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| PROFISIO | FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA | Ciclo 1 | Volume 4 |


FISIOTERAPIA MANIPULATIVA
ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA
VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM
BASEADA EM EVIDÊNCIAS

A
MARCELO ANDERSON BRACHT
CLÉCIO VIER

D
LA
O
TR
■ INTRODUÇÃO
N

A prática da terapia manual remonta à história do cuidado em saúde. É no Corpus Hippocraticum,


livro atribuído ao pai da medicina, Hipócrates, que se encontram as primeiras referências ocidentais
O

sobre o uso da tração e da manipulação articular no tratamento de desordens ortopédicas.


C

Diversos grupos profissionais têm lançado mão da tração e da manipulação articular no tratamento
das mais variadas condições de saúde, cada qual utilizando uma metodologia própria, de acordo
com suas convicções filosóficas, nem sempre alinhadas com a melhor evidência científica disponível.
A

De maneira ampla, qualquer técnica que envolva o contato manual com objetivos terapêuticos pode
PI

ser considerada uma terapia manual. Haja vista a quantidade de conceitos, métodos e filosofias de
tratamento, esta abrange desde técnicas aplicadas aos tecidos moles, até aquelas de alta velocidade
e baixa amplitude (AVBA), destinadas ao complexo articular.
Ó

Neste artigo, será dada especial atenção às técnicas de manipulação em AVBA, também denominadas
C

técnicas grau V, ou manipulação com impulso (thrust), segundo o modelo de fisioterapia manipulativa
proposto pela International Federation of Orthopaedic Manipulative Physical Therapists (IFOMPT).

Além dos princípios da fisioterapia manipulativa, serão apresentadas as evidências disponíveis


que suportam a aplicação clínica das técnicas de manipulação vertebral no tratamento das dores
de origem musculoesquelética.
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■ OBJETIVOS
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

■ descrever a origem da fisioterapia manipulativa;


■ reconhecer os princípios da fisioterapia manipulativa;
■ diferenciar e conceituar mobilização e manipulação articular;
■ identificar os mecanismos de ação da fisioterapia manipulativa;
■ demonstrar as indicações e contraindicações da manipulação vertebral;
■ discorrer sobre as evidências científicas da manipulação vertebral.

A
■ ESQUEMA CONCEITUAL

D
LA
História da terapia manual

Princípios da fisioterapia
manipulativa

O
Mecanismos de ação
da terapia manual
TR
Região cervical
Contraindicações da
Bandeiras vermelhas Região torácica
manipulação vertebral
Região lombar
N

Fatores de risco psicossocial Bandeiras amarelas


O

Dor cervical
Eficácia da manipulação vertebral
Dor lombar
C

Caso clínico 1
Casos clínicos
Caso clínico 2
A

Conclusão
PI
Ó
C
75
■ HISTÓRIA DA TERAPIA MANUAL

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O surgimento e o desenvolvimento da terapia manual, assim como também ocorreu com outras
práticas e invenções humanas, parece ter ocorrido de modo simultâneo em diversas culturas
primitivas separadas geograficamente, sem uma relação direta aparente.

Para saber mais:

No Ocidente, a primeira descrição documental do que pode ser chamado de uma técnica de
terapia manipulativa remonta à Grécia Antiga, sendo atribuída a Hipócrates (460 a.C). No
manuscrito intitulado Sobre as articulações, o pai da medicina descreveu técnicas manipulativas

A
utilizando tração axial para o tratamento da escoliose, além de manipulações ortopédicas
para correções de luxações no ombro.1

D
LA
Sabe-se que Galeno (129 d.C), médico greco-romano responsável pela saúde dos gladiadores,
também fez uso de técnicas manipulativas no tratamento de condições ortopédicas. Após a queda
do Império Romano no Ocidente (476 d.C), seguiu-se a Idade Média, período em que ocorreu um
enorme declínio do conhecimento médico vigente. Houve um grande período sem muitos relatos,

O
até que, em 1579, Ambroise Paré, cirurgião Francês, descreve a utilização da manipulação vertebral,
incluindo muitas das técnicas descritas por Hipócrates.2
TR
Durante os séculos XVII e XVIII, na Inglaterra, a prática da manipulação articular foi abandonada
por uma grande parcela dos médicos, sendo relegada a leigos, chamados “bone-setters”, ou em
uma tradução literal, “arrumadores de ossos”, os quais transmitiam seus conhecimentos de pai para
N

filho.1 O bone-setting era baseado na crença de que os “pequenos ossos” poderiam sair do lugar e
que, por meio da manipulação articular, seria possível corrigir esse suposto mau posicionamento.
O
C

Acredita-se que o abandono da manipulação articular pelos médicos e cirurgiões ingleses


foi decorrente de seu uso indiscriminado, gerando danos severos em casos envolvendo
tuberculose óssea, uma doença de proporções epidêmicas na época.1
A
PI

No século XIX, nos Estados Unidos, surgem dois conceitos importantes para o desenvolvimento
da terapia manual. Em 22 de julho de 1874, Andrew Taylor Still, um médico americano não
conformado com o fracasso da medicina ortodoxa de sua época, funda a medicina osteopática.
Ó

Ele se autodenominava o “bone-setter iluminado” e acreditava que todas as doenças provinham


de distúrbios no fluxo sanguíneo e, portanto, seria necessário a todo custo normalizar esse fluxo,
C

o que ele designou como a lei da artéria.2

David Palmer, um imigrante canadense nos Estados Unidos, após trabalhar durante 20 anos como
horticultor, fazendeiro e professor, decidiu tornar-se um “curandeiro natural” e magnetoterapeuta.
Em 1895, após curar a suposta surdez de Harvey Lillard por meio de uma manipulação vertebral,
deu início à profissão de quiropraxia. Para Palmer, caso uma vértebra estivesse “subluxada”,
causaria uma pressão excessiva sobre os nervos, reduzindo os impulsos nervosos, o que levaria
ao aparecimento de enfermidades. Essa hipótese ficou conhecida como a lei do nervo.2
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A fisioterapia cresceu de maneira substancial após sua regulamentação, em 1899, na Inglaterra.
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É evidente que os fisioterapeutas aprenderam e praticaram a manipulação vertebral desde o


início do século XX. O St.Thomas’ Hospital, instituição com uma longa tradição na instrução de
fisioterapeutas, teve um papel fundamental nesse processo. Os médicos James e John Mennell, pai
e filho, e Edgar e James Cyriax, também pai e filho, estiveram envolvidos no ensino da manipulação
para fisioterapeutas nesse hospital e influenciaram, direta ou indiretamente, vários profissionais.1

