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Nome:
Paciente
Data Nascimento:
1994
Mãe:
Obs:
Recusa-se a ser assistida por psicólogos ou psiquiatras por experiências que para si foram
inócuas. A mãe pelo facto de saber que praticava tal, de um modo não profissional, por me
conhecer através de seu companheiro, decidiu recorreu à hipnose clínica.
Foi elucidada da minha experiência na área, bem como de que a opção pela hipnose só lhe
seria ministrada se não vislumbra-se qualquer risco pela situação que me foi descrita e que
abaixo narro de um modo sucinto.
***
A Paciente é filha de pais divorciados, na origem do divórcio casos muito graves de violência
doméstica que a Paciente viveu de um modo muito presente e com uma violência fora do
vulgar.
Entre outros, reage e relembra assiduamente de um episódio em que se meteu à frente do pai
que queria matar a mãe com uma faca, convidando-o a mata-la a ela, este episodio e alguns de
grande violência perseguem-na no seu quotidiano e parecem reavivar e aprofundar o amor
que demonstra pela sua mãe tornando-se mais evidente quando esta (mãe) está presente –
será para a paciente um símbolo de coragem e de aumento da sua auto-estima uma vez que é
um dos actos heróicos da sua vida (este o facto mais destacado num rol de episódios relatados
por si e pela sua mãe que aqui demonstra bem os sentimentos pela filha, que sente isto
mesmo – os sentimentos da progenitora e todo o orgulho na acção caracterizada pelos mais
diversos sentimentos – nesta confidência).
Relação com o pai continua a ser uma relação de amor e amizade que se tem aprofundado
após a separação dos progenitores e uma vez afastada a razão dos conflitos.
O pai protege a filha tratando-a com amor apesar de a imagem do pai ser a adversa ao
conceito de pai para a Paciente, uma vez que é uma pessoa desleixada que não liga aos filhos
não os sustentando ou dando qualquer contribuição monetária, descura-os e não demonstra
grande espírito de sacrifício no seu cuidado quando estes estão sob a sua guarda, sendo que
inclusivamente os alimentos que consomem são por estes levados da casa da mãe e pelos
mesmos confeccionados quando em casa do pai.
O pai mantem em sua casa uma mulher brasileira (nem sempre a mesma) em casa que é do
casal e cuja mensalidade do empréstimo é pago pela mãe - porque se assim não for nem
sequer é pago - serve essencialmente para o mesmo manter as suas relações deste tipo, facto
que não esconde quando está com a Paciente no tempo que ali passa. É assim, indiferente aos
filhos “eles que se cuidem”, no entanto trata-os com respeito no trato quotidiano e é evidente
o amor que a paciente demonstra ter em relação ao progenitor, a paciente gosta de passar os
tempos que são devidos com o pai.
O Pai levou-a a uma sessão espírita onde a Paciente visualizou e sentiu manifestações muito
“maliciosas” e violentas que lhe provocaram grande medo. Este facto foi descrito pela mãe
que se encontrava presente nesta consulta e pediu na altura que lhe falasse sobre tal a fim de
aplacar o seu temor. O que foi feito, de modo a que a Paciente entendesse o que presenciou e
o que poderia estar inerente no âmbito das suas convicções e afirmações de modo a aceitar ou
a entender sem qualquer receio.
Aproxima-se um julgamento por violência domestica sendo arguido o seu pai o que lhe
provoca grande ansiedade perante o factos de ter de ser confrontada em defesa contra
qualquer um dos seus progenitores, esta situação contudo já não é benéfica para qualquer das
partes que antes pelo contrário não tem qualquer interesse em recordar, vivenciar e passar
pela mesma, existe contudo uma agressão praticada pelo seu progenitor neste contexto a um
agente, facto que se deve resolver aos olhos da justiça uma vez que lhe assistirá o direito de
recusa no âmbito do CPP em prestar depoimento contra os seus progenitores, facto de que foi
aconselhada nos termos da lei.
Relação com a mãe é muito aberta e muito “libertina” para uma rapariga da sua idade uma vez
que a sua mãe mantém relações com o companheiro e relações com base em “swing” não
escondendo as suas tendências bissexuais da filha, é uma mulher assumida e sem qualquer
tipo de preconceitos que assume a sua sexualidade com toda a naturalidade, tem como
profissão a área da saúde, nesta base falam abertamente e sem qualquer pudor.
A Paciente tem uma franca admiração e respeito pelo companheiro de sua mãe que a
aconselha e ajuda de um modo muito que lhe transmite bem-estar.
