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| PROFISIO | FISIOTERAPIA ESPORTIVA E TRAUMATO-ORTOPÉDICA | Ciclo 6 | Volume 3 |


REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO
LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL
NO JOELHO DO ATLETA
GUSTAVO FILOCO DE REZENDE
DENIS SMITH
FILIPE ABDALLA DOS REIS

Gustavo Filoco de Rezende — Graduado em Fisioterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná


(UTP), Curitiba/PR. Pós-Graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Faculdade
Evangélica do Paraná (Fepar), Curitiba/PR. Especialista em Fisioterapia Esportiva pela Sociedade
Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe), São Paulo/SP. Mestre em Educação Física, em
Comportamento Motor, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba/PR.

Denis Smith — Graduado em Fisioterapia pela Universidade Ibirapuera (Unib), São Paulo/SP.
Pós-Graduado em Fisiologia do Exercício e Biomecânica do Esporte pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo/SP. Pós-Graduado em Traumatologia e
Fisioterapia Esportiva pela Universidade de Santo Amaro (Unisa), São Paulo/SP. Especialista em
Fisioterapia Esportiva pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe), São Paulo/SP.
Mestrando em Ciências da Reabilitação pela Universidade Nove de Julho (Uninove), São Paulo/
SP.

Filipe Abdalla dos Reis — Graduado em Fisioterapia pela Universidade Anhanguera (Uniderp),
Campo Grande/MS. Pós-Graduado em Fisioterapia Musculoesquelética pela Universidade de
Ribeirão Preto (Unaerp), Ribeirão Preto/SP. Especialista em Fisioterapia Esportiva pela Sociedade
Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe), São Paulo/SP. Mestre em Engenharia Biomédica
pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap), São José dos Campos/SP. Doutor em Saúde
e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS), Campo Grande/MS.

■■ INTRODUÇÃO
A incidência de lesão superficial do ligamento colateral medial (LCM) e de outros estabilizadores
mediais do joelho (a porção profunda do LCM e o ligamento oblíquo posterior) tem sido relatada
em 0,24 por 19 mil pessoas nos Estados Unidos em determinado ano e pode ser duas vezes mais
alta no sexo masculino (0,36).1
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Grande parte das informações sobre a anatomia, o diagnóstico e o tratamento de lesões no
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

compartimento medial do joelho é histórica. Mais recentemente, tem sido reconhecido que há
mais estudos para as estruturas do compartimento medial do joelho do que para o LCM isolado.2

Existem várias estruturas individuais importantes que fornecem a estabilidade medial do joelho, as
quais, quando lesionadas, podem resultar em limitações funcionais. Estudos anatômicos recentes
que definem os locais de fixação dessas estruturas levaram a novos avanços na compreensão da
biomecânica clinicamente relevante e de técnicas para o diagnóstico.2,3

Além disso, esses estudos anatômicos têm ajudado a desenvolver novas técnicas de reconstrução
anatômica. No geral, o aumento de conhecimento nessas áreas levou a um programa de
reabilitação mais funcional, resultando em melhoria dos resultados dos pacientes.2

Este artigo apresenta um conjunto de informações que se baseia no conhecimento da anatomia,


dos mecanismos de trauma, da avaliação estrutural e funcional, dos tipos de lesão e da abordagem
de tratamento conservador nas diferentes fases da reabilitação do LCM.

■■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

■■ conhecer a estrutura estudada e suas particularidades no que diz respeito à função no joelho;
■■ identificar e classificar a lesão do LCM através de sinais, de sintomas e de teste específico;
■■ fornecer prognóstico da lesão do LCM;
■■ realizar o programa de reabilitação e estabelecer as prioridades em cada fase do tratamento
da lesão do LCM;
■■ aplicar a progressão funcional e utilizar critérios eficazes para alta clínica e funcional do
paciente com lesão no LCM.
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■■ ESQUEMA CONCEITUAL

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Referências ósseas
Fibras superficiais do ligamento
colateral medial
Anatomia da porção medial do Fibras profundas do ligamento
joelho colateral medial
Ligamento oblíquo posterior
Tendão do adutor magno
Tendão do gastrocnêmio medial

Biomecânica do ligamento
colateral medial

Diagnóstico das lesões do


ligamento colateral medial no
atleta

Classificação das lesões do


ligamento colateral medial do
atleta

Exemplos de exercícios de
Tratamento da lesão de grau I
controle postural e estímulo
do ligamento colateral medial
sensoriomotor
Tratamento fisioterapêutico
Tratamento da lesão do
ligamento colateral medial de
graus II e III

Critérios de alta

Caso clínico

Conclusão

■■ ANATOMIA DA PORÇÃO MEDIAL DO JOELHO


O LCM é um ligamento extra-articular que apresenta estabilização primária no compartimento
medial do joelho sobre movimento em valgo e rotação tibial. A localização anatômica do LCM,
muitas vezes, gera lesões a estruturas associadas, como meniscos, cápsula articular, edema
ósseo em côndilo medial de joelho e outras estruturas, como ligamento cruzado anterior (LCA) ou
tendões dos músculos flexores.14,15,17,19,21,22,23

REFERÊNCIAS ÓSSEAS
Há três proeminências ósseas separadas ao longo da porção medial do joelho. É importante
reconhecer os locais dessas estruturas para definir a região de lesão anatômica e reparar
cirurgicamente o joelho. O epicôndilo medial é o mais distal e anterior dessas três proeminências.
O LCM superficial fixa-se ligeiramente proximal e posterior ao epicôndilo medial.
12
O tubérculo adutor é o mais proximal dos três pontos ósseos da porção medial do joelho. Ele está
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

localizado logo distal para a fixação do tendão adutor magno e paralelo ao epicôndilo medial ao
longo da diáfise femoral. O tubérculo dos gastrocnêmios é o mais distante e posterior dos três
pontos ósseos e pode ser o mais proeminente.

O tendão do músculo gastrocnêmio medial está localizado ligeiramente proximal ao tubérculo


do gastrocnêmio, enquanto o ligamento oblíquo posterior está localizado ligeiramente distal e
posterior ao tubérculo.4

FIBRAS SUPERFICIAIS DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL


As fibras superficiais do LCM são as maiores e mais importantes estruturas na face medial do
joelho. Elas têm um anexo no fêmur e dois anexos sobre a tíbia. As duas divisões das fibras
superficiais do LCM se subdividem em duas seções funcionalmente diferentes. É importante
reconhecer esses locais, pois as lesões para as diferentes subdivisões podem resultar em valgo,
em rotação externa ou em instabilidade rotatória anteromedial.3,5

O local de fixação femoral das fibras superficiais do LCM é ligeiramente proximal e posterior ao
epicôndilo medial. É importante reconhecer que não atribuem diretamente ao epicôndilo medial.
As fibras superficiais do LCM, em seguida, cursam distalmente à sua fixação tibial proximal,
localizada a pouco mais de 1cm distal à linha comum, sendo, principalmente, ligadas aos tecidos
moles.

A fixação tibial mais distal está localizada cerca de 6cm distal à linha articular, é ligada diretamente
ao osso e é o sítio de ligação mais forte do LCM. A maior parte da fixação distal das fibras
superficiais do LCM está dentro dos limites bursa pré-anserina.5

A Figura 1 mostra as fibras superficiais do LCM.

ME

sMCL
SM

Figura 1 – Feixe superficial do LCM.


Fonte: LaPrade RF; Wijdicks CA (2012).6,8
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FIBRAS PROFUNDAS DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL

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As fibras profundas do LCM não são uma estrutura distinta, mas, sim, um espessamento da
cápsula articular profunda do LCM.7 Seu local de fixação superficial no fêmur é pouco mais de 1cm
distal ao das fibras superficiais do LCM. As fibras profundas do LCM correm distalmente para fixar
o LCM ao menisco medial e, em seguida, continuam para a sua posição de fixação tibial, cerca de
3 a 4mm distal em relação à linha articular.

A Figura 2 mostra as fibras profundas do LCM.

MM
SM

Figura 2 – Fibras profundas do LCM.


Fonte: LaPrade RF; Wijdicks CA, (2012).6,8

LIGAMENTO OBLÍQUO POSTERIOR


O ligamento oblíquo posterior é uma das estruturas mais incompreendidas na região medial do
joelho. Na literatura mais antiga, o ligamento oblíquo posterior foi, muitas vezes, chamado de
porção oblíqua do LCM superficial. Tem-se observado que há vários componentes, e o mais
importante é o braço central,5,7 que é a maior e mais espessa porção do ligamento oblíquo posterior.