Para saber mais:

A partir da década de 1950, surgem, no cenário mundial, nomes como Freddy Kaltenborn,
Gregory Grieve, Stanley Paris, Geoffrey Maitland, Robin McKenzie e Brian Mulligan. Os

A
anos seguintes foram de um grande intercâmbio técnico, científico e político entre esses
profissionais, o que culminou com a criação da IFOMPT, em 1974.3

D
LA
No Brasil, os fisioterapeutas utilizam a terapia manual como recurso desde a regulamentação da
profissão, entretanto, apenas em 2017 a Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-ortopédica
(Abrafito) tornou-se um Registered Interest Group (RIG), representando os fisioterapeutas ortopédicos
brasileiros perante a IFOMPT.

O
TR
ATIVIDADES

1. Analise as afirmativas sobre a fisioterapia manipulativa.


N

I — Qualquer técnica que envolva o contato manual com objetivos terapêuticos pode
O

ser considerada uma terapia manual.


II — Embora haja uma grande variedade de conceitos, métodos e filosofias sobre a
C

terapia manual, poucas são as técnicas realmente eficientes para tratamento.


III — Existem evidências científicas de que a fisioterapia manipulativa seja eficaz no
tratamento de condições musculoesqueléticas dolorosas.
A

Qual(is) está(ão) correta(s)?


PI

A) Apenas a I.
Ó

B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) Apenas a I e a III.
C

Resposta no final do artigo


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2. Sobre o histórico da terapia manual, marque V (verdadeiro) ou F (falso).

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( ) O primeiro documento que se refere à terapia manipulativa data de 460 a.C., na
Grécia Antiga.
( ) Com o início da Idade Média, houve um avanço nas práticas de técnicas manipulativas,
embora não haja registros disso.
( ) Nos Estados Unidos, o século XIX foi marcado pelo surgimento de importantes
conceitos da terapia manual.
( ) A fisioterapia pode “crescer” de forma considerável a partir de sua regulamentação
na Inglaterra, em 1899.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A
A) V—F—V—V

D
B) V—V—F—F
C) V—F—V—F

LA
D) F—V—F—V
Resposta no final do artigo

O
3. Por que houve um abandono das técnicas manipulativas durante os séculos XVII e
XVIII na Inglaterra?
TR
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
N

............................................................................................................................................
O

Resposta no final do artigo


C
A
PI
Ó
C
78
■ PRINCÍPIOS DA FISIOTERAPIA MANIPULATIVA
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

A IFOMPT, subgrupo da World Confederation for Physical Therapy (WCPT), define


a fisioterapia manipulativa ortopédica (FMO) como uma área de especialização da
fisioterapia que lida com o manejo de condições neuromusculoesqueléticas, embasada
no raciocínio clínico, usando abordagens de tratamento altamente específicas,
incluindo técnicas manuais e exercícios terapêuticos. A FMO também abrange e é
conduzida pela evidência clínica e científica disponível e pelo quadro biopsicossocial
de cada paciente.4

A
As técnicas de terapia manual são consideradas movimentos manuais especializados, destinados

D
a otimizar qualquer um dos efeitos a seguir, ou todos eles:4

LA
■ modular a dor;
■ melhorar a extensibilidade dos tecidos;
■ aumentar a amplitude de movimento (ADM);

O
■ mobilizar ou manipular tecidos moles e articulações;
■ induzir o relaxamento;
alterar a função muscular;
TR

■ estabilizar o complexo articular;
■ reduzir a inflamação e o edema dos tecidos moles;
■ diminuir a rigidez.
N

O fisioterapeuta que utiliza técnicas de terapia manipulativa em sua prática clínica com o objetivo
de atingir os efeitos recém descritos necessita de um conhecimento adequado dos padrões normais
O

e anormais de movimento, tanto dos fisiológicos quanto dos acessórios.


C

Movimentos fisiológicos, também chamados de osteocinemáticos, são aqueles


A

que o paciente pode realizar ativamente, sem auxílio; já os acessórios, também


chamados artrocinemáticos, são os movimentos intra-articulares, que não podem
PI

ser realizados de forma ativa pelo paciente.


Ó

Na coluna cervical, os movimentos de flexão e extensão são considerados fisiológicos, enquanto os


deslizamentos vertebrais no sentido anteroposterior e posteroanterior, que ocorrem nas articulações
C

facetárias, são denominados acessórios.

Nesse contexto, a utilização do movimento passivo como forma de tratamento engloba técnicas de
mobilização e manipulação articular com o objetivo de restaurar a normalidade, tanto dos movimentos
fisiológicos quanto dos acessórios. A IFOMPT sugere a seguinte definição:4
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■ mobilização — compreende um continuum de movimentos passivos especializados que são
aplicados em diferentes velocidades e amplitudes destinados a articulações, músculos ou nervos,
com a intenção de restaurar o movimento ideal e/ou a função e/ou reduzir a dor;
■ manipulação — um impulso passivo, de AVBA aplicado ao complexo articular, dentro de seu
limite anatômico, com a intenção de restaurar o movimento ideal e/ou função e/ou reduzir a dor.

Os movimentos ativo e passivo ocorrem dentro da ADM do complexo articular, e não além
de seu limite anatômico.

A
LEMBRAR
As expressões manipulação com thrust, manipulação grau V e técnicas de AVBA também

D
são utilizadas frequentemente como sinônimos da manipulação articular. A principal
característica que diferencia a manipulação da mobilização oscilatória é o impulso de

LA
alta velocidade, ou thrust. A partir desse impulso produzido pelo terapeuta, espera-se
que ocorra um estalo característico, decorrente do fenômeno de cavitação articular.