Ambas estão íntima e amorosamente (numa relação de mãe e filha) ligadas, sendo facto e de
realçar que esta ligação permitiu que numa ligeira sessão de aprendizagem de “âncoras” a
Paciente atingisse um estado de hipnose muito perto do profundo mesmo com a sua mãe
testemunhando a experiencia.
Ultimamente a Paciente mostra-se muito violenta e revoltada manifestando tal de forma física
através de exteriorizações de revolta, murros, batendo com a cabeça nas paredes
(autoflagelação) que serão pontuais em crises que não controla, pede compulsivamente à mãe
que a ajude nesta sua necessidade de mudar e não se sentir bem com as atitudes, insegurança,
falta de amor-próprio e confiança que a assolam, deixando os pais e o companheiro da mãe
completamente impotentes perante esta manifestação de desespero e revolta, nestas alturas
a principal emoção que a assola é o desejo de mudança, o qual não controla por querer que o
mesmo já tivesse acontecido (ansiedade), revela grande falta de autoconfiança e auto estima.
Particularidades decerto provocadas também pela sua idade, é evidente que se lançou e
descobriu a sexualidade muito precocemente, facto que é patente até pela importância e
forma provocatória como se veste e expõe, entregando-se facilmente numa relação sexual
com miúdos da sua idade que pouco mais quererão e terão maturidade para assumir algo mais
do que isso, tratando-a posteriormente com desprezo e fazendo-a até sentir-se afastada
(medo que a Paciente lhes desperta uma vez que não controlam a situação – machismo),
manifesta contudo relativamente à progenitora uma atitude de protecção, chegando mesmo a
reprovar a forma como esta se expõe quando em público na sua presença, é uma miúda
extremamente dócil com um senso comum muito grande relevando uma extraordinária
capacidade e abertura no diálogo para a sua idade, é contagiante a sua afabilidade.
Manifesta segundo os seus progenitores, desde tenra idade uma grande humildade e um
espírito de ajuda para com as outras pessoas, sendo muito sensível ao exterior e preocupada
com todos os que a rodeiam.
A Paciente tem um fraco desempenho escolar e mostra-se muito preocupada com o seu
futuro, mostra ainda um forte desejo de mudança em todas as atitudes que vem
desenvolvendo cultivando esta ideia, o que me pareceu de extrema relevância, facto a que
tentei dar enfase e a que ela reagiu de um modo soberbo.
Após toda a conversa mantida no sentido de lhe levantar a auto-estima, com a mãe presente,
decidi efectuar-lhe o “Modelo de Aprendizagem Inicial”, com o intuito de lhe estabelecer
“Ancoras” que a ajudem a ultrapassar e a não cair essencialmente nas manifestações de
ansiedade e desespero violentas que e quando a assolam.
Iniciada a experiência, a Paciente, apesar de sorrir, motivo da opinião crítica da sua mãe que se
encontrava presente e do seu desconforto pela novidade, perante o rapport descrito, as
expectativas e conselhos que lhe foram transmitidos, os quais “devorava” de um modo quase
de “prazer”, foi convidada a sorrir e a integrar esse sorriso numa atitude de dilatação de
relaxamento, inacreditavelmente na presença de outra pessoa, sua mãe, a Paciente entrou
num estado de hipnose controlado e muito profundo.
(foi-lhe pedido nas alturas necessárias, para procurar uma posição confortável, ao que a
Paciente se sentou no sofá de costas direitas e pernas traçadas abraçando uma almofada, a
paciente fechou os olhos e numa primeira fase ria embaraçada e compulsivamente de forma
não constante; numa segunda fase e após integração sorriso, toda a sua face perdeu a
expressão descontraindo-se para baixo; numa terceira fase o maxilar inferior desceu ficando a
sua boca “descaída e entreaberta” e numa terceira fase era evidente a saliva a escorrer-lhe
pelo queixo”.
Diálogos com os pais até à presente data têm sido de estupefacção pela mudança obtida não
tendo sido possível contudo até à data marcar ou efectuar tratamentos seguintes por a
Paciente se encontrar fora de Lisboa.
Toda a sessão com base na hipnose clínica lhe foi antes de efectuada devidamente explicada
nomeadamente no que se refere à finalidade das “âncoras”.
***
(O presente texto foi autorizado a ser divulgado pelos Pais da Paciente solicitando-se contudo
a sua não divulgação fora do contexto de “divulgar experiências e conhecimento”, por motivos
mais que óbvios)