O braço central do ligamento oblíquo posterior é uma extensão fibrosa da porção distal do
tendão semimembranoso que reforça a cápsula articular posteromedial. Assim, o ligamento
oblíquo posterior não é uma estrutura separada, mas um espessamento da cápsula articular
posteromedial, que se estende a partir do tendão semimembranoso para a sua fixação ao fêmur,
localizado ligeiramente distal e anterior ao tubérculo do gastrocnêmio na região posteromedial do
fêmur.7

TENDÃO DO ADUTOR MAGNO


O local de fixação do tendão do adutor magno no fêmur é um importante marco cirúrgico, pois o
tendão não é frequentemente lesado e seu local de ligação pode servir como uma referência para
identificar os locais de fixação femoral do ligamento oblíquo posterior e das fibras superficiais do
LCM.
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

LEMBRAR
O tendão do adutor magno não se insere diretamente ao tubérculo adutor, mas a
uma pequena depressão óssea 3mm posterior e 2,7mm aproximadamente proximal
ao tubérculo adutor.7

TENDÃO DO GASTROCNÊMIO MEDIAL


O local de fixação femoral do tendão do músculo gastrocnêmio medial é outro marco importante
para se identificar na face medial do joelho. O tendão do músculo gastrocnêmio medial6 fixa-se
ligeiramente proximal e posterior a uma depressão óssea adjacente ao tubérculo do gastrocnêmio.

Assim, o local de fixação do tendão do gastrocnêmio medial é útil para identificar o tubérculo do
gastrocnêmio, bem como a fixação do ligamento oblíquo posterior, especialmente quando houver
uma lesão crônica ou cirurgia prévia, o que pode destruir os marcos anatômicos normais nessa
área.7

ATIVIDADES

1. Sobre as proeminências ósseas separadas ao longo da porção medial do joelho,


assinale a alternativa correta.

A) O epicôndilo medial é o mais distal e posterior das três proeminências ósseas.


B) O tubérculo adutor é o menos proximal das três proeminências ósseas da porção
medial do joelho.
C) O tendão do músculo gastrocnêmio medial está localizado ligeiramente proximal ao
tubérculo do gastrocnêmio.
D) O ligamento oblíquo posterior está localizado ligeiramente distal e anterior ao tubérculo.
Resposta no final do artigo

2. Sobre as fibras superficiais do LCM, assinale a alternativa correta.

A) São as menores, porém mais importantes estruturas na face medial do joelho.


B) Apresentam um anexo no fêmur e dois anexos sobre a tíbia.
C) O local de fixação femoral dessas fibras é ligeiramente proximal e anterior ao epicôndilo
medial.
D) A maior parte da fixação distal dessas fibras está além dos limites bursa pré-anserina.
Resposta no final do artigo
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3. Observe as afirmações sobre as fibras profundas do LCM.

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I — São um espessamento da cápsula articular profunda do LCM.
II — O local de fixação superficial dessas fibras no fêmur é pouco mais de 1cm distal ao
das fibras superficiais.
III — São uma estrutura distinta do LCM.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
Resposta no final do artigo

4. Em relação às estruturas da região medial do joelho e suas definições, correlacione


as colunas.

(1) Ligamento oblíquo posterior ( ) Não se insere de modo direto ao


(2) Tendão do adutor magno tubérculo adutor, mas a uma pequena
(3) Tendão do gastrocnêmio medial depressão óssea 3mm posterior e
2,7mm aproximadamente proximal ao
tubérculo adutor.
( ) Não é uma estrutura separada, mas
um espessamento da cápsula articular
posteromedial, que se estende a partir
do tendão semimembranoso para a
sua fixação ao fêmur.
( ) Fixa-se ligeiramente proximal e
posterior a uma depressão
óssea adjacente ao tubérculo do
gastrocnêmio; sua localização é útil
para identificação do tubérculo do
gastrocnêmio.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 2—1—3
B) 3—2—1
C) 2—3—1
D) 3—1—2
Resposta no final do artigo
16
■■ BIOMECÂNICA DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

É importante compreender a biomecânica da porção medial do joelho para interpretar corretamente


as instabilidades de movimento associadas com lesões no joelho. Além disso, a compreensão de
movimento anormal durante o exame do joelho ajuda a identificar as estruturas lesadas.

Estudos das estruturas mediais do joelho revelaram uma importante e intrincada relação entre
as estruturas capsuloligamentares do joelho medial e as forças aplicadas.9 Além disso, foi
demonstrado que as fibras superficiais do LCM têm dois componentes funcionais importantes.7

A porção mais proximal das fibras superficiais do LCM, direcionada a partir do fêmur para
o local de fixação da tíbia proximal, é importante para a estabilidade em valgo, enquanto a
divisão mais distal, com locais de fixação sobre a tíbia, é mais importante para a estabilidade
de rotação externa.3,9,10

Enquanto as fibras superficiais do LCM servem como estabilizadoras estáticas primárias, há


outras estruturas importantes que fornecem estabilidade em valgo quando as fibras superficiais do
LCM estão lesionadas (por exemplo, as divisões meniscofemorais e meniscotibial).9,10

Estudos11 também demonstraram que as estruturas mediais do joelho são importantes para
proporcionar estabilidade em rotação externa. Isso é clinicamente importante porque, em geral,
acredita-se que os pacientes com o aumento da rotação externa têm lesões de canto posterolateral;
no entanto, esses estudos têm revelado que não pode haver tanta instabilidade rotacional externa
em uma lesão da estrutura lateral do joelho como ocorre nas lesões do canto posteromedial.

O estabilizador medial primário do joelho durante a rotação externa em 30 graus de flexão é a


porção distal das fibras superficiais do LCM. Já o estabilizador secundário da rotação externa, que
é ativado quando a porção distal das fibras superficiais do LCM é lesionada, compreende a porção
proximal das fibras superficiais do LCM, a porção meniscofemoral profunda do LCM e o ligamento
oblíquo posterior.12

As estruturas mediais do joelho também fornecem estabilidade em rotação interna para o joelho.
O ligamento oblíquo posterior é importante em todos os ângulos de flexão do joelho, mas,
especialmente, na extensão completa do joelho.5

A porção meniscofemoral das fibras profundas do LCM e a porção distal das fibras superficiais
do LCM também são importantes estabilizadores da rotação interna. A porção proximal das fibras
superficiais do LCM e a porção meniscotibial das fibras profundas do LCM são estabilizadores
secundários de rotação interna.

Além da importante função de estabilização estática das estruturas mediais do joelho, um estudo
que aplicou transdutores nessas estruturas revelou importante distribuição de carga entre as fibras
superficiais do LCM e o ligamento oblíquo posterior. Esse estudo demonstrou, ainda, que as fibras
superficiais do LCM têm a maior resposta de carga para valgo aplicada e torques de rotação
externa, enquanto o ligamento oblíquo posterior experimenta a maior carga quando um torque de
rotação interna é aplicado.5
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LEMBRAR
A lesão do LCM é muito comum no âmbito esportivo, principalmente nos esportes
que apresentam contato físico e/ou com mudanças de direção, exigindo do joelho
grande mobilidade.13,14,15,16,17

Após a lesão do LCM, existe uma diminuição funcional do joelho, causando o afastamento do
atleta do esporte e necessitando do tratamento específico dessa estrutura.14,15,17,18,19,20

A fisioterapia esportiva apresenta fundamental importância no processo de recuperação e de


restauração da função perdida do joelho e do membro acometido, e, consequentemente, o retorno
do atleta ao âmbito esportivo.14,16,18,21

■■ DIAGNÓSTICO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL


NO ATLETA
Para avaliar a lesão do LCM, a história do trauma é de extrema importância, pois os detalhes são
fundamentais para o diagnóstico preciso. Além disso, deve-se correlacionar história de dor prévia
ou de lesão antiga no joelho.13,24

O mecanismo de trauma do LCM deve ser investigado para que o paciente seja capaz de
reproduzir o movimento com exatidão. A posição do joelho no momento do trauma e a direção da
força aplicada sobre ele orientam para o tipo de lesão ocorrida no LCM.13,24

A sensação de “estalo” e a impressão de que o joelho “saiu do lugar” são queixas comuns nas
lesões do LCM. Um sinal importante é o edema local que pode aparecer imediatamente ou após
algumas horas de entorse do joelho. O paciente apresenta desconforto, pequeno edema articular
e pode apresentar dificuldade na deambulação. Há dor intensa na palpação do LCM e no estresse
em valgo.13,24

Pelo teste específico de estresse em valgo com joelho fletido em torno de 30 graus, é possível
avaliar o LCM por meio da abertura medial, conforme mostra a Figura 3.
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 3 – Teste em valgo.