O
Maitland foi um dos primeiros terapeutas a utilizar um sistema de graduação do movimento passivo,
o qual se tornou referência e é utilizado por fisioterapeutas no mundo todo. De acordo com ele, as
TR
mobilizações oscilatórias podem ser graduadas do grau I ao IV, sendo a manipulação com thrust
realizada em AVBA considerada de grau V.5
N

Utilizando uma metodologia que enfatiza a avaliação e a reavaliação constante dos sintomas do
paciente, tomando como base sinais comparáveis, é possível selecionar técnicas adequadas de
O

acordo com a resposta sintomática do paciente. Por exemplo, as técnicas de mobilização oscilatória
grau I e II são utilizadas geralmente em pacientes com dor predominante; já as de grau III e IV
podem ser utilizadas naqueles com uma rigidez significativa.5
C

As técnicas de manipulação vertebral (grau V) podem ser indicadas como uma progressão
do tratamento de mobilização quando as técnicas grau III e IV deixam de surtir o efeito
A

desejado sobre a rigidez articular, ou nos casos em que o paciente apresenta uma baixa
irritabilidade dos tecidos periarticulares, permitindo que a técnica seja aplicada de maneira
PI

segura e eficaz, sem a exacerbação dos sintomas.

A abordagem de tratamento proposta pela FMO não recomenda a utilização das técnicas
Ó

de manipulação de maneira isolada, mas sim como parte do arsenal de recursos do


fisioterapeuta, dentro de uma perspectiva de tratamento multimodal. Esse tipo de
C

estratégia, combinando terapia manual, exercícios e educação, vem sendo recomendada


no tratamento da dor lombar e cervical de origem inespecífica, com base em evidências
científicas atuais.6-8
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FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

ATIVIDADES

4. Quais são os efeitos atribuídos à terapia manual?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

A
5. Assinale a alternativa correta sobre os movimentos fisiológicos.

D
A) São também chamados de movimentos artrocinemáticos.

LA
B) São aqueles que o paciente pode realizar ativamente.
C) São movimentos intra-articulares.
D) Não podem ser realizados de forma ativa.
Resposta no final do artigo

O
TR
6. Sobre o conceito de manipulação, marque V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) A manipulação compreende um continuum de movimentos passivos especializados.


( ) A manipulação tem a intenção de restaurar o movimento ideal.
N

( ) A manipulação é um impulso passivo, de alta velocidade e baixa amplitude (AVBA).


( ) A manipulação é aplicada em diferentes velocidades e amplitudes.
O

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


C

A) V—V—F—F
B) V—F—V—F
A

C) F—V—V—F
D) F—F—V—F
PI

Resposta no final do artigo


Ó
C
81
■ MECANISMOS DE AÇÃO DA TERAPIA MANUAL

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Apesar de existirem evidências sugerindo que a terapia manipulativa seja efetiva no tratamento de
desordens musculoesqueléticas, seus mecanismos de ação ainda não foram totalmente estabelecidos.
Historicamente, o modelo biomecânico tem sido utilizado na tentativa de explicar os efeitos clínicos
promovidos pela manipulação vertebral.9

A maioria das escolas tradicionais de terapia manual utiliza o modelo biomecânico e muitas vezes
perpetua crenças e mitos sobre o assunto. O modus operandi é treinar o profissional exaustivamente
na detecção de alterações biomecânicas, nominadas de acordo com o princípio filosófico de
determinada escola e, a partir desses achados, selecionar uma técnica específica que corrija a
disfunção mecânica.

A
D
LEMBRAR
Termos como lesão osteopática, disfunção somática, complexo de subluxação

LA
vertebral, falha posicional, assimetrias posicionais e hipomobilidade são utilizados
para nominar supostas disfunções mecânicas, que, por sua vez, levariam à dor e,
consequentemente, à incapacidade.

O
Entretanto, a existência de muitas das disfunções mecânicas tem sido questionada do ponto de
TR
vista científico, bem como a capacidade dos terapeutas de identificá-las. Sabe-se que os testes
palpatórios utilizados com o objetivo de detectar tais anomalias possuem baixa confiabilidade para
uso clínico e, portanto, não são confiáveis para o que se propõem.10
N

Além disso, alguns estudos têm demonstrado que, apesar de sua eficácia, a manipulação vertebral
promove efeitos inespecíficos e difusos, independentemente da especificidade da técnica selecionada.11
O

Quando analisados em conjunto, esses achados sugerem que os mecanismos de ação da terapia
manual são complexos e que o modelo biomecânico vigente é insuficiente para elucidá-los.
C

Nesse contexto, Bialosky e colaboradores12 propuseram um novo modelo abrangente, na tentativa


de explicar os mecanismos de ação da terapia manipulativa e guiar novas pesquisas na área.
A
PI
Ó
C
82
Os autores do estudo supracitado sugerem que, a partir de um estímulo mecânico transitório aplicado
|
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aos tecidos periféricos, ocorre uma cadeia de efeitos neurofisiológicos periféricos, medulares e
supraespinhais, os quais são responsáveis pelos efeitos clínicos observados. Além disso, ressaltam
que os fatores contextuais decorrentes da interação entre o paciente, terapeuta e o ambiente têm
uma grande influência na eficácia clínica da terapia manual. Portanto, acredita-se que a analgesia
promovida por essa técnica advém de uma combinação complexa de fatores, e não apenas de um
efeito puramente mecânico12 (Quadro 1).

Quadro 1

EFEITOS TEÓRICOS ATRIBUÍDOS À


MOBILIZAÇÃO/MANIPULAÇÃO VERTEBRAL

A
Efeitos mecânicos ■■ Restauração da mobilidade e ADM.

D
■■ Alongamento de tecidos conectivos sob ação de uma carga.
■■ Interrupção das ligações cruzadas entre as fibras de colágeno.
■■ Alongamento das adesões capsulares.

LA
■■ Liberação do meniscoide articular.
■■ Correção de uma falha posicional.

