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UCSAL - Universidade Católica do Salvador

Investigação Geotécnica
ENG137 - Fundações e Obras de Terra

FONTE: PERFURATIZ E FUNDAÇÕES

Prof. Paulo Burgos


M.Sc. Geotecnia
FONTE: BRASIL ESCOLA – FORUM DA CONSTRUÇÃO – ENGENHEIRO CAIÇARA
1. INTRODUÇÃO

Os projetos de engenharia, desde os mais modestos aos mais


complexos, requerem o estudo das características e
propriedades do subsolo. A história da Engenharia Civil registra
casos em que a inobservância de certos princípios de
investigação ou mesmo a negligência diante da obtenção de
informações, acerca do subsolo tem conduzido a ruínas totais ou
parciais e, consequentemente, a prejuízos de ordem econômica e
de tempo.

2. DEFINIÇÃO

É o conjunto de atividades de campo e/ou laboratório que


permitem a obtenção de informações acerca do subsolo,
necessárias ao desenvolvimento adequado de um projeto
geotécnico. Tem como termos correlatos: exploração geotécnica,
reconhecimento geotécnico e prospecção geotécnica.
3. OBJETIVOS

• Determinação da profundidade e espessura de cada camada de


solo;
• Conhecimento da natureza do solo;
• Identificação da profundidade do topo rochoso e suas
características;
• Posição do nível de água, se houver;
• Obtenção de amostras deformadas e indeformadas para a
condução de ensaios de laboratório, visando obter
propriedades geotécnicas.

4. TIPOS

4.1 Métodos Diretos Manuais e Mecanizados


Os métodos manuais envolve poços, trincheiras e sondagens a
trado. Enquanto que, os métodos mecanizados englobam as
sondagens a percussão, rotativa e mista.
 Poços e trincheiras

Trincheira

Poços de seção circular e retangular

FONTE: ENGENHEIRO LEGAL


 Sondagem a trado

Sondagem a trado

Trados Helicoidais
Trado Cavadeira Manual Motorizado

FONTE: HABSONDA E MASTER DRILLING


 Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)
NBR 6484 (Solo – Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos)

O método de sondagem a percussão, é o mais empregado no Brasil,


principalmente em prospecção do subsolo para fins de projetos de
fundação. Tem por objetivo medir o índice de resistência à penetração do
solo (N ou NSPT), determinar espessura das camadas, identificar a
compacidade ou consistência, indicar nível de água - se houver, visando
a obtenção do perfil estratigráfico. Adicionalmente, aproveitando-se da
perfuração realizada, pode-se conduzir o ensaio de permeabilidade.

Os principais equipamentos que são utilizados nesse ensaio de campo


são:
• Torre ou tripé de sondagem;
• Hastes de perfuração e tubos de revestimento;
• Peso de 65 kgf;
• Cabeça de bater;
• Amostrador - padrão;
• Trados cavadeira e helicoidal;
• Motor - bomba;
• Reservatório de água;
• Ferramentas diversas.
Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)
Equipamentos e acessórios

Amostrador Padrão

Dext = 50,8 mm

Dint = 34,9 mm

Trado
Trépano Helicoidal
Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

SÍNTESE DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO

A perfuração é iniciada com o trado cavadeira (D=100 mm) até o primeiro


metro, quando deverá ser colocado o primeiro segmento de tubo de
revestimento. A partir do segundo metro a abertura do furo deve ser
realizada com o trado helicoidal e só utilizar o trépano após encontrar o
nível de água.

O ensaio consiste na cravação de 45 cm do amostrador - padrão , a cada


metro de perfuração, mediante impacto de um peso de 65 kgf, caindo em
queda livre de uma altura de 75 cm. São anotados os números de golpes
necessários à cravação do amostrador em três trechos consecutivos de
15 cm, sendo o valor do índice de resistência à penetração (NSPT), o
número de golpes correspondentes à cravação dos últimos trinta
centímetros. Após o término de cada ensaio a composição das hastes é
retirada do subsolo para a coleta e identificação da amostra que se
encontra no interior do amostrador - padrão. Seguidamente, para a
continuidade da sondagem até a cota do próximo ensaio, a perfuração é
conduzida com trado ou trépano de lavagem, se encontrar o nível de
água. Posiciona-se, o amostrador - padrão na nova cota de ensaio e
repete-se o procedimento descrito.
Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

amostra obtida

FONTE: M2 SONDAGENS
PROCEDIMENTO EXECUTIVO – ILUSTRAÇÕES

I (Perfuração)
0,75 m PESO II (Amostragem)
65 kgf
MOTOR
III (Penetração dinâmica)
BOMBA

1,0 m
AMOSTRADOR
PADRÃO

0,45 m

FONTE: SOUZA PINTO, ADAPTADO


Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)
 FATORES QUE INFLUENCIAM OS RESULTADOS DA SONDAGEM CASO NÃO
SEJAM OBSERVADOS:

• Erro na contagem do número de golpes;


• Variação da energia de cravação;
• Emprego da técnica de avanço por circulação de água com o trépano,
antes de encontrar o N.A.;
• Dimensões e estado de conservação do amostrador - padrão;
• Peso não calibrado e/ou sem coxim de madeira.