Fonte: Lasmar NP e colaboradores (2002).24

As limitações funcionais são fundamentais para diagnosticar uma lesão mais séria no
LCM ou uma instabilidade articular maior.24

As lesões do compartimento medial são mais comuns que as lesões do compartimento lateral,
podendo ou não estar associadas às lesões dos ligamentos cruzados. O LCM é considerado um
restritor primário contra estresse em valgo. Com o joelho em 25 graus de flexão, o LCM contribui
com 78% da resistência contra o estresse em valgo. Essa porcentagem diminui com a extensão
do joelho, pois a cápsula posteromedial e o LCA aumentam sua contribuição.24

A lesão do LCM pode ocorrer com ou sem contato e pode ser direta ou rotacional. O
mecanismo de lesão mais comum é o estresse em valgo, com o joelho em flexão, a tíbia
fixa e o fêmur rodado internamente. No futebol (esporte em que essa lesão é frequente), é
comum ocorrer a lesão com o pé não apoiado no chão, ao “dividir” a bola com o adversário,
gerando um valgo do joelho e estirando o LCM.24 O alongamento isolado do feixe superficial
do LCM é mais comum e se encontra na inserção superior do ligamento.24

A lesão alta do LCM se dá pelo seguinte mecanismo: o trauma em valgo, mais comumente do
que o trauma em rotação externa; caracteriza-se por apresentar dor intensa, distúrbio funcional
moderado e sinais inflamatórios moderados ou ausentes. A manobra em valgo é dolorosa, mas
o joelho não apresenta frouxidão. A palpação da inserção do LCM é dolorosa e a radiografia é
normal.24

A lesão baixa do LCM se dá por um mecanismo mais complexo: valgo-rotação externa ou simples
rotação externa forçada. A dor é interna, situada mais distal, e os sinais inflamatórios estão
localizados na face interna da tíbia. A rotação externa é mais dolorosa que o valgo. O joelho é
estável. À palpação, a dor se localiza na face interna da tíbia; e as radiografias são normais.24

A ruptura isolada do feixe superficial do LCM apresenta sinais funcionais mais evidentes, embora
o local das lesões e os mecanismos traumáticos sejam os mesmos. Às vezes, observa-se um
edema localizado, palpação e estresse em valgo doloroso, mas o joelho não apresenta sinais de
frouxidão, e as radiografias são normais.24
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A ruptura dos dois feixes do LCM ocorre, mais frequentemente, na parte alta; às vezes, na parte

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baixa; e, raramente, na parte mediana, mas o feixe profundo, com frequência, rompe-se na parte
mediana, sendo que o mecanismo de lesão é um movimento forçado ou apoiado de valgo-flexão-
rotação externa e, algumas vezes, de valgo puro. A dor é intensa e difusa, e o distúrbio funcional
é acentuado, o apoio é doloroso, há claudicação e derrame articular, frequentemente tardio. A
extensão completa é impossível e a flexão é limitada.

Na ruptura dos dois feixes do LCM, o valgo e a rotação externa são dolorosos, existe uma frouxidão
ligamentar em valgo na flexão, mas nos outros planos o joelho encontra-se estável. A palpação
é dolorosa ao nível dos locais lesados e as radiografias são normais ou, às vezes, mostram uma
pequena avulsão óssea.24

As tríades internas são associações das lesões periféricas internas com a ruptura de um ligamento
cruzado e são decorrentes dos mesmos mecanismos que os das rupturas dos dois feixes do LCM,
mas com maior intensidade.24

■■ CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL


MEDIAL DO ATLETA
A lesão do LCM é classificada em três graus:13,14,15,16,17,19,21,22

■■ grau I — pequeno estiramento das fibras, edema local, dor local, por vezes, leve ruptura de
suas fibras, sem incapacidade funcional. O joelho pode apresentar pequeno “bocejo” medial
de até 5mm com end-point e sensibilidade ao longo da inserção femoral ou da parte média do
LCM;
■■ grau II — estiramento das fibras, considerável dor e edema local, ruptura de mais de 50% das
fibras, diminuição de amplitude de movimento (ADM), principalmente após 30 graus de flexão.
Por vezes, pode apresentar pequena instabilidade, com “bocejo” medial de 5 a 10mm, com
end-point e sensibilidade na parte média ou na inserção femoral;
■■ grau III — ruptura completa das fibras, muitas vezes com lesões associadas, como meniscos,
LCA, edema ou avulsão óssea, considerável dor e edema local, além da incapacidade funcional.
Apresenta instabilidade, com “bocejo” medial igual a ou maior que 10mm, sem end-point e
sensibilidade na parte média, inserção femoral ou inserção distal do LCM.13,17

Para diagnóstico diferencial do grau de lesão do LCM, a radiografia pode descartar avulsões
ósseas, e a ressonância nuclear magnética (RNM) propicia condições para verificar os ligamentos
cruzados, os meniscos, a cartilagem, além de poder identificar o grau da lesão do colateral medial.

LEMBRAR
Cada classificação do grau da lesão do LCM terá uma conduta em seu tratamento,
respeitando o processo inflamatório da lesão e também a individualidade biológica
do atleta.
20
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

ATIVIDADES

5. Sobre a biomecânica do LCM, assinale a alternativa correta.

A) As estruturas mediais do joelho não interferem na estabilidade em rotação externa


do joelho.
B) O estabilizador primário da rotação externa compreende a porção proximal das fibras
superficiais do LCM.
C) O ligamento oblíquo posterior é importante em todos os ângulos de flexão do joelho,
menos na extensão completa.
D) A porção meniscofemoral das fibras profundas do LCM e a porção distal das fibras
superficiais são importantes estabilizadores da rotação interna do joelho.
Resposta no final do artigo

6. Em relação à análise do paciente no diagnóstico das lesões do LCM, assinale a


alternativa correta.

A) A história do trauma é muito importante, pois os detalhes são essenciais para se ter
o diagnóstico preciso.
B) O mecanismo de trauma não precisa ser investigado, já que o paciente não será
capaz de reproduzir o movimento de forma exata.
C) Não fazem parte das queixas dos pacientes as impressões de “estalo” e de que o
joelho “saiu do lugar”.
D) O paciente geralmente apresenta desconforto, pequeno edema articular, mas sem
dificuldade na deambulação.
Resposta no final do artigo

7. Sobre as lesões alta e baixa do LCM, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) A lesão alta caracteriza-se por dor intensa, distúrbio funcional alto e sinais
inflamatórios altos.
( ) Na lesão alta, a manobra em valgo é dolorosa, mas o joelho não apresenta frouxidão.
( ) Na lesão baixa, a dor é interna, situada mais distal, e não há sinais inflamatórios.
( ) Na lesão baixa, o joelho é estável e as radiografias são normais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V—V—F—F
B) V—F—V—F
C) F—F—V—V
D) F—V—F—V
Resposta no final do artigo
21
8. Em relação aos graus das lesões do LCM, correlacione as colunas.

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(1) Grau I ( ) Há ruptura completa das fibras,
(2) Grau II frequentemente, com lesões
(3) Grau III associadas; há considerável dor e
edema local, além de incapacidade
funcional.
( ) H á e s t i r a m e n t o d a s f i b r a s ,
considerável dor e edema local,
ruptura de mais de 50% das fibras
e diminuição da ADM.
( ) Há pequeno estiramento das
fibras, edema e dor locais, com
leve ruptura das fibras, mas sem
incapacidade funcional.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 1—2—3
B) 3—2—1
C) 2—1—3
D) 1—3—2
Resposta no final do artigo

9. Observe as afirmações sobre o diagnóstico diferencial das lesões do LCM.

I — A radiografia pode descartar avulsões ósseas.


II — A RNM oferece condições para verificar os ligamentos cruzados, os meniscos e a
cartilagem.
III — A RNM não é indicada para definir o grau da lesão.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo

10. O estabilizador medial primário do joelho durante a rotação externa em 30 graus de


flexão é:

A) a porção distal das fibras superficiais do LCM.


B) a porção proximal das fibras superficiais do LCM.
C) a porção distal das fibras profundas do LCM.
D) a porção proximal das fibras profundas do LCM.
Resposta no final do artigo
22
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

11. Sobre o mecanismo de lesão e a parte do LCM que se lesiona com mais frequência,
assinale a alternativa correta.

A) O trauma direto lesionando o feixe superficial do LCM.


B) O trauma rotacional lesionando o feixe profundo do LCM.
C) O trauma em valgo lesionando o feixe profundo do LCM.
D) O trauma em valgo lesionando o feixe superficial do LCM.
Resposta no final do artigo

12. Qual o principal teste clínico para avaliar o LCM de forma mais isolada?

A) Teste de valgo dinâmico (step down, single squat).


B) Teste do estresse em valgo com extensão total do joelho.
C) Teste do estresse em valgo com flexão de 25–30 graus.
D) Teste de gaveta anterior.
Resposta no final do artigo

■■ TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Após diagnosticada a lesão do LCM, o fisioterapeuta esportivo deve compreender o grau da lesão
e saber as fases de reparação tecidual, pois, assim, fica apto para traçar os objetivos de tratamento
nas diferentes fases de recuperação funcional dessa estrutura.13,15,16,17,19,21,22

Basicamente, existem três fases de reparação tecidual do LCM:13,14,15,16,17,21

■■ fase aguda ou inflamatória;


■■ fase subaguda ou proliferativa;
■■ fase crônica ou de remodelagem.

