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Prezado leitor,
Sobre a autora:
2020
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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues
Sumário
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Introdução à Perícia Judicial Fisioterapêutica por Rebeka Borba Gil Rodrigues
A perícia é uma das provas mais importantes dentro de um processo judicial. Sempre que
o julgamento depender de um conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por um
perito1, que tem como função fornecer ao magistrado informações técnicas sobre a situação que
está em análise no processo.
A lei não determina a profissão do perito, não faz reserva de mercado para uma ou outra
profissão. Cabe ao magistrado escolher o melhor profissional a lhe assistir em cada caso.
Quando uma pessoa jurídica (órgão técnico ou científico) é nomeada para realização de
uma perícia, esta deve informar nos autos do processo qual profissional (pessoa física) vai de fato
conduzir os trabalhos periciais.
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O perito deve ser imparcial e equidistante às partes, e por isso, o perito está sujeito a
impedimento ou suspeição.
O Perito Judicial deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades com
imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou ocorrendo uma das seguintes
situações1:
II. Tiver atuado como Assistente Técnico ou prestado depoimento como testemunha no
processo;
III. Tiver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral
até o terceiro grau, postulando no processo ou entidades da qual esses façam parte
de seu quadro societário ou de direção;
IV. Tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, seu cônjuge ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro
grau, no resultado do trabalho pericial;
VI. Tiver mantido, nos últimos cinco anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus
procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador
assalariado;
VII. Tiver atuado, pessoalmente, como advogado de uma das partes ou de algum de
seus procuradores.
II. Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III. Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
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O perito poderá declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.
Nas situações previstas acima, o Perito deve escusar-se ou ser recusado do encargo por
impedimento ou suspeição. Nestes casos o juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a
impugnação feita pela parte, nomeará um novo perito.
A lei diz que os assistentes técnicos são profissionais de confiança das partes e não estão
sujeitos a impedimento ou suspeição1.
As partes têm o direito de indicar peritos assistentes, no entanto isso não é um dever. Elas
não são obrigadas a contratar assistentes técnicos, mas é altamente recomendado que o faça.
decisão final baseado no parecer do Assistente Técnico ou qualquer outra prova que esteja
anexada aos autos do processo.
Tanto o Perito quanto os Assistentes têm o direito de colher depoimentos, ter acesso a
documentos públicos ou privados, ilustrar seus laudos com fotografias, planilhas e tudo mais que
julgarem necessário para o bom exercício das suas funções.
Devendo ainda, o perito conceder aos assistentes acesso a todas as diligências que
realizar e com comunicação prévia de pelo menos 5 dias de antecedência.
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II- Perícia Judicial, em geral, constitui a análise das capacidades e incapacidades funcionais
do indivíduo, bem como, o nexo com o trabalho ou acidente, atendendo a demandas judicias
de qualquer natureza.
III- Perícia Judicial do Trabalho é o tipo mais comum de Perícias judiciais e onde existe maior
demanda por peritos Fisioterapeutas.
É a análise do litígio, de natureza laboral, referente ao estabelecimento ou não do nexo
causal, para tanto, no campo da atuação profissional, é dividida em Perícia de Capacidade
Funcional e Perícia Ergonômica. A Perícia de Capacidade Funcional envolve o exame físico
do periciado no objetivo de qualificar e quantificar sua capacidade ou incapacidade funcional
residual. A perícia ergonômica é a análise dos aspectos do trabalho, utilizando metodologia
científica própria e consagrada na literatura atualizada e as normas e leis do trabalho
vigentes.
IV- Perícia Previdenciária pode ser administrativa no INSS ou judicial, quando o indivíduo
descontente com a decisão do INSS sobre a concessão do seu benefício previdenciário,
ingressa com ação contra o órgão previdenciário. Em geral é a análise da incapacidade
funcional do indivíduo, mas nesse tipo de perícia, também pode haver análise sobre o nexo
laboral, caso esteja sendo discutido no processo acidente de trabalho ou doença
ocupacional.
V- Perícia Securitária também pode ser administrativa, dentro das empresas de seguro ou
judiciais, quando a discussão vai parar na justiça. Esse tipo de perícia trata das
incapacidades funcionais decorrentes de acidentes, sequelas e desfecho de doenças
multifatoriais que acometem o ser humano.
VI- Perícia para Pessoas com Deficiências pode estar presente em vários contextos distintos.