 CRITÉRIOS DE PARALISAÇÃO DA SONDAGEM:

No que tange a profundidade, a sondagem deve ser conduzida até o


impenetrável ou quando ocorrer uma das situações indicadas:

• Quando em 3 metros sucessivos, se obtiver índices de penetração maiores do


que 45/15;

• Quando em 4 metros sucessivos, se obtiver índices de penetração maiores do


que 45/30;

• Quando em 5 metros sucessivos, se obtiver índices de penetração entre 45/30


e 45/45.
Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

A resistência do solo é determinada pelo índice de resistência a


penetração (N ou NSPT), que consiste no número de golpes necessários à
cravação dos 30 cm finais do amostrador - padrão, desprezando os
golpes necessários para a cravação dos 15 cm iniciais.

Do ponto de vista da prática de engenharia de fundações, temos:

NSPT > 30 (Solos resistentes e estáveis)

NSPT < 5 (Solos poucos resistentes e compressíveis)


Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

TABELA DE COMPACIDADE
Solo NSPT Compacidade
≤4 Fofa(o)
5a8 Pouco compacta(o)
Areias e 9 a 18 Medianamente compacta(o)
siltes 19 a 40 Compacta(o)
arenosos
> 40 Muito compacta(o)

TABELA DE CONSISTÊNCIA
Solo NSPT Consistência
≤2 Muito mole
3a5 Mole
Argilas e 6 a 10 Média(o)
siltes
11 a 19 Rija(o)
argilosos
> 19 Dura(o)
Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

Número mínimo de furos de sondagens em função da área construída


No mínimo de furos Área construída (m2)

2 200

3 200 a 400

4 400 a 600

5 600 a 800

6 800 a 1000

7 1000 a 1200

8 1200 a 1600

9 1600 a 2000

10 2000 a 2400

A critério > 2400


Sondagem a percussão (Standard Penetration Test)

NA=7,51 m

33 65

33 33 66 10,00
 Sondagem SPT-T

A sondagem SPT-T diferencia-se da sondagem SPT, pela medida de


torque. O índice de torque (TR) é a relação entre o valor do torque medido
em Kgf x m e o valor do NSPT (TR = T/NSPT). Após o ensaio de penetração
dinâmica, retira-se a cabeça de bater e acopla-se o torquímetro, medindo-
se o valor do torque.

TR (1,0 a 1,2): Solos estáveis

TR (≥ 2,5): Solos colapsíveis


 Sondagem rotativa

O método de sondagem rotativa é empregado na perfuração de rochas,


matacões e solos de elevada resistência. Tem como objetivo principal a
obtenção de testemunhos de rochas, a partir do barrilete (amostrador de
rocha). No interior da perfuração, pode ser realizado o ensaio de perda de
água sob pressão, que tem por finalidade determinar a permeabilidade do
maciço rochoso.

O equipamento compõe-se essencialmente de sonda motorizada, bomba


de água, hastes de perfuração, tubos de revestimentos metálicos,
barrilete dotado de coroa, ferramentas diversas e acessórios.

Consiste, o ensaio, basicamente na realização de manobras


consecutivas, refrigerada a água, onde a sonda imprime as hastes os
movimentos rotativos de avanço e recuo na direção do furo e essas as
transfere ao barrilete, visando a obtenção do testemunho.
Sondagem rotativa

Nota:
Na perfuração de rochas brandas comumente se
emprega coroa com pastilhas de vídia. Nas rochas de
média a alta dureza a coroa é constituída de diamante
industrial.
Sondagem rotativa

O RQD (Rock Quality Designation), envolve os critérios de fraturação e


estado de alteração da rocha, indicando a qualidade do maciço rochoso.
Em sua determinação deve ser empregado o diâmetro de código NW
(Dfuro = 75,7 mm e Dtest = 54,7 mm), ou superior.

RQD = (STestemunhos ( ≥10 cm)) / Manobra)*100

CLASSIFICAÇÃO DA ROCHA

RQD (%) Qualidade do maciço rochoso

0 a 25 Muito fraco

25 a 50 Fraco

50 a 75 Regular

75 a 90 Bom

90 a 100 Excelente
4.2 Métodos Semi-Diretos
Fornecem apenas características mecânicas dos solos prospectados. Os
valores obtidos possibilitam informações sobre a natureza dos solos.
Compreende os ensaios de Vane Test, Cone, Piezocone, Pressiométrico e
Dilatométrico.

 Vane Test (Palheta)


NBR 10905 (Solo – Ensaios de Palheta In Situ)

O ensaio é tradicionalmente empregado para a determinação da resistência


ao cisalhamento não drenada (Su) de depósitos sedimentares de argilas
moles. Sendo necessário, o conhecimento prévio do subsolo, de modo a se
verificar a aplicabilidade do ensaio.