Os ligamentos, diferentemente de ossos, cartilagens, músculos e tendões, apresentam aspectos


biológicos específicos sobre o tempo e a reparação tecidual quando lesionados. Isso se modifica
por diversos fatores, como metabolismo do tecido, aporte vascular, tipo de tecido e grau da
lesão.13,15,21,25

LEMBRAR
Na fisioterapia esportiva, o profissional fisioterapeuta possui um “leque”
de recursos terapêuticos em sua disposição para tratamento de lesões
musculoesqueléticas.13,14,15,16,17,19,21,22,26,27,28,29,30,31,32,33,34

Quando o tratamento das lesões do LCM é inadequado ou insuficiente, ocorre formação de tecido
cicatricial fibrótico no lugar das fibras de colágeno, deixando, assim, um estabilizador primário do
23
joelho com pouca elasticidade, causando, com frequência, pouca mobilidade, dor residual e, por

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vezes, recidivas da lesão.18,21,23,25

De forma geral, o tratamento conservador da lesão do LCM tem como objetivo readquirir mobilidade
articular, estabilidade central/periférica, por meio de boa função muscular, e excelente controle
sensório-motor, respeitando a fase cicatricial, que, por sua vez, é dependente do tempo e de seus
processos fisiológicos (Figura 4).

Coordenação e
controle motor

Cicatrização

Mobilidade Estabilidade

Figura 4 – Modelo esquemático dos principais objetivos da


reabilitação.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

TRATAMENTO DA LESÃO DE GRAU I DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL


A lesão de grau I do LCM apresenta bom prognóstico e tempo de tratamento com período curto.
Normalmente, o fisioterapeuta esportivo promove o tratamento dos sinais e dos sintomas, como
edema e dor, e, em seguida, a recuperação da capacidade funcional do joelho.

Existem casos de lesão de grau I do LCM em que não se apresentam sinais flogísticos;
muitas vezes, apenas dor à palpação local e ao estresse em valgo do joelho a 30 graus
de flexão.14,16,18,21,23,26

Em geral, as lesões de grau I do LCM apresentam uma fase aguda de 48 a 72 horas, seguida da
fase de proliferação e de remodelagem tecidual com período curto, por não ocorrer a ruptura das
fibras de colágeno, facilitando o processo de reparação do LCM.14,17,21,25,30 Nesse tipo de lesão, o
tratamento pode durar de 1 a 2 semanas, conforme o prognóstico do atleta.13,17,21,25

Na fase aguda da lesão de grau I do LCM, que pode durar até 72 horas, utilizam-se diversos
recursos terapêuticos da eletrofototermoterapia para controle dos sinais flogísticos. No leque
terapêutico, é muito comum usar as correntes analgésicas como estimulação nervosa elétrica
transcutânea (Tens) e corrente interferencial (Figura 5).
24
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 5 – Eletroterapia.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

As correntes analgésicas Tens e interferencial têm como principal objetivo controlar o quadro
álgico na fase aguda da lesão de grau I do LCM por meio da estimulação de mecanorreceptores
periféricos, inibindo a transmissão de informações nocivas de dor para o sistema nervoso central
(SNC), gerando analgesia local por meio da produção de opioides endógenos por parte do
SNC.14,16,30,34

O laser de baixa potência tem papel importante na fase aguda da lesão de grau I do LCM. Durante
essa fase inflamatória, ocorre a fagocitose das células mortas e, em seguida, a migração de
células-satélites que irão se diferenciar em fibroblastos (células produtoras de colágeno e elastina),
formando, assim, novo tecido cicatricial.

LEMBRAR
O laser de baixa potência faz com que haja uma aceleração do metabolismo celular,
com melhor eficiência na reparação do tecido.

O fisioterapeuta deve conhecer o recurso do laser de baixa potência sabendo a potência do


aparelho e, consequentemente, a energia, em Joules (J), a ser depositada no tecido-alvo. Também
é importante ter conhecimento sobre a impedância dos tecidos adjacentes e a profundidade do
local a tratar.27,30,32,35,36

A Figura 6 mostra o uso do laser de baixa potência na fase aguda da lesão de grau I do LCM.
25

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Figura 6 – Laser de baixa potência.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

O ultrassom terapêutico (UST), por meio de seu efeito mecânico, é outro mecanismo que promove
a aceleração do reparo do LCM. O recurso também gera calor e deve ser usado de forma coerente,
principalmente na fase aguda da lesão do LCM.

A escolha do transdutor é importante por causa da profundidade do local da lesão do LCM e


da impedância sobre os tecidos adjacentes, além dos parâmetros de uso, como frequência e
intensidade, para melhor terapêutica do recurso.25,30,31,34,37

A Figura 7 mostra o uso do UST no reparo do LCM.

Figura 7 – UST.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.
26
A crioterapia é um recurso muito bem usado para melhora do quadro álgico e no controle
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

de edema nas lesões do LCM. Todo processo terapêutico que usa o resfriamento do
tecido é considerado crioterapia.13,15,17,26,30

A técnica da crioterapia é muito bem associada à compreensão do local e à elevação do membro


acometido na fase aguda da lesão de grau I do LCM. Essa técnica é conhecida e descrita na
literatura como método protection, rest, ice, compression e elevation (Price).13,14,15,16,17,21,22,26,30

O método Price faz o controle do edema local e articular do LCM, restaurando o controle dos
mediadores inflamatórios, reduzindo o grau de hemorragia e de edema, diminuindo a pressão
mecânica sobre os nervos, promovendo analgesia através da inibição dos agentes nocivos,
reduzindo a dor.13,14,16,21,22,26,30

Outra opção no tratamento da fase aguda da lesão de grau I do LCM é a criomassagem, a qual
pode ser realizada com uma pedra de gelo friccionada por poucos minutos na área da lesão.
Sobre a terapia manual, a massagem transversa de Cyriax e a crochetagem podem auxiliar na
remodelagem cicatricial do LCM.18,21

As bandagens elásticas promovem segurança ao paciente, porque auxiliam no aumento do


espaço dos tecidos adjacentes e na remoção catabólica na fase inflamatória do LCM, promovendo
melhora proprioceptiva da articulação tratada.29,38,39

Na fase aguda da lesão de grau I do LCM, após controle da dor e do edema, deve-se estimular a
mobilização da articulação, para restaurar a função do joelho. Nessa fase, inicia-se a cinesioterapia,
com fortalecimento muscular específico e treinamento sensório-motor para melhorar a ativação
dos músculos agonistas e antagonistas. O treinamento de marcha com evolução a trote e
gesto esportivo ocorre antes da avaliação clínica e funcional, antes da liberação do atleta ao
esporte.14,16,18,20,21

LEMBRAR
Na cinesioterapia, o fisioterapeuta faz uso de diversos exercícios terapêuticos
para restaurar a função e o sinergismo do joelho, e, consequentemente, o membro
acometido.13,14,15,16,21,30

Os exercícios de quadríceps são muito bem aceitos na fase aguda da lesão de grau I do LCM,
porque ocorre a ativação do quadríceps, com mínima angulação ao final da extensão do joelho,
pode ser estimulado por correntes excitatórias se houver necessidade e diminuir o tônus muscular
por inibição reflexa após a lesão do LCM e o tempo de imobilização.

Outro exercício bem utilizado na fase aguda da lesão de grau I do LCM é o straight leg raise
(SLR) com o joelho em extensão. Durante essa terapêutica, o fisioterapeuta esportivo trabalha os
músculos envolvidos nos movimentos de flexão, de extensão, de abdução e de adução do quadril.

Os movimentos gerados do quadril em cadeia cinética aberta (CCA) e com o joelho em extensão
promovem a proteção do joelho sem estressar o LCM lesionado. Pode-se evoluir esses exercícios
com elásticos ou mesmo com tornozeleiras/caneleiras/cargas.13,14,16,17,21,33

A Figura 8 mostra o SLR para quadríceps.


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Figura 8 – O SLR para quadríceps.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Na Figura 9, é possível ver o SLR para adutores.

Figura 9 – O SLR para adutores.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

A Figura 10 mostra o SLR para abdutores.


28
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 10 – O SLR para abdutores.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Na Figura 11, vê-se o SLR em crossover para quadríceps.

Figura 11 – O SLR em crossover para quadríceps.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

A Figura 12 mostra o SLR em crossover para abdutores.


29

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Figura 12 – O SLR em crossover para abdutores.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Na Figura 13, vê-se o SLR em crossover para adutores.

Figura 13 – SLR em crossover para adutores.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

O recurso da hidroterapia na fase aguda da lesão de grau I do LCM é uma ferramenta valiosa,
porque o fisioterapeuta pode usar os elementos físicos da água (por exemplo, densidade, empuxo
e pressão hidrostática) para melhora da mobilidade e do edema. O treino de marcha na água pode
ser realizado com segurança, além de variáveis de exercícios de fortalecimento muscular.13,14,15,17

Na lesão grau I do LCM, após 72 horas, quando dor e edema estiverem controlados, os exercícios
evoluem com ganho de ADM do joelho conforme tolerância do atleta. Nessa etapa, iniciam-
se, também, treino de marcha no solo, exercícios aeróbios com baixo impacto, como bicicleta
estacionária, e exercícios elípticos,13,15,16,17 como se vê nas Figuras 14 e 15.
30
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 14 – Bicicleta.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 15 – Exercício elíptico.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Paralelamente a esse processo, o fisioterapeuta esportivo faz a manutenção dos demais segmentos
corpóreos com exercícios de estabilização de tronco como core training, exercícios para quadril,
para estimular os rotadores externos, o glúteo médio e o glúteo máximo, responsáveis pelo bom
alinhamento pélvico e das demais estruturas articulares, como joelhos e tornozelos em cadeia
cinética fechada (CCF) (Figuras 21 e 22), minimizando as forças em valgo dinâmico de joelho e da
articulação subtalar do tornozelo.13,15,16,20,21,40,41,42,43,44,45

As Figuras 16 a 18 mostram os exercícios de estabilização de tronco.