Seja, a perícia para caracterização de deficiência física, seja a perícia de pessoa com
deficiência inserida no contexto laboral, previdenciário ou securitário.
Em geral é a análise da capacidade e incapacidade funcional do indivíduo para atividades
laborais, processos administrativos para fins de isenção e redução fiscal e benefícios em
geral.
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Primeiramente é importante frisar que as perícias que ocorrem no meio judicial, tratam-se
de PERÍCIAS TÉCNICAS JUDICIAIS, pois a lei determina a realização de Perícia Técnica, e não
determina, de forma alguma, que esta deva ser médica, ou fisioterapêutica, ou fonoaudiológica,
ou psicológica e etc. cabendo ao juiz escolher o melhor profissional a lhe assessorar em cada
caso. Nós estudaremos isso melhor no próximo tópico.
Por tanto, quando a doença já tiver sido diagnosticada e claramente comprovada nos
autos, e a dúvida remanescente for sobre o nexo causal e/ou a incapacidade funcional, a
perícia deve ser realizada por um profissional Fisioterapeuta.
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Artigo 5º. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
(Grifos nossos)
Portanto, não restam dúvidas que a lei que regulamenta a profissão estabelece a
competência para o Fisioterapeuta atuar como Perito Judicial ou Assistente Técnico
assessorando tecnicamente órgãos públicos ou privados, atendendo a norma legal constitucional,
sendo direito do Fisioterapeuta o seu livre exercício profissional.
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Art. 5º. III- O Fisioterapeuta não pode, em nenhuma circunstância, ou sob nenhum pretexto,
renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que
possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho;
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico.
Em relação aos Assistentes Técnicos, o CPC1 também não faz restrição de natureza
profissional, sendo estes escolhidos profissionais de confiança das partes, não havendo
previsão legal acerca de sua recusa.
Art. 466. §1º - Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a
impedimento ou suspeição.
§2º - O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento
das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos,
com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. (Grifos nossos. Novo CPC)
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Como também, é garantido por lei o acesso integral dos Assistentes das partes às
diligências e exames praticados pelo perito do juízo, não cabendo impedimento ou
suspeição1. Portanto, não cabe ao perito do juiz aceitar ou recusar os assistentes técnicos
das partes.
Por sua vez, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO possui
diversas resoluções que tratam desta competência, destacamos a de nº 466/2016 3, que exacerba
esse entendimento:
Art. 3º Para efeito desta Resolução, considera-se perícia fisioterapêutica e assistência técnica, de
acordo com as áreas de atuação:
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VI- Perícia para Pessoas com Deficiências é a análise da capacidade e incapacidade funcional
do indivíduo para atividades laborais, processos administrativos para fins de isenção e redução
fiscal e benefícios em geral;
Outra importante norma redigida pelo COFFITO que regulamenta a atividade de Perícia pelo
Fisioterapeuta é a de N° 259 de 20037 que estabelece:
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VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios
cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia.
Este tem sido o entendimento maciço dos Tribunais Regionais do Trabalho, inclusive com
publicação de súmulas que VALIDAM as perícias realizadas por Fisioterapeutas, seguindo o
entendimento também já sedimentado do Tribunal Superior do Trabalho, tudo isso você verá mais
adiante ainda neste capítulo.
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TRT 13 - SÚMULA N° 19
PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA. REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS JUDICIAIS.
POSSIBILIDADE.
Resguardadas as atividades próprias e específicas do médico, como a de
diagnosticar doenças, o profissional fisioterapeuta pode realizar perícias
judiciais, com os seguintes objetivos: a) estabelecer se existe relação de causa
e efeito entre o trabalho na empresa reclamada e o acometimento ou
agravamento da doença do trabalhador, previamente diagnosticada; e/ou b)
indicar o grau de capacidade ou incapacidade funcional, com vistas a apontar
competências ou incompetências laborais (transitórias ou definitivas),
mudanças ou adaptações nas funcionalidades (transitórias ou definitivas) e seus
efeitos no desempenho laboral.
Precedente IUJ – Processo 0018900-58.2014.5.13.0000
TRT19 – SÚMULA Nº 6
LAUDO PERICIAL. DOENÇA OCUPACIONAL. ELABORAÇÃO POR
FISIOTERAPEUTA. VALIDADE. Não há óbice a que o fisioterapeuta,
devidamente registrado no conselho de classe, atuando como auxiliar do Juízo,
examine as condições fáticas em que prestado o trabalho, de modo a identificar
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TRT 6 - SÚMULA Nº 27
PERÍCIA TÉCNICA. FISIOTERAPEUTA. VALIDADE.