Utiliza-se um equipamento de aplicação e medição de torque, capaz de


imprimir uma velocidade de (6±0,6)º/min, a um sistema constituído por uma
palheta de aço (D = 65 mm e H = 130 mm) de alta resistência e hastes de
aço de um metro de comprimento e diâmetro de 13 mm, capaz de suportar
os torques. Devido ao sistema automatizado não há interferência do
operador na aquisição de dados.
Vane Test (Palheta)
Sensibilidade (St)
Baixa 2-4
NT
Média 4-8
Su (Indeformada) Alta 8 - 16
Sur (Amolgada) Muito Alta > 16
ARGILA MOLE

Su = 0,86 * Tmax / p * D3 St = Su / Sur


 Cone (CPT) e Piezocone (CPTU)
NBR 12069 (Solo – Ensaios de Penetração de Cone In Situ)

Os ensaios de cone e piezocone, conhecidos pelas siglas CPT (Cone


Penetration Test) e CPTU (Piezocone Penetration Test), respectivamente,
vêm se caracterizando internacionalmente como uma das mais importantes
ferramentas de prospecção geotécnica.

Consiste o ensaio de CPT e de CPTU na cravação no terreno de uma sonda


cônica acoplada a hastes a uma velocidade constante de (20±5) mm/s,
através de um sistema hidráulico.

Um sistema automático de aquisição de dados é empregado nesses


ensaios para obter as propriedades geotécnicas, não havendo interferência
do operador nos resultados.
qc, fs
u
 Cone (CPT)

Empregado para a determinação da resistência de ponta (qc) e atrito lateral


(fs) de solos. Obtém-se, a partir desses a razão de atrito (Rf). Esse
parâmetro derivado é empregado na classificação de solos:

Rf = (fs / qc) *100

Areias: qc 10 a 20 MPa e Rf ~1% qc fs Rf


u
Argilas: qc ≤1,5 MPa e Rf >5%

Prof. (m)
 Piezocone (CPTU)

Além, das propriedades geotécnicas mediadas no ensaio de Cone (CPT), qc


e fs, medem-se as pressões neutras geradas (u) durante o processo de
cravação. Possibilita, ainda, obter o coeficiente de adensamento horizontal
do solo (Ch) através do ensaio de dissipação.
4.3 Métodos Indiretos

São processos de base geofísica, não fornecem os tipos de solos e rochas


investigados, mas, tão somente, correlações entre esses e suas
resistividades elétricas ou seus valores de propagação de ondas sonoras.

De modo geral são indicados para determinar a profundidade do topo


rochoso recoberto por solo, descobrir descontinuidades e delimitar
camadas de solos constituídas por materiais bem diferenciados.

Incluem-se nessa categoria os métodos geofísicos:

- Eletrorresistividade;

- Sísmica de refração.
 Resistividade Elétrica (Eletroresistividade)
Método geoelétrico baseado na determinação da resistividade elétrica
dos materiais. Sendo empregado em diversos campos da Geotecnia.
Consiste o ensaio em uma sondagem vertical elétrica, onde a
resistividade é medida a partir de um campo elétrico gerado
artificialmente pela injeção de uma corrente no subsolo por meio de
elétrodos (A e B), medindo-se o potencial em M e N, respectivamente,
permitindo assim, calcular a resistividade elétrica e a obtenção do perfil
estratigráfico do subsolo.
Tabela interpretativa de minerais/rochas (ohm.m)

Esquema de Ensaio - Schlumberger


 Sísmica de Refração

O método é baseado no princípio de se gerar uma frente de ondas sísmicas


por uma fonte de energia e registrar esse sinal através de diversos
geofones que são instalados no terreno ao longo de uma linha.
A velocidade com que as ondas se propagam no meio depende das
propriedades físicas, grau de homogeneidade e de faturamento do material.
Dessa forma, esse método, mede o tempo que as ondas geradas por uma
fonte sísmica, leva para viajar através das camadas da Terra e retornar aos
geofones.
Mediante esse estudo pode-se estimar o topo rochoso, espessura de
camadas, avaliação do grau de escarificabilidade de maciço rochoso.

t
Sismógrafo

Ponto de x
Saída Geofones
Geofones
 Crosshole

Consiste na geração de ondas sísmicas (“P” e “S”) em um furo e o seu


registro, após percurso pela camada geológica, em um ou mais furos
adjacentes. Objetiva captar as ondas que se propagam em subsuperfície
sem que elas sofram os fenômenos de refração e reflexão, pois esses
podem mascarar os sinais de interesse. A trajetória da onda entre a fonte e
o receptor (geofone) é direta.
Os resultados obtidos permitem a determinação de parâmetros dinâmicos
de deformabilidade.

Existem áreas da Geotecnia em que é


importante determinar o parâmetro elástico
de solos e rochas. Como, exemplo, temos o
Módulo de rigidez ou de cisalhamento.

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