31

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Figura 16 – Estabilização segmentar (core training).
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 17 – Estabilização segmentar (core training).


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 18 – Estabilização segmentar (core training).


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

As Figuras 19 e 20 mostram os exercícios para quadril, para estimular os rotadores externos, o


glúteo médio e o glúteo máximo.

Figura 19 – Agachamento bipodal com resistência aos abdutores e rotadores


laterais do quadril.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.
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Figura 20 – Afundo/passada.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

As Figuras 21 e 22 mostram exercícios para joelhos e tornozelos em CCF.

Figura 21 – Leg press bipodal com carga.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
34
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 22 – Leg press unipodal com carga.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Para fortalecimento e ativação do músculo quadríceps, a máquina extensora contribui na execução


de exercícios contrarresistidos. Sugere-se iniciar com exercícios isométricos antes dos exercícios
isotônicos, pelo menor estresse no ligamento. A rotação externa da tíbia deve ser evitada, pelo
mesmo motivo (Figura 23).

Figura 23 – Exercício unilateral em máquina extensora (isométrico ou isotônico).


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Conforme evolução clínica do atleta ao final de 6 a 7 dias do processo de tratamento da lesão de


grau I do LCM, inicia-se treino de corrida em esteira ou mesmo em campo ou quadra (Figura 24).
35

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Figura 24 – Corrida em esteira.

O treinamento sensório-motor com exercícios proprioceptivos de forma estática e dinâmica é


incrementado ao final de 6 a 7 dias do processo de tratamento da lesão de grau I do LCM. Os
exercícios fazem com que a readaptação do gesto esportivo seja segura ao atleta, principalmente
os que geram força em valgo e rotação tibial.13,14,16,17,21,22

Exercícios pliométricos podem ser usados após a primeira semana de tratamento da lesão de
grau I do LCM, quando todo o processo se estabilizar, como dor, força muscular, função excêntrica
muscular e gesto esportivo lapidado. Os exercícios pliométricos têm como objetivo restaurar
potência muscular em esportes que apresentam essas características.16,21,22

Exemplos de exercícios de controle postural e estímulo sensório-motor


Todos os exercícios apresentados para o tratamento da lesão de grau I do LCM devem ser
estimulados de forma gradativa e com evolução progressiva. Pode-se iniciar sempre com
exercícios em solo estável, com apoio bipodal, passando para solo estável com apoio unipodal,
depois no solo instável, com apoio bipodal e somente então incrementar com exercícios em solo
instável com apoio unipodal.

As Figuras 25 a 29 mostram a sequência gradativa de exercícios recomendada.


36
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 25 – Apoio unipodal em cama elástica.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 26 – Apoio unipodal em cama elástica com movimento. O paciente realiza


o movimento de “8” passando a bola entre os MMII.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.
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Figura 27 – Apoio unipodal em cama elástica com a resistência do elástico a
favor do valgo do joelho.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 28 – Apoio unipodal em disco inflável.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 29 – Apoio unipodal em bosu.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

No esporte de alto rendimento, em lesões do LCM com curto período de tratamento, não se
faz necessário período de transição, porque não ocorre a diminuição da capacidade aeróbia e,
consequentemente, diminuição de força muscular.

Ao final da primeira semana do tratamento da lesão de grau I do LCM, faz-se o trabalho com
gestos esportivos com a supervisão do fisioterapeuta e, quando o atleta estiver apto ao retorno,
deve-se incluir a preparação física e os treinos técnicos e táticos de forma gradativa.13,14,15,16,17

O Quadro 1 mostra o esquema cronológico e as condutas fisioterapêuticas para a lesão de grau


I do LCM.

Quadro 1

ESQUEMA CRONOLÓGICO E CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS NA LESÃO DE


GRAU I DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL
Semana 1 Semana 2 Semana 3
Fase inflamatória Fase proliferativa Fase de remodelagem
Core training
Crioterapia
Correntes analgésicas
Ultrassom
Laser
Diatermia
Marcha-bicicleta
Isometria SLR
Fortalecimento em CCF (agachamentos)
Exercícios isotônicos (concêntricos e excêntricos)
39

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ESQUEMA CRONOLÓGICO E CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS NA LESÃO DE
GRAU I DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL
Trote/corrida
Pliometria
Treinamento sensório-motor
Critério de evolução = tempo, sinais, sintomas e função.
Critério de alta = tempo, sinais, sintomas e testes funcionais.
SLR: straight leg raise; CCF: cadeia cinética fechada.

TRATAMENTO DA LESÃO DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL DE GRAUS II E III


Nas lesões do LCM de graus II e III, os sinais e os sintomas podem perdurar por mais tempo em
relação aos das lesões de grau I. Durante a fase aguda ou inflamatória, o uso de órtese (Brace)
para proteção articular pode ser indicado, deixando a articulação em extensão com o LCM sem
tensionamento, para melhor controle de dor e de edema.14,16,19,21,22

O tempo de tratamento da lesão do LCM com grau II pode durar de 3 a 6 semanas, e o


das lesões de grau III pode durar de 6 até 8 semanas em alguns casos, dependendo do
prognóstico clínico do atleta durante o tratamento.14,15,17,19

Durante a fase aguda, o tratamento será, basicamente, descrito como na lesão do LCM de
grau I, porém existem algumas diferenças, como o tempo de imobilização para proteção do
joelho, que pode durar até dez dias na lesão de grau II e até três semanas na lesão de grau III,
quando o tratamento for de forma conservadora; dessa forma, ocorre inibição reflexa muscular,
principalmente do músculo quadríceps, que será abordado mais adiante.14,15,18,20,46

As lesões do LCM de grau III, muitas vezes, são tratadas de forma conservadora quando há
lesão isolada do LCM, porém o tratamento pode ser cirúrgico quando associado a outra estrutura
lesionada, por exemplo, o LCA, o menisco medial ou mesmo a avulsão óssea na inserção do LCM
no côndilo medial.14,15,16,20,22,23,46

Outro exemplo de tratamento cirúrgico para lesões do LCM de grau III seria após tratamento
conservador sem sucesso, apresentando instabilidade medial crônica, com “bocejo” articular
medial maior que ou igual a 10mm. O tempo de imobilização com o Brace de proteção no caso de
cirurgia pode ser de 6 a 8 semanas.14,19,22,28

No tratamento cirúrgico após imobilização de seis semanas, iniciam-se a mobilização patelar e


os exercícios isométricos de quadríceps, e a ADM se restringe a 90 graus até quatro semanas;
a partir dessa fase, iniciam-se exercícios em CCF até a oitava semana, com progressão aos
exercícios aeróbios e de resistência muscular entre 8 e 12 semanas aproximadamente, e, após 12
semanas, retorno gradual ao esporte. 17,28

Como o tratamento cirúrgico se torna raro na lesão de grau III do LCM, será abordado o tratamento
fisioterapêutico sobre o tratamento conservador.

Os sinais flogísticos são muitos mais evidentes nas lesões de grau II e III do LCM; normalmente, a
fase inflamatória nas lesões de grau II e III do LCM pode durar de 2 a 4 semanas respectivamente,
40
portanto os recursos terapêuticos usados para controle de dor e de edema se estendem por mais
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REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

tempo.13,15,17,21,25,30 O fisioterapeuta esportivo deve ter mais cautela e respeitar esse processo; o
edema é o primeiro sinal a ser controlado, porém a dor persiste por mais tempo em lesões do LCM
de grau II e III.14,15,21,23,25

O uso dos recursos em eletrofototermoterapia são bem efetivos na fase aguda. Até a primeira
semana, a crioterapia é muito bem executada no controle de dor e, principalmente, no controle
do edema articular; muitas vezes, pode-se palpar o LCM sentindo um “empastamento” na região
da lesão, e, durante sua inspeção, também se pode observar maior volume na região medial do
joelho acometido.13,14,18,21,22,26,30,36

A dor à palpação e ao estresse em valgo é bem evidente durante os primeiros dias de


tratamento.14,21,22,23 Nessa primeira semana, outros recursos já citados, como laser, UST,
bandagens funcionais e terapia manual, são utilizados para estimular início da proliferação celular
para remodelamento tecidual.14,16,18,21,27,29,30,31,32,34,35,36,37,38,39

O uso das correntes em eletroterapia para controle álgico é mais evidenciado na lesão do LCM
em graus II e III porque a dor é um dos sintomas que perduram por mais tempo durante a fase
aguda.14,16,30,34