Efeitos neurofisiológicos ■■ Redução da percepção da dor; inibição da dor local ou

O
regional (hipoalgesia):
•• Ativação de mecanorreceptores do tipo I e II;
•• Ativação da área PAG no tronco cerebral;
TR
•• Ativação da analgesia descendente do SNC;
•• Resposta analgésica do SNS;
•• Mecanismo periférico/espinhal do corno dorsal.
■■ Influência na ativação muscular:
N

•• Ativação de mecanorreceptores do tipo III;


•• Inibição do tônus muscular superficial/global;
O

•• Facilitação da ativação muscular profunda/local;


•• Facilitação da ativação muscular regional/extremidades.
C

Efeitos psicológicos ■■ Efeito placebo.


■■ Influência das orientações/instruções do terapeuta.
■■ Influência das expectativas do paciente.
A

ADM: amplitude de movimento; PAG: cinzenta periaquedutal (em inglês, periaqueductal gray); SNC: sistema nervoso central;
SNS: sistema nervoso simpático.
PI

Fonte: Adaptado de Olson (2015).13


Ó
C
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ATIVIDADES

7. Observe as afirmativas sobre a abordagem da fisioterapia manipulativa ortopédica


(FMO).

I — As manipulações vertebrais devem ser realizadas com o objetivo de corrigir rotações


vertebrais ou assimetrias posicionais.
II — O efeito das técnicas de manipulação vertebral é extremamente específico, por isso,
espera-se que o fisioterapeuta experiente atinja apenas um segmento ao realizar
uma manipulação com thrust.

A
III — Durante várias décadas, o modelo biomecânico foi utilizado para explicar os efeitos
da terapia manual, porém, com o avanço das pesquisas em neurociência da dor,

D
tem-se dado uma grande ênfase aos efeitos neurofisiológicos das técnicas.

LA
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C)
D)
Apenas a III.
Apenas a I e a II.
O
TR
Resposta no final do artigo
N
O

■ CONTRAINDICAÇÕES DA MANIPULAÇÃO VERTEBRAL


C

Os guias de prática clínica recomendam que a avaliação da coluna vertebral seja realizada em níveis,
sendo que, no primeiro passo da triagem, devem-se descartar as “bandeiras vermelhas”, condições
de saúde sérias que contraindiquem a terapia manipulativa ou que justifiquem encaminhamento
A

médico. No segundo nível da triagem, as “bandeiras amarelas” devem ser avaliadas, sendo estas
relacionadas com questões psicossociais que podem levar à cronicidade.6,14
PI

BANDEIRAS VERMELHAS
Ó

A seguir são apresentadas as principais “bandeiras vermelhas” das regiões cervical, torácica e lombar.
C
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Região cervical
|
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Alguns fatores de risco devem ser avaliados antes da realização de qualquer procedimento de terapia
manual aplicado à região cervical, como, por exemplo, disfunção das artérias cervicais (artérias
carótida interna e vertebrobasilar) e instabilidade da coluna cervical alta. Essas informações são
descritas no Quadro 2.

Quadro 2

CONTRAINDICAÇÕES DA MANIPULAÇÃO CERVICAL


Apresentação Disfunção Disfunção da artéria Instabilidade
da cartida interna vertebrobasilar da cervical alta

A
Apresentação Dor cervical alta e média, Dor na cervical alta e Dor de cabeça e

D
inicial dor ao redor da orelha e média; dor de cabeça pescoço; percepção
mandíbula (carotidinia), na região occipital; início de instabilidade;

LA
dor de cabeça de dor aguda descrita hiperatividade da
(frontotemporoparietal); como “não parece com musculatura cervical;
ptose; disfunção nervo nenhuma outra que já suporte constante para
craniano (VIII-XII); dor tive”. a cabeça; piora dos

O
aguda de início recente sintomas.
descrita como “não
parece com nenhuma
TR
outra que já tive”.
Apresentação Disfunção transitória AIT na região do tronco Disestesia nas mãos
tardia da retina (estocoma cerebral e cerebelo, e pés bilateralmente;
cintilante, amaurose tontura, diplopia, sensação de um
N

fugaz); AIT; AVC. disartria, disfagia, nódulo na garganta;


queda súbita, náusea, gosto metálico na boca
O

nistagmo, parestesia (VII); perda de força


facial, ataxia, vômito, no braço e perna;
C

rouquidão, perda de perda de coordenação


memória de curto prazo, bilateralmente.
imprecisão, hipotonia/
A

fraqueza nos MMSS,


anidrose (diminuição da
PI

sudorese facial); distúrbio


na audição; mal-estar;
disestesia perioral;
Ó

fotofobia; mudanças
papilares; agitação;
disfunção dos nervos
C

cranianos; AVC do tronco


cerebral (p. ex.: síndrome
de Wallenberg e síndrome
do encarceramento).
AIT: ataque isquêmico transitório; AVC: acidente vascular cerebral; MMSS: membros superiores.
Fonte: Adaptado de Rushton e colaboradores (2014).15
85
Região torácica

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A dor na coluna torácica de origem musculoesquelética apresenta prevalência anual de 15 a
27,5%16 e normalmente está associada à dor lombar e/ou cervical em 40,7% nos homens, e em
36% nas mulheres.17

As técnicas de manipulação torácica podem ser utilizadas tanto no tratamento da própria dor torácica,
como também de maneira combinada com as manipulações cervicais e lombares. Portanto, uma
avaliação das “bandeiras vermelhas” dessa região se faz necessária previamente ao tratamento
manipulativo (Quadro 3).

Quadro 3

A
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS E RELATIVAS DA MANIPULAÇÃO TORÁCICA

D
Condições Contraindicações absolutas

LA
Ósseas Tumor, infecção, osteoporose, displasia, uso de corticosteroides de
longo prazo, cirurgias, AR, espondilite anquilosante, fraturas, ruptura de
ligamentos, etc.
Mielopatias, compressão da medula espinal, síndrome da cauda equina,

O
Neurológicas
compressão nervosa com aumento dos sintomas, hiperreflexia bilateral,
vômito/náusea/vertigem.
TR
Vasculares Insuficiência vertebrobasilar diagnosticada, anormalidades das artérias
cervicais, aneurisma da artéria aorta, terapia anticoagulante, angina
pectoris, insuficiência e arritmia cardíaca não tratadas, dor abdominal
aguda.
N

Clínicas Falta de exames subjetivos e objetivos, falta de diagnóstico, falta de


expertise do clínico, falta de consenso do paciente.
O

Contraindicações relativas
C

■■ Reação adversa a um tratamento pregresso de manipulação torácica.


