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Anamnese e Rapport em 24 de Junho de 2012

Nome:

Paciente

Data Nascimento:

1994

Mãe:

Trabalha na área da saúde

Obs:

Recusa-se a ser assistida por psicólogos ou psiquiatras por experiências que para si foram
inócuas. A mãe pelo facto de saber que praticava tal, de um modo não profissional, por me
conhecer através de seu companheiro, decidiu recorreu à hipnose clínica.

Foi elucidada da minha experiência na área, bem como de que a opção pela hipnose só lhe
seria ministrada se não vislumbra-se qualquer risco pela situação que me foi descrita e que
abaixo narro de um modo sucinto.

***

A Paciente é filha de pais divorciados, na origem do divórcio casos muito graves de violência
doméstica que a Paciente viveu de um modo muito presente e com uma violência fora do
vulgar.

Entre outros, reage e relembra assiduamente de um episódio em que se meteu à frente do pai
que queria matar a mãe com uma faca, convidando-o a mata-la a ela, este episodio e alguns de
grande violência perseguem-na no seu quotidiano e parecem reavivar e aprofundar o amor
que demonstra pela sua mãe tornando-se mais evidente quando esta (mãe) está presente –
será para a paciente um símbolo de coragem e de aumento da sua auto-estima uma vez que é
um dos actos heróicos da sua vida (este o facto mais destacado num rol de episódios relatados
por si e pela sua mãe que aqui demonstra bem os sentimentos pela filha, que sente isto
mesmo – os sentimentos da progenitora e todo o orgulho na acção caracterizada pelos mais
diversos sentimentos – nesta confidência).

Relação com o pai continua a ser uma relação de amor e amizade que se tem aprofundado
após a separação dos progenitores e uma vez afastada a razão dos conflitos.

O pai protege a filha tratando-a com amor apesar de a imagem do pai ser a adversa ao
conceito de pai para a Paciente, uma vez que é uma pessoa desleixada que não liga aos filhos
não os sustentando ou dando qualquer contribuição monetária, descura-os e não demonstra
grande espírito de sacrifício no seu cuidado quando estes estão sob a sua guarda, sendo que
inclusivamente os alimentos que consomem são por estes levados da casa da mãe e pelos
mesmos confeccionados quando em casa do pai.

O pai mantem em sua casa uma mulher brasileira (nem sempre a mesma) em casa que é do
casal e cuja mensalidade do empréstimo é pago pela mãe - porque se assim não for nem
sequer é pago - serve essencialmente para o mesmo manter as suas relações deste tipo, facto
que não esconde quando está com a Paciente no tempo que ali passa. É assim, indiferente aos
filhos “eles que se cuidem”, no entanto trata-os com respeito no trato quotidiano e é evidente
o amor que a paciente demonstra ter em relação ao progenitor, a paciente gosta de passar os
tempos que são devidos com o pai.

O Pai levou-a a uma sessão espírita onde a Paciente visualizou e sentiu manifestações muito
“maliciosas” e violentas que lhe provocaram grande medo. Este facto foi descrito pela mãe
que se encontrava presente nesta consulta e pediu na altura que lhe falasse sobre tal a fim de
aplacar o seu temor. O que foi feito, de modo a que a Paciente entendesse o que presenciou e
o que poderia estar inerente no âmbito das suas convicções e afirmações de modo a aceitar ou
a entender sem qualquer receio.

A Paciente manifesta convicções relacionadas com a doutrina Kardecista e neste sentido o


entendimento escrito por Kardec levou-a a não recear qualquer tipo de manifestação ou seu
resíduo por ter entendido de um modo lógico o que poderia estar inerente caso as
manifestações que presenciou fossem reais.

Aproxima-se um julgamento por violência domestica sendo arguido o seu pai o que lhe
provoca grande ansiedade perante o factos de ter de ser confrontada em defesa contra
qualquer um dos seus progenitores, esta situação contudo já não é benéfica para qualquer das
partes que antes pelo contrário não tem qualquer interesse em recordar, vivenciar e passar
pela mesma, existe contudo uma agressão praticada pelo seu progenitor neste contexto a um
agente, facto que se deve resolver aos olhos da justiça uma vez que lhe assistirá o direito de
recusa no âmbito do CPP em prestar depoimento contra os seus progenitores, facto de que foi
aconselhada nos termos da lei.

Relação com a mãe é muito aberta e muito “libertina” para uma rapariga da sua idade uma vez
que a sua mãe mantém relações com o companheiro e relações com base em “swing” não
escondendo as suas tendências bissexuais da filha, é uma mulher assumida e sem qualquer
tipo de preconceitos que assume a sua sexualidade com toda a naturalidade, tem como
profissão a área da saúde, nesta base falam abertamente e sem qualquer pudor.

A Paciente tem uma franca admiração e respeito pelo companheiro de sua mãe que a
aconselha e ajuda de um modo muito que lhe transmite bem-estar.

Ambas estão íntima e amorosamente (numa relação de mãe e filha) ligadas, sendo facto e de
realçar que esta ligação permitiu que numa ligeira sessão de aprendizagem de “âncoras” a
Paciente atingisse um estado de hipnose muito perto do profundo mesmo com a sua mãe
testemunhando a experiencia.