Como citado no começo do tratamento da lesão do LCM de graus II e III, a inibição reflexa está
presente, e a terapia em eletroestimulação neuromuscular (EENM) do quadríceps é bem indicada
na fase aguda. O exercício ativo-assistido através da EENM deve respeitar o quadro álgico do
atleta e, principalmente, sobre isometria com joelho em extensão como exercício SLR para
proteção articular.14,21,30,33

Conforme melhora do quadro álgico e do edema, pode-se iniciar isometria de forma ativa e
contrarresistida.13,14,16,17,21,30 Os exercícios de quadríceps são iniciados, promovendo a ativação do
músculo com mínima angulação ao final da extensão do joelho. O quadríceps pode ser estimulado
por meio de EENM (Figura 30) ou de forma ativa.14,16,20,30,33

Figura 30 – Eletroestimulação em quadríceps.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

A hidroterapia é bem eficiente na fase aguda, trazendo eficácia no controle do edema e


minimizando os efeitos da inibição reflexa pela lesão, pela imobilização e pelo uso de muletas em
41
alguns casos. Por meio da inibição reflexa, ocorre a atrofia muscular, principalmente do músculo

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quadríceps; assim, os exercícios na água e o treino de marcha são eficientes, por causa da baixa
ação gravitacional, pela densidade da água na piscina, auxiliando na recuperação da função do
quadríceps durante a fase aguda.13,14,15,17

Os exercícios de manutenção de músculos globais não relacionados diretamente ao joelho, como


músculos estabilizadores do core training, podem ser estimulados em exercícios de mobilização
pélvica em decúbito ou de respiração, ativando os músculos transverso do abdome e multífidos
nessa primeira fase de tratamento.16,20,21,40,41,42,43,44,45

Após os primeiros dez dias, pode-se dizer que se iniciará a fase subaguda ou proliferativa da
lesão de grau II do LCM. Normalmente, já existe o controle do edema articular, mas ainda existe
dor. Nessa fase, o fisioterapeuta esportivo deve estimular a proliferação celular para reparação do
LCM, para que não haja formação de processo fibrótico.13,17,21,25

A fase subaguda nas lesões de grau III do LCM é mais tardia; normalmente, inicia-se após três
semanas de lesão, que incluem a imobilização do joelho e todo processo de tratamento sobre a
fase aguda como já descrita.

LEMBRAR
A fase subaguda ou proliferativa da lesão do LCM dura por volta de 10 a 30 dias na
lesão grau II e de 20 a 40 dias na lesão de grau III, dependendo do prognóstico do
tratamento do atleta.13,14,15,16,17,19,21,22,28

A crioterapia dá lugar à termoterapia combinada, ou seja, o uso do “contraste” articular é bem-


vindo na fase subaguda ou proliferativa da lesão do LCM, para acelerar a remoção dos catabólitos
celulares. O “contraste” usa a crioterapia e o calor úmido superficial de forma alternada, fazendo
com que haja estimulação da reparação do tecido.13,15,17,30

O UST na fase subaguda ou proliferativa da lesão do LCM pode gerar calor de forma pulsada para
também estimular o processo de reparação do tecido. A fototerapia do laser de baixa potência
também continua na fase proliferativa.25,27,30,31,32,34,36,37

A terapia manual é importante na fase subaguda ou proliferativa da lesão do LCM, para ganho
de amplitude articular. As mobilizações devem respeitar o quadro álgico do atleta e ser de forma
gradativa.14,16,21,27

Os exercícios iniciados na fase aguda da lesão do LCM começam a progredir de exercícios


isométricos para exercícios isotônicos de forma gradativa, principalmente no que se refere à
intensidade das cargas dos exercícios em SLR e à amplitude articular.14,15,16,17,20,21

Conforme evolução clínica do atleta ou esportista na fase aguda da lesão do LCM, inicia-se a
progressão dos exercícios em hidroterapia, com treino de marcha em profundidade rasa, exercícios
em CCF na piscina, com subida em step estimulando os músculos de forma funcional, além dos
exercícios de deep running ou corrida na água com flutuador, conforme tolerância e ganho de
ADM.13,14,15,17
42
Os exercícios em solo são iniciados após a progressão do atleta na fase aguda da lesão do
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

LCM, com treino de marcha; exercícios aeróbios sem impacto, como bicicleta estacionária e
aparelho elíptico, são incluídos.13,15,16,17 Com ganho de controle neuromuscular e diminuição da
dor, também são incluídos os exercícios em CCF de forma mais funcional. As cargas, o volume, a
intensidade e a amplitude são gradativamente evoluídos conforme especificidade do treinamento
de força.13,14,15,16,17,21,28

O trabalho sensório-motor com exercícios proprioceptivos de forma estática e dinâmica é


incrementado à fase aguda da lesão do LCM. Os exercícios fazem com que a readaptação do
gesto esportivo seja segura ao atleta, principalmente os que geram força em valgo e rotação
tibial.13,14,15,16,17,21

Na fase aguda da lesão do LCM, exercícios funcionais com elásticos podem ser incluídos, por
meio da simulação do movimento de “pedalar”, tanto de frente para o ponto fixo da borracha como
de costas e fazendo movimentos de “pedalada” para frente e para trás.

Os exercícios funcionais com elásticos, na fase aguda da lesão do LCM, têm por finalidade
trabalhar músculos do quadril, do abdome, da coxa e da perna de forma concêntrica e excêntrica
para atletas que usam grandes ADMs no quadril e nos joelhos, dependendo do esporte.13,14,15,16,17,19

Os recursos como UST e laser ainda são usados na fase subaguda da lesão do LCM, porque o
LCM está em processo de reparação tecidual por meio da proliferação e da diferenciação celular.
Exames de imagem podem ser pedidos, como controle e evolução do tratamento, conforme
necessidade ou escolha da equipe médica. 14,25,27,30,31,32,34,36,37

Muitas vezes, a termoterapia com uso de calor profundo e/ou superficial é usada para
potencializar a reparação do LCM ao final da fase aguda e no início da fase crônica.13,17,30

Ao final da fase subaguda da lesão do LCM, com progressão de força muscular, capacidade
aeróbia e controle álgico, inicia-se o treino de corrida de forma gradativa, minimizando as cargas
no joelho com treinos intervalados.13,14,15,16,17,21,28

LEMBRAR
A partir de quatro semanas na lesão de grau II e seis semanas na lesão de grau III,
aproximadamente, inicia-se a evolução do tratamento do LCM em sua fase crônica
ou de remodelagem tecidual.13,14,15,16,21

A progressão dos exercícios para ganho de força muscular de MMII é evidente na fase crônica ou
de remodelagem tecidual da lesão do LCM; exercícios excêntricos são utilizados de forma mais
eficiente, e devem-se estimular os músculos primários do joelho nessa fase, enfatizando o ganho
de sinergismo e a função do membro acometido.14,15,16,17,21,22

Os exercícios proprioceptivos são incrementados de forma unipodal na fase crônica ou de


remodelagem tecidual da lesão do LCM, utilizando maior ADM e simulando o gesto esportivo do
atleta, exigindo do LCM a estabilidade do compartimento medial do joelho (Figura 31).13,14,15,16,17,21,22
43

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Figura 31 – Exercício sensório-motor em solos instáveis.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Os exercícios de estabilização do core training, juntamente com exercícios para quadril, devem
ser estimulados de forma mais dinâmica na fase crônica ou de remodelagem tecidual da lesão do
LCM, com exercícios sob rotação de tronco, em bipedestação com bolas suíças, medicine ball,
trabalhando desequilíbrio e simulando o gestual esportivo por meio do movimento específico do
esporte.15,16,20,21,40,41,42,43,44,45

Paralelamente a isso, na fase crônica ou de remodelagem tecidual da lesão do LCM, o treinamento


de corrida e de capacidade aeróbia também é evidenciado. Nessa fase final, com total segurança,
sem dor, com boa função excêntrica e sensório-motora, muitas vezes, inicia-se o treino de transição
junto com a preparação física, a fim de lapidar a função aeróbia do atleta, e também sobre a
especificidade e o gestual esportivo, conforme demonstrado nas Figuras 32 a 36.14,15,16,21,22,23

Figura 32 – Exercícios funcionais específicos.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
44
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 33 – Exercícios funcionais específicos.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 34 – Exercícios funcionais específicos.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
45

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Figura 35 – Exercícios funcionais específicos.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 36 – Exercícios funcionais específicos.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

O Quadro 2 mostra o esquema cronológico e as condutas fisioterapêuticas para a lesão de grau


II do LCM.

Quadro 2

LESÃO DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL GRAU II/III


Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6
Core training
Crioterapia
Correntes analgésicas
Ultrassom
Laser
Terapia manual
Hidroterapia
46
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LESÃO DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL GRAU II/III
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Marcha-bicicleta
Diatermia
Isometria SRL
Fortalecimento em CCF
(agachamentos)
Exercícios isotônicos (concêntricos e excêntricos)
Trote/corrida
Pliometria
Treinamento
sensório-motor
Critério de evolução = tempo, sinais, sintomas e função.
Critério de alta = tempo, sinais, sintomas e testes funcionais.
SLR: straight leg raise; CCF: cadeia cinética fechada.