■■ Processo inflamatório em alguma articulação da região torácica.
■■ Osteoporose leve.
A

■■ Protrusão ou HD.
■■ Espondilolistese.
PI

■■ Hipermobilidade.
■■ Calcificação arterial.
■■ Hipertensão arterial.
Ó

■■ Doença degenerativa articular severa.


■■ Criança em fase de crescimento.
■■ Cifose ou escoliose severa.
C

■■ Herpes-zóster na região torácica.


■■ Vertigem.
■■ Infecções sistêmicas.
■■ Dependência psicológica da manipulação vertebral (paciente acha que irá melhorar os sintomas apenas
se receber a manipulação).
■■ Dor com um componente psicológico.
■■ Sem mudanças ou piora dos sintomas após várias manipulações.

AR: artrite reumatoide; HD: hérnia de disco.


Fonte: Adaptado de Puentedura e O’Grady (2015).18
86
Região lombar
|
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Na região lombar, assim como na cervical, é necessário que o fisioterapeuta conduza uma avaliação
subjetiva e objetiva minuciosa, com o intuito de investigar a existência de “bandeiras vermelhas”,
contraindicando a aplicação das técnicas de manipulação. O Quadro 4 traz informações sobre as
principais “bandeiras vermelhas” na região lombar, com a respectiva contraindicação relativa ou
absoluta à manipulação vertebral.

Quadro 4

BANDEIRAS VERMELHAS PARA A MANIPULAÇÃO LOMBAR

A
Bandeira vermelha Descrição Porque não manipular
Trauma História pregressa de trauma, acidente Possível fratura, especialmente em um

D
automobilístico, queda, etc. paciente idoso ou com osteoporose.
Idade Cinquenta anos ou mais. Aumento no risco de câncer, aneurisma

LA
da artéria aorta abdominal, fratura,
infecção.
Histórico de câncer História pregressa ou atual de qualquer Metástases no rim, próstata, pulmão

O
tipo de câncer. e tireoide podem provocar dores na
região lombar.
TR
Febre, calafrio, suor Febre acima de 37,7ºC, calafrios, Esses sintomas podem ser indicativos
noturno sudorese noturna. de infecção ou câncer.

Perda de peso Perda inexplicável de 4,5kg ou mais, nos Pode ser indicativo de infecção ou
últimos 3 meses, não relacionada com câncer.
N

mudança de atividade ou dieta.


Infecção recente Infecção bacteriana recente, como, por Aumenta os riscos de possível infecção.
O

exemplo, uma infecção urinária.


Imunossupressão Imunossupressão causada por um Aumenta os riscos de possível infecção.
C

transplante, abuso de drogas IV, ou


uso prolongado de esteroides.
Dor noturna Dor que não diminui com o repouso Aumento no risco de possível câncer,
A

ou desperta o paciente à noite, não infecção ou um aneurisma da aorta


relacionada com o movimento ou abdominal.
PI

posicionamento.
Anestesia em sela Diminuição da sensibilidade do 2º ao 5º Pode indicar síndrome da cauda equina.
Ó

dermátomos sacrais, região perineal.


Disfunção urinária Retenção urinária, mudança na Pode indicar síndrome da cauda equina
C

frequência miccional, incontinência, ou infecção.


disúria, hematúria.
Déficit neurológico Déficit neurológico severo ou progressivo Pode indicar síndrome da cauda equina.
dos MMII nos MMII.
IV: intravenosas; MMII: membros inferiores.
Fonte: Adaptado de Leerar e colaboradores (2007).19
87
Observando-se cuidadosamente as “bandeiras vermelhas” apresentadas (ver Quadros 2, 3 e 4), o

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risco de um efeito adverso importante após a manipulação vertebral é raro.

Nielsen e colaboradores20 realizaram um estudo no qual foram analisadas 118 revisões sobre os
efeitos adversos após a manipulação vertebral, e os principais achados foram:

■ morte — 1 em > 3 milhões e 330 mil–3 milhões e 730 mil manipulações;


■ acidente vascular encefálico (AVE) — 1 em 20 mil–2 milhões manipulações;
■ acidente vertebrobasilar — 1 em 228.050–1 milhão manipulações;
■ acidente vascular cerebral (AVC) — 1 em 228.050–3 milhões e 850 mil manipulações;
■ hérnia discal (HD) — 1 em 8.369.129 manipulações;
■ cauda equina — 1 em >1 milhão–128 milhões manipulações;

A
■ HD ou cauda equina — 1 em > 1 milhão–3 milhões e 720 mil manipulações;
■ efeitos adversos sérios — 1 em 1 milhão–250 milhões manipulações;

D
■ complicações sérias —1 em 20 mil–2 milhões manipulações.

LA
Para saber mais:

AVE: Condição que pode afetar o cérebro, cerebelo, tronco, ponte e bulbo.

O
AVC: Condição a qual afeta apenas a região do cérebro.
TR
■ FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAL
N
O

BANDEIRAS AMARELAS
C

Os fatores de risco psicológico, social e ambiental são considerados “bandeiras amarelas”, por
promoverem incapacidade prolongada e falha do retorno ao trabalho como uma das consequências
A

dos sintomas musculoesqueléticos.

Os fisioterapeutas devem avaliar e identificar de maneira precoce os fatores de risco


PI

considerados bandeiras amarelas, com o objetivo de traçar estratégias de tratamento


adequadas, abordando não apenas os fatores biológicos, mas também os psicossociais
Ó

e, quando necessário, encaminhar o paciente a outros profissionais de saúde mais


capacitados nessa abordagem.
C
88
O Quadro 5 apresenta a relação dos fatores considerados “bandeiras amarelas”.
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Quadro 5

BANDEIRAS AMARELAS
Natureza Exemplos
Crenças, avaliações e julgamentos ■■ Crenças inadequadas relacionadas com a dor: indicação
de lesão como não tratável ou com provável piora.
■■ Expectativa de pouco resultado com o tratamento, atraso
no retorno ao trabalho.
Respostas emocionais ■■ Distresse que não preenche os critérios para doença mental.

