º da lei 938/19695.
Considerando que a profissão da Fisioterapia é uma profissão generalista, ou seja, todo
Fisioterapeuta possui habilitação legal para exercer qualquer fazer dentro da profissão, todos os
Fisioterapeutas possuem habilitação legal para exercer a função de perito judicial.

No entanto, é importante frisar que habilitação legal é diferente de competência técnica.


Embora todos os Fisioterapeutas possuam habilitação legal, é necessário realizar profundo
estudo e preparo técnico-científico para se alcançar a capacitação técnica necessária para um
bom desempenho profissional em perícias.

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

A qualificação técnica específica em Perícias Judiciais é exigida pelos tribunais no


momento do cadastro, além de existir na lei previsão de punição ao perito que prestar um mau
serviço.

Por isso, o investimento em cursos específicos na área é fundamental para quem deseja
ingressar na carreira forense e desempenhar um trabalho de qualidade durante o exercício desta
função que é tão importante e de tamanha responsabilidade.

Pois na atividade de perito e assistente técnico judicial não basta somente o conhecimento
técnico em Fisioterapia, mas também é necessário conhecimento específico das perícias
judiciais, incluindo o conhecimento de leis e NRs.

Depois de realizado o cadastro no tribunal no qual o fisioterapeuta deseja trabalhar, é


recomendável visitar os juízes para se apresentar e na ocasião entregar uma versão resumida do
seu currículo profissional, para que o juiz lembre-se de você quando for nomear um perito.

A Dinâmica Pericial

Ao se deparar com um caso em que seja necessário o conhecimento técnico de um perito,


o juiz responsável realizará a nomeação de um profissional disponível no cadastro do tribunal.

O perito receberá, geralmente através de e-mail, uma notificação informando sobre a sua
nomeação e deverá peticionar no processo informando o aceite ou a recusa.

As partes também serão notificadas sobre a nomeação do perito, podendo no prazo de 15


dias, recusar o perito alegando impedimento ou suspeição, apresentar quesitos para o perito
responder e indicar os seus assistentes técnicos.

Caso o juiz aceite a alegação de impedimento ou suspeição, outro perito será nomeado.

Então o perito realizará o agendamento da perícia informando a data, hora e local, com
notificação para ciência das partes com antecedência mínima de 5 dias.

A perícia ocorrerá no dia agendado e o perito deve permitir aos assistentes técnicos
acesso às diligências periciais.

22
Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

O perito então deve protocolar o seu laudo pericial dentro do prazo estipulado pelo juiz no
momento da sua nomeação.

Após a apresentação do laudo pericial por parte do perito do juízo, as partes terão um novo
prazo de 15 dias, desta vez para contestar as informações apresentadas pelo perito em seu
laudo. A parte que restar descontente com o laudo, certamente irá contesta-lo e a parte que restar
satisfeita, certamente irá concordar com as conclusões periciais.

Neste momento, os assistentes técnicos poderão apresentar seus pareceres técnicos que
poderão se contrapor ao laudo pericial ou reforça-lo, e ainda, formular quesitos suplementares.

Findado o prazo de contestação ao laudo pericial, o perito é notificado para dentro de novo
prazo de 15 dias, prestar os esclarecimentos acerca do que foi contestado sobre as suas
conclusões e sobre as informações divergentes trazidas pelos assistentes técnicos em seus
pareceres e também responder aos novos quesitos formulados (quesitos suplementares).

Depois de realizadas todas estas etapas, e não restada nenhuma dúvida, os autos ficam
conclusos ao juízo que irá analisar todas as informações trazidas aos autos e tomar a sua
decisão.

É importante frisar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo decidir de forma
divergente à conclusão do perito.

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

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Aula 1 - Introdução e Legislação das Perícias Fisioterapêuticas (Parte 1 e Parte 2) + E-book -


Introdução e Legislação das Perícias Fisioterapêuticas + Prova Módulo I

MÓDULO II = Noções Jurídicas para Peritos

Aula 2 - Noções Jurídicas para Peritos (Parte 1 e Parte 2) + E-book - Noções Jurídicas para
Peritos + Prova Módulo II

MÓDULO III = Acidente de Trabalho e Benefícios Previdenciários

Aula 3 - Acidente do Trabalho e Benefícios Previdenciários (Parte 1 e Parte 2) + E-book -


Acidente de Trabalho e Benefícios Previdenciários + Prova Módulo III

MÓDULO IV = LER/DORT e Biomecânica 1

Aula 4 - LER/DORT e Biomecânica Ocupacional 1 (Parte 1 e Parte 2) + E-book - LER/DORT e


Biomecânica Ocupacional 1 + Prova Módulo IV

MÓDULO V = LER/DORT e Biomecânica 2

Aula 5 - LER/DORT e Biomecânica Ocupacional 2 + E-book - LER/DORT e Biomecânica


Ocupacional 2 + Prova Módulo V

MÓDULO VI = Nexo de Causalidade e o Exame Pericial

Aula 6 - Nexo de Causalidade e o Exame Pericial (Parte 1 e Parte 2) + E-book - Nexo de


Causalidade e o Exame Pericial + MODELO UNAP de Laudo Pericial + MODELO UNAP de
Petição + Prova Módulo VI

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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues

MÓDULO VII = Avaliação Funcional e Exame Clínico

Aula 7 - Avaliação Funcional e Exame Clínico (Parte 1 e Parte 2) + E-book - Avaliação Funcional
e Exame Clínico (Inclui testes clínicos) + Prova Módulo VII

MÓDULO EXTRA = Fotogrametria

Aula Extra – Fotogrametria (Parte 1 e Parte 2) + Programa para análise de fotogrametria +


Material para treinamento da técnica + Prova Módulo EXTRA

MÓDULO VIII = Perícia Ergonômica

Aula 8 - Perícia Ergonômica (Parte 1 e Parte 2) + 6 Ferramentas ergonômicas exclusivas da


UNAP + Prova Módulo VIII

MÓDULO IX = Exemplos Práticos de Perícias

Aula 9 - Exemplos Práticos de Perícias Judiciais (Parte 1 e Parte 2)

MÓDULO X = PJE e Como se Inserir no Mercado de Trabalho

Aula 10 - PJE e Como se inserir no Mercado de Trabalho

Referências Bibliográficas

1. BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO - CPC. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO


DE 2015.
2. Associação Brasileira de Perícias Fisioterapêuticas – ABRAPEFI. Estatuto Social, 2017.
3. COFFITO. Resolução N° 466 de 20 de Maio de 2016. Dispõe sobre a perícia fisioterapêutica e a
atuação do perito e do assistente técnico e dá outras providências.
4. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.
5. BRASIL. DECRETO-LEI Nº 938, DE 13 DE OUTUBRO DE 1969.

6. COFFITO. RESOLUÇÃO N.º 259, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2003.. Dispõe sobre a Fisioterapia do


Trabalho e dá outras providências.

7. Jurisprudências do Tribunal Superior do Trabalho – TST. PALAVRAS CHAVE: “Perícia”,


“Fisioterapeuta”.
8. ABDIAS, DANIEL. Jurisprudência, Súmula e Súmula Vinculante. 2016.
https://abdiaszz.jusbrasil.com.br/artigos/374385622/jurisprudencia-sumula-e-sumula-vinculante

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