ATIVIDADES

13. Quais os principais objetivos da reabilitação do LCM?

A) Cicatrização, mobilidade, estabilidade, coordenação e controle motor.


B) Analgesia, flexibilidade, agilidade e correção postural.
C) Proteção, repouso, crioterapia, compressão, elevação.
D) Analgesia, alongamento, força e potência muscular.
Resposta no final do artigo

14. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as fases do tratamento das lesões
do LCM e seus respectivos objetivos.

A) Fase inflamatória: proteção, analgesia, controle do edema, restabelecimento das


atividades de vida diária (AVDs). Fase proliferativa: mobilidade, força muscular e
potência muscular. Fase de remodelagem: fortalecimento muscular progressivo,
flexibilidade, coordenação e controle motor.
B) Fase inflamatória: proteção, analgesia, controle do edema. Frase proliferativa:
mobilidade, restabelecimento das AVDs, fortalecimento muscular. Fase de
remodelagem: fortalecimento muscular progressivo, potência muscular, coordenação
e controle motor.
C) Fase inflamatória: proteção, analgesia, controle de edema, mobilidade. Fase
proliferativa: restabelecimento das AVDs, fortalecimento muscular, agilidade. Fase
de remodelagem: potência muscular, coordenação e controle motor.
D) Fase inflamatória: analgesia, controle do edema, flexibilidade. Fase proliferativa: força
e potência muscular. Fase de remodelagem: mobilidade, coordenação e controle
motor.
Resposta no final do artigo
47
15. Qual o objetivo da crioterapia na lesão aguda do LCM?

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A) Controle do edema e analgesia.
B) Ganho de mobilidade.
C) Evitar dor muscular tardia.
D) Aumentar o metabolismo local.
Resposta no final do artigo

16. Quais são os exercícios de fortalecimento que podem ser feitos no início da fase
proliferativa da lesão do LCM para que não haja estresse no ligamento?

A) Exercícios isocinéticos.
B) Exercícios excêntricos.
C) Exercícios em cadeia cinética aberta.
D) Exercícios isométricos.
Resposta no final do artigo

17. Na lesão de um atleta, além do tratamento do LCM, que outros objetivos gerais o
fisioterapeuta esportivo deve ter?

A) Estabilização segmentar/core training e resistência aeróbica.


B) Agilidade e flexibilidade.
C) Estabilização segmentar/core training e pliometria.
D) Emagrecimento e potência.
Resposta no final do artigo

18. Sobre a ordem em que os exercícios devem ser prescritos em uma progressão de
propriocepção ou de estímulo sensório-motor do paciente com lesão no LCM, assinale
a alternativa correta.

A) Solo estável com apoio unipodal, solo estável com apoio bipodal, solo instável com
apoio bipodal, solo instável com apoio unipodal.
B) Solo estável com apoio bipodal, solo instável com apoio bipodal, solo estável com
apoio unipodal, solo instável com apoio unipodal.
C) Solo estável com apoio bipodal, solo estável com apoio unipodal, solo instável com
apoio bipodal, solo instável com apoio unipodal.
D) Solo estável com apoio unipodal, solo instável com apoio bipodal, solo estável com
apoio bipodal, solo instável com apoio unipodal.
Resposta no final do artigo

■■ CRITÉRIOS DE ALTA
Para o atleta obter alta do programa de fisioterapia do LCM e iniciar a prática esportiva, é preciso
que alguns parâmetros físicos estejam adequados. Nesse processo, as decisões do fisioterapeuta
não se baseiam apenas em exames de imagem, os quais podem, mesmo com tempo de
48
cicatrização concluído, apresentar um laudo de lesão instalada, pelo fato de a imagem ainda
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

demonstrar a área da lesão ou cicatriz.13,17,47

Durante o processo de recuperação, a progressão deve ser orientada pela capacidade do atleta de
satisfazer critérios específicos, e não simplesmente pelo tempo. É importante correlacionar o grau
da lesão ocorrida no LCM com o tempo de tratamento e/ou verificar se os objetivos do programa
de reabilitação foram alcançados. Lesões crônicas ou reincidentes merecem atenção maior nos
critérios de liberação do paciente.13,17,47

Para ajudar a determinar quando o atleta pode reiniciar suas atividades após o tratamento
da lesão do LCM, devem ser usados ou testes funcionais ou mensurações objetivas, como
testes isocinéticos.13,17,47

Os testes isocinéticos podem fornecer dados quantitativos da relação entre músculos agonistas
e antagonistas (Figura 37). No joelho, a relação considerada normal entre os flexores e os
extensores é de 60%, e a diferença do torque gerado entre os membros deve ser, no máximo,
de 10%. Além disso, os testes isocinéticos são uma boa opção de tratamento, sejam isométricos,
concêntricos e/ou excêntricos.13,17,47

Figura 37 – Teste da função muscular em dinamômetro isocinético.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Os testes funcionais podem ser usados para determinar as limitações funcionais, que não podem
ser determinadas apenas com testes musculares. Os testes funcionais permitem que o atleta seja
testado em um ambiente de CCF, em vez de no ambiente tradicional do teste isocinético de CCA.

Ao se utilizar qualquer teste funcional, sugere-se que a medida seja repetida pelo menos mais
uma vez e que o escore médio dos testes repetidos seja usado como mensuração. A combinação
desses testes pode proporcionar informações importantes para redução de risco de nova lesão
do LCM.13,47
49
O atleta acometido por lesão do LCM pode retornar às atividades atléticas quando:

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■■ não houver dor;
■■ a ADM estiver restabelecida;
■■ a força muscular for similar à do membro contralateral;
■■ apresentar resistência muscular localizada;
■■ tiver potência muscular.

Essas variáveis também poderão ser medidas por meio dos testes funcionais, que, normalmente,
verificam as condições gerais da articulação e, principalmente, a sua estabilidade.13,17,47

Um dos objetivos dos testes funcionais é descartar a presença de valgo dinâmico do joelho durante
a execução do movimento. Indivíduos que apresentam postura com joelhos em valgo, pronação
excessiva dos pés ou fraqueza dos rotadores externos e abdutores do quadril podem estar mais
propensos a gerar estresse maior no LCM.13,17,47

As Figuras 38, 39 e 40 mostram alguns testes funcionais que possibilitam verificar a estabilidade
funcional dos segmentos corpóreos do membro inferior a fim de identificar disfunções que podem
levar à instabilidade articular.

correto incorreto

Figura 38 – Teste de agachamento unipodal (single squat) para verificar a presença


de valgo dinâmico.
Fonte: <http://www.f-marc.com/downloads/cards/11pluscards_e.pdf>.48
50
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

Figura 39 – Teste step down para verificar a presença de valgo dinâmico.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 40 – Hop tests para identificar diferenças de estabilidade e rendimento entre membros.
Fonte: Andrews e colaboradores (2000).13

ATIVIDADES

19. Sobre os critérios ideais para determinar a alta do paciente com lesão no LCM,
assinale a alternativa com a sequência correta.

A) Ausência de dor; ADM completa; equilíbrio muscular; sucesso nos testes funcionais.
B) Ausência de dor; exame de imagem; tempo de lesão; equilíbrio muscular.
C) ADM completa; tempo de lesão; equilíbrio muscular; sucesso nos testes funcionais.
D) Ausência de dor; exame de imagem; ADM completa; sucesso nos testes funcionais.
Resposta no final do artigo
51
20. Sobre a avaliação mais indicada a ser feita ao fim do tratamento da lesão do LCM,

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assinale a alternativa correta.

A) Teste em valgo e teste isocinético.


B) Teste isocinético e testes funcionais.
C) RNM e testes funcionais.
D) Teste de encurtamento e força muscular.
Resposta no final do artigo

■■ CASO CLÍNICO
Paciente do sexo masculino, 26 anos, praticante de futebol nos finais de semana, relata
dor intensa há dez dias em joelho direito após disputa de bola com adversário, não
conseguindo permanecer no jogo após esse episódio.

O paciente relata dificuldade na deambulação e nas AVDs; apresenta edema na região medial do
joelho, discreto derrame articular e perda de mobilidade articular.

Aos exames, o paciente apresentou

■■ testes para ligamentos cruzados (LCA, LCP) negativos;


■■ teste de estresse em valgo positivo quando o joelho está discretamente fletido;
■■ radiografia normal.

ATIVIDADE

21. Com base nas informações do caso clínico, determine o tipo de lesão, o objetivo de
tratamento nessa fase e o prognóstico.