A
■■ Preocupações, medos, ansiedade.
Comportamento de dor (incluindo ■■ Evitação de atividades em razão das expectativas em

D
estratégias de enfrentamento da dor) relação à dor e possível recidiva.
■■ Dependência excessiva de tratamentos passivos (com-

LA
pressas quente e fria, analgésicos).
Fonte: Adaptado de Nicholas e colaboradores (2011).21

ATIVIDADES
O
TR
8. Quais são as contraindicações à manipulação cervical?

............................................................................................................................................
N

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
O

............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
C

9. As “bandeiras vermelhas” são descritas como sinais de patologias sérias que devem
A

ser descartadas pelo fisioterapeuta antes da aplicação da manipulação vertebral.


Seguindo esse raciocínio, qual condição a seguir é considerada uma “bandeira
PI

vermelha” para a manipulação vertebral?


Ó

A) Hérnia de disco (HD).


B) Artrose.
C) Osteoporose severa.
C

D) Depressão.
Resposta no final do artigo
89
10. As “bandeiras amarelas” são descritas como fatores prognósticos psicológicos para

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o desenvolvimento de incapacidades após um episódio de dor musculoesquelética.
As afirmativas a seguir apresentam condições que são consideradas “bandeiras
amarelas”.

I — Catastrofismo.
II — Distresse.
III — Síndrome da cauda equina.
IV — Cinesiofobia.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.

D
C) Apenas a I, a II e a IV.
D) Apenas a I, a III e a IV.

LA
Resposta no final do artigo

O
TR
■ EFICÁCIA DA MANIPULAÇÃO VERTEBRAL
A seguir, será detalhada a eficácia da manipulação vertebral para cada uma das condições clínicas
para as quais ela é indicada.
N
O

DOR CERVICAL
C

De acordo com a definição da International Association for the Study of Pain (IASP), a
A

dor cervical é definida como proveniente de qualquer lugar dentro da região limitada,
superiormente, pela linha nucal superior, inferiormente, por uma linha imaginária
PI

transversa que passa através do topo do processo espinhoso da primeira vértebra


torácica, e, lateralmente, pelo plano sagital, tangencial às bordas laterais do pescoço.22
Ó

A dor cervical é uma condição comum na população e com frequência promove incapacidade.
C
90
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Para saber mais:

O Global Burden of Disease (GBD), 2010, elencou a dor cervical como a 4ª condição de
saúde em termos de anos perdidos por incapacidade e em 21º lugar em geral, somente atrás
da dor lombar, depressão e anemia.23

Em 2015, o GBD verificou que as dores na região lombar e cervical foram a principais causas
globais de incapacidade na maioria dos países estudados.24

A prevalência da dor cervical durante a vida na população adulta (18–84 anos) varia entre

A
14,2% a 71%, com uma média de 48,5%,25 com uma prevalência típica em 12 meses
estimada entre 30 a 50%.26 Uma grande proporção desses casos, entre 50 a 85%, irão

D
desenvolver sintomas crônicos e incapacidade.27

LA
Existe evidência que a terapia manipulativa vertebral promova efeitos positivos na dor cervical.
Revisões sistemáticas concluíram que as manipulações cervical e torácica produzem efeitos
benéficos na dor, função, satisfação e efeito global percebido, porém, apenas em curto e médio
prazos.28 Os guias de prática clínica recomendam o uso da mobilização e manipulação vertebral14
(Figuras 1A e B).

O
TR
N
O
C
A
PI

A B
Ó

Figura 1 — A) Manipulação cervical em rotação (C2-C7) — cradle hold. B) Manipulação cervical alta (C1-C2) — chin hold.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
C
91
Além de ser utilizada de maneira combinada com as técnicas cervicais, a manipulação

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torácica pode ser considerada uma alternativa de tratamento em indivíduos com alguma
contraindicação à manipulação cervical (Figuras 2A e B). Acredita-se que o chamado efeito
“Cinderela” promovido por esse manejo esteja associado a mecanismos neurofisiológicos
e biomecânicos, em razão da interdependência regional.29

A
D
LA
A
O B
TR
Figura 2 — Manipulação torácica média (A) e alta (B).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
N

Dada a natureza complexa e multifatorial da dor cervical, o manejo clínico dessa condição geralmente
envolve uma combinação de múltiplas intervenções.
O

Recentemente, tem sido sugerido que os clínicos usem a educação em neurociência


C

da dor com o objetivo de reduzir a cinesiofobia, enquanto usam a FMO e exercícios


terapêuticos para restaurar a capacidade de movimento do paciente.7
A

DOR LOMBAR
PI

A dor lombar é uma condição clínica que afeta 90% da população em algum momento da vida,
sendo que, nos últimos 10 anos, sua prevalência aumentou de maneira alarmante.30,31 Sabe-se que
Ó

os fatores biopsicossociais, como catastrofização, cinesiofobia, ansiedade, depressão, estresse,


insatisfação no trabalho e preocupação financeira, contribuem de maneira significativa no processo
C

de cronificação dessa condição.32,33

A manipulação vertebral é amplamente utilizada na prática clínica para o tratamento da dor lombar aguda
e crônica, entretanto, muito ainda se discute sobre a real eficácia dessa modalidade de tratamento.

Os guias de prática clínica recomendam a manipulação vertebral como uma das estratégias
eficazes no manejo da dor lombar aguda e crônica.34
92
Há evidências de qualidade moderada indicando que a manipulação vertebral é efetiva na redução
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

da dor e da incapacidade em indivíduos com dor lombar.35 Acredita-se que a manipulação vertebral
seja superior a intervenções placebo, porém, ela não tem se mostrado mais efetiva do que outros
tratamentos utilizados, como o cuidado médico e o exercício físico.36 A Figura 3 demonstra a
manipulação lombar em rotação.

A
D
LA
O
TR
Figura 3 — Manipulação lombar em rotação.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
N

Hass e colaboradores,37 em seu estudo sobre dose-resposta em indivíduos com dor lombar,
O

demonstraram serem necessárias 12 sessões de manipulação vertebral para que se obtenha um


efeito ótimo sobre os desfechos dor e incapacidade. Entretanto, esse número foi obtido considerando-
C

se a manipulação vertebral como um tratamento isolado.