É válido o laudo pericial elaborado por fisioterapeuta para estabelecer o nexo de
causalidade entre o quadro patológico e a atividade laboral, bem assim a
extensão do dano, desde que precedido de diagnóstico médico.
Precedente IUJ – Processo 0000430-37.2015.5.06.0000
CPC/2015) não exige que o auxiliar do Juízo tenha, necessariamente, formação específica na
matéria que constitui objeto da perícia, bastando que ele possua o conhecimento técnico ou
científico indispensável à prova do fato e que seja escolhido entre profissionais de nível
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, o que foi observado pelo
Juízo. Verifica-se, dos elementos dos autos, que, no caso concreto, a questão a ser apurada pelo
perito se relaciona a problemas de ordem ortopédica. Inclui-se, na área da fisioterapia, o estudo
e diagnóstico, entre outros, de disfunções em órgãos e sistemas do corpo humano. Portanto a
investigação do problema clínico da Reclamante está circunscrito no âmbito da atuação científica
do profissional fisioterapeuta especializado. Pontue-se que não consta qualquer informação que
desabone a idoneidade do profissional que elaborou o laudo pericial. Em face desses elementos,
deve prevalecer a perícia judicial realizada para apuração dos fatos relacionados ao problema de
saúde relatado pela Reclamante. Julgados desta Corte. Agravo de instrumento desprovido.
(25/04/2018 - MAURICIO GODINHO DELGADO Ministro Relator - PROCESSO Nº TST-AIRR-
1883-87.2013.5.07.0007)
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Diferente do que muitos pensam, não é necessário realizar concurso público para se tornar
perito da justiça.
A lei determina que o exercício da função de perito deva ser realizada por profissional
legalmente habilitado e que esteja inscrito no cadastro mantido pelo tribunal no qual o juiz é
vinculado.1
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Por isso, o investimento em cursos específicos na área é fundamental para quem deseja
ingressar na carreira forense e desempenhar um trabalho de qualidade durante o exercício desta
função que é tão importante e de tamanha responsabilidade.
Pois na atividade de perito e assistente técnico judicial não basta somente o conhecimento
técnico em Fisioterapia, mas também é necessário conhecimento específico das perícias
judiciais, incluindo o conhecimento de leis e NRs.
A Dinâmica Pericial
O perito receberá, geralmente através de e-mail, uma notificação informando sobre a sua
nomeação e deverá peticionar no processo informando o aceite ou a recusa.
Caso o juiz aceite a alegação de impedimento ou suspeição, outro perito será nomeado.
Então o perito realizará o agendamento da perícia informando a data, hora e local, com
notificação para ciência das partes com antecedência mínima de 5 dias.
A perícia ocorrerá no dia agendado e o perito deve permitir aos assistentes técnicos
acesso às diligências periciais.
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O perito então deve protocolar o seu laudo pericial dentro do prazo estipulado pelo juiz no
momento da sua nomeação.
Após a apresentação do laudo pericial por parte do perito do juízo, as partes terão um novo
prazo de 15 dias, desta vez para contestar as informações apresentadas pelo perito em seu
laudo. A parte que restar descontente com o laudo, certamente irá contesta-lo e a parte que restar
satisfeita, certamente irá concordar com as conclusões periciais.
Neste momento, os assistentes técnicos poderão apresentar seus pareceres técnicos que
poderão se contrapor ao laudo pericial ou reforça-lo, e ainda, formular quesitos suplementares.
Findado o prazo de contestação ao laudo pericial, o perito é notificado para dentro de novo
prazo de 15 dias, prestar os esclarecimentos acerca do que foi contestado sobre as suas
conclusões e sobre as informações divergentes trazidas pelos assistentes técnicos em seus
pareceres e também responder aos novos quesitos formulados (quesitos suplementares).
Depois de realizadas todas estas etapas, e não restada nenhuma dúvida, os autos ficam
conclusos ao juízo que irá analisar todas as informações trazidas aos autos e tomar a sua
decisão.
É importante frisar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo decidir de forma
divergente à conclusão do perito.
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Peritos + Prova Módulo II
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Aula 7 - Avaliação Funcional e Exame Clínico (Parte 1 e Parte 2) + E-book - Avaliação Funcional
e Exame Clínico (Inclui testes clínicos) + Prova Módulo VII
Referências Bibliográficas
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