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

■■ CONCLUSÃO
Pode-se dizer que, para determinar o ritmo do tratamento da lesão do LCM, bem como para criar
condições seguras de alta, deve-se seguir alguns critérios específicos, resumidos a seguir.
52
1. Ausência de dor
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

A dor é um importante sintoma para determinar a progressão das fases de reabilitação e serve
como critério determinante na alta do paciente. É comum atletas com lesão no LCM permanecerem
com dor residual durante várias semanas; no entanto, a dor deve diminuir com a progressão da
reabilitação. Alguns exercícios funcionais na última fase do tratamento ajudam a dessensibilizar a
área da lesão e diminuir algum desconforto residual.17

2. Readquirir ADM total

A ADM do joelho, a qual fica restrita na primeira fase de tratamento da lesão do LCM, é adquirida
conforme a cicatrização ocorre e a dor diminui. O objetivo é readquirir ADM completa na fase
subaguda da lesão do LCM.17

3. Reequilíbrio muscular

O equilíbrio muscular deve ser priorizado entre o membro inferior dominante e o não dominante,
bem como entre músculos agonistas e antagonistas. Esse cuidado deve existir também entre os
músculos profundos (estabilizadores, core training) e superficiais (dinâmicos).17

4. Sucesso dos testes funcionais

A realização de testes funcionais descritos na literatura é de importância para assegurar que,


funcionalmente, o atleta encontra-se apto a desenvolver suas funções atléticas.17

Quando o atleta profissional ou amador apresenta necessidade de veto para realização do


tratamento definitivamente, haverá perdas nas valências físicas, como força, resistência, potência,
agilidade, no tempo de reação e no controle motor.

Portanto, o fisioterapeuta esportivo, além de reabilitar o LCM acompanhando o tempo de sua


cicatrização, deve oferecer subsídios para que o paciente volte em condições ideais à sua prática
atlética, ou seja, com segurança e com menor risco possível de apresentar recidivas.

■■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: C
Comentário: Sobre as proeminências ósseas separadas ao longo da porção medial do joelho, o
epicôndilo medial é o mais distal e anterior das três proeminências ósseas, e o tubérculo adutor é
o mais proximal das três proeminências ósseas da porção medial do joelho. Quanto ao ligamento
oblíquo posterior, ele está localizado ligeiramente distal e posterior ao tubérculo.

Atividade 2
Resposta: B
Comentário: As fibras superficiais do LCM são as maiores e mais importantes estruturas na face
medial do joelho. O local de fixação femoral das fibras superficiais é ligeiramente proximal e
posterior ao epicôndilo medial, e a maior parte da fixação distal das fibras superficiais está dentro
dos limites bursa pré-anserina.
53
Atividade 3

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Resposta: C
Comentário: A afirmação III está incorreta porque as fibras profundas não são uma estrutura
distinta do LCM; elas são um espessamento da cápsula articular profunda do LCM.

Atividade 4
Resposta: A

Atividade 5
Resposta: D
Comentário: Considerando a biomecânica do LCM, as estruturas mediais do joelho são importantes
para proporcionar estabilidade em rotação externa. O estabilizador secundário da rotação externa
é que compreende a porção proximal das fibras superficiais do LCM. O ligamento oblíquo posterior
é importante em todos os ângulos de flexão do joelho, em especial, na extensão completa.

Atividade 6
Resposta: A
Comentário: Na análise do paciente para diagnóstico das lesões do LCM, o mecanismo de trauma
deve ser investigado, para que o paciente reproduza o movimento com exatidão. As impressões
de “estalo” e de que o joelho “saiu do lugar” são relatos comuns nas lesões do LCM. O paciente
apresenta desconforto, pequeno edema articular e pode apresentar dificuldade na deambulação.

Atividade 7
Resposta: D
Comentário: A primeira afirmação é falsa porque a lesão alta caracteriza-se por dor intensa,
distúrbio funcional moderado e sinais inflamatórios moderados ou ausentes. A terceira afirmação
é falsa porque, na lesão baixa, a dor é interna, situada mais distal, e há sinais inflamatórios,
localizados na face interna da tíbia.

Atividade 8
Resposta: B

Atividade 9
Resposta: A
Comentário: A afirmação III está incorreta porque a RNM identifica o grau da lesão do LCM.

Atividade 10
Resposta: B
Comentário: A porção proximal das fibras superficiais do LCM é a responsável primária pela
estabilidade articular do joelho durante a rotação externa em 30 graus de flexão.

Atividade 11
Resposta: D
Comentário: Normalmente, o LCM se lesiona no movimento em valgo do joelho e, primeiramente,
em suas fibras superficiais. Em lesões mais graves, há lesão das fibras superficiais e profundas.
Dessa forma, pelo mecanismo de lesão e independentemente da gravidade, as fibras superficiais
são quase sempre envolvidas.

Atividade 12
Resposta: C
54
Comentário: Com o teste do estresse em valgo com flexão de 25–30 graus de flexão, avalia-se
|
REABILITAÇÃO DAS LESÕES DO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL NO JOELHO DO ATLETA

a estabilidade medial, isolando a função do LCM. Não há interferência de outros ligamentos,


músculos ou estruturas ósseas.

Atividade 13
Resposta: A
Comentário: O fisioterapeuta deve entender que os objetivos principais no processo de reabilita-
ção do LCM devem abranger aspectos curativos e preventivos. Não há completa recuperação sem
recuperar o movimento da forma mais funcional possível. Quando se fala de movimento, não se
pode negligenciar a coordenação e o controle motor.

Atividade 14
Resposta: B
Comentário: A fase inflamatória das lesões do LCM deve ser respeitada e não se deve gerar
estímulos que causem maior inflamação; portanto, deve-se fazer proteção, analgesia e controle
do edema. Na fase proliferativa, o objetivo é o restabelecimento das AVDs e da força muscular.
Não há como focar a potência ou a agilidade antes desse processo. Na fase de remodelagem,
é realizado o fortalecimento progressivo, e baseado nos ganhos de força, intensificam-se os
trabalhos de potência, de coordenação e de controle motor.

Atividade 15
Resposta: A
Comentário: Quando há uma lesão aguda do LCM, o objetivo principal da crioterapia é controlar o
extravasamento sanguíneo no espaço intersticial e realizar a consequente analgesia. Isso refletirá
em condições mais favoráveis durante todo o processo de reabilitação.

Atividade 16
Resposta: D
Comentário: Os exercícios isométricos são fundamentalmente eficazes no ganho de força muscular,
e, por não haver movimento articular nesse tipo de exercício, não gera estresse ligamentar no
LCM, pois, na fase proliferativa, ainda não há total cicatrização tecidual.

Atividade 17
Resposta: A
Comentário: Em um atleta, os objetivos do fisioterapeuta deverão se basear na modalidade
esportiva e no nível competitivo. No entanto, quando se fala em objetivos gerais, pode-se focar a
estabilidade de todo o corpo e a manutenção da atividade metabólica, para evitar perdas funcio-
nais e consequências do destreinamento.

Atividade 18
Resposta: C
Comentário: O fisioterapeuta esportivo deve fazer a progressão funcional do paciente com lesão
no LCM de forma segura. Para isso, sugere-se iniciar em solo estável, para que, após um ganho
de estabilidade, possa evoluir para solos instáveis. Da mesma forma quando se pensa em apoio
bipodal e unipodal, iniciando, primeiramente, com apoio bipodal e evoluindo para apoio unipodal.
Nesses quesitos, entre o tipo de solo e o tipo de apoio, prevalece a escolha do tipo de solo estável
como prioridade no início de exercícios proprioceptivos.

Atividade 19
Resposta: A
55
Comentário: A dor é um dos fatores mais importantes na evolução e no critério de alta de um

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paciente com lesão no LCM, seguida da função da estrutura lesionada. A função é determinada
por boa ADM, por bom equilíbrio muscular e por sucesso nos testes funcionais. O tempo da lesão
e os exames de imagem auxiliam durante o processo de reabilitação, mas não devem ser determi-
nantes para a decisão da alta, a qual deve ser clínica e, principalmente, funcional.

Atividade 20
Resposta: B
Comentário: Os testes isocinéticos, embora não funcionais, fornecem dados quantitativos do torque
gerado por músculos agonistas e antagonistas e também valores que podem ser comparados ao
membro contralateral não lesionado. Os testes funcionais são importantes para verificar possíveis
déficits na avaliação do movimento, decorrentes da ADM, da força muscular, da potência muscular,
do controle motor. Portanto, o teste isocinético e os testes funcionais são os mais indicados ao final
do tratamento da lesão do LCM.

Atividade 21
Resposta: O paciente apresenta uma lesão do LCM de grau II, que se caracteriza por conside-
ráveis dor e edema local, ruptura de mais de 50% das fibras, diminuição da ADM. Após dez dias
de lesão, com base nos sinais e nos sintomas, conclui-se que a lesão está na fase subaguda ou
proliferativa, em que o fisioterapeuta esportivo tem como objetivo restabelecer a mobilidade, as
AVDs e iniciar fortalecimento muscular. Para esse tipo e para essa fase da lesão, o prognóstico
é de seis semanas dentro do programa de fisioterapia esportiva. No caso clínico, enfatizou-se,
de maneira geral, a importância de o fisioterapeuta esportivo saber entender o grau da lesão, o
enfoque do tratamento nessa fase e fornecer um prognóstico ao atleta.

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