Ultimamente a Paciente mostra-se muito violenta e revoltada manifestando tal de forma física
através de exteriorizações de revolta, murros, batendo com a cabeça nas paredes
(autoflagelação) que serão pontuais em crises que não controla, pede compulsivamente à mãe
que a ajude nesta sua necessidade de mudar e não se sentir bem com as atitudes, insegurança,
falta de amor-próprio e confiança que a assolam, deixando os pais e o companheiro da mãe
completamente impotentes perante esta manifestação de desespero e revolta, nestas alturas
a principal emoção que a assola é o desejo de mudança, o qual não controla por querer que o
mesmo já tivesse acontecido (ansiedade), revela grande falta de autoconfiança e auto estima.

Particularidades decerto provocadas também pela sua idade, é evidente que se lançou e
descobriu a sexualidade muito precocemente, facto que é patente até pela importância e
forma provocatória como se veste e expõe, entregando-se facilmente numa relação sexual
com miúdos da sua idade que pouco mais quererão e terão maturidade para assumir algo mais
do que isso, tratando-a posteriormente com desprezo e fazendo-a até sentir-se afastada
(medo que a Paciente lhes desperta uma vez que não controlam a situação – machismo),
manifesta contudo relativamente à progenitora uma atitude de protecção, chegando mesmo a
reprovar a forma como esta se expõe quando em público na sua presença, é uma miúda
extremamente dócil com um senso comum muito grande relevando uma extraordinária
capacidade e abertura no diálogo para a sua idade, é contagiante a sua afabilidade.

Manifesta segundo os seus progenitores, desde tenra idade uma grande humildade e um
espírito de ajuda para com as outras pessoas, sendo muito sensível ao exterior e preocupada
com todos os que a rodeiam.

A Paciente tem um fraco desempenho escolar e mostra-se muito preocupada com o seu
futuro, mostra ainda um forte desejo de mudança em todas as atitudes que vem
desenvolvendo cultivando esta ideia, o que me pareceu de extrema relevância, facto a que
tentei dar enfase e a que ela reagiu de um modo soberbo.

Após toda a conversa mantida no sentido de lhe levantar a auto-estima, com a mãe presente,
decidi efectuar-lhe o “Modelo de Aprendizagem Inicial”, com o intuito de lhe estabelecer
“Ancoras” que a ajudem a ultrapassar e a não cair essencialmente nas manifestações de
ansiedade e desespero violentas que e quando a assolam.

Iniciada a experiência, a Paciente, apesar de sorrir, motivo da opinião crítica da sua mãe que se
encontrava presente e do seu desconforto pela novidade, perante o rapport descrito, as
expectativas e conselhos que lhe foram transmitidos, os quais “devorava” de um modo quase
de “prazer”, foi convidada a sorrir e a integrar esse sorriso numa atitude de dilatação de
relaxamento, inacreditavelmente na presença de outra pessoa, sua mãe, a Paciente entrou
num estado de hipnose controlado e muito profundo.
(foi-lhe pedido nas alturas necessárias, para procurar uma posição confortável, ao que a
Paciente se sentou no sofá de costas direitas e pernas traçadas abraçando uma almofada, a
paciente fechou os olhos e numa primeira fase ria embaraçada e compulsivamente de forma
não constante; numa segunda fase e após integração sorriso, toda a sua face perdeu a
expressão descontraindo-se para baixo; numa terceira fase o maxilar inferior desceu ficando a
sua boca “descaída e entreaberta” e numa terceira fase era evidente a saliva a escorrer-lhe
pelo queixo”.

Todas as “fases” relatadas anteriormente no estabelecimento das âncoras se desvanecem e


até desaparecem tendo a Paciente de olhos fechados, tomado uma atitude e postura de
extremosa atenção no fixação das ancoras altura em que ante os olhos impávidos e lavados
em lágrimas de sua mãe que assistia com uma expressão de completa surpresa, a Paciente
chorou de felicidade riu a bandeiras despregadas quando convidada a
visualizar/sentir/lembrar:
“Um momento em que se tenha sentido francamente orgulhosa, satisfeito consigo próprio
“Um momento em que se tenha sentido francamente alegre, rido às gargalhadas”
“Um momento em que se tenha sentido calmo, tranquilo, em paz”

Em cada um destes momentos a Paciente manifestou os sentimentos inerentes desde o chorar


compulsivamente a rir à gargalhada respectivamente, no último momento a Paciente sentiu-se
tão feliz que levou cerca de 10 minutos até “voltar” despertando muito lentamente do estado
a que se deixou levar mesmo depois de acordada, manifestou calma, bem-estar e paz,
sentimento que lhe foi afirmado ser inerente a si mesma. Mãe ficou deslumbrada e
aparentemente a Paciente entrou num estado de tranquilidade e de mudança radical (segundo
a progenitora) nos dias que precederam, estando nova sessão marcada para o regresso de
férias.

Diálogos com os pais até à presente data têm sido de estupefacção pela mudança obtida não
tendo sido possível contudo até à data marcar ou efectuar tratamentos seguintes por a
Paciente se encontrar fora de Lisboa.

Toda a sessão com base na hipnose clínica lhe foi antes de efectuada devidamente explicada
nomeadamente no que se refere à finalidade das “âncoras”.

***

(O presente texto foi autorizado a ser divulgado pelos Pais da Paciente solicitando-se contudo
a sua não divulgação fora do contexto de “divulgar experiências e conhecimento”, por motivos
mais que óbvios)

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