LEMBRAR
A

Em razão das características multidimensionais da dor lombar crônica, os guias de


PI

prática clínica geralmente recomendam que a manipulação vertebral não seja utilizada
de maneira isolada, mas sim dentro de uma abordagem multimodal de tratamento,
incluindo exercícios, com ou sem terapia psicológica associada.38
Ó
C
93

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ATIVIDADES

11. Acredita-se que a coluna torácica possa desempenhar um papel importante na


perpetuação e manutenção das dores do quadrante superior. Estudos recentes têm
demonstrado que o tratamento manual dirigido à coluna torácica pode ter um impacto
positivo sobre a dor em indivíduos com desordens na coluna cervical. Observe as
afirmativas sobre a terapia manipulativa aplicada à região torácica.

I — Acredita-se que o efeito promovido pela manipulação torácica a distância esteja


associado a mecanismos puramente biomecânicos.
II — Dor torácica aguda intensa, sem história de trauma, em pacientes de ambos os

A
sexos com idade superior a 60 anos é uma bandeira vermelha, necessitando de
encaminhamento médico.

D
III — A osteoporose leve é uma contraindicação relativa à manipulação torácica.
IV — Em indivíduos com contraindicações para a manipulação cervical, a manipulação

LA
torácica pode ser uma alternativa no controle da dor.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A)
B)
Apenas a II, a III e a IV.
Apenas a I, a II e a IV. O
TR
C) Apenas a I e a IV.
D) Apenas a II e a III.
Resposta no final do artigo
N

12. Antes de realizar uma manipulação vertebral, o fisioterapeuta deve sempre avaliar
O

as contraindicações ao procedimento, com o objetivo de evitar danos ao paciente.


Com relação a esse tema, qual das opções a seguir contém apenas condições que
C

contraindicam de maneira absoluta a manipulação vertebral torácica?

A) Angina pectoris, tumor e infecção.


A

B) Hipermobilidade, osteoporose e síndrome da cauda equina.


C) Vertigem, cifose severa e hipertenção arterial.
PI

D) Hérnia de disco (HD), escoliose severa e osteoporose.


Resposta no final do artigo
Ó

13. O tratamento da dor lombar possui um leque de opções, indo desde tratamentos sem
embasamento científico a terapias amplamente estudadas, com comprovação de sua
C

eficácia. No tocante à dor lombar, qual é a recomendação mais adequada segundo


os guias de prática clínica?

A) Terapia manipulativa isolada.


B) Exercício físico.
C) Analgésico.
D) Terapia multimodal (terapia manipulativa, exercício físico e educação em dor).
Resposta no final do artigo
94
■ CASOS CLÍNICOS
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

A seguir, serão apresentados dois casos clínicos, com vistas à fixação e ao aprofundamento do
conteúdo apresentado ao longo do artigo.

CASO CLÍNICO 1
Um paciente com lombociatalgia aguda procura atendimento fisioterapêutico. Ele refere
piora dos sintomas na posição sentada e ao acordar. No exame físico, apresenta restrição
da flexão repetida em pé, com dor irradiada e parestesia na região posterior da coxa e
perna direita, e dor local e rigidez na avaliação do movimento intervertebral acessório

A
passivo posteroanterior central, nos níveis L4/L5. O teste de elevação da perna estendida
é positivo no lado direito, e o fenômeno de Valsava está presente.

D
LA
ATIVIDADE

O
14. Sobre o caso clínico 1, assinale a alternativa correta.

A) O paciente deve ser encaminhado a um médico, sendo-lhe prescrito anti-inflamatórios


TR
não esteroides (AINEs) e repouso no leito.
B) A manipulação lombar é contraindicada, em razão dos sinais de radiculopatia aguda.
C) O paciente deve ser tratado com manipulação em rotação lombar e exercícios de
N

extensão repetida.
D) Sinais de radiculopatia aguda são bandeiras amarelas e contraindicam a manipulação
O

vertebral.
Resposta no final do artigo
C
A

CASO CLÍNICO 2
PI

Paciente do sexo masculino, 53 anos de idade, apresenta sobrepeso e é sedentário.


Bom estado geral. Relata dor lombar há 5 anos, de intensidade 6 na escala numérica. No
Ó

último ano, houve piora do quadro, com irradiação dos sintomas para a região posterior
do MI esquerdo, não ultrapassando a prega glútea.
C

O paciente relata que sua condição piora ao realizar grandes esforços. Não apresenta
histórico de fratura ou trauma importante na região lombar.

O paciente realizou uma ressonância magnética há 3 meses, na qual foi constatada uma
protrusão discal difusa no nível L4 e L5 e artrose interapofisária incipiente nos segmentos
L3–L5. Durante o exame subjetivo, foi possível constatar algumas “bandeiras amarelas”,
como cinesiofobia e ansiedade, além de sono não reparador.
95
Ao exame físico, não foram constatadas alterações dos reflexos patelar e calcâneo. Apresentou

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força muscular normal nos testes resistidos. Não foram observadas alterações significativas
no exame da sensibilidade no membro inferior esquerdo. Os testes provocativos para o nervo
isquiático (elevação da perna estendida e slump) não provocaram resposta sintomática.

Durante a avaliação dos movimentos fisiológicos ativos e passivos, foi observada dor e
restrição da flexão lombar, porém, sem piora dos sintomas no MI esquerdo. Constatou-se
dor moderada e hipomobilidade à mobilização posteroanterior central na região lombar
baixa, mais especificamente nos níveis L4 e L5.

ATIVIDADES

A
D
15. Em sua prática clínica, a manipulação vertebral seria indicada para caso clínico 2?
Justifique sua resposta.

LA
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

O
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
TR
16. Quais são os fatores mais significativos para a cronificação dos sintomas do paciente
do caso clínico 2?
N

A) Sobrepeso.
O

B) “Bandeiras amarelas” e sedentarismo.


C) Protrusão discal.
C

D) Artrose interapofisária.
Resposta no final do artigo
A
PI

■ CONCLUSÃO
Ó

As dores lombares e cervicais são, respectivamente, a primeira e a quarta causas de incapacidade


C

no mundo. A incidência dessas duas condições de saúde tem aumentado com o passar dos anos,
apesar dos esforços dos profissionais de saúde, promovendo um alto custo socioeconômico.

Para que o fisioterapeuta aplique as técnicas de manipulação vertebral de maneira eficaz e segura,
é necessário, além do treinamento prático, uma grande dose de conhecimentos teóricos, com o
objetivo de analisar as indicações e contraindicações das técnicas, por meio de um exame subjetivo
e objetivo minucioso.
96
A fisioterapia manipulativa é uma abordagem eficaz nas dores da coluna vertebral e deve ser
|
FISIOTERAPIA MANIPULATIVA ORTOPÉDICA APLICADA À COLUNA VERTEBRAL — UMA ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

utilizada em uma perspectiva multimodal, podendo contribuir de maneira positiva no tratamento


dessas condições.

■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: D
Comentário: Dada a quantidade de conceitos, métodos e filosofias de tratamento, a terapia manual
abrange desde técnicas aplicadas aos tecidos moles até técnicas de AVBA destinadas ao complexo
articular.

A
Atividade 2

D
Resposta: A
Comentário: Após a queda do Império Romano no Ocidente (476 d.C), seguiu-se a Idade Média,

LA
durante a qual ocorreu um enorme declínio do conhecimento médico vigente. Houve um grande
período sem muitos relatos médicos, até que, em 1579, Ambroise Paré, cirurgião Francês, descreve
a utilização da manipulação vertebral, incluindo muitas das técnicas descritas por Hipócrates.

Atividade 3
O
TR
Resposta: Acredita-se que o abandono da manipulação articular pelos médicos e cirurgiões ingleses
foi decorrente de seu uso indiscriminado, gerando danos severos em casos envolvendo tuberculose
óssea, uma doença de proporções epidêmicas na época.
N

Atividade 4
Resposta: As técnicas de terapia manual são consideradas movimentos manuais especializados
O

destinados a otimizar qualquer um ou todos os seguintes efeitos: modular a dor, melhorar a


extensibilidade dos tecidos, aumentar a ADM, mobilizar ou manipular tecidos moles e articulações,
C

induzir o relaxamento, alterar a função muscular, estabilizar o complexo articular e reduzir a inflamação
e o edema dos tecidos moles e a rigidez.
A

Atividade 5
Resposta: B
PI

Comentário: Movimentos fisiológicos, também chamados de osteocinemáticos, são aqueles que o


paciente pode realizar ativamente, sem auxílio; já os acessórios, também chamados artrocinemáticos,
são os movimentos intra-articulares, que não podem ser realizados de forma ativa pelo paciente.
Ó

Atividade 6
C

Resposta: C
Comentário: A mobilização compreende um continuum de movimentos passivos especializados
que são aplicados em diferentes velocidades e amplitudes destinados a articulações, músculos ou
nervos, com a intenção de restaurar o movimento ideal e/ou função e/ou reduzir a dor. A manipulação,
por sua vez, é um impulso passivo, de AVBA, aplicado ao complexo articular, dentro de seu limite
anatômico, com a intenção de restaurar o movimento ideal e/ou função e/ou reduzir a dor.
97
Atividade 7

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Resposta: C
Comentário: A hipótese mais provável sobre os efeitos da terapia manual sugere que, a partir de um
estímulo mecânico aplicado aos tecidos periféricos, ocorra uma cadeia de efeitos neurofisiológicos
transitórios, que são responsáveis pelos efeitos clínicos observados.

Atividade 8
Resposta: As contraindicações à manipulação cervical são a disfunção da carótida interna e da
artéria vertebrobasilar e a instabilidade da cervical alta.

Atividade 9
Resposta: C

A
Comentário: A osteoporose severa se enquadra no grupo das bandeiras vermelhas para a manipulação
vertebral, pois aumenta o risco de fratura vertebral.

D
Atividade 10

LA
Resposta: C
Comentário: A síndrome da cauda equina não se enquadra no âmbito das bandeiras amarelas, e
sim nas vermelhas para a manipulação vertebral.

Atividade 11
Resposta: A
O
TR
Comentário: Acredita-se que o chamado efeito “Cinderela” promovido pela manipulação torácica
esteja associado a mecanismos neurofisiológicos e biomecânicos, devido à interdependência
regional, e não apenas a efeitos biomecânicos.
N

Atividade 12
Resposta: A
O

Comentário: Hipermobilidade, vertigem, cifose severa, hipertensão arterial, HD e escoliose severa


são contraindicações relativas à manipulação vertebral torácica.
C

Atividade 13
Resposta: D
A

Comentário: Os guias de prática clínica atuais recomendam a utilização de terapias multimodais


para o tratamento da dor lombar, abordando essa condição de um ponto de vista biopsicossocial.
PI

Atividade 14
Resposta: B
Ó

Comentário: Sinais de radiculopatia aguda contraindicam a manipulação lombar, por risco de


promover um efeito adverso.
C

Atividade 15
Resposta: Sim, a manipulação pode ser indicada neste caso, pois o paciente apresentava restrição
do movimento fisiológico ativo e passivo de flexão lombar, bem como dor e hipomobilidade aos
movimentos acessórios no segmento L4 e L5. Além disso, não foi constada nenhuma alteração no
exame neurológico, afastando a possibilidade de uma radiculopatia. Nenhuma “bandeira vermelha”
que contraindicasse o tratamento manipulativo foi constatada durante a avaliação.
98
Atividade 16
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Resposta: B
Comentário: Os fatores mais importantes para a cronificação dos sintomas no paciente do caso
clínico 2 são o baixo nível de atividade física, o sono não reparador e as “bandeiras amarelas”
constatadas na avaliação. Sabe-se que o sobrepeso e as alterações nos achados de imagem não
possuem uma relação direta com a perpetuação do quadro doloroso.

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Como citar este documento


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Bracht MA, Vier C. Fisioterapia manipulativa ortopédica aplicada à coluna vertebral — uma
abordagem baseada em evidências. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-
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Ortopédica; Silva MF, Barbosa RI, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização


PI

em Fisioterapia Traumato-Ortopédica: Ciclo 1. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018.


p. 73–100. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).
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